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TRABALHO DE TEORIA E HISTÓRIA DA ARQ.

E URB:

- Apresentar a arquiteta

Seu nome completo é María Del Carmen, mas ela é conhecida como Cazú Zegers, e é uma das
arquitetas chilenas com mais destaques e prêmios. Ela trabalha a arquitetura em comunhão
com a paisagem e a poesia, buscando destacar o território latino-americano nas suas criações.

O seu lema é "O território está para a América, assim como os monumentos estão para a Europa"

Cazú se dedica ao livre exercício da profissão, trabalhando em todas as escalas,


desde planejamento urbano , gestão cultural e territorial, projetos arquitetônicos até o design
de objetos. Seu trabalho se destaca pela busca de novas formas arquitetônicas geradas a partir
da relação poesia-arquitetura.

- Trajetórias individuais

1984: Formou-se arquiteta pela Universidade Católica de Valparaíso

1977: Realizou uma série de viagens de conhecimento e estudo

Nas quais percorreu a América Latina em profundidade, sempre buscando conectar-se com o
território em seu estado mais puro e conhecer as culturas indígenas de cada lugar que visita

Entre 1987 e 1988: Trabalhou e estudou em Nova York

1991: Retornou ao Chile e abriu o seu escritório

1993: Ganhou o Grande Prêmio de Arquitetura da América Latina na Bienal de Buenos Aires
pela casa Cala.

2003: "Mujer Destacada" Revista Caras Chile.

2003: Escolhida entre os 24 arquitetos de mais destaque do país

2008: Uma das 20 grandes arquitetas do mundo AD China Magazine

2008: Nomeada entre as 100 mulheres líderes pelo jornal El Mercurio

2012: Universidade da Mulher do Século XXI do Pacífico

2013: Hotel Tierra Patagonia ganhou o prêmio Travel + Leisure de melhor Resort e o prêmio
Wallpaper de melhor hotel design do ano

2016: Reconhecido pelo ArcVision Award com menção honrosa

2017: Hotel Magnolia ganhou o Prix Versailles como o melhor hotel da América Latina,
América Central e Caribe.

2018: Colégio de Arquitetos do Chile concede a ela o prêmio Eliana Caraball que reconhece o
trabalho de mulheres na arquitetura

2018: Hotel Magnolia foi o vencedor do prêmio ED Magazine de melhor trabalho do ano.

2018: Hotel Tierra Patagonia foi mais uma vez o vencedor do World's Best Award da Travel +
Leisure

2019: Nomeado entre os 18 melhores arquitetos do mundo pela Elle Decor Architecture
ANÁLISE DE CADA OBRA

CASA LLU

Área : 756 m²

Ano : 2018

O projeto é criado a partir do conceito de "Lodge Familiar", que tem como objetivo abrigar uma
família completa incluindo suas quatro gerações e amigos. Localizado no sul do Chile, na Região
dos Lagos, ou seja, uma área com muita chuva, o projeto nasce da palavra poética que lidera o
conceito do desenho arquitetônico, o qual é criado como um "manto de proteção para a chuva",
da mesma forma que as barracas precárias feitas pelos lenhadores com nylon tensionado por
meio de fios, às vezes com um pilar central para deixar correr a água. A palavra "água" é a
segunda poética que origina o desenho. Estudou-se a composição geométrica da molécula da
água, assim nasce a ideia de três corpos conectados entre si, sob um grande manto de proteção
para a chuva.

Por outro lado, uma das integrantes da família possui um problema de mobilidade, o que leva a
projetar a residência em um único nível, conectada e integrada. A casa é feita sobre uma
estrutura de pilares metálicos que absorvem a forma do terreno, criando um espaço habitável
abaixo que, por sua vez, é aproveitado para o programa de serviços junto a uma área de
churrasqueira e ofurô. No corpo central do primeiro nível estão o acesso e área pública com
cozinha integrada à sala de estar e jantar; projeto criado no conceito que mistura o loft
americano com o galpão tradicional do sul do Chile. Nos volumes laterais estão localizados os
dormitórios, que confluem até o centro de forma suave e fluída. Todos os acessos aos
dormitórios são trabalhados com portas invisíveis para manter a continuidade das paredes,
fazendo com que elas sejam parte da espacialidade do volume. Todos os acessos são
trabalhados com rampas de aço revestidas em madeira, para permitir a mobilidade em cadeira
de rodas.

Esta mistura de tipologias vernácula/contemporânea é feita utilizando uma linguagem que


privilegia as vistas que oferece o lugar e a localização no território. Linguagem criada por meio
destes volumes vinculados entre si pelo "manto", envoltório geometrizado, revestido com
placas de aço trabalhadas no local que oxidaram naturalmente e receberam selador quando
atingiram a cor desejada. O interior é trabalhado a fim de permitir que toda a geometria do
manto esteja aparente, criando magnitudes médias de 5 a 6 metros de altura, o que outorga ao
espaço uma grande nobreza.

No revestimento interior são utilizadas madeiras nativas recicladas de antigos galpões e casas
vernáculas, que são destruídas por estar em más condições ou porque será feito um edifício no
seu lugar. É uma maneira de construir o contemporâneo ancorado na tradição, com tipologias
icônicas do sul do Chile. O uso destas madeiras recicladas permite ter vários tipos de madeira
nativa, tais como carvalho, raulí, coihue e loureiro; o que confere uma tonalidade avermelhada
que dialoga perfeitamente com o óxido do envoltório. O piso é inteiramente de raulí e todas as
janelas foram feitas no lugar, com madeira de carvalho antigo.

O interior, em diálogo com a arquitetura, utiliza recursos para aumentar espaço nos dormitórios,
como por exemplo, o banheiro integrado por meio de box impressos com fotos de um bosque,
procurando trazer o exterior para dentro. São utilizados elementos de acabamento e mobiliário
feitos pela escultora Jessica Torres, tais como bancos e cabides que complementam a
arquitetura. Junto com a anterior, é feito um trabalho de iluminação para destacar a geometria
da casa. Por último, a decoração segue o mesmo diálogo conceitual que propõe a arquitetura e
o paisagismo, trabalhando o espaço abaixo da casa, dramatizando a suspensão em uma
topografia de leito de rio e plantas.

Desta forma, por meio de um volume singular minimalista, a obra se torna um diálogo
contemporâneo com a paisagem, destacando e realçando sua enorme beleza e magnitude.

HOTEL TIERRA PATAGONIA

Área: 4900 m²

Ano: 2011

“Minha primeira reflexão foi como construir um prédio neste lugar sem prejudicá-lo e, se
possível, potencializar o lugar com o edifício. Passamos o dia percorrendo o lugar, fazendo
desenhos e entendendo como era a região. Havia pequenos morros e muitas formas desenhadas
pelo vento. Percebi que a energia mais forte ali era a desse elemento natural e que o hotel teria
que ser concebido a partir de formas que o vento desenha”, diz Cazú.

No Hotel Tierra Patagonia (também conhecido como Hotel Del Viento), Cazú desenvolveu uma
linguagem contemporânea para madeira curva em uma obra de grande magnitude. O edifício
opta pela busca de novas formas geradas pela relação entre poesia e arquitetura no território
americano que Zegers vem explorando desde o início de sua carreira.

O gesto do edifício surge das formas desenhadas pelo vento, elemento natural característico
da zona. A forma não procura invadir a paisagem metafísica do lugar, mas unir-se. A imagem
do hotel é a de um antigo fóssil de algum animal pré-histórico, encalhado na margem do lago.

O hotel está na entrada norte do Parque Nacional Torres Del Paine, nas margens do Lago
Sarmiento, que por sua vez é o limite do Parque Nacional. O lugar de implantação possui uma
grande magnitude frente à vastidão metafísica da Patagônia Austral. Um primeiro plano de água
suporta a montanha do Paine. Estas características levam a escolha de um partido de um projeto
estendido, que dialogue com a magnitude do território.

Por outro lado, o ecoturismo, a experiência na natureza, e devido ao longo processo de


domesticação do homem contemporâneo, este não está preparado para viver ao ar livre, sem
proteção, e por isso o edifício deve ser uma segunda pele sensível que permita que o homem
experimente a força e a beleza mística deste lugar. O gesto territorial é o de um corpo livre
cobrindo a extensão, como um corpo virtual que se conforma nos percursos exteriores e
interiores. Na cabeça está o Paine, os braços são os marcos geográficos que definem os limites
das margens do lago, as pernas são a forma de se acessar o lugar, e o coração: o edifício do
hotel.

O desenho do edifício surge das formas que o vento desenha, elemento natural característico
da zona. A forma busca não romper com a paisagem do lugar, mas sim somar-se. A imagem do
hotel é a de um antigo fóssil de algum animal pré-histórico, encalhado na margem do lago.
Alguns dos que permitiram que Charles Darwin elaborasse sua teoria da evolução humana. Este
proposito leva que a forma nasça da terra, como uma dobra na areia desenhada pelo vento. O
projeto é ancorado ao solo com taludes de pedra e é totalmente revestido por tábuas
de madeira lavada, para alcançar uma coloração prateada característica das madeiras roídas
pela água, deixando os invernos.
A solução espacial busca o abrigo e a pequena escala, esta é estruturada a partir dos corredores
interiores, que são a forma de habitar esta extensão. Na ala dos dormitórios o corredor é
resolvido com passarelas sobre o vazio.

O terreno onde está implantado o hotel pertence a uma fazendae privada de uma família de
colonos da região, e por isso que a arquiteta de interiores buscou uma experiência mais familiar,
como se fosse a casa dos donos da fazenda, e não de a aparência de um hotel internacional.

São 40 apartamentos no total, sendo 37 duplos, com cerca de 36m², e três suítes com 51m²: o
quarto e banheiro ficam num pavimento inferior e a sala de estar na parte superior.

Todos são voltados para o lago e para as montanhas, além de serem equipados com banheira e
contar com aquecimento. Assim como o hotel como um todo, os quartos acompanham o design
elegante e sutil da propriedade.

Não há televisão, nem sistema de música ambiente no quarto. O som que predomina é o
silêncio. (Chama atenção a quantidade de tomadas. Encontrei facilmente seis no quarto e cinco
no banheiro!)

A decoração ambiente não compete com a paisagem; ao contrário, soma-se quase que
camaleonicamente a ela. É como se pedíssemos licença para desfrutar daquele pedacinho do
mundo com conforto, mas, também, com respeito.

Durante a construção do Tierra Patagonia, a fim de gerenciar qualquer impacto ambiental, os


paisagistas Catalina Phillips e Gerardo Ariztía removeram toda a vegetação que existia no local,
acolhendo-a temporariamente em uma estufa antes de replantá-la ao redor do hotel assim que
a construção estivesse concluída.

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A análise deve conter:

- a relação entre a obra e o debate contemporâneo

- trazer referências de teóricos e outros profissionais ao longo da história

- detalhar a obra dando atenção:

• as soluções formais

• as soluções funcionais

• as soluções estéticas

• as soluções estruturais

• escolhas de materiais, cores e texturas

• relação com a paisagem e o entorno

• deixar claro a solução projetual adotada e ainda sua contribuição para o debate
contemporâneo
REFERÊNCIAS

https://mujeresbacanas.com/cazu-zegers-1958/

https://undiaunaarquitecta.wordpress.com/2015/10/15/cazu-zegers-1958/

https://www.archdaily.com.br/br/office/cazu-zegers

https://www.cazuzegers.cl/perfil

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