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A Casa das Canoas foi projetada pelo e para o próprio arquiteto Oscar Niemeyer entre
1950 e 1954, representando até aos dias de hoje um marco e ícone da arquitetura
residencial moderna. O arquiteto viveu durante 10 anos nesta habitação que se situa na
estrada das Canoas no Rio de Janeiro, entre a praia de São Conrado e a Floresta da
Tijuca. Este edifício é característica pela forte confluência entre o mesmo e o espaço que
o rodeia, criando uma simbiose quase orgânica com o ambiente natural, seja pela
marcante rocha que invade o espaço interior ou pela sua estrutura que se espalha pelas
formas curvas e onduladas cujo objetivo é a sua harmonia e integração na paisagem.
Como tal, neste ensaio consideramos o projeto um estudo intrigante entre a dualidade
entre a funcionalidade do edifício e a estética que o compõe, sendo que é importante
perceber a maneira como ambos os conceitos se entrelaçam ou conflitem entre si.
ESTÉTICA
O projeto possui, desde já, a sua marcante cobertura sinuosa que de certo modo define o
edifício. A casa foi feita para se integrar, e ao mesmo tempo se destacar de forma
harmoniosa na natureza que a rodeia, facto que ganha força com a presença da rocha
que está impregnada ao edifício, sendo que dá a entender que o mesmo surge a partir
dela, ao mesmo tempo que se torna parte do ambiente formado ao atravessar janelas e
paredes. Deste modo, a natureza “comanda” a maneira como todo o projeto é formado.
A transparência formada pelos longos panos de vidro e a leveza dos suportes da
cobertura formada por finos de aço que substituíram as colunas de cimento armado
promovem uma fusão exterior-interior. É de acrescentar também que esta fluidez oferece
a particularidade de não existir uma frente propriamente dita da casa.
Tendo em conta a ideia base que sustenta o desenho da Casa das Canoas, o ponto
conceitual do projeto é eficaz. O próprio conceito do que é a natureza como a
conhecemos, a nível de vegetação, com a sua vertente extremamente orgânica sem uma
lógica possível de definir ou criar à mão-humana, deu uma espécie de livre-passe para a
criação de algo que a complemente, e que ao mesmo tempo quebra com vários padrões
pré-estabelecidos. Como tal, este aspeto orgânico do local de implantação dá uma
identidade ao espaço que pode diferir completamente de outro lugar vegetativo, logo, é
um ponto positivo o facto da habitação estar desenhada de maneira a que se adapte
àquele lugar em específico. Todo o aspeto da Casa das Canoas, desde as suas formas
excêntricas à palete de cores aplicada, entra em direto contacto com a natureza, o que
lhe dá uma certa beleza que pode provir além do que os olhos veem.
Uma questão que Oscar Niemeyer pensou logo à partida em termos funcionais foi a
separação de ambientes, deixando um piso da casa à superfície, que representa também
o nível da entrada, e outro enterrado. Neste primeiro nível, situam-se a sala de estar e
jantar, cozinha e casa de banho, espaços estes que, como referido anteriormente,
afirmam-se com grande abertura e transparência. Já as divisões mais íntimas, as
mesmas encontram-se enterradas, com acesso através de uma escada na lateral da
rocha. Contudo, este nível privado não deixa de usufruir da luz natural que o piso térreo
já carrega, porém mais controlado. Além disso, a transparência e as amplas aberturas
promovem a ventilação cruzada.
A dualidade entre os dois temas abordados, em relação à Casa das Canoas, é intrínseca e
é uma característica que se reflete no modernismo e na arquitetura inovadora. A questão
funcional choca com a vertente estética, sendo que o ideal é sempre balançar ambos,
dependendo de caso para caso. Embora a funcionalidade possa ser um desafio em vários
aspetos, o desenho e expressão artística de Niemeyer é icónica e continua a inspirar
arquitetos e entusiastas da arquitetura. De qualquer dos modos, tanto a estética como a
funcionalidade do edifício passam por uma boa dose de subjetividade, sendo que o seu
sentido de equilíbrio, em determinadas questões, varia consoante a perspetiva de quem
vivencia a casa. No caso da Casa das Canoas, Oscar Niemeyer desenhou-a consoante as
suas próprias vontades, sendo ele próprio o cliente, logo, acredita-se que cada um dos
temas foi aplicado consoante os seus desejos e necessidades.
CONCLUSÃO
REF. BIBLIOGRÁFICAS
https://revista.uemg.br/index.php/transverso/article/view/4404/2484
https://www.anualdesign.com.br/brasil/projetos/1229/casa-das-canoas/#prettyPhoto
https://www.archdaily.com.br/br/01-14512/classicos-da-arquitetura-casa-das-canoas-
oscar-niemeyer