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EXERCÍCIO 02 | TEORIA DA ARQUITETURA I - 2022.

2023

A simplicidade na arquitetura de Siza Vieira

Turma A | Alunos. Joana Silva; Danilo Custódio | 49040; 49582 | 2023-01-20


Resumo

Neste ensaio critico são relacionadas algumas obras de Siza Vieira que positivamente responderam aos
temas da luz, sombra, pureza, simplicidade, o pensar projeto, a visão, etc.

Siza vieira mostra a maturidade que desenvolveu durante a sua carreira arquitetónica e demonstra que
a repurificação é algo muito importante e demonstra isso nos seus projetos.

Ambos o projeto falado neste texto tem tópicos em comum que vão ser falados e conectados ao longo
de uma descrição que também vai falar sobre o pensar deste pilar da arquitetura portuguesa.

Introdução

Este tema conduz à resposta de certas questões que misturam o projeto arquitetónico com a cor, luz,
sombra, simplicidade, o pensar, o espaço, a visão e a pureza.

Álvaro Joaquim de Melo Siza Vieira cresceu em Matosinhos, nasceu a 25 de junho de 1933, estudou na
Escola superior de belas-artes do porto entre 1949 e 1955 e seu primeiro projeto foi contruído em 1954.

Foi aprendiz de Fernando Távora que o guio no início do seu percurso de arquiteto.

Siza ao longo dos seus anos como arquiteto foi ganhando experiência para hoje ser considerado uns dos
melhores arquitetos da atualidade produzindo obra de uma enorme qualidade respeitando os temas, cor,
luz, sombra, simplicidade, o pensar, o espaço, a visão e a pureza.

A sua maturidade como arquiteto é bastante visível devido á forma de como repurifica os seus projetos.

Neste ensaio vamos falar sobre algumas obras de Siza vieira e mostrar a forma como ele entende
arquitetura.

Palavras-chave: luz, sombra, simplicidade, pureza, pensar, espaço, visão, pureza

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Álvaro Siza Vieira

Siza Vieira nasceu em Matosinhos, numa cidade costeira no norte de Portugal perto da cidade do Porto.
É o arquiteto português mais premiado. Licenciou-se na Escola de Belas Artes do Porto (ESBAP), que na
época (final dos anos 40, início dos anos 50) era dirigida por Carlos Ramos - figura de referência na
formação de arquitetos - e onde Fernando Távora foi uma influência determinante. Na evolução e
desempenho do jovem Matosinhense. Fernando Távora participou na criação da "Organização dos
Arquitetos Modernos" em 1947; com ela desempenhou um papel preponderante na divulgação das teses
defendidas no 1º Congresso Nacional de Arquitetura em 1948; e que teve contato com a prática
arquitetónica europeia através do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM) de 1956 (em
Dubrovnik).

Álvaro Siza colaborou com Fernando Távora entre 1955 e 1958, e através desta surgiu o projeto da Casa
de Chá da Boa Nova em Leça da Palmeira (já sob a responsabilidade de Siza).

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A Luz

O tema da luz raramente é mencionado como um tópico independente, já que o arquiteto normalmente
não se debruça sobre este, mas utiliza-o por meio de síntese e sincronização para tornar os lugares
confortáveis. Embora as inspirações ocasionais, ele decide que a luz tem um impacto diferente pois utiliza
a sua própria visão pessoal para o fazer. “Quando um arquiteto trabalha, todas as leituras, tudo o que
viu, estão presentes, mas aquilo que produz é só seu. Até porque a arquitetura não é a aplicação
sistemática de referências, mas algo muito mais complexo, uma convergência de interesses diferentes,
de emoções e também de casualidades.” (Cfr. Vieira, Álvaro Siza - 01 Textos de Álvaro Siza. Porto: Editora
Civilização, 2009, p. 12.)

É interessante também notar que, para além do rigor (num estudo da entrada de luz e das sombras que
este produz), a obra de Siza mostra uma preferência pela luz, tratando a esta como o ponto que conecta
o exterior e o interior. “Uso a luz para dar conforto e beleza aos espaços, e também para dar o carácter
do exterior, das frentes do edifício, porque quando combinada com o interior, isso determina a
composição das fachadas, das frentes.” (Citação retirada do site http://pt.saint-gobain
glass.com/newsletter/2008_files/abr2008_02_home.html).
Os edifícios de Siza não funcionam como uma barreira à entrada de luz, mas sim estes adaptam-se à
mudança de luz de dia para dia, recebendo e retardando esta passagem.

Casa de Chá

Numa primeira leitura do projeto da Casa de Chá da Boa Nova, havia uma clara separação de funções,
entre as partes servidoras e as servidas. Os elementos servidos incluem o uso direto do visitante e a
concessão de liberdade de uso, e os motivos da sua visita ao edifício. Os elementos servidores são o que
mantém o restaurante funcional e estão lá para estabelecer um precedente.

Os afloramentos rochosos da Boa Nova, definem um caminho costeiro com quilómetro de extensão, em
que arbustos, árvores e o horizonte (o limite entre o céu e o mar) definem a paisagem.

Construída junto ao mar, perto de uma capela e de um farol, ambas com o mesmo nome, esta obra é
considerada um dos primeiros edifícios do arquiteto (iniciada em 1958 e concluída em 1963), é conhecido
pela harmonia estética e sobretudo pela sua forma natural, integrando afloramentos rochosos e
perfeitamente integrado na paisagem, de forma rústica e precisa.

A expressividade do edifício é realçada pela disposição equilibrada da luz natural proporcionada pelas
grandes janelas a norte, nascente e poente.

Em Leça da Palmeira, o clima e a proximidade do mar foram fatores que Siza Vieira teve em conta. Em
primeiro lugar, porque afeta diretamente a quantidade e a qualidade da luz, e em segundo lugar, porque
podem pôr em perigo a segurança do próprio edifício.

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Assim, o clima típico do local, o seu microclima e o excesso de luz, que está principalmente presente
durante o verão. As fachadas “deixam entrar” e às vezes recebem mais luz pela manhã, tal solução
permite, além de abrigar, controlar a entrada de luz (apesar dos diferentes tamanhos das janelas, estas
deixam entrar a mesma quantidade de luminosidade quer manhã quer de tarde). Este projeto ia ao
encontro de um espaço mais intimista e acolhedor.

Fig. 1 – Casa de Chá

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As texturas e cores

As texturas e os materiais têm sido as principais ferramentas de Siza desde os seus primeiros trabalhos.
Podemos dizer que os materiais são poucos e até certo ponto naturais. A escala de cores criada é baseada
na preservação das propriedades originais de cada cor. Ricos acabamentos em madeira, derivados de um
design robusto, dominam todo o interior e os beirais. Nas palavras de Siza, as diferentes formas de lidar
com ela e os inúmeros efeitos podem levar ao excesso de embelezamento.

O betão aparente é usado quase exclusivamente em contato com a rocha, texturas brutas e cores naturais
são usadas para maior integração com a envolvente. Já nas caixilharias do lado oeste, os pilares de betão
encaixam-se na madeira, reforçando a ideia de um telhado pesado suspenso no horizonte. Com as telhas
de barro, que é um dos elementos mais importantes, encontramos as texturas e cores mais marcantes:
um verdadeiro “pensamento vermelho”. Ele também utilizou pedra nos pavimentos exteriores, escadas
e terraços, de tonalidade clara e uniforme, em harmonia com a estrutura do edifício.

Por último, Siza utiliza paredes brancas. É uma cor branca diferente, intensa; as paredes devido à luz solar
refletida nelas parecem brilhar. Não é um branco da arquitetura moderna, que surge nos anos 30, mas o
branco da arquitetura popular portuguesa. Se, por um lado, é inegável a novidade desta obra e o espaço
é um dos protagonistas do projeto, por outro, os materiais utilizados são naturais na arquitetura
tradicional, com as suas texturas e cores, todos com uma simplicidade inata. Entre as influências que
demonstrou, a influência de Távora despertou-lhe um interesse extremo por todas as manifestações da
arquitetura espontânea do seu país (Trigueiros 1993, pg. 80).

O telhado de duas águas era um elemento principal para entender a composição geral de um projeto, o
telhado está no vocabulário local de um arquiteto. A cobertura parece dar ao edifício um ar de
efemeridade, tradição, simplicidade e modéstia. “Uma coisa que me impressiona muito na arquitetura é
o desperdício, aspeto que é manifestado até mesmo no uso da luz.

Siza é conhecido pelo seu interesse pelos aspetos territoriais, o seu interesse por processos de
fragmentação analítica utilizando as regras da decomposição geométrica, controlando o desenvolvimento
de projetos apoiados em formas naturais (mesmo animais) e integrando modelos históricos e sociedade
como base das suas criações.

Procura evitar cair no formalismo analítico (por exemplo, a pesquisa da proporção áurea, linhas
organizacionais, etc.) e excessivamente ideológico (discurso teórico ou argumento vazio).

Parece ser o resultado de paisagens, afirmativas e não negativas, e ao mesmo tempo afirmativas da
natureza. A natureza, mas também o seu contrário, porque a natureza e a obra de arte no processo
criativo se complementam e alimentam-se mutuamente.

A hierarquia entre as partes do programa é ampliada, e é mais importante, não necessariamente acima
ou na frente. A ideia da Casa de Chá nunca foi uma única, mas ortogonal, contrapondo-se à natureza para
enfatizá-la e ao mesmo tempo reforçá-la. Em vez disso, ao contrário do conceito, baseia-se mais na

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integração no ambiente físico em que está inserido. É uma integração tão forte que dá a impressão de
que o objeto sempre esteve ali; removê-lo seria um ataque ecológico às novas instalações.

O conceito da Casa de Chá nunca foi ser projeto ortogonal e unitário, contrapondo-se à natureza para
enfatizá-la e ao mesmo tempo reforçá-la. Em vez disso, contrário do conceito, baseia-se mais na
integração no ambiente físico em que está inserido. A relação com a envolvente, entre o ambiente interior
e exterior é tão forte que dá a impressão de que o objeto sempre esteve ali e removê-lo seria uma
agressão àquele ambiente natural.

Quanto à pureza da arquitetura, a simplicidade é um termo importante, pois o que têm em comum é a
eliminação do excesso e a extração da essência. Mas a pureza também está relacionada com o ar que se
respira, com os sons, a paisagem e os cheiros. Tudo isto são pontos que podem ser transmitidos através
do material que se utiliza. Por exemplo, na Capela do Monte, Siza usa a simplicidade e a pureza utilizando
apensa o essencial, transformando a igreja num elemento puro e essencial através da ajuda da luz, sombra
e materiais.

Fig. 2 – Capela do Monte

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A pureza

A Capela apresenta uma quadrada em tons de pastel, proporcionando uma sensação de distanciamento,
mas ao mesmo tempo uma posição equilibrada na paisagem.

Esta majestosa estrutura está localizada no ponto mais alto da propriedade, acessível apenas por uma
estrada, trazendo uma sensação de paz e tranquilidade.

A luz projetada no pavimento é criada inconscientemente pelo arquiteto, que involuntariamente


possibilita um momento único e belo.

Torre de água

A torre de água por si mesma é um acesso principal da Universidade de Aveiro e cria o impacto pela sua
arquitetura e materialidade, não deixando a sua presença indiferente.

O reservatório está localizado acima do nível da água, o que aumenta o tamanho visual da torre e melhora
a sua estética. O material utilizado foi o betão cinzento, reforçando a relação com o meio ambiente e
promovendo a harmonia com a paisagem. Siza também pensou na sua funcionalidade e acessibilidade, e
com esse formato fora do normal transformou-o num elemento simples e único.

Este projeto de Álvaro Siza Vieira demonstra a maturidade do arquiteto pela sua capacidade de purificar
e ao mesmo tempo criar algo belo.

Fig. 3 – Bairro da Malagueira

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Malagueira

Na Malagueira, as questões da vida social e os problemas da zona suscitaram questões que Siza teve deter
em conta na conceção do bairro.

O desenvolvimento projeto da Malagueira num contexto democrático fez com que Siza produzisse uma
repetição nas habitações, criando uma base sólida para uma comunidade que cresceu ao longo do tempo.

Siza procurava um design simples e funcional para cativar os utilizadores, utilizando o branco para
promover um aspeto mais leve e simétrico.

O branco é a cor principal do projeto, e foi pensado para apresentar uma luz mais intensa, proporcionando
uma iluminação natural forte e agradável. Há quem diga que a Malagueira se baseia num acampamento
romano.

Fig. 4 – Bairro da Malagueira

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Conclusão

Na arquitetura existe uma serie de questões que só podem ser respondidas com base no pensar, desde
a compreensão inicial do espaço de implantação até ao último esquiço e pensamento por desenho.

O pensar arquitetura tem muito a ver com a geometria e os alinhamentos que acessão ao consciente e
subconsciente de cada arquiteto e o explicam como vai proceder naquele espaço. Álvaro Siza Vieira é
conhecido mundialmente pela sua capacidade de dominar esses elementos e ao mesmo tempo produzir
projetos fantásticos sempre deixando a sua assinatura.

Ao longo da sua carreira Siza Viera foi evoluindo e criando uma maturidade arquitetónica que o levou ao
arquiteto magnifico que é hoje.

O arquiteto que não comete erros é um arquiteto desvalido.

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Bibliografia

SEQUEIRA, Marta. Álvaro Siza: Guia de Arquitetura. A+A Books; 3ª edição

FRAMPTON, Kenneth. Álvaro Siza: Profissão Poética. Editorial Gustavo Gili, S.L.; 3ª edição

RAMOS, Ana Cristina Lopes. A piscina de marés e as termas de Vals. Dissertação de Mestrado Integrado
em Arquitetura, apresentada ao Departamento de Arquitetura da F. C. T. da Univ. de Coimbra. [Consult.
18 jan. 2023] Disponível em WWW: <URL: http://hdl.handle.net/10316/23274

SOARES, Luciano Margotto. A arquitetura de Á.3.03.06lvaro Siza: Três estudos de caso. Dissertação de
Mestrado na Faculdade de arquitetura e urbanismo da Universidade de São Paulo. [Consult.
19 jan. 2023] Disponível em WWW: <URL: Soares_Luciano_margotto_ME_2001.pdf

PAIVA, Rita Ferreira Marques de. Luz e sombras. A estética da luz nas Igrejas de Sta. Maria e da Luz, de
Siza e Ando. Dissertação de Mestrado em História de Arte Contemporânea. Lisboa: Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. [Consult. a 18 jan. 2023] Disponível em
WWW: <URL: http://hdl.handle.net/10316/23274

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