Você está na página 1de 3

RECENSÃO |PROJECTO I - 2019 .

2020

Nesta recensão será abordada a obra de Peter Zumthor, “thinking Architecture” publicada pela editora
Birkhauser, em Basel edição de 2006. A obra é composta por uma serie de textos escritos por Petes Zumthor
entre 1988 e 1998 e está dividida em cinco partes: a way of thinking at things, the hard core of beauty, from
passion for things to the things themselves, the body of architecture, teaching architecture, learning architecture
tendo ao todo um total de 59 páginas.

Peter Zumthor é um arquiteto Suíço e nasceu em 1943. Estudou no Pratt Institute em Nova Iorque na década
de 1960. Tem o seu próprio atelier em Haldenstein, na suíça e foi professor na Universidade Técnica de Munique,
na Academia de Arquitetura Mendrisio, na Università della Svizzera Italiana, e no Harvard Graduate School of
Design. Recebeu ainda diversos prémios entre eles: Prêmio de Arquitetura Erich Schelling (1996), Praemium
Imperiale (2008), Prêmio Pritzker de Arquitetura (2009), Medalha de Ouro do RIBA (2013).

Ao longo dos vários capítulos, Peter Zumthor, explica o que o motiva a projetar os seus edifícios e como quer
fazer uma arquitetura que apele aos nossos sentidos e que possuam uma presença e personalidade próprias.
Crítica também muitas das abordagens atuais de fazer arquitetura sendo que no último capítulo expõe uma
nova abordagem relativamente ao ato de ensinar e aprender arquitetura. O livro está organizado de uma forma
clara e bem organizada em que o autor vai falando sobre várias questões e temas de arquitetura, mas ao mesmo
tempo relaciona sempre com as suas próprias experiências o que permite ao leitor compreender melhor o
conteúdo que o autor nos permite transmitir.

No primeiro capítulo, Peter Zumthor começa por explicar como as nossas experiências pessoais e as nossas
memórias poderão vir a influenciar os projetos que iremos vir a desenvolver. Refere também que quando ele
pensa em arquitetura várias imagens lhe veem á cabeça e que isso está conectado com o trabalho e treino que
o autor tem ao ser arquiteto. Por tanto, essas imagens veem não só do seu conhecimento profissional acerca de
arquitetura que foi reunindo ao longo do tempo, mas também as imagens das memórias da sua infância e dos
seus primeiros contactos com a arquitetura- “Memories like these contain the deepest architectural experience
that i know. They are the reservoirs of the architectural atmospheres and images that i explore in my work as na
architect.” (página 10).

No último capítulo, em que o autor expõe uma nova abordagem de como ensinar e aprender arquitetura, esta
questão da memória e das imagens da infância volta a ser relevante, na medida em que cada aluno de
arquitetura é um individuo único com as suas próprias experiências que se iram refletir no modo como ele irá
fazer arquitetura. Assim sendo, nós enquanto alunos devemos aprender a questionar e aprender a percecionar
o mundo. Devemos também primeiro que tudo entender o que é que foi para nós relevante e que memórias é
que nos ficaram das casas da nossa infância- foi o cheiro, o soalho, alguma divisão específica da casa? - todas
estas questões iram proporcionar-nos uma nova compreensão sobre a forma de como sentimos a arquitetura o
que por sua vez acaba por ser o caminho para fazermos todos os projetos com gosto e com paixão de maneira
a que todos eles reflitam a nossa personalidade.
Turma A | Aluno. Joana Xavier | 49029 | 2020-12-17 |nº de palavras 1246 | p. 1|3
RECENSÃO |PROJECTO I - 2019 . 2020

Tal como ricardo reis diz “Para ser grande, sê inteiro: nada/ Teu exagera ou exclui./ Sê todo em cada coisa. Põe
quanto és/ No mínimo que fazes./ Assim em cada lago a lua toda/ Brilha, porque alta vive.” E considero mesmo
que isto é fundamental não só na arquitetura como em qualquer forma de arte, não nos devemos focar tanto
em fazer “boa” arquitetura, mas sim em fazer arquitetura com paixão e que reflita a nossa pessoa porque só
assim é que a obra será única e especial.

Assim, devemos colocar questões, pesquisar, experienciar e fazer experimentações como método de fazer
arquitetura e de modo a criar imagens na nossa cabeça, imagens essas que nos permitiram desenvolver os
nossos projetos.

Comparando com outras obras presentes na nossa uc, por exemplo com o livro “Saber ver a arquitetura” de
Bruno Zevi, considero que são duas obras muito distintas, mas cada uma com a sua função e prepósito. Por um
lado, o “saber ver a arquitetura” é um livro mais técnico que nos deu muitas bases sobre conceitos, noções,
referências importantes de arquitetura enquanto que o “pensar a arquitetura” é mais poético, e permite-nos
sentir mesmo de uma maneira mais pessoal a arquitetura e pelo menos a mim pôs-me a questionar sobre a
forma como eu via arquitetura? O que é que arquitetura é para mim e como é que eu a sinto? Por tanto acho
que é um livro que nos leva muito à introspeção.

Para concluir, sendo uma estudante de primeiro ano de arquitetura considero que todos os alunos de primeiro
ano devem ler este livro na medida em que ele aborda a arquitetura de uma maneira muito poética, pessoal e
sentida o que nos permite expandir os nossos horizontes, “eliminar” certos conceitos que temos pré-concebidos
nas nossas cabeças e ver a arquitetura com um olhar mais profundo.

O livro leva-nos mesmo numa viagem arquitetónica, através das várias experiências que o autor já teve com
arquitetura e dá mesmo para sentir a sua paixão e visão muito própria sobre todos estes temas o que faz com
que o leitor fique ainda mais preso à leitura desta obra e que queira entender a arquitetura de uma maneira
mais profunda e não algo tão superficial e técnico.

Esta obra permitiu-me também ter uma nova perspetiva sobre o exercício que está a decorrer em aula. - Fazer
um dispositivo urbano que apele aos sentidos e que seja algo bastante dinâmico que envolva as pessoas – na
medida em que tal como o autor fala num dos seus excertos “The creative act in whitch a work of architecture
comes into being goes beyond all historical and technical knowledge. Its focus is on the dialogue with issues of
our time” (página 22) e isso fez me questionar sobre o contexto de hoje em dia e a que problema da sociedade
é que o meu dispositivo poderia responder? qual solução é que eu poderia encontrar? O que é que a sociedade
atual necessita?

Turma A | Aluno. Joana Xavier | 49029 | 2020-12-17 |nº de palavras 1246 | p. 2|3
RECENSÃO |PROJECTO I - 2019 . 2020

Esta questão de que” architecure is bound to the present in a very special way. It reflects the spirit of its
inventor and gives its own answers to the questions of our time through its funcional form and appearance”
(página 22) relembrou-me também da obra “Do espiritual na arte” de Wassily Kandinsky em que o pintor
também refere que “toda a obra de arte é filha do seu tempo, e muitas vezes, a mãe dos nossos sentimentos.
Cada época de uma civilização cria uma arte que lhe é própria e que jamais se verá renascer. Tentar ressuscitar
os princípios da arte dos séculos passados só pode conduzir á produção de obras abortadas”. Assim, devemos
criar arte que dê resposta aos problemas da nossa sociedade atual, só assim é que a obra terá alma,
personalidade e um prepósito.

Turma A | Aluno. Joana Xavier | 49029 | 2020-12-17 |nº de palavras 1246 | p. 3|3

Você também pode gostar