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AULA 02
Casas e interiores
Aula 02 Casas e interiores
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Aula 02 Casas e interiores
A partir do momento em que Arthur Casas e equipe são procurados para a realização
de um projeto de arquitetura, eles começam a trabalhar por etapas bem definidas. No
primeiro momento, acontece a conversa com os clientes. Deste encontro tem que sair,
de forma franca, as informações sobre os desejos e vivência daquela família, ou seja,
como moram hoje, como querem morar, como funciona a rotina de todos os membros
da casa, o que pode ser melhorado, etc.
Perspectivas do arquiteto
“É importante você entender isso, você pode criar espaços na casa onde as pessoas
conseguem interagir com o mesmo assunto. Uma vez eu consegui melhorar a relação de
uma família com uma mesa de jogos. Em outra casa, resolvi com uma grande cozinha com
mesa no centro, porque eles tinham uma memória afetiva de vida na fazenda. Então você
vai conversando e tentando entender como melhorar essa comunicação entre cada um”.
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É neste momento que o arquiteto conhece o terreno, entendendo como a paisagem irá
agregar ao processo criativo. Nem sempre é necessário ir pessoalmente até o local, pois
o material pode chegar por imagens de drones.
“Eu não imponho, mas a gente pode convidar parceiros pro cliente escolher.
Aí ele percebe se aquilo é possível ou se temos que fazer alterações.
Dá para fazer ajustes para que o projeto caiba dentro de uma realidade
financeira. É como se fosse um casamento, então é importante ter essa
relação de forma amiga e direta com o cliente, porque se as alterações
forem feitas no meio da obra, pode comprometer o resultado”.
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Conceitos
Mobiliário e o fluxo dos espaços
Outra característica do estilo Arthur Casas na hora de pensar nos interiores é a simpli-
cidade, influência da escola de Bauhaus, precursora do design moderno no século XX.
Por conta disso, os ornamentos praticamente não são vistos nos trabalhos de Casas,
que prefere focar na forma como o móvel é estruturado e no que ele oferece ao cliente
no sentido de conforto e eficiência, além da beleza.
Perspectivas do arquiteto
“Eu sei apreciar um móvel com ornamentos, mas quando eu desenho prefiro subtrair todos
os elementos decorativos e ser bem econômico com relação aos detalhes”.
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Escola Bauhaus
Fundada pelo arquiteto Walter Gropius na Alemanha em 1919 e fechada em 1933 a mando
de governo nazista, a Escola Bauhaus de design e arquitetura foi um marco para a história da
arte. O ensino difundia a funcionalidade das construções e procurava unir o artista e o artesão,
com produções mais simples e minimalistas. A Escola Bauhaus foi tão importante que se tor
nou um movimento estético e social à época, lançando até mesmo um manifesto. Até hoje, é
referência quando se fala em modernismo.
Quando o assunto é uso das cores, é importante lembrar que há outros elementos além
da própria cor em si, como a sombra, por exemplo, e a alteração na iluminação do sol,
que também modifica o ambiente ao longo do dia.
Além disso, as próprias pessoas compõem as cores do ambiente, com a roupa, com o
movimento e também com objetos futuros, pois a casa não se finaliza no mobiliário. Por
isso, a aplicação de cores deve ser pensada com atenção.
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Perspectivas do arquiteto
“Sou muito econômico com cores nos ambientes residenciais, mas nos comerciais não
tanto. Para lugares com maior permanência, como as casas, acredito que é melhor econo
mizar nessa questão, porque você já vai finalizar a residência com seus objetos pessoais,
livros, obras, as coisas que vai adquirindo ao longo do tempo. Às vezes, para evitar adicio
nar mais elementos, eu uso cores que já tem a ver com a paisagem.”
FC House
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O projeto desta casa é um grande exemplo de como a arquitetura pode mudar comple-
tamente um terreno e enaltecer a paisagem local. O cliente da Casa AL morava em um
apartamento próximo à Lagoa, no Rio de Janeiro, e estava em busca de uma vida mais
tranquila em um local mais afastado, com menos agito social. Dois terrenos estavam em
mente para a construção da casa, mas ambos não tinham boa vista, segundo o cliente.
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A posição da casa foi invertida. O quarto e as áreas sociais foram trazidas acima da cumieira
do vizinho e os quartos de hóspedes e serviços ficaram no andar inferior, com vista para o
jardim. Como o terreno fica praticamente ao lado da Pedra da Gávea, famoso ponto turístico
do Rio de Janeiro, a ideia foi usar a madeira, mas principalmente a pedra, para trazer a ma-
terialidade do entorno para dentro da casa e criar essa relação com a paisagem.
“Quando ele viu que a casa tinha essa vista ficou impressionado.
É uma área interessante porque é onde as pessoas pulam de
asa delta, então a vista ficou ainda mais completa.”
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A mobília foi trazida quase em totalidade dos Estados Unidos, com destaque para o jogo
de mesa e cadeiras do artista estadunidense Michael Coffey, de 80 anos, que participou
da fabricação das peças.
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Michael Coffey
Coffey é um grande escultor estadunidense
de móveis em madeira na região do estado
de Nova York. Nascido em 1928, desde
criança adorava atividades manuais e resol
ver problemas mecânicos, o que o levou a
seguir no caminho da construção em madei
ra. Os trabalhos de Coffey foram ganhando
notoriedade até que ele fundou uma escola
de marcenaria e design, que hoje é conheci
da como New England School of Architectu
ral Woodworking. A escola não está mais sob
a liderança do artesão, que decidiu se dedi
car somente às obras nos últimos anos. Os
trabalhos do artista vão desde móveis e obje
tos até estruturas de arquitetura.
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Erguida às margens de um lago, a residência fica no condomínio Terra São José, em Itu,
um dos primeiros condomínios de interior próximos de São Paulo. A residência tem tudo
o que Casas configura como sustentabilidade estética, que foi o guia deste projeto.
Trabalhar na construção da paisagem fez parte desse projeto. Foi criado um segundo
elemento de água com característica de lago, com pedras da região, que são as pisci-
nas. Para tornar o ambiente mais informal e proporcionar integração, a casa não possui
terraço. A sala faz esse papel quando as portas estão abertas. Os móveis possuem co-
res neutras e fibras naturais.
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A disposição dos ambientes e cômodos da casa foi feita de forma que os moradores
tivessem privacidade, com o quarto do casal no andar superior e o das crianças e de
hóspedes no inferior, pensando já na rotina da fase adolescente que está por vir. A partir
dessa linha de raciocínio, foi criada uma escada externa que liga os pavimentos.
Perspectivas do arquiteto
“Sempre me incomodou um pouco nas casas, sobretudo as de fim de semana, você ter que
passar por uma conexão interna para chegar à área social. Então criei esse elemento exter
no que, inclusive, por conta da coloração, me remete a alguma coisa mexicana. Mas não sei
direito o porquê... quando fiz essa casa, eu ainda não tinha pensado sobre isso, mas anos
depois, quando visitei o México, eu percebi que ali também tinha esse elemento da terra e
da escada externa. Minha cabeça fez alguma conexão sem eu perceber durante a criação”
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A planta na arquitetura:
materialização das ideias
Perspectivas do arquiteto
“Eu sugeri por telefone, porque eu tenho essa relação rápida e direta com os clientes, que
eu estava imaginando fazer uma casa térrea e com um andar inferior para colocar quarto de
hóspedes, sauna, ginástica, etc. Expliquei que queria fazer a estrutura de casa térrea de
bruçada na paisagem, utilizando a totalidade da frente da casa, que são 50 metros. E fazer
um percurso de uma casa que hoje as pessoas pouco fazem, que é o de uma casa térrea.”
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O desenho
“Eu desenho à mão porque aprendi assim, não acho virtude nem problema,
acredito também nos que desenham no computador, mas comigo não
adianta. Fiz dois cursos de computação gráfica já e tomei pau nos dois”.
O arquiteto procura sempre fazer com que as paredes estejam uma sobre as outras nos
desenhos, por conta da questão estrutural. Ele também aproveita este momento para
pensar no volume, fachada e na questão da materialidade.
As cores são usadas nos traçados das plantas para identificação dos materiais. O ver-
melho representa a madeira, o verde é o metal e o azul é vidro. Detalhes executivos são
pensados neste momento, como é o caso dos muxarabis.
Muxarabis
De origem árabe, os muxarabis são estruturas feitas em madeira vazada com intuito de conferir
ventilação e iluminação natural de forma parcial. Isso acontece por conta dos pequenos espa
ços entre os desenhos na madeira, que também agregam beleza e privacidade.
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É feita uma planta de corte com escala maior, outra com corte da casa, mostrando exa-
tamente as alturas dentro de cada pavimento. Há também a planta de cobertura, impor-
tante no momento de desenvolver as diferentes alturas da casa.
O próximo passo é a entrega do material à equipe que vai produzir. Uma perspetiva é
apresentada para o cliente para que ele possa visualizar o que foi proposto e dar as
suas opiniões.
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