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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR)


CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA (CCT)
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO (DAU)

LETÍCIA CAROLINE SARMENTO DE SOUSA


JADE REZEK MENDOZA

“O ARQUITETO E A CASA” – Análise dos projetos “Casa Ubatuba” e “Casa


Terra”

BOA VISTA – RR

2023
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Casa Terra

• Localização: Itaipava, distrito de Petrópolis, na região serrana do Rio de


Janeiro.
• Início do projeto: 2012
• Conclusão da obra: 2015
• Área construída: 1.000 m²
• Arquitetos: Bernardes Arquitetura

Sobre os autores do projeto:


A Bernardes Arquitetura desenvolve projetos que atravessam variados
programas e escalas. Com escritórios no Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa, a
equipe é formada por mais de 130 profissionais que atuam nas áreas de arquitetura,
urbanismo e design de interiores. O portfólio do escritório abrange desde projetos
residenciais e comerciais, incluindo hotéis, restaurantes, instituições culturais e
educacionais, até projetos urbanos, que incluem condomínios, bairros e
masterplans.
Bernardes Arquitetura é fruto de uma história que atravessa gerações. É um
espaço criado em 2012 por Thiago Bernardes onde busca aprofundar seu trabalho
autoral e criar novas parcerias. Hoje integram o escritório os sócios Nuno Costa
Nunes, Márcia Santoro, Camila Tariki, Dante Furlan, Francisco Abreu, Rafael de
Oliveira, Thiago Moretti e Antonia Bernardes.

Sobre o projeto:
O grande objetivo do escritório Bernardes Arquitetura ao desenvolver o
projeto arquitetônico da Casa Terra, em Itaipava (RJ), era conseguir que sua
implantação no terreno acontecesse da forma mais natural possível, sem agredir o
entorno, mas sim adaptando-se à topografia. “Era essencial, também, que a morada
fosse térrea, enraizada no solo, e que o exterior pudesse ser contemplado pelos
proprietários de dentro da residência”, descreve o arquiteto Francisco Abreu.
A Casa Terra surge da intercalação de muros paralelos feitos de concreto
pigmentado perpendiculares à galeria de circulação central. A articulação entre estes
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componentes gera espaços que, ora delimitam funções residenciais, ora criam pátios
que se abrem ao jardim principal.
O fechamento entre os planos
verticais (paredes) e horizontais (lajes
e piso) é feito com grandes panos de
vidro que diluem os limites visuais
entre a casa e a paisagem. O
percurso ao longo da galeria central
atravessa a sucessão de aberturas e
fechamentos criados e oferece contato
visual constante com o exterior.

“A
arquitetura pode te
proteger e abrigar quando você precisa, mas também pode integrar, como
aconteceu nessa casa com ajuda das esquadrias de vidro”, comenta Abreu.
Segundo ele, simplicidade foi outra palavra de ordem no projeto arquitetônico,
definido apenas por algumas linhas. O restante são fechamentos em vidro e a
cobertura que se destaca. “São poucos detalhes”, complementa.
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O projeto de interiores se assemelha ao exterior, tendo sido feito junto com a


arquitetura. Cada um dos volumes foi

distribuído de forma independente, mas


unidos por um corredor central. Por causa da topografia, foi necessário criar alguns
espaços separados.

Materiais predominantes:
Concreto pigmentado, madeira laminada e vidro.
A estrutura de madeira laminada colada da cobertura chegou pronta, sendo
necessário apenas encaixá-la, o que facilitou a execução da obra. O concreto
pigmentado da fachada, que traz a cor de destaque para a casa, foi feito
especialmente para ela a partir de uma pesquisa realizada pelos arquitetos, que
queriam chegar a um tom exato.

Pontos positivos e negativos:


De forma positiva, o projeto “Casa Terra” cumpri com o conceito e plano de
necessidades, integrando os espaços entre si e em relação a fluidez de contraste
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entre interior e exterior. Além disso, a residência possui acessos e circulações


estratégicas tanto nas áreas internas e externas.
De forma negativa, a sala de estar e o dormitório de serviço, integrados as
áreas de serviço, no pavimento inferior, não conseguem oferecer a mesma
integração com o exterior que ocorre nas demais áreas da casa.

A arquitetura moderna no projeto:


Entre os princípios da arquitetura moderna, na “Casa Terra”, destaca-se, a
fachada livre, visto que “A Casa Terra não tem uma fachada propriamente dita,
apenas empenas, com fechamento de espaços por esquadrias de vidro”, explica o
arquiteto Vitor Cunha.

Volumetria:

Perímetros e acessos:
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Malha estrutural:
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Setorização:

Pavimento Inferior
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Térreo

Organograma:
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Corte:
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Elevação:
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1. Introdução: Exploração entre Arquitetura e Natureza na Casa


Ubatuba

Neste contexto, mergulha-se no projeto da Casa Ubatuba, uma notável obra


arquitetônica que transcende os limites entre construção e ambiente natural. A
residência, situada à beira-mar em Ubatuba, São Paulo, resulta da colaboração
entre o SPBR Arquitetos e outros profissionais, trazendo à tona uma abordagem
única de interação entre espaço e entorno.

2. Dados Técnicos e Contexto do Projeto

A Casa Ubatuba materializa-se através da contribuição conjunta de uma


equipe diversificada. Os arquitetos Angelo Bucci, Ciro Miguel, Juliana Braga, João
Paulo Meirelles de Faria, Flávia Parodi Costa, Tatiana Ozzetti, Lucas Nobre e Nilton
Suenaga lideraram o projeto. A engenharia estrutural foi confiada a Ibsen Puleo Uvo,
o paisagismo a Raul Pereira, e a iluminação a Ricardo Heder. O propósito é
concebido para o casal Antônio Carlos Onofre e Regina Silveira Onofre, com a
construção sob os cuidados da Bremenkamp Engenharia e Construção Ltda. O
projeto toma forma em São Paulo, Brasil.

3. Descrição da Casa e Perspectivas da Equipe de Projeto

A Casa Ubatuba assume uma postura desafiadora em relação à arquitetura


tradicional. Através da interligação de paralelepípedos, a residência manifesta uma
coexistência dinâmica entre volumes principais e secundários. O arquiteto Angelo
Bucci enfatiza a importância da volumetria, enquanto a equipe projeta uma
setorização estratégica, acomodando diferentes funções.

4. Análise do Projeto: Reflexões sobre Pontos Fortes e Limitações

Uma análise aprofundada do projeto revela tanto seus pontos fortes quanto
suas possíveis limitações. A estratégia ousada de interligar volumes e abrir-se para
o entorno revela uma relação sensível com o ambiente. No entanto, é relevante
considerar a questão da fluidez interna, que pode ser afetada pela linearidade da
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estrutura. Além disso, o uso do concreto exposto, embora inovador, pode gerar uma
percepção estética controversa.

5. Explorando Forma e Estrutura

A moradia segue a forma de um retângulo interligado por paralelepípedos,


resultando em uma estética caracterizada pela geometria e funcionalidade. O
processo de criação da volumetria envolve a concepção de volumes principais e
secundários, utilizando adições e subtrações para alcançar uma composição
visualmente rica. A definição do perímetro estabelece uma interação entre a forma
arquitetônica e seu entorno imediato.

6. Setorização e Relações Espaciais

A estratégia de setorização da casa é uma demonstração da meticulosa


organização do programa funcional. A divisão dos espaços de acordo com suas
funções predominantes contribui para uma distribuição harmoniosa. Contudo, ao
explorar as relações verticais, podem-se identificar desafios de fluxo espacial entre
os três níveis da residência.

7. Conclusão: Desafio Criativo e Diálogo com a Natureza

Ao finalizar a análise, depara-se com um projeto que desafia os paradigmas


da arquitetura ao estabelecer um diálogo intrincado com a natureza circundante.
Seus méritos, que envolvem formas inovadoras e conexões sensoriais, coexistem
com limitações estéticas e funcionais. A Casa Ubatuba, um símbolo da arquitetura
contemporânea, ressoa como um testemunho do potencial criativo humano e sua
relação com o mundo construído.

8. Observações Finais

Ao concluir esta análise, sente-se a necessidade de expressar algumas


considerações pessoais em relação ao projeto da Casa Ubatuba. Ao observar o
projeto em detalhes, algumas ressalvas vêm à tona. Uma delas é a complexidade do
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acesso inicial à residência, que pode ser descrito como labiríntico e pouco
convidativo. Esta característica pode impactar negativamente a experiência dos
habitantes e dos visitantes, sendo especialmente problemática considerando que se
trata de uma casa destinada a um casal aposentado. A mobilidade e facilidade de
acesso deveriam ser prioridades para esse público.

Outro aspecto que chama a atenção é a falta de fluidez no fluxo interno da


casa. Os diferentes níveis e a presença de escadas podem dificultar a circulação, e
isso se torna ainda mais relevante quando pensamos no longo prazo e nas
necessidades que podem surgir à medida que o casal envelhece. A ausência de
espaços flexíveis ou áreas que possam ser adaptadas para atender a futuras
necessidades também é um ponto que merece reflexão. Afinal, a vida é dinâmica, e
nossas casas devem ser capazes de se adaptar a mudanças ao longo do tempo.

No entanto, é indiscutível que o projeto apresenta uma série de soluções


inteligentes e criativas. A forma como foi aproveitada a vegetação densa ao redor da
casa para oferecer privacidade nas áreas envidraçadas é uma demonstração de
maestria por parte da equipe de projeto. A incorporação de brises e a estratégia de
posicionamento das aberturas permitem que os moradores desfrutem das belas
vistas para o mar e a paisagem circundante, ao mesmo tempo em que mitigam os
efeitos indesejados do sol.

A abordagem de minimizar o impacto ambiental usando apenas três pilares


é especialmente notável. Isso não apenas preserva a paisagem original do terreno,
mas também estabelece um diálogo interessante entre a construção e a natureza. O
uso criativo do concreto aparente pode ser polarizador em termos de estética, mas
não se pode negar a ousadia e a originalidade do projeto.

Apesar das limitações identificadas, a Casa Ubatuba continua sendo uma


obra que merece reconhecimento. É uma

representação marcante de como a arquitetura contemporânea pode


abraçar desafios ambientais e funcionais, resultando em uma residência que, apesar
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de suas imperfeições, ainda transmite um profundo senso de criatividade e conexão


com o ambiente construído e natural.

9. Citações Relevantes

Enquanto se explora a complexidade e riqueza do projeto da Casa Ubatuba,


é enriquecedor considerar algumas citações que encapsulam aspectos essenciais
deste empreendimento:

"Além de preservar a paisagem original do terreno, esta casa pendurada


flutua na copa das árvores, aberta para o mar. Em outras palavras, esta é uma casa
que pode cheirar, ouvir e ver." - Archdaily

"O terreno de implantação dessa casa ocupa a base do morro que assinala
o limite oeste da praia do Tenório em Ubatuba, mede 16 m de frente por 50 m de
profundidade. Sua forte declividade, superior a 50%, e a mata existente que se
desejava preservar fizeram considerar a hipótese de construir a obra a partir da rua
no limite superior do lote, ou seja, a 30 m acima do nível da praia. Assim a casa se
desenvolve na distância vertical que separa a rua da praia... Apenas três colunas
tocam o solo. Duas vigas principais se apoiam sobre elas e fazem a estrutura em
concreto armado a partir da qual todas as lajes estão atirantadas." - SPBR
Arquitetos

"Dois dos três pilares estão no volume mais perto do mar... A casa vista a
partir da praia: o esforço estrutural fica camuflado pelas árvores... A fragmentação
em volumes possibilita que todos os ambientes tenham vista panorâmica... O trecho
do conjunto de vigas mais próximo do mar inclina-se para acomodar o piso da
varanda... A varanda de acesso pode ser fechada com o brise do quarto principal...
Entre a concepção inicial e o projeto final, alguns elementos foram incorporados ao
desenho... Estranheza semelhante à da piscina da casa Milan, de Paulo Mendes da
Rocha, debruçada sobre a rua." - Texto de Fernando Serapião, Arcoweb
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10. Reflexão Final: Um Equilíbrio entre Inovação e Limitações

Ao analisar a Casa Ubatuba, é empreendida uma jornada de descoberta e


reflexão sobre os diversos aspectos que definem essa obra arquitetônica. Ao
examinar suas características distintas, fica evidente que, como em qualquer projeto,
existem pontos fortes e desafios a serem considerados. A relação intrínseca entre o
ambiente natural e a construção, a busca pela harmonia visual e funcional, a ousadia
em usar materiais como o concreto aparente, tudo isso contribui para a riqueza do
projeto.

É importante lembrar que, por mais inovador e ousado que seja, nenhum
projeto está isento de limitações. As preocupações com acessibilidade, fluidez
interna e adaptabilidade ao longo do tempo levantam questionamentos legítimos
sobre como a casa atende às necessidades de seus habitantes, especialmente
considerando seu público-alvo.

A Casa Ubatuba permanece como um testemunho do potencial da


arquitetura para se fundir com a natureza e desafiar convenções. É um lembrete
inspirador de que, ao equilibrar inovação e funcionalidade, é possível criar espaços
que transcendam as expectativas e inspirem uma nova maneira de pensar sobre a
interação entre o humano, o construído e o natural.
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Referências

https://www.archdaily.com.br/br/895001/casa-terra-bernardes-arquitetura
https://spbr.arq.br/project/0509/
https://www.archdaily.com.br/br/01-986/casa-em-ubatuba-spbr-arquitetos

https://m.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/bernardes-arquitetura_/casa-terra/4571

https://www.archdaily.com.br/br/947780/os-5-pontos-da-arquitetura-moderna-e-suas-
aplicacoes-em-projetos-contemporaneos

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