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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n5-140
Gracieli Kronbauer
Bacharel em Design pela ULBRA Canoas; Especialização em Design de Superfície pela
Feevale
E-mail: gracieli.kr@gmail.com
RESUMO
Este trabalho de conclusão de Curso de Design da Universidade Luterana do Brasil
consiste no estudo e design do cobogó fluido, inspirado no conceito de modernidade
fluida pensada por Zygmunt Bauman. O formato atual dos cobogós fez perceber a
oportunidade de desenvolver uma nova forma e gerar diferentes percepções a partir da
flexibilização de um dos seus elementos. Diante desta perspectiva, foram identificadas
possíveis necessidades e desejos a serem atendidos, portanto desenvolve-se um cobogó
com elemento central com função giratória, possibilitando que ocorram transformações
significativas na sua forma, ampliando seus efeitos estéticos, funcionais e sensoriais,
tornando-o um elemento interativo, apto a alterar a interface do ambiente.
ABSTRACT
This work completion Design Course of the Lutheran University of Brazil is the study
and fluid Cobogó design - leaked element, and inspired by the fluid modernity concept
idealized by Zygmunt Bauman. The current format of cobogós shows the opportunity to
develop a new way and create different perceptions from the easing of some elements that
compose this piece. Given this perspective, it has been identified potential needs and
wants to be met. It develops a Cobogó with central element with swivel feature providing
significant changes in its shape, expanding their aesthetic, functional, and sensory effects,
transforming the space and the relationship of people with this object.
1 INTRODUÇÃO
No cenário atual, em que se operam as tecnologias, com grande difusão das
informações e avanços do conhecimento no campo do design, o profissional encontra
grandes oportunidades de fazer um reconhecimento do momento e gerar resultados
relevantes e necessários para a vida das pessoas. Isto se traduz por meio de projetos de
produtos e o desenvolvimento de pesquisas. Os cursos de graduação em design
promovem o aprimoramento de conceitos nos âmbitos tecnológico, cultural e
comportamental, fazendo com que essa formação possa originar capacidade significativa
para resolver problemas e gerar conhecimentos na área do design.
O produto resultante desse projeto de design caracteriza-se por um cobogó -
elemento vazado - para uso em ambiente arquitetônico interno. Esse elemento deve
possuir identidade própria que o valide através de seu conceito e das suas principais
características, inspirado no contexto de fluidez pensado por Bauman (2001).
Os cobogós estão cada vez mais presentes nos ambientes arquitetônicos, e vêm
para transformar o espaço, são elementos que exploram uma infinidade de formas, não
apenas limitando o espaço, mas interagindo e trazendo efeitos sobre a projeção da luz (e
sombra), a ventilação e as sensações. Levanta-se aspectos relevantes desses elementos,
com objetivo de contribuir para a estética, a funcionalidade e conceitualmente,
promovendo o desenvolvimento de um modelo de cobogó que colabore para novas
intervenções do cliente sobre a superfície.
O conceito do projeto está baseado na teoria de Bauman (2001) sobre a fluidez do
comportamento humano, que considera o presente momento da vida como uma
“modernidade fluida” ou “modernidade líquida”, onde o dinamismo afeta os mais
variáveis aspectos da vida, portanto possibilita pensar a flexibilização, em vista da
volatilidade e instabilidades da maioria das identidades. Para estabelecer os limites deste
trabalho, este foi dividido nas seguintes etapas: (I) a apropriação de conhecimento sobre
o tema; (II) o planejamento da pesquisa, as especificações necessárias para desenvolver
o cobogó; (III) a definição da alternativa mais adequada, e (IV) as adequações técnicas e
funcionais.
2 SUPERFÍCIE COBOGÓ
Cobogós, segundo Bitencourt (2007), são elementos arquitetônicos, geralmente
formados por blocos vazados, que podem ser aplicados a edificações para resolver
questões de iluminação e ventilação de ambientes. O cobogó é uma criação brasileira,
patenteado em 1929, e seu nome provém da junção das primeiras sílabas dos fundadores
de uma fábrica de blocos vazados, os comerciantes Amadeu Coimbra e Ernest Boeckman
e o engenheiro Antônio de Góis, que em 1930, estava localizada em Olinda, Pernambuco.
O elemento cobogó ficou destacado quando o primeiro edifício de expressão, a Caixa
D’Água de Olinda (Figura 1), com formas arquitetônicas modernas, fez uso dele para
revestir suas paredes.
Fonte: Cobogó de Pernambuco. Projeto Luiz Nunes Rua Bispo Coutinho, Olinda.
Foto de Josivan Rodrigues.
Os cobogós são elementos não estruturais, conforme especifica a NBR 7173 FEV
1982, da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Embora se caracterizem
por boa resistência à compressão, não suportam excesso de cargas, portanto para compor
sua estruturação são necessários o uso de vigas e pilares na construção de paredes de
grandes dimensões ou o uso de vergalhões internos com espessuras maiores.
Conforme Ruthschilling (2008), o design de superfície vai além do elemento
bidimensional, em que a superfície é formada por uma estrutura intrínseca que confere a
sua auto sustentação e determina a sua existência, constituindo-se no próprio objeto, pois
não depende de outro suporte. Em vista disso, trata-se de considerar o design de superfície
de forma ampla, ligada às possibilidades de explorar os planos, criando novas
configurações a partir da interferência do usuário.
Observa-se a importância inestimável do cobogós para a arquitetura moderna
brasileira ao considerar que esse bloco foi criado inspirado na condição climática da
região nordeste, para aproveitar a ventilação natural, fornecer o controle da radiação solar
e nas questões de baixo custo e facilidade de montar. Esses itens fizeram com que o
cobogó estivesse presente além das construções de Pernambuco, pois após marcar um
período de modernidade, ofereceu a opção de ser utilizado como dispositivo de proteção
3 O PROJETO DE PRODUTO
As abordagens metodológicas para o desenvolvimento da pesquisa foram
realizadas em diversas fases e foram utilizados conceitos específicos. Como
fundamentação teórica, foram buscadas as teorias de Mike Baxter (2011) e Nelson Back
(2008).
Com o propósito de conhecer melhor os cobogós, foram analisados 13 modelos
destes e observado o seu aspecto formal, que em sua maioria apresenta a moldura externa
de formato geométrico, visto que provavelmente é atrelado à maneira de instalação dos
elementos na parede, que são distribuídos de modo alinhado e regular. Na parte interna é
que se percebe serem exploradas várias formas, volumes e texturas. Sem atentar à questão
semântica, pode-se afirmar que foram utilizadas formas geométricas, orgânicas e
irregulares. Sobre a superfície, observam-se materiais polidos que oferecem opacidade,
os esmaltados, que resultam em brilho e têm opção de seis cores. As superfícies feitas de
cimento resultam em texturas granuladas e têm a possibilidade de receber pintura.
Percebe-se que ocorreu uma propagação do uso dos cobogós, tanto
geograficamente como nos ambientes, fornecendo novos sistemas de composição e
formas de uso. Os cobogós têm efeitos gerados pelo empenho de profissionais que
modificam a sua posição de simples componente divisor de espaços, para ser elemento
de destaque, conquistado pela transformação que torna o seu uso como relação de
interface permeável a sensações estéticas e visuais.
Figura 6. Mockup.
Fonte: Unsplash, Foto Norbert Levajsics como fundo, com interferência das autoras.
Fonte: Unsplash, Foto Breather como fundo com interferência das autoras.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No desenvolvimento deste trabalho, observado os resultados das pesquisas,
verifica-se a importância de a concepção do projeto ser pautado em referenciais teóricos
e filosóficos. As relações comportamentais e sociais pensadas por Bauman (2001) foram
essenciais para exploração do conceito de fluidez deste projeto.
O cobogó representa um elemento extremamente importante e de crescentes
inovações, há muito para ser explorado e transmitido em todos os campos de atuação do
design de superfície.
Os objetivos do projeto foram alcançados e a pretensão de flexibilizar um
elemento rígido propiciaram como resultado a interferência no cobogó, possibilitando
novas versões à sua forma. A atuação sobre determinado elemento com mobilidade para
giro, aprimora seus efeitos estéticos, funcionais e sensoriais, modificando sua atuação
sobre o espaço e a relação das pessoas com este objeto, tornando-o mais representativo e
passível de maiores transformações a partir da evolução de estudos e pesquisas.
As ideias e projetos de transformar este cobogó são cada vez mais crescentes,
podendo-se considerar sistemas magnéticos de movimento, materiais mais flexíveis, o
rompimento das fronteiras externas e internas e a utilização de sistemas de iluminação,
possibilitando alguns trabalhos diferenciados no futuro.
REFERÊNCIAS
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