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Nome: Casa Tugendhat/ Villa Tugendhat.

Ano: 1929-1930

Localização: Černopolní 45, 613 00 Brno, Tchéquia (República Tcheca, Europa Central).

Características:

A Casa Tugendhat é conhecida por seu design modernista e inovador que misturava uma ideia luxuosa
de maquinismo com um toque da nobreza clássica: "ela era um instrumento de promoção da saúde com
algo do caráter de uma vila." CURTIS, William J. R.. Arquitetura moderna desde 1900. 3. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2008.

Mies usou detalhes precisos como proporções e transparências para destacar os aspectos importantes
da época moderna, onde mencionava um pouco da história de forma discreta, mas ao mesmo tempo
mostrava a mudança do mundo artificial para o natural.

É um lugar moderno e espaçoso, com pontos focais bem posicionados. Em 2001, como único
monumento da arquitectura moderna na República Checa, foi inscrito na Lista do Património Cultural
Mundial da UNESCO.

'Os veios do mármore e as vistas através das vidraças sombreadas contribuíam para uma sensação
bizarra da realidade." CURTIS, William J. R.. Arquitetura moderna desde 1900. 3. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2008.

Fachada:

A fachada norte, recuada em relação à rua, era fechada e reservada, e a sul era um grande espaço
aberto e transparente. (Livro)

Algumas características distintas incluem:

Uso extensivo de vidro: Mies empregou grandes painéis de vidro para criar uma sensação de
transparência e integração entre o interior e o exterior, permitindo uma conexão visual direta e uma
integração com o entorno.

Estrutura de aço: A fachada é suportada por uma estrutura de aço, permitindo a criação de grandes
aberturas de vidro e a eliminação da necessidade de paredes de suporte internas.

Simplicidade geométrica: Linhas simples e uma estética geométrica definem a fachada, sem ornamentos
ou detalhes desnecessários.

Horizontalidade: A ênfase na horizontalidade é alcançada através da disposição das linhas e dos


materiais utilizados, criando uma sensação de expansão e fluidez.

Site:

As fachadas da casa cobertas por vegetação destacava a conexão entre o interior e o ambiente externo
que evocavam o “desaparecimento óptico”. Além disso, essa integração entre a casa e a natureza foi
reforçada internamente por um jardim de inverno, que conectava diretamente à sala principal da
residência.

Com base nas memórias da sua mãe, Daniela Hammer-Tugendhat observou mais tarde: “A ligação entre
o interior e o exterior, o diálogo entre a arquitectura e a natureza determinaram essencialmente a
estrutura da casa. (…) O jardim, em grande parte deixado como prado, oferecia um pequeno paraíso
para as crianças brincarem. (…) No inverno, as crianças podiam andar de trenó e esquiar até a casa dos
avós. A ideia de liberdade que era tão importante para Mies poderia ser concretizada aqui - para esta
pequena família rica." CURTIS, William J. R.. Arquitetura moderna desde 1900. 3. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2008.

Interior:

A pièce de resistance era a sala de estar/sala de jantar/estúdio do pavimento inferior - um espaço


integrado medindo 25 x 15 metros que se projetava pela encosta, com uma grade estrutural e divisórias
retas ou curvas lançadas sobre ela.

O principal espaço social era um ofuscante belvedere definido por materiais da era da máquina, como
cortinas de seda e vidros de opacidade e cor variáveis. Estes recursos e a composição de toda a fachada
sul sugeriam que o artista conhecia a Vila Stein/de Monzie de Le Corbusier.

CARACTERÍSTICAS DISTINTAS:

1. Uma ideia moderna de espaço contínuo recebeu um senso de hierarquia, tornando um espaço fluido
e aberto.

2. Integração com a natureza: Na extremidade leste do salão havia uma área mais escura de vidraça
através da qual se podia ver um jardim-de-inverno que enfatizava a relação entre o espaço interno e a
paisagem. À noite, sob a luz elétrica, a mesma vista adquiria caráter hipnótico.

Fritz Tugenhadt descreveu as folhagens visíveis através do vidro de cor escura como "solitários
brilhantes" e revelou o efeito revigorante que a edificação produzia sobre ele: "Quando permito que
esse espaço e tudo que está nele me afete como um todo, tenho a clara impressão: isto é beleza, isto é
verdade".CURTIS, William J. R.. Arquitetura moderna desde 1900. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.

Frampton desceveu o efeito do jardim-de-inverno visto do interior: "O raso jardim-de-inverno que
continha vegetação tropical se colocava como um terceiro termo; como um termo capaz de uma
mediação entre a estrutura cristalizada do plano livre de ônix do interior e a vegetação natural no
paisagismo do jardim mais além. Aqui o decorativo parece como a própria natureza, e não como uma
invenção artística." CURTIS, William J. R.. Arquitetura moderna desde 1900. 3. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2008.

3. Minimalismo e simplicidade
4. Detalhes funcionais e ergonômicos: O mobiliário projetado por Mies van der Rohe para a casa
Tugendhat era funcional, elegante e ergonomicamente projetado para atender às necessidades práticas
dos moradores, sem comprometer a estética.

Essas características combinadas criaram um interior sofisticado e atemporal, refletindo a visão


modernista e inovadora de Mies van der Rohe para a arquitetura residencial.

DETALHES INTERNOS: (site)

O interior da casa foi desenhado por Ludwig Mies van der Rohe com seus colaboradores Lilly Reich e
Sergio Ruegenberg.

Os pilares dos terraços têm cobertura de latão patinado em bronze cor de cobre, os pilares da sala
principal têm caixa de latão cromado de alto brilho. Todos os caixilhos das janelas e algumas portas são
feitos de aço.

Os rebocos externos eram na cor natural da areia (não possuíam revestimento branco). Os rebocos
interiores tinham um brilho aveludado graças à última camada (lustre em estuque).

As paredes do hall de entrada são folheadas a jacarandá, assim como as portas e os roupeiros
embutidos dos quartos dos pais. Folheados de zebra foram utilizados na seção infantil. O espaço
principal era dominado por folheado de ébano. A madeira de ébano marrom escuro e veios amarelos
para a divisória arredondada da sala de jantar e para a biblioteca embutida (ainda preservada em seu
estado original)

Materiais:

Fritz e Grete Tugendhat eram exemplos típicos dos clientes ricos e progressistas que tornaram possível o
movimento moderno tcheco. Eles procuraram Mies porque admiravam suas obras anteriores e queriam
"leveza, amplidão e claridade" em sua casa pessoal.

Aqui o luxo do Pavilhão de Barcelona foi reproduzido em um ambiente doméstico com vidro incolor,
semi-reflexivo ou colorido, pilares cruciformes cromados, planos brancos e dourados de ônix polido e
uma parede curva em ébano.

Mies utilizou materiais contemporâneos como:

Aço: utilizado na estrutura da casa

Vidro: Painéis de vidro foram empregados extensivamente para criar paredes e janelas amplas que
maximizavam a entrada de luz natural.

Mármore e madeira: Usados em alguns revestimentos e pisos

E couros e tecidos nobres, todos os materiais proporcionavam uma sensação de luxo e modernidade ao
espaço.
Plantas: (site)

A moradia independente de três pisos está inserida num terreno inclinado e está orientada a sudoeste.
No primeiro andar (cave) existe uma instalação técnica. O segundo andar (rés-do-chão) é constituído
maioritariamente pela sala principal e espaço social com jardim de inverno e terraço, bem como por
uma cozinha com acessórios e salas de pessoal. No terceiro andar (andar) encontra-se a entrada
principal pela rua com passagem para o terraço, hall de entrada, quartos dos pais, filhos e babá com
acessórios.

"Primeiro vimos a planta baixa de uma sala enorme com uma parede redonda e outra independente.
Então notamos pequenas cruzes separadas por cinco metros. Perguntamos: “O que é isso?” Ao que Mies
respondeu com naturalidade: “São suportes de ferro que vão sustentar toda a estrutura.” Naquela
época ainda não havia sido construída nenhuma casa particular com estrutura de ferro. Não é à toa que
ficamos surpresos. Apesar disso, gostamos muito do plano.”

CARACTERÍSTICAS:

1. Planta Livre: Uma das características mais marcantes é a utilização de uma "planta livre", eliminando
paredes estruturais para criar espaços amplos e flexíveis.

2. A planta foi concebida para uma fluidez entre os ambientes, com espaços integrados, como a sala de
estar, sala de jantar e outras áreas sociais.

3. Distribuição funcional

4. ELementos geométricos: A planta baixa é dominada por linhas e formas geométricas simples,
refletindo a estética minimalista de Mies van der Rohe.

História do modernismo na época da construção da casa: fonte do livro

A cada passo, novos aspectos de uma linguagem restrita, mas extremamente concentrada, eram
descobertos. Além dos aspectos evidentes e recorrentes do estilo miesiano, havia uma intenção
sobreposta: "levar a Natureza, o homem e a arquitetura a uma unidade superior".

Esse ideal era perseguido em uma Alemanha cujo meio social deteriorava e se tornava cada vez mais
violento, à medida que o ambiente da República de Weimar se tornava algo mais sinistro e mesmo
ameaçador. Mies era rejeitado pelo tradicionalismo por ser funcionalista demais, e pelos sociais
democratas por se permitir luxos irrelevantes e uma "espiritualidade". Quando os nazistas finalmente
assumiram o poder em 1933, parecia possível a alguns arquitetos alemães modernistas que os
conservadores mais "progressistas" e "tecnocráticos" talvez desejassem empregar uma versão do
modernismo nas obras públicas: Mies foi um entre vários (assim como Gropius) a participar naquele ano
do concurso para o Reichsbank de Berlim. Com o fechamento forçado da Bauhaus (da qual Mies era
diretor) no mesmo ano de 1933, ficou cada vez mais evidente que o novo regime não aceitaria qualquer
tipo de modernismo. As edificações oficiais teriam que fazer referências mais claras ao passado (e Mies
também tentou reagir a isso em seu projeto para o Pavilhão Alemão de Bruxelas de 1935). De fato, ele
se encontrava em uma posição política cada vez mais insustentável e isolada. Em 1937, o arquiteto se
transferiu para os Estados Unidos, convidado pelo Armour Institute (o futuro Illinois Institute of
Technology) em Chicago. Logo após sua chegada, Mies foi "recebido" por Frank Lloyd Wright em Taliesin
no Wisconsin. Comovido pela grandiosa vista da imensa paisagem norte-americana que era
proporcionada pelo refúgio de Wright na colina, ele declarou: "Oh, que reino de liberdade!".

ORDEM CRONOLÓGICA DA CASA:

1. Planejamento e Construção (1928-1930): A Casa Tugendhat foi encomendada por Fritz e Grete
Tugendhat em 1928.

2. Período de Ocupação dos Tugendhat (1930-1938): A família Tugendhat viveu na casa por apenas oito
anos.

3. Fuga da Família Tugendhat (1938): Com a ascensão do nazismo na Europa, os Tugendhat, sendo
judeus, foram forçados a fugir da Tchecoslováquia, deixando para trás sua casa recém-construída.

4. Uso durante a Segunda Guerra Mundial (1945): Durante a Segunda Guerra Mundial, a Casa Tugendhat
foi utilizada para vários fins.

Em abril de 1945, a unidade de cavalaria contribuiu para a destruição da casa. A Sra. Vlasta Hvozdecká
relembra: “Eles derrubaram a cerca do jardim com cerca de 6 metros de comprimento e depois
cavalgaram por Černý Polý, onde saquearam os apartamentos. [...] Transformaram a bela sala comum
num estábulo para cavalos!” O resto da mobília serviu de lenha, o linóleo do chão foi destruído pelos
cascos dos cavalos, as paredes de vidro foram quebradas pelas ondas de pressão dos bombardeamentos.
O estado da casa no final da guerra foi descrito de forma bastante eloquente no protocolo escrito.

5. Mudanças e Danos (1945 em diante): Após a guerra, a residência passou por várias mudanças
estruturais e foi danificada em diferentes graus ao longo dos anos, perdendo algumas características
originais durante as adaptações.

De agosto de 1945 a junho de 1950, funcionou na villa a escola particular de dança da professora Karla
Hladká do Conservatório de Brno. Em outubro de 1950, o edifício foi transferido para a propriedade do
Estado da Checoslováquia. Aqui foi estabelecido um centro de reabilitação para crianças com defeitos
na coluna, que funcionou como parte de um hospital infantil próximo até o final da década de 1970.
6. Restauração (1960-1969): Os esforços para restauração começaram a assumir contornos. Em
dezembro de 1963, o primeiro passo foi a inscrição da Villa Tugendhat na lista de monumentos culturais
imóveis. O arquiteto de Brno, František Kalivoda (1913–1971) trabalhou intensamente na reabilitação da
casa. Ele estabeleceu uma correspondência pessoal com Greta Tugendhat, ela então visitou Brno a
convite pessoal dele em novembro de 1967.

De 20 de dezembro de 1968 a 26 de janeiro de 1969, a Casa das Artes de Brno acolheu uma exposição
da obra de Ludwig Mies van der Rohe. Em uma das conferências Greta Tugendhatová fez um discurso
sobre as circunstâncias e o andamento da construção da villa. O estúdio de Mies em Chicago estava
pronto para cooperar na restauração da villa.

7. Acontecimentos negativos (1969-1971): A morte dos principais protagonistas (Ludwig Mies van der
Rohe morreu em agosto de 1969, Greta Tugendhtová morreu em dezembro de 1970 e František
Kalivoda morreu em maio de 1971).

8. Restauração (1980-2001): Na década de 1980, a Casa Tugendhat passou da posse do Estado para a
propriedade da cidade de Brno, marcando uma nova fase em sua história. Uma restauração completa
ocorreu entre 1981 e 1985, realizada pelo Instituto Estadual para a Reconstrução de Cidades e Edifícios
Históricos de Brno. Essa restauração teve como objetivo transformar a casa em um local representativo
da cidade, excluindo o acesso ao público. Infelizmente, durante esse processo, não foram realizados
levantamentos históricos adequados e parte da estrutura original foi danificada devido a uma
desmontagem parcial realizada anteriormente, sem um projeto detalhado.

9. Restauração e Reconhecimento (2001 em diante): Iniciativas de restauração e preservação


começaram nos anos 2000 para devolver à Casa Tugendhat sua condição original. Em 2010, foi
adicionada à lista de Patrimônio Mundial da UNESCO, reconhecendo sua importância arquitetônica e
cultural.

10. Nos anos 2010-2012, a Villa Tugendhat passou por uma restauração histórica. O edifício e o jardim
adjacente foram restaurados à forma que tinham no momento da sua conclusão em 1930. Os interiores
estão equipados com réplicas exactas do mobiliário original.

Arquiteto:

O Pavilhão de Barcelona foi a obra chave do desenvolvimento de Mies Van der Rohe, condensando
todas as suas descobertas até então, mas também abrindo caminhos para o futuro. Podemos dizer que
ele adotou a simetria, a frontalidade e a qualidade para edificações cívicas e monumentos, e a
assimetria, a fluidez e a interconexão de volumes para residências.

A singularidade da villa de Brno reside na sua pureza arquitectónica formal, no seu enquadramento
natural e no entrelaçamento mútuo dos espaços, mas também na solução técnica e estrutural e na
utilização de materiais nobres. A Villa Tugendhat não é apenas um edifício icónico no contexto da
construção moderna de Brno, mas também a obra-prima do seu arquitecto.
"A finalidade do edifício confere-lhe um significado próprio. (…) Um edifício residencial só deve ser
utilizado para habitação. O canteiro de obras, a posição solar, a disposição espacial e os materiais de
construção são fatores essenciais para a criação de um edifício residencial. A partir destas condições é
necessário combinar o organismo construtor."

ESTA REFLEXÃO FOI PRONUNCIADA POR LUDWIG MIES VAN DER ROHE EM 1924 E ELE A APLICOU
TOTALMENTE NA VILA BRNO.

Os Tugendhats foram atraídos pela casa de Guben e também foram fortemente influenciados pela
personalidade de Mies. “Ele tinha uma autoconfiança calma que foi instantaneamente convincente. Pela
forma como ele falou sobre suas construções, sentimos que estávamos lidando com um verdadeiro
artista. Ele disse, por exemplo, que as dimensões ideais do espaço não podem ser calculadas, o espaço
deve ser sentido." 1930-33 Mies foi o último diretor da Bauhaus.

A afirmação de Mies “menos é mais” é característica de suas formas limpas e de seu trabalho com o
material. Vidro, aço e concreto são atributos de seu distinto “estilo internacional”, que influencia a
arquitetura até hoje.

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