Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
VILL’ALCINA
55 CASAS
Teoria Geral de Organização do Espaço
VILL'ALCINA
Sérgio Fernandez
1971-1974
Turma 6
2022/2023
Introdução
De passagem em Caminha é impossível não mencio-
nar esta construção, de nome Vill'alcina, mas apelida-
da Casa de Caminha. Localizada a norte de Portugal,
onde as grandes altitudes e vegetação densa tomam
conta da paisagem e onde desagua o rio Minho, que
delimita a fronteira com a terra vizinha espanhola.
Com tais características, a temperatura nunca é muito
alta, o frio é dominante no inverno, mas o verão é
ameno e a paisagem ainda mais bela.
Entrar
Caminhar e passar os portões, de-
parar-mo-nos com um pórtico, a en-
trada, um espaço vazio que nos re-
cebe e liga as duas habitações, do
qual vemos a placa Vill’Alcina a
chamarmo-nos a entrar. Passamos a
casa do lado e dirigimo-nos para a
nossa esquerda, vamos descendo
escadas que nos encaminham, e
marcam um percurso em contacto
com as irregularidades de um espa-
ço tão inclinado.
- The architectural archive of Tintin and Milou. Elara
Fritzenwalden
Comer
Cozinhar, sentar e comer. A pare-
de que se forma à nossa direita é
percorrida por um balcão, e nele
reúne-se o mero necessário para
classificar aquele espaço da cozi-
nha. Oposto a este está a mesa de
jantar redonda, onde um janelão,
com vista para o estuário do rio,
surge por de trás e ambientaliza
todo aquele espaço. Este serve de
paisagem a quem confecciona e de
cenário ao ato de comer, transfor-
mando-o quase num ato teatral.
Cozinhar, sentar e comer.
- Vill’Alcina. Ines D’Orey
Ali parados, vemos toda a casa, um corredor por
descobrir e uma sala que quase pertencia à cozinha
não fosse o banco espesso que se prolonga da área de
refeição e cria o muro que divide tais espaços.
Sentados nele, quase nos passa despercebido a sua
importância naquele espaço open space: conservar a
singularidade das áreas. Ao mesmo tempo, permite
manter a longitudinalidade da casa, abalada pela trans-
versalidade gerada pelo surgimento do espaço da sala.
- Vill’Alcina. Ines D’Orey
Estar
Talvez atraídos pela paisagem, ou encaminhados por
um teto inclinado, ou ainda pela curiosidade de um
lugar tão perto, descemos e chegamos à sala, ao
espaço de estar. Como que encostada à parede in-
visível que divide aqueles dois espaços surge a lareira,
atribuindo verticalidade, ao centro daquele lugar mais
recolhido. E à parte desta, não há muitos mais ele-
mentos que caracterizam aquele espaço, depreende-se
assim que assume a função de vazio aglutinador. Sem
algo que o defina fortemente serve de ligação entre os
outros espaços, estes sim, bem definidos. Na sua sim-
plicidade de forma e conteúdo interliga os diferentes
conceitos na casa, num espaço cuja função é verda-
deiramente parar. Estar.
- Vill’Alcina. Ines D’Orey
Descansar
Pouco mais falta para completar a deambulação pela
aquela casa. Subimos novamente as escadas, e ainda
mais uns degraus para lá chegar, aos quartos, melhor
dizendo, às alcovas.
al·co·va |ô|
(árabe al-qubba, abóbada, cúpula)
nome feminino
Contemplar
O contacto com o exterior é das
características mais importantes des-
ta casa. Os vãos abertos para a natu-
reza atribuem simbolismo a todos
os espaços e permitem-nos parar e
contemplar. De uma forma é como
se a natureza entrasse para dentro
das casas e também ela habitasse
aquele lugar. Porém é de salientar
que o facto da casa estar tão bem in-
serida na envolvente natural não é
definido pela vista integral do am-
biente exterior, mas que ainda assim
este proporciona a conexão com a
mesma.
- Fundación Docomo Ibérico
FERNANDEZ, Sérgio, Percurso, Arquitetura portuguese 1930-1974. Porto: FAUP Editorial, 2a. ed.,
1988, pg. 89
Nos inícios dos anos 70, ocorrre
redescoberta da arquitetura popular,
advinda de uma escolha pelo artesa-
nato nos métodos construtivos e a
reinvenção da arquitetura moderna
em Portugal que se gera durante os
anos 50 e 60, altura na qual também
se forma a 'novíssima geração’ de
arquitetos, da qual Sérgio Fernandez
faz parte.