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PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS


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PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Gildenor Silva Fonseca

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
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um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-


ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Raquel Elisabeth Dumaszak


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Esta unidade apresentará os principais conceitos da Psicologia
Social e Comunitária. Primeiramente, é importante saber que há uma
diferença na atuação destes dois campos: enquanto a Psicologia Social
preza por pesquisas positivistas, e com o intuito de compreender e pre-
ver a reação comportamental de alguns grupos; a Psicologia Comunitá-
ria é completamente voltada para a ação e, por isso, já entra em campo
investigando e intervindo, mas sempre com o papel de facilitador, e não
de coordenador de grupos. Entenderemos como a Psicologia Social
surgiu e por quais mudanças ela passou, para que chegássemos ao
conceito que hoje temos de Psicologia Comunitária. Veremos o quan-
to essa ciência se faz presente nas relações grupais e institucionais,
sendo importante nas lutas que modificaram o cenário social como, por
exemplo, a luta antimanicomial e o movimento dos direitos humanos. A
proposta da Psicologia Comunitária é vasta, engloba vertentes psicoló-
gicas, sociológicas, filosóficas, educacionais, que estudaremos neste
módulo, vendo a importância de conhecer o movimento dos grupos, a
topografia das classes sociais e sua relação com o indivíduo.
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Psicologia Comunitária. Psicologia Social. Indivíduo.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA

Uma pequena reflexão sobre a Psicologia Social e Comunitária __ 13

Precedentes da Psicologia Social _______________________________ 18

Início da Psicologia Social ______________________________________ 19

Outros Teóricos importantes ___________________________________ 20

Origem da Psicologia Comunitária _____________________________ 23

Ética no Trabalho e na Pesquisa em Psicologia Social ___________ 25

Recapitulando _________________________________________________ 27

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CAPÍTULO 02
CONCEITOS EM PSICOLOGIA SOCIAL

Introdução ao Capítulo _________________________________________ 33

Identidade ____________________________________________________ 34

Ideologia e Consciência ________________________________________ 40

Alienação e Consciência ________________________________________ 43

Relação do indivíduo com o outro e instituições ________________ 46

Recapitulando _________________________________________________ 48

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CAPÍTULO 03
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA NO BRASIL

Uma breve Contextualização do capítulo _______________________ 55

Uma breve Introdução do tema Psicologia Comunitária no Brasil 56

Precedentes da Assistência Social no Brasil _____________________ 57

Assistência Social na “Era Vargas” _______________________________ 59

Período da Democracia Populista (1945 – 1964) __________________ 60

Assistência Social no período da Ditadura Militar (1964 – 1985) ___ 62

Período Pós ditadura - o avanço na política de Assistência Social 63

Desenvolvimento da Psicologia Comunitária no Brasil ___________ 64

Atuação do Psicólogo Comunitário _____________________________ 66

Sobre a Prática do Psicólogo ___________________________________ 68

Recapitulando _________________________________________________ 70

Considerações Finais ___________________________________________ 76


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Fechando a Unidade ___________________________________________ 77

Referências ____________________________________________________ 80

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Alguma vez você já ouviu a pergunta: “Para que serve a Psi-
cologia Social?” ou ainda, a expressão “A Psicologia clínica individual
não teria mais aplicabilidade ou eficácia do que se for realizada com um
grupo?”. Por mais que pareçam simples, essas dúvidas não são raras!
Muitas pessoas acreditam que o Psicólogo Social segue a mesma base
teórica e de atuação que o Psicólogo Clínico.
Apesar de as bases acadêmica e de formação profissional se-
rem idênticas às da Psicologia Clínica, a Psicologia Comunitária tem um
propósito diferente. Este é um ramo da Psicologia Social, que abran-
ge temas como: as organizações trabalhistas; o contexto das minorias
sociais; a influência cultural, política e social na dinâmica dos grupos;
grupos de apoio, para fins comunitários; associações para qualquer tipo
de desenvolvimento, entre outras pesquisas e atuações que levam em
consideração a subjetividade do indivíduo.
O trabalho do Psicólogo comunitário portanto, é voltado para a
assistência, prevenção e emancipação de um grupo, a sua participação
é de facilitador e organizador, para que o grupo se movimente em dire-
ção a criticar e trabalhar a partir de sua situação atual, em prol de um
ideal comunitário.
A mudança discutida pela Psicologia Social e Comunitária se
verifica no sentido de metamorfose do grupo e do indivíduo, um fenô-
meno dialético, involuntário e infinito. Para essa ciência, o grupo se mo-
difica de acordo com a sua identidade e subjetividade, por isso, todo
cidadão deve ser protagonista de sua história.
O conceito de psicologia comunitária está, para muitas pes-
soas, diretamente ligado às questões das classes desfavorecidas so-
cialmente. Apesar desta crença não estar totalmente correta, ela pode
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ser justificada pelo fato desta ciência ter surgido como um movimento
para abraçar causas de grupos vulneráveis, como as políticas de inclu-
são social, que é um tema discutido por este campo de profissionais.
Dentro da ideia de inclusão social, podemos citar o sistema de
cotas em universidades, ou em concursos públicos, que destinam uma
porcentagem das vagas para negros, deficientes e estudantes de esco-
las públicas, para amenizar as desigualdades sociais, educacionais e
econômicas sofridas por este público, ainda no cenário atual.
Além da política de cotas, são temas e questões abraçadas
pela Psicologia Social Brasileira: a desigualdade social, o preconceito
e segregações raciais, a violência doméstica, o abuso infantil, a meno-
ridade penal, os direitos humanos, os métodos para reabilitação peni-
tenciária, o Estado e as políticas públicas destinadas à população, e a
estruturação e atendimento dos órgãos do sistema único de assistência
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social – SUAS, entre outros.
É importante sabermos que essas questões se modificam de
acordo com as necessidades de seu território e com o momento vi-
vido. Vejamos um exemplo bastante atual: a pandemia causada pela
COVID-19, que assolou o mundo inteiro em 2020. Nessa situação, em
cada país existe um tipo de política pública para assistência social e
para saúde pública, e em cada grupo social surgirão diferentes tipos
de problemas, como as taxas de desemprego, a violência doméstica, o
descumprimento das medidas protetivas, entre outras inúmeras realida-
des que pedem diferentes olhares e intervenções.
Pensando em tudo isso, neste módulo veremos as principais
influências da Psicologia Social, quais foram seus autores precedentes
e os pontos chave dessa teoria. Após essa etapa, entenderemos em
que contexto ela surgiu, qual era seu intuito, e a diferença na atuação
profissional e na pesquisa cientifica, entre a Psicologia Clínica e a Psi-
cologia Social.
Vamos estudar também, como essa ciência compreende a
constituição do sujeito, para então, a partir disso, discutir um pouco
sobre as questões éticas dentro da atuação profissional e dentro das
pesquisas cientificas nessa área. Para finalizar, veremos por que foi
necessária uma Psicologia Comunitária, quais são as diferenças entre
ela e a Psicologia Social, e quem são os principais teóricos estudados
no Brasil.
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INTRODUÇÃO À
PSICOLOGIA SOCIAL & COMUNITÁRIA

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UMA PEQUENA REFLEXÃO SOBRE A PSICOLOGIA SOCIAL E CO-
MUNITÁRIA

Antes de iniciarmos o estudo teórico a respeito da Psicologia


Comunitária vamos refletir um pouco sobre a atuação deste profissio-
nal e a aplicabilidade deste trabalho atualmente, e após nos situarmos,
precisaremos retornar ao passado, e estudar as origens da Psicologia
Social.
Saibamos que a graduação em Psicologia garante a aptidão ao
trabalho em qualquer esfera contemplada por essa formação. A Psico-
logia Social, portanto, é uma das áreas de especialização, regulamen-
tada pelo conselho federal de Psicologia – CFP, que de acordo com a
resolução 013/2007, são 13: Psicologia Escolar/Educacional; Psicologia
Organizacional e do Trabalho; Psicologia de Trânsito; Psicologia Jurí-
13
dica; Psicologia do Esporte; Psicologia Clínica; Psicologia Hospitalar;
Psicopedagogia; Psicomotricidade; Neuropsicologia; Psicologia Social;
Psicologia da Saúde e Avaliação Psicológica1.
O título de especialista expande as atribuições do profissional,
sendo algumas delas limitadas a cada vertente. Portanto, de acordo
com o CRP/09 -Conselho Regional de Psicologia, cabe ao Psicólogo
social:

Atuar fundamentado na compreensão da dimensão subjetiva dos fenômenos


sociais e coletivos, sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos, com o
objetivo de problematizar e propor ações no âmbito social. O psicólogo, nes-
se campo, desenvolve atividades em diferentes espaços institucionais e co-
munitários, no âmbito da Saúde, Educação, trabalho, lazer, meio ambiente,
comunicação social, justiça, segurança e assistência social. Seu trabalho en-
volve proposições de políticas e ações relacionadas à comunidade em geral
e aos movimentos sociais de grupos e ações relacionadas à comunidade em
geral e aos movimentos sociais de grupos étnico-raciais, religiosos, de gêne-
ro, geracionais, de orientação sexual, de classes sociais e de outros segmen-
tos socioculturais, com vistas à realização de projetos da área social e/ou
definição de políticas públicas. Realiza estudo, pesquisa e supervisão sobre
temas pertinentes à relação do indivíduo com a sociedade, com o intuito de
promover a problematização e a construção de proposições que qualifiquem
o trabalho e a formação no campo da Psicologia Social (CRP/09, 2015, s.p.).

Conforme o exposto acima, a Psicologia Social vai além da


esfera tradicional, trabalhando com outras áreas profissionais, e abran-
gendo uma atuação sistêmica, ou seja, que conduz o grupo como um
todo para elaborar a mudança. A Psicologia comunitária, por sua vez,
é uma ramificação da Psicologia Social (fig. 1), seu intuito é atuar em
grupos vulneráveis2, utilizando planos de ação para o enfrentamento do
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problema, além de atuar com o apoio das políticas públicas.


No Brasil, a atuação está muito presente em Órgãos do Es-
tado, como os centros de atendimento que seguem o modelo psicos-
social: presídios, fundações de amparo a vítimas de violência ou em
situação de rua etc. ou ainda em Organizações não Governamentais -
OnGs, como grupos de comunidades e bairros, mulheres artesãs, grupo
de alfabetizadores etc.

1 Veja mais no site do conselho: https://site.cfp.org.br/servicos/titulo-de-especialista/


2 É importante salientarmos que vulnerável é alguém, ou um grupo em situação fragiliza-
da, sejam eles, ricos ou pobres.

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Figura 1 – Psicologia e ramificações

Fonte: Autora, 2020.

A Psicologia comunitária tem uma discussão bem próxima das


Ciências Sociais, mas enquanto essa última observa o fenômeno am-
plamente, o psicólogo está interessado em saber como o fenômeno co-
letivo afeta o indivíduo, e como ele reage diante dos fenômenos grupais,
tudo isso faz parte de sua subjetividade. Um exemplo prático, pode ser
durante a construção de uma barragem de água em um pequeno vila-
rejo, como essa mudança na rotina, e na vida, afetaria cada indivíduo
daquela região? A presença da empresa e a degradação ambiental, po-
deria acarretar neles, altos níveis de estresse e, como consequência,
o desenvolvimento de problemas psicossomáticos, como ansiedade,
depressão, pressão alta, ou outras comorbidades que surgem devido à
baixa imunidade.
A Psicologia Social poderia atuar a serviço da Empresa, in-
vestigando uma maneira de amenizar esses impactos, o que se torna
uma tarefa difícil, porque cada indivíduo pensaria diferentemente. Há
também, a questão da irreparabilidade desta perda, como repor algo
que está sendo perdido? Os moradores deste vilarejo, perderiam mais
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do que um pedaço de seu território, ali seriam soterradas toda a história
e a referência de vida dos residentes. Portanto, a redução de danos, vai
além da questão financeira.
Esse tipo de observação e de coleta de dados, podem ser re-
levantes também, para uma empresa de tecnologia, o Psicólogo pode
atuar na área de publicidade, ou de vendas, e a partir da observação do
grupo alvo, ele pode compreender qual produto atenderia melhor suas
necessidades, e ainda, qual o nível de conhecimento desse grupo a
respeito do produto. Eles conseguiriam manusear? Se sentiriam cons-
trangidos ou motivados ao adquiri-lo? Enfim, são questões que buscam
promover o bem estar.
Já que estamos falando de tecnologia, vamos comentar um
pouco sobre outra questão muito atual, que é a ascensão da internet, e
a grande mudança social que ela nos trouxe. Com a remodelagem na

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topografia dos relacionamentos sociais, vimos a necessidade de en-
tender como esse novo mundo digital afetou o indivíduo, como ele está
elaborando essas mudanças. O enfrentamento também é parte da sub-
jetividade humana.
Sem dúvidas, a internet nos trouxe muitos benefícios, mas tam-
bém surgiram malefícios com os quais ainda estamos aprendendo a li-
dar. Enquanto há dez anos falávamos sobre o enfrentamento do bullying
nas Escolas, agora nos deparamos também com o cyberbullying, que
traz consequências negativas e prejuízos até mais extremos, uma vez
que a exposição é maior. O problema do cyberbullying pode ser traba-
lhado pelo Psicólogo Social com estratégias educativas e conscienti-
zadoras a respeito de seus danos mentais, e da responsabilidade que
cada pessoa tem com suas ações.

Figura 2 – Cyberbullying
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Fonte: Direcional Escolar – A revista do gestor escolar, 2016.

O acesso à internet também ressalta a questão das desigual-


dades sociais. Imagine que em uma Era Digital como a nossa, milhões
de pessoas ainda sejam “analógicas”. Segundo pesquisa do Centro Re-
gional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informa-
ção (Cetic.br), em 2019, o acesso a computador de mesa, notebook ou
tablet, está presente em 95% dos domicílios de classe A, contra 44% da
classe C, e apenas 14% das classes D e E3. Um exemplo de atuação
do Psicólogo comunitário, poderia ser a inclusão digital de um grupo de
pessoas carentes, com o intuito de inseri-las no mercado de trabalho,
ou apenas para terem acesso a esse tipo de conhecimento.
3 Para visualizar essas pesquisas acesse: https://cetic.br/pt/tics/domicilios/2019/domici-
lios/A1/

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Outra prática muito relevante para o comportamento social,
é a atuação do Psicólogo ambiental. Esse ramo de atuação observa
as necessidades grupais para possíveis adaptações ou criações de
espaços urbanos como, por exemplo, uma empresa de construção civil
quer investigar qual seria o público para seu novo empreendimento imo-
biliário. Se as pesquisas mostram que há uma diminuição da natalidade
infantil e aumento da expectativa de vida, logo teremos aumento da
população idosa, portanto, é interessante pensar e adaptar os espaços
para esse perfil. Qual seria o melhor modelo de área de lazer para esse
público? Os apartamentos precisariam de um banheiro adaptado, uma
varanda maior, ou uma cozinha menor?
As mudanças nas contingências sociais acontecem ininterrup-
tamente. No ano de 2020, viu-se um aumento na procura por parques
e praças, e de casas com maiores recintos, para favorecer quem per-
manece nela por mais tempo. Isso porque o mundo inteiro está enfren-
tando a pandemia do vírus Covid-19, que devido ao alto contágio, exi-
giu da população o maior tempo possível de isolamento em casa, além
do distanciamento nas ruas. O isolamento forçado devido à pandemia
do Covid-19 despertou o interesse para outros hábitos, como ler livros,
consumo de comidas saudáveis, entre outras.

Figura 3 – Isolamento Social

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Fonte: blogpsicologiaviva, 2020.

O Psicólogo social sempre pesquisa e trabalha de acordo com


a necessidade e subjetividade cultural do grupo para garantir o seu bem
estar, ou então os ambientes não teriam aceitação. Ao propor alternati-
vas para estimular a atividade física e ao ar livre, qual esporte teria mais
sucesso no Brasil: um campo de futebol ou de golfe? Certamente seria
o campo de futebol, mas esse campo teria boa adaptação em um bairro
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com índice de criminalidade alta? Seria mesmo uma boa ideia estimular
crianças a ficar fora de casa? Estes são alguns temas de investigação
para a Psicologia Social, e as questões de vulnerabilidade são abraça-
das pela Psicologia Comunitária.
Agora que já contextualizamos a respeito da atuação do Psi-
cólogo Social e Comunitário, vamos nos situar a respeito do surgimento
dela, como uma disciplina da Psicologia.

PRECEDENTES DA PSICOLOGIA SOCIAL

Silvia Lane e Wanderley Codo (1984), na obra “Psicologia So-


cial: O homem em movimento”, fizeram uma rica contribuição ao dize-
rem que toda Psicologia é Social, não para reduzirem o valor das demais
epistemes, mas com o intuito de ressaltar a contribuição do ambiente
social na formação do indivíduo. Isso é tão certo, que observamos a
contribuição de diversos autores sócio-histórico-culturais nas diversas
áreas da Psicologia: Vygotsky (1896 – 1934) na Educação, Pichon-Ri-
viere (1907-1977) na dinâmica de grupos, Kurt Lewin (1890 – 1947) e a
Psicologia da Gestalt, Freud em 1921, que lança sua obra “Psicologia
das Massas e análise do Eu”, na qual ele compreende o homem como
um ser social desde o seu nascimento, a partir da sua interação com a
família, e após isso com amigos, escola, igreja, vizinhos e mundo. Ou
ainda, a teoria behaviorista de Skinner, que define o ambiente social
como o responsável pela topografia do comportamento.
A Psicologia Social se difere das outras teorias psicológicas,
porque ela não pretende estudar as raízes e causas do comportamento
humano. Segundo Aroldo Rodrigues o objeto de estudo da Psicologia
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Social são as “manifestações comportamentais suscitadas pela intera-


ção de uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera expectativa de
tal interação” (1972, p.03). O objeto de estudo é a subjetividade do indi-
víduo ou do grupo, que se forma à medida que convivemos com o outro.
São componentes do estudo dessa subjetividade: a percepção social;
a comunicação; as atitudes; as mudanças de atitudes; o processo
de socialização; os grupos sociais e os papéis sociais. O comporta-
mento então, é apenas um produto dessa subjetividade.
A Psicologia Social tradicional utiliza um método empírico e
positivista para estudar a subjetividade, podemos mencionar como an-
tecedentes Émile Durkheim – (1858 – 1917) com a teoria das represen-
tações sociais ou Gustav Le Bom (1841- 1931) com a teoria de “Psico-
logia das massas”, a qual observa que uma multidão de pessoas tem
um comportamento diferente do individual, levando muitas vezes a uma
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resposta agressiva e irracional, um ponto também discutido na Psicolo-
gia da Gestalt, uma frase que exemplificaria esse fenômeno é: “o todo,
não é o mesmo que a soma das partes”.

Positivismo – Método científico que surgiu na França no sécu-


lo XIX, propunha um método experimental e empírico, tendo como des-
taque as teorias de August Comte (1798 – 1857). Para esse autor, as
ciências evoluíram do estágio teológico – que explicavam os fenômenos
a partir dos conceitos sobrenaturais, para o estágio metafísico, que ex-
plicava os fenômenos por fenômenos naturais, e por fim, o estágio po-
sitivo, que estuda apenas o que é observável (Álvaro e Garrido, 2017).

Portanto, foi devido à necessidade de compreender os grupos,


o comportamento das massas sociais, que se deu o surgimento da Psi-
cologia Social. Vamos agora nos situar quanto alguns autores chave e
pioneiros dos estudos de grupos, que fundamentam a disciplina.

INÍCIO DA PSICOLOGIA SOCIAL

Para muitos autores, um grande teórico da Psicologia Social foi


Kurt Lewin (1890 - 1947), um Psicólogo Prussiano de origem Judia, que
ganhou destaque quando foi morar nos Estados Unidos da América,

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seu local de refúgio durante a segunda guerra mundial. Nessa época,
a Psicanálise e o Behaviorismo estavam em evidência, mas diferente-
mente dessas duas vertentes, seu objeto de estudo foi, por exemplo, a
causalidade da interação social, os resultados do comportamento sob
pressão, a tendência do indivíduo em contrariar regras do grupo e a di-
nâmica do comportamento nas organizações de trabalho, entre outras.
Para Lewin a personalidade é formada ativamente, e não um
produto passivo do ambiente, as forças que interagem no campo de
vivência do indivíduo, mantêm uma relação dialética com ele, sendo os
dois, produto e resultado de sua modificação. Crendo nisso Lewin de-
senvolveu pesquisas sobre o comportamento de grupo, que eram feitas
com observações e intervenções no campo de vivência, a fim de com-
preender qual efeito traria para o individual e coletivo.

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Dialética – conceito que duas ideias contrapostas formarão
uma síntese comum, na filosofia, por exemplo, era vista como o método
de argumentar e responder para assim, juntos desenvolver uma ideia
final.

Suas pesquisas eram realizadas fora do ambiente laboratorial


das universidades onde foi professor. Elas eram chamadas de pesqui-
sa-ação, que tem como constructo planejar e executar uma mudança
na instituição, um exemplo é a conhecida pesquisa com crianças no
acampamento de verão, que demonstrou uma resposta comportamen-
tal menos ou mais agressiva, a depender do tipo de líder, na execução
das tarefas da gincana. Atualmente, a teoria de Lewin é muito utilizada
para o ambiente organizacional.

OUTROS TEÓRICOS IMPORTANTES

Vamos falar sobre dois teóricos norte-americanos: Solomon


Asch e Stanley Milgram, ambos norte-americanos, que contribuíram
muito para o estudo do comportamento de grupos, e são referência para
a Psicologia Social.
Solomon Asch (1907 – 1966), estudou a conformidade, um
tema investigado para compreender por que as pessoas seguem pa-
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drões mesmo que não concordem com eles. Atualmente é sabido que
buscamos nos adaptar aos padrões, porque fora deles nos sentimos
constrangidos e com baixa autoestima e, por isso, seguimos uma ten-
dência comportamental, que é chamada também de “efeito manada”.

Ao estudarmos Psicologia Social devemos estar bem atentos à


condição sócio-política do mundo durante o surgimento de tal teoria. Ao
falarmos de Kurt Lewin, por exemplo, o mundo estava no contexto das
primeira e segunda guerras mundiais, o que despertou a necessidade
de se estudar variados assuntos presenciados naquela época, entre
20
eles, os conflitos grupais, as atrocidades permitidas contra o outro, a
supervalorização do grupo ao qual eu pertenço, etc.

Um dos experimentos pioneiros na questão da conformidade


foi elaborar uma situação experimental sem o conhecimento do sujeito
participante, na qual seriam feitas algumas perguntas simples como,
por exemplo: o céu está ensolarado ou nublado? A partir da resposta
do sujeito, ou contradizer todo o grupo, ou seguir a maioria, mesmo ele
sabendo que elas estavam erradas. Asch observou que a maioria das
pessoas seguiram o grupo, e isso acontece devido à necessidade de
aceitação social, as pessoas têm receio de não pertencerem ao grupo
caso pensem de forma diferente. Essa tendência diminui caso haja um
parceiro que também contrarie a maioria.
Ainda falando dos teóricos norte-americanos, vamos citar
Stanley Milgram (1933 – 1984), que ao conhecer a pesquisa de Asch
decidiu se aprofundar mais no assunto, e procurou entender o fenôme-
no da obediência excessiva e cega ao líder, que leva o indivíduo a
entrar em um estado temporário de dissonância cognitiva e apenas
seguir ordens sem questionar ou expor seu ponto de vista (Hockenburry
e Hockenburry, 2009).

Dissonância Cognitiva - incoerência entre as atitudes ou


comportamentos que a pessoa acredita serem certos e o que realmente
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é praticado por ela.

As pesquisas de Milgram foram muito importantes para o estu-


do da Psicologia Social, sem dúvidas seu experimento mais conhecido
é “o gerador de choque elétrico”, nele, um líder ordenava que o parti-
cipante aplicasse níveis graduais de choque no pesquisador, até que
este seja levado à exaustão e talvez até à morte. O participante quando
indagado sobre sua responsabilidade na agressão apenas respondia
que “estava cumprindo ordens”.

21
Filme sobre o assunto: Experimenter (2015)
Direção: Michael Almereyda
Observação: Em 1961, o psicólogo Stanley Milgram realiza
experiências controversas destinadas a medir a conformidade, a cons-
ciência e o livre-arbítrio.

Experimentos como os de Milgram e de Asch são riquíssimos e


muito contribuem no manejo de grupos que estão em situações críticas,
como guerras civis, cenário social de preconceito racial, violência e,
atualmente, temos um novo fenômeno que são as fake News, que são
apenas repassadas sem contestação da veracidade.

Filme sobre o assunto: O Dilema das redes (2020)


Direção: Jeff Orlowski
Observação: O documentário analisa o papel das redes so-
ciais e os danos que elas causam à sociedade, principalmente em rela-
ção à manipulação de ideias e as fake News.
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Esses experimentos não são mais permitidos devido ao mal-


-estar gerado no participante. Obviamente, o choque e a morte eram
simulações, mas mesmo que isso seja revelado após o término da pes-
quisa, ainda assim, podem causar prejuízos ao participante.
Apesar da relevância dos experimentos da Psicologia Social,
ainda assim faltava algo, porque experimentos como os de Kurt Lewin,
por exemplo, não levavam em consideração o histórico de vida do par-
ticipante da pesquisa, e não propunham uma intervenção para os gru-
pos. A fim de preencher essa lacuna surgiu uma vertente dentro da Psi-
cologia Social, porém voltada à pesquisa-ação. Vejamos agora, como
se deu o início da Psicologia Social e Comunitária.

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ORIGEM DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA

Muitas são as controvérsias a respeito do surgimento da Psi-


cologia Comunitária, para alguns autores ela surgiu em 1965, a partir
de movimentos sociais comunitários de países da América do Norte e
Europa, que visavam compreender o comportamento humano nas si-
tuações de Guerra e após elas, e também os comportamentos que se
incluem na área de saúde mental.
Em maio de 1965, aconteceu uma conferência de Psicologia
em Boston que divulgou o termo “Psicologia Comunitária”, sendo aceita
por boa parte dos Psicólogos. Na América Latina, a psicologia comuni-
tária ganhou força 10 anos depois, em 1975. Países com desigualda-
des sociais acentuadas, como o Brasil, por exemplo, utilizam essa força
com o propósito de atender às demandas dos diversos grupos sociais
existentes, que são considerados minorias (Góis, 2008).

Minorias - Pessoas que mesmo em maior quantidade, se en-


contram em situação de desvantagem social, cultural, política, étnica,
física, religiosa ou econômica dentro de uma sociedade. No Brasil, são
exemplos de minorias: indígenas, quilombolas, religiões afro-descen-
tes, negros, população LGBTQIA+, entre outras.

PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS


Segundo Góis (1993) apud Campos (2000) a psicologia comu-
nitária:
estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugar/comu-
nidade, estuda o sistema de relações e representações, identidade, níveis de
consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/comunida-
de e aos grupos comunitários. Visa ao desenvolvimento da consciência dos
moradores como sujeitos históricos e comunitários, através de um esforço
interdisciplinar que perpassa o desenvolvimento dos grupos e da comunida-
de (p. 10).

A psicologia comunitária considera fortemente as variáveis cul-


turais e sociopolíticas do grupo, desse modo, é possível desenvolver
uma teoria mais geral da conduta humana e suas implicações psicoló-
gicas nas estruturas sociais. O propósito dessa área de estudos não é
apontar culpados para os problemas sociais, mas sim os “empoderar”
23
para que sejam seus próprios agentes de mudança.
Entenda o empoderamento como sinônimo de capacitação, in-
formação, motivação, autopercepção de sua contribuição para o grupo
para que, com isso, “reexamine hábitos, atitudes, valores e práticas in-
dividuais e coletivas, familiares e de grupo, no sentido de uma consciên-
cia mais plena de classe e de destino” (Abib Andery, 1984:207-208 apud
Góis, 2008), ou seja, a idealização por um objetivo comum de um grupo.
Um exemplo prático disso pode ser desde a atuação na associação de
moradores de bairro, até a representação de cargos na política. Pois,
é essencial que cada grupo tenha voz própria ao invés de um agente
externo falando por ele.
Para alguns autores a Psicologia comunitária é uma ferramen-
ta de mudança para o grupo, o psicólogo entra como um agente facili-
tador (Montero, 1997 apud Góis 2005), e há uma distinção no modelo
de atuação entre cada país. Enquanto países do Norte, como Estados
Unidos, enfrentam questões como a saúde mental pública e, por isso,
a atuação do psicólogo comunitário segue uma linha chamada clínico-
-comunitária”.
Já os Psicólogos Comunitários dos países do Sul trabalham
com as fortes demandas de desigualdade social, segregação e pobre-
za, causadas pelos longos períodos de colonização impostos por outros
países. Este cenário modifica a interpretação dos fatos, e do modelo
sócio comunitário (ou sócio-político) na atuação profissional, as teorias
e pesquisas realizadas em países de primeiro mundo, não se adequam
aos países miseráveis. No Brasil, por exemplo, enfrenta-se problemas
como o preconceito racial, prejuízos quanto às condições climáticas
acentuadas, evasão escolar, entre outras.
A Psicologia social e comunitária é um ramo da Psicologia So-
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

cial, que se preocupa em pesquisar temas políticos e solucionar con-


flitos. No Brasil, a maior representante é Silvia Tatiana Maurer Lane.
Essa autora se deparou com a falta de aplicação da teoria empirista nas
situações enfrentadas no país e desenvolveu uma vertente de estudos
que se aplicavam a ele e aos países latino-americanos.
Com tendências marxistas, essa vertente conta com autores
como: Ana Mercês Bahia Bock (Brasil), Fernando Luis Gonzalez Rey
(Cuba); Maritza Montero (Venezuela); Bader Burihan Sawaia (Brasilei-
ra), e ainda autores que não são Psicólogos por formação, mas muito
contribuíram para a aplicação desta metodologia, como: Ignacio Mar-
tínbaró (El Salvador); Dermeval Saviani (Brasil); Paulo Freire (Brasil),
entre outros. No Brasil há também a vertente Empirista, que se ocupa
em estudar relações comportamentais, sem influências políticas e cultu-
rais, o maior representante dessa corrente é Aroldo Rodrigues.
24
ÉTICA NO TRABALHO E NA PESQUISA EM PSICOLOGIA SOCIAL

Ao estudarmos a respeito de indivíduos e de grupos, ou duran-


te nossa atuação com eles, seja como pesquisadores ou como Psicó-
logos, é importante observar e interagir com o grupo, a partir do ponto
de vista deles, e não do nosso. Essa é uma medida crucial, para que
não haja juízo de valor sobre a cultura alheia. Afinal, reflita: “entre todos
os povos que já habitaram, e que habitam nosso planeta, qual cultura
está correta?”, essa é uma pergunta sem resposta, visto que o homem
aprende e evolui, de acordo com suas necessidades, e com o que te-
mos disponível em nosso meio, então qual religião, hábitos alimentares
ou de higiene, ou comportamento entre casais são os mais corretos?
Para garantir uma visão neutra do profissional, existem proto-
colos de conduta, que têm como princípio básico, manter a ética no seu
trabalho e na pesquisa. A ética na Pesquisa garante a maneira mais
assertiva de trabalhar com o indivíduo, seja ele humano ou animal, ga-
rantindo uma conduta integra para com os participantes e benevolente
no sentido de utilizar o menor número possível de animais, sempre que
possível, utilizar estratégias que diminuam seu sofrimento, e em relação
aos humanos, garantir-lhes o anonimato e o direito de abandonar a pes-
quisa, caso queiram.
A criação de um comitê de Ética foi importante para os pro-
tocolos de pesquisa, pois a história nos conta sobre erros de conduta
em pesquisas feitas no passado, que causaram danos psicológicos e
físicos aos participantes.

PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

O filme “A Onda”, de Dennis Gansel 2008 , é baseado em fatos


reais, e fala sobre obediência, autocracia, manipulação das massas, e as
consequências com a perda do controle social. Ao assisti-lo, podemos
refletir sobre as consequências de um mal delineamento de pesquisa.

A parte escrita das questões éticas também é importante,


apropriar-se de outros textos sem a devida citação, configura-se plágio.
Além do plágio escrito, há também a apropriação indevida em entre-
vistas para canais de circulação de notícias, ao citarmos um dado, é
imprescindível estar acompanhado da fonte. Por último, vamos citar o
25
autoplagio, que é se apropriar de afirmações feitas em obras anteriores
do próprio autor, sem a devida, referenciação.
Para a atuação profissional, é imperativo utilizar como referên-
cia o “Código de Ética” do Psicólogo. Um manual elaborado pelo Conse-
lho Federal de Psicologia – CFP, e de acesso livre a qualquer profissio-
nal. Se houver a necessidade de uma maior orientação, os conselhos
regionais se propõem ao atendimento para esclarecer as dúvidas do
profissional. São exemplos de conduta antiética, a liberação de docu-
mentos e relatórios de pacientes, o atendimento psicológico a familia-
res, o uso de técnicas alternativas no atendimento clínico.
Em casos de pesquisa cientifica, temos no Brasil a Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que foi fundada pelo Conse-
lho Nacional de Saúde (CNS) com o intuito de “fortalecer os mecanis-
mos de proteção da sociedade contra possíveis abusos cometidos por
pesquisadores descompromissados com o bem-estar do ser humano”
(Brasil, p. 05). O CONEP fiscaliza e ampara todos os Comitês de Ética
em Pesquisa (CEP) em cada estado, que trabalham em parceria com
instituições públicas e privadas.

Manual operacional para comitês de ética em pesquisa, dispo-


nível em: https://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/Manual_ceps.pdf

Há também os conselhos que fiscalizam a pesquisa com ani-


PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

mais, no Brasil, temos o CONCEA- Controle Nacional de Controle de


Experimentação Animal, que fiscaliza e ampara os CEUAs - Comissão
de Ética no Uso Animal, de cada universidade, garantindo que os proto-
colos éticos sejam seguidos.
Finalizamos assim o estudo desse capítulo, e no próximo vere-
mos questões fundamentais para a Psicologia Social, como os concei-
tos chave para formação da subjetividade, e como eles influenciam na
dinâmica de um indivíduo com outros e com as instituições.

26
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: COPESE Órgão: UFPI Prova: Psicólogo Nível:
Superior
Assinale a opção que se refere à influência do marxismo na psico-
logia comunitária.
a) A partir de meados dos anos 1980 e, mais fortemente da década de
1990, as chamadas políticas sociais, políticas públicas e políticas afir-
mativas, passaram a demandar programas comunitários voltados para
o atendimento das diferentes necessidades da população. Isto estam-
pou a possibilidade de ampliação da prática da psicologia para novos
contextos e cenários, o que se revelou, no início do novo milênio, no
crescimento do mercado de trabalho, no início do novo milênio, através
da entrada do psicólogo nos setores da saúde, assistência social e pla-
nejamento urbano-comunitário, entre outros.
b) Martín-Baró apresenta uma compreensão que opõe alienação à
consciência/conscientização. De um lado, a alienação (despersonali-
zante, desumanizante, expressão da falsa consciência de classe) e, de
outro, a conscientização (autenticidade, identidade social, formação de
consciência de classe). Assim, essas definições de alienação e cons-
cientização adquirem significado completo quando referidas às razões
do autor para o livro e sua proposta para a psicologia social, isto é, ao
objetivo de revelar a dimensão ideológica das ações humanas, como
determinadas por interesses de classe dos grupos diversos, a fim de
que o sujeito possa tomar consciência desses determinantes para as-
sumi-los ou negá-los. Isso significa superar a falsa consciência expres-
sa na alienação e sustentada pela ideologia mediante um processo de
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
conscientização, o que ressalta tanto a centralidade dessas três catego-
rias conceituais nessa obra quanto a importância da relação que entre
elas se estabelece
c) Primeira noção de comunidade refere-se, portanto, à constatação de
que a vizinhança humana e o convívio igualitário e desinteressado são
necessários para o reconhecimento e a garantia da experiência de hu-
manidade no outro e em si próprio. No campo e nas cidades contem-
porâneas, a mercantilização das relações sociais determina que essa
vizinhança seja progressivamente substituída por uma experiência de
comunicação e avaliação de riscos que cria uma coabitação sem con-
vivência.
d) Este campo aliou-se fundamentalmente à Psicologia Social em sua
perspectiva crítica, a fim de produzir intervenções sociais de caráter co-
letivo. Surge nos Estados Unidos no fim da década de 1990 e se define
27
como um movimento que pretende contribuir para o florescimento e o
funcionamento saudável de pessoas, grupos e organizações por meio
do fortalecimento das competências ao invés de corrigir deficiências. A
Psicologia Positiva reconhece o sofrimento humano, situações de ris-
co e patologias, mas pretende investigar outra face das questões, por
exemplo, o altruísmo e a felicidade. (Paludo & Koller, 2005, 2007).
e) A defesa das intervenções na dimensão subjetiva vem acompanha-
da dos argumentos que defendem uma especificidade para o trabalho
do psicólogo quando inserido em contextos comunitários. É necessá-
rio então individualizar ou psicologizar questões econômicas, políticas,
sociais para que o psicólogo possa intervir, tendo em vista os limites
de sua atuação e de sua formação. Alguns textos reivindicam explicita-
mente uma especificidade para o trabalho do psicólogo comunitário, re-
lacionada à sua caracterização como o profissional que pode lidar com
o desejo, a singularidade, a emoção, os afetos etc. A sua exclusividade
está justamente na possibilidade de intervir em tais dimensões.

QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: COPESE Órgão: UFPI Prova: Psicólogo Nível:
Superior
Acerca da Psicologia Social Comunitária, assinale a opção COR-
RETA.
a) A Psicologia da Saúde é uma área da Psicologia social que estuda
a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugar/comu-
nidade. Visa ao desenvolvimento da consciência dos moradores como
sujeitos históricos e comunitários, através de um esforço interdisciplinar
que perpassa a organização e o desenvolvimento dos grupos e da co-
munidade.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

b) Nos países latino-americanos a psicologia comunitária surge nos


anos 70, afirmando uma postura crítica à psicologia social que, na épo-
ca, se pautava por uma perspectiva científica ancorada no subjetivismo
e na fragmentação dos objetos de estudo, mostrando-se incapaz de
responder adequadamente aos problemas sociais existentes.
c) A partir de uma perspectiva da Psicologia Comunitária, o Desloca-
mento do psicólogo dos espaços tradicionais para as vicissitudes exis-
tentes em espaços de convivência comunitária se justifica, então, pela
extensão do serviço psicológico, nos seus moldes tradicionais, a par-
celas socioeconomicamente desfavorecidas da população; explica-se,
sim, pela premissa segundo a qual as comunidades possuem uma
gama de redes interativas que perpassam – junto com outros vetores
– a complexa construção de pessoas e grupos que ali vivem, poden-
do, assim, servir de base para que a práxis psicológica se constitua de
28
modo diametralmente oposto a vieses psicologizantes.
d) A ação da psicologia comunitária é fundamentada no método de “fa-
cilitação do modo de vida comunitária”. Esse processo pressupõe uma
atuação dialógica e clínica, fornecendo orientações quanto à postura
do facilitador nas relações que são estabelecidas com a comunidade.
Nessa proposta, são indicadas várias metodologias de trabalho com
grupos, como ferramentas para a intervenção em psicologia comunitá-
ria, entre as quais a técnica de dramatizações.
e) A Psicologia Comunitária nos EUA surgiu como um movimento al-
ternativo ao pensamento psicológico dominante até os anos 60 de ex-
plicação das ações humanas no mundo social. Ela foi marcada pelo
descontentamento de uma parte de psicólogos com a insuficiência teó-
rica que, até então, a Psicologia estava submetida, especialmente na
relação com a Medicina e a Sociologia.

QUESTÃO 3
Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: SEASTER/PA Prova: Psicólogo Ní-
vel: Superior
Uma importante ferramenta de intervenção e investigação em psi-
cologia social comunitária é a investigação-ação participante (IAP).
As influências dessa ferramenta guardam diálogo com a psicologia
de grupos de Kurt Lewin, com a sociologia de Berger e Luckman
e com a educação popular de Paulo Freire. Quanto às diversas ca-
racterísticas do IAP, assinale a alternativa correta.
a) Não finaliza com a realização de determinada ação. Há sempre um
novo questionamento que suscitará novas investigações e interven-
ções, de maneira espiralar.
b) Caracteriza-se como uma técnica/metodologia neutra.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
c) Corresponde exatamente à pesquisa-ação clássica proposta por Kurt
Lewin.
d) Obedece ao modo clássico de intervenção: problema, investigação,
intervenção, avaliação.
e) Tem bases filosóficas ancoradas na psicologia positiva.

QUESTÃO 4
Ano: 2020 Banca: Instituto AOCP Órgão: Prefeitura de Betim/MG
Prova: Psicólogo Nível: Superior
Nas ações da Psicologia Comunitária com os grupos institucio-
nais e comunitários, algumas categorias podem contribuir para o
trabalho. Assinale a alternativa em que a categoria está descrita
corretamente.
a) Identidade Individual: características do indivíduo produzidas nas re-
29
lações estabelecidas socialmente. A Psicologia Social Comunitária con-
sidera como algo que já está pronto no adulto.
b) Consciência Crítica: categoria trabalhada pela psicanálise, importan-
te nos estudos sobre movimentos sociais.
c) Diversidade Cultural: descreve práticas específicas de determinadas
populações, bem como os significados que seus membros comparti-
lham em relação a essas práticas. Nas ações da Psicologia Comuni-
tária, a diversidade não deve ser considerada, pois todos os grupos
devem ser tratados com igualdade.
d) Relações de poder: relações de autoridade entre os componentes
dos grupos, as quais a Psicologia Comunitária e os movimentos sociais
buscam extinguir.
e) Cidadania Emancipatória: cidadania que produz emancipação dos
participantes em um processo que possibilita a transformação do indi-
víduo em sujeito.

QUESTÃO 5
Ano: 2016 Banca: OPPUS Órgão: Prefeitura de Bananal/SP Prova:
Psicólogo Nível: Superior
Conforme normatização vigente do SUS, a atenção básica deve
cumprir algumas funções para contribuir com o funcionamento
das Redes de Atenção à Saúde, com exceção de:
a) Ser base.
b) Ser resolutiva.
c) Coordenar o cuidado.
d) Ordenar as redes.
e) Ser educativa.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Nesse módulo vimos a diferença entre o cenário social dos países la-
tino-americanos, em relação aos do Norte, enquanto países como Es-
tados Unidos se preocupam com questões de saúde mental, no Brasil
estamos preocupados em erradicar a fome.
Desse modo, escreva o que você percebe como um fator carente por
intervenção, e como a Psicologia comunitária poderia contribuir.

TREINO INÉDITO

Assinale a alternativa que NÃO representa uma minoria:


a) população LGBTQIA+
b) índios
30
c) classe econômica baixa
d) refugiados
e) estrangeiros

NA MÍDIA

“Coronavírus expõe a nossa desinformação sobre a China, o maior


fenômeno econômico dos nossos tempos” - Você provavelmente
está reproduzindo estereótipos quando fala em sopa de morcegos ou
hospital em 10 dias.
Epidemias, doenças contagiosas e crises sanitárias são momentos que
desvelam racismo, estigma e discursos colonialistas que se perpetuam
no mundo, hoje a notícia do coronavírus se espalha por meio de uma
onda de pânico moral que mistura fake news, desinformação, racismo
e estereótipos tolos. Tanto a desinformação a respeito do vírus quanto
o próprio desinteresse sobre o vírus são sintomáticos de uma era de
pobreza informacional no âmbito intercultural. Só falamos do vírus de
forma egoísta: quando o risco e o pânico batem em nossa porta. Quan-
do a ignorância impera como um projeto nacional, a tendência é que a
xenofobia, os preconceitos e as caricaturas reinem sozinhos.
Existe muito a se conhecer sobre a China e os chineses. Assim como
comem cachorros, produzem excelentes vinhos. É um país que detém
de uma indústria cinematográfica excepcional, no qual as cópias bara-
tas convivem com a inovação tecnológica. Um país onde há uma explo-
são de movimentos LGBT e feministas que exigem seus direitos e nego-
ciam com o governo em seus próprios termos. Um país que tira milhões
de pessoas da pobreza, mas que mantém o desafio da desigualdade.

PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS


Fonte: The intercept, por Rosana Pinheiro-Machado
Data: 28/01/2020
Leia a notícia na íntegra: https://theintercept.com/2020/01/28/corona-
virus-desinformacao-china/

NA PRÁTICA

“Atuação do Psicólogo no trabalho de atenção ao infrator”

Durante a atuação profissional, o psicólogo não atende apenas a vítima,


mas também o agressor. Partindo sempre dos princípios morais e éti-
cos, e com o intuito de recuperá-lo e ressocializá-lo. Um exemplo disso,
são os crimes cometidos por pessoas consideradas incapazes de res-
ponder por seus atos, e por isso são levadas a manicômios judiciários.
31
Para atender a essas pessoas, existe o programa de Atenção Integral
ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental Infrator (PAI-PJ).
A equipe do PAI-PJ é composta por psicólogos, assistentes sociais e
bacharéis em Direito, devidamente capacitados para atuarem no Pro-
grama, e que auxiliarão os juízes, sobre qual será a melhor medida
judicial a ser aplicada, com a intenção de conjugar tratamento, respon-
sabilidade e inserção social.

Para conhecer este programa acesse:


Link: http://www8.tjmg.jus.br/presidencia/programanovosrumos/pai_pj/

PARA SABER MAIS

O filosofo Mario Sergio Cortella, concede uma entrevista do programa


“Jô Soares”, e explica a diferença entre Ética e Moral.
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=3WeFTnhMcIE
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

32
CONCEITOS EM
PSICOLOGIA SOCIAL

INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO

PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS


PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
No primeiro capítulo tivemos uma introdução à Psicologia So-
cial e Comunitária, desde seu início, como uma ramificação da Psicolo-
gia Social, os principais teóricos e possíveis campos de aplicação. Agora
veremos como a Psicologia Social define as categorias que classificam
o indivíduo, que são: identidade, alienação, consciência e ideologia. A
partir delas, entenderemos as relações que o indivíduo estabelece com
outros e com diferentes instituições.
Neste capítulo veremos que, para a Psicologia Social, o indiví-
duo forma sua identidade em um processo contínuo, sendo que nesse
processo, o meio o influencia, e ele também influencia o meio. Não pense
em identidade como algo que “se forma”, mas sim, como indivíduo e so-
ciedade em permanente construção. O interesse desta área de estudos,
não é descobrir onde está o início da influência, mas emancipar e empo-
derar o indivíduo de acordo com a sua necessidade e a sua cultura.
33
Aqui também veremos, que ao falar de alienação e ideologia,
nos apropriamos de termos das ciências sociais. Isso porque esse tipo
de influência está muito ligado ao sistema capitalista, que manipula a
classe pobre, para manter a dominação da classe A. Os meios de pro-
dução, os padrões de consumo, o método padrão de trabalho e de estu-
dos, são influências fortes e cristalizadas para a subjetividade humana.
Vejamos então, como a Psicologia Social entende essa dinâmica, e de
qual maneira poderíamos emancipar o indivíduo e os grupos.

IDENTIDADE

Antes de falarmos sobre Identidade, observe a figura abaixo.


Ela representa o reflexo de um rosto em branco. Refletindo sobre isso,
podemos pensar: quais são as características que compõem nossa
Identidade? Como somos reconhecidos pelos outros? Para a Psicologia
Social, estes são elementos da nossa Identidade, que está em constan-
te metamorfose. Vejamos então, o conceito de Identidade.

Figura 4 – Quem sou eu?


PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Pixabay, 2012.

A identidade para a Psicologia Social é a relação contínua en-


tre o indivíduo e os costumes de onde ele está inserido. Para entender
esse conceito, não devemos comparar este termo ao que outras Psi-
cologias chamam de Personalidade, Subjetividade, Individualidade ou
Psiquismo. Porque, enquanto as teorias clínicas relacionam os traços
34
do indivíduo às suas experiências de vida, somadas à sua interação en-
tre mente e corpo, a Psicologia social relaciona o conceito de identidade
aos elementos sociais, como a cognição social, os problemas sociais,
os processos psicológicos que as pessoas têm em comum e que as
tornam suscetíveis à influência social (Aronson et al, 2015).

Cognição Social – Processos mentais que o grupo usa para


entender o meio social, e para agir nele, por meio de: atitudes (nos-
sa reação positiva ou negativa em relação aos acontecimentos, ela
tem um componente cognitivo, emocional, físico e comportamental) ,
expectativas (tentativas de prever o comportamento alheio), impres-
sões (impressões concretas e abstratas formadas no contato com o
outro, ela afeta o comportamento de ambos) e representações sociais
(conceitos formados no cotidiano, desde o senso comum até a esfera
econômica). Esses quatro conceitos são os processos fundamentais da
cognição social.

Traduzindo, o olhar para o indivíduo é social, histórico e cultu-


ral. Essa corrente de interpretação do sujeito tem fortes raízes na teoria
de Lev Semionovitch Vygotski (1896 – 1934), que deixa de estudar
a evolução biológica do indivíduo, para compreendê-lo através da inte-
ração social. Para esse autor, o ser humano se desenvolve intelectual-
mente a partir das interações sociais e condições de vida.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

As teorias de Vygotsky têm uma forte tendência ao social, isso


porque esse autor viveu no período da Rússia socialista, tendo forte
herança da teoria Marxista, o que justifica sua crença na influência da
cultura para a formação do indivíduo. Suas contribuições são riquíssi-
mas para as áreas da Psicologia e Aprendizagem humanas, pois Vy-
gotsky, juntamente com dois de seus alunos: Alexander Romanovich
Luria (1902-1977) e Alexis Leontiev (1903- 1979), também realizavam
experimentos na área da psicofísica, as contribuições de Luria para a
área da aprendizagem e da neuropsicologia são utilizadas atualmente
como referência para os estudos nessa área.
35
O homem e o mundo estão em constante mudança e, por isso,
um modifica o outro em uma relação dialética. Essa é uma premissa
importante da teoria sócio-histórica, o homem deixa de ser dicotômico,
e passa a ser obra e construtor do seu meio concomitantemente.
A Psicologia Social quantifica alguns predicados para compor
a identidade, primeiramente saibamos que o homem é um ser social, e
sem essa interação, jamais haveria desenvolvimento. Em segundo, sai-
bamos que a identidade é um processo em formação, que nunca acaba,
nem mesmo com a nossa morte, pois ela também modifica o mundo e
a maneira com que o outro nos enxerga que, por sua vez, modificará a
identidade dele, e com essa mudança, a interpretação que ele faz de nós.
O primeiro processo de socialização é com a família, chamada
socialização primária, na qual aprendemos as emoções e como asso-
ciá-las aos acontecimentos. Após esse período, aprendemos os primei-
ros signos, que nos darão base para a linguagem, e essa, por sua vez,
é a chave para o aprendizado e desenvolvimento intelectual, lembrando
que a linguagem é toda forma de comunicação, não apenas a verbal.

Signos – são os elementos formadores da linguagem, os sig-


nos são divididos em significante – que é o elemento substantivo ou
perceptível da palavra, e o significado - que é o conceito da palavra.
Os signos, a linguagem estão associados à cultura, pois é ela quem dá
entendimento e significado às palavras.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

Para compreender melhor a formação da identidade, vamos


usar como exemplo, a história do filme “A maçã” (1998). Conta a história
de duas meninas que ficaram trancafiadas em casa até a faixa dos 11
anos de idade, sem qualquer tipo de interação social. O isolamento as
levou ao total desconhecimento de si mesmas, a ausência de aprendi-
zagem cultural e intelectual. A linguagem e pensamento, que necessita
de interação para se desenvolver, ficou obsoleta, pois a estimulação
dentro de casa, era mínima, pode ser equiparada a de uma criança do
início da segunda infância. Nós só nos enxergamos quando vemos o
outro diferente e podemos fazer uma comparação, e assim formamos
nosso autoconceito (veremos adiante).

36
Figura 5 – Interação Social e formação da identidade

Fonte: TVBrasil, 2020.

Rosenberg e Simmons (1975) afirmam que:

O desenvolvimento do autoconceito, efetua-se de acordo com processos es-


pecíficos. Depende das avaliações refletidas, quando o indivíduo se vê a si

PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS


próprio de acordo com o modo como pensa que os outros o veem: a com-
paração social, na medida em que o indivíduo se vê por comparação com
outros considerados significativos; as auto atribuições, dado que a descri-
ção que o indivíduo faz de si mesmo resulta da interpretação das causas de
acontecimentos pessoais, que resultam ou não das suas ações (Rosenberg
e Simmons apud Andrade, 2016, p. 139).

Além disso, devido à mínima estimulação cognitiva, sua lingua-


gem ficou comprometida, e em consequência disso, a imaginação e a
atividade. Ao final, uma assistente social exige que elas sejam soltas, e
assim, podemos perceber a ânsia em conhecer um mundo novo, essa
abundância de estímulos, formará novos signos, linguagem, imagina-
ção etc., modificando a identidade, sem descartar a anterior.
A linguagem e a interação social nos proporcionam aprendiza-
gem, e o desafio, os desejos, e as emoções, nos levam a fortalecer a
37
imaginação, que é a fonte de toda criação do homem. O homem, por-
tanto, cria e recria o ambiente social, por meio de processos individuais
(pensamento, consciência, atividade), mas, só são possíveis por meio
do coletivo, o que resulta na relação dialética entre indivíduo e social.
Para compreender melhor a relação do indivíduo com o grupo, vamos
utilizar um trecho de uma história muito usada ao se estudar Identidade:
“Morte e vida Severina” de João Cabral de Melo Neto (1920 – 1999).

O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como
há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do
finado Zacarias...” (p. 73).

A primeira marca da Identidade é o nosso nome, ele nos indivi-


dualiza como sujeitos, e o sobrenome nos associa a um grupo familiar,
que nos transfere aprendizados sobre cultura e costumes, a maneira de
ver o mundo e até mesmo como os outros nos veem. O personagem
Severino não tinha Sobrenome, e por isso era confundido com tantos
outros, de mesmo nome. A história dele retrata justamente a mesmice
entre ele e o grupo social que está inserido. Todos passam a mesma
dificuldade na terra árida e migram para lugares mais prósperos, o que
lhes dá a mesma identidade de “migrante”.

...E se somos Severinos, iguais em tudo na vida, morremos de morte igual,


mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos
trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia...” (p. 76)

O trecho acima relata que até na morte os vários retirantes


Severinos são iguais, pois morrem sempre das mesmas causas. A per-
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

gunta que fica é “Como modificar esse destino, se o próprio meio social
os torna impossibilitados?” Essa questão é respondida na própria obra,
quando Severino encontra um personagem cujo filho acabara de nas-
cer, essa nova vida trouxe alegria e esperança a todos que estavam em
volta, e assim, Severino passa a ver a vida e a morte de outra maneira,
pois antes só ouvira falar de dificuldades, fome e morte, e agora se de-
para com uma família lutando pela vida.

38
Figura 6 – Identidade de Severino – migrante e lavrador

Fonte: animação “Morte e Vida Severina”, 2012.

A atividade nesse texto pode ser o próprio trabalho ou os feitos


de Severino enquanto pessoa. Vejamos: ele nasceu com a identidade
de filho, depois se tornou adulto, um lavrador que virou migrante, todas
as atividades exercidas por ele compõem sua identidade, o interessante
é que em um lugar Severino é migrante, em outro ele é um trabalhador,
em casa é filho da Maria, são papéis sociais adotados por ele, sendo
que um, não exclui o outro.
Bock (1999) afirma que “é o que está fazendo no presente que
identifica a identidade. Mas também o que fez no passado, de onde
veio, é filho de quem” (p.271). No caso de Severino, o que ele fez no
passado como atividade ainda permanece, ele é conhecido como lavra-
dor, ou como migrante.
Antônio da Costa Ciampa, atualmente um grande nome na Psi-
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
cologia Social, analisou o conceito de identidade, nessa obra, e criou o
termo metamorfose, que é quando a identidade se modifica à medida
que o indivíduo tem atividades e interações diferentes. Esse estudo está
ilustrado na obra “A estória de Severino e a história de Severina” (1987)
lançada por ele em sua tese de doutoramento. Severina, é uma mulher
tão sofrida quanto Severino, está vive uma grande amargura e sede de
vingança pela morte de sua mãe, porém vários acontecimentos a fazem
metamorfosear sua identidade, levando-a a buscar outros objetivos e
ideais, o seu autoconceito se modifica.

39
Autoconceito - É o conceito que fazemos de nós mesmos,
engloba tudo o que está relacionado a nós, gênero, crenças, medos, ha-
bilidades, motivações etc. O interessante no autoconceito é que temos
a tendência a enxergar nos outros o que temos de mais proeminente,
seja um traço físico ou psicológico.

Quando o indivíduo quer mudar sua identidade, ou seja, a ma-


neira como ele e os outros o veem, dizemos que há uma crise de iden-
tidade. Uma outra pergunta é: “É possível mudar a nossa identidade?”.
É possível mudar a maneira de sermos vistos em um novo ambiente,
mas isso também será parte de nossa identidade. É importante lembrar-
mos que nessa mudança também está incluída a maneira que o indiví-
duo enxerga esse novo ambiente, por exemplo, se eu sofro preconceito
ou violência, enxergarei mais fortemente esse tipo de acontecimento no
ambiente que eu estiver.
No caso de Severino, seu olhar para o mundo e para si mesmo
mudou, quando viu o nascimento de uma criança, porque a partir daí
ele tomou consciência, de que aquela nova vida, teria mais possibilida-
des, e não só um único destino. Desse modo, Severino para de olhar o
mundo como uma espera pela morte, e passa a vê-lo, como uma opor-
tunidade de viver a vida.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

Acesse - Além do livro: “Morte e Vida Severina”, temos tam-


bém as opções de um filme em: https://www.youtube.com/watch?v=M-
thmmdJgQXY e de uma animação: https://www.youtube.com/watch?v=-
clKnAG2Ygyw

IDEOLOGIA E CONSCIÊNCIA

Esses dois conceitos estão muito próximos das Ciências So-


ciais, o termo ideologia, surgiu na França, no período Iluminista do sé-
40
culo XVIII, com Antoine-Louis-Claude Destutt, o conde de Tracy (1754
– 1836). Para este filósofo o termo ideologia significava nada mais que
o “estudo das ideias”, ou seja, o aprofundamento no estudo científico.
Esse termo só passou a ter um sentido conotativo com o filósofo russo
Karl Marx (1818 – 1883), que em sua obra revolucionária socialista, cri-
tica os filósofos que separam ideais de condições sociais, chamando-os
de idealistas. Para Marx, os ideais devem estar agregados à condição
social do povo, para que eles consigam caminhar até seu ideal.

Vamos Pensar?
No primeiro título, falávamos sobre identidade e as contribui-
ções do pensamento social neste conceito. Agora, estamos falando de
um termo que surgiu na França, num período de extrema busca pela
razão e ciência – o iluminismo. Esse termo, porém, ganha outro sentido
quando Marx critica a posição social de alguns filósofos franceses, que
não pensavam de acordo com a prole, novamente vemos uma forte
influência marxista e materialista nas teorias que até hoje são utilizadas
nas ciências sociais.

Além disso, Marx ainda afirma que os idealistas são perten-


centes as classes dominantes, e para eles é interessante manter algu-
mas ideias e conceitos, pois assim mantêm a classe operária alienada.
Essa mesma teoria é utilizada por sociólogos brasileiros, como Marilena
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
Chauí, que analisa as classes sociais da seguinte maneira: a classe
rica, detém a posse das grandes propriedades privadas, enquanto a
classe C vende sua força de trabalho. A classe média por sua vez, fa-
vorece-se com essa divisão de papéis sociais, pois ela está em uma
esfera mais confortável. Para ela então, é necessário manter esse sta-
tus quo, privilegiando o seu grupo por meio da política, das mídias, e do
enfraquecimento dos outros grupos.
A ideologia é sempre em prol de um grupo, na política por
exemplo, ela não age inconscientemente, as ideias são lançadas em
nossa sociedade com o intuito de manipular nossas concepções, seja
atacando seu “inimigo”, para desmoralizá-lo ou conquistando o público
(toda estratégia é válida para isso, até mesmo as falácias e ataques às
classes opositoras), para que, após uma eleição, por exemplo, apenas
aquele grupo seja fortalecido.
41
Para Refletir:
Ao falarmos de políticas e grupos, lembramos dos nossos re-
presentantes. O ato de votar é mais do que escolher um bom candidato,
é preciso saber também, a qual filosofia o partido dele pertence: neo-
liberal, direita, extrema esquerda, etc., e refletirmos se nós enquanto
indivíduos compactuamos com o que eles pregam, e se o nosso grupo
social, está sendo representado por eles.

Apesar de estarmos à mercê desse sistema, é importante sa-


bermos que a autonomia intelectual, pode sim emancipar as pessoas,
pois apenas ela desaliena o indivíduo. Além disso, a alienação ideológi-
ca não está presente apenas na política, em nosso dia a dia seguimos
ideologias, em forma de papéis sociais, como o trabalhador que ven-
ceu na vida, a mãe dedicada, o estudante dedicado.
Há também a manipulação que nos induz ao comportamento
de consumo, nele, o nosso bem estar é visto como o fruto do que pode-
mos comprar, e não com o que podemos ser e vivenciar, somos felizes
se temos condições financeiras, para adquirir itens de consumo.
Além do papel social, temos também a representação social
que fazemos do meio, ou seja, é a compreensão de quem sou eu, ter
consciência de si, é compreender que papel eu represento, qual é
minha atividade, o que eu crio. Há ainda a consciência social, que
se refere a qual papel eu represento socialmente, como os outros me
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

veem. Por último, compreender a qual classe eu pertenço, ou seja, a


consciência de classe.
Esses três níveis de consciência organizam o nosso modelo
de sociedade, e somente quando temos ciência deles, poderemos fazer
algo pelo mundo. Um exemplo prático e bem próximo de nossa socie-
dade Brasileira é pensar individualmente, a qual classe social eu per-
tenço? Será que eu sei se sou da classe A, B, C, D ou E? Ainda, o que
são essas classes? Com quais argumentos elas estão categorizadas?
No âmbito da consciência social, podemos pensar se as nos-
sas ações ou falta delas, favorecem o sistema ideológico. O que eu faço
para tornar o mundo mais justo e menos desfavorável às minorias? A
consciência nos guia na interpretação de nosso lugar nesse meio, pois
sabemos que quanto mais pobres e desfavorecidos o grupo for, menos
voz ativa ele terá.
42
A ideologia pode ser chamada de relação utópica entre o cená-
rio social real e o que pode ser feito para sanar os problemas presentes
nele. Vamos exemplificar essa afirmação usando o caso das crianças
em situação de trabalho infantil, “se eu acredito que essas crianças es-
tão trabalhando porque seus pais não se esforçam o bastante para co-
locá-las em uma Escola”, estou fortalecendo um tipo de Ideologia. Ao
subestimar o problema da desigualdade social, e da falta de oportunida-
de, estamos diminuindo a gravidade da situação, e não focaremos nas
verdadeiras ações necessárias para modificar a situação de mesmice
dessa classe.

ALIENAÇÃO E CONSCIÊNCIA

Alienação, Ideologia e Consciência são conceitos das Ciências


Sociais que andam juntos. Anteriormente vimos uma esfera do conceito
de Ideologia, e agora entenderemos que ela se sustenta devido à nossa
alienação, e a alienação, por sua vez, sustenta-se graças à ideologia.
Esses são conceitos Marxistas que se aplicam à nossa atualidade, se-
gundo Marx, somente quando tomamos consciência da nossa situação,
teremos condições de nos emancipar. Vamos então compreender o
conceito de alienação para Marx.
A alienação na esfera capitalista, acontece principalmente nos
meios de produção, quando o trabalhador é responsável pela produ-
ção, mas não tem condições de adquiri-la, portanto, ele não se sente
pertencente àquele lugar. Por exemplo: uma pessoa responsável pela
limpeza de um shopping center, não recebe um salário suficiente para
fazer compras naquele ambiente, pertencendo e se identificando com
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outro espaço.
Outra situação que aliena, é o trabalho fragmentado, impossi-
bilitando um aprendizado sobre ele, como na produção de sapatos, ou
de automóveis, por exemplo, o indivíduo pode trabalhar toda sua vida
naquela fábrica, mas não saberá produzir um sapato, ou um automóvel.
A última dimensão da alienação no trabalho relaciona-se ao
ambiente físico, os trabalhadores não se realizam nele, não sentem que
ele é uma ferramenta de crescimento em suas vidas, e se sentem feli-
zes apenas quando estão fora deste ambiente, mantendo seu trabalho
apenas porque precisam do salário.
Esta alienação que acomete aos trabalhadores, está direta-
mente atrelada à ideologia. Mergulhamos em diversas ideologias desde
o nosso nascimento, e esse sistema vai se perpetuando entre as gera-
ções. Seguimos um fluxo ditado pelo meio social e não conseguimos
43
encontrar outro caminho de sucesso fora dele.
A grande massa de trabalhadores mantém seus empregos para
conseguirem adquirir o que é essencial para a sobrevivência (abrigo, co-
mida, saúde), mas também vivemos escravos do consumismo. Trabalha-
mos para conseguir poder aquisitivo, e com ele compramos novos itens
de consumo, porque as propagandas nos dizem que precisamos deles.
Vivemos em um mundo tão bombardeado pelo consumismo,
que os bens de consumo são vistos como sinônimo de felicidade, uma
viagem ao exterior, é a compra de felicidade instantânea, um novo car-
ro, é sinônimo de sucesso, passar o réveillon em casa, e não viajar, é
sinônimo de fracasso.
A pergunta desta vez é: Como não ser alienado? Como não vi-
ver enganado pelas ideologias? Para Marx, apenas com a consciência
plena de quem somos, é que poderemos viver livres. Essa consciência
surge a partir de nossas indagações, em relação ao sistema, e aos há-
bitos de vida, como por exemplo:
• Conhecer o sistema trabalhista – Quem são os funcionários
que produzem o produto que irei comprar?
• A configuração dos meios de produção – Os trabalhadores
dessa fábrica, são assalariados? Recebem o mínimo para viver dig-
namente, ou são escravos? Se por acaso forem, eu deveria adquirir
produtos dessa marca?
• A preocupação com os recursos primários – Essa marca pre-
serva o meio ambiente? O que ela faz de positivo além de gerar lucro?
As reflexões acima, nos situam em relação aos bens de con-
sumo, mas precisamos refletir principalmente sobre nossas ações. Um
simples exemplo, é nos questionar se precisamos mesmo de um celular
de última geração, “será que eu irei utilizar todas as funções, ou apenas
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

sigo a moda?”.
É importante pensarmos que se não nos emanciparmos inte-
lectualmente e não tomarmos consciência do que é positivo, deixaremos
o movimento ideológico mais forte, e ele é uma ameaça ao progresso.
Quando crenças e ideologias conseguem se enraizar nos poderes pú-
blicos, e nos representantes políticos, passa-se a ter ações orientadas
por pseudociências, que agem em benefício de poucos. Como, por
exemplo, se a política brasileira, de cotas para negros, fosse extinta em
razão de uma ideologia meritocrática. Nesse caso, estaríamos descon-
siderando a nossa história, enquanto povo e país. Estaríamos negando
o fato de que os antecedentes destas pessoas, viveram por 400 anos
em regime de escravidão, o que configurou uma estrutura social segre-
gacionista, gerando uma história de poucas oportunidades, preconceito
e discriminação.
44
É importante refletirmos sobre o que podemos fazer enquan-
to cidadãos para não fortalecer esse sistema, compreendendo que na
configuração social atual, não há lugar para um pensamento neutro,
pois cada cidadão ocupa uma classe social, que está a todo momento
em luta para não perder força política, e com isso, espaço, direitos e
subsídios, portanto, manter-se inerte é contribuir para perder força.
Nessa busca pela nossa conscientização, também podemos
inserir o que entendemos de mundo, quanto a seus progressos, suas
fontes naturais, sua preservação etc. A modernização global trouxe mui-
tas mudanças nessa esfera, muito se perdeu na seara dos benefícios
naturais, pois os padrões ideológicos de diversão e entretenimento, nos
afastaram dos ambientes verdes e naturais, e nos levaram a lugares
pagos, passeios em parques e caminhadas em bosques foram substi-
tuídos, por shoppings centers, e academias de ginástica.
O que se entende por alimentação, também sofreu um grande
bombardeamento do marketing, alterando ao longo do tempo, a nossa
concepção do que é saudável ou não. A mídia reforça uma ideologia
de comer alimentos processados, rápidos e práticos, porque eles são
acrescidos de vitaminas, então são confiáveis. O sabor artificial, passa
a substituir o natural, e cada vez mais, os alimentos vêm acrescidos de
mais cores, sabores, conservantes e aromatizantes.
O ser humano, passa a diminuir seu interesse pela compra de
artigos orgânicos e naturais, as feiras livres são cada vez menores, des-
valorizando o trabalho e diminuindo o ganho dos pequenos produtores,
fortalecendo as grandes redes que vendem os mesmos produtos ultra-
processados. Estes, por sua vez, irão aumentar problemas de saúde,
e com isso, beneficiar a indústria farmacêutica, o cuidado com a saúde
passa a ser paliativo e não preventivo.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
Apesar dos aspectos negativos acima mencionados, a moder-
nização também trouxe modificações positivas. O acesso à informação
está mais fácil para quem possui acesso à internet, o que pode ser
útil quando for bem utilizada.
O homem sempre esteve em constante modificação, e hoje, no
século XXI, com a ascensão da tecnologia, e com os acontecimentos
naturais, em escala mundial, estamos mudando o perfil da população,
para o que chamamos de “nativos digitais”.
São pessoas nascidas a partir do ano de 1990, e desde peque-
nos já convivem com a tecnologia, esse perfil de pessoas tende a ser
mais individualista, porém mais proativo, dinâmico e autodidático. O lado
positivo dessa mudança é um aumento na preocupação com o meio am-
biente, a valorização dos produtos orgânicos, e dos ambientes naturais,
um movimento de resgatar o que estávamos perdendo há décadas.
45
Saiba mais sobre as características de pessoas, nascidas em
diferentes décadas, e como essas mudanças interferem socialmente.
Este estudo é sobre as diferentes gerações, e sua atuação no mercado
de trabalho “Perfil geracional: um estudo sobre as características das
gerações dos veteranos, baby boomers, X, Y, Z E ALFA” escrito por
Simone Novaes (Fundação Pedro Leopoldo (FPL)).
Disponível em: http://www.singep.org.br/7singep/resultado/428.pdf.

A ascensão da tecnologia trouxe novos tipos de influências


ideológicas, como as propagandas via internet, incentivando o consu-
mo ou ainda, a manipulação via fake News, ou via perfil de usuário, de
acordo com seus dados de busca ativa. Estas são novas estratégias
para incutir o comportamento de consumo em cada usuário de internet,
e assim favorecer grandes indústrias.

RELAÇÃO DO INDIVÍDUO COM O OUTRO E INSTITUIÇÕES

Assim como ideologia e alienação, a relação do indivíduo com


as instituições, também é muito discutida pelas ciências sociais. Para
Marx, as instituições trabalhistas são as mediadoras da relação entre
trabalhadores e proprietários, estas contam com outras instituições res-
ponsáveis pelas Leis (políticos, juízes) e pela ordem (polícia), para ga-
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

rantir a normalidade das relações, porém, para esse autor, os grandes


proprietários tendem a ser beneficiados pelos poderes.
Para Émile Durkheim (França, 1858 — 1917), as regras sociais
garantem a saudável integração dos indivíduos, formando uma consciên-
cia coletiva. Para esse autor, a família e Escola também são parte des-
sas instituições, que criam regras para serem seguidas por todos desde
a infância, o descumprimento das regras, geram desordem, que devem
ser repreendidas com punições educativas, como a prisão, por exemplo.
Embora isso não aconteça na prática, a ideia é ressocializar o indivíduo,
para assim garantir a normalidade na relação entre os indivíduos.
Chamamos a família de socialização primária, pois é nesse am-
biente que a criança aprende valores, crenças e seus primeiros papéis
sociais. Na fase adulta há a socialização secundária, que é a relação
entre os integrantes do ambiente de trabalho, e na velhice há um afas-
46
tamento da socialização, a pessoa reaprende a viver, buscando grupos
específicos, chamamos essa fase de socialização terciária.
Compreender a relação de influência social é fundamental para
compreendermos o movimento das massas. Isto porque um grupo de
pessoas não é apenas a soma de várias pessoas, cada grupo é dife-
rente e age diferente, mesmo que se altere um único componente. Esse
processo foi estudado por Le Bon (França 1841 – 1930), que compreen-
dia o grupo com uma subjetividade única, essa não seria um agregado
dos indivíduos, mas a resultante da motivação de seus componentes, e
por esse motivo, a multidão humana é mais emocional que racional, a
interpretação dos fatos e a ação dela nem sempre cumpre as mesmas
intenções do indivíduo sozinho.

Para saber mais sobre o comportamento irracional das mas-


sas, e como os papéis sociais afetam nosso comportamento, assista
o filme “O Experimento de Aprisionamento de Stanford” (2015), dire-
ção:  Kyle Patrick Alvarez.

PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

47
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: IADES Orgão: FEPECS/DF Cargo: Residência em
Psicologia - Nível: Superior.
[21/10/2019] O Distrito Federal teve ao menos 26 casos de femi-
nicídio em 2019. Diante dessa triste realidade, um grupo decidiu
organizar uma assembleia para discutir caminhos para combater
a violência doméstica e o assassinato de mulheres em razão do
gênero. O encontro está marcado para o próximo sábado (26/10),
às 15h, no Museu Nacional. [...] Uma das organizadoras, a soció-
loga e professora Ayla Viçosa, 25 anos, explica que o evento foi
construído por mulheres de diversas organizações, movimentos,
partidos e entidades do DF. “Essa amplitude se deve justamente
à urgência de garantir políticas públicas efetivas que mudem esse
quadro com índices alarmantes, atuando não só na punição, mas
também na prevenção de feminicídios, com uma rede de apoio e
suporte maior a mulheres vítimas de relacionamentos abusivos e
de violência doméstica.”

Com base nas informações do texto apresentado e nos conheci-


mentos correlatos, julgue os itens a seguir. 
São intervenções psicológicas no contexto do enfrentamento da
cultura machista, no âmbito escolar: acolhimento, encaminhamen-
to, atendimento psicoterápico (em qualquer abordagem).
c) Certo
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e) Errado

QUESTÃO 2
Ano: 2019 Banca: Instituto Americano de Desenvolvimento (IA-
DES) Órgão: Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saú-
de do Distrito Federal - DF (FEPECS/DF) Residência em Psicologia
- Nível: Superior
Uma paciente relata que saiu de sua cidade natal, no Piauí, mui-
to cedo e que em Brasília se sente muito sozinha. Tem uma irmã,
mas não se dão muito bem porque a irmã não gosta do esposo da
paciente. Relatou sofrer de depressão desde que teve o primeiro
filho. Informou que nunca quis ter filhos, que se sentiu desprepa-
rada quando engravidou tanto do primeiro filho quanto da segun-
da filha. Disse ainda que o maior sonho dela sempre foi ter uma
48
família, formar a própria família, visto que os respectivos pais es-
tão distantes. Teve o primeiro filho, passou 11 anos casada, porém
relata nunca ter amado o próprio esposo e nunca ter se preparado
para assumir grandes responsabilidades como cuidar de filho e
marido. Relatou ter sofrido depressão pós-parto da segunda filha.
É muito preocupada com regras sociais e opiniões de terceiros.
Relata que se sente muito sozinha e faz de tudo para ter a atenção
do esposo. Quando ele faz uso de álcool, ela também acaba fazen-
do, pois afirma querer sempre estar junto a ele. Quando é agredi-
da pelo marido, sempre relata que ele está alcoolizado e que, na
maioria das vezes, ela também está. Depois que passa o efeito do
álcool, ele sempre justifica que não lembra de nada e sempre com-
pra presentes caros para ela, assim como dá flores como forma de
pedir desculpas.
Com base no caso apresentado, julgue os itens a seguir. 
As violências sofridas pela paciente, deveriam ser alvo prioritaria-
mente de intervenções comunitárias, tendo em vista o caráter so-
ciocultural que perpassa as violências de gênero, como é o caso
da violência doméstica.
c) Certo
e) Errado

QUESTÃO 3
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: TJ-SC Prova: Psicólogo Nível: Superior
Francisco e Ruth estão separados há três anos e possuem uma
filha em comum, com atuais seis anos de idade. Nunca definiram
judicialmente a guarda da criança. Porém, desde que Francisco
iniciou novo relacionamento, Ruth não permite que ele fale com
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a filha ao telefone, nega-se a dar informações sobre o rendimento
escolar e, mais recentemente, mudou de endereço de forma imo-
tivada e sem comunicar o novo local de residência. Com efeito,
Francisco ajuizou uma ação de alienação parental que, por sua
vez, foi encaminhada pelo juiz para avaliação psicológica.
Com respeito à Lei nº 12.318/2010, é correto afirmar que:
a) considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança induzida por um dos genitores, não se aplicando
nos casos em que não houver guarda;
b) a prática de ato de alienação parental constitui violência psicológica
e negligência física contra a criança, configurando descumprimento dos
deveres inerentes ao pátrio poder e do direito da criança à convivência
familiar;
c) o laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica, compreen-
49
dendo entrevista pessoal e avaliação da personalidade dos envolvidos,
excluído o exame de documentos dos autos;
d) assegurar-se-á à criança e ao genitor garantia mínima de visitação
assistida, ressalvados os casos de iminente prejuízo à integridade física
ou psicológica da criança, atestado por profissional designado pelo juiz
para acompanhamento das visitas;
e) a perícia será realizada por profissional habilitado, não sendo exigi-
da aptidão comprovada para diagnosticar atos de alienação parental a
menos quando houver iminente risco de prejuízo à integridade física ou
psicológica da criança.

QUESTÃO 4
Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: Prefeitura de Salvador - BA Prova: Psi-
cólogo/ Profissional de Atendimento Integrado Nível: Superior
Com relação ao racismo, analise as afirmativas a seguir.
I. A prática de racismo institucional é marcada pelo tratamento di-
ferenciado e desigual, efetivada em estruturas públicas e privadas,
indicando a falha do Estado em prover assistência igualitária aos
diferentes grupos sociais.
II. A dimensão do racismo interpessoal versa sobre os processos
de desigualdade política com base na raça, que ocorrem entre os
sujeitos em interação, perpassando relações verticais e horizon-
tais, amorosas ou não.
III. É um erro conceitual falar de racismo às avessas ou de racismo
de negro contra branco.
Está correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
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c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III

QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: Prefeitura de Salvador - BA Pro-
va: FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA - Psicólogo
Os estudos sobre riscos vêm sendo intensificados por psicólogos
no Brasil desde os anos de 1990.
Em relação a risco, assinale a afirmativa correta.
a) É um conceito utilizado para definir as suscetibilidades psicológicas
individuais que potencializam os efeitos dos estressores e impedem que
o indivíduo responda, de forma insatisfatória, ao estresse.
b) É um processo em que a presença de eventos negativos (como po-
50
breza e miséria) aumenta a probabilidade de o indivíduo apresentar pro-
blemas físicos, sociais ou emocionais.
c) É uma relação particular entre a pessoa e o ambiente que é consi-
derado por ela como excedente aos seus recursos, o que coloca em
perigo o seu bem-estar.
d) É um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais usados com
o fim de lidar com as demandas que surgem em situação de estresse.
e) É fator que influencia (modificando, melhorando ou alterando) respos-
tas individuais em situações adversas e críticas nas vidas das pessoas.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Observe a canção abaixo:

Comportamento Geral - Gonzaguinha (1973)

Você deve notar que não tem mais tutu


E dizer que não está preocupado
Você deve lutar pela xepa da feira
E dizer que está recompensado
Você deve estampar sempre um ar de alegria
E dizer: tudo tem melhorado
Você deve rezar pelo bem do patrão
E esquecer que está desempregado
Você merece
Você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba e amanhã, seu Zé
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
Se acabarem teu carnaval
Você merece
Você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba e amanhã, seu Zé
Se acabarem teu carnaval
Você deve aprender a baixar a cabeça
E dizer sempre: muito obrigado
São palavras que ainda te deixam dizer
Por ser homem bem disciplinado
Deve, pois, só fazer pelo bem da nação
Tudo aquilo que for ordenado
Pra ganhar um fuscão no juízo final
E diploma de bem-comportado
51
Você merece
Você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba e amanhã seu Zé
Se acabarem teu carnaval
Mas você merece
Você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba e amanhã seu Zé
Se acabarem com teu carnaval
Você, você merece
Você merece
Tudo vai bem, tudo legal
E um fuscão no juízo final
Você merece
E diploma de bem-comportado
Você merece
Você merece
Se esqueça que está desempregado
Você merece
Você...
Tudo vai bem, tudo legal
Que maravilha

A música acima foi composta em 1973, mas tematiza a classe trabalha-


dora brasileira, tal qual ela está atualmente, retratando as dificuldades
financeiras, a ideologia que prega a responsabilidade do bom cidadão,
bem sucedido e conformado com suas conquistas.
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Sendo assim, compare as reflexões trazidas pelo autor, com situações


ideológicas atuais, tais como, a influência do marketing, para sermos
consumistas, buscarmos diversão, sermos felizes, ou ainda outros con-
ceitos da psicologia social, como a alienação, papéis sociais, ou outros
a sua escolha.

TREINO INÉDITO

Assinale qual alternativa NÃO apresenta influências ao que se tornou


atualmente a teoria Psicológica Social.
a) Vygotsky e a teoria sociocultural d) Teóricos Latino-americanos
b) Teóricos Franceses Iluministas e) Teoria Comportamental
c) Marxismo

52
NA MÍDIA

SPFW institui cota racial obrigatória para desfiles em decisão histórica -


Pelo menos 50% dos modelos do São Paulo Fashion Week devem ser
negros, indígenas ou asiáticos; até ano passado cota era de 20%. Os
pedidos de parte da indústria da moda e da própria audiência para que
a passarela da São Paulo Fashion Week represente em equidade de
raça a população brasileira surtiu efeito. Se até o ano passado o evento
recomendava às marcas que pelo menos 20% da seleção de modelos
fosse afrodescendente, indígena ou asiática, a organização agora pas-
sou a exigir que as grifes passem a ter pelo menos 50% de seu casting
formado por “negros, afrodescendentes e (ou) indígenas”.
A falta de representatividade racial na passarela das semanas de moda
do país é histórica. O assunto que já motivou a assinatura de um TAC,
ou Termo de Ajustamento de Conduta, entre o evento e o Ministério
Público, em 2009, após uma série de reportagens do jornal Folha de
S.Paulo apontar a falta de modelos negros nas passarelas do evento.

Fonte: Folha de São Paulo


Data: 30/10/2020
Leia a notícia na íntegra: https://www.otempo.com.br/diversao/sp-
fw-institui-cota-racial-obrigatoria-para-desfiles-em-decisao-histori-
ca-1.2406288#

NA PRÁTICA

“A Redução de Danos (RD) é um conjunto de princípios e ações para a


abordagem dos problemas relacionados ao uso de drogas que é utili-
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
zado internacionalmente e apoiado pelas instituições formuladoras das
políticas sobre drogas no Brasil, como a Secretaria Nacional de Política
sobre Drogas (SENAD) e o Ministério da Saúde. Segundo a cartilha ofi-
cial da SENAD “Há três princípios que servem como base e direcionam
as práticas de Redução de Danos:
• pragmatismo: mesmo que se compreenda que, para muitas pessoas,
o ideal seria que não usassem mais drogas, sabemos que isso pode ser
muito difícil, demorado ou inalcançável. É, portanto, necessário oferecer
serviços, inclusive para aquelas pessoas que não querem ou não con-
seguem interromper o uso dessas substâncias.
• tolerância: a Estratégia de Redução de Danos é tolerante, pois evita a
compreensão moral sobre os comportamentos relacionados ao uso de
substâncias e às práticas sexuais, evitando intervenções autoritárias e
preconceituosas.
53
• compreensão da diversidade: a diversidade é contemplada ao se com-
preender que cada sujeito estabelece uma relação particular com as
substâncias e que a utilização de abordagens padronizadas como pa-
cotes prontos e impostas para todos é ineficaz e excludente.”
A RD não pressupõe que deva haver imediata e obrigatória extinção
do uso de drogas, e as medidas preventivas e de tratamento para o
consumo de drogas, podem ser desde a distribuição de seringas e pre-
servativos, para usuários, a prioridade na recomposição de elos sociais
e familiares perdidos, e a abolição das medidas higienistas, como a
internação compulsória.

Título: A REDUÇÃO DE DANOS NO CUIDADO AO USUÁRIO DE DROGAS


Data de Publicação: 2016
Links:
http://www.aberta.senad.gov.br/medias/original/201704/20170424-094
500-001.pdf ; http://www.aberta.senad.gov.br/

PARA SABER MAIS

Filme sobre o assunto: Para saber mais sobre a manipulação que


acontece via fake News e anúncios de internet, assista o filme “O dilema
das redes”, 2020, direção de Jeff Orlowski.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

54
HISTÓRIA DA
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA NO BRASIL

UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DO CAPÍTULO


PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
Como vimos no primeiro capítulo, a Psicologia Social se conso-
lidou e se fortaleceu como vertente de estudos após a segunda guerra
mundial, pois foi notável a necessidade de compreender o comporta-
mento grupal durante e após o ocorrido. Para isso, os Estados Unidos
desenvolveram uma perspectiva positiva para suas pesquisas, enquan-
to a Europa tinha um viés mais subjetivo e voltado para compreensão
do indivíduo e do grupo, unindo a teoria de grupos, com a fenomenolo-
gia, sociologia e psicanálise.
No segundo capítulo, falamos a respeito da visão da Psicologia
Social sobre a Identidade do sujeito. Vamos recordar que Identidade,
Personalidade e Self, são conceitos diferentes. Além disso, o meio so-
cial, cultural e histórico são considerados pontos chave para a compo-
sição da Identidade.
55
Vimos também, como o sistema sócio-político está constituído
em nossa sociedade, gerando um sistema de luta entre classes sociais,
que influencia e manipula o indivíduo direcionando seu comportamento
para o consumo, mantendo a classe trabalhadora dependente do traba-
lho ofertado pelos donos das grandes propriedades.
Neste capítulo veremos a trajetória das políticas públicas des-
de o início do Brasil República, até os dias atuais. Veremos como eram
os primeiros atendimentos das camadas vulneráveis como, por exem-
plo, as crianças abandonadas e as pessoas incapazes de prover sua
subsistência, seja por problemas mentais, ou físicos.
Essa leitura histórica é imprescindível para entender os di-
versos contextos políticos e cenários econômicos que influenciaram
o surgimento das políticas de assistência, como os programas de de-
senvolvimento econômico, propostos por Getúlio Vargas e Juscelino
Kubitschek, nos anos 50 e 60, que desenvolveram a região sudeste
e a capital federal, trazendo uma grande migração de trabalhadores
nordestinos para essas regiões. Quais consequências essa migração
gerou para o cenário social? As grandes cidades tinham recursos para
suprir as necessidades básicas dessas famílias?
Desse modo, vamos compreender como foi desenvolvido o tra-
balho na psicologia comunitária ao longo desses anos e como estamos
atualmente. Veremos quais são os constructos básicos que orientam a
prática do Psicólogo Comunitário nos atendimentos e intervenções, e
quais órgãos assistem à população vulnerável, como o CRAS e CREAS,
por exemplo.

UMA BREVE INTRODUÇÃO DO TEMA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA


PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

NO BRASIL

A história da Psicologia Comunitária no Brasil é recente em


comparação ao resto do mundo, pois foi a partir de 1970, que ela come-
çou a se desenvolver como a ciência e profissão com as características
que temos hoje: sistematizada, e em conjunto com uma equipe multi-
profissional (médicos, enfermeiros, assistentes sociais, dentistas, entre
outros), que atuam territorialmente, ou seja, no ambiente do grupo.
Em 1980, tivemos a inauguração da ABRAPSO – Associação
Brasileira de Psicologia Social (veremos adiante), que além de seus
projetos específicos, anualmente realiza encontros nacionais, para pro-
mover discussões, palestras e reuniões com temas e perspectivas no
âmbito da Psicologia Social.
Em 1988, tivemos a proclamação da Constituição Cidadã que
56
contêm “um conjunto de direitos civis, sociais, econômicos e culturais de
promoção e proteção” (Perez, Passone, 2010), e em 1990, a aprovação
do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que garante direitos e
deveres a serem respeitados, a fim de protegermos as crianças, como
a proibição do trabalho infantil e obrigação de estar na Escola.

Vamos pensar agora como foi a trajetória que inseriu a Psico-


logia Social no cenário brasileiro, quais foram os motivos, e qual era o
cenário social que se fez necessário a uma política comunitária? Para
compreendermos bem essa questão, precisamos voltar um pouco na
história do Brasil.

PRECEDENTES DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

A figura 7 apresenta uma ilustração do golpe militar de 1889,


que deu início ao Brasil República.

Figura 7 – Início do Brasil República

PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Óleo sobre tela: Proclamação da República por Benedito Calixto, (1893).

57
Para entender melhor:
Durante 400 anos o Brasil foi colônia portuguesa, no período
chamado “Brasil Império”, o monopólio mercantil estava com as gran-
des famílias escravagistas, o que gerava instabilidade econômica para
outras classes sociais, entre elas os militares, essa situação social, le-
vou ao fortalecimento do movimento republicano, e enfraquecimento do
Império português. Em 15 de novembro 1889, houve um golpe militar
liderado por nomes conhecidos, como: Marechal Deodoro da Fonse-
ca, Ruy Barbosa, Benjamin Constant, Campos Salles, Floriano Peixoto,
dentre outros, que destruíram o imperador D. Pedro II de seu parla-
mento, obrigando a família real e seus apoiadores ao exílio na Europa.
Esses militares, se revezaram na presidência da República, compondo
o que chamamos de “República Velha”, que durou até 1930, com a en-
trada de Getúlio Vargas. Durante esse período, tivemos uma remode-
lagem na estrutura política e social. A abolição da escravatura havia
acontecido um ano antes (1988), e exigia a criação de estratégias para
garantir condições dignas para a vida dessas famílias, como a criação
de Escolas, para educar as crianças, promover renda, moradia, saúde,
lazer e cultura, para todos. Porém, a história nos dá conta, que falha-
mos nessa missão, o que gerou uma grande segregação social. A falta
de assistência para moradia, por exemplo, fez com que as pessoas se
aglomerassem em locais afastados, as favelas do Rio de Janeiro, por
exemplo, são consequências dessa segregação.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

Durante o Brasil Império e na República velha, o trabalho


realizado com comunidades vulneráveis não tinha um embasamento
científico. A atuação tinha um viés assistencialista e contava com a
colaboração de pessoas leigas. A ajuda aos vulneráveis também tinha
uma maciça atuação da Igreja, pois ela tem como lema, a caridade.
São exemplos disso, os abrigos para crianças abandonadas e o for-
necimento de refeições para pessoas em situações de rua, os asilos e
sanatórios para pessoas com problemas mentais, que os abrigava até
o fim de suas vidas, mas não contavam com projetos para educação
especializada.

58
Assistência e Assistencialismo – Assistência social é toda
forma de ação social, de políticas públicas previstas no Artigo 194, da
Constituição Federal de 1988, é direito de cidadãos e cidadãs. “Ela é
destinada a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social”, e não deve ser vista como uma ajuda, caridade ou
favor, mas sim, um direito do cidadão que contribui com a manutenção
dela, por meio do pagamento de impostos. O Assistencialismo é toda
forma de doação, favor e boa vontade, voltados a suprir uma carência.
Geralmente, é um movimento feito por Igrejas, que se baseia na ca-
ridade, mas não há um planejamento embasado cientificamente para
empoderar esses indivíduos. As primeiras políticas sociais brasileiras
foram embasadas no assistencialismo, mas atualmente ainda se vê
essa ação, porque ela acabou caindo no gosto do aliciamento político,
que ao invés de investir em planejamento assistencial de emancipação,
prática o assistencialismo, para manter as classes menos favorecidas,
na mesma situação vulnerável e de dependência.

ASSISTÊNCIA SOCIAL NA “ERA VARGAS”

Como dissemos acima, a República Velha se encerrou em


1930, com a entrada de Getúlio Vargas na presidência, onde permane-
ceu até 1945. Essa época foi chamada de “Estado Novo”, ou ainda de
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
“autoritarismo popular”. Nessa época houve um investimento na indus-
trialização nacional, agregando mais à economia, que tinha como prin-
cipal rendimento apenas a cultura agrária, o que formou novas classes
de trabalhadores e assalariados, inclusive sob a proteção do salário-mí-
nimo, que foi estipulado durante este governo.

O crescimento industrial favorecia os trabalhadores que pre-


cisavam de trabalho, essa política, porém, não assistiu tanto, aos tra-
balhadores rurais, levando muitos cidadãos, a uma grande busca por
melhores condições, nas grandes cidades.
59
Não era permitido qualquer manifestação política além do
partido vigente, e o atendimento às crianças, adolescentes e famílias,
seguiam uma característica repressora e higienista, a fim de manter a
ordem social (por isso o autoritarismo popular), nessa época o “Brasil
organizava suas primeiras políticas sociais, nas quais eram reservadas
atenções especiais à família e à infância” (Perez, Passone, 2010), no-
tadamente no campo da assistência social tivemos a criação da LBA-
Legião Brasileira de Assistência, e o serviço de assistência ao menor e
à maternidade.
A LBA era uma fundação gerenciada por primeiras-damas,
que faziam assistencialismo aos soldados que serviram na guerra, bem
como seus familiares, e para pessoas que necessitavam de qualquer
auxílio, em todos os municípios do Brasil. A LBA não participava de
qualquer cunho político, e não tinha um embasamento científico para o
atendimento e o auxílio aos cidadãos, era um movimento filantrópico.

PERÍODO DA DEMOCRACIA POPULISTA (1945 – 1964)

Em 1945, o Brasil iniciou um período democrático populista,


com o presidente Eurico Gaspar Dutra, nessa época foi estabeleci-
da, a LDB- Lei de diretrizes e bases da educação (1961), na qual foi
definida os principais pontos da Educação Brasileira. Essas diretrizes
foram defendidas por grandes nomes da Educação, como Darcy Ribeiro
e Anísio Teixeira.
A LDB foi reformulada ao passar dos anos, sendo nela defi-
nidas regras orçamentárias e instrutoras do ensino público (e privado
também), como por exemplo: no sistema público, o ensino fundamental
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

fica a cargo dos municípios, enquanto o ensino médio, fica a cargo dos
estados, e o superior, da União.

Nesse período democrático, tivemos Juscelino Kubistchek


na presidência do Brasil (1956 – 1961), que promoveu a construção
de Brasília, e o desenvolvimento industrial no interior do Brasil. Nessa
época, houve um grande crescimento no país, mas também houve um
endividamento interno e externo, o que gerou uma forte inflação. Com
o golpe militar de 64, JK passou a ser acusado de envolvimento com
comunistas e foi perseguido pelos militares, que cassaram seu mandato
político.
60
Nessa época tivemos a ascensão da pedagogia de Paulo Frei-
re (1921 – 1997), que é considerado o maior patrono da educação bra-
sileira. O processo de alfabetização criado por ele consiste em ensinar
a pessoa a ler e escrever palavras que estão em seu contexto diário,
além de alfabetizar adultos com técnicas diferenciadas da alfabetização
infantil, sua técnica gera mais resultados do que outros métodos para
alfabetização de adultos e crianças e, por isso, são adotadas por vários
países.
Paulo Freire também contribuiu para a emancipação e empo-
deramento das pessoas pobres, pois possuía influências e ideias mar-
xistas que buscavam a igualdade de direitos e acesso à informação.
Com seu idealismo socialista, trabalhadores alunos de Freire se inte-
ressavam em aprender para lutar, liam as Leis previstas na CLT- Con-
solidação das Leis do Trabalho e passavam a cobrar seus direitos civis.

Além de Paulo Freire, vamos falar sobre outro teórico que par-
tiu dos mesmos princípios socialistas, que é Ignácio Martin-Baró (1942
– 1989). Nascido na Espanha, viajou pela América Latina e Estados
Unidos, onde estudou Ciências humanas, Teologia e Psicologia. Mais
tarde (1979) se muda para El Salvador, onde estava ocorrendo uma
guerra civil, os cidadãos salvadorenhos reivindicavam direitos contra
um governo autoritário.
Martin-Baró, aderiu à luta popular, e como Psicólogo, defendia
ideias que se aproximavam das Freirianas aqui estudadas. Para ele,
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
a Psicologia deve ir além da observação comportamental, ela é uma
ciência que compreende o homem a partir da situação contextual em
que ele vive, e cabe ao Psicólogo trabalhar no processo de conscien-
tização dos indivíduos, para que eles sejam capazes de perceber as
forças opressoras e alienadoras, e com isso, consigam se desalienar.
Martin-Baró, morreu assassinado pelo governo Salvadorenho, com o
apoio do governo estadunidense, no dia 16 de novembro de 1989, suas
ideias e lutas ficaram conhecidas pelo compromisso ético e político com
as maiorias populares oprimidas.

Em 1964, porém, o período democrático foi interrompido pelo


golpe militar, nessa época, educadores principalmente da área de ciên-
cias humanas, políticos, jornalistas, teóricos, artistas, estudantes e
61
quaisquer cidadãos (inclusive indígenas) contrários à ideologia militar,
como Paulo Freire, por exemplo, representavam uma ameaça ao siste-
ma. Muitos tiveram que se manter exilados em outros países, devido à
perseguição e repressão, outros, infelizmente, não tiveram essa sorte.

Acesse dados confiáveis sobre esse período, acesse o portal


da “comissão nacional da verdade”, um trabalho dos familiares dos mor-
tos, e parceiros de trabalho, que até hoje, buscam solucionar os crimes
ocorridos nessa época. Disponível em: http://cnv.memoriasreveladas.
gov.br/

ASSISTÊNCIA SOCIAL NO PERÍODO DA DITADURA MILITAR (1964


– 1985)

A ditadura militar, começou em 1964 com o golpe, que retirou


do poder o presidente Eurico Gaspar Dutra. Nessa época houve um
retrocesso nos direitos civis e políticos. Além disso, não houve avanços
na educação e na Assistência Social. A LBA foi transformada em Funda-
ção e a partir daí foram criadas a FUNABEM (Fundação do Bem-Estar
do Menor), e a FEBEM (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) ,
que eram destinadas à educação e reabilitação social de menores, mas
funcionavam apenas como depósitos de adolescentes.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

Reflita:
Ao estudarmos ideologia, vimos que um exemplo da luta entre
as classes políticas, para se manterem fortalecidas, é o enfraquecimen-
to da classe opositora. No período da ditadura militar houve uma ten-
tativa de exterminar qualquer atividade intelectual contrária ao partido,
e como os cursos de ciências humanas têm maior proximidade com
as discussões políticas, houve muita censura, que utilizava como jus-
tificativa a tese de que os trabalhos elaborados nesse departamento
não agregavam ao desenvolvimento científico. Esse tipo de ideologia
62
não acabou, ela ainda é utilizada em todo o mundo, para desvalorizar
e fortalecer o preconceito contra determinadas áreas de conhecimento,
diminuindo o interesse das pessoas pela busca deste saber, e ainda,
desestimular os subsídios e fomentos aos projetos realizados nessas
áreas, principalmente, pelas universidades. Não só na política, mas
qualquer ideologia que superestime o “nosso” grupo, e desvalorize o
grupo “dos outros”, é perigosa. Como já falamos anteriormente, não é
ético, e muito menos justo, fazer juízo de valor sobre a cultura alheia.
O estudo das ciências sociais e humanas são importantes para com-
preendermos os diferentes sistemas sociais e culturais, e não apontar
culpados para as adversidades enfrentadas por uma nação. Esse tipo
de ideologia segregacionista deu força para surgirem partidos políticos
como o nazismo na Alemanha, que tinha como plano de recuperação
econômica a ruptura com bancos e fomentadores judeus, o que funcio-
nou copiosamente, ganhando apoio da população, porém, a ideologia
nazista acabou tomando uma proporção irremediável.

PERÍODO PÓS DITADURA - O AVANÇO NA POLÍTICA DE ASSIS-


TÊNCIA SOCIAL

A ditadura militar terminou em 1985, e em 1988 houve a instau-


ração da República Federativa do Brasil e desta data em diante houve
alguns avanços nas políticas da área de assistência social e da saúde
em geral. A mais aparente é a criação das Leis Federais 8.080/1990 e
8.142/1990, que instituíram a “rede de atenção à saúde mental” com o
intuito de extinguir os hospitais psiquiátricos, e em seu lugar a criação
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
de Centro de Atendimentos, e a criação do SUS - Sistema Único de
Saúde. Além delas, foi criada também, a Lei Federal nº 8.742, a LOAS
- Lei Orgânica de Assistência Social, de 7 de dezembro de 1993, que
dispõe sobre a organização da Assistência Social e sua legislação cor-
relata.
A LOAS, trata dos mesmos direitos previstos na constituição
federal, para a proteção da família, infância, adolescência, velhice, e a
habilitação e reabilitação da pessoa portadora de deficiência. Vejamos
alguns pontos importantes, assegurados por essa Lei.
• O cap. III art. 6º da LOAS, regulamenta a criação do SUAS –
Sistema Único de Assistência Social, como o sistema gestor dos órgãos
de referência no atendimento a comunidade vulnerável, bem como suas
equipes.
• O cap. III art. 17. Regulamenta a criação do CNAS - Conse-
63
lho Nacional de Assistência Social, que com membros nomeados pelo
presidente da república, é responsável pela administração pública da
política nacional de assistência.
• O Cap. III, § 3º do art. 6º regulamenta os CRAS – Centro de
Referência de Assistência Social e os CREAS – Centro Especializado
de Referência de Assistência Social, como unidades do âmbito do Suas,
“que possuem interface com as demais políticas públicas e articulam,
coordenam e ofertam os serviços, programas, projetos e benefícios da
assistência social” (Brasil, 2013, p.14).
• O art. 20 do cap. IV trata dos Benefícios, para as pessoas
consideradas incapazes de prover sua subsistência - BPC prestação
continuada, que compreende um salário-mínimo de benefício mensal
ao portador de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios
de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família

Acesse: A LOAS está disponível gratuitamente, e pode ser


acessada em formato eletrônico, no site:
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_
social/Normativas/LoasAnotada.pdf

Encerramos aqui a leitura histórica e política sobre a movi-


mentação das políticas de Assistência no Brasil. Vamos agora discutir
o engajamento da Psicologia Social, enquanto profissão, durante este
período.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

Nesse período, nos anos de 1983 e 1984, houve também a luta


do povo brasileiro pelo voto direto, o movimento ficou conhecido como
“diretas já”.

DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA NO BRASIL

Como já mencionamos anteriormente, a Psicologia Social Bra-


sileira, firmou-se a partir de 1970. Período em que o Brasil sofria com
a inflação e desvalorização de sua moeda, devido à alta do dólar. Nos
anos 60 e 70 houve um aumento da pobreza, tivemos muitas famílias
vivendo em situação precária, faltava-lhes, escola, alimentação e traba-
64
lho. Nessa época, a teoria de alfabetização e de pensamento crítico de
Paulo Freire ganhou força, levando essas camadas populares à partici-
pação cultural e política.
Neste contexto Psicologia Comunitária foi necessária, pois
surgiram movimentos populares como os movimentos camponeses e
dos trabalhadores industriais, associações de bairros, pastorais e as
comunidades eclesiais de base e a teologia da libertação, que são mo-
vimentos sociais presentes em vários países da América Latina, com
tendências marxistas, que contavam com o apoio da Igreja Católica.
 Nos anos 70, surgiu no Brasil o Movimento Sanitário e o Movi-
mento dos Trabalhadores em Saúde Mental - MTSM, que lutavam pelo
fechamento dos manicômios, e pela abertura de centros de convivência
e assistência, para os pacientes crônicos. Esse movimento, tinha como
base a luta antimanicomial Europeia, e contou com a participação popu-
lar, inclusive de familiares de pacientes.
Essa movimentação social, fomentou a entrada de psicólogos
sociais, e de outros profissionais, na comunidade. Com a proposta de
auxiliar o coletivo dentro de seu contexto. Desse modo, as universida-
des brasileiras, entraram nessa ação, desenvolvendo projetos científi-
cos com as temáticas voltadas para esse público, e com seus professo-
res e alunos aplicando esses conhecimentos na prática. Esse avanço
favoreceu a mudança na característica dos órgãos que assistiam às
pessoas vulneráveis. A participação do meio científico, sustentou uma
mudança no atendimento de assistência social, abandonando o pater-
nalismo assistencialista.
Em 1980 foi criada a Associação Brasileira de Psicologia Social
– ABRAPSO, que é uma sociedade sem fins lucrativos, que busca um
posicionamento crítico na Psicologia Social. Essa associação mantém
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
um espaço para o intercâmbio entre estudantes de graduação e de pós-
-graduação, profissionais, docentes e pesquisadores, que acontece em
encontros Nacionais e Regionais, com o propósito de divulgar e discutir
os problemas sociais que a Psicologia Social está enfrentando na so-
ciedade brasileira.

Acesse o site da ABRAPSO: https://www.abrapso.org.br/, além


do site essa entidade, produz a revista “Psicologia & Sociedade”, que é
o seu veículo de divulgação.

65
Em 1992 foi criada a RAPS- rede de apoio psicossocial, que
faz parte do SUS, e conta com os serviços prestados pelos

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); os Serviços Residenciais Terapêu-


ticos (SRT); os Centros de Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimen-
to (UAs), e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III)
(Brasil, 2013, s.p).

O objetivo da RAPS, é tratar do paciente sem retirá-lo do con-


vívio social, e caso precise de internação, esta será por um período
determinado e solicitada pelos CAPS. A partir dessa diferente leitura do
atendimento à população, e com entrada dos psicólogos na comunida-
de, começou-se a falar em Psicologia Comunitária, com um perfil de
facilitador, que vai até o local, e por meio de entrevistas e dinâmicas,
entende os problemas do grupo, e juntamente com o coletivo, propõe
uma intervenção.

Para saber mais sobre a RAPS acesse:


https://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/conheca_raps_rede_
atencao_psicossocial.pdf

ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO COMUNITÁRIO


PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

Apesar da inserção do Psicólogo na rede pública ser muito


recente, podemos contar com diversos materiais para nos guiar nas
modalidades de atendimentos. Entre os documentos podemos citar em
primeiro lugar o Código de Ética do profissional, e após ele, algumas
produções específicas para o profissional que atua no SUAS, que são:
• Notas técnicas da Comissão Nacional de Psicologia na Assis-
tência Social – CONPAS;
• Documentos de Referências Técnicas do Centro de Referên-
cias Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas – CREPOP;
• Legislações do SUAS
• As Normas Operacionais Básicas;
• Os cadernos de Orientação Técnica;
• Resoluções do Conselho Nacional de Assistência Social –
CNAS;
66
Acesse: Os documentos de referências do CREPOP, estão
disponíveis no site do Conselho Federal de Psicologia – CFP, há diver-
sos materiais, instruindo o profissional de cada espaço, CRAS, CREAS,
sistema prisional, dentre outros. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/publicacoes/referencias-tecnicas-crepop/
page/2/

Este profissional atua sempre buscando estratégias norteado-


ras e que garantam os direitos de cidadãos. Em Unidades básicas de
saúde – UBS; ou em estratégias de saúde da família - ESF, um exemplo
de trabalho pode ser a realização de projetos para o bem estar coletivo
como, por exemplo, a criação de uma horta comunitária, a criação de
espaços culturais, a orientação sobre determinados assuntos, enfim, a
depender da demanda coletiva.
Outra modalidade interessante são os consultórios de rua,
que são formados por uma equipe multiprofissional (médicos, enfermei-
ros, assistentes sociais etc.), a fim de dar atendimento básico à popu-
lação em situação de rua, ouvindo deles quais estratégias são válidas
para melhorar sua condição. Essa perspectiva é muito válida, porque
dá voz ao cidadão e capta um saber prático a respeito do problema
vivenciado.
A RAPS também atua em programas de serviços residenciais
terapêuticos, e na volta destes pacientes crônicos para casa. Ela tam-
bém está envolvida em trabalhos para a reabilitação de dependentes
químicos, com estratégias de ressignificação do papel social daquele
indivíduo e na elaboração de um projeto de vida.
Há ainda a estratégia de geração de renda solidária, por meio
da criação de cooperativas, ou associações. O Psicólogo pode auxiliar
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
os moradores de um bairro, na criação de uma atividade rentável, e
a concretização dependerá da disposição e disponibilidade destes em
aprender uma nova profissão ou buscar maneiras de iniciar um trabalho
como, por exemplo, a coleta e venda de materiais recicláveis ou a coleta
e fabricação de produtos a partir destes materiais.
Já a atuação nos centros de atendimento psicossocial - CAPS,
tem o viés individual, e as oficinas terapêuticas e de discussão, que
podem resultar em projetos que dão voz aos usuários do sistema, como
um projeto de trocas de experiências e saberes, ou organizar um siste-
ma cooperativo de vigília e segurança entre os moradores do bairro. As
unidades de internação para menores e os Presídios também contam
com o trabalho comunitário e social, que pode auxiliá-los na reinserção
em sociedade, a alfabetização, esportes, entre outras inúmeras ativida-
des, a depender do coletivo.
67
Este profissional também pode atuar em órgãos além da rede
SUAS, como as organizações não governamentais – ONGs, que traba-
lham com diversos públicos, como a Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais  (Apae), que atende pessoas com síndrome de Down; a
associação Pestalozzi, que educa pessoas com deficiência; dentre ou-
tros inúmeros órgãos, nos quais pode-se trabalhar o usuário assistido,
bem como sua família.

SOBRE A PRÁTICA DO PSICÓLOGO

O Profissional que vai atuar na rede SUAS e na esfera social e


comunitária, tem uma abordagem diferente da clínica. Sua intervenção
é sempre sistêmica, e sempre ouvindo todo o grupo. Além disso, o tra-
balho é sempre multiprofissional, contando com enfermagem, assisten-
tes sociais, entre outros profissionais.
Vejamos um exemplo prático: suponhamos que a equipe do
CRAS acompanha uma família, qual seria a função do Psicólogo neste
contexto? Nesse caso o CRAS auxiliará essa família, com esclareci-
mentos e orientação para que eles consigam sair da situação de pobre-
za e vulnerabilidade, seja por meio de cadastros nos benefícios sociais,
a orientação na busca por trabalho, assegurando que os responsáveis
estão garantindo o acesso à saúde para suas crianças, bem como a
Escola. O não cumprimento dessas ações, leva à perda dos benefícios
sociais que a família está inscrita, e a garantia de direitos e regras a se-
rem seguidas se aplicam aos idosos que devem receber de sua família
os cuidados assegurados pela Lei e que garantem seu bem estar.
Vejamos agora outro exemplo: suponhamos que o Psicólogo
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

que compõe a equipe do CRAS, ao visitar uma família de usuários do


sistema, ouviu de uma criança que ali reside, que foi molestada por um
familiar. Como proceder diante desta situação? Os documentos de re-
ferências, nos deixam claro, que o profissional do CRAS, não realizará
atendimento clínico com esta criança. Cabe a ele proceder com a equipe
multiprofissional para retirá-la da situação de risco, seja encaminhando
para um abrigo ou para algum familiar e, em seguida, averiguar a de-
núncia. A averiguação é feita por meio do exame de corpo de delito, que
constata a conjunção carnal. É importante salientar que o exame por si
só já é demasiado invasivo, portanto, cabe um acompanhamento tera-
pêutico especializado, que será feito pelo Psicólogo do CAPS infantil.
O agressor será denunciado e submetido às circunstâncias da
Lei. Esta família, a partir de então, deixará de ser acompanhada pelo
CRAS, e será encaminhada para o atendimento do CREAS, que é o ór-
68
gão que se ocupa dos casos mais complexos. O Psicólogo do CREAS,
trabalhará com a escuta de todos os componentes familiares, inclusive
o agressor.
O raciocínio que aqui se faz necessário é a proteção da criança
e a garantia de seus direitos. Quanto aos adultos, deve-se imputar as
medidas punitivas e educativas, para resgatar a sociabilidade que ali foi
perdida. O trabalho com o coletivo, busca estimular neles os esclareci-
mentos sobre o seu papel social, e como ele contribui para os fatos que
influem no grupo. Não é papel da equipe SUAS culpabilizar os compo-
nentes dos conflitos sociais, mas resgatar neles a sua responsabilidade
pelo coletivo.

PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

69
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: FURB Órgão: Prefeitura de Porto Belo - SC Pro-
va: Psicólogo Nível: Superior.
Com relação à história da Psicologia Social e Comunitária no Bra-
sil, bem como à atuação do profissional de Psicologia nessa área,
analise as afirmativas abaixo e identifique as corretas:
I- No Brasil, o desenvolvimento da psicologia social comunitária
ocorreu num período de críticas aos modelos tradicionais da psi-
cologia social, especificamente a perspectiva norte-americana e
suas pesquisas experimentais.
II- O início do campo da psicologia social comunitária brasileira
possibilitou reformular formas de atuação priorizando as questões
individuais com o propósito de promover transformações por meio
da participação da comunidade.
III- A psicologia social comunitária prioriza a qualidade de vida
de indivíduos, o desenvolvimento das relações comunitárias e a
construção de políticas sociais comprometidos com os direitos
humanos.
IV- A atuação nessa área enfatiza a participação de indivíduos na
construção de um ambiente que seja favorável para as relações
sociais.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
b) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

e) Todas as afirmativas estão corretas.

QUESTÃO 2
Ano: 2019 Banca: FAUEL Órgão: Prefeitura de Mandaguari - PR Pro-
va: FAUEL - 2019 - Prefeitura de Mandaguari - PR - Psicólogo
De acordo com a autora Silvia Lane naquilo que se refere à psico-
logia social é INCORRETO afirmar que:
a) O objetivo da psicologia social é conhecer o Indivíduo no conjunto
de suas relações sociais apenas, e responderá à questão de como o
homem é sujeito da sua própria vida apenas.
b) Tem por objetivo conhecer o Indivíduo no conjunto de suas relações
sociais, tanto naquilo que lhe é específico como naquilo em que ele é
manifestação grupal e social. Assim a Psicologia Social poderá respon-
der à questão de como o homem é sujeito da História e transformador
70
de sua própria vida e da sua sociedade, assim como qualquer outra
área da Psicologia.
c) É dentro do materialismo histórico e da lógica dialética que vamos
encontrar os pressupostos epistemológicos para a reconstrução de um
conhecimento que atenda à realidade social e ao cotidiano de cada indi-
víduo e que permita uma intervenção efetiva na rede de relações sociais
que define cada indivíduo objeto da Psicologia Social.
d) A Psicologia Social estuda a relação essencial entre o indivíduo e a
sociedade, está entendida historicamente, desde como seus membros
se organizam para garantir sua sobrevivência até seus costumes, valo-
res e instituições necessários para continuidade da sociedade. A grande
preocupação atual da Psicologia Social é conhecer como o homem se
insere neste processo histórico, não apenas em como ele é determina-
do, mas principalmente, como ele se torna agente da história, ou seja,
como ele pode transformar a sociedade em que vive.

QUESTÃO 3
Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: Prefei-
tura de Teixeiras - MG Prova: FUNDEP (Gestão de Concursos) -
2019 - Prefeitura de Teixeiras - MG - Psicólogo
Analise a situação a seguir.
Em uma família usuária do CRAS, o pai fazia o consumo excessivo
de álcool todos os dias, apresentando comportamentos agressi-
vos em relação à esposa e aos filhos, além de constantes brigas na
comunidade, tendo, inclusive, perdido seu emprego, por atrasos e
faltas.
Assim, para atendimento dessa família, devem ser verificados os
sinais e sintomas de uma possível síndrome de dependência do
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
álcool.
São considerados sinais e sintomas de tal síndrome, exceto:
a) Padrão de ingestão do álcool cada vez mais estereotipado e repetitivo.
b) Presença de episódios de abstinência ou delirium tremens.
c) Sensação de estar acabado (síndrome de burnout).
d) Alterações como irritabilidade, insônia e perda de autoestima.

QUESTÃO 4
Ano: 2019 Banca: AMAUC Órgão: Prefeitura de Itá - SC Pro-
va: AMAUC - 2019 - Prefeitura de Itá - SC - Psicólogo
Dentre as ações previstas ao trabalho social essencial ao Serviço
de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), a ser exercido
pelas equipes mínimas incluindo o psicólogo, assinale a alternati-
va correta.
71
a) Orientação Jurídico-social; Visita domiciliar; Atendimento domiciliar;
Escuta qualificada.
b) Acolhida; Visita domiciliar; Grupos de famílias; Construção do Plano
Individual de Atendimento (PIA).
c) Busca ativa; Acolhida; Visita domiciliar; Acompanhamento familiar.
d) Acolhida; Visita domiciliar; Acolhimento institucional; Acompanha-
mento familiar.
e) Visita domiciliar; Atendimento domiciliar; Acompanhamento de medi-
das socioeducativas; Escuta qualificada.

QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: AMAUC Órgão: Prefeitura de Itá - SC Pro-
va: AMAUC - 2019 - Prefeitura de Itá - SC - Psicólogo
Considerando o trabalho do Psicólogo no SUAS, assinale a alter-
nativa incorreta.
a) O Psicólogo não deverá realizar comunicação externa de situações
de violações de direitos de mulheres, crianças, adolescentes, idosos
e pessoas com deficiência pois fere o princípio ético de sua profissão,
previsto no código de ética profissional.
b) A notificação de situações de violações de direitos é compulsória e
deve ser encaminhada para as autoridades competentes (Ministério
Público, Conselhos Tutelares, Delegacias Especializadas e Poder Ju-
diciário – Operadores da Defesa de Direitos) e para o referenciamento
e contra referenciamento das famílias e/ou indivíduos entre a Proteção
Social Básica e a Proteção Social Especial.
c) A comunicação externa de violações de direitos deve ser realizada
por profissionais (inclusive, por psicólogas e psicólogos) mediante ins-
trumento definido localmente, para tal finalidade, em articulação com o
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

órgão gestor.
d) Ao realizar a comunicação externa de violação de direitos, é impor-
tante compartilhar com a família/sujeitos a decisão da comunicação ex-
terna mantendo a transparência da relação, considerando as peculiari-
dades de cada caso.
e) Caso realizada a Comunicação Externa, esta não pode ser compreen-
dida como responsabilidade de averiguação da situação de violação de
direitos pelo SUAS. Cabe aos operadores da defesa dos direitos atua-
rem na investigação e responsabilização das situações comunicadas.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

O trabalho em Psicologia Social é muito importante para a remodelagem


no sistema de estruturas grupais, seja em questões comportamentais,
72
ideológicas, econômicas, culturais e nas organizações das instituições.
Um trabalho que contribuiu muito para a reforma psiquiátrica brasileira,
foi a atuação de Nise da Silveira (1905-1999), uma médica psiquiatra
que trabalhou com a ala de pacientes crônicos do Centro Psiquiátrico
Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro, em 1944. Sua atuação foi revolu-
cionária, porque não era adepta do uso de eletrochoques ou outras téc-
nicas tradicionais que, apesar de terem benefícios comprovados, eram
demasiadamente agressivas. Ao invés das técnicas tradicionais, Nise
utilizava técnicas de terapia ocupacional, como o uso das artes e a per-
missão da entrada de animais no hospital, sob a tutoria dos pacientes.
Além disso, Nise era estudiosa da temática sobre a Psique humana,
sobre a perspectiva junguiana, cujo ilustre autor, a orientava por cartas.
A intervenção desta grande mulher se destaca ainda mais pelo contexto
histórico social, ela vinha de uma sociedade com pouquíssima partici-
pação feminina na época (Nise foi a única aluna mulher em sua turma
de medicina), o modelo de atendimento cristalizado dos hospitais, que
não davam voz aos pacientes, e o sistema político brasileiro, que estava
passando pela política populista e autoritária de Getúlio Vargas. Esse
sistema não permitia qualquer manifestação contrária ao seu partido, e
mantinha um sistema de assistencialismo higienista. Nise que simpati-
zava com o comunismo, ficou presa por 18 meses em reclusão, dividin-
do a cela com a militante Olga Benário e manteve contato com o escritor
Graciliano Ramos, que faria relatos sobre a médica em seu famoso livro
Memórias do cárcere.
As técnicas de Nise apresentaram resultados positivos significativos, e
após sua intervenção no sistema psiquiátrico, o sistema de atendimento
aos pacientes crônicos nunca mais foi o mesmo, a partir das técnicas
de pintura os pacientes melhoravam seu comportamento agressivo, e
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
pintavam quadros que foram expostos em museus pelo Brasil e pelo
mundo.

Para saber mais sobre o assunto, leia em: https://saude.abril.com.br/


blog/tunel-do-tempo/voce-precisa-conhecer-a-historia-de-nise-da-sil-
veira/, ou assista o filme de produção brasileira “Nise – O coração da
Loucura”.

A partir do texto acima, escreva suas impressões sobre o trabalho de


Nise da Silveira, descrevendo como sua intervenção metamorfoseou a
identidade dos pacientes, a estrutura do atendimento a eles, e o modelo
de atendimentos nos hospitais psiquiátricos.

73
TREINO INÉDITO

Assinale qual intervenção não se refere ao Psicólogo do SUAS.


a) orientação para carreira
b) testes projetivos
c) trabalho em equipe multiprofissional
d) visita domiciliar
e) orientação para benefícios

NA MÍDIA

Caso Mariana Ferrer: desmerecer a vítima é comum em casos de estu-


pro, relatam advogados

O processo criminal envolvendo o empresário André Camargo de Ara-


nha e a promoter Mariana Ferrer, no qual ele foi acusado de estuprá-la,
causou indignação nas redes sociais em novembro de 2020.
Segundo Ferrer, o estupro ocorreu em dezembro de 2018 durante uma
festa em um clube de luxo em Florianópolis. Ela diz que havia bebido
e que, posteriormente, foi dopada e estuprada por Aranha. Ele nega o
crime. O empresário foi inocentado pela Justiça, a pedido do Ministério
Público, órgão responsável pela acusação.
Um dos pontos que causaram indignação nas redes sociais foi a forma
como Cláudio Gastão da Rosa Filho, advogado do empresário, tratou
Mariana Ferrer durante uma audiência por videoconferência.
‘É uma estratégia que existe infelizmente quando a vítima é vulnerável”,
afirma o advogado criminalista, Yuri Carneiro Coelho, professor de direi-
to penal e processo penal da Faculdade Nobre e UNEF. “Nesse caso foi
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

filmado, mas isso às vezes ocorre sem ser filmado e acaba não tendo
essa repercussão.”

Fonte: Da BBC News Brasil em São Paulo


Data: 04/11/2020
Leia a notícia na íntegra: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-
54803352

NA PRÁTICA

O Psicólogo que trabalha na rede SUAS, atende variados perfis de ci-


dadãos. Se este profissional trabalha em um CRAS ou CREAS, será
procurado por profissionais das outras instituições públicas do municí-
pio, como os profissionais de hospitais, CAPS, Escolas, dentre outros.
74
O perfil de usuário é sempre relacionado a vulnerabilidade, alienação,
violência, desamparo, pobreza, dentre outras questões sociais, portan-
to é preciso estar preparado para as diferentes demandas que podem
surgir.
Uma demanda que exige maior atenção, é a relacionada a violência e
abusos infantis, visto que a criança é muito frágil e vulnerável. Uma dica
importante ao Psicólogo é observar as mudanças comportamentais da
criança, sinais como enurese noturna, perca de apetite e de vontade
de brincar, são considerados sinais de abuso e violência infantil. Mas
como abordar um assunto com uma criança, que nem mesmo entende
o que está acontecendo? A maneira mais apropriada é utilizar de recur-
sos lúdicos, para informá-las sobre o que é carinho, e o que não é, as
partes do corpo que podem ser tocadas, e as estratégias de manipula-
ção utilizadas por abusadores, dentre outros vídeos lúdicos que estão
disponíveis gratuitamente na internet. Um deles é a série “Que abuso é
esse?”, que conta com cinco vídeos do Projeto Crescer Sem Violência.
Uma parceria entre Childhood Brasil, Canal Futura, Fundação Vale e
Unicef Brasil. Os mesmos, estão disponíveis no site: https://www.chil-
dhood.org.br/informe-se-e-saiba-como-agir?gclid=CjwKCAiAzNj9BRB-
DEiwAPsL0d1lDhg0qtE2RZPe5wE2NTDsR2C-FOgtRjaBuLngofaj9F-
vWJ53y3RRoCpsQQAvD_BwE , que tratam os mais variados temas de
abuso infantil, desde o manejo de conteúdos na internet, até a aliciação.

Link:
https://www.childhood.org.br/informe-se-e-saiba-como-agir?gclid=C-
jwKCAiAzNj9BRBDEiwAPsL0d1lDhg0qtE2RZPe5wE2NTDsR2C-FOg-
tRjaBuLngofaj9FvWJ53y3RRoCpsQQAvD_BwE

PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS


PARA SABER MAIS

Filme sobre o assunto: Lixo Extraordinário, 2011

75
As demandas sociais mudam com o passar dos anos, no início
do Brasil República tínhamos uma maciça carência de alfabetização e
trabalhos assalariados, hoje, já conseguimos regularizar os direitos e
deveres dos trabalhadores, com a criação dos códigos e Leis Trabalhis-
tas – CLT, mas ainda agora, no século XXI, temos questões relaciona-
das ao trabalho, como o desemprego e a questão do poder de compra
no Brasil.
Além das questões que se arrastam desde o início do século
como, por exemplo, a discriminação e a violência sofrida pela popu-
lação LGBTQ+, a modernização também traz problemas contemporâ-
neos, como a exclusão digital, que torna o cenário social ainda mais
desigual, dificultando as possibilidades para as classes mais pobres.
Vimos a luta de alguns teóricos para diminuir os problemas so-
ciais, que até parecem ser atemporais! Infelizmente, o desemprego, a
desigualdade social, as moradias em situações de risco, o preconceito
racial, a prostituição e violência infantil, a violência contra a mulher, a
alienação política e cultural, se arrastam e nos acompanham com o pas-
sar dos anos, e então, fica um questionamento: “qual o caminho para
erradicar tais problemas sociais?”.
Cabe ao profissional pensar em estratégias emancipatórias
junto à comunidade, a partir do contexto que ela vive. Cada grupo pre-
cisa ter representatividade na luta política e espaço nos ambientes cul-
turais e sociais.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

76
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
A B A E E

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Uma área que a psicologia social e comunitária pode intervir é no aces-


so a informação, de modo crítico e racional, seja pela internet, ou por
outros veículos de informação.
Saber buscar informação e julgar se elas são verdadeiras, é um impor-
tante meio de conscientização, que diminui as fake News, e a ideologia
política, enfraquecendo também, a polarização entre os discursos polí-
ticos, o que auxilia o cidadão ao buscar esclarecimento sobre a consti-
tuição política brasileira.
Uma ação para buscar esses resultados, pode ser dentro dos movimen-
tos políticos. Buscando o interesse e o engajamento da população, não
só pelos resultados concretos, mas também, pela evolução comporta-
mental e educacional dos grupos.

TREINO INÉDITO
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
Gabarito: E

77
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
C A B A C

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Resposta: A música fala a respeito do comportamento social ideal, que


é estar satisfeito mesmo que estejamos sem dinheiro. Esse comporta-
mento é muito visto atualmente, principalmente nas redes sociais vir-
tuais, que são ambientes de representações sociais agradáveis e po-
sitivas.
A cerveja, samba e o carnaval, encarnam o mesmo papel, que a política
Romana do “pão e circo”, que encanta os cidadãos pobres com a arte,
e distribuía pães, para saciar a fome momentânea. Essa distração, po-
rém, não contribuía para uma melhoria de vida dos cidadãos, apenas os
divertia e lhes anestesiava momentaneamente, assim, eles não questio-
navam o sistema econômico e político.
A música também fala da alienação imposta aos trabalhadores, para
que estes cumpram o papel de ser um bom cidadão, “abaixando a ca-
beça”, ou seja, sem questionar, nada e aceitando as situações econô-
micas, (como a taxação de impostos, por exemplo), ou as dificuldades
sociais, (como as péssimas condições na saúde e educação), fazendo
sempre o “bem pela nação”, e não se atentando que está sendo usur-
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

pado em seus direitos de cidadão.

TREINO INÉDITO
Gabarito: D

78
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
D A C C A

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Resposta: Para Nise o paciente deveria receber o atendimento huma-


nizado, que leva em conta sua identidade própria e não massifica os in-
divíduos. O hospital deve ser um local de progresso, e não um depósito
de loucos, os profissionais que ali estão, são capacitados para trabalhar
em prol da ressocialização dos internos, e essa conduta deve ser man-
tida. Um ambiente que destrói a subjetividade não será capaz de trazer
progressos aos usuários, portanto é imprescindível que ali exista, a ma-
nifestação de afetos, estas podem ser por meios das artes, rodas de
conversas, visitas, e o cuidado com o outro, que neste caso, os animais
são importantes atores nesta intervenção.
Os pacientes que têm voz, ou seja, que são ouvidos pela equipe hospi-
talar ou de qualquer instituição, se vem visíveis nela, e se sentem como
parte dela, fazendo com que o comportamento de reciprocidade e res-
peito comece a surgir. A metamorfose também ocorre nos trabalhadores
do local, que passam a enxergar os pacientes como seres humanos,
ressociáveis e passiveis de evolução, o que contribui para começar a
modificar, a maneira como a sociedade enxerga a doença mental.
PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS
TREINO INÉDITO
Gabarito: B

79
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PSICOLOGIA SOCIAL E COMUNITÁRIA - GRUPO PROMINAS

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