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GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS


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GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
Revisão Ortográfica: Clarice Virgilio Gomes / Bianca Yuredini Santos

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
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um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-


ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Giselly Santos Mendes


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profissional.

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Esta unidade analisará os aspectos relativos à Gestão de Bios-
segurança em Unidade de Terapia Intensiva. Especificamente, foram de-
senvolvidos os temas: a) Biossegurança e suas interfaces, b) Segurança
do trabalho e biossegurança, c) Biossegurança e resíduos. Trata-se de um
estudo desenvolvido pelo método de revisão bibliográfica, cuja base de
construção está relacionada às premissas de biossegurança ante as espe-
cificidades das práticas em serviços de saúde, com ênfase ao trabalho em
Unidades de Terapia Intensiva. Tal produção justifica-se devido à relevân-
cia das temáticas, frente às demandas em segurança e proteção ao meio
ambiente e sociedade. Os resultados revelam que a adoção de medidas de
biossegurança e uso correto de EPI’s constituem uma forma efetiva à pre-
venção, minimização ou eliminação de riscos que possam comprometer a
saúde dos profissionais que laboram em ambientes de UTI’s.
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Biossegurança. Gestão de Resíduos. Saúde.Segurança. Risco.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
BIOSSEGURANÇA E SUAS INTERFACES

Contextualização ______________________________________________ 13

Histórico Da Biossegurança ____________________________________ 14


A Importância Da Biossegurança: Definição _____________________ 17

A Importância Da Biossegurança: Aplicabilidade ________________ 19

Biossegurança E Legislação Aplicada ____________________________ 21

Aplicação Da Biossegurança Em Unidades De Terapia Intensiva _ 24


Recapitulando _________________________________________________ 29

CAPÍTULO 02
SEGURANÇA DO TRABALHO E BIOSSEGURANÇA

Segurança Do Trabalho E Sua Contextualização __________________ 32

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Segurança Do Trabalho E Acidente De Trabalho ___________________ 35

Normas Regulamentadoras ___________________________________ 37

Segurança Do Trabalho Em Espaço De Saúde ______________________ 42

Recapitulando _________________________________________________ 48

CAPÍTULO 03
BIOSSEGURANÇA E RESÍDUOS

Gerenciamento De Resíduos De Serviços De Saúde ______________ 51

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Aspectos Sanitários Dos Resíduos De Biossegurança ____________ 56

Recapitulando __________________________________________________ 64

Fechando a Unidade ____________________________________________ 67

Referências ____________________________________________________ 70
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O tema Biossegurança, para o profissional de Unidades de Te-
rapia Intensiva, é bastante desafiador, uma vez que abarca processos
funcionais e operacionais em serviços de saúde, nos quais encontram-
-se não somente trabalhadores, mas usuários e demais interfaces em
saúde. Assim, a atuação responsável do profissional atuante em Unida-
des de Terapia Intensiva é imprescindível. Esta temática relaciona-se ao
cumprimento de legislação específica e demais métricas do tema.
Neste material, além do tema mencionado acima, você aces-
sará a importância da biossegurança e a sua aplicabilidade, em espe-
cial na atuação em Unidades de Terapia Intensiva, a importância e a
aplicação das medidas de segurança e dos aspectos ambientais em
serviços de saúde. Compreenderá mais sobre medidas de proteção e
ações de preventivas em UTI’s, reconhecerá a importância da gestão
de resíduos de saúde e condições de infraestrutura em UTI’s.
Dentro desta perspectiva o objetivo desse Caderno é propiciar
a você o conhecimento acerca de alguns dos aspectos técnicos que
abarcam a Gestão de Biossegurança em UTI, bem como possui como
finalidade demonstrar a aplicação dos conceitos de biossegurança.
Para tanto, discutiremos alguns conceitos seminais que esclarecerão
estas temáticas em seus diferentes contextos de aplicação.
O Capítulo 1 discorre sobre a temática contextualizada da bios-
segurança em toda sua complexidade quanto a desafios e aplicação.
Neste, a biossegurança é apresentada como processos funcionais e
operacionais de relevante impacto aos serviços de saúde. Neste viés
são discorridos os seguintes temas: definição, histórico, terminologia e
aplicabilidade do tema e sua relação com o ambiente de trabalho.

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O Capítulo 2 ocupa-se em desenvolver a temática da segurança
do trabalho e sua contextualização frente à biossegurança, proporcionando
uma visão geral em segurança de colaboradores e espaços e serviços re-
lativos à saúde e, assim, contribuir à redução de riscos em tais ambientes,
bem como limitar as consequências decorrentes de um eventual acidente.
E, para finalizar o nosso Caderno, o Capítulo 3 desenvolve-
rá o tema “biossegurança e resíduos” sob o viés do gerenciamento de
resíduos de serviços de saúde. Neste, destaca-se que a geração de
resíduos, atualmente, representa um desafio ambiental, econômico e
social, com destaque à sua geração e seu gerenciamento em centros
urbanos. Aspectos como volume de geração, inadequado descarte, po-
dem expor a riscos à população, bem como comprometer os recursos
naturais e a qualidade de vida da sociedade.
Assim, através dessa produção será possível compreender me-
lhor a relevância da Biossegurança. Leia cada capítulo com muita atenção,
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faça as questões para avaliação, para assim compreender o tema Biosse-
gurança, bem como realizar um bom proveito do estudo desta área.
Desejamos bons estudos e sucesso na sua vida acadêmica!
Profª Giselly Santos Mendes
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BIOSSEGURANÇA E SUAS
INTERFACES

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CONTEXTUALIZAÇÃO

A temática biossegurança e toda sua complexidade é bastante


desafiadora, visto que implica em processos funcionais e operacionais
de relevante impacto aos serviços de saúde. Frente a isso, é oportuno o
estudo sobre definição, histórico, terminologia e aplicabilidade do tema
biossegurança e sua relação com o ambiente de trabalho.
Sob este viés, o estudo em relação à saúde e ao trabalho tem
seu início em 1700, Hinrichsen (2014) aponta que doença e trabalho
constituem uma antiga e histórica relação, sendo esta, desde então,
uma inquietante preocupação que evoluiu ao longo do desenvolvimento
da sociedade e de suas formas de trabalho.
Foi a partir da Revolução Industrial que a atuação médica se
1313
amplia no ambiente laboral. Em especial pelo surgimento, em 1830, da
medicina do trabalho, como resposta à crescente onda de problemas
de saúde associados às atividades laborais. Desde então, mostra-se
premente a atuação da medicina frente às doenças ocupacionais e ao
trabalho (HINRICHSEN, 2014).

A primeira obra escrita e orientada ao estudo de doenças


decorrentes do trabalho foi escrita em 1830 por Charles Thackrah,
intitulada originalmente como “The Effects of the Principal Arts,
Trades and Professions, and of Civic States and Habits of Living,
on Health and Longevity with Suggestions for the Removal of Many
of The Agents which Produce Diseaseand Shorten the Duration of
Life”, em português “Os efeitos das principais artes, ofícios e pro-
fissões, bem como do estado civil e dos hábitos de vida, na saúde
e longevidade, com sugestões para a eliminação de muitas das
causas que produzem doença e reduzem a esperança de vida”.

Como comentado anteriormente, o modelo de atenção médica


ante a temática saúde e trabalho, de forma exponencial, alterou sua atua-
ção e concepção. Passando-se a observar a transição do estudo centrado
nas causas laborais decorrentes dos ambientes laborais, ao estudo das
múltiplas formas de relacionamento entre saúde e trabalho que levam a
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ocorrência desses. Ou seja, lança-se um novo olhar sobre ambientes/


espaços de trabalho, bem como sobre os agentes nestes presentes.

HISTÓRICO DA BIOSSEGURANÇA

Di Ciero (2006), em seu estudo sobre Biossegurança, indicou


os seguintes fatos históricos como precursores da atual Biossegurança:
O histórico da biossegurança remonta os primeiros casos de
infecções laboratoriais em 1941. Ano no qual Meyer e Eddie publicaram
um estudo descrevendo a ocorrência de casos de brucelose associados
a laboratório, através deste concluíram que a manipulação e a conse-
quente inalação de poeira contendo a bactéria Brucella foram aponta-
das como as causas de tal contaminação. Tais fontes foram atribuídas
devido à falta de cuidados ou manuseio inadequado.
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Em 1949 é publicado um estudo realizado por Sulkin e Pike,
este objetivava desenvolver e apresentar os resultados de pesquisas
sobre infecções associadas ao trabalho em laboratórios. Estes quantifi-
caram 222 infecções virais, sendo 21 fatais. A provável fonte de infecção
foi associada ao manuseio inadequado de animais e tecidos infectados.
Os pesquisadores anteriores, em 1951, identificaram outros
1.342 casos de infecções em laboratórios, tais como: brucelose, tuber-
culose, tularemia, tifo e infecção estreptocócica. Constatando que as
infecções relatadas associavam-se a acidentes durante o manuseio de
pipetas, seringas e agulhas.
Os anos seguintes observaram o crescente desenvolvimento
da área, estes e os fatos acima mencionados são sumarizados no Qua-
dro 1, a seguir.

Quadro 1 – Histórico da Biossegurança


Ano Evento
Primeiro estudo relatando a conta-
1941 minação pela bactéria Brucella, de-
vido à falta de cuidado no manuseio.
Abertura de primeira instalação (EUA) de-
1943
dicada ao estudo de agentes biológicos.
Primeira pesquisa sobre infecções as-
1949
sociadas ao trabalho em laboratórios.
Pesquisas sobre infecções asso-
1951 ciadas ao manuseio e uso de ins-
trumentação em laboratórios.
Desenvolvida a classificação de ris-
1970

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co para agentes etiológicos (CDC).
Intensificam-se a precaução e estudos so-
1980
bre a manipulação de fluídos corpóreos.
Primeiro Workshop de Bios-
1984
segurança em Laboratório.
A nível Brasil é realizado o pri-
1986 meiro levantamento de ris-
cos em laboratórios pela Fiocruz.
Biossegurança relacio-
1990
nada ao estudo do DNA.
Promulgação da Lei de Bios-
1995
segurança nº 8.974.
Promulgada a Lei nº 11.105, a qual revogou
2005 a Lei nº 8.974. Nesta se estabelecem nor-

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mas de segurança e mecanis-
mos de fiscalização para ativida-
2005
des que envolvam organismos ge-
neticamente modificados (OGM).
Criação do Conselho Nacional de
Biossegurança; Comissão Técni-
2005
ca Nacional de Biossegurança; Po-
lítica Nacional de Biossegurança.
Fonte: Baseado em Di Ciero (2006).

A Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz – trata-se de uma ins-


tituição de ciência e tecnologia em saúde, cujos principais valores
referem-se ao direito à saúde e ampla cidadania. O objetivo da Fio-
cruz é produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tec-
nologias que fortaleçam e consolidem a atuação do Sistema Único
de Saúde (SUS). Sua atuação também visa contribuir à melhoria da
saúde e da qualidade de vida da população brasileira, bem como à
redução da desigualdade social. Em seu site possui muitas e valio-
sas informações. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/>.

Em 2005 aprova-se a Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32)


que discorre sobre a segurança e a saúde no trabalho e em estabele-
cimentos de saúde. Esta NR estabelece as diretrizes básicas para a
implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos
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trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem


atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
No Brasil, a biossegurança, legalmente encontra-se configura-
da para atendimento de processos e atividades que envolvam organis-
mos geneticamente modificados, em conformidade à Lei de Biossegu-
rança. Esta prevê os requisitos legais à prática e fiscalização de ações
relacionadas ao cultivo, manipulação, transporte, comercialização, con-
sumo, liberação e descarte de organismo geneticamente modificado.
Bem como o foco sob os riscos decorrentes das técnicas de manipula-
ção de organismos geneticamente modificados (HINRICHSEN, 2014).
O órgão responsável por regular este regramento, atualmente, é a Co-
missão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
A simbologia da biossegurança representa o risco biológico,
tal signo foi desenvolvido em 1956 por Charles Baldwin. Tal simbologia
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visa, assim, padronizar a forma de identificação de agentes biológicos
de risco. Na Figura 1 apresenta-se o signo que representa a criticidade
da biossegurança.

Figura 1 – Símbolo Internacional de Biossegurança

Fonte: Jenson (2021).

A IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÃO

O termo biossegurança é conhecido desde 1970, sendo seu


significado relacionado à prática preventiva e de contenção em nível
laboratorial, observando-se agentes patogênicos ao homem. Somente
em 1980 é que organismos internacionais incorporaram os riscos quími-
cos, físicos, radioativos e ergonômicos (CORINGA, 2010).

A descoberta dos agentes microbianos emprestou a todas as áreas do co-


nhecimento em Saúde uma modificação da compreensão da correlação en-
tre causa e efeito. Na esfera do trabalho, tornou-se predominante a busca de
riscos que respondessem por distúrbios específicos, que correspondessem

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a situações de perigo, localizadas no ambiente físico, que desconsideravam
o trabalho humano enquanto dimensão biopsicossocial e que possibilitavam
configurar o centro das atenções fabris sobre equipamentos, máquinas e ma-
térias-primas, ou seja, o ambiente produtivo (HINRICHSEN, 2014, p. 2).

Desde então, observa-se a evolução tecnológica da área em


termos de estudos, pesquisas, métodos, tecnologias orientadas à iden-
tificação e atuação sobre as causas de doenças. Dentre estas, consta a
Biossegurança, tema central de nosso estudo.
O estudo da biossegurança abarca desde questões relaciona-
das ao emprego de organismos geneticamente modificados e células
tronco (pesquisa e terapia), até questões relacionadas à segurança de
trabalhadores do setor da saúde em seus diversos ambientes de atua-
ção. Dada a importância deste tema, muito se discute e normatiza em
relação às atribuições e responsabilidades de seus principais atores,
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como organismos internacionais, governos, gestores e colaboradores
de sistemas de saúde.
Segundo Hinrichsen (2014), biossegurança compreende o
conjunto de ações orientadas à prevenção, minimização ou eliminação
de riscos inerentes em atividades de pesquisa, produção, ensino, de-
senvolvimento tecnológico e prestação de serviços que possam com-
prometer a saúde humana, animal, ambiental, bem como a qualidade
das atividades desenvolvidas.

A biossegurança pode ser aplicada a qualquer local cujos


aspectos e variáveis possam incorrer em riscos ao ser humano.
Por isso, também a relacionam à toda ação (medida) que observe a
segurança no manejo de produtos/insumos, técnicas e tecnologias
biológicas, com vista a prevenir acidentes em meios ocupacionais.

De forma complementar, apresenta-se a definição de Coringa


(2010) para a biossegurança como o conjunto de medidas necessárias à
manipulação de agentes biológicos, químicos, genéticos e físicos. Ainda,
conforme Coringa (2010), tais medidas visam prevenir a ocorrência de aci-
dentes, bem como reduzir os riscos inerentes às atividades desenvolvidas.
Logo, a aplicação do termo biossegurança relaciona-se à con-
duta e práticas, e processos desenvolvidos e empregados em ambien-
tes como laboratórios (químicos, biológicos, de análises clínicas, de
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saúde pública, biotecnológicos), indústrias, hospitais, hemocentros, ins-


tituições de ensino e centros de pesquisa em saúde (CORINGA, 2010).
O Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde
(BRASIL, 2006) contextualiza a aplicação da biossegurança voltada ao
fornecimento de ferramentas, aos profissionais e instituições, que pro-
movam o desenvolvimento de atividades seguranças voltadas ao pro-
fissional de saúde, meio ambiente ou comunidade. Definindo, assim,
biossegurança como a condição de segurança alcançada por ações
preventivas, de controle, de redução ou eliminação de riscos que com-
prometam a saúde humana, animal, vegetal e o ambiente.
Por isso, é relevante o estudo da biossegurança, visto que esta
se revela estratégica em termos de pesquisas e desenvolvimento, no
que tange os efeitos adversos da tecnologia à saúde.

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Biossegurança compreende o conjunto de ações que vi-
sam prevenir, controlar, mitigar ou eliminar riscos inerentes às
atividades que interfiram ou comprometam a qualidade de vida, a
saúde humana e o meio ambiente (BRASIL, 2010).

Atualmente, a biossegurança possui status de “agregado”, pois


pode ser relacionada à qualquer atividade, desde que esta seja asso-
ciada ao risco à saúde humana. Logo, qualquer profissional pode de-
senvolver atividades nesse tema, desde que se observem os espaços e
aspectos legais (HINRICHSEN, 2014).
O estudo da biossegurança relaciona-se a três aspectos cen-
trais: tecnologia, risco e fator humano (homem), sendo estes discutidos
e relacionados pelos diferentes autores da temática. Em todas as abor-
dagens observa-se que o risco interrelaciona-se com os demais fatores,
o que justifica seu controle em termos de ações que desenvolvam e di-
vulguem informações a todas as partes interessadas, como profissionais,
pacientes e meio ambiente. Sendo o exposto representando na Figura 2.

Figura 2 – Interações de Biossegurança

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Fonte: Baseado em Coringa (2010); Hinrichsen (2014).

A IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA: APLICABILIDADE

A biossegurança relaciona-se a aplicações em diferentes am-


bientes que demandam a segurança de trabalhadores do setor da saú-
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de. Podendo estes atuar em hospitais, clínicas, unidades de saúde e
demais ambientes que ofereçam riscos à saúde humana.

Neste viés, convém destacar que o foco em biossegurança


vai além da área de pesquisa genética, laboratórios e estabeleci-
mentos de saúde, aqui são incluídos os ambientes odontológicos.
Em suma, atente que toda atividade laboral na qual houver presen-
ça de agentes biológicos (bactérias, vírus, príons, parasitas e fun-
gos) relaciona-se à biossegurança. Além disso, em todas as situa-
ções citadas, além do risco biológico relacionado à biossegurança,
também se apresentam os riscos químicos, físicos e ergonômicos.

De acordo com Hinrichsen (2014), a biossegurança pode ser


aplicada nos seguintes contextos:
- Como módulo, visto que não se limita a uma área de aplicação,
ou seja, a interdisciplinaridade que possui lhe permite circular por diferen-
tes áreas, mas que convergem quanto à atenção a saúde humana;
- Como processo, visto que atua como uma atividade que de-
senvolve a aquisição de conteúdos e habilidades relacionados à preser-
vação da saúde humana, animal e ambiental;
- Como conduta, visto que compreende conhecimentos, hábitos,
comportamentos e sentimentos que devem ser incorporados ao homem
(profissional) para que este desenvolva de forma segura sua atividade.
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Atente que a biossegurança também abrange outros ambien-


tes como: indústrias, hospitais, laboratórios (saúde pública, análises
clínicas), hemocentros, instituições de ensino, entre outros. Estes po-
dem envolver processos que apresentem risco biológico. Logo, também
demandam ações preventivas no que tangem os riscos associados a
outros tipos de agentes, como químicos, físicos e ergonômicos.
Logo, esta é percebida fortemente relacionada à saúde do tra-
balhador (saúde ocupacional), bem como à prevenção de acidentes
biológicos. Com maior frequência, seu campo de atuação volta-se para
processos e riscos tradicionais, representando uma relevante ferramen-
ta para que os profissionais exerçam suas atividades com segurança
(HINRICHSEN, 2014).
Não obstante, cumpre comentar que a biossegurança possui
uma amplitude de atuação que vai além da relação a atividades labo-
rais em ambientes com riscos biológicos ou questões genéticas. Esta
20
também relacionando-se a questões governamentais, produção de ali-
mentos, segurança biológica e proteção da população como um todo.

BIOSSEGURANÇA E LEGISLAÇÃO APLICADA

O atendimento da legislação é a forma pela qual os regramen-


tos estabelecidos são cumpridos. Do ponto de vista da biossegurança,
compreende a forma legal pela qual os requisitos de segurança são
observados frente aos trabalhadores de saúde, pacientes, comunidade
e meio ambiente.
Segundo Hinrichsen (2014, p. 45):

A saúde do trabalhador constitui uma área da saúde pública tendo como


objetivo de estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. Tem
o objetivo de promover a proteção da saúde do trabalhador, por meio do de-
senvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e
condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização
e prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimen-
tos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de maneira integrada. A elimi-
nação ou a redução da exposição às condições de risco e a melhoria dos
ambientes de trabalho para a promoção e proteção da saúde do trabalhador
constituem um desafio que ultrapassa o âmbito de situação dos serviços de
saúde, exigindo soluções técnicas, às vezes complexas e de elevado custo.

No Quadro 2 é sumarizada a evolução dos regramentos relati-


vos à área da saúde.
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Quadro 2 – Evolução dos regramentos da área da saúde


Ano Evento
Surgimento da primeira lei orientada ao
conceito de risco profissional, ou seja,
toda a atividade profissional possui um
1919
risco. Surge aqui a comunicação de aci-
dente de trabalho, bem como o devido
pagamento (indenização) por este
Surgimento de Portaria que obriga a criação
de serviços médicos para os trabalhadores.
1972 Tal regramento foi elaborado em conformi-
dade a Recomendação nº 112/1959 da Or-
ganização Internacional do Trabalho.

21
Aprovação das Normas Regulamentado-
ras com vista à segurança e à medicina
do trabalho. A partir dessa, estabeleceu-
1978 -se a obrigatoriedade da existência de
serviços e programas relacionados à saú-
de e segurança no ambiente de trabalho,
como a CIPA.
Fonte: Baseado em Hinrichsen (2014).

As normas regulamentadoras (NR’s) foram aprovadas e insti-


tuídas pela Portaria nº 3.214, estas relacionam regramentos específicos
à segurança e medicina do trabalho.

A observância das NR’s é obrigatória por empresas priva-


das e públicas que estabeleçam e formalizem suas relações pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Dentre as atuais Normas Regulamentadoras a NR 32 – Se-


gurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde – compreende a
normativa que regulamenta a saúde e segurança dos profissionais da
área da saúde. Esta abarca os seguintes eixos de atenção: programas
específicos aos riscos, capacitação contínua dos trabalhadores e medi-
das de proteção contra riscos.
A implementação desta Norma Regulamentadora, assim como
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as demais, demanda mudanças que sustentem suas prerrogativas, com


destaque às comportamentais e culturais (HINRICHSEN, 2014).

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)


possui por objetivo conhecer e atuar (conforme suas atribuições)
sobre os riscos presentes no ambiente de trabalho. Bem como,
promover e solicitar medidas preventivas aos riscos existentes.

Atualmente, uma das principais normas aplicáveis ao escopo


da biossegurança, no Brasil, é a NR 32 ao assegurar a integridade física
22
e saúde do trabalhador. O atendimento aos requisitos da NR 32 resul-
ta, assim, em benefícios aos trabalhadores de saúde, como bem-estar,
produtividade, redução de riscos à saúde, mortalidade e absenteísmo.
Os riscos biológicos, físicos e químicos presentes no meio
hospitalar, em especial em Unidades de Terapia Intensiva, atuam como
catalisadores da insalubridade e da periculosidade presentes nesses
espaços. Podendo esses, quando não adequadamente controlados,
causarem acidentes, bem como contribuir ao surgimento de doenças
(HINRICHSEN, 2014).

Relação da Norma Regulamentadora NR 32 e Biossegurança

Quanto aos objetivos e campo de aplicação desta normativa,


destacam-se os seguintes pontos (BRASIL, 2019):
- Possui como finalidade estabelecer as diretrizes necessárias
à implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde de
trabalhadores e prestadores de serviços relacionados à área da saúde;

Para esta normativa, os serviços de saúde devem ser com-


preendidos como edificações destinadas à prestação de assistên-
cia à saúde da população.

- Por essa normativa, define-se risco biológico como a proba-


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bilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos. Sendo esses
caracterizados por microrganismos, geneticamente modificados ou não,
culturas de células, parasitas, toxinas e príons. Estando essa alinhada
às premissas da biossegurança.
Conforme a Norma Regulamentadora NR 32 (BRASIL, 2019),
a classificação dos agentes biológicos apresenta-se da seguinte forma:
- Classe de risco 1: baixo risco (individual e coletivo), com bai-
xa probabilidade de causar doença ao ser humano;
- Classe de risco 2: risco individual moderado, com baixa pro-
babilidade de disseminação à coletividade. Podendo causar doenças ao
ser humano que possuem profilaxia ou tratamento;
- Classe de risco 3: risco individual elevado, com probabilidade
de disseminação à coletividade. Podendo causar doenças e infecções
graves ao ser humano, mas que possuem profilaxia ou tratamento;
23
- Classe de risco 4: risco individual elevado, com probabilidade
elevada de disseminação à coletividade. Apresentando grande poder de
transmissibilidade. Podendo causar doenças graves ao ser humano, e
para as quais não existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
- Ações adicionais relacionadas à saúde e segurança de traba-
lhadores são previstas e adequadas aos seguintes programas: Progra-
ma de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA e Programa de Con-
trole Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. Por exemplo: a inclusão
de atividades desenvolvidas pela Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar – CCIH;
- Obrigatoriedade do empregador em elaborar e implementar um
Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com materiais perfurocortan-
tes. Bem como promover e observar a vacinação de seus trabalhadores;
- No que tange os riscos químicos, esta normativa abrange as
características das embalagens dos produtos químicos empregados
durante a atividade laboral. Observando, assim, os devidos cuidados
de manuseio que possam comprometer a segurança e saúde dos tra-
balhadores envolvidos. Devem ser observadas medidas de proteção e
capacitação relacionadas a gases medicinais; medicamentos e drogas
de risco; gases e vapores anestésicos;
- Esta normativa trata das radiações ionizantes via Plano de Pro-
teção Radiológica – PPR. Contudo, isso não desobriga o empregador a
observar as disposições estabelecidas em regramentos específicos ao
tema, como os definidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear –
CNEN e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA;
- No que tange a gestão de resíduos, tal normativa prevê as
obrigações do empregador quanto à capacitação, critérios de acondicio-
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

namento, segregação, transporte e destinação;


- Outras medidas previstas por esse regramento dão conta das
condições de conforto por ocasião das refeições, das lavanderias, da
limpeza e conservação; da manutenção de máquinas e equipamentos
envolvidos em espaços nos quais sejam realizadas atividades laborais
relacionadas aos serviços de saúde;
- Determina que os serviços de saúde devem atender às con-
dições de conforto relacionadas aos níveis de: ruído, iluminação, termo-
metria, limpeza e conservação.

APLICAÇÃO DA BIOSSEGURANÇA EM UNIDADES DE TERAPIA IN-


TENSIVA

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) caracteriza-se como uma


24
unidade complexa voltada à monitoração de pacientes graves, na qual
os profissionais de saúde estão potencialmente expostos a vários riscos
de acidentes.
Profissionais da área da saúde constantemente e rotineiramen-
te estão expostos a múltiplos riscos em seu exercício laboral. Sendo
estes os riscos biológicos, físicos, químicos, ergonômicos e psicosso-
ciais. Logo, compreender a dinâmica do trabalho, bem como os fatores
relacionados à prática profissional, é relevante no âmbito do exercício
profissional em Unidades de Terapia Intensiva.
Atente que este profissional está constantemente em contato
com as diversas situações de risco. Como as decorrentes do manuseio
de materiais perfurocortantes e biológicos. E a adoção de medidas de
biossegurança é crucial à prevenção de possíveis contaminações.
Conforme Correa e Donato (2012), a UTI é um espaço no qual
ocorrem muitos acidentes com perfurocortantes. Estes ainda destacam
que muitos dos acidentes ocorrem, pois os profissionais envolvidos se
descuidam em decorrência da prestação de assistência ininterrupta du-
rante 24 horas por dia (intenso ritmo de trabalho). Bem como, serem
responsáveis pela execução de, aproximadamente, 69% das ações de
saúde e manterem maior contato físico e exposição.
Profissionais da área da saúde constantemente expõem-se
aos riscos de adquirir infecções transmitidas por patógenos veiculados
pelo sangue ou líquidos corpóreos durante a realização de suas ativida-
des laborais. Em UTI’s, tais riscos são maiores, dada a criticidade que
tal espaço possui. Também, neste são realizadas ações que demandam
o manuseio de material biológico, o que, consequentemente, incremen-
ta o seu risco de exposição (BONINI; ZEVIANI; CANINI, 2009).

GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

Devido à possibilidade de contaminação por agentes in-


fecciosos, como medida preventiva, recomenda-se que profissio-
nais da saúde, no exercício de suas atividades laborais, adotem
medidas de biossegurança, especialmente os que trabalham em
áreas insalubres, como unidades de terapia intensiva.

Assim, a temática da biossegurança na área da saúde requer


reflexão, com destaque ao trabalho em áreas críticas que, por sua ca-
racterística, contribuem a ocorrência de acidentes e, consequentemen-
te, ao surgimento de doenças.
25
Logo, a biossegurança, para o profissional de Unidade de Te-
rapia Intensiva, é um aspecto crítico, visto que envolve processos em
serviços de saúde, que ocorrem em uma área relevante na qual intera-
gem pacientes e profissionais.

Planejamento de Unidades de Terapia Intensiva

Como já discutido, a Unidade de Terapia Intensiva visa oferecer


suporte avançado à vida de pacientes criticamente doentes, destinan-
do-se à internação de pacientes instáveis e com elevado potencial de
gravidade. Caracterizando-se como um ambiente de alta complexidade,
reservado ao completo monitoramento e acompanhamento 24 horas.
Conforme Saraiva (2004), a Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
é caracterizada pelo conjunto de equipamentos funcionalmente agrupa-
dos, destinados ao atendimento de pacientes críticos, atendidos ininter-
ruptamente por uma equipe multiprofissional especializada que opera
com equipamentos específicos destinados ao diagnóstico e tratamento.
Esses devem estar dispostos em uma estrutura física própria e ade-
quada, e assim atender com qualidade e segurança os clientes e suas
patologias. A Figura 3, a seguir, exemplifica uma UTI.

Figura 3 – Exemplo de Unidade de Terapia Intensiva


GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

Fonte: Dias (2021).

Knobel (2010) em seus estudos destaca que a UTI deve pos-


suir uma área específica com capacidade de leitos entre 6% e 10 % do
total de leitos existentes. Sendo seu espaço físico compreendido por 9
a 10 m2 por leito, bem como possuir iluminação adequada, gerador pró-
prio, ambiente climatizado, e visualização permanente dos pacientes.
Logo, as Unidades de Terapia Intensivas devem possuir proje-
tos que considerem e otimizem seu ambiente físico, em termos de equi-
26
pamentos e segurança de pacientes e profissionais. Ou seja, devem
ser planejadas de forma a prover o atendimento de pacientes graves
ou de risco. Tal planejamento é essencial, visto que será a partir de sua
estruturação que a rotina de trabalho será organizada.
Em seu estudo sobre organização e funcionamento de UTI’s,
Knobel e Kuhl (1998) destacam que o dimensionamento de UTI’s deve
considerar o número de profissionais envolvidos, sua locomoção dentro
da unidade, equipamentos e mobília utilizados. Tal posicionamento é re-
levante, pois auxiliará na assertiva definição e instalação de fontes de
energias (tomadas), iluminação, saída de gases e demais equipamentos.
Estes, ainda, asseveram a necessidade da presença de profis-
sionais especializados no planejamento de suas estruturas, pois estes
conhecem a funcionalidade do espaço e, assim, adequam suas estru-
turas ao menor custo. Assim como exemplificado na Figura 4, em que
se pode observar a estrutura de uma UTI, em seus pontos de acesso,
organização, monitoração e circulação.

Figura 4 – Exemplo de UTI

GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS


Fonte: Basheer (2021).

O adequado dimensionamento e planejamento do espaço da


Unidade de Terapia Intensiva contribui ao adequado e eficaz atendi-
mento de pacientes, bem como ao trabalho de profissionais da saúde.
Pois um ambiente funcionalmente adaptado contribui à minimização de
riscos e incrementa produtividade do espaço de seus profissionais.
Dentre os aspectos a serem pontuados, recomenda-se a ava-
liação de todas as características da UTI, tais como: serviços ofertados,
critérios de admissão e alta, demanda e taxa de ocupação, recursos
humanos (equipe médica, enfermagem, fisioterapia, farmácia, nutrição,
psicologia, entre outras) e serviços de apoio (laboratórios, radiologia,
etc.) (KNOBEL; 2010).
De forma complementar, Saraiva (2004) também pontua que a
27
localização de UTI’s deve ocupar uma área distinta, sendo necessário
observar seus acessos quanto aos elevadores de serviço e de emer-
gência, ao centro cirúrgico, a sala de recuperação pós-anestésica, a
unidade de emergência, unidades de intermediárias (semi-intensivas),
serviços de laboratório e radiologia.
De forma complementar, a Resolução – RDC 50/2002 dispõe
sobre o Regulamento Técnico específico e orientado ao planejamento,
programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabele-
cimentos assistenciais de saúde. Bem como, a Portaria nº 1.884/1994
prevê que o projeto físico de estabelecimentos assistenciais de saúde
deve atender as determinações estabelecidas em códigos, leis e nor-
mas relacionadas, observando aspectos como acessibilidade, qualida-
de e complexidade tecnológica.
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28
CAPÍTULO 1
TREINOS INÉDITOS
QUESTÃO 1
Indique a alternativa adequada, o risco químico relaciona-se a:
a) radiações ionizantes.
b) uma classe especial de risco biológico.
c) embalagens de produtos.
d) forma de organização do espaço de saúde.
e) postura laboral.

QUESTÃO 2
Em risco biológico, qual o tipo de risco é o risco individual eleva-
do, com probabilidade de disseminação à coletividade, podendo
causar doenças e infecções graves ao ser humano, mas que pos-
suem profilaxia ou tratamento?
a) Classe de risco 1
b) Classe de risco 2
c) Classe de risco 3
d) Classe de risco 4
e) Classe de risco 5

QUESTÃO 3
Em risco biológico, qual o tipo de o risco que é baixo risco (indivi-
dual e coletivo), com baixa probabilidade de causar doença ao ser
humano?
a) Classe de risco 1

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b) Classe de risco 2
c) Classe de risco 3
d) Classe de risco 4
e) Classe de risco 5

QUESTÃO 4
Em risco biológico, qual o tipo de risco que é o risco individual mo-
derado, com baixa probabilidade de disseminação à coletividade,
podendo causar doenças ao ser humano que possuem profilaxia
ou tratamento?
a) Classe de risco 1
b) Classe de risco 2
c) Classe de risco 3
d) Classe de risco 4
e) Classe de risco 5
29
QUESTÃO 5
Em risco biológico, qual o tipo de risco é o risco individual ele-
vado, com probabilidade elevada de disseminação à coletividade,
apresentando grande poder de transmissibilidade?
a) Classe de risco 1
b) Classe de risco 2
c) Classe de risco 3
d) Classe de risco 4
e) Classe de risco 5

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Basicamente, todos os ambientes de trabalho fornecem riscos aos seus
trabalhadores, sendo um destes riscos, os biológicos, que além de se-
rem nocivos à saúde de trabalhadores, também podem afetar o ambien-
te e terceiros e um dos meios de prevenção deste risco é a biossegu-
rança. Neste viés, disserte sobre a importância da biossegurança em
unidades de terapia intensiva.

NA MÍDIA
O QUE É BIOSSEGURANÇA E POR QUE É TÃO IMPORTANTE?
O Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho (SmartLab) de-
monstra que as Atividades de atendimento hospitalar e Atividades de
atenção ambulatorial executadas por médicos e odontólogos fazem par-
te do ranking das 10 atividades mais críticas que registram acidentes
de trabalho por agente biológico no Brasil, no período de 2015 a 2018.
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

Fonte: OnSafety
Data: 29 jun. 2020.
Leia a notícia na íntegra: Disponível em: <https://onsafety.com.br/o-que-
30
-e-biosseguranca-e-porque-e-tao-importante/>. Acesso em: 29 jun. 2021.

NA PRÁTICA
A relação da biossegurança com a Segurança e Saúde do Trabalho é perti-
nente para prevenir acidentes de trabalho, visto que se trata de um conjun-
to de medidas para eliminar ou amenizar um risco ocupacional e são os tra-
balhadores da área da saúde que ficam diretamente expostos a este risco.
Do ponto de vista da saúde ocupacional, os acidentes mais comuns nesta
área são cortes ou perfurações e caso o ferimento entre em contato com
um agente biológico uma contaminação pode acontecer com o profissional
da saúde. Acidentes de trabalho que podem ser evitados com a implanta-
ção de práticas relacionadas com a Segurança e Saúde do Trabalho.
Como qualquer outra medida de segurança, a Biossegurança evita aci-
dentes dos mais diversos tipos, desde o simples uso dos EPI’s evitando
a contaminação ao descarte correto de resíduos evitando contaminação
de terceiros e do ambiente em torno do hospital, por exemplo.
Reduzir os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos é essencial
nestes casos, ainda mais se levarmos em conta os tipos de materiais e
de reagentes que eles utilizam em suas rotinas e ambientes de trabalho.
A Segurança do Trabalho destes ambientes depende da adoção e do
cumprimento das normas de Biossegurança, e são os técnicos e enge-
nheiros de segurança que, com base na identificação prévia dos riscos,
recomendam e aplicam essas normas. Além disso, é necessário plane-
jar um conjunto de treinamentos periódico de todos os trabalhadores
sobre os procedimentos de biossegurança.
Fonte: OnSafety
Data: 29 jun. 2020.

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Leia a notícia na íntegra: Disponível em: <https://onsafety.com.br/o-que-
-e-biosseguranca-e-porque-e-tao-importante/>. Acesso em: 29 jun. 2021.

PARA SABER MAIS


Título: INDUSTRIALIZAÇÃO, MEIO AMBIENTE, INOVAÇÃO E COM-
PETITIVIDADE
LUSTOSA, M. C. J. Industrialização, Meio Ambiente, Inovação e Com-
petitividade. In: MAY, P. H.; LUSTOSA, M. C.; VINHA, V. (organizado-
res). Economia do Meio Ambiente – Teoria e Prática. 3. ed. Rio de Ja-
neiro: Elsevier, p. 155-172, 2003.

Título: SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO


OLIVEIRA, C. L.; PIZA, F. T. (Org.). Segurança e saúde no trabalho. São
Caetano do Sul: Difusão Editora, 2016.

31
SEGURANÇA DO TRABALHO E
BIOSSEGURANÇA
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

SEGURANÇA DO TRABALHO E SUA CONTEXTUALIZAÇÃO

O termo segurança possui sua origem no latim securitas, que


significa “qualidade do que é seguro”, ou seja, aquilo que possui a na-
tureza ou se encontra protegido contra o perigo, dano ou risco (DAMÁ-
SIO, 2014). Em contrapartida confrontamo-nos com a constante pre-
mência da produtividade, a qual, muitas vezes, segue na contramão
da segurança. Ou seja, observa-se a preocupação com a produção,
desconsiderando-se o risco ao qual o colaborador encontra-se exposto.
Como elemento necessário ao sucesso organizacional, o capi-
tal humano inspira atenção para que proporcione seu nível máximo de
produtividade. Logo, neste viés, o tema segurança do trabalho deve ser
aspecto constante na rotina profissional, especialmente em atividades
3232
relacionadas à área da saúde, cujas atividades e contato com diferentes
patologias fazem-se presentes rotineiramente.
É importante destacar que a segurança deve ir além das ativi-
dades internas dos procedimentos de saúde, devendo abarcar também
aspectos de segurança em todas suas interfaces, como a biossegurança.
Sendo assim, o objetivo deste capítulo é proporcionar uma vi-
são geral em segurança de colaboradores e espaços e serviços relativos
à saúde e, assim, contribuir à redução de riscos em tais ambientes, bem
como limitar as consequências decorrentes de um eventual acidente.

A prática de segurança do trabalho sempre deve ser estru-


turada, conduzida e acompanhada por um profissional devidamen-
te capacitado e habilitado. Tais cuidados podem ser conduzidos e
atendidos com a implantação de programas de saúde e segurança
por meio de equipe multidisciplinar especializada.

A preocupação e estudos relacionados a acidentes e doenças


relacionadas ao exercício laboral é antiga. No século IV a.C, já são en-
contrados relatos médicos seminais relacionados a moléstias que aco-
metiam mineiros e metalúrgicos. Mas foi somente com o advento da
Revolução Industrial (fim do século XVIII), e com o desenvolvimento da
mecanização (máquinas de tecelagem, movidas a vapor), que a inci-
dência de acidentes de trabalho aumentou (MIRANDA, 1998).
Ainda, de acordo com este autor, os processos produtivos, an-
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS
tes manuais, passaram a ser desenvolvidos em ambientes mal estrutu-
rados, pouco ventilados, com elevados índices de ruídos e em máqui-
nas sem qualquer aspecto de proteção. Nestes, mulheres, homens e
principalmente crianças foram as grandes vítimas.
A partir da Revolução Industrial os problemas relacionados à saú-
de intensificaram-se, bem como se elevaram a ocorrência de acidentes
relacionados às novas tecnologias e trabalho mecanizado decorrentes do
movimento. A falta de treinamento, as longas jornadas de trabalho e o em-
prego de mão de obra infantil contribuíram para este cenário (MIRANDA,
1998; GONÇALVES, 2008). A imagem, a seguir, sumariza o momento des-
crito acima: uma criança no ambiente industrial nos Estados Unidos.

33
Figura 5 – Trabalho infantil

Fonte: Hine (2021).

O processo de industrialização, no Brasil, foi impulsionado du-


rante a 2º Guerra Mundial, contudo a situação do trabalhador brasileiro
não foi diferente, ou seja, as condições laborais também se mostraram
inadequadas, o que matou e mutilou muitos trabalhadores brasileiros.
De forma a melhorar as condições de saúde e trabalho, no
Brasil, a partir da década de 30, muitas leis sociais foram criadas, den-
tre estas, destaca-se a formação e estruturação da CIPA – Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes, relevante instrumento no que tange
a segurança e proteção no trabalho (SALIBA; PAGANO, 2009).
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A busca por direitos no Brasil é anterior à industrializa-


ção do país. Antes, os trabalhadores buscavam direitos conside-
rados, atualmente, como básicos, tais como: descanso semanal
remunerado, jornada semanal de 48 horas de trabalho, igualdade
de direitos para a mulher trabalhadora, assistência médica e apo-
sentadoria, indenização por acidente de trabalho (MIRANDA, 1998;
SALIBA, 2008).

A partir da década de 50, com a industrialização brasileira, sur-


gem os primeiros médicos da empresa, com atuação direcionada à ma-
nutenção das linhas de produção através de trabalhadores saudáveis e
aptos, devendo afastar aqueles que sofriam de algum mal ou sequelas
de acidentes (SALIBA; PAGANO, 2009). Logo, neste período, pouco ou
quase nada se fazia de forma prevencionista, pois a única preocupação
relacionava-se a perda de disponibilidade laboral e aos prejuízos decor-
34
rentes de acidentes ao empregador.

SEGURANÇA DO TRABALHO E ACIDENTE DE TRABALHO

Uma vez compreendida a importância da biossegurança, e sua


relevância à saúde de suas interfaces. Bem como, trata-se de uma área
na qual se observa um elevado índice de acidentes.

Dados do Anuário Estatístico da Previdência Social, publi-


cado em 2017, demonstraram que, entre os anos de 2012 e 2016,
foram registrados no Brasil 3,5 milhões de casos de acidente de tra-
balho nos 26 estados e no Distrito Federal. Tais ocorrências resulta-
ram na morte de 13.363 pessoas, o que gerou um custo de R$ 22,171
bilhões para os cofres públicos com gastos como auxílio-doença,
aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente
para pessoas que ficaram com sequelas. Destaca-se que nos últi-
mos cinco anos, anteriores ao estudo em questão, 450 mil pessoas
sofreram fraturas enquanto trabalhavam no Brasil (BRASIL 2017).

O Artigo 19 da Lei n. º 8.213/1991 define acidente do trabalho


como aquele que ocorre durante o exercício do trabalho, a serviço da
empresa ou pelo exercício do trabalho em formato especial. Este deve
provocar, direta ou indiretamente, lesão corporal, doença ou perturba-
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ção funcional que cause a morte ou a perda, ou a redução, permanente
ou temporária da capacidade para o trabalho do empregado.
Para Gonçalves (2008), tal definição não é plenamente satis-
fatória, pois o acidente de trabalho também deve considerar as con-
sequências sobre o homem como lesões, perturbações ou doenças
ocupacionais. Assim, para este autor, a definição de acidente do tra-
balho compreende a ocorrência de eventos que possam interferir no
andamento normal da atividade laboral. Pois, além do homem, outros
aspectos de uma organização podem ser impactados, como: produção,
máquinas, ferramentas, equipamentos, tempo e demais recursos.
Para Araújo (2008, grifo nosso), considera-se acidente do tra-
balho quando uma das situações abaixo é constatada:
- Doença profissional, ou seja, aquela produzida ou desenca-
deada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade;
35
- Doença do trabalho, ou seja, aquela adquirida ou desenca-
deada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado,
e/ou com ele se relacione diretamente.
Equiparam-se também à classificação de acidente do trabalho,
segundo a Lei n. º 8.213/91, as seguintes situações:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou per-
da da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção
médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou com-
panheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por
motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negli-
gência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de
pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e
outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exer-
cício de sua atividade.
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para
lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da em-
presa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus pla-
nos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio
de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado.

Tanto nos estudos de Araújo (2008) quanto de Gonçalves


GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

(2008), são considerados fatores causadores de acidentes de trabalho


os seguintes pontos:
- Condição insegura inerente às instalações, como máquinas e
equipamentos;
- Ato inseguro, entendido como atitudes indevidas do elemento
humano;
- Fatores pessoais de insegurança, fatores pessoais (persona-
lidade) dos indivíduos que contribuem para a ocorrência de acidentes;
- Eventos catastróficos, como inundações, tempestades, (inde-
pendentemente da ação da empresa ou do empregado).
Um acidente de trabalho é um evento resultante tanto de um ato
inseguro por parte do empregado, como negligenciar o uso de equipa-
mento de proteção individual, como uma situação insegura que possa in-
fringir dano ao trabalhador, bem como à organização, como negligenciar
a oferta de equipamento de proteção individual (GONÇALVES, 2008).
36
Logo, como exposto acima, estes podem decorrer de fatores de-
pendentes do homem ou decorrentes das condições existentes no ambien-
te de trabalho. Muitos autores, no que tange a análise de acidentes, pon-
tuam como causa de acidentes o ato ou a condição que originou o dano.
Os acidentes do trabalho afetam a produtividade econômica,
oneram o sistema de proteção social, bem como interferem na satis-
fação e motivação do trabalhador. Cumpre destacar que qualquer aci-
dente de trabalho gera impactos econômicos tanto para o acidentado
quanto para a organização e aos cofres públicos. Assim, mesmo do
ponto de vista prevencionista, a simples movimentação para adequação
às normativas representa um custo (ARAÚJO, 2008; PEINADO, 2019).
Sobre a comunicação de um acidente de trabalho, esta regis-
tra-se através do comunicado de acidente do trabalho (CAT) que é um
documento usado para notificar e formalizar o acidente ou doença de
trabalho às partes interessadas. Servindo para comunicar aos órgãos
competentes e às devidas interfaces de que determinado empregado
sofreu um acidente de trabalho ou foi acometido por doença ocupacio-
nal em determinada situação ou condição (ARAÚJO, 2008).
Destaca-se que a CAT é a principal ferramenta de controle es-
tatístico de acidentes de trabalho no Brasil. Somente após comunicar o
acidente é que o órgão competente poderá dispor o amparo necessário
e devido ao empregado acidentado ou vítima de doença ocupacional.
Ou, no caso de óbito, a família dele (SALIBA; PAGANO, 2009).
De acordo com os Artigos 22 e 23 da Lei 8.213 o CAT, deve ser
emitido logo após o evento do acidente, podendo ser emitido até o pri-
meiro dia útil após o acidente. Se a empresa perder o prazo de notifica-
ção, esta deve o realizar do mesmo modo. O que não pode é ficar sem

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emitir o comunicado, sendo passível de sansão organizada e atribuída
em lei (SALIBA; PAGANO, 2009).

NORMAS REGULAMENTADORAS

As normas regulamentadoras são aspectos regulatórios relati-


vos à segurança e medicina do trabalho. O não cumprimento das tais
disposições pode incidir em erro grave e acarretar a aplicação de san-
são organizada e prevista em legislação vigente.
As Normas Regulamentadoras (NR’s) foram publicadas de
forma a orientar e referir a segurança em diferentes áreas de atuação
com foco nas atividades desenvolvidas. Destaca-se que estas são o
resultado de um processo de consulta pública e negociação tripartite,
envolvendo governo, empregados e empregadores.
37
Atualmente, está em vigor a Portaria nº 3.214/78, regulamenta-
dora da Lei 6.514/77, onde estão inseridas as 36 normas regulamenta-
doras. Assim como a Portaria nº 1.186 de 20 de dezembro de 2018, a
qual regulamenta a Norma Regulamentadora 37 – Segurança e Saúde
em Plataforma de Petróleo.
No Brasil, as normas regulamentadoras constam no Capítulo
V, Título II da Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT. Foram aprova-
das pela Portaria nº 3.214 de 08/06/1978, sendo atualmente em número
de trinta e sete, conforme Quadro 3. O escopo básico, de algumas, é
apresentado na sequência.
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38
Quadro 3 – Normas Regulamentadoras
NR 1 Disposições Gerais
NR 2 Inspeção Prévia - regovada pela portaria - SEPREVT nº 915 DE 30/07/2019
NR 3 Embargo ou Interdição
NR 4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT)
NR 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
NR 6 Equipamento de Proteção Individual
NR 7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
NR 8 Edificações
NR 9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
NR10 Instalações e Serviços em Eletricidade
NR 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
NR 12 Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos
NR 13 Caldeiras e Vasos de Pressão e Tubulações
NR 14 Fornos Industriais
NR 15 Atividades e Operações Insalubres
NR 16 Atividades e Operações Perigosas
NR 17 Ergonomia
NR 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
NR 19 Explosivos
NR 20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis
NR 21 Trabalhos a céu aberto
NR 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
NR 23 Proteção contra incêndios
NR 24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
NR 25 Resíduos Industriais
NR 26 Sinalização de Segurança
NR 27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério
do Trabalho
NR 28 Fiscalização e Penalidades

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NR 29 Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
NR 30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário
NR 31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Ex-
ploração Florestal e Aquicultura
NR 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde
NR 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados
NR 34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e
Reparação Naval
NR 35 Trabalho em Altura
NR 36 Norma Regulamentadora sobre Abate e Processamento de Carnes e De-
rivados
NR 37 Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo
Fonte: Baseado em Portaria nº 3.214 de 08/06/1978

NR 1: DISPOSIÇÕES GERAIS: esta normativa estabelece as


39
competências relativas às normas regulamentadoras no âmbito privado,
público, órgãos públicos de administração direta e indireta, que pos-
suam relações regidas pela CLT. Define os principais termos emprega-
dos nas demais normas, bem como estabelece as obrigações gerais do
empregador e do empregado em suas relações e condições.

NR 3: EMBARGO OU INTERDIÇÃO: esta normativa estabe-


lece as condições em que o órgão competente, frente ao laudo técnico
específico, pode interditar um estabelecimento, setor de serviço, máqui-
na ou equipamento; ou embargo de uma obra em função da existência
de risco grave e iminente para o trabalhador.
Neste sentido, auditores do trabalho realizam ações em todo
o país, junto aos empregados das mais diversas categorias, auditando,
avaliando e regularizando as evidentes situações de descumprimento
normativo através de embargos e interdições (previstos em norma re-
gulamentadora específica), bem como estabelece a forma como devem
ser analisados acidentes de trabalho graves e fatais (ARAUJO, 2008).

NR 4: SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE


SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO (SESMT): esta norma-
tiva define que as organizações, conforme determinados critérios, de-
vem manter em suas estruturas SESMT’s. Estabelecendo o dimensio-
namento desse serviço ao vincular a gradação do risco de sua atividade
principal ao número total de empregados do estabelecimento.

NR 5: COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDEN-


TES (CIPA): estabelece a obrigatoriedade da constituição da CIPA (Co-
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missão Interna de Prevenção de Acidentes) nas organizações, seu ob-


jetivo, a forma de constituição, suas obrigações, atribuições, deveres e
direitos de seus integrantes, bem como as obrigações dos empregados
e do empregador relativas a seu funcionamento.

NR 6: EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI): es-


tabelece as obrigações do empregador quanto ao fornecimento gratuito
dos EPI (Equipamento de Proteção Individual), capacitação para o uso
correto deles, bem como a responsabilidade de tornar obrigatório o seu
uso. Estabelece a obrigatoriedade de uso pelos empregados do EPI
fornecido, bem como as obrigações técnicas a serem observadas pelo
fabricante e importador do EPI.

NR 7: PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE


OCUPACIONAL (PCMSO): estabelece a obrigatoriedade por parte dos
40
empregadores em elaborar, implementar, controlar as ações do PCM-
SO. Estabelece a realização obrigatória de exames médicos nos em-
pregados, sua frequência, bem como a necessidade de realização de
exames complementares, quando necessários.
Com o objetivo de promover e proteger a saúde do conjunto
dos seus empregados, tem caráter de prevenção, mapeamento e diag-
nóstico de agravos à saúde do empregado, além da constatação dos
casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde.

NR 8: EDIFICAÇÕES: estabelece os requisitos técnicos míni-


mos a serem observados em edificações, de forma a assegurar o con-
forto e segurança aos que nelas trabalham.

NR 9: PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIEN-


TAIS (PPRA): estabelece a obrigatoriedade do empregador de elaborar
e implementar as devidas ações do PPRA, visando a saúde e a integri-
dade dos empregados através da antecipação, reconhecimento, ava-
liação e controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que
venham a existir no ambiente laboral.

NR 10: INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE:


estabelece as condições mínimas necessárias de qualificação dos pro-
fissionais que atuam em redes elétricas. Bem como fixa as condições
mínimas exigíveis à segurança daqueles que operam em instalações
elétricas (projeto, execução, operação, manutenção, reforma e amplia-
ção), de usuários e terceiros.

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NR 11: TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAMEN-
TO E MANUSEIO DE MATERIAIS: estabelece as normas de segurança
para as atividades de transporte e de armazenamento de materiais. De-
finindo os aspectos de segurança para operação de elevadores, guin-
dastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras.

NR 12: SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUI-


PAMENTOS: estabelece as condições a serem observadas em insta-
lações e áreas de trabalho. Definindo os requisitos de segurança para
máquinas e equipamentos, estendendo sua observância quanto à manu-
tenção e operação, critério de fabricação, importação, venda e locação.

NR 17: ERGONOMIA: estabelece os parâmetros que permitem


a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores incluindo: levantamento, transporte e descarga individual
41
de materiais; mobiliário dos postos de trabalho; equipamentos dos postos
de trabalho; condições ambientais de trabalho; e organização do trabalho.
Atente que a ergonomia compreende a ciência de projetar o trabalho, os
equipamentos e local de trabalho para adequá-los ao trabalhador.

NR 21: TRABALHO A CÉU ABERTO: estabelece as medidas


de proteção para trabalhos realizados a céu aberto, incluindo as condi-
ções de proteção do trabalhador. Define normas de segurança do traba-
lho no serviço de exploração de pedreiras.

NR 23: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS: define os requisi-


tos que as organizações devem possuir para proteção contra incêndios
e as atitudes a serem tomadas no seu combate. Normatiza o uso de ex-
tintores de incêndio e estabelece critérios relativos aos extintores portá-
teis. Bem como indica os extintores específicos às diversas classes de
fogo, sua inspeção, quantidade e distribuição (localização e sinalização)
no ambiente de trabalho.

Cumpre destacar que, no momento da construção deste ma-


terial, devido à extinção do Ministério do Trabalho em 1° de janeiro de
2019, as referidas normas, assim como demais atribuições deste extinto
Ministério, passaram a incorporar a agenda da Secretaria de Inspeção
do Trabalho pertencente ao Ministério da Economia.
Dentro do arcabouço de normas regulamentadoras, a que se
relaciona com a área da saúde é a Norma Regulamentadora nº 32, logo
é relevante ao profissional da área, com destaque aquele que realizará
atividades em ambientes relacionados à área de segurança, conhecer
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

todas as especificidades desta normativa.


Caro estudante, aqui destaca-se que conjuntamente a esta NR
é necessária a observância de outras NR’s, bem a legislação específica
do empreendimento e localidade deste. O exposto encontra respaldo na
Norma Regulamentadora nº 1, que assevera a necessidade de atender
as recomendações de outras normativas:

“[...] a observância das Normas Regulamentadoras - NR não desobriga as


empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à maté-
ria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Es-
tados ou Municípios, e outras, oriundas de convenções e acordos coletivos
de trabalho” (BRASIL, 2019, p. 1).

SEGURANÇA DO TRABALHO EM ESPAÇO DE SAÚDE

42
A segurança de colaboradores e do espaço de saúde é um
tema de relevante importância, pois se relaciona a atividades que en-
volvem risco. Como já estudado, estes ambientes possuem risco rela-
cionado ao desempenho de suas atribuições.
Segurança do trabalho compreende um conjunto de medidas que
visam minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem
como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.
A segurança do trabalho abarca o conjunto de medidas aplica-
das de forma a minimizar a ocorrência de acidentes de trabalho, doen-
ças ocupacionais e proteção da integridade física e capacidade laboral
do trabalhador (GONÇALVES, 2008).
Cumpre destacar que a responsabilidade pela segurança do
trabalho é tripartite, isto é, ela é compartilhada pelo poder público, pelo
empregador e pelo empregado. Sob este viés, cabe ao poder público a
criação e a fiscalização de normas e leis que regulamentem e assegu-
rem a segurança e a saúde no trabalho.
Quanto ao empregador, este deve fazer cumprir as regulamen-
tações previstas, podendo ser punido em caso de desrespeito às exi-
gências legais, e ao empregado, seguir as exigências de segurança em
seu local de trabalho, obedecendo às normas e leis específicas.

Figura 6 – Exemplo de EPI e aplicação da relação tripartite

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Fonte: Navy (2021).

O exposto é sumarizado na imagem acima, na qual exemplifica


o escopo da norma que prevê o uso de óculos de segurança pelo colabo-
rador, e o seu fornecimento pela empresa que fornece. Os equipamentos
de proteção individual são essenciais para a prevenção de acidentes em
ambientes de trabalho, como em ambientes de atenção à saúde.

43
Para que atividades em área da saúde ocorram adequada-
mente é necessário um ambiente seguro. Assim, pontuar a bios-
segurança segurança é um tema relevante às organizações. As-
pectos de segurança podem influenciar o projeto de layout dos
espaços de saúde e até mesmo a escolha dos equipamentos. Aqui,
destaca-se que, independentemente das medidas adotadas, a se-
gurança demanda investimento e por isso deve ser estudada no
contexto de cada organização.

Assim, durante o planejamento ou a escolha de espaços des-


tinados à saúde, como UTI’s, é muito importante observar os elemen-
tos de segurança em suas instalações. Conhecer as regulamentações
básicas de segurança auxilia na prevenção de problemas futuros como
condições inseguras de trabalho, bem como o acionamento legal peran-
te situações mais graves decorrentes do descumprimento destas.
A biossegurança, no que tange as atividades do profissional de
Unidade de Terapia Intensiva, é um aspecto crítico, visto que envolve pro-
cessos em serviços de saúde que ocorrem em uma área relevante na qual
interagem pacientes e profissionais. Observe que o conceito de biossegu-
rança se relaciona à minimização do risco de contaminação por meio de
um conjunto de medidas aplicáveis ao meio ambiente e seus usuários.
Logo, a forma mais adequada de prevenção contra acidentes
biológicos é o emprego de medidas preventivas previstas ao trabalho
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em saúde. As quais devem ser seguidas pelos trabalhadores da saúde


ao cuidarem de pacientes ou manusearem objetos contaminados, como
por exemplo, o uso de EPI's.
Diariamente, os profissionais de saúde confrontam-se com si-
tuações de risco em seu ambiente laboral. Conforme estudos de Hinri-
chsen (2014), muitas vezes, tais situações de risco são acentuadas pela
não utilização de equipamentos de proteção individual (EPI).
Assim, como em qualquer outra atividade, os equipamentos de
proteção individual são indispensáveis para a manutenção da seguran-
ça em ambientes destinados à atenção da saúde, como as Unidades de
Terapia Intensiva. Seu emprego visa à proteção contra possíveis ocor-
rências de incidentes que possam acarretar maiores consequências
aos envolvidos (DAMÁSIO, 2014).
A segurança em atividades relacionadas à área da saúde é
importante para a prevenção de acidentes, contudo, antes de se pen-
44
sar em procedimentos de manuseio e operação é necessário pensar
em Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e, quando aplicável, em
Equipamentos de Proteção coletiva (EPC).

Equipamento de Proteção Individual é dispositivo de uso


individual, destinado à proteção da saúde e da integridade física de
seu usuário. Quando não é possível eliminar/neutralizar o risco via
EPI, é recomendada a aplicação de medidas de proteção coletiva,
ou seja, Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC).

A Norma Regulamentadora NR 06, em seu escopo, trata sobre


Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). Estes são dispositivos de
uso individual destinados à proteção da integridade física do trabalha-
dor em seu ambiente laboral. São exemplos de EPI’s dispositivos como:
luvas, protetores oculares (óculos de proteção) ou faciais, protetores
respiratórios, aventais, entre outros.

Esta normativa também obriga os empregadores a forne-


cer os devidos e adequados EPI’s conforme o risco ao qual o pro-

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fissional estará exposto durante a execução de suas atividades.
Bem como sobre estes realizar a devida capacitação no que tange
seu uso e conservação.

Como visto, a Norma Regulamentadora NR 6 apresenta o EPI


como todo dispositivo ou produto de uso individual que deve ser utiliza-
do pelo trabalhador, destinando-se à proteção contra riscos aos quais
encontram-se suscetíveis e que ameaçam sua segurança e saúde no
ambiente laboral.
Neste sentido, considerando-se o ambiente de saúde, esses
visam minimizar a exposição do profissional de saúde a fluidos corpó-
reos potencialmente infectantes.
Gir e colaboradores (2004) indicam que o ambiente de trabalho
intenso, a quantidade de pacientes por trabalhador e a carga horária de
trabalho atuam como elementos prejudicais à adequada adesão ao uso
45
de equipamentos de proteção individual pelos profissionais de saúde.
Destaca-se aqui que tais medidas são voltadas à prevenção,
minimização ou eliminação de riscos à saúde do profissional e do pa-
ciente, sendo de vital importância em Unidade de Terapia Intensiva. Vis-
to que os pacientes encontram-se frágeis e vulneráveis a qualquer mi-
croorganismo que possa desestabilizar suas funções (SOUSA, 2012).

A rotina de trabalho em espaços de saúde demanda que o


trabalhador observe atentamente as normativas de biossegurança
de forma a garantir a proteção da sua saúde. Esses profissionais
encontram-se sujeitos a contrair doenças graves como: tuberculo-
se, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS), hepatite
Tipo B e Tipo C, dentre outras (PENTEADO; OLIVEIRA, 2010).

Neste viés, a não utilização de EPI’s contribui para ocorrência


de acidentes oriundos da própria atividade laboral (acidentes ocupa-
cionais). No que tange a atividade em espaços como as unidades de
terapia intensiva, podem ser citados acidentes como: acidentes com
materiais perfurocortantes, acidentes decorrentes do contato com se-
creção e eliminação, acidentes decorrentes do contato com produtos
químicos (SARQUIS, et al., 2004).
Cumpre destacar que embora seja um item essencial de observa-
ção, no que tange a segurança de colaboradores e das áreas de saúde, os
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EPI’s são previstos em lei, ou seja, seu fornecimento e sua utilização estão
previstos em regulamento específico. No caso, a Norma Regulamentadora
NR6 que orienta que todo o empreendimento, cujas atividades envolvam
risco ao colaborador, deve orientar e fornecer gratuitamente os EPI’s.
Conforme a situação existe também os Equipamentos de Pro-
teção Coletivos (EPC’s), esses possuem como função neutralizar o ris-
co na fonte, podendo, em alguns casos, até dispensar o uso dos equi-
pamentos de proteção individual se o risco for neutralizado totalmente
por estes. A maior vantagem desta classe de proteção é que, além de
proteger a coletividade, ele não provoca desconforto individual.
É responsabilidade das organizações reforçarem a relevância
do uso destes equipamentos, bem como orientar os colaboradores a
respeito dos riscos a que estão sujeitos. Pois a não utilização dos de-
vidos equipamentos de proteção pode indicar a falta de treinamento,
conhecimento ou experiência dos profissionais (PEINADO, 2019).
46
Aqui, caro aluno, independentemente da área, a adesão ao uso
do EPI ou EPC relaciona-se diretamente à percepção que o profissional
possui sobre os riscos aos quais se encontra exposto.

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47
CAPÍTULO 2
TREINOS INÉDITOS
QUESTÃO 1
Relacionado a biossegurança, indique a alternativa que trata do
uso de equipamento de proteção individual e coletivo.
a) NR 04
b) NR 06
c) NR 07
d) NR 32
e) NR 18

QUESTÃO 2
Relacionado a biossegurança, indique a alternativa que trata sobre
os serviços especializados em engenharia de segurança e em me-
dicina do trabalho.
a) NR 04
b) NR 06
c) NR 07
d) NR 32
e) NR 18

QUESTÃO 3
Relacionado a biossegurança, indique a alternativa que trata do
Programa de controle médico de saúde ocupacional.
a) NR 04
b) NR 06
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c) NR 07
d) NR 32
e) NR 18

QUESTÃO 4
Relacionado a biossegurança, indique a alternativa que se relacio-
na as premissas da biossegurança.
a) NR 04
b) NR 06
c) NR 07
d) NR 32
e) NR 18

QUESTÃO 5
Relacionado a biossegurança, indique a alternativa que trata co-
48
missão interna de prevenção de acidentes.
a) NR 04
b) NR 06
c) NR 05
d) NR 32
e) NR 18

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Para amenizar os riscos de um ambiente hospitalar, há desde as medidas
de segurança mais simples, como os procedimentos relacionados com as
Boas Práticas de Limpeza ou Higiene (BPL) e/ou a adoção de EPI’s até
mais amplas, como redesenho do layout e/ou os sistemas de esteriliza-
ção do ar, exemplos de medidas de proteção coletiva. Disserte a respeito
das categorias apresentadas e sua de proteção em ambientes de saúde.

NA MÍDIA
BIOSSEGURANÇA: 04 EPIS NECESSÁRIOS PARA OS SERVIÇOS
DE RADIOLOGIA
Em ambientes cercados de periculosidade, como em serviços de radio-
logia, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) se faz extre-
mamente necessário. Por isso, neste conteúdo vamos te explicar melhor
sobre a biossegurança.Biossegurança na radiologia é um conjunto de
ações e de EPIs que visa prevenir e proteger os profissionais e os pacien-
tes dos riscos inerentes às atividades que envolvam radiação.A presença
de radiação ionizante dos equipamentos de diagnóstico por imagem e de
substâncias radioativas usadas para a realização dos exames expõe os
profissionais que atuam nesse setor a riscos, que se tornam perigosos

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por serem “imperceptíveis” até que seus efeitos apareçam, caso não se-
jam utilizados EPIs ou tomadas medidas de biossegurança.
Fonte: STAR
Data: 20 set. 2020.
Leia a notícia na íntegra o artigo:
Disponível em: <https://star.med.br/biosseguranca-epis-para-os-servi-
cos-de-radiologia/>. Acesso em: 29 jun. 2021.

NA PRÁTICA
As principais medidas de biossegurança do Trabalho voltadas para re-
duzir os níveis de exposição aos riscos biológicos são:
EPI – Equipamento de Proteção Individual
- Luvas: Para enfermeiros, médicos, agentes de laboratório, etc. Sendo
descartáveis.
- Jalecos e aventais de manga longa: Devem estar sempre fechados,
49
serem lavados e descontaminados após o uso e nunca devem ser usa-
dos fora do ambiente de trabalho;
- Máscaras: Para evitar a inalação dos agentes nocivos;
- Óculos de proteção, protetor facial: Para evitar contaminação pelas
vias aéreas;
- Sapatos fechados: Também devem sempre ser lavados e esterilizados
após o uso e jamais serem usados fora do ambiente hospitalar.
EPC – Equipamento de Proteção Coletiva
- Cabines de segurança: Equipamentos que contém os agentes infec-
ciosos;
- Lava olhos: Muito comum em laboratórios, instrumento utilizado para
limpeza rápida dos olhos;
- Autoclave: Esteriliza instrumentos por calor.
Fonte: OnSafety
Data: 29 jun. 2020.
Leia a notícia na íntegra: Disponível em: <https://onsafety.com.br/o-que-
-e-biosseguranca-e-porque-e-tao-importante/>. Acesso em: 29 jun. 2021.

PARA SABER MAIS


Título: SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
OLIVEIRA, C. L.; PIZA, F. T. (Org.). Segurança e saúde no trabalho. São
Caetano do Sul: Difusão Editora, 2016.
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50
BIOSSEGURANÇA E RESÍDUOS

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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

A geração de resíduos, atualmente, representa um desafio am-


biental, econômico, e social, com destaque à sua geração e seu ge-
renciamento em centros urbanos. Aspectos como volume de geração
e inadequado descarte podem expor riscos à população, bem como
comprometer os recursos naturais e a qualidade de vida da sociedade.
Frente a isso, o gerenciamento de resíduos revela-se um pro-
cesso relevante na preservação da qualidade da saúde e do meio am-
biente. No que tange à geração de resíduos, é importante pontuar que
este pode desencadear uma série de problemas, como: minimização de
geração, adequado acondicionamento, disposição final. Estes, quando
não possuem uma adequada avaliação, impactam sobremaneira sobre
5151
o risco ao qual o meio ambiente e a sociedade estão expostos.
Os resíduos sólidos são classificados conforme sua origem: in-
dustrial, doméstica, hospitalar, pública, comercial, agrícola, serviços e var-
rição. Dentre essas categorias, destacam-se os resíduos de serviços de
saúde (RSS), que, embora representem de 1 a 2% do total de resíduos
sólidos gerados, constituem um resíduo de relevante atenção, visto seu
potencial de contaminação e risco à saúde pública (TAKAYANAGUI, 2005).

Todo resíduo proveniente de ação humana demanda ade-


quado tratamento e disposição final. Isso representa um desafio
tanto para a administração pública quanto à administração priva-
da, inclusive em serviços de saúde. Neste viés, o processo de fis-
calização sanitária de resíduos de serviços de saúde é fundamen-
tal, pois todos os indivíduos expostos estão potencialmente em
risco incluindo trabalhadores de serviços de saúde.

Resíduos de serviços de saúde são “[...] resíduos produzidos


em hospitais, clínicas médicas e veterinárias, laboratórios de análises
clínicas, farmácias, centros de saúde, consultórios odontológicos, entre
outros” (TENÓRIO; ESPINOSA, 2004, p. 160-161).
Tanto a Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA) RDC nº 306/2004 quanto a Resolu-
ção nº 358/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA)
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discutem o RSS como aquele, cuja fonte geradora provém de qualquer


serviço prestador de assistência médica humana ou animal.
Sendo importante ressaltar que se subdivide em outras cinco
categorias, a saber: Grupo A (biológico), Grupo B (químico), Grupo C
(radioativo), Grupo D (comuns) e Grupo E (perfurocortantes).
- Grupo A – compreende os componentes com possível pre-
sença de agentes biológicos que, devidos às suas características de
acentuada virulência ou concentração, podem apresentar risco de in-
fecção. São exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças
anatômicas, tecidos, bolsas transfusionais que contenham fluídos cor-
póreos. Atente que os componentes biológicos se destacam 0por conter
agentes patogênicos que possam causar doenças.
- Grupo B – grupo caracterizado por conter substâncias quími-
cas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente,
conforme suas características de inflamabilidade, corrosividade, reati-
52
vidade e toxicidade. São exemplos: os medicamentos, reagentes, resí-
duos que contenham metais pesados, etc.

Dentre os componentes químicos também podem ser indi-


cados como exemplos: substâncias ou preparados tóxicos, corro-
sivos, inflamáveis, reativos, genotóxicos, mutagênicos. Produtos
como gases, quimioterápicos, mercúrio de termômetros, substân-
cias para revelação de radiografias, baterias usadas, óleos, lubrifi-
cantes usados, etc.

- Grupo C – qualquer material resultante de atividade humana


que contenha radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de
eliminação especificados pelas normativas da Comissão Nacional de
Energia Nuclear – CNEN, como os provenientes de serviços de medici-
na nuclear e radioterapia.
- Grupo D – tipo de resíduo que não apresenta risco biológico,
químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equi-
parados aos resíduos domiciliares, como as sobras de alimentos ou de
preparo de alimentação, resíduos de ações administrativas, etc.
- Grupo E – materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais
como lâminas, agulhas, ampolas, pontas diamantadas, lâminas de bis-
turi, lancetas, espátulas, entre outros.
Logo, trata-se do tipo de resíduo “[...] cujas características po-

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dem determinar perigo à saúde humana ou ao meio ambiente, quando
impropriamente tratados, armazenados, transportados e destinados”
(ANDRADE, 1997 apud TENÓRIO; ESPINOSA, 2004, p. 209).
Logo, observe que resíduos do serviço de saúde ocupam um
lugar de destaque, pois demandam atenção especial em todas as suas
fases de contato como: segregação, condicionamento, armazenamen-
to, coleta, transporte, tratamento e disposição final. Bem como, pela
iminente gravidade e riscos que podem apresentar dadas suas especi-
ficidades químicas, biológicas e radioativas.

A classificação dos resíduos de serviços de saúde está em


53
constante atualização, visto que são introduzidas novas tipologias
de resíduos nos espaços de saúde. Isso se deve ao fato dos es-
tabelecimentos de saúde sofrerem constantemente evolução, em
termos de desenvolvimento da ciência médica, o que pode resultar
na geração de novos materiais, substâncias e resíduos, que po-
dem ser perigosos.

Resíduos de fontes especiais compreendem a classificação de


resíduo que, em detrimento de suas características e periculosidade, ne-
cessita de cuidados especiais em seu manuseio, acondicionamento, esto-
cagem, transporte ou disposição final. Constituem exemplos de resíduos
desta classe: industrial, de portos, de aeroportos e de terminais rodoferro-
viários, agrícola, radioativo e o de serviços da saúde (ABNT, 2013).
São exemplos de resíduos da área da saúde: materiais des-
cartados por postos de saúde, hospitais, farmácias e clínicas médicas
e veterinárias (seringas, agulhas, remédios, luvas, algodão, curativos,
sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, dentre outros). A peri-
culosidade de um resíduo está relacionada aos seus aspectos físicos,
químicos ou biológicos, e como estes podem impactar (infectar ou con-
taminar) pessoas e meio ambiente.
O gerenciamento de RSS é regulamentado pelas resoluções CO-
NAMA nº 283/01 (revogada pela 358/2005), CONAMA nº 358/05 e ANVISA
RDC 306/04. A resolução RDC nº 306/2004 também dispõe sobre o regu-
lamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde,
com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente.
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Conforme a RDC 306/2004, são aspectos mínimos de atua-


ção: identificação, segregação, acondicionamento, transporte in-
terno, armazenamento temporário, armazenamento externo, coleta
e transporte externo, tratamento e destino final.

Observe que nesta também fica estabelecido que todo serviço


de saúde é responsável pelo correto gerenciamento do RSS por ele
gerado, observando as normas e exigências legais, desde o momento
de sua geração até a sua destinação final. Isto é, o “[...] o responsável
pelo gerenciamento dos resíduos provenientes de serviços de saúde é
seu gerador” (TENÓRIO; ESPINOSA, 2004, p. 161).

54
A responsabilidade do gerador, quanto ao seu resíduo,
continua mesmo após a ação de disposição final dele, pois o re-
ceptor, ao assumir a carga, solidariza-se com o gerador, que per-
manece corresponsável por este.

Em seu Capítulo II, a mesma resolução (RDC 306/2004) es-


tabelece sua abrangência e aplicação sobre todas as fontes geradoras
de resíduos de serviços de saúde (RSS). Definindo como geradores de
RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde huma-
na ou animal, tais como: serviços de assistência domiciliar, laboratórios
analíticos de produtos para saúde, necrotérios, funerárias e serviços de
embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias,
estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde, centros de
controle de zoonoses, distribuidores de produtos farmacêuticos, impor-
tadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diag-
nóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de
acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares.
“Os resíduos de serviços de saúde podem conter microorga-
nismos patogênicos, entre os quais bactérias, fungos e vírus. Assim,
o lixo hospitalar é um potencial transmissor de doenças” (TEMÓRIO;
ESPINOSA, 2004, p. 209).

Os resíduos de serviços de saúde devem ser processados em sua origem,

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separando o que é contaminado e o que não é, para posterior destinação.
Existe uma série de procedimentos para a separação e o manuseio desses
tipos de resíduos, [...]. O tratamento mais usado para esses resíduos é a
incineração; as cinzas e escórias geradas devem ser destinadas a aterros
sanitários (TEMÓRIO; ESPINOSA, 2004, p. 210).

Assim, todo serviço de saúde que gerar resíduos deve possuir


e implementar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de
Saúde (PGRSS), este deve ser elaborado com base nas características
de seus resíduos gerados, bem como estar em consonância com as
normas federais, estaduais e municipais.
O Plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde
compreende um documento elaborado e baseado na não geração e na
minimização de geração de resíduos provenientes da área da saúde.
Sua estrutura pode variar conforme o porte do empreendimento, mas
55
obrigatoriamente deve indicar e descrever as ações relativas ao manejo
dos resíduos, bem como propor ações que visem à conformidade com
a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº. 12.305/2010) e demais
legislações vigentes e relacionadas ao segmento.

A RDC nº 306/2004 define o Plano de Gerenciamento de


Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) como o conjunto de pro-
cedimentos que objetivam minimizar a geração de resíduos, bem
como gerir sua adequada e eficiente disposição. Isto é, visa dimi-
nuir a produção de resíduos e, quando necessário, dar-lhe o ade-
quado e seguro encaminhamento, protegendo as partes envolvi-
das, a saúde, os recursos naturais e o meio ambiente.

Resumindo, o PGRSS é baseado nas noções da não geração


e da minimização de resíduos. Ao mesmo tempo, observa o tratamento
e a disposição final destes que, por suas características especiais, soli-
citam processos de armazenamento e manejo diferenciados.
Ribeiro Filho (2000) complementa esta definição indicando que
o Gerenciamento de RSS ao ser realizado deve, quando possível, arti-
cular aspectos normativos, operacionais, financeiros e de planejamento.
Ou seja, as fontes geradoras de RSS devem desenvolver suas ações
orientadas a critérios sanitários, ambientais e econômicos.
É importante não distanciar o foco principal de um PGRSS,
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

o qual consiste em planejar formalmente as ações relacionadas a as-


pectos como: características do risco, forma de geração, identificação,
coleta, armazenamento, transporte, destinação e disposição final.
Logo, caro estudante, o correto gerenciamento de resíduos de
saúde não implica somente na destinação correta do resíduo gerado.
Como vimos, compreende muito mais que isso, é a adoção de um ro-
busto PGRSS.

ASPECTOS SANITÁRIOS DOS RESÍDUOS DE BIOSSEGURANÇA

O resíduo proveniente de espaços como Unidades de Tera-


pia intensiva, conforme a RDC nº 306/2004 da ANVISA, é classificado
como Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (RSS). Contudo, quando
se trata do gerenciamento de resíduos provenientes de biossegurança,
56
é importante destacar que estes demandam o devido encaminhamento,
ou seja, um destino certo. Pois oferecem um elevado grau de compro-
metimento da preservação ambiental e da saúde pública.
Os resíduos biossegurança se inserem dentro deste contexto
e assumem relevante importância. O descarte correto de seus resíduos
é fundamental para que as possibilidades de contaminação e infecção
sejam eliminadas. Como já abordado o gerenciamento de resíduos
compreende o emprego de normas e técnicas que abarcam o devido
tratamento desde a produção até a disposição final destes de forma
segura e em observância a legislação vigente.
O gerenciamento de resíduos de biossegurança está previsto
na Norma Regulamentadora NR 32 – segurança e saúde no trabalho
em serviços de saúde. Nesta, consta um item específico sobre resí-
duos. Sendo o mesmo comentado a seguir:
Frente aos resíduos, cabe ao empregador capacitar, continua-
mente, seus empregados nos seguintes aspectos:
- formas de segregação, acondicionamento e transporte destes
resíduos;
- apresentação de definições, classificação e potencial de risco
dos resíduos;
- requisitos do sistema de gerenciamento de resíduos vigente;
- ações de redução da geração de resíduos;
- conhecer as responsabilidades e atribuições dos envolvidos
e suas interfaces;
- reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de
resíduos;
- conhecer a utilização dos veículos de coleta;

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- prover orientação quanto ao uso de equipamentos de prote-
ção individual.
Também nesta NR são indicados aspectos como:
- tipologia de embalagens utilizadas no acondicionamento dos
resíduos de saúde (conforme suas características), bem como orienta-
ções quanto a sua capacidade, fechamento, recolhimento, armazena-
mento, transporte e disposição.
Para material perfurocortante, os recipientes destinados à sua
coleta que devem respeitar o limite máximo de ocupação. Esses devem
ter seu acondicionamento mantido em suporte exclusivo e em altura
que permita a visualização de sua abertura para o adequado descarte.
Frente aos aspectos sanitários dos serviços de saúde, é essencial
ao profissional da área realizar os devidos controles. A este profissional é
demandado saber qual o resíduo está sendo gerado por sua área, qual
o volume deste resíduo gerado, como realizar os devidos controles, bem
57
como empregar práticas que auxiliem na minimização de sua geração.

O profissional envolvido no gerenciamento de resíduos


de serviços de saúde deve conhecer os grupos de classificação
conforme as normativas e, assim, realizar a correta segregação,
minimizando os riscos que envolvem a coleta, o tratamento e a
disposição final dos rejeitos.

Assim, em serviços de saúde, é atribuição e responsabilidade


do profissional auxiliar na elaboração do Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviço de Saúde, além disso, orientar as ações de im-
plantação, execução e capacitação. Não esquecendo que tal atribuição
o acompanhará desde a geração até a disposição final dos resíduos ge-
rados, no que concerne a responsabilidade civil, penal e administrativa.
O gerenciamento de RSS compreende o conjunto de procedi-
mentos de gestão, planejados, organizados, dirigidos e controlados, a
partir de bases técnicas, normativas e legislação, com o intuito de mi-
nimizar a produção de resíduos, bem como proporcionar, aos resíduos
gerados, um encaminhamento seguro, adequado, e de forma correta.
Tais ações visam à proteção do trabalhador, a preservação de sua saú-
de, dos recursos naturais e do meio ambiente.
Sua estrutura deve abarcar todas as etapas e rotinas do espa-
ço, como os recursos físicos, materiais e capacitação dos envolvidos no
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

manejo de RSS. Em suma, um Plano de Gerenciamento dos Resíduos


de Serviços de Saúde (PGRSS) trata-se de um documento que pres-
creve e descreve as ações relacionadas ao manejo de resíduos sólidos.
Abrangendo as etapas de: segregação, acondicionamento, coleta, ar-
mazenamento, transporte, tratamento e disposição final.

Um PGRSS deve considerar as características e grau de


risco dos resíduos, bem como as devidas as ações de proteção
à saúde e ao meio ambiente. No que tange às premissas da bios-
segurança de observar as medidas específicas e normativas, com
vista à prevenção de acidentes. Um adequado PGRSS deve conter
58
medidas de envolvimento coletivo, sendo elaborado em conjun-
to com todas as suas interfaces, definindo-se responsabilidades e
atribuições destes em relação aos riscos e suas etapas.

A elaboração, implantação e desenvolvimento de um PGRSS


devem envolver as áreas de higienização e limpeza do espaço, Comis-
são de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH, Comissões de Bios-
segurança e os Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no
Trabalho – SESMT.
Em linhas gerais, o PGRSS em serviços de saúde é composto
por muitas etapas, que podem variar em virtude das características do
empreendimento. Contudo, a seguir são apresentadas as etapas bási-
cas de qualquer PGRSS.

- Segregação:
Compreende a primeira a ser prevista em um PGRSS, deman-
da participação, comprometimento e conscientização de todos os en-
volvidos. Pois será através do manuseio destes que o material/resíduo
será separado de forma segura, preservando a comunidade, bem como
aqueles que estão relacionados ao processo e resíduos.
Aqui se aplicam e realizam-se as devidas classificações con-
forme as normativas específicas e vigentes RDC 306, CONAMA nº 358,
as quais classificam os RSS conforme seu risco, o que exigirá formas
adequadas e específicas de manejo. Isto é:
- Grupo A – resíduos com a possível presença de agentes bioló-
gicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção;
- Grupo B – resíduos químicos;

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- Grupo C – rejeitos radioativos;
- Grupo D – resíduos comuns;
- Grupo E – materiais perfurocortantes.
De forma prática, nesta fase realiza-se o levantamento dos ti-
pos de resíduos e as respectivas quantidades geradas em suas fontes
geradoras. Uma vez realizado o devido levantamento, procede-se a
identificação destes de forma a permitir o correto reconhecimento para
as posteriores etapas de manejo.

- Acondicionamento:
Uma vez segregados os resíduos, devem ser acondicionados.
O acondicionamento visa o isolamento do resíduo de seu meio e de
possíveis contatos involuntários. Para tanto, o material empregado na
fabricação dos sacos de acondicionamento deve apresentar-se resis-
tente à ruptura e ao vazamento, impermeável.
59
Cumpre destacar que a sacaria empregada em RSS não
pode ser reaproveitada sob hipótese alguma. Bem como devem
ser inseridos em coletores de material lavável e resistente, e com
tampa provida de sistema de abertura sem contato manual. Resí-
duos líquidos devem ser acondicionados em recipientes de mate-
rial compatível com o líquido armazenado, ou seja, o material do
recipiente, não pode reagir ao resíduo, ou por ele ser “atacado”.

Em suma, consiste na definição de como o RSS será emba-


lado, ou seja, como será segregado, podendo ser em sacos ou reci-
pientes. A capacidade de acondicionamento destes deve ser compatível
com a geração diária de cada tipo de resíduo.

- Transporte interno dos RSS:


O material acondicionado deve ser retirado do local pelo trans-
porte interno. Nesta etapa é importante observar o emprego adequado
de transporte a ser utilizado ao resíduo coletado.
Esta etapa deve ser realizada por pessoal capacitado e autori-
zado, que munidos dos devidos equipamentos de proteção individual e
demais ferramentas, realizarão esta etapa. Logo, compreende o trasla-
do dos resíduos dos pontos de geração até o local destinado ao arma-
zenamento temporário ou armazenamento externo.
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

Nesta etapa, o RSS torna-se visível ao usuário e ao público


em geral, pois estes devem ser transportados em equipamentos de
coleta (carros de coleta).

- Armazenamento temporário dos RSS:


O armazenamento temporário de RSS compreende a guarda
temporária do resíduo devidamente acondicionado em local específi-
co, ainda próximo a fonte geradora. Este espaço compreende um local
seguro, identificado até a completa disponibilização (uso da completa
capacidade do recipiente) do resíduo para a próxima etapa.
Sua principal vantagem é agilizar a coleta dentro dos espaços,
60
otimizando seu deslocamento entre as fontes geradoras, bem como evi-
tando o acúmulo de resíduos até a coleta externa.

- Armazenamento externo:
Consiste no acondicionamento dos resíduos em local exclusivo,
isolado e protegido contra o acesso de terceiros. Este armazenamento é
o último local que o resíduo aguardará a coleta para posterior disposição.
Compreende um espaço de armazenamento temporário com
recipientes coletores adequados, disposto em um ambiente exclusivo e
com acesso facilitado para os veículos coletores.

- Coleta e transporte externos dos RSS:


Nesta etapa, o resíduo devidamente acondicionado, é removi-
do da etapa “armazenamento externo” e levado até a devida unidade de
tratamento ou disposição final.
A coleta externa e transporte externo de RSS, de forma prática,
consistem na remoção do RSS provenientes do armazenamento exter-
no, até a unidade de tratamento específica ou disposição final. Tal ação
deve ser realizada de forma técnica e, assim, assegurar a preservação
das condições de acondicionamento e a integridade do trabalhador, da
população e do meio ambiente.

Mesmo que todas as orientações, desta etapa, constem

GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS


no PGRSS, esta deve estar em conformidade com as regulamen-
tações dos órgãos de limpeza urbana, da localidade de cada em-
preendimento.

- Tratamento do RSS:
Nesta etapa, os resíduos gerados são submetidos à aplicação de
processos e técnicas que atuam sobre as características nocivas ao resí-
duo. Assim, o resíduo tem seu potencial de risco minimizado ou eliminado,
o que impacta diretamente sob sua capacidade de impacto sob a saúde
humana e condições ambientais. Embora não seja o objetivo desta produ-
ção, citam-se as formas de tratamento que um RSS pode ser submetido:
desinfecção química ou térmica (autoclavagem, micro-ondas, incineração).
Logo, esta etapa é caracterizada pelo emprego de proces-
sos manuais, mecânicos, físicos, químicos ou biológicos que possuem
como objetivo alterar as características dos resíduos gerados. E, assim,
61
minimizar o risco à saúde, à qualidade do meio ambiente e à segurança
e saúde do trabalhador.
O tratamento de RSS pode ser realizado tanto no ambiente gera-
dor, como em um local externo. Independentemente da forma de tratamen-
to escolhida, é importante destacar que essa etapa necessita do devido
licenciamento, bem como é passível de fiscalização e de controle sanitário.

- Disposição Final de RSS:


Esta etapa consiste na disposição definitiva do resíduo, já tra-
tado, na forma de rejeito, em local previamente preparado e devidamen-
te licenciado para tal recebimento.
Pela atual legislação brasileira, os espaços de disposição de-
vem atender a critérios técnicos de construção e operação, sendo um
deste o licenciamento ambiental conforme a Resolução CONAMA nº
237, e normas ABNT.
As formas de disposição final dos RSS atualmente utilizadas
são: aterro sanitário, aterro de resíduos perigosos, aterro controlado,
lixão ou vazadouro e valas.

- Reciclagem de RSS:
A reciclagem compreende uma forma alternativa à disposição final
de RSS. Reciclar compreende a transformação do resíduo através de téc-
nicas de beneficiamento que reprocessam o resíduo e formam uma nova
matéria-prima que pode ser empregada na fabricação de novos produtos.
Também, conforme a RDC 306, reciclagem compreende o pro-
cesso de transformação dos resíduos que emprega técnicas de benefi-
ciamento com vista ao reprocessamento ou obtenção de matéria-prima
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

para fabricação de novos produtos.

Os benefícios da reciclagem são: redução da quantidade


de resíduos a ser disposta no solo, economia de energia, preser-
vação de recursos naturais e outros. A tipologia de resíduos que
são utilizados frequentemente em processos de reciclagem são:
matéria orgânica, papel, plástico, metal, vidro e entulhos.

- Educação continuada:
Um PGRSS deve prever um programa de educação continua-
da, que oriente, sensibilize, conscientize e informe de forma permanen-
62
te e contínua os envolvidos em áreas e serviços da saúde sobre os
riscos e procedimentos adequados quanto ao seu manejo.
Atente que o programa de educação continuada deve ser man-
tido independente do vínculo empregatício dos profissionais que atuam
em atividades laborais em ofereçam risco.

- Saúde e segurança do trabalhador:


Critérios de proteção e atenção à saúde e segurança do traba-
lhador em espaços prestadores de serviços de saúde devem ser consi-
derados e estabelecidos em um PGRSS.
No que tange a saúde e segurança do trabalhador, o PGRSS
deve cumprir o papel de informar pontos como:
- as características das etapas e da organização do trabalho;
- os riscos existentes quanto a: reconhecimento do risco, estu-
do e análise do contexto no qual o risco insere-se, e controle do risco.
- as causas de tais riscos;
- as medidas de controle de risco, através de medidas e equi-
pamentos de proteção individual e coletiva:
- os procedimentos em caso de: acidente, incidente, doenças,
agravos à saúde, absenteísmo, decorrentes de sintomas de agravos à
saúde.

O PGRSS deve conter ações para emergências e aciden-


tes, ações de controle integrado de pragas e de controle químico,
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS
com medidas preventivas e corretivas, bem com de prevenção de
saúde ocupacional.

Cumpre destacar que o conteúdo deste caderno não substituiu


a legislação publicada, bem como de suas respectivas atualizações,
as quais, em caso de dúvidas, sempre devem ser consultadas. Ao fim
deste caderno observa-se que a adoção de medidas de biossegurança
e o uso correto de EPI’s constituem uma forma efetiva à prevenção, mi-
nimização ou eliminação de riscos que possam comprometer a saúde
dos profissionais que laboram em ambientes de UTI’s.

63
CAPÍTULO 3
TREINOS INÉDITOS
QUESTÃO 1
Qual etapa de um PGRSS compreende uma forma alternativa à dis-
posição final de RSS?
a) Disposição de RSS
b) Reciclagem de RSS
c) Educação continuada em RSS
d) Tratamento de RSS
e) Coleta e Transporte do RSS

QUESTÃO 2
Qual etapa de um PGRSS deve ser mantida independente do vín-
culo empregatício dos profissionais que atuam em atividades labo-
rais que ofereçam risco?
a) Disposição de RSS
b) Reciclagem de RSS
c) Educação continuada em RSS
d) Tratamento de RSS
e) Coleta e Transporte do RSS

QUESTÃO 3
Qual etapa de um PGRSS compreende a aplicação de processos e
técnicas que atuam sobre as características nocivas ao resíduo?
a) Disposição de RSS
b) Reciclagem de RSS
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

c) Educação continuada em RSS


d) Tratamento de RSS
e) Coleta e Transporte do RSS

QUESTÃO 4
Qual etapa de um PGRSS possui como exemplo aterro sanitário?
a) Disposição de RSS
b) Reciclagem de RSS
c) Educação continuada em RSS
d) Tratamento de RSS
e) Coleta e Transporte do RSS

QUESTÃO 5
Qual etapa de um PGRSS relaciona-se às premissas da biossegu-
rança?
64
a) Disposição de RSS
b) Reciclagem de RSS
c) Saúde e segurança do trabalhador
d) Tratamento de RSS
e) Coleta e Transporte do RSS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


O gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde (RSS) é constituí-
do por um conjunto de procedimentos de gestão. Estes procedimentos
são planejados e implementados a partir de bases científicas e técni-
cas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de
resíduos de serviços de saúde e proporcionar aos resíduos gerados um
encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos
trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e
do meio ambiente. Disserte sobre a relação entre programas de gestão
de resíduos de saúde e a biossegurança.

NA MÍDIA
VIGILÂNCIA SANITÁRIA FISCALIZA O DESCARTE CORRETO DE
MEDICAMENTOS E RESÍDUOS DE SERVIÇOS
Na reportagem do Paraíba Online, corrobora-se o estudado neste capítulo,
reafirmando a necessidade do cuidado no descarte de medicamentos e
insumos da área da saúde. Na reportagem, a importância e a obrigatorie-
dade de um PGRSS são abordadas, bem como destacada a competência
de fiscalização da Vigilância Sanitária. Em uma passagem da entrevista, a
gerente de Vigilância Sanitária de João Pessoa, Eliane Navarro, destaca
que “Todas as empresas instaladas no município de João Pessoa têm a

GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS


obrigação de nos apresentar os seus contratos dos serviços de saúde, que
devem estar devidamente licenciados pela Vigilância Sanitária”, esta ainda
complementa indicando que “Os contratantes – donos de estabelecimen-
tos – são corresponsáveis pelo destino final dos resíduos dos serviços de
saúde”. Sobre a inspeção sanitária em estabelecimentos, constata-se que
em um primeiro momento, em caso de descumprimento, estes são notifi-
cados para que realizem as devidas adequações, uma vez não atendidas,
estes são submetidos a um processo administrativo sanitário, através de
um auto de infração e, na sequência, a interdição.
Fonte: Paraíba Online
Data: 22 ago. 2020.
Leia a notícia na íntegra: Disponível em: <https://paraibaonline.com.
br/2020/08/vigilancia-sanitaria-fiscaliza-o-descarte-correto-de-medica-
mentos-e-residuos-de-servicos/>. Acesso em: 29 jun. 2021.

65
NA PRÁTICA
Ainda no que tange a temática de estudo deste capítulo sobre Gerencia-
mento de Resíduos em Serviços de Saúde, realiza-se o compartilhamen-
to de um artigo científico que pontua aspectos sobre a gestão de RSS.
No trabalho intitulado “Os resíduos de serviço de saúde e seus impactos
ambientais: uma revisão bibliográfica”, buscou-se, através da consulta de
normas brasileiras de resíduos de serviços de saúde, definir o descarte
dos resíduos de serviços de saúde. De forma a discorrer sobre os RSS
e seus impactos ambientais, as autoras realizaram uma pesquisa biblio-
gráfica. Em seu levantamento as autoras encontraram doze artigos, nos
quais observaram uma discreta elevação do número de artigos publica-
dos relacionados à temática, no período de 2005 a 2011. Em seu levan-
tamento bibliométrico, estas constataram que a região sul concentra a
maior ocorrência de pesquisas relacionadas ao tema e que esta também
possui as maiores taxas de processamentos de RSS. Ao fim de seu le-
vantamento, as autoras destacam a necessidade de desenvolvimento de
ações conjuntas aos órgãos geradores dos RSS, já que detectaram um
distanciamento entre a teoria e o que é realizado nos estabelecimentos
de saúde. Ficou curioso (a)? Então, que tal aprofundar sua leitura sobre
a ação prática de sua área de formação?
Fonte:Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/inter/v16n2/
1518-7012-inter-16-02-0301.pdf>. Acesso em: 01. set. 2020.

PARA SABER MAIS


Título: SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
OLIVEIRA, C. L.; PIZA, F. T. (Org.). Segurança e saúde no trabalho. São
Caetano do Sul: Difusão Editora, 2016.
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

66
CAPÍTULO 01

GABARITOS

TREINOS INÉDITOS
1 2 3 4 5
C C A B D

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

A biossegurança é um conjunto de normas e medidas empregadas para


prevenir os trabalhadores de riscos biológicos e evitar acidentes de tra-
balho envolvendo os agentes biológicos, agindo diretamente na conten-
ção e eliminação dos riscos de exposição.
As medidas de prevenção são mais comumente aplicadas em hospi-
tais e instalações laboratoriais, no controle dos agentes biológicos, aos
quais os profissionais ficam expostos.
Os riscos biológicos podem ser considerados como microrganismos,
tais como bactérias, fungos, protozoários, vírus, parasitas etc., agentes
biológicos que ao invadir o organismo humano por via cutânea, digesti-
va e/ou respiratória causam algum tipo de patologia como, por exemplo,
tuberculose, AIDS, hepatites, tétano, micoses etc.
As medidas de biossegurança abrangem uma gama de atitudes envolven-
do os agentes biológicos, indo desde o uso adequado de EPI’s ao trans-
porte e descarte de lixo hospitalar e equipamentos, tendo sempre como

GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS


objetivo evitar a contaminação de pessoas e do meio ambiente ao redor.
As normas de biossegurança estão presentes na legislação brasilei-
ra com o intuito de preservar a vida e promover mais segurança em
qualquer atividade que envolva agentes biológicos, dispostas na Lei de
Biossegurança 11.105 de 24 de março de 2015.
Além da segurança em diversos ambientes de trabalho que possam ser
expostos a riscos biológicos, como hospitais, laboratórios farmacêuti-
cos, clínicos, hemocentros, centros de pesquisa e universidades, nesta
lei, constam ainda a lista dos riscos relativos às técnicas de manipula-
ção de organismos, alimentos transgênicos etc.
Fonte: OnSafety
Data: 29 jun. 2020.
Leia a notícia na íntegra: Disponível em: <https://onsafety.com.br/o-que-
-e-biosseguranca-e-porque-e-tao-importante/>. Acesso em: 29 jun. 2021.

67
CAPÍTULO 02

GABARITOS

TREINOS INÉDITOS
1 2 3 4 5
B A C D C

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

De acordo com a NR 6, considera-se Equipamento de Proteção Indivi-


dual “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo traba-
lhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segu-
rança e saúde no trabalho.”
Com o uso adequado de EPIs, os acidentes de trabalho são quase nu-
los no dia a dia e a proteção faz parte da rotina dos profissionais. Por
isso, certifique e analise os riscos das suas atividades para oferecer o
melhor e mais correto EPI.
As medidas de Biossegurança envolvem diferentes riscos e podem preve-
nir danos ergonômicos, químicos, psicológicos e biológicos, por exemplo.
Então, neste caso, fornecer EPIs certos – luvas resistentes, sapatos,
óculos de proteção e uniforme adequado – são responsabilidades e de-
veres do empregador e passam pela aplicação do que está definido em
lei e pela Anvisa como prática de Biossegurança.
A adoção destas medidas são fundamentais para as empresas evitarem
os acidentes e protegerem a saúde dos profissionais. O investimento
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

nesta área é importante e essencial para o crescimento das empresas


de forma adequada.
Fonte: Prometal EPI’s
Data: 12 jun. 2018.
Leia a notícia na íntegra:
Disponível em: <https://www.prometalepis.com.br/blog/biosseguranca-
-e-seguranca-do-trabalho/>. Acesso em: 29 jun. 2021.

68
CAPÍTULO 3

GABARITOS

TREINOS INÉDITOS
1 2 3 4 5
B C D A C

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Biossegurança compreende o conjunto de ações voltadas para a preven-


ção de acidentes, proteção do trabalhador, minimização dos riscos ineren-
tes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecno-
lógico e prestação de serviços. Visando, assim, a saúde das pessoas, dos
animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados,
incluindo o gerenciamento correto dos resíduos de serviços de saúde.

GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

69
ARAÚJO, G. M. Legislação de Segurança e Saúde Ocupacional. 2. ed.
Rio de Janeiro: GVC, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR


12807: Resíduos de Serviços de Saúde: terminologia. São Paulo, 2013.

BASHEER. R.C.P. Disponível em:<https://commons.wikimedia.org/w/


index.php?curid=16721005>. Acesso em: 27 jun. 2021.

BONINI A..M; ZEVIANI C.P.; CANINI, S.E.M.S. Exposição ocupacional dos


profissionais de enfermagem de uma unidade de terapia intensiva a mate-
rial biológico. Revista Eletrônica de Enfermagem. v. 11, p.58-64. 2009.

BRASIL. Anuário Estatístico da Previdência Social - 2017. Disponível


em: http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/dados-abertos-previ-
dencia-social/. Acesso em: 27 jun. 2021.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Na-


cional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro
de 1998; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em 27 de
jun. de 2021.

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos


de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponí-
vel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. Acesso
GESTÃO DE BIOSSEGURANÇA EM UTI - GRUPO PROMINAS

em: 01 set. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.


Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.


Resolução – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o
Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e
avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sa-


nitária. Resolução RDC nº 306, de 7 de dezembro de 2004. Dispo-
nível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/
res0306_07_12_2004.pdf/95eac678-d441-4033-a5ab-f0276d56aaa6>.
70
Acesso em: 27 de jun. de 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Biossegurança em saúde: prioridades e


estratégias de ação. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução


nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Disponível em: < https://www.le-
gisweb.com.br/legislacao/?id=95982>. Acesso em: 27 de jun. de 2021.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 3.214, de 8 de junho


de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título
II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina
do Trabalho. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/
prop_mostrarintegra;jsessionid=9CFA236F73433A3AA30822052E-
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BRASIL. Norma Regulamentadora n.º 06 - Equipamento de proteção in-


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BRASIL. NR 32 - Segurança e saúde no trabalho em serviços de saú-


de. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2019. Disponível em:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr32.htm>. Acesso
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