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ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS


ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

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Núcleo de Educação a Distância
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
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rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de


ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Tatiana Scaranello


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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A presente unidade tem o intuito de abordar a parte teórica
referente à educação ambiental, abordando seus principais aspectos,
principalmente quanto às questões de sustentabilidade previstas na
Agenda 2030, um instrumento importante que vem sendo implemen-
tado pelos diversos governos municipais. É importante destacar que,
não apenas, no ensino formal temos a educação ambiental sendo pro-
movida, mas também, no cotidiano do setor público, do setor privado
e da sociedade como um todo. Serão demonstradas práticas de pro-
moção da educação ambiental e os benefícios delas oriundos, tanto
na sociedade como um todo, como também, na preservação do meio
ambiente ecologicamente equilibrado. Mas, o que se entende por edu-
cação ambiental? A resposta para essa indagação será vislumbrada
ao longo do texto.
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Educação Ambiental. Sustentabilidade. Gestão.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE

Conceito ______________________________________________________ 12

A Sustentabilidade ______________________________________________ 13

O Desenvolvimento Sustentável no Contexto Internacional _____ 14

O Art. 225 na CF/88 ____________________________________________ 22

Recapitulando _________________________________________________ 26

CAPÍTULO 02
A AGENDA 2030 NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS
MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A Agenda 2030 no Contexto da Educação Ambiental ____________ 31

Direito Ambiental no Contexto das Mudanças Climáticas ________ 46 ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

A Questão Ambiental e o Panorama dos Riscos Globais __________ 49

Recapitulando _________________________________________________ 51

CAPÍTULO 03
PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Lei n. 9.795/1999 ____________________________________________ 55

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Direito Ambiental na Sociedade Contemporânea _________________ 69

Estado Constitucional Ecológico _________________________________ 71

Fundamentos Filosóficos da Proteção Ambiental ________________ 71

Espécies de Meio Ambiente ___________________________________ 72

Recapitulando __________________________________________________ 74

Fechando a Unidade __________________________________________ 81

Considerações Finais __________________________________________ 84

Referências ____________________________________________________ 85
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Nesse módulo serão tratados alguns aspectos de extrema im-
portância para a educação ambiental: sustentabilidade e preservação do
meio ambiente equilibrado. A sustentabilidade ambiental possui diversos
aspectos, sendo implementada tanto no âmbito social, quanto na Admi-
nistração Pública, bem como no setor empresarial. O aluno verificará
que, nesses três setores, a educação ambiental deverá ser implementa-
da, não sendo restrita, apenas, à educação nas escolas e universidades.
Vale destacar que a interação entre as práticas de sustenta-
bilidade e a educação ambiental consiste em uma linha tênue, isto é,
elas estão amplamente interligadas, uma vez que, para fins de prática
de sustentabilidade, é imprescindível um preparo social, empresarial e
da própria Administração Pública quanto aos objetivos, princípios e as
diretrizes da educação ambiental. O mesmo ocorre em relação à pre-
servação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo impres-
cindível para fins de estudo da educação ambiental.
A educação ambiental, por ser um dos objetivos do desenvolvi-
mento sustentável (ODS) da AGENDA 2030, deve ser estudada conjun-
tamente com outros pontos do Direito Ambiental, bem como de outras
disciplinas, como quanto ao Direito à Saúde. Inclusive, para fins de Direito
à Saúde, principalmente no que tange ao Sistema Único de Saúde (SUS),
a preservação do meio ambiente é de extrema importância, assim como
o saneamento básico, uma vez que boas condições de moradia, de ali-
mentação e de tratamentos, assuntos que compõem o Direito Ambiental
e proporcionam uma saúde pública de qualidade. É importante destacar
que tais condições somente serão alcançadas a partir de uma promoção
de educação ambiental de qualidade em todas as esferas, principalmente
quanto à população. Mas, o que se entende por sustentabilidade?
Primeiramente, é imprescindível conhecer os principais pontos
referentes ao desenvolvimento sustentável. Este pode ser compreendi-
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do como o desenvolvimento capaz de satisfazer as necessidades das


gerações presentes sem comprometer a capacidade de as gerações fu-
turas satisfazerem as suas próprias necessidades; já a sustentabilidade
consiste na capacidade de sustentar, manter o que foi conquistado. Por
isso, um estudo referente à parte teórica do desenvolvimento sustentá-
vel no âmbito do Direito Internacional do Meio Ambiente é importante.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A
SUSTENTABILIDADE

CONCEITO
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Primeiramente, é importante conhecer o conceito e os objetos da


educação ambiental. Tem-se que esta compreende a construção de valo-
res sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências por parte
da sociedade em interação com o Poder Público e voltados para a preser-
vação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, o qual é classificado
como bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.
Nos termos do caput do art. 225 da CF/88, consiste em um aspecto essen-
cial e da educação nacional, devendo estar previsto em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, como será visto oportunamente.
Um dos princípios básicos da Educação Ambiental, conforme a
Lei n. 9.795/1999, é “a concepção do meio ambiente em sua totalidade,
1212
considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconô-
mico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade”. Sobre a ligação
entre a promoção da educação ambiental e a sustentabilidade, alguns
apontamentos são imprescindíveis, consoante o que será visto adiante.

A SUSTENTABILIDADE

A sustentabilidade ambiental possui diversos aspectos, sendo


implementada tanto no âmbito social, quanto na Administração Pública,
bem como no setor empresarial. Inclusive, nesses três setores, a edu-
cação ambiental deve ser implementada, não sendo restrita, apenas, à
educação nas escolas e universidades.Tem-se que a interação entre as
práticas de sustentabilidade e a educação ambiental consiste em uma
linha tênue, isto é, elas estão amplamente interligadas, uma vez que,
para fins de prática de sustentabilidade, é imprescindível um preparo
social, empresarial e da própria Administração Pública quanto aos obje-
tivos, princípios e as diretrizes da educação ambiental.
Tal constatação é tão consistente, pois, inclusive normas inter-
nacionais de Direito Ambiental acabam por apontar a educação ambien-
tal como um dos principais instrumentos para fins de viabilizar a preser-
vação do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Um exemplo é a
chamada Agenda 2030, fruto da Assembleia Geral da ONU, em 2015,
realizada na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.
Esse documento trouxe os 17 (dezessetes) Objetivos do Desenvolvi-
mento Sustentável (ODS) e suas 169 metas, sendo que um deles é a
promoção da educação ambiental. A sua importância é tamanha que
muitos Estados acabaram por aderir às práticas, inclusive, no âmbito
dos entes políticos, muitos municípios paulistas, tais como São José
do Rio Preto e Santos, implementam, a cada dia, práticas referentes à
promoção da educação ambiental, observando os parâmetros da norma
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internacional. Mas, o que se entende por sustentabilidade?


Primeiramente, é imprescindível conhecer os principais pontos
referentes ao desenvolvimento sustentável, que pode ser compreendi-
do como o desenvolvimento capaz de satisfazer as necessidades das
gerações presentes sem comprometer a capacidade de as gerações fu-
turas satisfazerem as suas próprias necessidades; já a sustentabilidade
consiste na capacidade de sustentar e manter o que foi conquistado. Por
isso, um estudo referente à parte teórica do desenvolvimento sustentável
no âmbito do Direito Internacional do Meio Ambiente é importante.

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O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO CONTEXTO INTERNA-
CIONAL

Considerada como um marco do Direito Internacional do Meio Am-


biental, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, também
conhecida como Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente Huma-
no, foi realizada em Estocolmo, na Suécia, no ano de 1972, sendo que 113
países e mais de 400 organizações não governamentais participaram. Foi
quando o desenvolvimento sustentável começou a ser propagado, consis-
tindo, naquele momento, em uma ponderação entre a proteção do meio
ambiente ecologicamente equilibrado e o desenvolvimento econômico.
Vale a pena mencionar que a Conferência das Nações Unidas so-
bre Meio Ambiente de Estocolmo não é de natureza vinculante por possuir
status de norma soft law. Valério de Oliveira Mazzuoli (MAZZUOLI, 2018,
p. 925) explica que consistem em fontes do Direito Ambiental os princípios
gerais de direito, os quais se encontram em diversas declarações interna-
cionais sobre o meio ambiente, como, no caso, a de Estocolmo.
Embora não possua natureza vinculante, certo é que a Decla-
ração de Estocolmo influenciou o legislador brasileiro, a exemplo do art.
225 da Constituição Federal de 1988. Neste ponto, cabe a lembrança
de que o Brasil não aceitou as disposições de Estocolmo logo em se-
guida à edição da Declaração, e somente mudou sua posição em 1981
com a criação da Política Nacional do Meio Ambiente, marco da prote-
ção do meio ambiente no Brasil. José Afonso da Silva (SILVA, 2000, p.
67) menciona que a Declaração de Estocolmo:

“abriu caminho para que as Constituições supervenientes reconhecessem o


meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito humano funda-
mental sobre os direitos sociais do Homem, com sua característica de serem
realizados direitos a não serem perturbados.”
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A partir da explicação de José Afonso da Silva, Valério de Oli-


veira Mazzuolli (MAZZUOLI, 2018, p. 928 - 929) leciona que:

a Declaração de 1972 conseguiu, portanto, modificar o foco do pensamen-


to ambiental do planeta, mesmo não se revestindo de qualidade de tratado
internacional, enquadrando-se, ao lado das várias declarações memoráveis
das Nações Unidas - de que são exemplos a Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos de 1948 (no campo dos Direitos Humanos) e a Declaração do
Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 (na esfera
da proteção internacional do meio ambiente) - no âmbito daquilo que se con-
vencionou chamar de soft law ou droit doux (direito flexível), governado por
um conjunto de sanções distintas das previstas nas normas tradicionais, em

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contraponto ao conhecido sistema do hard law ou droit dur (direito rígido).
Apesar de não se ter ainda, na sua moderna acepção ela compreende todas
aquelas normas que visam regulamentar futuros comportamentos dos Esta-
dos, sem deterem o status de ‘norma jurídica’, é que impõem além de san-
ções de conteúdo moral, também outras que podem ser consideradas extra-
jurídicas, em caso de descumprimento ou inobservância de seus postulados.

A Cúpula da Terra ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, em


1992, com a participação de 172 nações. Dentre os objetivos da Rio
92, destacam-se: a situação ambiental mundial nos últimos 20 anos,
ou seja, desde 1972; a transferência de tecnologias aos países sub-
desenvolvidos para a preservação ambiental; o exame de estratégias
nacionais e internacionais para incorporação de critérios ambientais ao
processo de desenvolvimento; o sistema de cooperação internacional
entre os Estados para coibir ameaças ambientais e, acaso venham a se
concretizar, mecanismos para amenizar os impactos ambientais; reava-
liação do sistema de organismos da ONU.
É interessante destacar que o desenvolvimento sustentável
ganhou destaque como a opção mundial para equilibrar o crescimento
econômico com a proteção do meio ambiente ecologicamente equilibra-
do. A partir desta premissa, diversos documentos foram aprovados na
oportunidade da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambien-
te e Desenvolvimento.

Primeiramente, destaca-se a Declaração do Rio, na qual fo-


ram aprovados 27 princípios ambientais que, conforme ensina Valério
de Oliveira Mazzuoli, nos termos dos trechos supratranscritos, trata-
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-se de um direito flexível (soft law), não possuindo status de norma


propriamente dita, mas de fontes do Direito Internacional do Meio Am-
biente. É indispensável conhecer os princípios mencionados.

O desenvolvimento sustentável foi consagrado como princípio da


Declaração do Rio, entretanto, seu conceito somente foi definido por meio
do Relatório de Brundtland (presidido pela primeira ministra norueguesa Gro
Harlem Brundtland), também conhecido como “Nosso Futuro Comum” (Our
Common Future), elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento e publicado em 1987, sendo definido como “o desen-
volvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a ca-
pacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
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Segundo o Relatório da Comissão Brundtland, uma série de
medidas deve ser tomada pelos países para promover o desenvolvi-
mento sustentável: a) limitação do crescimento populacional; b) garan-
tia de recursos básicos a longo prazo; c) preservação da biodiversidade
e dos ecossistemas; d) diminuição do consumo de energia e desenvol-
vimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis; e)
aumento da produção industrial nos países não industrializados com
base em tecnologias ecologicamente adaptadas; f) controle da urbani-
zação desordenada e integração entre campo e cidades menores; g)
atendimento das necessidades básicas da população.
Em âmbito internacional, as metas propostas pelo relatório con-
sistem em: a) adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pe-
las organizações de desenvolvimento; b) proteção dos ecossistemas su-
pranacionais pela comunidade internacional; c) banimento das guerras;
d) implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela
Organização das Nações Unidas (ONU). Posteriormente ao Relatório de
Brundtland e à Rio 92, durante a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimen-
to Sustentável, realizada em Joanesburgo (África do Sul, em 2010), a
Declaração de Joanesburgo estabeleceu que o desenvolvimento susten-
tável se baseia em três pilares: desenvolvimento econômico, desenvolvi-
mento social e proteção ambiental, devendo ambos estarem equilibrados.
No que tange ao pilar do desenvolvimento social, pode-se con-
cluir que a valorização do capital humano, principalmente no que con-
cerne à uma legislação trabalhista adequada e a um meio ambiente do
trabalho satisfatório para funcionários, assim como à garantia a uma
saúde pública de qualidade, satisfazendo as necessidades da popula-
ção como um todo, também as questões envolvendo os povos tradicio-
nais, a mulher, a infância e a juventude, além da desigualdade de gê-
nero. Já o pilar desenvolvimento econômico, refere-se a uma economia
mais preocupada com o meio ambiente, na qual o intuito lucrativo não
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seja, apenas, a única vertente, devendo as externalidades negativas


serem internalizadas no processo industrial, além da preocupação com
a oferta de produtos ecoeficientes. Por fim, a preservação do meio am-
biente ecologicamente equilibrado, considerado como direito humano
de terceira dimensão (MAZZUOLI, 2018, p. 928).
Outro documento oriundo da Rio 92 é a Agenda 21, que con-
siste em um compromisso político não vinculante, cujo intuito é a formu-
lação de políticas públicas ambientais para o novo milênio, disposta em
quatro seções: a) Dimensões Econômicas e Sociais; b) Conservação
e Administração de recursos; c) Fortalecimento dos Grupos Sociais; d)
Meios de implementação. Também se destaca a Carta das Florestas,
conhecida ainda como Declaração de princípios para o desenvolvimen-
16
to sustentável das florestas, a qual não possui força vinculante.
É indispensável conhecer a Convenção sobre Diversidade Bio-
lógica, mais conhecida como Convenção da Biodiversidade, promulga-
da pelo Decreto presidencial 2.519/1998. Mazzuolli (MAZZUOLLI, 2018,
p. 930) ensina que a presente Convenção garante às presentes e futu-
ras gerações “a preservação da biosfera, visando à harmonia ambiental
do planeta.” No preâmbulo deste instrumento internacional:

“os Estados são responsáveis pela conservação de sua diversidade biológica


e utilização sustentável de seus recursos biológicos (...) a importância e a
necessidade de promover cooperação internacional, regional e mundial entre
os Estados e as organizações intergovernamentais e o setor não governa-
mental para a conservação da diversidade biológica e a utilização sustentá-
vel de seus componentes.”

O art. 1º da referida Convenção pressupõe os seguintes objeti-


vos: a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus compo-
nentes e a divisão equitativa e justa dos benefícios gerados com a utiliza-
ção de recursos genéticos, por meio do acesso apropriado a tais recursos
e transferência de tecnologia relevante. Conforme abordado anteriormen-
te, os Estados possuem direito soberano de explorarem seus próprios
recursos, consoante suas políticas domésticas, desde que a exploração
referida não cause danos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Para tanto, se comprometeram a exigir avaliações de impactos ambien-
tais, instrumento, inclusive, da Política Nacional do Meio Ambiente.
Os Estados se comprometeram também a adotar medidas in-
dispensáveis para a conservação ex situ (conservação dos componen-
tes da diversidade biológica fora de seus habitats naturais) e in situ
(conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e re-
cuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais
e, no caso, de espécies que sejam domesticadas ou cultivadas, onde
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tenham desenvolvido suas características.


Em decorrência da Convenção sobre Biodiversidade, o Proto-
colo de Cartagena, do qual o Brasil é signatário, veio com o intuito de
complementar o texto do instrumento internacional, por meio do Decreto
Legislativo 908, de 21 de novembro de 2003, assegurando maior prote-
ção quanto aos organismos vivos modificados resultantes da biotecno-
logia, levando em consideração os riscos para a saúde humana. Vale
destacar que o referido Protocolo não será aplicável aos organismos
modificados que consistam em medicamentos para uso de seres huma-
nos que estejam previstos em outras normas específicas.
Outro instrumento complementar da Convenção sobre Biodiversi-
dade é o Protocolo sobre Acesso e Repartição de Benefícios de Recursos
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Genéticos da Biodiversidade, de Nagoya, fruto da Conferência das Partes
(COP 10), ainda não ratificado pelo Brasil, entrando em vigor internacional-
mente em 12 de outubro de 2014, cujo objetivo é implementar a repartição
justa e equitativa de benefícios oriundos da utilização dos recursos gené-
ticos. No mais, nesta Conferência das Partes 10, houve uma elevação de
10% para 17% da meta de conservação de áreas protegidas terrestres;
embora, no que tange às áreas marinhas, o percentual se manteve em
10%. Também conhecida como Convenção das Nações Unidas sobre o
Direito do Mar, foi editada em Montego Bay, Jamaica, em 1982, entrando
em vigor, internacionalmente, no dia 16 de novembro de 1994.
O Brasil firmou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito
do Mar juntamente com 118 países, em 22 de dezembro de 1998, veio a
ratificá-la. Uma nova perspectiva de exploração dos mares, mais especi-
ficamente, os fundos marinhos, veio a ser implementada, ficando adstrito
ao controle de toda humanidade (res communis). Apesar do objeto central
da Convenção ser a regulação dos ambientes marinhos, tais como do mar
territorial, da plataforma continental e da zona econômica exclusiva, ele
também se preocupa com a preservação dos oceanos, uma vez que a
conservação e utilização equitativa de seus recursos vivos e a proteção do
meio marinho são destaque no preâmbulo da Convenção de Montego Bay.
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e De-
senvolvimento definiu a importante AGENDA 21 GLOBAL, a qual tratou
em sua Seção III, Capítulo 17, da proteção dos Oceanos, de todos os
tipos de mares, das zonas costeiras e do uso racional dos recursos vi-
vos. O documento prevê gerenciamento integrado e desenvolvimento
sustentável das zonas costeiras, inclusive das zonas econômicas exclu-
sivas; proteção do meio ambiente marinho; uso sustentável dos recursos
marinhos vivos, tanto os de alto mar, quanto os de jurisdição nacional, e
o fortalecimento da cooperação e da coordenação no plano internacional.
É interessante correlacionar a Agenda 21, assim como a Con-
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venção de Montego Bay e o art. 225, §4º, da Constituição Federal bra-


sileira de 1988. Este dispositivo declarou a zona costeira como patri-
mônio, devendo, sua utilização, ser feita, na forma da lei, em condições
que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao
uso dos recursos naturais. A Lei nº 7.661/ 1988 instituiu o Plano Nacio-
nal de Gerenciamento Costeiro (PNGC), cuja função preponderante é
a de “estabelecer normas gerais que visem à gestão ambiental da zona
costeira do país, lançando as bases para formulação de políticas, pla-
nos e programas estaduais e municipais”. O referido plano consiste em
um instrumento de gestão da costa litorânea brasileira, estabelecendo
normas gerais obrigatórias para os Estados e Municípios.
O PNGC dispõe que praias e mares territoriais são bens da
18
União, nos termos da legislação constitucional, cabendo aos Estados e
Municípios editar normas específicas, bem como a regulação de con-
trole de poluição em todas as suas formas, uso e ocupação do solo,
incluindo a limitação ao uso de imóveis na região.
No que tange ao licenciamento ambiental na zona costeira, a lei
em comento, em seu art. 6º, §2º, dispõe que ele será realizado através
de análise de Estudo de Impacto Ambiental e respectivo relatório de im-
pacto ambiental (EIA-RIMA). Esse processo consiste em uma condição
para qualquer atividade que enseje parcelamento ou remembramento
do solo, atos que poderão causar quaisquer alterações significativas
nas características naturais da Zona Costeira, devendo ser observados
os princípios da precaução e da prevenção. Ademais, o licenciamento
deverá obedecer às normas gerais, principalmente às Resoluções do
CONAMA, sob supervisão da Comissão Interministerial para os Recur-
sos do Mar. Um tema muito atual envolvendo a zona costeira brasileira
foi a edição de dois Decretos presidenciais que criaram novas unidades
de conservação marinha, publicados em 19/03/2018.
O primeiro decreto criou a Área de Proteção Ambiental (APA)
e o Monumento Natural (MONA) do Arquipélago de Trindade e Martim
Vaz e Monte Colúmbia, localizados no extremo leste da Zona Econômi-
ca Exclusiva (ZEE) do litoral do Estado do Espírito Santo. Já o segundo
decreto criou a Área de Proteção Ambiental (APA), Marinha do Arquipé-
lago de São Pedro e São Paulo e o Monumento Natural (MONA) Mari-
nho do Arquipélago de São Pedro e São Paulo no extremo nordeste da
Zona Econômica Exclusiva, no litoral do Estado de Pernambuco. Com a
criação dessas unidades, o Brasil ampliou de 1,5% para 25% a sua área
protegida na zona costeira marinha.
Logo após, no ano de 2002, ocorreu a Cúpula Internacional
sobre Financiamento e Desenvolvimento, que trouxe a Agenda Adis
Abeba. No mesmo ano ocorreu a então Cúpula Mundial sobre o De-
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senvolvimento Sustentável (RIO+10), que, na verdade, não teve grande


projeção como a RIO+20, razão pela qual é pouco cobrada em provas,
entretanto, será estudada neste ponto, uma vez que é de extrema
importância no cenário atual do desenvolvimento sustentável.
A RIO+20 foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, de 13 a
22 de junho de 2012, contando com a participação de 193 países. Des-
de 1972, havia uma discussão acerca do desenvolvimento sustentável,
que naquela época era o “ecodesenvolvimento”, mas não se discutia
como implementar estas práticas de sustentabilidade no cenário nacio-
nal dos países que participaram dessas reuniões. Então, era essa a
pendência no cenário internacional.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sus-
19
tentável veio para suprir uma lacuna existente, pois, apesar do maravilho-
so leque de normas internacionais sobre o desenvolvimento sustentável,
faltava uma forma de demonstrar aos países participantes desses outros
diplomas internacionais, meios de implementação destas práticas de sus-
tentabilidade em seus territórios. Um grande avanço que a RIO+20 trouxe
foi a estruturação de uma Governança do Desenvolvimento Sustentável
ou Governança Ambiental. No cenário pátrio, vale o destaque para o Sis-
tema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), criado em 1981 junto com
a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Observe-se que essa cria-
ção é anterior à RIO-92. Em 1981, o Brasil já trouxe uma estrutura para
implementar noções de sustentabilidade e uma política ambiental.
A governança de direito sustentável ou governança ambiental
significa a capacidade de instituições governamentais e não governa-
mentais de, por meio de órgãos, regras e processos, orientar condutas
de Estados e empresas em torno de valores e objetivos de longo prazo
para a sociedade. Com isso, a RIO+20 veio com o intuito de organizar
uma estrutura institucional, cujo condão é implementar tudo aquilo que
já havia sido discutido e aprovado em vários outros diplomas internacio-
nais sobre o assunto e jamais viabilizado na prática.
Houve uma nítida preocupação, principalmente, com os países
que começaram a partir da RIO-92 a se interessar por práticas de susten-
tabilidade. Por exemplo, como a China iria proteger o seu meio ambiente
se ela ainda não tinha uma estrutura que viabilizasse essas práticas de
sustentabilidade? Atualmente, a China é um dos países que mais avança
na adoção de tecnologias limpas no que concerne a fontes renováveis de
energia. Logo, a RIO+20 veio proporcionar a estes países “novatos” na
proteção ambiental um norte a ser seguido, demonstrando a necessidade
de serem criadas estruturas para implementar essas políticas ambientais.
Além da questão da governança ambiental, a RIO + 20 des-
tacou a preocupação com a economia verde, que hoje está em alta
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na arquitetura, conforme se verifica em programas como da Discovery


Home Health. E também em relação aos produtos que utilizamos em
nosso dia a dia. Além disso, há projetos de lei que, adotando o caráter
extrafiscal dos tributos, concedem benefícios tributários a proprietários
de bens imóveis urbanos que adotem estas tecnologias na arquitetura
ou na construção civil de seus imóveis, cujo intuito é a diminuição da
dependência de energia elétrica, por exemplo. Portanto, há claramente,
uma mudança no Direito Tributário brasileiro, que torna o tributo um ins-
trumento capaz de viabilizar a implementação de políticas ambientais.
A partir desta explanação, surge o conceito de ecoeficiência.
O que seria algo mais ecoeficiente? Comprar uma caneta que custa
R$10,00 e dura seis meses ou comprar uma caneta que custa R$5,00
20
e dura apenas dois meses? Sem dúvidas, seria mais econômica e eco-
eficiente a primeira caneta, pois com maior carga, gera menor resíduo
sólido. O resíduo sólido, se não tiver uma destinação adequada, implica
em poluição do meio ambiente.
Atualmente, discute-se como otimizar a produção industrial, uti-
lizando produtos ecoeficientes. A ideia é baratear o custo dos produtos
adotando critérios de sustentabilidade. No mais, A RIO+20 trouxe, no-
vamente, à baila a discussão sobre a erradicação da pobreza, que é um
dos pontos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Agenda
2030. Assim como, quanto à violência, outro reflexo da ausência do
Estado em determinada região. O Estado deve estar mais presente,
implementando políticas públicas, especialmente aquelas relacionadas
à educação. A pobreza será radicada, principalmente, segundo os ins-
trumentos do Direito Internacional, através de uma política educacional.
Destaca-se, também, a edição do documento Esboço Zero,
verificando a necessidade de fortalecer a governança internacional am-
biental para a promoção do desenvolvimento sustentável. Por conta
disso, foi instituído um investimento no Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA), para o qual os países desenvolvidos
deveriam repassar verbas anuais que seriam repassadas, mas, obvia-
mente, não há uma preocupação primordial desses países para com
este programa das Nações Unidas para o meio ambiente. Igual situa-
ção ocorre com o fundo criado pelo Acordo de Paris. Dessa maneira,
os Estados, através das suas instituições governais e também através
de instituições não governamentais, como as ONG’s que cada vez se
destacam mais em nosso país e no cenário internacional, alcançarão,
por meio das regras e processos, uma maneira de orientar os Estados
e empresas em torno dos valores e objetivos, em longo prazo, para via-
bilizar a implementação das noções de sustentabilidade na sociedade.
A RIO+20 teve a preocupação de conceituar o PIB verde para
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

estabelecer uma padronização metodológica do sistema de avaliação


da atividade econômica, tendo em vista os interesses e necessidades
de melhoria do meio ambiente, incluindo nessa mensuração novos pa-
râmetros socioambientais a serem observados e aferidos pelos diversos
países e, dessa forma, indo muito além dos parâmetros clássicos de de-
senvolvimento, limitados, então, essencialmente, apenas ao progresso
tecnológico, mítico e ilimitado aumento sempre a crescente da oferta
de bens e serviços para o consumo humano, cada vez mais insaciável.
Até então, a preocupação em relação ao PIB era tão somente
quanto ao crescimento econômico. Com a RIO+20, o PIB verde ampliou
o conceito de PIB conhecido. Se antes ele era considerado como o
crescimento econômico, agora ele é vislumbrado como o crescimento
21
econômico sustentável, observando-se o equilíbrio entre a preservação
do meio ambiente, as relações sociais e a preservação do meio ambien-
te ecologicamente equilibrado.

O ART. 225 DA CF/88

O art. 225, objeto de estudo, é de suma importância, pois é a


base do estado constitucional ecológico, além de ser o caráter fundante
da Constituição, interesse difuso e direito de terceira dimensão. Des-
taca-se que a lei não possui palavras inúteis e que o direito é um jogo
de palavras. Isso se aplica à Constituição e também à prova, ou seja, o
caput do artigo 225 traz os deveres do Poder Público e da coletividade.
O parágrafo primeiro elenca todos os deveres do Poder Público.
Verifica-se que todos têm direito ao macrobem ambiental, qual
seja, o equilíbrio ecológico. Trata-se de um interesse difuso, mas que
não possui relação com a classificação do Direito Administrativo e é
essencial para a existência (informação implícita na leitura do artigo) e
para a qualidade de vida da nossa existência. Exemplos são os casos
na China em que os cidadãos não podiam sair de suas casas por conta
da poluição atmosférica, tendo isso ocorrido também recentemente na
Califórnia. Por conta dessa essencialidade e desse direito de todos, o
caput do artigo traz também um dever, incumbido à sociedade e ao Po-
der Público, de defesa e preservação. Mais do que isso, cabe à socie-
dade manter, defender e preservar o meio ambiente, ou seja, trata-se de
um ato positivo para a geração atual e também para as futuras.
Cabe ressaltar que o Código Civil cuida dos nascidos com vida
e põe a salvo os direitos do nascituro. O artigo 225 da Constituição
traz direitos anteriores ao nascimento com vida e até mesmo anterior
ao nascituro, ao tratar de gerações futuras. O parágrafo primeiro do
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

art. 225 não traz incumbências para a coletividade, mas apenas para
o Poder público. Isso costuma ser cobrado em provas. Logo, todos os
incisos do parágrafo primeiro incumbem somente o Poder Público, pelo
menos constitucionalmente falando. É evidente que, na prática, alguns
desses incisos são incumbências também da coletividade, mas, para
efeitos de prova, incumbem somente o Poder Público.
O parágrafo primeiro difere do caput ao incumbir tão somente o
Poder Público, e não mais o Poder Público e a coletividade, dos deveres
dispostos nos incisos do referido parágrafo. Essa diferença é de extrema
importância. Quanto ao inciso primeiro, vale destacar os verbos preservar e
restaurar; ou seja, manter e, se for o caso de restauração ou recomposição
específica, restaurar, pois tem-se o efeito da incerteza, o efeito borboleta
22
que, em poucas palavras, pode conceituar-se como aquilo que se destrói e
não se sabe a consequência, isto é, como o planeta lidará com isso.
O inciso segundo trata do patrimônio genético, objeto da Lei de
Biossegurança, Lei nº 11.105/05 e também da Lei da Biodiversidade,
Lei nº 13.123/15. Trata ainda da fiscalização das entidades dedicadas
à pesquisa e manipulação de material genético. Como exemplo relacio-
nado ao assunto, tem-se a China, onde recentemente um cientista diz
ter feito uma clonagem humana. Nesse caso, tem-se o limite da bioética
e a preservação do patrimônio genético. O inciso terceiro trata do es-
paço territorial especialmente protegido, que é um gênero do qual são
espécies: área de preservação permanente (APP), reserva legal, todas
as unidades de conservação dispostas na Lei de Unidades de Conser-
vação – Lei nº 9.985/00 – apicuns, salgados, áreas de uso restrito etc.
O inciso ainda trata da alteração e supressão permitidas somente
através de lei, situação em que há exceção ao princípio do paralelismo das
formas, que dispõe que lei deve ser extinta por lei, ato deve ser extinto por
ato etc. Deve-se interpretar esse inciso da seguinte forma: qualquer altera-
ção que implique redução de limites originários demanda lei. Um exemplo
importante é quanto à ampliação de Unidade de Conservação feita por ato.
No entanto, se além de toda a ampliação houver uma mínima redução de
qualquer parte da UC, obrigatoriamente, deve ser feito por lei, em sentido
formal, e não mais por ato. É vedada a utilização de medida provisória para
tal fim conforme entendimento do STF nos informativos nº 873 e 896, pois
trata-se de um limite material implícito a edição de medidas provisórias que
versem sobre a redução de espaço territorial especialmente protegido.
No final do ano de 2018, foi aprovada na Câmara, por meio de
MP, a redução de treze espaços territoriais especialmente protegidos.
Nesse caso, tal ato foi feito mediante MP e Jabuti (ou contrabando legis-
lativo), ou seja, inserir uma emenda parlamentar com matéria estranha
à medida provisória. Isso se dá por duas razões: a primeira é de que
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medida provisória tramita de maneira mais acelerada devido ao prazo


para conversão em lei; e a segunda, para não chamar atenção. O STF
já se manifestou em mais de uma oportunidade em 2015 e reafirmou em
2017 ser esse ato inconstitucional.
Ressalta-se que qualquer redução em espaço territorial espe-
cialmente protegido demandará lei especial. Dessa maneira, trabalha-
-se a exceção ao paralelismo das formas, pois isso facilita a criação e a
ampliação e dificulta a redução. Essa interpretação também é tratada no
art. 22, §§6º e 7º, da Lei nº 9.985/00, dos quais se recomenda a leitura.
Por fim, também é vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção. Tal entendimento é
obvio, visto que, havendo proteção de lugar detentor de meio ambiente cul-
23
tural, exemplares raros da fauna, não é permitida sua utilização de forma a
comprometer o que justificou a criação do espaço territorial especialmente
protegido. No tocante ao inciso quarto, tem-se a Lei Complementar 140/11,
que trata do licenciamento, e as resoluções CONAMA 237/97 e 01/86.
Nesse inciso, deve-se atentar às palavras: “potencialmente”,
“significativa” e “publicidade”. Isto é, se houver obra ou atividade poten-
cialmente causadora de significativa degradação ao meio ambiente, se-
rão exigidos o estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto
ambiental (RIMA). O estudo de impacto ambiental é feito excepcional-
mente, ou seja, somente para obra de instalação ou atividade potencial-
mente causadora de significativa degradação ao meio ambiente. Já o
relatório de impacto ambiental nada mais é do que um estudo de impacto
ambiental menor, resumido, com linguagem acessível à população para
que a mesma tenha acesso à informação e possibilidade de reação.
Quando o estudo de impacto ambiental se faz necessário? A re-
solução 0001/86 traz um rol exemplificativo de hipóteses que estarão sujei-
tas ao estudo de impacto ambiental. Quando a hipótese não estiver nesse
rol exemplificativo, o órgão ambiental competente decide se o estudo de
impacto ambiental é necessário ou não. Vale ressaltar que a avaliação de
impacto ambiental (AIA) é ampla e possui espécies, tais como: estudo de
impacto ambiental (EIA), relatório de impacto ambiental (RIMA), avaliação
ambiental integrada (AAI), avaliação ambiental estratégica (AAE), plano
de recuperação de áreas degradadas (PRAD), entre outros. O estudo de
impacto ambiental será exigido na forma do art. 225, §1º, inciso IV. O EIA
é recorrentemente cobrado em provas e possui abrangência restrita, pois
nem sempre ele será exigido; trata-se de um estudo complexo.
Como dito, a resolução 0001/86 traz um rol exemplificativo de
hipóteses que estarão sujeitas ao estudo de impacto ambiental. Pode-
-se citar como exemplo desse rol estradas com várias bandas de ro-
dagem, grandes usinas hidrelétricas. Quanto ao inciso quinto, cita-se
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

como exemplo de risco para a vida, qualidade de vida e para o próprio


meio ambiente, o agrotóxico. Nesse caso, não se trata de tempero eco-
cêntrico, pois comporta riscos para o meio ambiente que refletem no ser
humano. O principal tempero biocêntrico encontra-se no inciso sétimo.
Pode-se citar como exemplo ainda os resíduos sólidos perigosos, os
agrotóxicos e assim por diante. No inciso sexto, aborda-se a educação
ambiental e a lei de política nacional de educação ambiental, Lei nº
9.795/99. Nos termos da lei, a educação ambiental tem um valor inse-
parável do exercício da cidadania, visto que ela é um princípio do direito
ambiental; entretanto é facultativa nos ensinos fundamental e médio.
Por fim, no inciso sétimo, aborda-se o direito dos animais, o
equilíbrio ecológico e também o dever ético de respeito aos animais. Não
24
se quer um macrobem ambiental; trata-se de um dever ético de respeitar
os animais. Cuida-se de um tempero biocêntrico, o antropocentrismo.

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25
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2012. Banca: FCC. Órgão: TRF – 5ª REGIÃO. Prova: ANALIS-
TA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA
Desenvolvimento Sustentável:
a) envolve iniciativas que concebem o meio ambiente de modo articulado
com as questões sociais, tais como: saúde, habitação e educação, e que
estimulem uma visão acrítica da população acerca das questões ambientais.
b) e crescimento econômico são sinônimos, significando atividades de
incentivo ao desenvolvimento do país, seguindo modelos de avanço
tecnológico e científico.
c) significa crescimento da economia, demonstrado pelo aumento anual
do Produto Nacional Bruto (PNB) combinado com melhorias tecnológi-
cas e ganhos sociais relevantes
d) pode ser alcançado somente através de políticas e diretrizes gover-
namentais de estímulo à redução do crescimento populacional do país,
tendo em vista que a dinâmica demográfica exerce forte impacto sobre
o meio ambiente em geral e os recursos naturais em particular.
e) significa crescimento econômico com utilização dos recursos natu-
rais, porém com respeito ao meio ambiente, à preservação das espé-
cies e à dignidade humana, de modo a garantir a satisfação das neces-
sidades das presentes e futuras gerações.

QUESTÃO 2
Ano: 2013. Banca: FCC. Órgão: SERGAS. Prova: TÉCNICO ADMI-
NISTRATIVO
A ideia de sustentabilidade vem ganhando espaço em nossos dias
em todos os setores da vida. No espaço organizacional, fala-se
de um “novo paradigma para as empresas”, que leve em conta as
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preocupações ambientais. Certamente, a área do Marketing está


sendo afetada por essa nova visão de mundo. Apresenta um efeito
da noção de sustentabilidade sobre o Marketing:
a) o abandono do chamado “marketing verde”.
b) o estudo e a criação de embalagens não recicláveis.
c) o deslocamento do foco da promoção do consumo para a promoção
do consumo responsável.
d) a obsolescência planejada dos produtos.
e) o desenvolvimento de produtos ambientalmente menos seguros.

QUESTÃO 3
Ano: 2014 Banca: CESGRANRIO Órgão: Petrobras Prova: Enge-
26
nheiro(a) de Produção Júnior
O Relatório Brundtland, de 1987, propõe o conceito de desenvolvi-
mento sustentável como sendo o(a):
a) desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem com-
prometer a habilidade das futuras gerações de atender às suas próprias
necessidades.
b) desenvolvimento onde a prioridade são as relações de trabalho jus-
tas, e sem prejudicar a camada de ozônio e outros elementos ambien-
tais no presente.
c) desenvolvimento onde a biodiversidade deve ser preservada a todo
custo.
d) forma pela qual a sociedade se organiza, considerando, essencial-
mente, os meios de produção e as relações trabalhistas.
e) forma de relacionamento entre o homem e o meio ambiente, conside-
rando a maximização do uso dos recursos no presente.

QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: Juiz Substituto
Na evolução da normativa do Direito Ambiental Internacional, po-
de-se identificar documentos elaborados por Comissões, como
ocorreu com a Comissão da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvol-
vimento. Esses documentos são posteriormente discutidos para,
eventualmente, serem incorporados em Declarações de Princípios
das Conferências sobre Meio Ambiente. Esse processo pode ser
identificado, quando da consagração do princípio do desenvolvi-
mento sustentável, respectivamente, pelo:
a) Programa da Agenda 21 e Declaração do Rio/92.
b) Plano de vigia Earthwatch e Cúpula de Johannesburgo.
c) Relatório Brundtland e Declaração do Rio/92.
d) Relatório Brundtland e Declaração de Estocolmo.
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e) Plano de vigia Earthwatch e Declaração de Estocolmo.

QUESTÃO 5
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Teresina – PI Prova:
Técnico de Nível Superior – Engenheiro Ambiental e/ou Sanitarista
Satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capaci-
dade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades é
o cerne do conceito de desenvolvimento sustentável. Esse concei-
to foi proposto e publicado em:
a) 1997 no Protocolo de Kyoto.
b) 1972 na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano.
c) 1992 na Rio-92.
27
d) 2012 na Rio + 20.
e) 1987 pelo Relatório Brundtland.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Disserte sobre a sustentabilidade e a educação ambiental.

TREINO INÉDITO
Sobre o Direito Internacional do Meio Ambiente e a educação am-
biental, assinale a alternativa correta.
a) A educação ambiental consiste em um fenômeno exclusivo da políti-
ca brasileira.
b) É exclusiva no ensino escolar.
c) A Agenda 2030 é fruto de uma reunião no âmbito da ONU ocorrida no
ano de 2010.
d) O Brasil não é Estado participante da AGENDA 2030
e) A educação ambiental é de extrema importância no cenário do Direito
Internacional do Meio Ambiente, inclusive, constando dentre os objeti-
vos do desenvolvimento sustentável (ODS) da Agenda 2030

NA MÍDIA
“A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A SUSTEN-
TABILIDADE”
“Na busca por uma consciência mais crítica sobre a sustentabilidade, a
educação ambiental deve ser trabalhada de forma abrangente para atingir
a todos os cidadãos. Ela pode ser entendida como uma metodologia, em
que cada pessoa pode assumir e adquirir o papel de membro principal
do processo de ensino ou aprendizagem. Os atuais problemas ambientais
revelam uma crise do antropocentrismo (do grego, anthropos “humano” e
kentron “centro” que significa homem no centro). Não é a natureza que está
em desequilíbrio, mas a forma como as sociedades estão estruturadas.
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A sustentabilidade ocorre a partir de uma lógica que satisfaça as necessi-


dades atuais, sem comprometer as gerações futuras, pois o saber ambien-
tal emerge de uma reflexão sobre a construção da própria vida humana
no planeta. Enxergamos como fundamental que todo ser humano cumpra
com os seus deveres e obrigações cuidando bem da natureza. O processo
de educação ambiental requer, então, uma mudança comportamental.
O esgotamento nos ecossistemas dos recursos naturais e sua degradação
requerem ações não somente reativas, mas sim, cada vez mais proativas
num mundo em que o saber ambiental emerge de uma reflexão do nosso
projeto de dominação baseado na dualidade homem e natureza. A transfor-
mação do conhecimento em forma de tecnologias e instrumentos tem nos
mostrado que estamos utilizando indevidamente os saberes adquiridos.”
28
“Inúmeras discussões sobre a educação ambiental surgiram de uma ne-
cessidade histórica que, desde a década de 60, no século XX, discutem
a relação do homem com a natureza tentando, de certa forma, buscar
alternativas sustentáveis, sendo um dos caminhos para tentar mudar a
relação da humanidade com a natureza.
Segundo alguns estudiosos num terreno altamente político e ideológico,
a educação ambiental surge como proposta ao enfrentamento dessa
crise por meio da articulação entre as dimensões sociais e ambientais.
A preocupação com o tema no Brasil iniciou-se mais intensamente na
década de 90 com a aprovação da Lei 9.795, que institui a Política Na-
cional de Educação Ambiental. A lei afirma tratar-se de um componente
essencial e permanente da educação no país, devendo estar presente
de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não formal em cada comunidade.
A educação ambiental deve ser abordada de forma sistemática e trans-
versal, em todos os níveis de ensino, assegurando a presença da di-
mensão ambiental de forma interdisciplinar nas diversas disciplinas do
currículo e contextualizados com a realidade de cada comunidade.
Para tanto, deveremos utilizar de metodologias ativas que propiciem a edu-
cação ambiental sensibilizando e alertando para um sistema cíclico, recícli-
co e não linear, alcançando o pensamento sistêmico. Buscar em cada pla-
no de ensino gerar o conhecimento dos componentes e dos mecanismos
que regem os sistemas naturais, além de apresentar propostas de respon-
sabilização e reconhecimento do ser humano como principal protagonista
É necessário gerar a devida competência para a capacidade de avaliar
e agir efetivamente na gestão do sistema nos mais variados ambientes
educativos. Assim como, ajudar a exercer a cidadania na participação
ativa da mudança e resgatar os direitos promovendo uma nova ética
capaz de conciliar o ambiente e a sociedade.»
“A educação ambiental tornou-se instrumento importante para construir um
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

futuro melhor para as próximas gerações de forma sustentável. Ela com-


preende os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade cons-
troem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltados para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum da so-
ciedade, fundamental para a qualidade de vida e a sua sustentabilidade.
Nos meios sociais, a educação ambiental deverá ser trabalhada não
de forma fragmentada, estanque, imóvel ou ainda limitada às come-
morações de datas como dia do meio ambiente, dia da água ou dia do
índio. Não podemos mais ficar apenas com discussões a respeito da
reciclagem ou separação de lixo, dos desastres ambientais, enchentes
e outros temas catastróficos. Podemos, sim, educar para o despertar de
uma consciência e práticas de ações ambientais sustentáveis.
29
Fonte: Gazeta do povo
Data: 19/03/2019
Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/giro-sustenta-
vel/importancia-da-educacao-ambiental-para-sustentabilidade/.

NA PRÁTICA
No contexto atual, as práticas de sustentabilidade ainda são considera-
das como pouco praticadas, seja no âmbito das grandes empresas, no
setor público ou na sociedade como um todo.
É indispensável que a educação ambiental cada vez mais promova a
implementação de atitudes sustentáveis, com a finalidade de, cada vez
mais, corroborar para uma preservação eficaz do meio ambiente.
Um exemplo é o município de Santos, localizado no litoral do Estado de
São Paulo. A preservação do meio ambiente está prevista em sua lei
orgânica, algo de extrema relevância. No entanto, mais relevante ainda
é a implementação, na prática, de atitudes sustentáveis que a Adminis-
tração municipal vem adotando, inclusive na promoção da educação
ambiental nas praias do município.

PARA SABER MAIS


Educação ambiental é sinônimo de sustentabilidade.
Disponível em: https://jornal.usp.br/radio-usp/radioagencia-usp/educa-
cao-ambiental-e-sinonimo-de-sustentabilidade/.
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

30
A AGENDA 2030 NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS MU-
DANÇAS CLIMÁTICAS

A AGENDA 2030 NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

A Agenda 2030 consiste em um documento fruto da Assem-


bleia Geral da ONU, em Nova Iorque, no ano de 2015, cujo objetivo é a
implementação de um plano de ação para as pessoas, para o planeta
e para a prosperidade. Também busca fortalecer a paz universal com
mais liberdade, reconhecendo que a erradicação da pobreza em todas
as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior
desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento
sustentável. Vide:

3131
Figura 1 - Desenvolvimento Sustentável

Fonte: Plataforma da Agenda 2030

Figura 2 - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Fonte: Plataforma Agenda 2030

Um exemplo de ODS é a erradicação da pobreza, consistindo no 1º


ODS, correlacionado com o 1º ODM, cujo objetivo é acabar com a pobreza
em todas as suas formas, em todos os lugares. As metas deste ODS são:

1.1 Até 2030, erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

os lugares, atualmente medida como pessoas vivendo com menos de US$


1,25 por dia
1.2 Até 2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de homens, mulhe-
res e crianças, de todas as idades, que vivem na pobreza, em todas as suas
dimensões, de acordo com as definições nacionais
1.3 Implementar, em nível nacional, medidas e sistemas de proteção social
apropriados, para todos, incluindo pisos, e até 2030 atingir a cobertura subs-
tancial dos pobres e vulneráveis
1.4 Até 2030, garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os
pobres e vulneráveis, tenham direitos iguais aos recursos econômicos, bem
como acesso a serviços básicos, propriedade e controle sobre a terra e ou-
tras formas de propriedade, herança, recursos naturais, novas tecnologias
apropriadas e serviços financeiros, incluindo microfinanças
1.5 Até 2030, construir a resiliência dos pobres e daqueles em situação de

32
vulnerabilidade, e reduzir a exposição e vulnerabilidade destes a eventos ex-
tremos relacionados com o clima e outros choques e desastres econômicos,
sociais e ambientais
1.a Garantir uma mobilização significativa de recursos a partir de uma varie-
dade de fontes, inclusive por meio do reforço da cooperação para o desen-
volvimento, de forma a proporcionar meios adequados e previsíveis para que
os países em desenvolvimento, em particular os países de menor desen-
volvimento relativo, implementem programas e políticas para acabar com a
pobreza em todas as suas dimensões
1.b Criar marcos políticos sólidos, em níveis nacional, regional e internacio-
nal, com base em estratégias de desenvolvimento a favor dos pobres e sen-
síveis a gênero, para apoiar investimentos acelerados nas ações de erradi-
cação da pobreza.
Fonte: Plataforma Agenda 2030

Para cada objetivo do desenvolvimento sustentável há metas


a serem alcançadas previstas na Agenda 2030. No Brasil, ela vem sen-
do implementada por parte dos governos federal, estadual e municipal.
Exemplo disso foi a criação da Comissão Nacional sobre Desenvolvi-
mento Sustentável, por meio do Decreto nº 8.892, de 27/10/2016:

Art. 1º Fica criada a Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvi-


mento Sustentável com a finalidade de internalizar, difundir e dar transparên-
cia ao processo de implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável da Organização das Nações Unidas, subscrita pela República
Federativa do Brasil.
Parágrafo único. A Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimen-
to Sustentável é instância colegiada paritária, de natureza consultiva, inte-
grante da estrutura da Secretaria de Governo da Presidência da República,
para a articulação, a mobilização e o diálogo com os entes federativos e a
sociedade civil.

Figura 3 - Plano de Ação CNODS 2017 - 2019.


ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Plataforma Agenda 2030


33
Figura 4 - Missão da Comissão para os ODS

Fonte: Plataforma da Agenda 2030

Figura 5 - Visão da Comissão Nacional para os ODS

Fonte: Plataforma da Agenda 2030

Esta Comissão, na verdade, visa implementar a governança sus-


tentável, conforme pressupõe a Rio+20, formada por diversos membros,
sendo considerada colegiada e de natureza consultiva. Tal Comissão re-
úne representantes dos três níveis de governo, assim como representan-
tes da sociedade civil, os quais são considerados como responsáveis por
difundir e articular com os entes políticos e a sociedade civil, as ideias
dispostas na Agenda 2030, para fins de implementá-las em todo o territó-
rio nacional. Quanto à internalização da Agenda 2030, portanto, tem-se:

Figura 6 - Sociedade Brasileira


ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Plataforma Agenda 2030


34
Logicamente que não basta a internalização da Agenda 2030
apenas, mas também é imprescindível que ocorra a interiorização, isto
é, que estados e municípios brasileiros, assim como entes privados e
a sociedade civil como um todo, acabem implementando os 17 ODS e
suas respectivas metas. Segundo a Plataforma Agenda 2030, para fins
de implementação dos objetivos do desenvolvimento sustentável, é in-
dispensável que sejam realizadas as seguintes iniciativas:
- Estimular a criação de Comissões Estaduais para os ODS
para coordenação das atividades relativas à implementação da Agenda
2030 nos respectivos estados.
- Estimular a criação de Comissões Municipais para os ODS
nos municípios brasileiros para coordenar a implementação da Agenda
2030 nos respectivos municípios.
- Estimular os Estados e Municípios a mapear as políticas pú-
blicas (PPA) e sua relação com as metas dos ODS.
- Valorizar e dar visibilidade em todo o território nacional às
boas práticas que contribuam para o alcance das metas dos ODS, por
meio de prêmio, selos, certificados e sistematização de boas práticas,
dentre outros, para facilitar aos gestores públicos, ao setor privado, à
academia e às organizações da sociedade civil a implantação de proje-
tos que contribuam para o alcance dos ODS.
- Estimular as organizações da sociedade civil a realizarem o mape-
amento e a divulgação da relação dos seus projetos com as metas dos ODS.
- Estimular o setor privado a realizar o mapeamento e a divul-
gação da relação dos seus projetos com as metas dos ODS.
- Fortalecer as plataformas e observatórios públicos e da socie-
dade civil que disponibilizam dados e diagnósticos sobre a situação dos
municípios, estados e do país, relativos ao alcance das metas dos ODS.
- Estimular e fortalecer parcerias que contribuam com projetos,
ações e iniciativas para o alcance dos ODS.
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

- Estimular a capacitação de atores e gestores locais.


Em relação à estrutura da Comissão:

35
Figura 7 - Comissão Nacional ODS

Fonte: Plataforma Agenda 2030

Conforme o art. 2º, do Decreto instituidor (Decreto nº 8.892,


27/10/2016), a Comissão possui as seguintes atribuições:

l. Elaborar Plano de Ação para implementação da Agenda 2030;


II. Propor estratégias, instrumentos, ações e programas para a imple-
mentação dos ODS;
III. Acompanhar, monitorar o desenvolvimento dos ODS e elaborar
relatórios periódicos;
IV. Elaborar subsídios para discussões sobre o desenvolvimento sus-
tentável em fóruns nacionais e internacionais;
V. Identificar, sistematizar e divulgar boas práticas e iniciativas que
colaborem para o alcance dos ODS; e
VI. Promover a articulação com os órgãos e entidades públicas das
Unidades da Federação, para disseminação e implementação dos
ODS nos níveis estadual, distrital e municipal.

O referido Plano para fins de implementação da Agenda 2030


é composto por 5 (cinco) eixos:
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Fluxograma 1 - Eixos Estratégicos

Fonte: Plataforma Agenda 2030


36
Destaca-se a necessidade da interiorização da Agenda 2030,
principalmente no que concerne aos municípios brasileiros, consistindo
em um dos eixos principais do Plano. Há que se considerar, ainda, que
grande parte dos governos municipais não leva em consideração a ne-
cessidade da preservação do meio ambiente ecologicamente equilibra-
do, corroborando, assim, para o surgimento de um desequilíbrio social,
cuja compreensão se dá pela ausência de saneamento básico adequa-
do, de tratamento dos corpos hídricos, pela ausência de órgãos de fis-
calização ambiental para fins de coibir queimadas, as quais prejudicam
bastante a saúde dos munícipes, além da falta de reflorestamento, oca-
sionando a alta temperatura dos centros urbanos. Infelizmente, esta é a
triste realidade da maioria. Por outro lado, alguns municípios, ainda que
constituam uma minoria, estão implementando as práticas previstas na
Agenda 2030, como Franca/SP e São José do Rio Preto/SP.

Fórum Franca Sustentável “Agenda 2030” é apresentado


à comunidade.
Após cerca de 1 ano de um intenso trabalho entre as Insti-
tuições de Ensino Superior de Franca (UNESP, UNIFRAN, UNIFACEF
E FDF), o Fórum Franca Sustentável – assim nomeado o grupo de
docentes e autoridades que têm se reunido para discutir os pilares da
sustentabilidade da ONU “Agenda 2030” – foi apresentado à comu-
nidade na noite do dia 22 de abril, no auditório do SENAI de Franca.
Entre os participantes do evento, estiveram os represen-
tantes da Associação do Comércio e Indústria de Franca (ACIF),
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

prefeitos de municípios vizinhos, docentes e alunos das quatro


Instituições e a Sra. Flávia Lancha, principal incentivadora do gru-
po e demais representantes da sociedade civil organizada.
O Fórum Franca Sustentável foi criado no primeiro semestre
de 2018, devido a necessidade das IES se preocuparem e sedimenta-
rem os objetivos dos pilares da ONU, assim chamado “Agenda 2030”.
Após reunirem seus principais docentes com ideias inovadoras, os
pilares foram subdivididos em 9 grupos de trabalhos. São eles:
- Assistência Social.
- Saúde.
- Educação, Cultura e Igualdade de Gêneros.
- Indústria, Comércio e Serviços.
37
- Economia Solidária e Cooperativismo.
- Agricultura e Agronegócio.
- Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Habitação.
- Meio Ambiente.
- Instituições.
Com reuniões mensais, os GTs se organizam para verificar
os indicadores e metas a serem alcançadas para a cidade dentro
de seus temas.
Durante o evento realizado em abril, todas as Instituições
apresentaram seus pontos de vista em relação ao projeto, além de con-
tar com uma importante apresentação do Prof. Cláudio Paiva, repre-
sentante da Agenda 2030 na cidade de Araraquara – SP. Finalizadas as
apresentações, a palavra foi aberta aos participantes do evento.
O Fórum Franca Sustentável espera promover outros
eventos para apresentar as atividades desenvolvidas à comunida-
de de Franca.
Fonte: Unifran
Disponível em: https://www.unifran.edu.br/noticias/forum-
-franca-sustentavel-agenda-2030-e-apresentado-comunidade/.

A partir da reportagem mencionada, verifica-se o trabalho em


conjunto da comunidade, representada por entidades civis, empresa-
riais e as universidades localizadas no município, juntamente com o
ente municipal. Dentre os temas tratados, além da questão da preser-
vação do meio ambiente, pilar do desenvolvimento sustentável sobre
preservação ambiental, o planejamento, desenvolvimento urbano e
habitação, tema de extrema relevância, também foi abordado, assim
como, a promoção da educação e da saúde de qualidade, assuntos
que fazem parte do pilar do desenvolvimento sustentável referente ao
desenvolvimento social. Também se vislumbra a preocupação com o
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

desenvolvimento econômico, outro pilar do desenvolvimento sustentá-


vel, ao se preocupar com o comércio, a indústria e a economia solidária.
O exemplo de Franca, município localizado no interior de São
Paulo, deve ser acompanhado para fins de ser viabilizado, na prática,
de ser um parâmetro para muitos outros municípios brasileiros. Não
apenas por conta dos assuntos tão sensíveis à sobrevivência dos indiví-
duos, mas também pela interação entre o Poder Público e a sociedade,
observando o princípio democrático previsto no art. 225 da CF/88.
A participação popular deve ser incentivada ao máximo, principal-
mente quando o assunto é meio ambiente. Para a promoção desta partici-
pação, uma educação ambiental deve ser, de fato, posta em prática, como
no caso do município de Santos/SP, a partir do Instituto Mar Azul.
38
Ação de proteção ao oceano recolhe 26 kg de microlixo no
José Menino, em Santos.
Cerca de 100 pessoas participaram da ação de combate ao
lixo no mar, na manhã de sábado (05), no José Menino. Além de um
mutirão de limpeza de praia, com voluntários do Instituto Mar Azul e
da Associação de Moradores e Amigos Pé na Areia (Amapena), a Se-
cretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) promoveu a interven-
ção artística em bueiros. Foram recolhidos 26 quilos de microlixo,
incluindo 2.781 bitucas de cigarro, 2.154 plásticos moles, 1.861 plás-
ticos rígidos, 1.307 embalagens de balas e doces e 1.143 isopores.
Com a mensagem ‘O Mar Começa Aqui’, as pinturas, fei-
tas pelos artistas plásticos Érico Bomfim e Thiago Amorodio, têm
como objetivo chamar a atenção para o correto descarte de resídu-
os. A Prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Meio Ambien-
te, desenvolve desde 2017, convênio com a Agência Ambiental da
Suécia para estudo das fontes de poluição marinha.
Fonte: Prefeitura de Santos
Disponível em: https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/
acao-de-protecao-ao-oceano-recolhe-26-kg-de-microlixo-no-jose-
-menino-em-santos.

Figura 8 - Projeto Microlixo

ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Instituto Mar Azul

Percebe-se a importância da participação popular para fins de


preservação do meio ambiente marinho, no município santista. Além do
recolhimento do microlixo, conforme notícia disponibilizada, o instituto
39
Mar Azul promove a educação ambiental através de projetos para fins
de conscientização da importância do descarte correto de resíduos só-
lidos. Através destas práticas, assim como de campanhas realizadas
pela prefeitura, a educação ambiental chega aos banhistas que usu-
fruem das praias de Santos, aos turistas, principalmente na época do
verão, à sociedade como um todo, principalmente ao comércio local e
às indústrias instaladas na região. Assim, é de suma importância que
muitos municípios, como o de Santos, adotem tais práticas.
Outro exemplo interessante é quanto aos animais de rua, cuja
população é crescente em todo o país, em decorrência do abandono.
No município de São Pedro/SP, cidadãos se uniram para fins de imple-
mentar o Projeto Cão Comunitário, cuja intenção é promover ações de
proteção e bem-estar dos animais, assim como a conscientização da
posse responsável.
Juntamente com o comércio local, os membros da comunida-
de iniciaram a instalação de comedouros e bebedouros nas paredes
externas dos estabelecimentos, sendo que toda a sociedade se tornaria
responsável pela manutenção, limpeza e abastecimento de água e de
ração. A prática, que está sendo copiada por outros municípios brasilei-
ros, promove a adoção consciente dos animais de rua.
A preocupação com os animais também faz parte dos objetivos do
desenvolvimento sustentável, previstos na Agenda 2030 e deve ser promo-
vido à população, a partir de uma educação ambiental eficaz. No entanto,
ainda se vislumbram retrocessos em matéria de preservação ambiental,
contrariando os preceitos da referida Agenda 2030 e indo na contramão da
educação ambiental. Infelizmente, muitos comércios utilizam-se, de forma
inadequada, de folhetos promocionais, os quais são lançados massiva-
mente nas residências e nas ruas das pequenas e grandes cidades.
Para fins de exemplo, no mesmo município de São Pedro/
SP, foi aprovada a Lei Complementar nº 170/ 2019, alterando o artigo
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

102 da Lei Complementar nº 78/2012, de autoria do vereador Robinho


Pedrosa, conhecida como Código de Postura do Município. A referida
lei complementar determinava a proibição da distribuição de folhetos,
panfletos ou qualquer tipo de material impresso veiculando mensagens
publicitárias em para-brisas, debaixo de portas, jogados no chão ou lan-
çados de veículos, aeronaves ou edificações; algo benéfico, não ape-
nas para a população, mas também para fins de preservação do meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
Ademais, a lei em questão não proibia a distribuição dos fo-
lhetos, mas apenas regulamentava esta prática, até porque estabelecia
que a entrega fosse realizada em local apropriado, sendo proibida a
colocação em grades, portões ou o lançamento no interior de jardins e
40
garagens, com exceção de jornais e periódicos, ocasionando, por conta
do descumprimento da norma, aplicação de multa. Posteriormente, foi
aprovado o projeto de Lei Complementar nº 15/2019, o qual revogou a
lei complementar que regulamenta a distribuição de panfletos publicitá-
rios, um verdadeiro retrocesso em matéria de proteção ambiental e de
promoção de educação ambiental.
Práticas como estas devem ser revistas pelos municípios
brasileiros, uma vez que são totalmente contrárias ao que dispõe a
Agenda 2030, internalizada pelo governo brasileiro, a qual deve ser im-
plementada por todos os entes políticos. Vale destacar uma informação
recente para fins de conscientização:

Instituto alerta que plástico representa quase 50% do microlixo coletado nas
praias de Santos
Além disso, os dados também apontam grande presença de bitucas na faixa
de areia e calçadão da cidade.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Mar Azul revelou que o plástico re-
presenta quase 50% dos lixos recolhidos no último ano em mutirões feitos
nas praias de Santos, no litoral de São Paulo. O número desse material é
correspondente a 82.639 fragmentos, do total de 173.488 recolhidos durante
o Projeto Microlixo do instituto. Esses resíduos podem impactar direta e indi-
retamente na vida humana e nos organismos marinhos.
O Mar Azul chegou a esse número após realizar 24 mutirões para retirar lixos
descartados irregularmente na faixa de areia e calçadão, em toda a extensão
das praias, do Aquário ao limite entre os municípios de Santos e São Vicente.
As ações são realizadas por centenas de voluntários e divididas por áreas,
ao longo de todo o ano.
O plástico é o principal material encontrado nas coletas do Projeto Microlixo.
Logo abaixo aparecem as bitucas de cigarro, com 61.091 fragmentos, que re-
presentam 35% do total. Em seguida vêm as hastes flexíveis (2.715 ou 2%), me-
tais diversos (2.298 ou 1%) e fragmentos de papel (2.055 ou 1%). Outros itens
somam 22.690 ou 13%, completando mais de 173 mil fragmentos recolhidos.
O biólogo doutor em oceanografia e professor da Universidade Federal de São
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Paulo, Ítalo Braga de Castro, informou que o acúmulo desse lixo pode gerar da-
nos ao meio ambiente, além de riscos para a saúde. Entre os itens destacados
por ele estão os mais encontrados nas praias, como os plásticos perfurocortan-
tes, recipientes utilizados para armazenamento de drogas e bitucas de cigarro.
“No caso particular das bitucas, vocês têm uma pequena bombinha quími-
ca, um artefato que acumula grandes quantidades de substâncias químicas
perigosas, contaminantes e poluentes em potencial e que são lançados no
mar. Tudo isso acaba redundando em riscos eminentes à saúde e também
uma redução da satisfação de frequentar as praias, podendo afetar a nossa
economia que é tão baseada e dependente do turismo”, finaliza.
Ele ainda aponta que no cigarro há 7 mil substâncias químicas e que boa
parte fica retida no filtro para que o fumante não inale. Essas substâncias
ficam presas ao filtro e, quando essa bituca é descartada no ambiente, pode

41
provocar uma série de impactos graves para os organismos marinhos, pois é
uma veiculo de muitos contaminantes, conforme relata Ítalo.
Instituto Mar Azul
O trabalho do instituto começou em 2013, quando eles resolveram criar um pro-
jeto voltado para a recolha do microlixo. “Isso veio para preencher uma lacuna
que a gente tinha, pois já são realizados projetos de coleta de macrolixo. Esse
lixo não recolhido acaba impactando no meio ambiente, na balneabilidade da
água e na saúde humana”, explica o diretor presidente o Instituto, Hailton Santos.
Segundo ele, além dos voluntários, a Mar Azul também recebe a ajuda de
alunos de escolas do município, nas quais eles realizam trabalhos de cons-
cientização. “Nós temos um calendário, onde temos uma data por mês para
fazer os mutirões. A gente atende escolas e levamos alunos para as praias
para fazer a ação também”, finaliza.
Fonte: TV TRIBUNA.
Disponível em: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2020/01/22/ins-
tituto-alerta-que-plastico-representa-quase-50percent-do-microlixo-coletado-
-nas-praias-de-santos.ghtml. Acesso em 18/02/2020.

Outro ponto interessante de destaque é a educação ambiental


implementada nas unidades de conservação do meio ambiente. No Bra-
sil, atualmente, há dois grupos de unidades de conservação da nature-
za: grupo de proteção integral e grupo de uso sustentável. Vide:

Quadro 1 - Unidades de Conservação da Natureza


ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

42
43
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS
Fonte: Scaranello, 2020.

Em âmbito de educação ambiental e promoção do desen-


volvimento sustentável, é indispensável correlacionar as unidades de
conservação da natureza com as terras indígenas. Tatiana Scaranello
(SCARANELLO, 2020, p. 138 - 139) destaca:

Sobre unidades de conservação da natureza é quanto à possibilidade


ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

de coexistirem com terras indígenas. Primeiramente, remete o leitor


à atenta leitura do art. 231, da CF/88, o qual prevê a necessidade de
demarcação por parte da União das terras tradicionalmente ocupa-
das pelos índios.
O Supremo Tribunal Federal (STF), no julgado do Pet 3.388, rel. min.
Ayres Britto, j. 19.03.2009, compreendeu haver perfeita compatibili-
dade entre meio ambiente e terras indígenas, ainda que estas envol-
vam áreas de “conservação” e “preservação” ambiental, autorizando
a dupla afetação, sob a administração do competente órgão de defe-
sa ambiental, até porque (...) a exclusividade de usufruto das rique-
zas do solo, dos rios e dos lagos nas terras indígenas é conciliável
com a eventual presença de não-índios, bem assim com a instalação
de equipamentos públicos, a abertura de estradas e outras vias de
44
comunicação, a montagem ou construção de bases físicas para a
prestação de serviços públicos ou de relevância pública, desde que
tudo se processe sob a liderança institucional da União, controle do
Ministério Público e atuação coadjuvante de entidades tanto da Admi-
nistração Federal quanto representativas dos próprios indígenas. O
que já impede os próprios índios e suas comunidades, por exemplo,
de interditar ou bloquear estradas, cobrar pedágio pelo uso delas e
inibir o regular funcionamento das repartições públicas. ”

Sobre esse assunto, vide uma informação importante relatada


pelo Banco Nacional do Desenvolvimento:

Terras Indígenas combatem o desmatamento e a emissão de gases de efeito


estufa
Recentemente, estudos vêm revelando que as Terras Indígenas (TI) são bas-
tante eficientes em evitar o desmatamento, e consequentemente as emissões
de gases de efeito estufa. Isso é especialmente importante quando se pensa
na mitigação dos impactos da mudança do clima, como o aquecimento global.
Em todo o mundo, terras sob gestão de comunidades tradicionais guardam
cerca de 24% do carbono estocado na superfície, de acordo com estudo de
autoria da Rights and Resources Initiative (RRI), Woods Hole Research Cen-
ter (WHRC) e World Resources Institute (WRI).
Climate benefits, tenure costs (2016), outro estudo do WRI, revela que, no
caso brasileiro, as TIs têm o potencial de evitar a emissão de 31,8 milhões
de toneladas anuais de CO2. Isso equivale a tirar de circulação cerca de 6,7
milhões de carros por um ano.
Os autores dessa pesquisa também observaram que, nas TIs, os serviços
ecossistêmicos fornecidos pela conservação florestal, como o ciclo da água
ou a possibilidade de atividades turísticas, equivaleriam, em 20 anos, a recur-
sos entre US$ 523 bilhões e US$ 1,165 bilhões para o Brasil.
Mas o que são Terras Indígenas?
Elas são definidas na Constituição de 1988 como sendo aquelas habitadas
pelos índios “em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades pro-
dutivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessá-
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

rios a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, se-


gundo seus usos, costumes e tradições” (artigo 231). Ainda pela constituição,
as TIs pertencem ao governo federal, à União (artigo 20).
Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), hoje, no Brasil, existem 705 Terras
Indígenas em diversos estágios de demarcação, que abrigam 253 etnias. Elas
equivalem a 13,8% do território nacional ou cerca de 1,173 milhão de quilôme-
tros quadrados. A maior parte delas, 419, fica na Amazônia Legal, e corres-
ponde a 23% da área dessa região e 98,3% da área de todas as TIs no país.
Atitude sustentável e interdependência com a natureza
Apesar de não serem “naturalmente ecologistas”, já que pode haver tantas
percepções do meio ambiente pelos índios quanto há nações indígenas, elas
tendem a ter em comum uma visão sistêmica da existência, o que faz com
que, no geral, os povos indígenas percebam mais facilmente sua relação de

45
interdependência com a natureza. No site do Instituto Socioambiental (ISA),
são apresentadas algumas explicações para uma atitude mais conservadora
no uso dos recursos naturais por parte dos índios.
Essa atitude é evidenciada por dados apresentados no trabalho Terras Indíge-
nas na Amazônia brasileira: reservas de carbono e barreiras ao desmatamen-
to, publicado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). O es-
tudo mostra que, no período 2000-2014, a perda de floresta dentro das TIs foi
inferior a 2%, enquanto a média de área desmatada na Amazônia foi de 19%.
Ainda segundo o estudo, o desmatamento que ocorre no interior dessas áre-
as está geralmente associado às atividades desenvolvidas por não indíge-
nas, como a invasão para a retirada ilegal de madeira e atividade garimpeira,
além da invasão de terras para o uso agropecuário.
Para se entender a pressão a que estão submetidas essas áreas, é interes-
sante a leitura de dois trabalhos do ISA. O primeiro é o Atlas de pressões e
ameaças às Terras Indígenas na Amazônia brasileira, que traz entre outras,
críticas aos grandes projetos de infraestrutura.
O outro, Áreas Protegidas na Amazônia brasileira: avanços e desafios, trata
do conjunto das Áreas Protegidas, que inclui Unidades de Conservação (UC)
e terras quilombolas, além das TIs. A maioria dessas áreas está sob algum
tipo de pressão oriunda das atividades ilegais, das queimadas, da explora-
ção inadequada dos recursos minerais, das mudanças do uso do solo e dos
grandes projetos de infraestrutura.
Política nacional e planos de gestão ambiental
Para fazer frente a esses desafios e reconhecendo a necessidade de se garantir
o uso sustentável dos recursos naturais e a manutenção da integridade das TIs,
foi elaborada, com a participação de representantes dos povos indígenas, a Po-
lítica Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).
A política tem nos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) sua principal
ferramenta de implementação. Eles se baseiam no etnomapeamento e no etno-
zoneamento. O primeiro visa mapear, com as populações indígenas, as áreas
de relevância ambiental, sociocultural e produtiva. Com base nesse, desenvol-
ve-se o segundo, no qual, mais uma vez com a participação das comunidades,
essas áreas são classificadas, possibilitando o planejamento das atividades,
sejam elas de cunho produtivo, de proteção territorial ou de gestão ambiental.
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Para orientar a elaboração dos PGTA, a Funai publicou uma cartilha. Lá,
também é possível conhecer a história da PNGATI.
Fonte: BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO. Disponível em: ht-
tps://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/
terras-indigenas-combatem-desmatamento. Acesso em: 18/02/2020

DIREITO AMBIENTAL NO CONTEXTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O meio ambiente foi previsto como direito humano na Con-


ferência de Estocolmo de 1972, que foi a primeira conferência inter-
nacional a trabalhar com o aspecto de proteção internacional do meio
ambiente (noção de que o dano ambiental não possui fronteiras) e fi-
46
xou o desenvolvimento sustentável e sua prevenção. Depois, houve a
Declaração do Rio de 1992 e Carta da Terra (Rio + 5). Estocolmo foi a
primeira grande preocupação com o direito ambiental, saindo da fase
fragmentária para a fase holística. É importante destacar aqui, que a
prevenção foi fixada em Estocolmo e a precaução foi fixada somente no
Rio (pois se trata de algo mais indireto; danos ainda não conhecidos).
O meio ambiente é um direito de titularidade coletiva, conforme
entendimento do STF no MS 22.164/SP, englobando o princípio da solida-
riedade e o alto teor de humanismo. Assim, considerando que o dano am-
biental não conhece fronteiras, podendo afetar outros países, é importante
o tratamento global. Da mesma forma que no Direito do Trabalho fala-se
em dumping social, no Direito Ambiental fala-se em dumping ambiental.
Por exemplo, danos ambientais, como a poluição atmosférica
advinda da ausência de filtros, causados através da execução de de-
terminada atividade em países que não possuem medidas de proteção
ao meio ambiente, podem afetar outros países (como chuva ácida), ge-
rando custos de produção. A maneira de corrigir isso é através do im-
plemento de barreira tarifária, colocando-se uma tarifa para equalizar a
competitividade; e de barreira não tarifária, através do não recebimento
de produtos provenientes de dumping.
Suponha que havia uma fábrica de cigarros no Brasil que não
pagava impostos, de forma que conseguia condições vantajosas de preço,
refletindo no direito concorrencial. Nesse caso, o STF, anos atrás, determi-
nou o fechamento da empresa, pois ela não pagava os tributos e, ainda,
afetava as empresas que pagavam, já que estas não conseguiam competir
com o preço inferior. Em relação às mudanças climáticas, tinha-se o Proto-
colo de Kyoto/1997, que acabou fracassando, pois só previa deveres para
os países ricos, de forma que os Estados Unidos não se envolveram.
Atenção aos primeiros artigos das leis. Os instrumentos são
muito cobrados nas provas, bem como o art. 9º da Lei nº 6.938/81, que
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

traz os instrumentos. Assim, recomenda-se o estudo em conjunto do art.


6º da PNMA, Lei nº 6.938/81 (que estrutura o SISNAMA) com o art. 6º
da Lei nº 9.985/00 (que estrutura o SNUC). Também é recomendado o
estudo em conjunto dos instrumentos (de forma comparada). Cabe di-
zer ainda que, conforme previsão da Lei da PNMC, a responsabilidade
pela questão das mudanças climáticas é comum, porém diferenciada:
todos devem responder pelo dano ambiental, mas aqueles que pos-
suem maiores condições devem responder de forma maior – e isso se
dá por duas razões, quais sejam: a capacidade econômica dos países
ricos (que por possuírem capacidade econômica maior devem, portan-
to, arcar com mais investimentos ); e o sentido histórico porque, no pas-
sado, na fase individualista e na fase fragmentária não se falava em
47
mudança climática, tendo tais países enriquecido à custa da poluição
que gera reflexos hoje.
Dessa maneira, os países de industrialização tardia (que são os
ricos) devem arcar com mais do que os países de industrialização mais
recente (que são os periféricos ou emergentes), seja pela teoria do bolso
profundo, pela capacidade de arcar com mais, ou pelo sentido histórico,
de que tais países enriqueceram à custa da degradação ambiental e não
tiveram que internalizar tais externalidades negativas. Além disso, o fun-
damento da responsabilidade pelas mudanças climáticas ser comum está
na Resolução nº 2.625 da Assembleia-Geral das Nações Unidas, a qual
declara que “todos os Estados Gozam de igualdade soberana, têm direitos
e iguais deveres e são igualmente membros da comunidade internacional”.
O Brasil se compromete a zerar o desmatamento ilegal em 2030;
recuperar 120.000 km² de florestas; atingir de 25% a 33% na matriz ener-
gética de fontes renováveis, sem contar com hidrelétricas contra o aque-
cimento global. Preparação para a COP 21 em Paris (prevista reunião
anual das partes na Convenção do Quadro da ONU sobre a mudança do
clima). O Brasil ainda possui potencial de gerar energia solar fotovoltaica
em 200 vezes a capacidade instalada de toda a matriz energética (atual-
mente, há 0,02% da matriz. Em 2030, há previsão de 8%). Quanto a isso,
cabe destacar que existem grandes hidrelétricas que causam dano so-
cioambiental severo (como destruição de comunidades tradicionais, des-
truição de povos indígenas, alagamentos de áreas sagradas, redução do
ecossistema). Assim, embora a usina hidrelétrica seja renovável, o Brasil
compromete-se a gerar energia renovável sem considerar a hidrelétrica,
pois pelo aspecto socioambiental seus impactos são bastante grandes.
Portanto, a energia solar é muito mais sustentável.
Ainda em relação às usinas hidrelétricas, além do custo de ge-
ração, existem os custos de distribuição e transmissão, como, por exem-
plo, a grande perda que ocorre durante a transmissão. Belo Monte, por
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

exemplo, é chamada de usina fio da água, ou seja, não gera energia o


ano todo, mas apenas quando chove mais, pois seu reservatório é me-
nor, justamente com o intuito de gerar impacto ambiental menor.
O Papa, preparando a COP21, a fim de descarbonizar a economia,
afirmou que “os países pobres precisam produzir energia renovável. Quem
cresceu à custa da atual poluição deve colaborar mais.” No Acordo de Paris,
do qual os Estados Unidos se retiraram, 195 países concordaram em:
(a) buscar elevação menor que 02 graus com esforços para
limitar em 1,5 graus (em relação à era pré-industrial).
(b) mecanismos de revisão a cada 05 anos a partir de 2020;
(OBSERVAÇÃO: tais revisões terão que ser submetidas ao Congresso
Nacional, nos termos do art. 49, I, CF).
48
(c) repasse de 100 bilhões de dólares dos países ricos para os peri-
féricos. (Entende-se que o Brasil não entra na categoria de países periféricos).
O Brasil internalizou o Acordo de Paris através do Decreto
9.073/2017, com fundamento no art. 84, IV da Constituição Federal (que
traz as atribuições do Presidente). O procedimento é o seguinte: primeiro, a
República Federativa do Brasil assina o tratado e o termo de internalização
do tratado; depois, há a aprovação pelo Congresso, através do Decreto
Legislativo; em seguida, é feita a ratificação, com o depósito do instrumento
de ratificação (já entrando em vigor para a ordem internacional); por fim, é
feita a promulgação e a publicação na ordem interna, feitas mediante de-
creto presidencial (justamente o Decreto em análise, nº 9.073/2017).
Deve-se ressaltar que são sujeitos à aprovação do Congres-
so Nacional atos que possam resultar em revisão do Acordo e ajustes
complementares que acarretem encargos ou compromissos gravosos
ao patrimônio nacional, nos termos do inciso I do caput do art. 49 da
Constituição. Ainda em relação às mudanças climáticas, o ex-presiden-
te americano Obama criou um programa de energia limpa e a Suprema
Corte o suspendeu por 5 (conservadores) x 4 (liberais), porque buscava
mais energia solar e eólica e menos carvão. Para Obama, mudanças
climáticas afetam severamente a saúde pública, com doenças respira-
tórias e várias externalidades negativas.
Por conseguinte, Trump revogou, por decreto, o Plano de Ener-
gia Limpa de Obama que estava suspenso (03/2017) e anunciou a re-
tirada do acordo de Paris (06/2017). Ressalte-se que Trump defendia
que a regulação ambiental afeta a economia. Com a saída dos Estados
Unidos, houve forte reação do mundo, bem como de empresas e esta-
dos do país (Nova Iorque, Califórnia e Washington). Esse desacordo
norte-americano pode causar uma elevação de 0,3 grau Celsius nas
temperaturas globais até o final do século, no pior dos casos, de acordo
com uma autoridade da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Existe um orçamento de carbono: já jogamos mais de 500 bi-


lhões de CO2 na Terra, desde a era pré-industrial, aquecendo um grau.
Falta 1 grau para chegar ao limite máximo de Paris, ou seja, há em mé-
dia mais 500 bilhões de CO2 para gastar, e se nada for feito, o prognós-
tico é de que, em 2040, esse limite seja ultrapassado. Por essa razão,
existe a necessidade de medidas efetivas que mudem esse quadro.

A QUESTÃO AMBIENTAL E O PANORAMA DOS RISCOS GLOBAIS

A questão ambiental domina o panorama dos riscos globais.


Nessa esteira, de modo a diminuir os impactos, há a frente da judiciali-
49
zação climática, nos Estados Unidos. De fato, há duas frentes: a frente
econômica, em que os fundos de pensão não investirão mais em em-
presas que poluem o planeta, como as petrolíferas; e a frente judicial,
que busca ações para cobrar o ressarcimento por tudo o que o poder
público já gastou e ainda gastará com a remediação e a adaptação para
eventos climáticos extremos, como, por exemplo, o Furacão Sandy.
Essa judicialização climática tem aspecto simbólico bastante for-
te. Citam-se, quanto a isso, como exemplo, ações ajuizadas por fumantes
que desenvolveram câncer em face das empresas de cigarro – embora vá-
rias tenham sido improcedentes, houve condenações das empresas, sob
a alegação de que deveriam ter dado a devida informação aos usuários.
Existe um banco de dados sobre toda a judicialização climática
no mundo. Nesse sentido, Marcelo Leite atenta para os valores das tra-
gédias climáticas, como por exemplo, o Furacão Harvey, fenômeno que
deixou outra metrópole americana debaixo d’água (Houston, no Texas),
impondo prejuízos de US$ 125 bilhões. Já o Furacão Maria arrasou Porto
Rico (US$ 90 bilhões); no entanto, esse foi apenas um dos 16 desastres
com danos bilionários nos EUA, responsáveis em conjunto por perdas de
US$ 306 bilhões, incluindo os incêndios florestais californianos. Se com-
putados todos os flagelos climáticos, bilionários ou não (219 eventos),
o custo monta a US$ 1,5 trilhão. Enquanto isso, no Brasil, discute-se o
acordo de US$ 3 bilhões que a Petrobrás fechou nos EUA para ressarcir
investidores prejudicados pelas malfeitorias investigadas na Lava Jato.
Para Marcelo Leite, a corrupção aleija, mas a mudança climática mata.
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

50
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: FADESP Órgão: Prefeitura de Rurópolis – PA
Provas: Analista Fiscal Tributário
Diante de um cenário de destruição dos recursos naturais e in-
tensificação dos problemas ambientais, não cabe mais ao ser hu-
mano alimentar um modelo de desenvolvimento que desconsidere
as dimensões sociais e ambientais. Dessa forma, em 1987, a ONU
(Organização das Nações Unidas) apresentou o conceito de desen-
volvimento sustentável, que teve como objetivo criar limites para
o crescimento econômico de maneira global, garantindo que as
futuras gerações possam usufruir dos recursos naturais da mes-
ma maneira que a geração atual. Em 2015, a ONU apresentou 17
objetivos de desenvolvimento sustentável, também chamados de
Objetivos Globais, que devem ser alcançados até 2030.
NÃO é considerado objetivo de desenvolvimento sustentável:
a) acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
b) alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e
meninas.
c) reintegrar indústrias através da isenção fiscal, proporcionando a ge-
ração de emprego e renda nos países menos desenvolvidos.
d) construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclu-
siva e sustentável e fomentar a inovação.

QUESTÃO 2
Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: CAU-MG
Prova: Advogado
Foram concluídas, em agosto de 2015, as negociações que culmi-
naram na adoção, em setembro, dos Objetivos de Desenvolvimen-
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

to Sustentável (ODS), por ocasião da Cúpula das Nações Unidas


para o Desenvolvimento Sustentável. Processo iniciado em 2013,
seguindo mandato emanado da Conferência Rio+20, os ODS deve-
rão orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação
internacional nos próximos quinze anos, sucedendo e atualizando
os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
Ministério das Relações Exteriores.
Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-exter-
na/ desenvolvimento-sustentavel-e-meio-ambiente/134-objetivos-
-de-desenvolvimento-sustentavel-ods. Acesso em: 19 mar. 2019.
O ODS 15 almeja proteger, recuperar e promover o uso sustentável
dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as flores-
51
tas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da
terra e deter a perda de biodiversidade.
Nesse contexto, assinale a alternativa que não apresenta uma das
metas do ODS 15.
a) Até 2030, combater a desertificação e restaurar a terra e o solo degrada-
dos, incluindo terrenos afetados pela desertificação, secas e inundações,
e lutar para alcançar um mundo neutro em termos de degradação do solo.
b) Até 2030, assegurar a conservação dos ecossistemas de montanha,
incluindo a sua biodiversidade, para melhorar a sua capacidade de pro-
porcionar benefícios, essenciais para o desenvolvimento sustentável.
c) Tomar medidas urgentes e significativas para reduzir a degradação
de habitats naturais, estancar a perda de biodiversidade e, até 2020,
proteger e evitar a extinção de espécies ameaçadas.
d) Aumentar o investimento, inclusive por meio do reforço da cooperação
internacional, em infraestrutura rural, pesquisa e extensão de serviços agrí-
colas, desenvolvimento de tecnologia e bancos de genes de plantas e ani-
mais, de maneira a mitigar a desertificação e a perda de biodiversidade.

QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: COPASA Prova: Agente de Sa-
neamento – Técnico Meio Ambiente
São ações para se conseguir implementar a educação ambiental
para a população, EXCETO:
a) Capacitação de agentes multiplicadores.
b) Inclusão de disciplinas de educação ambiental na educação formal.
c) Promoção e articulação entre os setores públicos, privados e comunitários.
d) Veiculação de campanhas educativas e de mobilização comunitária.

QUESTÃO 4
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: AL-BA Prova: Técnico de Nível Su-
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

perior – Pedagogia
As opções a seguir apresentam proximidades conceituais entre a Edu-
cação Ambiental e a Educação Crítica, à exceção de uma. Assinale.
a) Educação como mediadora de interesses e conflitos.
b) Os problemas ambientais são mediados pela dimensão naturalista.
c) Distanciamento entre teoria e prática no cotidiano.
d) Educação como emancipação.
e) Percepção das relações existentes entre educação, sociedade, tra-
balho e natureza.

QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: SLU-DF Prova: Analista de Ges-
52
tão de Resíduos Sólidos – Geografia
Julgue o próximo item, referente à educação ambiental.
A qualidade da educação ambiental de um país é proporcional à sua
concentração de riqueza: os Estados Unidos da América, por exemplo,
têm como pilares de sua economia a educação ambiental e a adoção de
políticas de preservação e uso racional de recursos naturais.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Tomando como exemplo as práticas desenvolvidas no município de São
Pedro/SP, referentes ao projeto cão comunitário, assim como, no mu-
nicípio de Santos/SP, referentes ao apoio popular em campanhas para
retirar os lixos das praias, discorra sobre a importância da participação
da sociedade na preservação do meio ambiente a partir de uma educa-
ção ambiental difundida.

TREINO INÉDITO
São objetivos fundamentais da educação ambiental:
a) a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais,
nacionais e globais; o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à
diversidade individual e cultural.
b) a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; a
permanente avaliação crítica do processo educativo.
c) o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da
inter, multi e transdisciplinaridade; a vinculação entre a ética, a educa-
ção, o trabalho e as práticas sociais.
d) o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; a con-
cepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interde-
pendência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o
enfoque da sustentabilidade.
e) o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solida-
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

riedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

NA MÍDIA
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO PODE AJUDAR A ATINGIR ME-
TAS DA AGENDA 2030
O cumprimento das metas previstas no Plano Nacional de Educação
(PNE) pode ajudar o Brasil a concluir, em 2024, 70% das metas previs-
tas para 2030, pelo quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
(ODS4). A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), obtida a partir de um levantamento que retrata a implementação
do ODS4 no país, tendo por base indicadores de 2016 e 2017.
Fonte: Agência Brasil
53
Data: 02/08/2019
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noti-
cia/2019-08/plano-nacional-de-educacao-pode-ajudar-atingir-metas-
-da-agenda-2030.

NA PRÁTICA
A participação popular, cada vez mais, é indispensável para a promoção
e implementação de práticas de sustentabilidade.
Exemplos concretos são divulgados na mídia constantemente. Além dos
projetos mencionados ao longo desta unidade, destaca-se a união da po-
pulação nordestina em prol da despoluição das praias, em decorrência de
um vazamento de óleo, em alto mar. Infelizmente, é preciso que o meio
ambiente sofra danos irreversíveis oriundos de vazamento de hidrocar-
bonetos, rompimento de barragens e tantas outras situações para que a
sociedade veja a importância da preservação do meio ambiente.

PARA SABER MAIS


Guia de Educação Ambiental em Unidades de Conservação é lançado.
Disponível em: <https://www.ipe.org.br/ultimas-noticias/750-guia-de-edu-
cacao-ambiental-ambiental-em-unidades-de-conservacao-e-lancado>.
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

54
PROGRAMA NACIONAL DE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A LEI Nº 9.795/1999 ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Nesta parte da unidade é imprescindível o conhecimento dos


aspectos legislativos da Política Nacional de Educação Ambiental. De
acordo com o art. 1º

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos


quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhe-
cimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a con-
servação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial
à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

De tamanha importância é, que a educação ambiental consiste


em um componente essencial e permanente da educação nacional, de-
5555
vendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modali-
dades do processo educativo, em caráter formal e não formal, tanto que
dia 03 de junho é comemorado o Dia Nacional da Educação Ambiental.
Ademais, “como parte do processo educativo mais amplo, todos têm
direito à educação ambiental”, nos termos do art. 3º. No mais, compete:

I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição


Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão am-
biental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino
e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e me-
lhoria do meio ambiente;
II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de
maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem;
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente -
Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos pro-
gramas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e
permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre
meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover
programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao
controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões
do processo produtivo no meio ambiente;
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à for-
mação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação
individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a
solução de problemas ambientais.

Ou seja, pelo teor do artigo em questão, temos que, não ape-


nas ao Poder Público incumbe instituir e promover a educação ambien-
tal, mas também, às instituições educativas, consoante os programas
educacionais desenvolvidos. À sociedade como um todo, ao promover
os valores, atitudes e habilidades individuais e coletivas para fins de
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

prevenção de danos ambientais, bem como às empresas públicas e


privadas, ou seja, todos são responsáveis pela preservação do meio
ambiente ecologicamente equilibrado, sendo um comando compatível
com o caput do art. 225 da CF/88.
Por conta deste dispositivo constitucional, cabe a toda a socie-
dade a promoção da educação ambiental, seja no ambiente de trabalho,
no da escola, nas repartições públicas, nos condomínios ou nas resi-
dências. Vide interessante notícia a respeito da promoção da educação
ambiental pelo ente público em parceria com entes privados:

Comissão em Santos envolve sociedade na Educação Ambiental


A cidade de Santos já conta com um grupo que será responsável por mobi-

56
lizar a sociedade em torno da educação ambiental, de forma a torná-la cada
vez mais presente na vida dos cidadãos santistas de todas as idades.
Nesta segunda-feira (16), no Orquidário Municipal, foi criada a Comissão Inte-
rinstitucional Municipal de Educação Ambiental (CIMEA), responsável pela ela-
boração e implementação da Política e do Programa de Educação Ambiental de
Santos. Ela é formada por representantes do poder público nas esferas munici-
pal, estadual e federal, além da sociedade civil organizada, de forma paritária.
O presidente da CIMEA é o secretário municipal de Meio Ambiente, Marcos Li-
bório, que presidiu a reunião de posse. Claudia Cristiane Giglio Brito, analista
ambiental da Secretaria de Meio Ambiente foi eleita vice-presidente e Mariana
Amaral Santos Pinto, bióloga do Instituto MarAZUL, vai secretariar os trabalhos.
A comissão tem ainda representantes do Gremar; Universidade Católica de
Santos; Diretoria de Ensino da Região de Santos do Governo do Estado de
São Paulo; Comitê de Bacias Hidrográficas da Baixada Santista; conselhos
municipais de Meio Ambiente, Educação e Entidades de Bairro de Santos;
e das unidades de conservação do Aquário, Orquidário, Jardim Botânico e
Ecoturismo da Prefeitura de Santos.
Fonte: Prefeitura de Santos
Disponível: https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/comissao-em-santos-
-envolve-sociedade-na-educacao-ambiental.

A interação dos entes públicos com a sociedade é fundamental


para que a educação ambiental seja promovida a contento, por meio de
projetos eficazes que possuam a essência de criar uma visão crítica na
população, referente aos efeitos que o lixo pode causar nos rios, lagos,
oceanos e na terra, principalmente quanto à contaminação da água po-
tável e da flora e fauna, situação que ocasiona prejuízos imensuráveis
à saúde da população.
Um exemplo é o Programa Município Verde Azul – PMVA, insti-
tuído em 2007, pela então Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA),
do Estado de São Paulo, em cujos objetivos consta a promoção da edu-
cação ambiental na gestão ambiental dos municípios paulistas. Vide: ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

“Município Sustentável (MS)* 7– Ação de educação ambiental, com foco em


difusão e capacitação de técnicas de boas práticas sustentáveis.
Estrutura e Educação Ambiental (EEA) 1 – Programa Municipal de Educação
Ambiental em funcionamento.
Programa municipal de educação ambiental, instituído por Lei regulamentada
ou lei seguida de decreto regulamentador. Conteúdo mínimo para pontuar:
• Contemplar a educação formal e não formal.
• Contemplar os princípios da transversalidade e da participação social.
• Contemplar ações de Educação Ambiental constantes nas diretivas do
Programa Município VerdeAzul.
• Estrutura: diagnóstico; proposta; diretrizes; objetivos; metas e avaliação.
– Comissão entre as várias áreas da administração de Educação Ambiental,
constituindo grupo para elaboração e monitoramento do programa com o

57
respectivo cadastro da comissão e atas de reunião.
– Comprovar que o programa está em funcionamento.
– Funcionamento do programa com relatório de desenvolvimento das ações
e ou projetos, registros fotográficos. Interação com Centro de Educação Am-
biental ou Espaço de Educação Ambiental.
Conselho Ambiental (CA) 6 – Produção e divulgação de relatório com conte-
údo referente a temas debatidos nas reuniões do CONDEMA a serem divul-
gados nas mídias municipais.
Biodiversidade (BIO) 6– Ação de educação ambiental, cujo foco é “a impor-
tância da biodiversidade”.
Gestão das Águas (GA) 7- Ação de educação ambiental com foco na prote-
ção de nascentes.
Qualidade do Ar (QA) 7– Ação de educação ambiental com foco em queima-
da urbana.
Uso do Solo (US) 7– Ação de educação ambiental, com foco em fragilidades
e potencialidades do uso do solo.
Arborização Urbana (AU) 7– Ação de Educação Ambiental com gestão par-
ticipativa.
Esgoto Tratado (ET) 5– Ação de educação ambiental – foco: tornar pública
a existência e importância da ETE ou necessidade de tratamento de esgoto
quando o Município não apresentar tratamento.
Resíduos Sólidos (RS) 5– Educação Ambiental – foco em: ações de sensibi-
lização e mobilização para a Coleta Seletiva.
Cabe destacar a tarefa EEA 1, da diretiva Estrutura e Educação Ambiental
que orienta os municípios a elaborarem seus Programas Municipais de Edu-
cação Ambiental, segundo três aspectos básicos:
1. Institucionalização do Programa por meio de lei ou decreto regulamen-
tador, reforçando seu papel de estruturar e nortear as ações de educação
ambiental desenvolvidas pelas instituições municipais, inclusive observando
as ações desenvolvidas (ou a serem desenvolvidas) em cada diretiva;
2. Abrangência para que sejam integradas as ações de educação ambiental
em âmbito formal – ou seja, aquelas desenvolvidas no campo curricular das
instituições escolares públicas, privadas e comunitárias de ensino englobando
educação básica e superior (art. 14 da Política Estadual de Educação Ambien-
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

tal) – e em âmbito não formal, definidas como as ações e práticas educativas


voltadas à sensibilização, conscientização, mobilização e formação coletiva
para proteção e defesa do meio ambiente e melhoria da qualidade da vida (art.
21 da Política Estadual de Educação Ambiental). E também para que as ações
de educação ambiental sejam consideradas de maneira transversal nas insti-
tuições executoras e na sociedade, promovendo a participação social.
3. Constituição de uma Comissão de Educação Ambiental, composta por
representantes da administração municipal e por representantes da socie-
dade civil no município, para elaborar, implementar e monitorar o Programa,
pressupondo a união de esforços, recursos e a perspectiva de garantia da
abordagem das questões socioambientais relevantes para o município.
Finalmente, é possível observar que todas as dez diretivas do Programa contêm
orientações para a realização de ações de educação ambiental vinculadas aos

58
respectivos temas abordados, reforçando a importância da educação ambiental
na elaboração e implantação das políticas públicas em âmbito municipal. ”
Fonte: Secretaria do Estado do Meio Ambiente
Disponível em: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacao-
ambiental/2019/10/21/educacao-ambiental-na-gestao-municipal-programa-
-municipio-verdeazul/.

Para fins de promoção da Política Nacional de Educação Am-


biental, alguns princípios devem ser observados:

Quadro 2 – Princípios, art. 4º da Lei nº 9.795/1999

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Verifica-se que a participação social é fundamental para que a


Política Nacional de Educação Ambiental seja implementada, até porque,
a própria legislação prevê a necessidade da participação da sociedade na
aprovação de projetos de educação ambiental. Outro princípio básico im-
portante é o princípio do desenvolvimento sustentável, previsto no inciso II,
dispositivo que contempla os três pilares, conforme já abordado anterior-
mente, quanto à Agenda 2030. Dentre os principais objetivos, destacam-se:

Quadro 3 – Objetivos, art. 5º, Lei nº 9.795/1999


ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.


59
O primeiro objetivo consiste em uma compreensão do meio
ambiente em seus aspectos econômicos, sociais, culturais, políticos
e ecológicos, principalmente. Isso significa que a educação ambiental
visa promover um entendimento do meio ambiente como um todo, não
apenas no que tange aos aspectos ecológicos. Portanto, além do as-
pecto referente ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo (de terceira geração), também é importante reco-
nhecer as demais vertentes, compatibilizando-as.
No que tange à democratização das informações ambientais,
além da promoção de consultas populares e audiências públicas, para fins
de ouvir a população e compreender seus anseios, os quais devem ser
levados em consideração pelos governantes, ao elaborarem planos e pro-
jetos ambientais, também é de se destacar a publicidade das informações
e dos atos ambientais. Um exemplo é o acesso da população ao RIMA,
durante o processo de licenciamento ambiental, por meio da realização de
audiências públicas, quando solicitadas por cinquenta ou mais cidadãos.
O terceiro objetivo menciona a visão crítica como um objetivo
previsto na Política Nacional de Educação Ambiental. De fato, o acesso
à educação, de um modo geral, desperta uma visão crítica por parte da
população. A diversidade de pensamentos e de opiniões é algo total-
mente benéfico para fins de construção e promoção de uma educação
ambiental, devendo, cada vez mais, ser estimulada.
É de se destacar um dos objetivos dentro da problemática
atual referente ao vazamento de óleo na costa brasileira: “o estímulo
à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro
e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade
ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade,
igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade
e sustentabilidade”, assim como o “incentivo à participação individual
e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como


um valor inseparável do exercício da cidadania”.
O vazamento de hidrocarbonetos, principalmente nos oceanos,
ocasiona um dano ambiental que é considerado, muitas vezes, irrever-
sível, uma vez que o território abrangido pode ser considerado extenso,
ocasionando a mortandade de muitos animais marinhos e impactando
na rotina da população costeira. No caso em questão, o turismo tem
sido afetado nos municípios nordestinos, fora as restrições alimentares.
No entanto, tem-se verificado a união intensa da população em prol do
meio ambiente, por meio de trabalho voluntário para remoção das man-
chas de óleo das praias e do mar.
A preocupação vista nos jornais da população com o meio am-
60
biente marinho nada mais é do que a prática da educação ambiental,
mobilizando pessoas em diversos estados da Federação em prol da
proteção do meio ambiente e da conscientização da sua importância.

População une esforços para conter manchas de óleo em praias do Nordeste


Marinha, Petrobras e Defesa Civil de Pernambuco instalaram boias de con-
tenção para evitar que a substância chegue a outros pontos.
Após o reaparecimento de manchas de óleo na praia de São José da Coroa Gran-
de, no Litoral Sul de Pernambuco, nessa quinta-feira, 17, a população da cidade
se uniu às autoridades para ajudar na remoção do material, que é encontrado de
forma esparsa em alguns pontos da praia, na divisa com Peroba, em Alagoas.
Segundo a presidente da Colônia de Pescadores da cidade, Enilde Lima, os pro-
fissionais estão mobilizados para ajudar as autoridades, inclusive, pondo seus
barcos à disposição. “Há embarcações nossas à disposição para ajudar nessa
situação. Inclusive, alguns pescadores já foram para o mar e para a várzea do
[Rio] Una. Estamos mobilizados para ajudar”, disse. “A preocupação da gente é
não chegar nos corais do [Rio] Una, que é o berçário de tudo”, completou.
A recomendação da Marinha é que os moradores não entrem em contato com
o material sem usar luvas e botas, porque a substância é considerada tóxica.
Boias de contenção
Com o objetivo proteger e preservar os mananciais pernambucanos do con-
tato com a substância oleosa identificada em diversas praias do litoral nor-
destino, a Marinha, a Petrobras e a Defesa Civil de Pernambuco instalaram
boias de contenção na foz do Rio Pissinunga, que marca a divisa entre Per-
nambuco e Alagoas, e no Rio Una.
O prefeito da cidade, Pel Lages, disse que aproximadamente 200 pessoas
devem participar da remoção da substância quando a maré baixar, o que só
deve acontecer por volta das 12h. “Nós estamos mobilizando cerca de 200
pessoas, entre voluntários e marinheiros para, assim que o mar baixar, por
volta do meio-dia, possamos recolher esses resíduos”, falou.
Estado de emergência
Em menos de 24 horas após o reaparecimento de manchas de óleo, a prefei-
tura de São José da Coroa Grande decretou, na noite dessa quinta-feira (17),
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

estado de emergência na região. Lembrando que no dia 25 de setembro, os


moradores já haviam encontrados fragmentos de óleo nas praias.
O decreto, que já foi assinado, foi publicado no Diário Oficial do Estado nesta
sexta-feira (18) e começou a vigorar automaticamente.
Fonte: JORNAL O POVO
Disponível em: https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2019/10/18/popula-
cao-une-esforcos-para-conter-manchas-de-oleo-em-praias-do-nordeste.html.

Uma campanha realizada no município de São Paulo quanto


à despoluição do Rio Pinheiros vem sendo divulgada em vários canais,
principalmente nas rádios. Trata-se de um plano governamental com
auxílio da população, principalmente em relação aos resíduos e ao lixo
em geral que não devem ser descartados incorretamente.
61
Investimento da Sabesp prevê pacote de obras para devolver o rio limpo para
a população até 2022
O Governador João Doria e o presidente da Sabesp, Benedito Braga, apre-
sentaram, nesta sexta-feira (16), um pacote de obras de R$ 1,5 bilhão com o
objetivo de devolver o rio Pinheiros limpo para a população até 2022.
O projeto Novo Rio Pinheiros, que é uma das prioridades do Governo do
Estado de São Paulo, prevê intervenções nas áreas de todas as sub bacias
dos grandes afluentes do Pinheiros, onde vivem cerca de 3,3 milhões de
pessoas, incluindo ainda ações socioambientais para engajar a população
na recuperação dos cursos d’água da região.
“Essa é uma quantia bastante expressiva para a contratação de obras para a
despoluição do Pinheiros. Nosso compromisso é entregar o rio limpo até 2022,
em condições adequadas, de acordo com os padrões internacionais, com ações
que serão feitas também nas sub bacias. Não tenho medo de colocar esse pra-
zo, tenho convicção de que vamos chegar a esse resultado”, comentou Doria.
As ações serão contratadas com base em performance, uma forma inovado-
ra de contratação de serviços. A Sabesp define indicadores e metas a serem
atingidas pelas empresas, com a remuneração variando de acordo com o
cumprimento destes objetivos propostos. Ou seja, não haverá remuneração
apenas pelas obras físicas, mas também uma variável pelo resultado final
obtido. Para avaliar a performance, serão consideradas metas como o total
de novos imóveis conectados à rede e a qualidade da água do córrego.
Para isso foi feito um completo mapeamento de toda a área com a localiza-
ção das ligações de esgoto que precisam ser feitas. O mapeamento identi-
ficou cerca de 500 mil imóveis que deverão ter seu esgoto encaminhado à
estação de tratamento, sendo que 73 mil destes precisam ser conectados
às redes de coleta. Foram lançados 14 editais nas últimas semanas para a
contratação das empresas interessadas na realização dessas obras.
“O empreendedor terá que colocar todas essas casas ligadas ao sistema e
vamos monitorar esses trabalhos. Ele precisa atingir a meta, por resultado.
Ou seja, o próprio empreiteiro vai estar interessado em realizar as obras com
agilidade”, explicou Braga.
Áreas informais
Outra novidade no Novo Rio Pinheiros é a adoção de inovações em áreas
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

de urbanização informal, onde o esgoto acaba lançado nos córregos porque


a ocupação não deixou espaço para a instalação da infraestrutura de coleta
dos esgotos. Nesses locais, a Sabesp estuda, entre outras possibilidades,
implantar estações especiais que vão tratar o próprio curso-d’água que re-
cebe o esgoto. O edital para a contratação dessas soluções diretamente nos
córregos está previsto para ser lançado em setembro.
A proposta de trabalho também inclui ações socioambientais para engajar a
população na recuperação dos cursos-d’água. Serão realizadas palestras com
temas ligados à ecologia e mostras sobre o andamento e o legado das obras.
Entre as áreas que receberão investimentos maciços estão as bacias do Pi-
rajuçara, Jaguaré, Cachoeira, Guido Caloi, Cordeiro e Água Espraiada, entre
outras. Além de contribuir para a melhoria do rio, o Novo Rio Pinheiros vai
beneficiar diretamente 3,3 milhões de pessoas que moram nas imediações (o

62
equivalente à metade da população da cidade do Rio de Janeiro), com melho-
ria da qualidade de vida e do meio ambiente, e será um incentivo à economia
paulista, com a criação de empregos e renda. Só nas obras da Sabesp do
Novo Rio Pinheiros serão criados cerca de 3.700 empregos diretos e indiretos.
Limpeza e desassoreamento
O Novo Rio Pinheiros é uma ação realizada pela Sabesp e outros órgãos
estaduais coordenados pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente.
Paralelamente às ações de saneamento, a EMAE vem executando o de-
sassoreamento e desaterro do rio. Os trabalhos iniciaram em junho e visam
retirar 1,2 milhão de m³ de resíduos. Apenas no primeiro semestre foram reti-
radas 2,3 mil toneladas de lixo do rio. Com os ecobarcos, que começaram os
testes há dois meses, a empresa já recolheu 200 toneladas de lixo flutuante.
Monitoramento
A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) vai intensificar os
pontos de monitoramento no rio Pinheiros e nos principais afluentes para ve-
rificar os sedimentos (carbono orgânico total, nitrogênio amoniacal e fósforo
total) e a qualidade da água (oxigênio dissolvido, pH, temperatura, condutivi-
dade, DBO, fósforo, turbidez, sólidos totais e suspensos).
Outorga
Ao longo do processo, o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica)
emitirá outorgas para ampliação de sistemas de interceptores e emissários
de esgotos para estações de tratamento, fundamental para a despoluição do
rio Pinheiros. Caberá ao Departamento emitir também as outorgas necessá-
rias para obras e serviços que impliquem em interferências no curso do rio,
como a implantação de pontos de atracagem para barcos e implantação de
novos sistemas de telemetria e vazões afluentes.
Engajamento
A despoluição requer também a participação efetiva da população, seja para
se conectar à rede de esgoto já existente, seja para descartar adequadamen-
te o lixo. Jogado na rua, o lixo vai parar nas galerias de drenagem da água da
chuva e nos córregos, contribuindo para a poluição.
O Novo Pinheiros atua em conjunto com outros programas da Sabesp e do
Governo de São Paulo para despoluir o rio e devolvê-lo limpo à população.
Um deles é o programa Córrego Limpo, iniciado em 2007 em parceria com a
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Prefeitura de São Paulo para melhorar a qualidade da água dos mananciais,


rios e córregos da capital. Através dele, já receberam intervenções 152 cór-
regos. Além do meio ambiente, os benefícios chegam às pessoas que moram
próximas dos cursos-d’água por meio de adequações no sistema de esgota-
mento sanitário, limpeza, manutenção e educação ambiental.
O Projeto Tietê, que também engloba o Pinheiros, foi iniciado em 1992 para
a criação de infraestrutura para coleta, transporte e tratamento de esgotos.
Desde o seu início, a mancha de poluição do rio Tietê diminuiu de 530 km
para 122 km, uma redução de 77%. Os dados são auditados pela SOS Mata
Atlântica. Com investimento de US$ 3 bilhões no projeto, mais de 10 milhões
de paulistas passaram a ter coleta e tratamento de esgoto com estas obras,
com a coleta passando de 70% para 87%, e o tratamento, de 24% para 70%.
Fonte: Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente

63
Ademais, para fins de viabilizar uma consciência na sociedade
paulistana e nos transeuntes, uma Associação denominada de Águas
Claras do Rio Pinheiros, com o fim de resgatar a relação da população
com o Rio, tem promovido expedições pelo curso d´água, com o intuito
de estimular a preservação ambiental. Vide uma interessante reporta-
gem sobre o assunto:

CONSCIÊNCIA AMBIENTAL – Associação promove expedição no rio Pinheiros


Recuperar e revitalizar o rio Pinheiros e resgatar a relação da população com a
sua bacia hidrográfica. Esse é o objetivo principal da Associação Águas Claras
do Rio Pinheiros, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OS-
CIP) mantida por grandes instituições de variados segmentos que partilham de
um mesmo valor: o compromisso com o desenvolvimento sustentável.
Idealizada em 2009 pelo escritório de advocacia Pinheiro Neto, a Associação
já conta com parceiros como o banco Santander, a Nestlé, EMAE, TV Globo
São Paulo, Caloi e WTC São Paulo. Recentemente, o Shopping Cidade Jar-
dim também se associou. Reunindo a experiência, o conhecimento e a capa-
cidade de mobilização de cada uma dessas organizações, a Oscip pretende
contribuir para a despoluição do rio e reconciliá-lo com a cidade de São Pau-
lo. Para tanto, tem proposta de envolver outras empresas e a comunidade
em ações para a geração e organização da vontade política, a identificação
dos recursos necessários e a escolha das tecnologias adequadas para rever-
ter a degradação socioambiental.
Com o intuito de organizar sua atividade e alcançar resultados com eficiên-
cia, a Associação definiu dois eixos principais de atuação: um deles olhará
especificamente para a revitalização da bacia hidrográfica e de seu entorno,
e o outro, para a articulação, engajamento e participação da sociedade civil.
Dentro do eixo que olha para a restauração da bacia hidrográfica, a AACRP
definiu quatro frentes de ação. São elas: a interrupção de lançamento de es-
gotos, a remoção da carga de resíduos sólidos, a redução da carga difusa e a
promoção de estudos e tecnologias sobre temas como hidrologia, sedimento
e lodo. As iniciativas deverão ser sempre desenvolvidas em parceria com
órgãos públicos e privados e têm a característica de estimular a participação
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

dos habitantes da cidade.


O trabalho no eixo de articulação com a sociedade civil foi igualmente divi-
dido em quatro frentes. A Associação pretende estimular a interação entre a
população e o rio por meio de ações de urbanismo e paisagismo, esporte e
lazer, cultura e, por fim, educação para a cidadania. A primeira grande inicia-
tiva para promover essa interação acontecerá no dia 15 de maio, numa ex-
pedição ao longo da bacia hidrográfica que reunirá centenas de paulistanos.
O evento terá 30 grupos, que se dividirão em 30 trajetos. Cada um terá um
coordenador que dará orientações e liderará os demais num determinado
tipo de atividade. Haverá, por exemplo, grupos voltados à fotografia, a peda-
ladas, à redação, entre outros
Mais sobre o Pinheiros
Hoje, o rio Pinheiros é alvo de efluentes de 290 mil indústrias e dejetos de
400 mil famílias, através de diversos afluentes, como o córrego Pirajussara.

64
Segundo a Sabesp, a bacia gera um volume de esgoto de 17,3 milhões m³/
mês dos quais 14,3 milhões m³/mês são tratados. O nível de poluição agrava
uma situação que já se acentuava com a construção de vias expressas de
tráfego no seu entorno: o completo isolamento do rio, que fica apartado do
convívio e da interação com os paulistanos.
Fonte: Ideia sustentável
Disponível: https://ideiasustentavel.com.br/consciencia-ambiental-associa-
cao-promove-expedicao-no-rio-pinheiros/.

Ainda sobre política de educação ambiental, vale destacar a


importância fundamental dos municípios na elaboração e implemen-
tação de suas respectivas propostas em conjunto com a população.
Exemplo interessante é o do município de Santos, que instituiu sua pró-
pria política de educação ambiental, a qual visa a regulamentação de
seu Programa Municipal de Educação Ambiental (ProMEA).
Atualmente, o texto da Política Ambiental de Educação Am-
biental do município de Santos/SP está aberto à consulta popular, em
observância ao princípio democrático do Direito Ambiental. Vale a pena
a leitura da notícia sobre o assunto:

Projeto de pesquisa da Unifesp inspira políticas públicas em Santos


A dissertação de mestrado de Cláudia Cristiane Giglio Brito, que propôs o
estabelecimento da interação e conectividade entre os gestores das unida-
des de Educação Ambiental do município de Santos/SP, tem possibilitado a
implantação de importantes políticas públicas, após sua conclusão no Pro-
grama Interunidades de Pós-Graduação em Análise Ambiental Integrada
(PPGAAI), dos campi Diadema e Baixada Santista da Unifesp.
Já em dezembro de 2017, a prefeitura publicou no Diário Oficial do Município
um decreto que constituiu a Comissão Intersetorial de Educação Ambiental
(CISEA), proposta defendida na dissertação e que foi consolidada graças à
atuação da sua autora, que é analista ambiental da Secretaria Municipal de
Meio Ambiente e se tornou presidente da CISEA, além de vice-presidente
da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental de Santos (CIMEA).
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Após essa importante conquista, houve o estabelecimento de uma parceria


institucional com Patrícia Martin Alves, outra ex-egressa do curso de Mestra-
do em Análise Ambiental Integrada, para coordenar uma série de oficinas,
com o intuito de elaborar o Programa Municipal de Educação Ambiental (Pro-
MEA). Utilizando a equipe da Futura, sua empresa de consultoria, Patrícia
organizou e mediou quatro oficinas com os diversos órgãos da prefeitura e,
com participação da sociedade civil de Santos, elaboraram a versão final do
programa, que foi lançado oficialmente no dia 11/2.
Segundo Marcos Libório, secretário municipal de Meio Ambiente, o ProMEA “
foi construído por meio de um processo formativo para a integração entre a te-
oria e a prática, a academia e a gestão, o poder público e a sociedade, fomen-
tando o diálogo e a cooperação entre todos os atores da Educação Ambiental
de Santos, no seu planejamento e execução que perpasse as administrações

65
e que represente os anseios reais da população, contemplando a educação
formal e a não-formal de forma permanente, continuada, articulada, contribuin-
do para a criação e institucionalização das políticas públicas locais”.
Para o professor Zysman Neiman, orientador do PPGAAI do Campus Dia-
dema que colaborou com o trabalho das ex-alunas, “a iniciativa de Santos
deve ser comemorada como mais uma dessas ações pioneiras que consoli-
darão um destino mais sustentável para os cidadãos do futuro. O Programa
Municipal de Educação Ambiental de Santos permitirá a compreensão de
que apenas o fortalecimento das ações coletivas, considerando deveres e
direitos, é capaz de gerar transformações de processos que têm se mostra-
do ineficientes e insustentáveis. Com a aprovação deste documento, Santos
se alia aos maiores esforços mundiais para construção de sociedades mais
justas, equitativas, sustentáveis e prósperas”.
A Unifesp e seus pesquisadores, dessa forma, deram um ótimo exemplo de
como é possível a aproximação da pesquisa com a execução e projetos de
extensão que culminem na formulação de políticas públicas que beneficiem
a sociedade, cumprindo assim seu papel social.
Fonte: UNIFESP.
Disponível em: https://www.unifesp.br/reitoria/dci/noticias-anteriores-dci/
item/4284-projeto-de-pesquisa-da-unifesp-inspira-politicas-publicas-em-san-
tos. Acesso em: 18/02/2020

Interessa destacar a parceria entre o Poder Público municipal


e a Universidade pública para fins de implementação de um programa
de educação ambiental no município de Santos/SP. Trata-se de uma
essência da educação ambiental, dado que o estímulo de pesquisas e
projetos em parceria só tem a promover a difusão de práticas de susten-
tabilidade e de preservação eficaz do meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Tomando o exemplo de Santos/SP, os demais municípios
brasileiros devem começar a formular propostas de projetos de leis e,
mais importante ainda, implementá-los na prática.
O atual projeto apresentado à população santista menciona
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

pontos de extrema relevância a serem observados, como a Lei de Dire-


trizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996); as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (Resolução CNE nº
02/2012); a Base Nacional Comum Curricular (BNCC); o Sistema Muni-
cipal de Ensino (Leis nº 2.491/2007 e n º 2.657/2009); o Plano Municipal
de Educação (Lei nº 3.151/2015, que alterou a Lei nº 2.681/2010) e os
Temas Transversais de Educação (Lei nº 3.187/2015).
Dessa feita, vislumbra-se, conforme já mencionado anterior-
mente, que a educação ambiental é uma base para as modalidades de
ensino, devendo estar presente na grade curricular dos alunos. Vale o
destaque para o texto apresentado, dos artigos 5º, 6º, 7º e 8º, importan-
tes para fins de estudo de caso, conforme será visto:
66
Art. 5º Entende-se por educação ambiental os processos, por meio dos
quais, o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências para atuar em seu contexto político,
cultural e ambiental de forma crítica, autônoma, e na direção da construção
de Sociedades Sustentáveis.
Art. 6º Considera-se a educação ambiental como um tema transversal da
educação que tem por objetivos o ensino, a aprendizagem, a pesquisa, a
produção de conhecimentos e a promoção da cultura de paz individual e
coletiva, para que ocorram mudanças na forma de olhar o mundo, de desejar
novas realidades e de contribuir para formar cidadãos mais críticos e ativos
em suas realidades locais.
Art. 7º Adota-se o conceito de política pública multicêntrica para a educação
ambiental, como resultado da ação do governo e de outros atores sociais
e estabelece-se a educação ambiental como política pública estruturante,
planejada a partir de processos formadores envolvendo toda a comunidade e
executada de forma duradoura, gerando subsídios para formulação e imple-
mentação de outras políticas.
Art. 8º A educação ambiental para uma sustentabilidade equitativa deverá
contemplar um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito
a todas as formas de vida, devendo estar presente articulada e transversal
em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal,
não formal e informal.
Parágrafo único. A educação formal caracteriza-se por ser estruturada e
desenvolvida em âmbito escolar. A educação não formal pode ser definida
como qualquer iniciativa educacional organizada e sistemática, que se rea-
liza fora do sistema formal de ensino, considerando espaços e centros insti-
tucionalizados no município para o desenvolvimento de ações de Educação
Ambiental; ambas obedecendo ao Projeto Político-Pedagógico (PPP) como
documento identitário, dando diretivas as práticas educativas e de articula-
ção. A educação informal ocorre de forma espontânea na vida cotidiana atra-
vés de diálogos e vivências com pessoas e através da mídia.

Percebe-se que a Política de Educação Ambiental Municipal


é totalmente compatível com a de nível nacional, exercendo seu papel
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

de reforçar o disposto na Lei Federal ora estudada. Ademais, conforme


ressalta a própria legislação, em seu art. 8º, a educação ambiental é
intimamente ligada à sustentabilidade. Quanto às diretrizes da Política
Municipal de Educação Ambiental, no município de Santos/SP, desta-
cam-se, nos termos do art. 9º:

67
Quadro 4 - Diretrizes da Política Municipal de Educação Ambiental de Santos/
SP

Fonte: Quadro elaborado pela autora, 2019

No que tange aos princípios, nos termos do art. 10:

Quadro 5 - Princípios da Política Municipal de Educação Ambiental de Santos/


SP
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Quadro elaborado pela autora, 2019

Ainda, para fins de servir de modelo para os demais municípios


68
brasileiros, vale a pena o destaque dos seguintes dispositivos:

Art. 11 A Política Municipal de Educação Ambiental tem como visão e


valores a integração de conhecimentos em busca da ampliação dos ho-
rizontes em cada área do saber, bem como ao reconhecimento da cul-
tura local, à valorização e preservação do patrimônio ambiental e dos
recursos naturais, à cultura da paz e à justiça social, com a intenção de
assegurar a criação de processo de aprendizagem, humanização e ci-
dadania e de despertar o sentimento de pertencimento na compreensão
do ambiente e sua inserção no contexto global.
Art. 12 A Política Municipal de Educação Ambiental tem como missão difundir
a Educação Ambiental em todo município de modo a permitir condições para
que todos os cidadãos comprometidos e conhecedores de suas potencialida-
des e de seus instrumentos de transformação socioambiental exerçam o seu
papel e participem ativamente da construção de uma sociedade sustentável.
Art. 13 O objetivo fundamental da Educação Ambiental é fornecer embasa-
mento teórico e prático, que subsidie a práxis pedagógica dos educadores
ambientais, possibilitando a efetiva integração da EA nas ações educativas
abarcando o ensino formal, não formal e informal, se constituindo como refe-
rência na elaboração de programas, projetos e ações, fomentando a partici-
pação ativa da sociedade nas práticas sustentáveis para que a transforma-
ção do meio possa ocorrer a partir da transformação de atitudes, não apenas
no ambiente escolar, como também na sociedade.
Art. 14 A Política Municipal de Educação Ambiental envolve em suas ações, o
governo; universidades e escolas; empresas; organizações não governamentais
(ONGs); comitês, comissões e redes de educação ambiental; sociedade civil or-
ganizada, garantindo a participação coletiva ou individual, enquanto cidadãs/ao.

DIREITO AMBIENTAL NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Há quem diga que a expressão “meio ambiente” é redundante,


pois meio é ambiente e ambiente é meio. Trata-se, contudo, de expres-
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

são consagrada. O conceito legal de meio ambiente está previsto no


art. 3º da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA – Lei 6.938/81). A
estrutura das leis ambientais é muito parecida. Esse é um conceito bas-
tante amplo, que abrange os recursos ou os fatores ambientais, sendo
a adequada interação química, física e biológica desses recursos ou
fatores ambientais (chamados de microbens ambientais), que levam ao
equilíbrio ecológico (macrobem ambiental), buscado por todos.
Há uma relação direta entre esse conceito e a “Teoria da Incer-
teza”, também denominada de “efeito borboleta”, de acordo com a qual,
quando uma espécie é destruída, por exemplo, na América do Sul, pode
gerar reflexos ambientais no Hemisfério Norte ou vice-versa. Em suma,
de acordo com essa teoria, quando há a destruição de um microbem
69
ambiental (recursos e fatores ambientais), afeta o macrobem ambiental
(equilíbrio ecológico). A teoria da incerteza explica que não é possível sa-
ber a tolerabilidade e a resiliência dos ecossistemas e do planeta. Não se
sabe como o planeta é realmente afetado e quais as consequências cau-
sadas pelo desequilíbrio ambiental. Prova disso é o aquecimento global
provocado pela ação humana, fenômeno cientificamente comprovado.
Em razão desse fenômeno, os índices pluviométricos têm sido
reduzidos. Belém, capital do estado do Pará, vem sofrendo, a cada ano,
com a queda sistemática no volume das chuvas. Isso afeta diretamente,
por exemplo, o fenômeno denominado “rios voadores da Amazônia”,
que se refere à umidade que sai do Norte, carregada pela corrente at-
mosférica, gerando chuvas no Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país, o
que torna possível a agricultura nesses locais. Porém, como o índice de
chuvas tem sido reduzido na Região Norte, o fenômeno “rios voadores
da Amazônia” tem levado menos umidade às demais regiões do país,
prejudicando a agricultura em regiões como o Sul e a cidade de Cuiabá.
Esse conceito legal de Meio Ambiente, previsto na PNMA, em-
bora bem amplo, é insuficiente sob o ponto de vista da Constituição Fe-
deral de 1988, pois foca apenas no Meio Ambiente natural. Além disso,
é um conceito preservacionista, enquanto hoje já se fala em ambienta-
lismo social (ou socioambientalismo). Enfatiza-se socioambientais por-
que o ser humano está intimamente relacionado à questão ambiental.
Por essa razão, a Resolução CONAMA 306/2002 ampliou o con-
ceito de Meio Ambiente para abranger, por exemplo, o meio ambiente cul-
tural (previsto nos arts. 215 e 231, CF), o meio ambiente do trabalho (art.
7º, CF/88) e o meio ambiente artificial (também previsto na CF, quando
trata das cidades e da possibilidade de instituição das regiões metropo-
litanas – lembrando que o direito à qualidade de vida nas cidades é um
direito social consagrado na Constituição Federal). Esse conceito infrale-
gal também vai ao encontro do entendimento do STF, explicitado na ADI
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

3540, segundo o qual o direito ambiental representa a necessidade de


assegurar o justo equilíbrio entre as necessidades da economia e as ne-
cessidades da ecologia. Esse é o diálogo que permeia toda a disciplina,
sob o ponto de vista do ambientalismo social. Diante disso, a Resolução
CONAMA 306/2002 assim definiu o conceito de meio ambiente:

XII - Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência e intera-


ções de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

Percebe-se, assim, que a resolução amplia o conceito, ao trabalhar


outras espécies de meio ambiente: artificial, cultural e do trabalho. Dentro do
70
meio ambiente artificial, estuda-se o direito urbanístico, o art. 182 da CF/88,
a possibilidade de o IPTU ser cobrado de forma extrafiscal para quem não
promover o adequado uso e parcelamento do solo urbano (Lei 6.766/79) e o
Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01). No meio ambiente do trabalho é aborda-
do o direito do trabalho e os direitos sociais descritos no art. 7º da CF/88. E,
por fim, no meio ambiente cultural, são estudadas as comunidades tradicio-
nais que promovem diferentes formas de fazer, criar e viver.
Em suma, o conceito legal de Meio Ambiente, previsto na
PNMA, embora amplo, é insuficiente, por não considerar, dentre os
microbens ambientais, os elementos sociais, culturais e urbanísticos,
ignorando as outras espécies de meio ambiente, que não o meio am-
biente natural: artificial, cultural e do trabalho.

ESTADO CONSTITUCIONAL ECOLÓGICO

Os direitos fundamentais podem ser divididos em três fases


evolutivas:
a) Direitos fundamentais de 1ª dimensão (séc. XIX): são direi-
tos de liberdade. Como uma reação ao Absolutismo, são previstos nos
documentos constitucionais tais direitos, que impuseram uma absten-
ção do Estado, a fim de que ele se limitasse a garantir a segurança e
liberdade dos cidadãos. Instituição do Estado de Direito.
b) Direitos fundamentais de 2ª dimensão (séc. XX): são direitos
de igualdade. Percebeu-se que a abstenção estatal era insuficiente. Fo-
ram estabelecidos, portanto, nos documentos constitucionais, os direi-
tos sociais, direitos de cunho prestacional, que demandam uma atuação
positiva do Estado, a exemplo do que ocorre com a saúde e a educa-
ção. Instituição do Estado Democrático de Direito.
c) Direitos fundamentais de 3ª dimensão (séc. XXI): são direitos
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

de fraternidade. Aqui estão consagrados os direitos difusos e coletivos,


a exemplo do direito do consumidor e do direito ambiental. Instituição do
Estado Constitucional Ecológico.
Paulo Bonavides sustenta a existência da 4ª e 5ª dimensão dos
direitos fundamentais, representando, respectivamente, o direito à paz
e o direito à democracia. Entretanto, o importante é que na 3º dimensão
estão os direitos difusos, e o Direito ao Meio Ambiente é um deles.

FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA PROTEÇÃO AMBIENTAL

Foi visto acima que o Estado Constitucional Ecológico busca a


71
proteção ambiental, garantindo, assim, a existência e a sua qualidade
de vida. A pergunta que se faz é: qual a finalidade dessa proteção do
meio ambiente? Protege-se o meio ambiente como forma de beneficiar
o ser humano? Protege-se o meio ambiente para beneficiar todos os se-
res vivos? Ou protege-se o meio ambiente como um fim em si mesmo,
enquanto sujeito de direitos?
a) Antropocentrismo: a proteção ambiental busca, ao fim, a
proteção do próprio ser humano, ocorrendo em seu benefício.
b) Biocentrismo: a proteção ambiental busca, ao fim, a prote-
ção de todos os seres vivos e não apenas a do ser humano.
c) Ecocentrismo: a proteção ambiental é um fim em si mesmo,
sendo o meio ambiente considerado sujeito de direitos. O meio ambien-
te deve ser tutelado ainda que isso não beneficie o ser humano ou os
seres vivos como um todo.
A Constituição Federal de 1988 é antropocêntrica, embora adote
“muitos temperos” (mitigações) biocêntricos e ecocêntricos. A vedação à
crueldade aos animais, por exemplo, é um toque biocêntrico na CF/88.
Até mesmo as Constituições equatoriana e boliviana seguem o funda-
mento ecocêntrico, ao afirmarem que a Terra tem direito de exigir que se
observe o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Nesses documen-
tos, portanto, a Terra é reconhecida enquanto sujeito de direitos.
No plano político, essas diferentes visões acerca da proteção
ambiental e do Estado Constitucional Ecológico se refletem nos embates
entre nacionalistas e globalistas. Os globalistas visam a proteção ambien-
tal em todo o mundo (exemplo: Presidente da França Macron), enquanto
os nacionalistas visam os interesses nacionais, ainda que em prejuízo
das questões ambientais (exemplo: Trump, Presidente dos EUA).
No plano jurídico, essa discussão se evidencia em relação aos
limites e às possibilidades da intervenção jurisdicional em políticas pú-
blicas. Na ADPF 45, por exemplo, ficou decidido que razões de puro
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

pragmatismo governamental não podem levar a que se nulifiquem car-


gos mandatórios da CRFB/88. Na ADPF 347, foi abordado o estado de
coisa inconstitucional, em que o STF determinou a liberação dos recur-
sos do FUNPEN para utilização nos presídios, cabendo aos poderes,
cuja legitimidade é haurida do voto, definirem sua aplicação. Essas de-
cisões são um exemplo de uma jurisprudência defensiva de autoconten-
ção e uma decisão positiva para que os recursos sejam liberados.

ESPÉCIES DE MEIO AMBIENTE

Na ADI 3540, o STF reconheceu as seguintes espécies de


72
meio ambiente:
a) Meio ambiente natural ou físico: tutelado através de docu-
mentos como o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conserva-
ção da Natureza – Lei 9.985/00), Código Florestal (Lei 12.651/12), Lei
da Biodiversidade (Lei 13.123/15), dentre outras. É interessante que a
Lei da Biodiversidade trata não apenas do meio ambiente natural como
também do meio ambiente cultural associado, dando a ele um valor e
estipulando a repartição de benefícios que podem ou não ser monetária.
b) Meio ambiente artificial: protegido pelo direito urbanístico
como um todo, em especial através de documentos como o Estatuto da
Cidade (Lei 10.257/01), o Estatuto da Metrópole (Lei 13.089/15) e pela
Lei 13.311/16 (ocupação e utilização de área pública urbana por equi-
pamentos urbanos do tipo quiosque, trailer, feira e banca de vendas de
jornais e de revistas).
c) Meio ambiente cultural: tutelado pelo arts. 215 e 216 da Cons-
tituição Federal de 1988, Lei do Tombamento (Decreto-Lei 25/37, que
protege tanto o patrimônio cultural material quanto o imaterial) e pela Lei
da Biodiversidade (Lei 13.123/15), o meio ambiente cultural distingue-se
do artificial, pois abrange relações de especial significância para aquela
cultura. O Eixo Monumental, em Brasília/DF, se insere no conceito de
meio ambiente cultural, sendo, inclusive, tombado pela UNESCO (há
uma mensagem de grande significância cultural e social no paisagismo
de Lúcio Costa e na arquitetura de Oscar Niemeyer). O meio ambiente ar-
tificial abrange, por exemplo, um apartamento comum em Águas Claras/
DF, em que há o mero uso, sem qualquer significância especial. O meio
ambiente digital alterou nossa forma de ser e o modo como nos relaciona-
mos em sociedade. As distâncias entre as pessoas foram reduzidas com
os meios digitais, levando a uma nova forma de comunicação.
d) Meio ambiente do trabalho: amparado através das leis traba-
lhistas, em especial o art. 7º da CF e a CLT.
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

73
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: MS CONCURSOS Órgão: Prefeitura de Sonora –
MS Prova: Professor de Educação Infantil
Consoante a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que instituiu a
Política Nacional de Educação Ambiental, atribua (V) verdadeiro ou
(F) falso aos itens e assinale a alternativa correta.
( ) Entendem-se por educação ambiental os processos por meio
dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
( ) A educação ambiental é um componente essencial e permanente
da educação nacional, devendo estar presente, de forma articula-
da, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em
caráter formal e não formal.
( ) A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua es-
fera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema
Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, instituições educacionais
públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organi-
zações não governamentais com atuação em educação ambiental.
a) V – V – V.
b) F – V – V.
c) V – F – V.
d) V – V – F.

QUESTÃO 2
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: SLU-DF Prova: Analista de Ges-
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

tão de Resíduos Sólidos – Engenharia Ambiental


A respeito de educação ambiental, julgue o item subsecutivo.
Uma das diretrizes do CONAMA a respeito de campanhas, proje-
tos e ações de educação ambiental defende uma abordagem que
contextualize as questões socioambientais em suas dimensões
histórica, econômica, cultural, política e ecológica e nas diferentes
escalas individual e coletiva.
( ) VERDADEIRO ( ) FALSO

QUESTÃO 3
Ano: 2019 Banca: FUNRIO Órgão: Prefeitura de Porto de Moz – PA
Prova: Engenheiro Ambiental
74
Assinale a alternativa incorreta. Segundo o disposto na Lei nº
9.795/99, são princípios básicos da educação ambiental:
a) A vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais.
b) A garantia de continuidade e permanência do processo educativo.
c) A permanente avaliação crítica do processo educativo.
d) A abordagem desarticulada das questões ambientais locais, regio-
nais, nacionais e globais.
e) O reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade indivi-
dual e cultural.

QUESTÃO 4
Ano: 2019 Banca: NC-UFPR Órgão: ITAIPU BINACIONAL Prova:
Profissional de Nível Universitário Jr – Pedagogia
A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a Educação
Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá
outras providências. De acordo com o artigo 5º dessa lei, são obje-
tivos fundamentais da Educação Ambiental, EXCETO:
a) estímulo e fortalecimento de uma consciência crítica sobre a proble-
mática ambiental e social.
b) fomento e fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia.
c) incentivo à negociação de financiamentos a planos, programas e
projetos na área ambiental.
d) estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis
micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade
ambientalmente equilibrada.
e) fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solida-
riedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

QUESTÃO 5
No texto “Educação ambiental como política pública” (2005), os
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

autores ressaltam que, para se compreender a educação ambiental


como política pública, é interessante iniciar com os significados
dessas palavras, contextualizá-los na história do ambientalismo,
inserindo-os nas agendas dos governos, assim como seus desdo-
bramentos nas áreas da educação formal e não formal. A respeito
do tema, é correto afirmar:
a) O meio ambiente como política pública, não pontual, no Brasil, surge
após a Conferência de Hong Kong, em 1982, quando, devido às inicia-
tivas das Nações Unidas em inserir o tema nas agendas dos governos,
foi criada a SEMA (Secretaria Especial de Meio Ambiente).
b) Em 1983, sob a presidência da primeira-ministra norueguesa Gro
Brundtland, foi criada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e De-
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senvolvimento, que, em 1987, publicou “Nosso futuro comum”, que fi-
cou conhecido também como Relatório Brundtland.
c) A Educação Ambiental nasce como um processo educativo materia-
lizado nos valores econômicos e nas regras políticas de mercado, que
implica a questão distributiva entre benefícios e prejuízos da apropria-
ção e do uso da natureza.
d) Na década de 2010, começou-se a discutir um modelo de
desenvolvimento que harmonizasse as relações econômicas com o bem-
estar das sociedades e a gestão racional e responsável dos recursos
naturais, que Ignacy Sachs denominou de ecodesenvolvimento.
e) No Brasil, após a promulgação da Política Nacional de Educação
Ambiental (PNEA), foi criada no Ministério do Meio Ambiente a Coorde-
nação Geral de Educação Ambiental, e no Ministério da Educação, a Di-
retoria de Educação Ambiental, como instâncias de execução da PNEA.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Correlacione os principais princípios dispostos na Política Nacional de
Educação Ambiental e a sua implementação prática.

TREINO INÉDITO
São princípios da educação ambiental:
a) a permanente avaliação crítica do processo educativo; a abordagem
articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e glo-
bais; o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade indi-
vidual e cultural.
b) o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e
cultural; o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio am-
biente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos eco-
lógicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, cul-
turais e éticos; a garantia de democratização das informações ambientais.
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

c) o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnolo-


gia; a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas so-
ciais; a garantia de continuidade e permanência do processo educativo.
d) o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente
em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológi-
cos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, cultu-
rais e éticos e; a garantia de democratização das informações ambientais.
e) o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a pro-
blemática ambiental e social e; a garantia de continuidade e permanên-
cia do processo educativo.

76
NA MÍDIA
EDUCATRILHA NA ESCOLA: UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AM-
BIENTAL ENVOLVENDO ÁREAS PROTEGIDAS E ESCOLAS
Muitas pessoas acreditam que as atividades de educação ambiental em
áreas protegidas resumem-se a visitas monitoradas nas quais sejam
apresentados principalmente os atributos naturais do local. Porém, é
preciso que se reconheça que o papel educativo dessas áreas abrange
processos mais amplos voltados à formação de pessoas capazes de
desenvolverem uma visão crítica sobre a realidade socioambiental e
engajarem-se na sua transformação, de modo que as visitas às áreas
protegidas abram possibilidades para a reflexão e ação sobre temas
socioambientais locais, regionais, nacionais e globais.
Nesse sentido, o “EducaTrilha na Escola” é um programa educativo que
consiste em um concurso de projetos de educação ambiental desenvolvi-
dos nas escolas de Piracicaba, incluindo visitas à Estação Experimental
de Tupi (conhecida localmente como “Horto de Tupi”). A edição de 2018
foi realizada pelo Instituto Florestal (IF), Fundação Florestal (FF), Coor-
denadoria de Educação Ambiental (CEA), os quais são unidades do Sis-
tema Ambiental Paulista, e Secretaria Municipal de Defesa do Meio Am-
biente de Piracicaba (SEDEMA), com o apoio da Secretaria Municipal de
Educação de Piracicaba, da Diretoria de Ensino da Região de Piracicaba,
da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de
São Paulo – ESALQ/USP (Laboratório de Educação e Política Ambiental
– OCA e Grupo de Estudos Desafios da Prática Educativa – GEDePE) e
do Grupo Multidisciplinar de Educação Ambiental (GMEA).
O programa foi elaborado a partir do projeto de pesquisa “Educação
ambiental em áreas protegidas do Estado de São Paulo e sua contri-
buição à escola”, desenvolvido em nível de doutorado pela especia-
lista ambiental do IF, Maria Luísa Bonazzi Palmieri, sob orientação da
Professora Doutora Vânia Galindo Massabni, da ESALQ/USP. Nesse
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

projeto de pesquisa, foram analisadas as contribuições das visitas em


áreas protegidas do IF e da FF e propostos aspectos pedagógicos e
institucionais para a potencialização dessas contribuições. O “Educa-
Trilha na Escola” buscou colocar em prática as propostas apresentadas
na pesquisa. Este programa considerou, ainda, o “EducaTrilha: proces-
so de formação continuada de docentes em educação ambiental em
áreas naturais”, que também foi baseado em um projeto de pesquisa
e premiado pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de
Piracicaba (COMDEMA) em 2016.
O objetivo do “EducaTrilha na Escola” é fomentar processos crítico-re-
flexivos, participativos, contínuos e permanentes de educação ambiental
nas escolas que envolvam visitas à Estação Experimental de Tupi e este-
77
jam comprometidos com os princípios das Políticas Nacional, Estadual e
Municipal de Educação Ambiental. Trata-se também de um projeto piloto
para a construção de políticas públicas de educação ambiental inovado-
ras com o público escolar nas áreas protegidas do Estado de São Paulo
e nas áreas verdes/parques urbanos do município de Piracicaba.
Os prêmios são educativos e consistem em uma viagem ao Núcleo Pi-
cinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar, no município de Ubatu-
ba, com os professores das escolas vencedoras, bem como a realiza-
ção de atividades lúdico-educativas nas respectivas escolas.
Para subsidiar tais projetos, na edição de 2018 foram oferecidos sete
módulos formativos, os quais tiveram a participação de onze escolas
e dezessete professores e abordaram os seguintes temas: trilhas e vi-
vências em ambiente natural; diagnóstico socioambiental da escola e
do entorno; reflexões e práticas sobre o Tratado de Educação Ambien-
tal; reflexões e práticas sobre a educação ambiental nas escolas e nas
áreas naturais; participação social e protagonismo juvenil; elaboração
de portfólios; e estratégias de avaliação e de continuidade de projetos
de educação ambiental em escolas. Após a realização dos encontros e
das visitas das escolas na Estação Experimental de Tupi, os participan-
tes entregaram os portfólios, documentos nos quais registraram todas
as atividades desenvolvidas nas escolas e visitas e como elas se rela-
cionam com os critérios de pontuação do concurso.
Os critérios de pontuação foram divulgados no regulamento, baseados
nas Políticas Nacional, Estadual e Municipal de Educação Ambiental e
na pesquisa citada. São eles:
1) Planejamento das visitas de estudantes à Estação Experimental de
Tupi em conjunto com a equipe da unidade;
2) Número de atividades relativas ao projeto desenvolvidas nas escolas;
3) Atividades desenvolvidas nas escolas com a utilização de metodolo-
gias participativas, relativas ao projeto, envolvendo professores de dife-
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

rentes disciplinas (interdisciplinaridade);


4) Integração das atividades desenvolvidas com os conteúdos escola-
res e/ou com outros projetos em andamento nas escolas;
5) Abordagem do pensamento crítico nas atividades do projeto;
6) Protagonismo estudantil;
7) Participação das escolas nos encontros formativos promovidos pelo
projeto;
8) Avaliação;
9) Cooperação entre escolas nos encontros formativos;
10) Estratégias de continuidade de atividades educativas nas escolas.
Para cada critério, foram definidos meios de verificação, indicadores e a
pontuação correspondente.
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Ao final do processo, seis escolas que apresentaram portfólios conten-
do as atividades desenvolvidas foram premiadas, nas respectivas ca-
tegorias: Escola Municipal de ensino fundamental I: E.M. Prof. Wilson
Guidotti; Escola Particular de Ensino Fundamental I: Escola COOPEP;
Escola estadual de Ensino Fundamental II: 1º lugar: E.E. Prof. Manas-
sés Ephrain Pereira; 2º lugar: E.E. Prof. João Alves de Almeida; e 3º
lugar: E.E. Prof. Jethro Vaz de Toledo; e Escola Estadual de Ensino
Médio: E. E. Bairro Santo Antônio.
Ao longo do ano, os professores desenvolveram atividades nas escolas
utilizando metodologias abordadas nos encontros formativos (como a ár-
vore dos sonhos, o muro das lamentações, o resgate histórico e o bioma-
pa), bem como implantaram hortas, jardins e trilhas sensoriais. Também
foram realizadas atividades de reaproveitamento de materiais, pesquisa
de receitas de alimentos saudáveis, elaboração de músicas e desenhos
sobre temas socioambientais, estudo de plantas, rodas de conversa so-
bre temas socioambientais da escola e do entorno, entre outras.
As visitas à Estação Experimental de Tupi, por sua vez, foram planejadas
e conduzidas de forma conjunta pelos professores e equipe organizado-
ra. Diversas visitas utilizaram metodologias participativas durante a trilha,
como “quizz”, “bingo” e dinâmicas de grupo. Também foram realizadas
outras atividades, como apresentação de uma peça de teatro feita pelos
alunos, por exemplo. Como prêmio, foi oferecida uma viagem a cinco
professores de cada escola premiada ao Núcleo Picinguaba do Parque
Estadual da Serra do Mar, no município de Ubatuba. Nessa viagem, os
participantes ficaram hospedados na Praia da Fazenda e tiveram a opor-
tunidade de conhecer cinco ecossistemas diferentes: a mata de encosta,
a restinga, o manguezal, o costão rochoso e a praia. Também visitaram
uma comunidade quilombola e puderam conhecer um pouco sobre a his-
tória e a cultura locais. As trilhas realizadas na unidade (Trilha Fluvial no
Rio Fazenda, da Rendeira, Sensorial, do Jatobá e do Saco das Taquaras)
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

foram conduzidas por monitores locais (funcionários do parque e pessoas


da comunidade), valorizando os conhecimentos tradicionais e propician-
do aprendizagem sobre aspectos ecológicos, sociais, políticos e culturais.
Durante a estadia na unidade, também houve um momento de troca de
experiências com a equipe do núcleo Picinguaba.
Outro prêmio foi a possibilidade de realização do “Dia EducaTrilha na
Escola” em cada escola premiada, com atividades educativas plane-
jadas em conjunto pelos professores e pela equipe do programa, em
um momento de aprendizagem e celebração. Nesses eventos, foram
realizadas atividades lúdico-educativas sobre temas socioambientais,
visitas a cursos d’água próximos à escola, apresentações de poesias e
músicas feitas pelos alunos, entre outras atividades.
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Observa-se que o programa estimulou o desenvolvimento de processos de
educação ambiental nas escolas, que incluíram visitas à Estação Experi-
mental de Tupi. Está sendo elaborado um projeto de pesquisa para analisar
com profundidade os resultados dessa primeira edição do programa e de-
senvolvidas estratégias para obter a participação de mais escolas.
Há perspectivas de continuidade do programa neste ano de 2019, sen-
do que o planejamento da próxima edição está sendo elaborado consi-
derando a experiência de 2018 e buscando-se adequar a proposta às
demais demandas das escolas e órgãos de educação, especialmente
às orientações da Base Nacional Comum Curricular – BNCC.
FONTE: INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE
DATA: 14/01/2019
Disponível em: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/edu-
cacaoambiental/2019/01/14/educatrilha-na-escola-um-programa-de-e-
ducacao-ambiental-envolvendo-areas-protegidas-e-escolas/.

NA PRÁTICA
A Agenda 2030 traz a importância da difusão de práticas de sustentabi-
lidade a partir dos 17 ODS e suas 169 metas. É interessante destacar
que se trata de um instrumento internacional, o qual vem sendo imple-
mentado por países do mundo todo. No Brasil há uma forte onda por
parte dos municípios de implementar os seus objetivos do desenvolvi-
mento sustentável, principalmente, a partir da participação popular em
massa, promovendo a educação ambiental, um importante instrumento
para fins de promoção do desenvolvimento sustentável.
Um exemplo é o município de São José do Rio Preto, no interior de São
Paulo, o qual prove práticas de sustentabilidade e a promoção da edu-
cação ambiental em todos os setores.

PARA SABER MAIS


ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TRANSVERSALIDADE


Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/
meio_ambiente/noticias/?p=254132:>.

80
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Educação ambiental compreende a construção de valores sociais, co-


nhecimentos, habilidades, atitudes e competências, por parte da socie-
dade interagindo com o Poder Público, voltadas para a preservação do
meio ambiente ecologicamente equilibrado, classificado como bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, nos termos
do caput do art. 225, da CF/88, consistindo em um aspecto essencial
e da educação nacional, devendo estar prevista em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, como será visto oportunamente.
Trata-se de um instrumento da promoção de práticas sustentáveis no
âmbito das grandes empresas, do setor público e da sociedade civil,
sendo uma obrigação por parte do Poder Público de promovê-la.

TREINO INÉDITO
Gabarito: E

ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

81
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Educação ambiental compreende a construção de valores sociais, co-


nhecimentos, habilidades, atitudes e competências, por parte da socieda-
de interagindo com o Poder Público, voltadas para a preservação do meio
ambiente ecologicamente equilibrado, classificado como bem de uso co-
mum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, nos termos do caput
do art. 225, da CF/88, consistindo em um aspecto essencial e da educa-
ção nacional, devendo estar prevista em todos os níveis e modalidades
do processo educativo, como será visto oportunamente. Logo, conclui-se
ser um dever de todos, não apenas do Poder Público, mas também da
sociedade, a preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Práticas como as mencionadas são fruto da eficaz implementação de
uma educação ambiental realizada, não apenas, pelo Poder Público des-
tes municípios, mas também, de órgãos privados e, principalmente, da
própria população que se reúne em prol do meio ambiente.
Cada vez mais, a participação popular é indispensável!

TREINO INÉDITO
Gabarito: E
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

82
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

A educação ambiental é fundamentada em diversos princípios de suma


importância, destacando o princípio democrático, aquele que visa à par-
ticipação popular nas tomadas de decisão, como foi abordado ao longo
da unidade, buscando a opinião das pessoas, bem como a colaboração
nos atos implementados. Tal constatação é imprescindível, pois, na prá-
tica, a maioria dos municípios brasileiros que está implementando suas
respectivas políticas municipais abrem espaço para comentários da po-
pulação e sugestões para fins de melhoria contínua.

TREINO INÉDITO
Gabarito: A

ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

83
Durante toda a unidade, foi demonstrada a importância da promoção da
educação ambiental com a finalidade de, cada vez mais, a sociedade
avançar em prol da preservação do meio ambiente, de forma equilibrada
com o desenvolvimento econômico e as questões sociais. A educação
ambiental, como visto, não é, apenas, implementada no âmbito formal,
mas também, está prevista no cotidiano da sociedade, no setor priva-
do, no âmbito das grandes empresas, assim como, no setor público.
Indispensável que governos municipais, cada vez mais, implementem
os elementos previstos na Agenda 2030, pois somente assim, teremos
uma participação popular no que tange às questões ambientais.
ESTUDOS AMBIENTAIS - GRUPO PROMINAS

84
AMORIM, João Alberto Alves. A ONU e o Meio Ambiente: Direitos Hu-
manos, Mudanças Climáticas e Segurança Internacional no Século XXI.
São Paulo: Atlas, 2015.

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 18ª ed., rev., atual. e


ampl. São Paulo: Atlas, 2016.

FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasilei-


ro. São Paulo: Saraiva, 2015.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público.


11ª ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Forense, 2018.

SCARANELLO, Tatiana. Manual passe na OAB: Teoria Sistematizada. 3ª


ed., coord. Marcelo Hugo da Rocha, São Paulo: Editora Saraiva, 2020.

SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 3ª ed. São


Paulo: Malheiros, 2000.

SOARES, Guido Fernando Silva. Direito Internacional do Meio Ambiente:


emergência, obrigações e responsabilidades. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

SQUEFF, Tatiana de Almeida Freitas Rodrigues Cardoso. Análise Eco-


nômica do Direito Ambiental: Perspectivas Internas e Internacional. Lu-
men Juris Direito: Rio de Janeiro, 2016.

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