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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS NÁUTICAS

Departamento de Rádio
Engenharia Eletrónica e de Telecomunicações

Impacto Ambiental e Segurança

4R-Laboral

RISCOS QUIMICOS

Discentes:

Didier Mutabele Juma


Jéssica Venâncio Magaia
Solange Susana Muianga
Uaiene Firmino Munguambe

Docente:
MSc. Lucas José Sábado, Eng

Maputo, Fevereiro de 2023


Índice
1. Introdução.................................................................................................................................1

1.1 Objectivos.........................................................................................................................2

3.1. Geral..............................................................................................................................2

3.2. Específicos.....................................................................................................................2

1.2 Metodologia......................................................................................................................2

2. Gestão de riscos........................................................................................................................3

3. Riscos Químicos.......................................................................................................................5

3.3. Classificação e Rotulagem de productos Químicos..........................................................5

3.3.1. Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ.......................7

3.2. Etapas do processo de controlo de medidas de controlo.............................................12

3.2.1. Conhecer Os Produtos Químicos.............................................................................12

3.2.2. Construindo O Inventário De Produtos Químicos...................................................13

3.3. Avaliação De Riscos Químicos...................................................................................14

3.3.1. Determinação Da Concentração Dos Agentes Químicos........................................16

3.3.2. 3Utilização De Tubos Colorimétricos Para Deteção De Gases...............................16

3.3.3. Recurso A Empresas/Laboratórios Acreditados Para Realização Das


Monitorizações Da Concentração Dos Agentes Químicos....................................................17

3.3.4. Periodicidade Das Medições....................................................................................17

3.4. A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE RISCOS................................................18

4. Conclusão...............................................................................................................................19

5. Referências Bibliográficas.....................................................................................................20

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1.1 Introdução
O presente trabalho surge no âmbito da cadeira de Impacto Ambiental e Segurança leccionada no
curso de Engenharia Electrónica e Telecomunicações na Escola Superior de Ciências Náuticas e
tem como objectivo principal abordar sobre a gestão de riscos e riscos químicos. As substâncias
químicas fazem parte da natureza, tendo sido extraídas e utilizadas desde os primórdios da
civilização humana para os mais diversos fins. Esta utilização vem crescendo ao longo do tempo
e aumentou significativamente com a industrialização, quando começou também, de forma
importante, a produção de substâncias sintéticas. Esta evolução, que trouxe avanços importantes
e decisivos, também teve impacto marcante no ambiente e na saúde das populações da Terra em
razão da poluição e da contaminação dela decorrentes. Atualmente, a indústria química é o
terceiro maior setor industrial no mundo e emprega aproximadamente 10 milhões de pessoas.

É também uma das mais diversificadas, produzindo uma grande variedade de substâncias e
produtos, desde substâncias químicas básicas para produção de pesticidas, solventes, aditivos e
produtos farmacêuticos, até matérias-primas ou produtos acabados que participam nas mais
diversas etapas dos processos produtivos de praticamente todas as cadeias produtivas existentes.

A convivência com as substâncias químicas nos dias atuais é, portanto, obrigatória e permanente
sendo particularmente importante para os trabalhadores envolvidos em processos produtivos que
direta ou indiretamente utilizem estas substâncias em razão dos danos à saúde e ao ambiente que
podem resultar de sua utilização.

O risco e o perigo que estão relacionados com as substâncias químicas devem ser trabalhados nas
suas várias dimensões entre as quais destacamos: o potencial de dano do produto, as condições
ambientais e do trabalho em que as atividades se desenvolvem e o histórico conhecido daquela
realidade e de outras semelhantes a partir dos dados epidemiológicos produzidos e do
conhecimento científico existente.

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1.2 Objectivos
3.1. Geral
 Abordar sobre a gestão de riscos e riscos químicos.

3.2. Específicos
 Classificar os riscos químicos;
 Apresentar as etapas para a avaliação de riscos químicos;
 Descrever a importância de avaliar os riscos químicos.

1.3 Metodologia
Para a elaboração do presente trabalho recorreu-se à pesquisa bibliográfica manual e electrónica,
onde foram consultados manuais de livros e artigos; e em pesquisar por informação relevante
ligada ao tema em questão, através de livros disponíveis “on-line” em motores de busca como o
Google, Bing cujos links de acesso constam nas referências do trabalho.

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1.4 Gestão de riscos
A gestão de riscos é descrita pela norma ISO 31000 como um processo sistemático de
identificação, avaliação e priorização de riscos, cujo objetivo é ajudar na realização de objetivos,
levando em consideração as incertezas e as oportunidades. Por meio da referida definição,
constata-se que a Gestão de Riscos é uma ferramenta que tem como objetivo final fazer com que
as Instituições atinjam seus objetivos. Segundo a ISO 31.000 de 2009 o Processo de Gestão de
Riscos possui as seguintes etapas:

Figura 1: Etapas do Processo de Gestão de Risco.

Segundo o esquema apresentado na , a etapa preliminar ao gerenciamento propriamente dito


consiste em definir em quais setores da organização será implantada a gestão de riscos, definir
políticas e procedimentos que serão adotados, além de avaliar os fatores internos e externos que
podem afetar seus objetivos. Esta é a fase do estabelecimento do contexto da implantação do
processo de gerenciamento de risco. Em seguida, a equipe deve ser comunicada sobre essa
decisão e colaborar no levantamento dos riscos. O envolvimento e o apoio das partes
interessadas contribuem para a eficácia da gestão de riscos, pois possibilitam que seus
conhecimentos e perceções sejam considerados levando a uma gestão mais bem fundamentada.

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No gerenciamento de riscos a identificação dos riscos é a etapa inicial desse processo. Para
este levantamento, devem-se considerar riscos com maior probabilidade de ocorrência e que
impactam significativamente no negócio da organização. Deve-se deixar de fora tudo aquilo que
não reflete a realidade vivida ou que ofereça impactos extremamente baixos.

Para uma gestão eficaz de riscos, deve-se estar atento à identificação de novas situações de
risco ou alteração nos riscos já mapeados. Vale ressaltar que risco não é a mesma coisa que
problema, pois este é um evento já existente e que já ameaça o alcance dos objetivos. Um
problema deve ser corrigido e evitado. Já o risco deve ser administrado.

A segunda etapa do processo refere-se à análise dos riscos, que é feita classificando-se o nível
do risco por meio da avaliação da probabilidade de ocorrência e do possível impacto que pode
ser causado, compondo assim o grau de criticidade para o risco identificado7. As estimativas para
a probabilidade e o impacto podem ser realizadas a partir de análises qualitativas ou
quantitativas. Na literatura podem ser encontradas escalas que podem nortear essas estimativas.

Na etapa seguinte os riscos são avaliados com base no nível de criticidade obtido
determinando-se uma “resposta” a esses riscos. Essa “resposta” pode incluir a necessidade de
tratamento, isto é, se os riscos identificados devem ser “minimizados”, “eliminados” ou “aceitos”
ou se os riscos devem ser transformados em oportunidades ao invés de ameaças. Em suma, o
tratamento dos riscos envolve a definição de ações para modificar os riscos. É nesta etapa que
também deve ser definido quais riscos devem ter tratamento prioritário. Geralmente os riscos
com nível de criticidade mais alto são tratados prioritariamente.

E por fim, deve ser realizado o monitoramento dos riscos apontados, a fim de verificar se as
ações implementadas foram eficazes, levando a uma diminuição dos efeitos ou diminuição de
sua ocorrência. 

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Figura 2: Esquema ilustrativo do processo de gestão do risco profissional.

1.5 Riscos Químicos


Riscos químicos são os riscos originados pela exposição ocupacional a agentes químicos.
Agentes químicos são substâncias químicas que estão presentes no ambiente, puros, em misturas
ou como impurezas, que podem causar danos à saúde. O número de substâncias químicas
existentes é desconhecido, sendo que muitas outras são descobertas a cada dia, ou seja, agentes
químicos são substâncias, compostos ou productos que possam penetrar no organismo pela via
respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela
natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através
da pele ou por ingestão.

3.3. Classificação e Rotulagem de productos Químicos


Os agentes químicos podem ser classificados conforme suas propriedades físicas:

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Aerodispersoide (ou aerossol): Reunião de partículas sólidas e/ou líquidas suspensas em um
meio gasoso por tempo suficiente para permitir sua observação ou medição. Estão incluídas
nessa categoria as partículas menores que 100μm.

Partículas Sólidas

 Poeira: Toda partícula sólida, de qualquer tamanho, natureza ou origem, formada por
ruptura de um material sólido, suspensa ou capaz de se manter suspensa no ar.
 Fibra: É um longo e fino filamento de determinado material. Entende-se por fibra
respirável aquela com diâmetro inferior a 3μm, comprimento maior que 5μm e relação
entre comprimento e diâmetro igual ou superior a 3:1;
 Fumo: Aerodispersoide gerado termicamente, constituído por partículas sólidas formadas
por condensação de vapores, geralmente após volatilização de substância fundida,
frequentemente acompanhada de reação química, tal como oxidação.

Partículas Líquidas

 Névoa: Partículas líquidas geradas por desagregação de líquido;


 Neblina: partículas líquidas geradas por condensação de vapor que retorna ao estado
líquido.

Partículas Gasosas

 Gás: Substância que nas condições normais de pressão e temperatura está no estado
gasoso;
 Vapor: Estado gasoso de uma substância que é liquida ou sólida nas condições normais
de pressão e temperatura. Obs.: Quando se tratar de partículas para as quais ainda não há
dados suficientes para demonstrar efeitos à saúde, ou seja, que não possuem limite de
tolerância, as mesmas são definidas como “Partículas não especificadas de outra
maneira” (PNOS). Dentre suas propriedades, cabe citar: são insolúveis ou fracamente
solúveis em água ou nos fluidos aquosos dos pulmões; não são citotóxicas, genotóxicas
ou quimicamente reativas com o tecido pulmonar; não emitem radiação ionizante;
causam imunossensibilização ou outros efeitos tóxicos que não a inflamação ou
deposição excessiva.

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Ainda, os agentes químicos podem ser classificados conforme suas propriedades químicas. Por
exemplo: orgânicos ou inorgânicos; explosivos; inflamáveis; tóxicos; de maior ou menor risco,
entre outras propriedades. Tais propriedades e mais informações podem ser encontradas nas
Fichas de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ.

3.3.1. Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ


As informações referentes aos produtos químicos podem ser encontradas nas Fichas de
Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ. As informações sobre segurança,
saúde e meio ambiente, contém as seguintes partes:

 Parte 1: Terminologia;
 Parte 2: Sistema de classificação de perigo;
 Parte 3: Rotulagem;
 Parte 4: Ficha de informações de segurança de produtos químicos (FISPQ).

Uma FISPQ deve fornecer as informações sobre o produto químico, em secções, cujos títulos,
numeração e sequência não podem ser alterados:

i. Identificação do produto e da empresa: Informa o nome comercial do produto e dados


da empresa fabricante.
ii. Identificação de perigos: Apresenta os perigos mais importantes e efeitos do produto.
iii. Composição e informação sobre os ingredientes: Informa se o produto químico é uma
substância ou uma mistura, sua composição e número CAS (Chemical Abstract
Service) quando existente. O número CAS é o registro do produto químico no banco
de dados da divisão da Sociedade Americana de Química.
iv. Medidas de primeiros socorros: Informa as medidas de primeiros socorros a serem
tomadas e indica quais ações devem ser evitadas.
v. Medidas de combate a incêndio: Informa quais são os meios de extinção apropriados
e os não recomendados.
vi. Medidas de controlo para derramamento ou vazamento: Contém instruções
específicas de precauções pessoais em caso de derramamento ou vazamento,
procedimentos a serem adotados quanto a precauções ao meio ambiente,
procedimentos de emergência e sistemas de alarme, métodos para limpeza e
destinação final.

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vii. Manuseio e armazenamento: Fornece orientação de manuseio e armazenamento da
substância ou mistura.
viii. Controles de exposição e proteção individual: Indica parâmetros de controle
específicos, tais como limites de tolerância e/ou indicadores biológicos de exposição
ou outros limites e valores com suas referências indicadas e preferencialmente
datadas. Indica ainda, se pertinentes, as medidas de controlo de engenharia
necessárias para eliminação ou minimização do risco.
ix. Propriedades físicas e químicas: Contém as informações, quando aplicáveis, sobre
aspecto (estado físico, forma, cor); odor e limite de odor; pH; ponto de fusão/ponto de
congelamento; ponto de ebulição inicial e faixa de temperatura de ebulição; ponto de
fulgor; taxa de evaporação; inflamabilidade; limite inferior/ superior de
inflamabilidade ou explosividade; pressão de vapor; densidade de vapor; densidade;
solubilidade; coeficiente de partição – n-octanol/água; temperatura de autoignição;
temperatura de decomposição; viscosidade.
x. Estabilidade e reatividade: Indica estabilidade química, reatividade, possibilidade de
reações perigosas, condições a serem evitadas, materiais incompatíveis e produtos
perigosos da decomposição.
xi. Informações toxicológicas: Fornece uma descrição concisa, completa e
compreensível dos vários efeitos toxicológicos, bem como os dados disponíveis para
identificar esses efeitos. Se pertinente, informa: toxicidade aguda; corrosão/ irritação
da pele; lesões oculares graves/irritação ocular; sensibilização respiratória ou da pele;
mutagenicidade em células germinativas; carcinogenicidade; toxicidade à reprodução
e lactação; toxicidade sistêmica para certos órgãos-alvo – exposição única; toxicidade
sistêmica para órgão-alvo específico – exposições repetidas; perigo por aspiração.
Ainda, se pertinente, informa: vias de exposição; sintomas relativos às características
físicas, químicas e toxicológicas; efeitos tardios e imediatos e também efeitos
crônicos de curto e longo períodos de exposição; dados toxicológicos (tais como
estimativas de toxicidade aguda); substâncias que podem causar interação, adição,
potenciação e sinergia.
xii. Informações ecológicas: Fornece informações para avaliar o impacto ambiental da
substância ou mistura quando liberada ao meio ambiente.

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xiii. Considerações sobre tratamento e disposição: Informa os métodos recomendados para
tratamento e disposição segura e ambientalmente aprovados.
xiv. Informações sobre transporte: Contém informações sobre códigos e classificações de
acordo com regulamentações nacionais e internacionais para transporte, diferenciadas
pelos modelos de transporte.
xv. Regulamentações: contém informações sobre as regulamentações especificamente
aplicáveis ao produto químico.
xvi. Outras informações: informa quaisquer outras informações que sejam relevantes à
substância em questão.

O rótulo do produto é para o utilizador, a primeira fonte de informação relativa ao produto. O


rótulo:

 Identifica o produto;
 Identifica o fabricante ou fornecedor;
 Indica a quantidade nominal de uma substância ou mistura nas embalagens
disponibilizadas ao público em geral (a não ser que esta quantidade seja especificada
noutro local da embalagem);
 Classifica o produto de acordo com as categorias de perigosidade definidas através de
combinação de pictogramas e indicações de perigos:
 Pictogramas;
 Palavras-sinal;
 Advertências de perigo (Frases H);
 Recomendações de prudência (Frases P);
 Informações complementares.

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Figura 3: Pictogramas de acordo com Sistema globalmente harmonizado para Classificação e
Rotulagem de Produtos Químicos.

As Advertências de perigo (Frases H) são frases que substituem as frases de risco (frases R). As
frases H descrevem a natureza do perigo que o produto apresenta e são acompanhadas por um
código alfanumérico formado pela letra “H” seguida de 3 dígitos atribuídos a cada indicação de
perigo (Hxxx):

 H 2xy perigos físicos;


 H 3xy perigos para a saúde;
 H 4xy perigos para o meio ambiente.

As Recomendações de prudência (Frases P) são frases que substituem as frases de segurança


(frases S). As frases P, descrevem as recomendações ou medidas para minimizar ou evitar danos
durante a utilização ou eliminação (Pxxx):

 P 1xy geral;
 P 2xy prevenção;
 P 3xy resposta;

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 P 4xy armazenagem;
 P 5xy eliminação.

O rótulo deve estar em consonância com as disposições legais e com a FDS. Desta forma,
pictogramas, palavras-sinal, advertências de perigo e recomendações de perigo, tal como
constam do Regulamento CLP têm de aparecer na secção 2 da FDS

Figura 4: Exemplo do rótulo da acetona.

Fonte: http://ec.europa.eu/social/healthandsafety

Muitos são os obstáculos ao se iniciar a implementação de medidas para controle dos agentes
químicos no ambiente de trabalho. Por essa razão, muitas vezes esse processo é ignorado. Dentre
os principais obstáculos identificados, podemos citar:

 Insuficiente conscientização de empregadores e empregados;


 Falta de procedimentos documentados e organizados de maneira sistemática;
 Rotulagem inapropriada ou inexistente dos produtos químicos;
 Falta de informação adequada sobre qualidade, quantidade, e toxicidade dos produtos em
uso;
 Falta de treinamento apropriado;
 Recursos humanos e financeiros escassos;

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 Dificuldade ao acesso de informações.

Para dar início a implementação de medidas para controlo dos agentes químicos no ambiente de
trabalho é preciso:

 Conhecer as propriedades físico-químicas de todos os agentes químicos armazenados e


utilizados na empresa;
 Conhecer as quantidades frequentemente utilizadas;
 Calcular as quantidades realmente utilizadas no processo produtivo;
 Avaliar as quantidades perdidas e/ou desperdiçadas;
 Identificar situações onde utilização da substância tenha potencial para causar danos à
saúde do trabalhador;
 Identificar se há alternativa de substituição de produtos classificados como muito tóxicos
por produtos menos tóxicos;
 Identificar meios de utilizar os produtos químicos de modo mais eficiente e seguro;
 Monitorar a implementação de ações para melhoria contínua das condições de SST da
empresa; e
 Quantificar os resultados alcançados.

3.2. Etapas do processo de controlo de medidas de controlo


3.2.1. Conhecer Os Produtos Químicos
Essa é a primeira etapa para criação de um processo sistemático para implementação de medidas
de controlo dos agentes químicos no ambiente de trabalho. Para identificar todas as situações de
perigo na empresa, deve-se analisar desde o stock dos produtos, sua utilização no processo, até o
descarte de material. Uma maneira prática de identificar tais situações é seguir o “fluxo” dos
produtos químicos dentro da empresa: aquisição, recebimento/entrega, armazenagem, manuseio,
processamento e descarte. Para tanto, deve-se programar “passeios exploratórios” pelos diversos
setores da empresa, durante diferentes dias e horários da semana e em diferentes semanas.
Durante tais passeios, deve-se analisar as atividades dos trabalhadores e as condições de
utilização dos produtos químicos, procurando observar, por exemplo:

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 Se há desperdício ou perda de material. Há algum registro das quantidades utilizadas para
cada produto químico presente no processo? A etapa de pesagem é eficiente? Há
derramamento? Quais as principais causas de perdas e derramamentos?
 Se a maneira como os produtos são armazenados, manuseados e transportados
representam riscos à saúde e segurança dos trabalhadores. É possível melhorar a
qualidade das ferramentas de trabalho e transporte? É possível manter a área de trabalho
desobstruída?
 Se há formação de nuvens de poeiras durante a transferência ou pesagem de material
sólido.
 Se há recipientes mal vedados ou deixados abertos. Verificam-se emissões fugitivas em
função de vedação inadequada ou ausência de exaustão? É possível melhorar a vedação
dos recipientes mal vedados?
 Se há embalagens danificadas, não-rotuladas ou reutilizadas.
 Se há situações onde os trabalhadores “criam” seus próprios EPIs, como por exemplo,
toalhas ao redor da face. Os EPIs fornecidos são realmente adequados ao trabalho? Os
trabalhadores receberam treinamento adequado para utilizar e conservar seus EPIs?
 Se as condições de ventilação (natural e artificial) e temperatura estão adequadas.
 Se as condições de limpeza e organização nos departamentos onde há altos índices de
absenteísmo por motivo médico estão adequadas. Os trabalhadores reclamam de mal-
estar constantemente? As substâncias utilizadas estão causando danos ao meio ambiente e
aos trabalhadores? É possível substituir a substância em questão?
 Se há registro dos locais onde ocorreram incidentes no passado. Qual a qualidade desses
registros? Quais foram as causas e as soluções adotadas?

3.2.2. Construindo O Inventário De Produtos Químicos


A segunda etapa do processo para implementação de medidas de controlo dos agentes químicos
no ambiente de trabalho consiste em, uma vez conhecendo todo o fluxo dos produtos químicos
dentro da empresa, criar um inventário dos mesmos. Para criar um inventário, inicialmente é
preciso saber quais informações sobre os produtos químicos utilizados a empresa tem à
disposição. Lembrar que devem ser discriminados TODOS os produtos químicos existentes e/ou
gerados dentro da empresa, tais como:

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 Matéria-prima;
 Preparações especiais;
 Vapores emanados durante o manuseio e preparação de produtos;
 Fumos, poeiras, névoas gerados durante as atividades/processos;
 Substâncias coadjuvantes (catalisadores, corantes, tintas, adesivos, secantes, etc);
 Substâncias utilizadas na limpeza dos equipamentos e do local de trabalho (resíduos); e
 Produto final.

Ainda que o ideal seja a eliminação completa de qualquer agente ou fator de risco que possa
afetar a saúde nos ambientes de trabalho, isto nem sempre é possível. A proposta ao se
implementar um sistema efetivo de controlo da exposição aos agentes químicos no ambiente de
trabalho é buscar a redução máxima da exposição, e consequentemente, do risco. A fonte de
perigo, a propagação através do ambiente de trabalho, e a exposição do trabalhador devem ser
interrompidas de alguma forma. Durante o processo de avaliação é necessário levar em
consideração a seguinte hierarquia de controlo:

Figura 5: hierarquia de controlo dos riscos químicos.

3.3. Avaliação De Riscos Químicos


O empregador deve verificar a existência de agentes químicos perigosos no local de trabalho. Se
esta verificação revelar a existência de agentes químicos perigosos, deverão ser avaliados os

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riscos para a segurança e a saúde dos trabalhadores resultantes da presença desses agentes
(exposição do trabalhador). A avaliação de riscos deverá ter em consideração:

a) As propriedades perigosas dos agentes químicos;


b) As informações relativas à segurança e à saúde constantes das FDS de acordo com a
legislação aplicável sobre classificação, embalagem e rotulagem das substâncias e
misturas perigosas e outras informações suplementares necessárias à avaliação de risco
fornecidas pelo fabricante, designadamente a avaliação específica dos riscos para os
utilizadores;
c) A natureza, o grau e a duração da exposição;
d) A presença simultânea de vários agentes químicos perigosos;
e) As condições de trabalho que impliquem a presença desses agentes, incluindo a sua
quantidade;
f) Os valores limite de exposição profissional estabelecidos por legislação e normalização;
g) Os valores limite de exposição profissional a agentes cancerígenos ou mutagénicos e ao
amianto, estabelecidos em legislação especial;
h) O efeito das medidas de prevenção implementadas ou a implementar;
i) Os resultados disponíveis sobre a vigilância da saúde efetuada.

Os principais riscos associados ao trabalho com agentes químicos são:

 Risco de explosão e de incêndio;


 Risco de reação química perigosa e descontrolada;
 Risco de derrame;
 Risco de inalação, ingestão e absorção cutânea e ocular

O empregador deve avaliar a exposição aos agentes químicos nos seguintes contextos:

 Após remodelação das instalações, ou alteração dos sistemas AVAC;


 Após alteração de processos / métodos de trabalho;
 Após introdução de novos agentes químicos nos processos;
 Após implementação de medidas de prevenção / proteção;
 Quando solicitado por autoridade competente;
 Após acidente ou situação de emergência;

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 O âmbito de um cenário de doença dos trabalhadores ou quando comunicado por estes.

Figura 6: Processo de Avaliação dos Riscos Químicos.

3.3.1. Determinação Da Concentração Dos Agentes Químicos


Os empregadores devem quantificar a exposição dos trabalhadores a produtos químicos
perigosos para garantir a sua segurança e saúde. Devem assegurar que os trabalhadores não são
expostos acima dos valores limite de exposição ou outros valores de exposição para avaliação e
controlo do ambiente de trabalho. Para um controlo adequado do ambiente de trabalho a
avaliação da exposição dos trabalhadores a produtos perigosos deve basear-se em resultados de
medição e análise.

3.3.2. 3Utilização De Tubos Colorimétricos Para Deteção De Gases


Os tubos detetores colorimétricos têm sido a metodologia escolhida para a deteção de
substâncias tóxicas no ar, permitindo um despiste e evitando medições de agentes químicos que
de outro modo seriam necessárias. Os tubos detetores são tubos de vidro preenchidos com
componentes químicos específicos. Esses componentes são substâncias reativas colorimétricas
depositadas ou em fitas de papel ou em material sólido, como grãos de sílica gel,

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Areia e sílica ou ainda alumina ativada. O tubo detetor é hermeticamente selado e o componente
interno reage quantitativamente quando exposto a um determinado gás ou vapor. Se o risco está
presente o reagente muda de cor. O tamanho da mancha ou intensidade da cor indica a
concentração da substância tóxica no volume de ar amostrado. Os tubos são calibrados de forma
a que a mancha seja relacionada a uma escala impressa no corpo do tubo, que corresponde à
concentração de gás em ppm (% volume ou mg/m³).

3.3.3. Recurso A Empresas/Laboratórios Acreditados Para Realização Das


Monitorizações Da Concentração Dos Agentes Químicos
A legislação referente à segurança e saúde no trabalho exige que seja feita a determinação da
concentração dos agentes químicos nos locais de trabalho, podendo para tal recorrer-se à
subcontratação de empresas/laboratórios acreditados para o efeito. Após receção do relatório de
determinação da concentração de agentes químicos elaborado pelas empresas/laboratórios
acreditados, deve-se verificar a qualidade do conteúdo do mesmo. Esta verificação deverá ter em
conta os parâmetros que constam do Anexo III. A avaliação da exposição profissional no
trabalho a agentes químicos inclui a determinação da concentração desses agentes no ar dos
locais de trabalho e a comparação dos resultados com valores de referência com valores de
referência que representam níveis de risco aceitáveis. Estes valores de referência são os “valores-
limite de exposição” (VLE). Quando o VLE é ultrapassado a empresa deve identificar a razão
associada às situações em que a concentração da exposição profissional a agentes químicos
excede o VLE e, o mais rapidamente possível, implementar as medidas apropriadas para corrigir
a situação, nomeadamente as medidas de prevenção e as medidas técnicas ou organizacionais
previstas na legislação nacional, assim como, em razão da matéria em questão, assegurar a
vigilância da saúde, a informação, consulta e formação dos trabalhadores. No final do presente
guia estão listados os documentos de referência para a quantificação dos agentes químicos.

3.3.4. Periodicidade Das Medições


Quando a concentração da exposição profissional a agentes químicos excede o Valor Limite de
Exposição (VLE) e, no que respeita à periodicidade das medições, há que atender ao preconizado
na norma NP EN 689. A avaliação da exposição profissional deve ser repetida depois de
adotadas as medidas corretivas dentro de 64 semanas se a concentração da exposição profissional
não exceder ¼ do VLE, 32 semanas se a exposição profissional exceder ¼ do VLE mas não

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exceder ½ do VLE e 16 semanas se a exposição profissional exceder ½ do VLE mas não exceder
o VLE.

3.4. A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE RISCOS


A Avaliação de riscos profissionais é a ferramenta de suporte à decisão que está na base do
processo de gestão do risco. Uma adequada avaliação dos riscos profissionais constitui a base de
uma efetiva gestão em saúde e segurança no trabalho, sendo uma ferramenta fundamental para a
prevenção dos riscos profissionais e, consequentemente, para a redução dos acidentes de
trabalho, das doenças profissionais e de outras doenças relacionadas com o trabalho. Este
processo desenvolve-se em três principais vertentes: análise do risco, avaliação do risco e gestão
do risco, propriamente dita.

Da fase de análise do risco, faz parte a identificação dos fatores desencadeadores do risco
profissional e a identificação dos trabalhadores expostos. Independentemente da metodologia
utilizada, a avaliação de riscos deve incluir a análise da probabilidade de ocorrência de acidentes
de trabalho, relacionada com a gravidade dos mesmos (estimada com base nas consequências
possíveis) a fim de auxiliar a planificação da prevenção, definindo prioridades. A avaliação de
riscos centra-se nas atividades de trabalho executadas pelos trabalhadores. Assim, a avaliação de
um risco específico terá necessariamente em conta a estimativa do risco à qual o trabalhador está
exposto e sua valoração.

Na fase da gestão do risco a implementação de ações de controlo apropriadas para


eliminação/redução dos riscos que lhe estão associados promove a poupança de tempo e reduz os
custos em reparações, contribuindo ainda para a diminuição do absentismo e para o aumento da
produtividade e competitividade. É da maior importância que a avaliação de riscos tenha um
caráter dinâmico, com revisões periódicas consoante as alterações, quer no local do trabalho ao
nível da atividade em questão, quer no que diz respeito ao desenvolvimento de novas tecnologias
e conhecimento na área de SST.

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1.6 Conclusão
Findo trabalho foi possível constatar que um agente químico é qualquer elemento ou composto
químico, isolado ou em mistura, que se apresente no estado natural ou seja produzido, utilizado
ou libertado em consequência de uma atividade laboral, incluindo sob a forma de resíduo, seja ou
não intencionalmente produzido ou comercializado.

Qualquer agente químico classificado como substância ou mistura perigosa de acordo com os
critérios estabelecidos na legislação aplicável sobre classificação, embalagem e rotulagem de
substâncias e misturas perigosas, esteja ou não a substância ou mistura classificada nessa
legislação, salvo tratando-se de substâncias ou misturas que só preencham os critérios de
classificação como perigosas para o ambiente;

Qualquer agente químico que, embora não preencha os critérios de classificação como perigoso
nos termos da subalínea anterior, possa implicar riscos para a segurança e saúde dos
trabalhadores devido às suas propriedades físico-químicas ou toxicológicas e à forma como é
utilizado ou se apresenta no local de trabalho, incluindo qualquer agente químico sujeito a um
valor limite de exposição profissional estabelecido.

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1.7 Referências Bibliográficas
http://ec.europa.eu/social/healthandsafety

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