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INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 9
TOMADA DE CONSCIÊNCIA DO CONCEITO DE SEGURANÇA ..................................................... 11
GRANDES ACIDENTES SOCIOAMBIENTAIS ................................................................................... 12
Vazamento de gás em Bhopal................................................................................................ 13
Flixborough ............................................................................................................................... 15
Seveso........................................................................................................................................ 15
Cidade do México .................................................................................................................... 17
Vila Socó .................................................................................................................................... 17
CONCEITO DE RISCO E PERIGO ...................................................................................................... 18
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 23
LICENCIAMENTO AMBIENTAL X GERENCIAMENTO DE RISCOS ................................................. 25
NORMA CETESB P4.261/2011 ......................................................................................................... 27
Parte I – Classificação de empreendimentos quanto à periculosidade ........................... 28
Parte II – Termo de referência para a elaboração de EAR: empreendimentos pontuais . 33
Parte III – Termo de referência para a elaboração de EAR para dutos ............................ 37
Parte IV – Termo de referência para a elaboração de PGR ................................................ 39
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 41
METODOLOGIAS DE IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DE RISCO........................................................ 42
Brainstorming ............................................................................................................................ 43
Listas de verificação ou checklist ............................................................................................ 44
Análise preliminar de perigos ................................................................................................ 44
Estudo de perigos e operabilidade (Hazop) ......................................................................... 46
Técnica estruturada “e se” (Swift) .......................................................................................... 48
Análise de impactos no negócio ............................................................................................ 50
Análise de árvore de falhas .................................................................................................... 51
Matriz de probabilidade/consequência ................................................................................ 53
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 55
GERENCIAMENTO DE RISCO: ABORDAGEM SISTÊMICA.............................................................. 56
ABNT NBR ISO 26.000:2010 – Diretrizes sobre responsabilidade social .......................... 59
ABNT NBR ISO 9001:2015 – Introduz a abordagem sistemática de risco na qualidade 61
ABNT NBR ISO 14001:2015 – Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com
orientação para uso ................................................................................................................ 61
BS OHSAS 18001:2007 – Sistemas de gestão da saúde e segurança ocupacional –
Requisitos.................................................................................................................................. 61
ABNT NBR ISO 45.001:2018 – Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional –
Requisitos.................................................................................................................................. 61
ABNT NBR ISO 31.000:2018 – Gestão de Riscos – Diretrizes ............................................. 62
ABNT NBR ISO 19011:2018 – Diretrizes para Auditoria de Sistemas de Gestão ............. 63
PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO DE RISCOS ........................................................................... 64
GERENCIAMENTO DE RISCOS SOCIOAMBIENTAIS NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS ............ 70
CONCLUSÃO ......................................................................................................................................... 75
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 76
PROFESSORES-AUTORES ..................................................................................................................... 81
MÓDULO I – CONTEXTO HISTÓRICO
Introdução
Por que é importante e necessário estabelecer limites e controles, associados com a
segurança, a saúde e o meio ambiente, a partir de artefatos ou produtos concebidos pelo homem?
Sem dúvida, as sociedades humanas se favoreceram pelo incremento da agricultura, das cidades,
do transporte e de outras criações. Entretanto, houve o aumento de percepção de que o
desenvolvimento e o progresso podem decorrer em prejuízos para os indivíduos e as organizações
e modificar demasiadamente o ambiente natural. Esse discernimento mudou com a
industrialização, a urbanização e os efeitos da intervenção das atividades humanas na natureza e se
fez sentir de forma mais acentuada a partir meados do século XX, após a Segunda Guerra
Mundial, em especial, a partir da década de 1960. Desde então, tem provocado uma mudança no
comportamento humano e na gestão empresarial.
Na verdade, desde a década de 1920, a indústria alimentícia americana demonstrou a
preocupação com relação a possíveis falhas e perigos advindos das suas operações: perceberam que
essas irregularidades poderiam originar perdas de vida e de propriedade. Mais adiante, na década
de 1930, pesquisadores de laboratórios, na indústria, começaram as avaliações dos atributos
tóxicos de produtos virtualmente perigosos. Especificamente em 1931, H. W. Heinrich realizou
uma investigação sobre as despesas de um acidente em relação ao Seguro Social e inaugurou a
cultura de “acidentes com perdas à propriedade”, isto é, acidentes sem lesão, comparativamente
aos acidentes com lesão incapacitante. Desde então, diversas pesquisas sobre acidentes industriais
com prejuízos à propriedade se proliferaram, com o objetivo de mensurar os custos decorrentes
das perdas (CETESB, 2018).
A partir dos anos 1960, o setor industrial e, particularmente, a indústria química
conquistaram uma ampliação rápida, que trouxe grandes mudanças nos processos realizados.
Alcançou-se um aumento na produtividade graças ao incremento das condições de trabalho, o
que elevou os níveis de agentes físicos, tais como pressão e temperatura. Além disso, houve o
acréscimo da quantidade de energia envolvida nas atividades aumentando, dessa forma, os riscos.
Devido à complexidade das operações, surgiram problemas de difícil resolução nas áreas de
materiais e de controle de processos, que dificultam o discernimento dos riscos inerentes aos
procedimentos. Na década de 1970, o mesmo processo ocorreu nas indústrias de processo.
Concomitantemente, verifica-se uma grande ampliação das indústrias, com aumento do
maquinário, expansão da interligação interna e externa com outras unidades, por exemplo, por
meio da troca de subprodutos. A operação das plantas passa a ser mais complexa; as partidas e as
paradas, muitas vezes complicadas e dispendiosas.
Esse contexto teve como consequência um aumento do potencial de prejuízos humanos e
econômicos e resultou ainda em um incremento de incidentes, até mesmo os ambientais. As perdas
podem ocorrer de diversas formas, sendo a mais constante o dano advindo de confinamento de
materiais inflamáveis ou tóxicos que, dependendo da intensidade, pode transformar-se em incêndio,
explosão ou emanação tóxica, sendo que tais ocorrências podem atingir a comunidade vizinha sendo
denominadas, dessa maneira, como “acidente maior”. A principal decorrência desses infortúnios foi
a população passar a se preocupar com Segurança e Meio Ambiente em indústrias, principalmente
com a possibilidade de os acidentes afetarem a circunvizinhança.
Na década de 1960, apareceram diversos relatórios a respeito de segurança nas indústrias
químicas, como o Safety and Management, pela Association of British Chemical Manufactures
(ABCM), em 1964; e o Safe and Sound, pelo British Chemical Industry Safety Council (BCISCl),
em 1969, os dois na Inglaterra. Em 1966, nos Estados Unidos, a partir da investigação de uma
série de acidentes acontecidos em uma empresa metalúrgica, Frank Bird Jr. estabeleceu o conceito
de “Controle de Danos” (CETESB, 2018).
Foi dessa maneira que apareceram e se aprimoraram as metodologias e as políticas para
estudos e revisões de segurança influenciadas pelo cenário abaixo:
a) acontecimento de acidentes excepcionalmente importantes (gás em Bhopal, na Índia;
nuclear de Chernobyl, na Ucrânia; Exxon Valdez, no Alasca; México; Basileia;
Flixborough, na Inglaterra; Seveso, na Itália; Cubatão, em São Paulo, entre outros);
b) apreensão do público com os processos e os produtos industriais;
c) ampliação da tomada de consciência ambiental;
d) melhoria de atitude das empresas, em vez do resguardo dos interesses internamente às
instalações e alheio ao público externo, mudança para o conceito de transparência,
postura ética e diálogo com os parceiros e a sociedade envolvida;
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e) compromissos com códigos de conduta voluntários, almejando a melhoria
contínua de processos e produtos, tornando-os mais seguros e com menores
impactos ambientais negativos;
f) maior atenção com a imagem empresarial e o valor de mercado e acionário e
g) exigências legais e restrições para o atendimento dos critérios exigidos para o
licenciamento ambiental.
Desse modo, a premência de melhoria dos procedimentos e dos comandos de segurança foi
provocada pelos eventos de falhas ocorridas, ou de forma preventiva em busca da antecipação de
potencial falha e da implantação de controles para impossibilitar que elas acontecessem. Mesmo
que a primeira forma seja a que mais ocorre, a segunda maneira tem um importante papel no
desenvolvimento de inúmeros projetos de segurança, executados atualmente nas indústrias.
Ambos os casos constituem o repertório de informações para a engenharia de segurança.
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Esse novo cenário estimulou o crescimento da denominada Engenharia de Segurança, a
partir da qual avançou o conceito de sistema de segurança. O começo do plano espacial, em
meados da década de 1950, e o Projeto Apolo dos anos 1960 também colaboraram muito para o
aumento da exigência de projetos mais seguros. Os foguetes e a evolução de programas espaciais se
transformaram em um estímulo no desenvolvimento da Engenharia de Segurança de Sistemas.
Como o cenário era novo, inclusive o envio de humanos ao espaço pela primeira vez, os sistemas
de aprimoramento nessa época requeriam inéditas técnicas e metodologias para a prevenção de
acidentes, assim como aqueles relacionados a foguetes e armas, como pirotecnia, peças explosivas,
máquinas extremamente sensíveis e sistemas de propulsão inconstantes. O “Foguete Balístico
Intercontinental” foi um dos primeiros projetos a ter um programa de segurança de sistema
formal, definido e disciplinado.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos oficializou, em 1969, a premência de um
sistema de segurança, lançando uma norma denominada “Necessidades de um Programa de
Sistema de Segurança”. A agência espacial americana (The National Aeronautics and Space
Administration – Nasa) entendeu rapidamente a necessidade de um sistema de segurança e, a
partir dessa época, estabeleceu esse conceito como uma parcela integrante dos trabalhos dos
programas espaciais, visto que os anos iniciais dos programas de lançamentos espaciais foram
cheios de falhas danosas e trágicas.
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Em 1970, no Canadá, John A. Fletcher, continuando o trabalho de Bird, propôs a
instauração de planos de “Controle Total de Perdas”, com o propósito de minimizar ou extinguir
todos os acidentes que conseguissem perturbar ou imobilizar um sistema (CETESB, 2018).
Em 1972, concebeu-se uma nova mentalidade fundamentada na obra desenvolvida por
Willie Hammer, engenheiro em Segurança de Sistemas, que utilizou o conhecimento conquistado
nos programas aeroespaciais estadunidenses para elaborar técnicas a serem empregadas na
indústria, com o objetivo de proteger os recursos materiais e humanos dos complexos de
produção (CETESB, 2018).
Simultaneamente, a indústria de energia atômica iniciou o avanço nos seus trabalhos de
consultoria na área de confiabilidade. Por conseguinte, o setor industrial passou a aplicar técnicas
desenvolvidas pelos especialistas de energia nuclear na avaliação de grandes riscos e na mensuração
de taxas de falhas de instrumentos de proteção.
O cenário apresentado acima ficou ainda mais acentuado a partir dos grandes acidentes
socioambientais ocorridos a partir da década de 1980. A seguir, apresentaremos os seguintes casos
selecionados: Bhopal, Flixborough, Seveso, Cidade do México e um exemplo ocorrido no Brasil,
na Vila Soccó, em Cubatão (SP).
Outros acidentes recentes como o ocorrido na Termonuclear, em Fukushima, no Japão, em
2011, e a tragédia provocada pela Mineradora Samarco, em Mariana, no ano de 2015, não foram
abordados por envolverem atividades industriais específicas e que têm protocolos de segurança
distintos dos considerados neste estudo. É importante ressaltar que a Norma Cetesb P4.261/2011
não é utilizada para tratar de unidades nucleares, plantas de tratamento de substâncias e materiais
radioativos, instalações militares e atividades extrativistas porque existem legislações próprias
aplicáveis a esses segmentos.
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O isocianato de metila é um produto usado na fabricação de inseticidas, conhecidos
comercialmente como “Sevin” e “Temik”, da família dos carbamatos, empregados como
sucessores de praguicidas organoclorados, como o diclorodifeniltricloroetano (DDT).
Figura 1 – Parte da planta de gás que matou 20.000 pessoas no desastre em Bhopal
Fonte: Shutterstock.
A provável causa do desastre foi o acesso de água em um dos tanques da planta industrial,
gerando o aumento da pressão e da temperatura dos reservatórios de armazenamento,
provocando, dessa forma, uma grande reação exotérmica. Os vapores expelidos deveriam ter sido
neutralizados em torres de depuração; contudo, como um desses equipamentos estava desligado, o
sistema não impediu a emanação do produto para a atmosfera.
Esse acidente é reconhecido como a maior tragédia da indústria química. Foi estimada a
morte de aproximadamente 20 mil pessoas. Além do mais, nos anos seguintes, pelo menos 150
mil sofreram de doenças crônicas advindas da tragédia, e 20 mil permaneceram sob o risco de
serem contaminados pelo resíduo tóxico remanescente no local, constituído por diversos tipos de
Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) e metais pesados, como o mercúrio. Segundo estudos
científicos feitos entre 1999 e 2004, os que subsistiram, inclusive as crianças, ainda sofriam de
distúrbios na saúde, como tuberculose ou câncer, ou sequelas desde o nascimento.
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Flixborough
Em 1974, em Flixborough, na Inglaterra, aconteceu uma explosão na seção de produção de
caprolactama da indústria Nypro Ltda. O acidente adveio de um escape de cicloexano, causado
pela ruptura de uma tubulação de passagem temporária por causa da remoção de um reator para
conserto. O vazamento originou uma nuvem inflamável que, depois da ignição, resultou em forte
detonação acompanhada de um incêndio que devastou a indústria.
O rompimento do conduto foi atribuído a um mau projeto, visto que a armação construída
para o suporte da tubulação não resistiu ao seu deslocamento, devido à pressão e à vibração a que
o duto foi obrigado durante o funcionamento.
Avaliou-se que aproximadamente 30 toneladas de cicloexano foram expelidas, compondo
brevemente uma nuvem inflamável, que alcançou uma fonte de ignição entre 30 a 90 segundos
depois do início da ocorrência. As consequências da sobrepressão foram estimadas como sendo
semelhantes à explosão de uma massa, alternando entre 15 e 45 toneladas do explosivo
trinitrotolueno (TNT).
Aconteceram grandes danificações nos prédios vizinhos, situados até 25 metros do centro da
explosão. Além da perda da planta, houve a morte de 28 pessoas, e 36 tiveram ferimentos graves.
Houve ainda abalos nos bairros nas cercanias da fábrica, impactando 1.821 residências e 167
unidades comerciais, e os prejuízos foram avaliados em US$ 412 milhões.
Essa ocorrência é considerada um acidente clássico no tema da avaliação de riscos e
prevenção de perdas na indústria química. Essa tragédia provocou a instauração do Advisory
Committee on Major Hazards (ACMH), de 1975 a 1983, na Inglaterra, e originou uma
legislação para maior prevenção de riscos nas indústrias.
Seveso
Em uma indústria localizada em Seveso, em Milão, na Itália, aconteceu em meados de 1976
o rompimento do disco de segurança de um reator, que provocou o lançamento de uma enorme
nuvem tóxica. O reator compunha o processo de produção de triclorofenol (TCP), e a nuvem
tóxica era constituída por diversos elementos, entre eles o próprio TCP, etilenoglicol e 2,3,7,8-
tetraclorodibenzoparadioxina (TCDD). A emanação gasosa se disseminou em uma área ampla,
contaminando o solo, os animais e as pessoas ao redor da planta fabril.
A unidade funcionava em regime de batelada e, no momento do acidente, encontrava-se
parada em um fim de semana. Entretanto, o reator possuía material a uma temperatura alta.
Possivelmente, a interação de etilenoglicol com hidróxido de sódio originou uma reação
exotérmica desenfreada, causando a ruptura do disco de segurança por causa do aumento da
pressão interna do vaso, causando o vazamento. Provavelmente, o TCDD foi formado pela reação
associada a uma alta temperatura (400 °C e 500 °C).
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Não existia um sistema automático de resfriamento para o reator e, como havia poucos
empregados na indústria no fim de semana, não foi estabelecido o resfriamento manual do reator
para diminuir a reação acidental. Assim sendo, a emissão transcorreu por volta de 20 minutos, até
a interrupção do vazamento por meio de um operador.
Os compostos clorados destruíram imediatamente a área de 1.807 hectares de vegetação da
circunvizinhança da indústria. Foi constatada alta concentração da dioxina TCDD (240 μg/m²)
em uma área de 108 hectares na região denominada Zona A.
Foi necessária a retirada de 736 pessoas da região sendo que, somente no fim de 1977, 511
moradores voltaram para as suas residências. A Zona A permaneceu impedida por muitos anos em
função do nível de contaminação que persistia fazendo com que os moradores perdessem as suas
habitações. Houve a remoção de toda a vegetação e o solo contaminados e a necessidade de
descontaminação de todas as edificações.
Houve o custo aproximado de US$ 10 milhões para a remediação das áreas contaminadas e
trabalhos de remoção dos habitantes. Houve implicações imediatas à saúde das pessoas: o
aparecimento de 193 casos de cloracne, uma doença de pele causada pela interação com a dioxina.
Foram ainda monitoradas por longo prazo as consequências para a saúde pública.
Fonte: Shutterstock.
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Cidade do México
Em 1984, aconteceu a explosão a partir de uma nuvem e uma sequência de Bleve 1 na
estrutura de armazenamento e distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP) da empresa
Petróleo Mexicanos (Pemex), situada em San Juanico, na Cidade do México.
A unidade recolhia GLP de três refinarias distintas por meio de um gasoduto. A maior
capacidade de armazenamento da planta era de cerca de 8.960.000 kg (16.000 m³) de GLP,
repartidos em dois reservatórios esféricos – esferas – com capacidade unitária de 2.400 m³, quatro
esferas menores com capacidade individual de 1.600 m³ e 48 cilindros horizontais, com
capacidades unitárias entre 36 a 270 m³. A Pemex tinha o armazenamento de GLP aproximado
de 11.000 m³, na ocasião da ocorrência.
O começo do acidente ocorreu a partir do vazamento ocasionado pelo rompimento do duto
que conduzia gás de uma das esferas para os tanques cilíndricos. A área de controle obteve o
registro de um declínio de pressão nos seus equipamentos e em um conduto situado a uma
distância de 40 km. Entretanto, não foi identificado o que ocasionou a diminuição da pressão.
Houve uma grande emanação de gás inflamável que foi levada pelo vento até encontrar
uma fonte de ignição que provocou uma explosão. A ignição foi causada por um flare – chama de
um incinerador – montado indevidamente junto ao solo, pois havia o receio que devido aos fortes
ventos locais, haveria o prejuízo da sua eficiência se o posicionamento desse equipamento fosse
mais alto.
A explosão atingiu habitações do entorno e começou o incêndio nos equipamentos da base.
Devido ao grande estrondo e vibração, a explosão foi confundida com um terremoto. Ocorreram
dois Bleves, sendo que o segundo foi o de maior intensidade e o que gerou uma enorme bola de
fogo com o diâmetro maior do que 300 m. Aconteceram ainda aproximadamente 15 explosões,
Bleves em muitos dos reservatórios cilíndricos e nas quatro esferas menores, explosões dos botijões
e caminhões-tanque, precipitação de gotículas de GLP, incendiando tudo o que atingiam. Partes
dos reservatórios e das esferas tornaram-se verdadeiros projéteis, alvejando pessoas e edificações.
As atividades de debelação do incêndio e contenção de novas explosões se estenderam por
quase 20 horas. Os resultados desse acidente foram catastróficos: 650 mortes, 6.000 feridos e
perda total das instalações da Pemex.
Vila Socó
Acidente socioambiental que aconteceu em 1984, na então Vila Socó, atualmente Vila São
José, na cidade de Cubatão, estado de São Paulo. Os habitantes de uma ocupação urbana irregular
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Bleve: da sigla em inglês Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion ou explosão do vapor de expansão de um líquido sob
pressão. Episódio ocasionado pela explosão de um recipiente, quando um líquido nele incluso chega a uma temperatura
muito superior à de ebulição à pressão atmosférica, com expansão adiabática e lançamento de fragmentos.
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sobre o mangue notaram o vazamento de combustível de uma tubulação da Petrobras, que
interligava a Refinaria de Petróleo Presidente Bernardes, em Cubatão, ao Terminal Santos,
situado em Alemoa.
O conduto cruzava uma região alagada, junto à vila constituída por palafitas – habitações
predominantemente de madeira suspensas sobre estacas. Na noite de 24 de fevereiro, um
operador da Petrobras cometeu uma falha operacional: começou a transferência inadequada de
gasolina por meio de um duto que estava obstruído, provocando, dessa maneira, sobrepressão e o
seu rompimento, dispersando aproximadamente 700 mil litros de combustível sobre o mangue.
Alguns moradores, em busca de angariar recursos com o combustível, recolheram e
estocaram nas suas habitações uma porção do produto coletado. Com a variação do nível das
marés, o produto inflamável disseminou-se ainda mais pelo entorno alagado e, por volta de duas
horas após o início do episódio, ocorreu a ignição seguida de fogo. O incêndio se espalhou por
toda a área alagada que tinha a superfície saturada pelo combustível, queimando as moradias.
Oficialmente, foram totalizadas 93 vítimas fatais. No entanto, outras fontes mencionam o
dado extraoficial de mais de 500 mortes, relacionado ao número de alunos que deixaram as aulas
e ao desaparecimento de famílias inteiras sem que houvesse reclamação da perda das vidas. Além
disso, verificaram-se muitos feridos e a devastação de parte da vila.
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Na literatura, há diversos significados para perigos e riscos, por isso é importante conhecer e
diferenciar esses dois conceitos.
O risco é referido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na Norma
Regulamentadora 5 (NR5), que trata da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) nas
empresas, como situações, circunstâncias no ambiente de trabalho que sejam potenciais
causadores de lesão ou doença ao trabalhador. Assim, a Cipa, em conjunto com o Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT),
regulamentado pela NR 4, elaboram o Mapa de Risco. Esse estudo é uma representação gráfica
que aponta as classes de risco presentes no ambiente de trabalho, conforme figura a seguir. Esse
conceito é voltado à Saúde e Segurança Ocupacional.
Fonte: MARCONDES, José Sérgio. O que é mapa de riscos ambientais? Conceito e finalidade. Gestão de Segurança Privada.
Disponível em: <https://www.gestaodesegurancaprivada.com.br/o-que-e-mapa-de-riscos-ambientais-conceito>. Acesso
em: 28 set. 2018.
A norma OHSAS 18001 define PERIGO como: “Fonte, situação ou ato com potencial
para o dano em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde ou uma combinação destes”.
Entendemos assim que o perigo é a FONTE do problema.
A OHSAS ainda define RISCO como: “Combinação da probabilidade da ocorrência de um
acontecimento perigoso ou exposição(ões) e da severidade das lesões, ferimentos, ou danos para a
saúde, que pode ser causada pelo acontecimento ou pela(s) exposição(ões)”. Por este conceito,
verificamos que o risco é o EFEITO causado pela fonte do problema.
Para assimilar o conceito, vamos considerar, por exemplo, a ação de dirigir. Utilizamos o
veículo com o objetivo de nos transportarmos de um ponto a outro em segurança. Quais são os
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perigos envolvidos nessa ação? No trânsito, enfrentamos desrespeito às leis de trânsito, automóveis
sem manutenção, falta de habilidade na condução do veículo, pista esburacada, enfim, diversas
variáveis. Nessa ação, por esse trajeto e enfrentando esses perigos, qual é o risco envolvido? O
acidente de trânsito certamente é um deles.
Entendemos assim:
O perigo é a fonte – Não saber dirigir.
O risco é o efeito – Um acidente de trânsito.
É usual também utilizarmos a palavra risco no nosso dia a dia, nas mais diversas
circunstâncias e com diferentes sentidos. É possível empregar a palavra risco com o significado
probabilístico, de que há chance de algo acontecer. Desse modo, o risco é apontado alto quando
algum fato aparenta certo ou tem grande possibilidade de ocorrer, e um acontecimento com risco
baixo quando se observa que a chance de essa ocorrência acontecer é menor.
Do ponto de vista socioambiental, é comum notar as decorrências das substâncias químicas
elencadas como poluentes sobre o homem ou sobre o meio ambiente. As consequências podem
derivar das emissões intermitentes ou contínuas oriundas das fontes móveis ou fixas ou, de modo
geral, das diversas atividades do homem. É exequível mensurar e avaliar o risco desses trabalhos,
bem como apresentar maneiras de gestão desse risco.
Risco também pode ser explicado como a probabilidade de uma coletividade sofrer
efeitos econômicos, sociais ou ambientais, em um local determinado e durante um período de
exposição definido.
Por exemplo:
interrupção da atividade econômica;
prejuízo na capacidade produtiva;
avaria de bens e
ferimento ou morte de seres vivos.
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ficado comprovado como algum tipo de combinação – uma função matemática – entre a
frequência prevista de ocorrência do acontecimento não desejado e a grandeza dos seus efeitos.
Considerando a visão apresentada, risco é conceituado como a composição entre a frequência
de acontecimento de um acidente e o seu efeito. A correta combinação desses fatores permite
mensurar o risco de um empreendimento, sendo o Estudo de Análise de Risco (EAR) a ferramenta
usada para essa finalidade. Com a avaliação concluída, é possível comparar as variadas maneiras de
manifestação do risco com padrões antecipadamente definidos, realizando-se então a avaliação do
risco, sendo, assim, possível definir a viabilidade socioambiental de um empreendimento. O EAR é
realizado e pré-requisito para o licenciamento ambiental de fontes potencialmente causadoras de
acidentes ambientais.
Desse modo, risco será estabelecido como o produto da probabilidade de ocorrência de um
determinado acontecimento pela grandiosidade das consequências:
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contidos e extremamente minimizados desde que se tenha um processo adequado e eficiente de
gerenciamento de riscos.
O desafio maior na gestão dos riscos é o seu acontecimento com o público externo. Assim,
podem-se destacar casos relacionados à cadeia de valor que podem afetar desfavoravelmente a
imagem empresarial e impactar negativamente legal e financeiramente, por exemplo, a existência
de condições de trabalho degradantes e desumanas com os parceiros fornecedores.
Dessa forma, a gestão dos riscos deve ser conceituada não somente como o agrupamento de
procedimentos e regras que deve ser adotado após a avaliação, com o propósito de controlar os
riscos previstos, assim como todos os trabalhos legais e técnicos e, da mesma forma, a coleção de
todas as decisões e escolhas sociais, políticas e culturais que se relacionam direta ou indiretamente
com as questões de risco na nossa sociedade.
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MÓDULO II – ANÁLISE DE RISCO NOS
PROCESSOS DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Introdução
Já abordamos os conceitos de riscos e perigos. Agora, estudaremos o tema da análise de
riscos no licenciamento ambiental.
Imaginemos que você é um empreendedor e deseja instalar uma indústria química em um
município brasileiro. Qual é o primeiro passo? O empreendedor deve sair à busca de um terreno e
já adquiri-lo para instalar a sua indústria?
Alguns questionamentos direcionados podem auxiliar-nos:
1. Quais requisitos legais devem ser atendidos?
2. Existe mão de obra disponível?
3. A infraestrutura existente atenderá a demanda?
4. O valor do terreno está dentro do orçamento?
Dessa forma, uma indústria química, por exemplo, precisa passar por um processo de
licenciamento ambiental e obter uma licença, para se instalar. Vale lembrar que, o licenciamento
ambiental foi instituído como obrigatório pela Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº
6.938, de 31 de agosto de 1981), e a sua definição veio pela Resolução do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama) nº 237, de 19 de dezembro de 1997:
Assim sendo, qualquer empreendimento com potencial poluidor necessitará passar por um
processo de licenciamento ambiental para obter a licença ambiental.
Art. 1º [...]
II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física
ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental.
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Ainda segundo a Resolução Conama nº 1/86, temos, no art. 6º, que os estudos de impacto
ambiental desenvolverão, minimamente, as seguintes atividades técnicas:
Art. 6º [...]
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa
descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como
existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da
implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico [...];
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais [...];
c) o meio sócio-econômico [...];
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas,
através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da
importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos,
imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau
de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a
distribuição dos ônus e benefícios sociais.
Dessa forma, entendemos que o licenciamento ambiental já nasce como processo que visa
ao gerenciamento dos riscos socioambientais que os empreendimentos ou as atividades podem
causar ao meio onde pretendem inserir-se.
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Esses são riscos que o empreendedor assume ao fazer investimentos antecipados, como
adquirir o seu terreno ou imóvel antes de realizar um Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA) das
suas atividades confrontadas com o local. Esse é justamente o exemplo de uma empresa que,
depois de iniciada a implantação de um empreendimento, é obrigada a desistir após a realização
de audiências públicas nas quais foi constatada a resistência da população ao projeto.
Procurando evitar tais riscos, procura-se realizar estudos ambientais sistematizados e
abrangentes, que tragam uma visão global do processo de licenciamento ambiental, considerando
evitar riscos à empresa e ao meio ambiente. Dessa forma, é recomendável que os empreendedores
realizem EVA dos projetos durante a fase de planejamento do empreendimento, de forma que as
diversas variáveis sejam abrangidas.
O EVA antecede os demais instrumentos de licenciamento ambiental e tem o objetivo de
aferir a viabilidade de implantação de determinado empreendimento.
Os principais aspectos que devem ser abordados em um EVA são:
características do empreendimento;
legislação vigente aplicável de acordo com as atividades do empreendimento;
análise do plano diretor do município envolvido;
fontes de água, energia e tratamento de efluentes – infraestrutura;
aspectos ecológicos dos terrenos/alternativas locacionais;
população atingida pelo projeto;
compatibilidade da atividade-fim da empresa com a vizinhança e o sistema viário e
outras variáveis a serem estipuladas a partir da particularidade de cada
empreendimento/local.
26
base para os Estudos de Análise de Riscos (EAR) e Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR)
(CETESB, 2018).
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
órgão licenciador em nível federal, também solicita o EAR e o PGR nos seus processos de
licenciamento. Geralmente, o processo de licenciamento pelo Ibama gera um termo de referência
que conterá os estudos necessários e o conteúdo esperado de cada um deles. Cada
empreendimento possui um termo de referência, conforme as suas particularidades.
Em 2013, o Ibama ainda desenvolveu o PGR objetivando prevenir acidentes ambientais
com produtos perigosos, além de acompanhar os riscos dos empreendimentos licenciados pelo
órgão. O programa do Ibama foi desenvolvido para empreendimentos ferroviários, e essa tipologia
foi escolhida como prioritária como resultado de análise de informações de acidentes ambientais
ocorridos em anos anteriores. A tipologia está em implantação nos estados de São Paulo, Minas
Gerais, Maranhão, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
27
Assim, existem empresas que necessitam apenas apresentar o PGR para a obtenção da LO,
enquanto outras devem apresentar um EAR na fase prévia ou de instalação, e o PGR na fase de
obtenção da LO. A sequência de análise pode ser conferida na figura a seguir.
A Norma Cetesb P4.261/2011 é dividida em quatro partes, que serão detalhadas a seguir
(CETESB, 2011):
28
Segundo a Norma Cetesb P4.261/2011:
Conforme a norma, esse princípio pode ser representado esquematicamente pelo diagrama
apresentado na figura a seguir.
A Parte I da Norma Cetesb P4.261/2011 possui um passo a passo a ser seguido. Vamos
realizar um exemplo para facilitar o entendimento e a assimilação do assunto. Neste exemplo, o
objetivo é determinar o estudo necessário para se instalar uma central de GLP, que pretende
armazenar 20 toneladas do produto.
Primeiramente, devemos listar e classificar todas as substâncias químicas existentes no
empreendimento quanto à sua periculosidade. A Norma Cetesb P4.261/2011 sugere o modelo
constante no quadro 6 para apresentar todas as substâncias químicas da organização, como
veremos no quadro 1 desta apostila, a seguir.
29
Quadro 1 – Modelo de planilha para a apresentação das substâncias presentes no empreendimento
30
Consultando o Anexo A da Norma Cetesb P4.261/2011, verificamos que, conforme
representação resumida abaixo, o GLP é, de fato, uma substância de classe 4.
Anexo B (normativo)
Anexo E (continuação)
31
O terceiro passo consiste em cruzar a distância de referência com a população presente na
vizinhança. Para tanto, utilizamos uma imagem aérea, conforme a figura a seguir.
32
Parte II – Termo de referência para a elaboração de EAR:
empreendimentos pontuais
O objetivo da Parte II é fornecer as orientações básicas para a elaboração de EAR de
empreendimentos pontuais.
O EAR é um estudo complexo e, geralmente, uma consultoria especializada é a responsável
pela sua elaboração. Veremos a seguir qual é o conteúdo mínimo que deve ser abordado em um
estudo desse tipo para empreendimentos pontuais.
Conforme o estabelecido na Norma Cetesb P4.261/2011, a elaboração do EAR se inicia com:
b) Caracterização do entorno.
2. Identificação de perigos 2
A identificação de perigos é um dos principais pontos para um bom EAR. Várias técnicas
são utilizadas, e abordaremos algumas no módulo 3 desta apostila.
É altamente recomendável que esta etapa do EAR seja precedida de uma análise histórica de
acidentes com empreendimentos do mesmo ramo, de forma a subsidiar a identificação dos perigos
no empreendimento que será avaliado.
2
Item 7.2 da norma – no texto da norma, há um erro, e o item está repetido como 7.1.
33
Nesta avaliação, a Cetesb recomenda a utilização da árvore de eventos, modelo reproduzido
a seguir:
Neste ponto do estudo, caso os efeitos físicos não atinjam a população de interesse, o EAR
deve ser interrompido e deve-se dar sequência à elaboração do PGR.
É recomendável utilizar dados meteorológicos das estações da Cetesb. Caso não existam
dados para a localidade em estudo, o órgão ambiental deve ser consultado para fornecer dados a
serem utilizados.
ii) Direção do vazamento (item 7.4.1.2 da norma)
iii) Tempo de vazamento (item 7.4.1.3 da norma)
iv) Cálculo de inventário vazado (item 7.4.1.4 da norma)
34
v) Substância (item 7.4.1.5 da norma)
vi) Área de poça (item 7.4.1.6 da norma)
vii) Incêndio de nuvem (item 7.4.1.7 da norma)
viii) Explosão (item 7.4.1.8 da norma)
35
8. Outras considerações (item 7.8 da norma)
A figura 8 contém a sequência de capítulos que devem ser seguidos para a elaboração de
EAR para um empreendimento pontual.
36
Parte III – Termo de referência para a elaboração de EAR para dutos
O objetivo da Parte III é fornecer as orientações básicas para a elaboração de EAR de
Empreendimentos Lineares – Dutos.
Conforme a Norma Cetesb P4.261/2011: “O termo se aplica à avaliação do risco à
população de interesse, não contemplando risco à saúde e segurança dos trabalhadores ou danos
aos bens patrimoniais das instalações analisadas. Os impactos ao meio ambiente serão avaliados
caso a caso, de forma específica”.
37
Analisando a figura anterior, verificamos que o EAR para empreendimentos lineares tem
uma sequência de análise semelhante à de empreendimentos pontuais até a “Estimativa dos efeitos
físicos e avaliação de vulnerabilidade”, onde passa a uma análise diferenciada pelas
particularidades do empreendimento.
Veremos a seguir a sequência que deve ser obedecida para a elaboração desse tipo de estudo.
1. Caracterizações do empreendimento e do seu entorno (item 8.1 da norma)
a) Caracterização do empreendimento (item 8.1.1 da norma)
i) Identificação do empreendimento (item 8.1.1.1 da norma)
38
4. Estimativa de frequências (item 8.5 da norma)
Para o cálculo do risco, devem ser estimadas as frequências de ocorrência de hipóteses e de
cenários acidentais.
a) Técnicas (item 8.5.1 da norma)
b) Quantificação (item 8.5.2 da norma)
39
MÓDULO III – IDENTIFICAÇÃO E
ANÁLISE DE RISCO
Introdução
Constatamos, até este ponto deste estudo, que os riscos são inerentes a qualquer atividade.
Assim sendo, a identificação de riscos visa a encontrar, reconhecer e listar os riscos que podem
impedir uma organização de alcançar os seus objetivos.
A identificação de riscos é a fase inicial do processo de gerenciamento de riscos, entende-se
assim que é primordial realizá-la de forma minuciosa. É, portanto, importante que nesta fase
todos os envolvidos no processo a ser analisado – principais interessados, tais como,
representantes e líderes das equipes de projeto, operacional, meio ambiente, saúde, segurança,
administração financeira, recursos humanos, responsabilidade social e comunicação, entre outros,
que tenham conhecimento do projeto – façam parte do processo de identificação.
O objetivo do processo de identificação e análise de riscos é a redução do risco, uma vez
que, como já vimos, não existe risco zero. Assim, a análise dos riscos deverá levar em conta as
circunstâncias e os resultados esperados para selecionar a metodologia mais aplicável.
Segundo a ABNT NBR ISO 31000, convém que os seguintes fatores e o relacionamento
entre estes fatores sejam considerados na identificação de riscos:
fontes tangíveis e intangíveis de risco;
causas e eventos;
ameaças e oportunidades;
vulnerabilidades e capacidades;
mudanças nos contextos externo e interno;
indicadores de riscos emergentes;
natureza e valor dos ativos e recursos;
consequências e impactos nos objetivos;
limitações de conhecimento e de confiabilidade da informação;
fatores temporais e
vieses, hipóteses e crenças dos envolvidos.
42
de mitigação permitem reduzir e, em alguns casos, até eliminar o risco. Esse é um ponto
amplamente trabalhado no PGR.
A norma ABNT NBR ISO/IEC 31010:2012 – Gestão de riscos: técnicas para o processo de
avaliação de riscos é uma rica fonte de consulta, pois apresenta a listagem completa das técnicas de
identificação e análise de riscos. Para este estudo, consideramos as técnicas mais difundidas,
conforme as relacionadas a seguir:
brainstorming;
listas de verificação ou checklist;
análise preliminar de perigos (APP);
estudo de perigos e operabilidade (Hazop);
técnica estruturada “e se” (Swift);
análise de impactos no negócio;
análise de árvore de falhas e
matriz de probabilidade/consequência.
Brainstorming
Brainstorming, em uma tradução livre, significa “tempestade de ideias”. A técnica envolve
estimular o livre fluxo de troca de ideias entre um grupo de pessoas – equipe multidisciplinar – de
forma a identificar as falhas potenciais e os perigos e riscos associados, além de propostas de
tratamento dos mesmos. Requer um grupo de pessoas que conheçam a organização, a aplicação, o
processo ou o sistema a ser avaliado. O papel do facilitador é extremamente importante.
Nesta técnica, a atuação do facilitador é chave: ele é o responsável por focar o assunto,
estimular, conduzir, organizar a discussão e captar as questões relevantes que surgem do encontro.
Um facilitador que não tenha domínio da técnica ou da habilidade em conduzir o grupo e uma
equipe que não tenha o desejo de colaborar pode transformar a reunião em um encontro sem
resultados. Além disso, o verdadeiro brainstorming envolve técnicas específicas que procuram, por
meio das declarações e dos pensamentos dos envolvidos, estimular a imaginação dos participantes
da reunião.
O processo de brainstorming pode ser informal ou formal. O informal não é tão organizado e é
realizado para um fim específico. O formal possui uma estrutura organizada: os participantes são
pautados previamente, o encontro tem um objetivo determinado e procura avaliar as ideias expostas.
Os resultados do trabalho dependem da fase do processo em que é empregado. Caso seja
empregado na fase de identificação, as saídas podem ser uma listagem dos riscos e controles atuais.
As limitações desta técnica podem ser: participantes sem conhecimento e habilidade para
serem colaboradores eficazes; por não ser comparativamente estruturado, não permite comprovar
43
a abrangência do processo, ou seja, demonstrar que todos os riscos possíveis foram detectados;
algumas dinâmicas podem não despertar o grupo e assim ideias preciosas se perdem enquanto
outras prevalecem no debate. Uma forma de evitar essa falha é utilizar fóruns de discussão ou
técnicas de grupo nominal por computador; isso permite que discussões políticas e pessoas sejam
evitadas e deixem de interferir na sequência de ideias.
Os destaques desta técnica incluem: livre fluxo de ideias que reforçam a imaginação e permitem
identificar novos riscos e soluções; envolvimento de pessoas e grupos chave para o processo e,
consequentemente, melhoria no diálogo geral e agilidade no desenvolvimento do trabalho.
44
Geralmente, é utilizada na fase de planejamento e elaboração de um projeto, quando
existem poucos detalhes ou procedimentos operacionais. A análise pode ser a base para estudos
complementares ou, ainda, produzir informações adicionais para um projeto ou um sistema. Ela
também pode ser eficaz na análise dos sistemas existentes de forma a identificar os perigos e os
riscos para uma avaliação mais completa, se necessário. Portanto, apesar de ser muito utilizada nas
fases iniciais de desenvolvimento de projetos, ela também é amplamente empregada nas fases de
operação e revisão de riscos.
Para ter melhor desempenho é necessário relacionar previamente os materiais utilizados ou
produzidos, o ambiente operacional, a planta do local a ser avaliado e as respectivas atividades
desenvolvidas. A avaliação complementar muitas vezes utiliza a análise qualitativa dos efeitos de
um evento indesejável e as suas probabilidades para identificar os novos riscos. A APP é mais
efetiva quando utilizada nas etapas que envolvem o projeto, a construção e o ensaio, de forma a
constatar novos riscos e correções, se necessário. Os resultados alcançados podem ser exibidos de
diversas maneiras, tais como árvores e tabelas.
Como a maioria das técnicas, necessita de uma equipe multidisciplinar para a sua aplicação
eficaz. Resulta em uma listagem de perigos e riscos, com controles identificados ou, ainda,
recomendados; em novas especificações para o projeto ou, ainda, solicitações para uma análise
mais detalhada.
Na APP, são identificados os perigos, as causas, as consequências e as categorias de
severidade, conforme o quadro a seguir, baseada na Norma Cetesb P4.261/2011.
categoria de efeitos
severidade
45
Conforme a mesma norma, todos estes dados são registrados em uma planilha padrão como
o modelo apresentado a seguir:
categoria de observações e
perigo causa efeito
severidade recomendações
Como limitação desta técnica, vale destacar que uma APP apresenta somente informações
preliminares. Ela não traz informações amplas ou detalhadas sobre os riscos e como eles podem
ser mais bem contidos.
Pontos fortes: é capaz de ser usada quando houver poucos dados e possibilita que os riscos
sejam considerados prematuramente no ciclo de vida do sistema.
46
A figura seguinte representa as quatro fases do processo de análise do Hazop:
47
A Norma Cetesb P4.261/2011 apresenta os seguintes exemplos de palavras-guias e os seus
significados para uso nos estudos de Hazop:
palavra-guia significado
O Hazop é um processo que pode ser muito demorado e, por essa razão, caro. Da mesma
forma, pelo seu detalhamento, exige um alto nível de documentação e especificações do objeto a
ser analisado. O resultado pode concentrar-se em soluções muito detalhadas e deixar de
questionar premissas básicas (o que pode ser evitado se a abordagem da análise for realizada de
forma gradual); a análise pode concentrar-se em detalhes ao invés de tratar de questões mais
abrangentes. O processo é focado no conhecimento específico dos projetistas, o que pode resultar
na falta de objetividade na busca de problemas e soluções dos seus projetos.
A análise sistemática e total de um procedimento, processo ou sistema; uma avaliação composta
de especialistas de várias áreas, com conhecimento operacional e que podem trazer a uma análise da
realidade do campo para o estudo e a aplicabilidade da solução proposta em tempo real; além de criar
registros detalhados do processo realizado, são algumas das vantagens do Hazop.
48
Inicialmente, a técnica Swift foi idealizada para o estudo de perigos da indústria química e
petroquímica. Entretanto, atualmente, o método é largamente empregado em procedimentos,
elementos de instalações, sistemas e, comumente, em organizações. Especificamente, é usada para
investigar os efeitos de mudanças e os riscos assim modificados ou originados.
Procedimentos, sistemas, itens de instalação e os seus contextos são considerados nas
entradas e devem ser determinados de forma cautelosa antes do início do estudo. O facilitador
analisa previamente uma série de documentos, planos e desenhos, além de realizar entrevistas
focadas. Com base neste material, ele procura dividir a análise em nós ou elementos-chaves para
facilitar o trabalho, lembrando que esse detalhamento não ocorre com o mesmo nível de definição
exigido para o Hazop.
É importante que o grupo de estudo seja bem selecionado, valorizando o conhecimento
especializado e a experiência. É importante que todas as partes interessadas participem,
juntamente com os representantes das áreas fins a serem analisadas, de forma que estes tragam as
suas experiências para o estudo.
As saídas compreendem o registro do risco com as correspondentes tarefas ou ações
classificadas. As mesmas tarefas podem ser a base para um plano de abordagem.
Prazo para
E se? Consequência/perigo Recomendação Responsável
conclusão
49
um estudo prévio da equipe antes da análise, quando esta se reúne, o estudo costuma ser rápido, e
os resultados tornam-se visíveis na sessão da oficina de trabalho; os participantes conseguem
conferir as respostas dos sistemas aos desvios em vez de apenas avaliar os efeitos de falhas de
componentes pelo fato da técnica ser “orientada a sistemas”; ela pode auxiliar a identificar
oportunidades de melhoria de processos e sistemas; quando a análise conta com os responsáveis
pelos atuais controles existentes, ela reforça a responsabilidade destes, cria um registro dos riscos e,
com um pouco mais de esforço, um plano de tratamento de riscos; os perigos e riscos
identificados podem ainda ser levados a um estudo quantitativo.
50
As entradas consistem em: selecionar um grupo que será responsável pela análise e planos de
ação; levantamento de dados e detalhes sobre a organização e as suas correlações, incluindo detalhes
sobre os trabalhos e as operações, considerando também processos, recursos de suporte, envolvimento
com outras organizações, acordos de subcontratação, partes interessadas; resultados financeiros e
operacionais de perdas em processos críticos; formulário de questões preparado; e relação de
entrevistados de áreas relevantes da empresa ou partes interessadas que serão contatadas.
As saídas incluem uma relação de prioridades, os processos mais relevantes e
interdependências identificadas; principais impactos financeiros e operacionais documentados;
sistemas de suporte indispensáveis; a identificação das escalas de tempo e de interrupção do
processo crítico.
As limitações do BIA são: falta de preparo e conhecimento dos integrantes selecionados para
a análise e o preenchimento de questionários; dinâmicas de grupo equivocadas que podem
resultar em análises ineficientes de processos cruciais; análises simplificadas ou exageradas de
pontos chave; dificuldade de conseguir um nível adequado de interpretação das operações e
práticas da organização.
Como pontos fortes, este processo apresenta: melhor entendimento, pela organização, dos
seus processos críticos e possibilidade de ir ao encontro dos seus objetivos declarados;
identificação clara dos recursos necessários; e oportunidade para redirecionar o processo
operacional para ajudar na reação positiva diante das adversidades empresariais.
51
Por meio da figura seguinte, podemos verificar que a análise, na árvore de falhas, é top-down
ou do topo à raiz. Ela inicia a análise no evento geral e vai desdobrando até os eventos específicos.
52
principal. Analisando um erro ocorrido, permite verificar como diferentes eventos se juntaram
para originar a falha.
Quanto às entradas, para a análise qualitativa, é necessário que previamente: a equipe tenha
um entendimento do sistema e das causas da falha; conhecimento de falhas técnicas e que sejam
disponibilizados diagramas detalhados para auxiliar a análise. A análise quantitativa levará em
consideração as informações sobre as taxas de erro ou a probabilidade de ser um estado de falha
evento listado.
Como saída, teremos: representação gráfica de como o evento de topo pode ocorrer e as
possibilidades de interação de fatos geradores; listagem de cortes mínimos com as suas respectivas
probabilidades de ocorrência e também do evento de topo.
Matriz de probabilidade/consequência
A matriz de probabilidade/consequências geralmente é utilizada para selecionar riscos,
identificar os que precisam de tratamento imediato, por exemplo. Ela combina classificações
qualitativas ou semiquantitativas de consequências e probabilidades a fim de produzir um nível de
riscos ou classificação de risco.
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 31010:2012, o contexto determinará o formato e as
definições que devem ser aplicados à matriz. Ela geralmente é utilizada em conjunto com o
Hazop, para estabelecer prioridades.
53
Uma lista classificação dos riscos com níveis de significância estabelecidos é a saída esperada
para esta técnica. A limitação desta técnica remonta à etapa de planejamento para análise, uma vez
que envolve o desenvolvimento de matriz específica e adequada às circunstâncias. O uso é
subjetivo e é difícil de combinar ou comparar o nível de risco para diferentes categorias de efeitos.
Os pontos fortes são: comparativamente fácil de utilizar e disponibiliza uma rápida
classificação dos riscos em distintos níveis de significância.
54
MÓDULO IV – SISTEMAS DE GESTÃO
Introdução
Os autores Kotler e Gary (1994) consideram que o propósito de qualquer organização é
esforçar-se para produzir um bem ou serviço que possa satisfazer às expectativas mínimas dos
interessados: consumidores, funcionários, fornecedores, distribuidores e acionistas. Aquino (2003)
acrescenta que um dos interessados, não considerados na lista de Kotler e Gary (1994), é o
conjunto de pessoas que sofre os efeitos dos impactos causados por essa organização, ou seja, as
partes interessadas.
Com a globalização e a abertura de mercados, tornou-se importante obter formas de
facilitar e melhorar a comercialização e a transferência de tecnologias. O objetivo de normas
internacionais – padrão ISO – é estabelecer regras a serem seguidas, padrões que formam a base
de muitos aspectos do comércio internacional, ou seja, não importa onde a empresa esteja
localizada, respeitando as particularidades locais, ela poderá ser comparada a qualquer outra
nacional ou internacional que siga as mesmas normas.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a entidade brasileira
representante associada à Organização Internacional para Normalização – International
Organization for Standardization (ISO).
Diante da grande demanda criada pelos diversos modelos de sistemas de gestão voluntários,
que fossem aplicáveis a qualquer organização, a ISO publicou, em 1987, a série de normas ISO
9001. Essa série de normas, que visou à garantia da qualidade de produtos e serviços, não se
preocupava especificamente com o ambiente externo e as condições no ambiente de trabalho
(MAXIMIANO, 1995).
Em 1996, visando à proteção do meio ambiente com o qual a organização se relaciona, foi
publicada a primeira versão da ISO 14001 (baseada na norma britânica BS 7750 – BSI 1992). Ainda
em 1996, a Instituição Britânica de Normas (British Standards Institution – BSI) publicou o guia “BS
8800 – Guide to occupational health and safety management systems”, um primeiro guia com diretrizes
para sistemas de gestão de segurança e saúde nos ambientes de trabalho (VALLE, 2002).
Sistemas de Saúde e Segurança Ocupacional não eram abordados pela ISO, e a norma
britânica OHSAS 18001 – Occupational Health and Safety Assessment Series é a grande referência
nessa vertente. A OHSAS 18001 veio a apresentar elementos mandatórios para um sistema de
gestão de segurança e saúde no trabalho e é uma norma certificável (AQUINO, 2003). Somente
em 2018, a ISO lança a ISO 45001, norma de requisitos para um Sistema de gestão de saúde e
segurança ocupacional.
No quesito responsabilidade social, inicialmente tivemos o desenvolvimento da SA 8000,
lançada em 1997, que é norma baseada na ISO 9000 e visou a aprimorar o bem-estar e as boas
condições de trabalho, bem como o desenvolvimento de um sistema de verificação que garantisse
a contínua conformidade com os padrões estabelecidos pela norma. A SA 8000 foi desenvolvida e
é supervisionada pela Social Accountability International (SAI), antiga Council on Economic
Priorities Accreditation Agency (Cepaa), uma organização não governamental, sediada nos
Estados Unidos.
No Brasil, tivemos, em 2004, o lançamento da ABNT NBR 16001, que buscou o
desenvolvimento de um Sistema de Gestão de Responsabilidade Social (SGRS). Em 2010, foi
lançada a ISO 26000, elaborada por meio de um processo de múltipla participação que contou
com especialistas – representantes de diferentes partes interessadas: trabalhadores, governo,
indústria, Organizações Não Governamentais (ONGs), academia, etc. – de mais de 90 países e 40
organizações internacionais envolvidas em diferentes aspectos da responsabilidade social.
A gestão de riscos foi inicialmente abordada na norma australiana e neozelandesa AS/NZS
4360, a primeira norma lançada visando ao gerenciamento de riscos, sendo a sua primeira versão
de 1995. Essa norma foi a base para a ISO 31000, esta foi lançada em 2009, visando à gestão de
riscos enfrentados pelas organizações.
56
As normas ISO eram similares quanto aos requisitos, contudo, com definições e
terminologias diferentes. Ao integrar distintos sistemas de gestão, como meio ambiente e
qualidade, tendo como exemplo, a complexidade aumentava, e eram criadas inconsistências.
Todas as normas partem do eixo PDCA – Plan – Do – Check – Act, representando uma
visão sistêmica passível de integração. Em 2010, com o intuito de descomplicar esse processo, a
ISO lançou o Anexo SL, que contempla o High Level Structure (HLS) ou “Estrutura de Alto
Nível” que, desde então, vem sendo empregado por muitos dos novos padrões normativos.
Graças à sua característica universal, o Anexo SL estabelece que a proposta de integração de
todas as normas possua requisitos similares. Essa estrutura “compartilhada” permite maior
compatibilidade entre padrões com escopos diferentes. Consequentemente, facilita o processo de
integração entre distintos sistemas de gestão.
Por meio do Anexo SL, as normas passam a ter semelhança na estrutura principal, na
sequência de capítulos, nos termos e nas definições. Ademais, a incorporação com diferentes
sistemas de gestão pode ser feita a qualquer momento que a organização julgar necessário, a fim
de manter a conformidade dos produtos e serviços.
As normas ISO passaram a adotar a estrutura estabelecida no Anexo SL. O que antes era
abordado como “objetivos e metas” passa para uma abordagem de “riscos e oportunidades”, ou
seja, como parte do planejamento estratégico da organização. A nova estrutura permite, além de
uma melhor integração entre as normas, maior clareza para a realização de auditorias; ou melhor,
passaríamos a uma auditoria do sistema de gestão integrado.
Dessa forma, entende-se que o risco é inerente a todas as atividades de uma organização,
não importando o ramo de atividade, mudando, sim, o enfoque.
A estrutura do Anexo SL, adotado pelas normas ISO, tem a seguinte sequência:
1. Escopo
2. Referências normativas
3. Termos e definições (comuns)
4. Contexto da organização
4.1 Compreensão da organização e seu contexto
4.2 Compreensão das necessidades e expectativas das partes interessadas
4.3 Determinação do escopo do sistema de gestão
4.4 Sistema de gestão
5. Liderança
5.1 Liderança e comprometimento
5.2 Política
5.3 Papéis organizacionais, responsabilidades e autoridades
6. Planejamento
6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades
6.2 Objetivos do sistema de gestão e planejamento para alcançá-los
57
7. Apoio/Suporte
7.1 Recursos
7.2 Competência
7.3 Conscientização
7.4 Comunicação
7.5 Informações documentadas
8. Operação
8.1 Planejamento e controle operacional
9. Avaliação de desempenho
9.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação
9.2 Auditoria interna
9.3 Revisão de gestão
10. Melhoria
10.1 Não conformidades e as ações corretivas
10.2 Melhoria contínua
Antes do lançamento do Anexo SL, cada organização fazia o manejo dos diversos sistemas
de gestão de forma distinta. Frequentemente, isso envolvia recursos demasiados, orçamento
insuficiente, falhas de comunicação, entre outras adversidades. Com o Anexo SL, houve um
aprimoramento desses aspectos. Assim, observamos que diversos benefícios podem ser constatados
a partir da implementação de um Sistema de Gestão Integrado, tais como:
maior ordenamento entre os processos com as estratégias de negócio empresarial;
aperfeiçoamento do desempenho dos sistemas de gestão. Por intermédio da abordagem
completa dos processos, ocorre uma visão integral da organização;
diminuição da redundância de recursos e documentos, permitindo a simplicidade na
administração e manutenção dos processos;
simplificação das auditorias, com o aumento da produtividade e redução de custos e
fortalecimento da melhoria contínua, identificando oportunidades e prevenindo a
ocorrência de riscos.
58
influência das suas ações às partes interessadas, à saúde e à segurança dos trabalhadores e das
partes interessadas, à qualidade das operações visando ao desenvolvimento do empreendimento,
entre outros.
A seguir, serão abordadas as normas específicas com a orientação a respeito de
Responsabilidade Social.
59
Figura 14 – Visão geral esquemática da ABNT NBR ISO 26000
60
ABNT NBR ISO 9001:2015 – Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos
É uma norma de requisitos, voluntária e certificável, se assim a organização desejar. A
norma sempre utilizou o termo “produto” para se referir a um serviço ou produto, a partir da
nova revisão a norma começou a mencionar “produtos e serviços” de forma explícita, eliminando
assim quaisquer dúvidas que empresários do setor de serviços tinham sobre a aplicabilidade da
ISO 9001 à suas atividades. A revisão da norma também buscou fortalecer a abordagem por
processos, a análise do desempenho da organização e a análise do risco da qualidade com ações
corretivas baseadas nos níveis de risco dos processos.
Quanto ao assunto meio ambiente, importante conferir a norma a seguir.
61
As principais diferenças entre a ISO 45001 e a OHSAS 18001 são:
Inclui as opiniões das partes interessadas. Não inclui as opiniões das partes interessadas.
62
Os componentes, se já existentes na organização, podem ser adaptados ou melhorados para
garantir o desempenho da gestão de riscos.
63
Programas de Gerenciamento de Riscos
A segunda lei da termodinâmica define processos reversíveis em um universo em equilíbrio
e processos irreversíveis em um universo que evolui, degradando-se, ou seja, a energia que existe
hoje é menor que a energia que existia em um momento anterior.
Aplicando-se esse entendimento ao conceito de riscos, entendemos que riscos controlados
em um momento por determinado processo podem não ser eficientes em um momento seguinte.
Dessa forma, PGRs tornam-se necessários, visando ao controle efetivo dos riscos e à prevenção de
acidentes. Como os riscos se modificam com o tempo, esses programas devem ser revisados
periodicamente de forma que o controle esteja sempre atualizado.
O PGR objetiva prevenir acidentes, atender à legislação e atender a objetivos estratégicos da
empresa, como a redução de custos e a responsabilidade social. O EAR e o PGR são alguns dos
estudos solicitados pelo órgão ambiental responsável pelo licenciamento ambiental, conforme
requerido pela Resolução Conama nº 237/97 no seu art. 3º, parágrafo único.
Além disso, temos:
Lei Federal nº 9.966, de 28 de abril de 2000, chamada popularmente como “Lei do
Óleo” que estabelece os princípios básicos a serem obedecidos na movimentação de óleo
e outras substâncias nocivas ou perigosas.
Resolução Conama nº 398, de 11 de junho de 2008, que dispõe sobre um conteúdo
mínimo do Plano de Emergência Individual e orienta a sua elaboração.
64
Quando realizar a caracterização do empreendimento, importante detalhar o entorno, os
núcleos habitacionais, os aspectos naturais e de infraestrutura existentes, sempre retratando em
imagem aérea.
2. Identificação de perigos
Assim como nos EARs, para desenvolver um bom PGR há necessidade de realizar um
levantamento detalhado de perigos e riscos. Já vimos as diferentes técnicas aplicáveis no módulo 3.
A fase de preparação é uma das etapas mais importantes e uma das que demandam maior
tempo neste tipo de estudo. Já citamos anteriormente, mas vale repetir: na seleção da equipe é
muito importante que os membros tenham experiência nas operações selecionadas para estudo e, ao
menos um dos membros deve conhecer detalhadamente as metodologias de identificação de
perigos. A análise histórica de acidentes em instalações e sistemas similares é muito importante, eles
podem identificar uma falha ainda não observada na organização ou no projeto. Os fluxogramas da
empresa devem estar atualizados, ou seja, devem representar a realidade do empreendimento.
Vistorias de campo são recomendáveis de forma a rever os processos documentados.
4. Procedimentos operacionais
Procedimentos documentados que sejam de fácil leitura, consistentes com o processo e
possuam uma sistemática de revisão controlada são requeridos.
São boas práticas as permissões de trabalho e os acessos autorizados a funcionários próprios
e terceirizados. Tais documentos, emitidos antes da realização de qualquer atividade, permitem a
revisão das atividades por um supervisor, uma pessoa capacitada, com foco a redução de riscos de
forma. Esse supervisor pode rever o “passo a passo” da tarefa planejada e, se necessário, negar a
execução da atividade mediante, solicitando novo planejamento para o trabalho.
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Deve-se anexar a lista dos procedimentos de operação e dois procedimentos de interesse
quanto aos aspectos de risco ao PGR.
5. Gerenciamento de modificações
As mudanças operacionais que podem advir de um novo sistema implantado na organização
devem ser consideradas dentro do PGR. Dessa forma, é necessário estabelecer uma sistemática,
um procedimento que verifique, entre outros, os seguintes aspectos definidos pela norma Cetesb:
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A norma ainda propõe um formulário modelo para o gerenciamento de modificações,
como abaixo.
Descrição da mudança
Alteração do rotor da bomba 101 para que não possibilite maiores vazões na linha de transferência da substância A
partindo do tanque de armazenagem para o reator R1, conforme Desenho 1, anexo.
Justificativa da mudança
Aumento de eficiência.
Duração da mudança:
( ) Temporária
(x) Permanente
( ) Emergencial
Autorizações:
(x) Gerente de produção: Beltrano de tal Data: __/__/__
( ) Gerente de planta: Ciclano de tal Data: __/__/__
Atualizações pertinentes
Procedimento de operação ou segurança: a faixa de leitura do indicador de pressão no campo (PI-11) será alterada de 1-
2 para 2-3 kgf.cm-2;
Treinamentos: deve ser informado à operação em reunião de segurança sobre a alteração e que os procedimentos de
operação da bomba não serão alterados.
Desenhos: atualizar livro de dados da Bomba 101, o livro de ajuste e calibração da válvula de segurança e a faixa de
leitura de campo do indicador de pressão PI-11.
Observações:
Ação 1: Responsável Fulano de Tal Prazo: __/__/__ (...) Concluída
Ação 2: Responsável Fulano de Tal Prazo: __/__/__ (...) Concluída
Ação 3: Responsável Fulano de Tal Prazo: __/__/__ (...) Concluída
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O gerenciamento de mudanças é muito importante dentro da gestão de riscos e muitas
vezes recebe a devida atenção. Devemos sempre lembrar que o acidente de Flixborough,
mencionado no módulo 1, foi causado por uma mudança não registrada.
O procedimento de gerenciamento de modificações e dois exemplos de uma aplicação
devem ser anexados ao PGR como evidência.
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9. Plano de Ação de Emergência
O Plano de Ação de Emergências (PAE) é um documento que define responsabilidades,
diretrizes e informações que buscam propiciar respostas rápidas e eficientes em situações de
emergência. O documento deve estabelecer o que deve ser feito, quem deve fazer, como fazer e
quando as equipes envolvidas nas atividades rotineiras devem ser treinadas de forma a atender
uma situação de emergência.
Os principais objetivos do PAE são: mitigar acidentes; atender à legislação e aos padrões
corporativos além de atender aos objetivos estratégicos da empresa, como redução de
custos/seguro e responsabilidade social.
Segundo a Norma Cetesb, o PAE deve conter na sua estrutura os seguintes itens:
pressupostos – cenários;
caracterização das instalações e entorno;
definição de responsabilidades;
fluxograma de acionamento;
procedimentos e ações de resposta;
recursos humanos e materiais;
implantação;
divulgação;
treinamentos e simulados e
anexos.
O PAE visa ao atendimento de ações de emergência. Dessa forma, deve ser um instrumento
simples, prático e sucinto. Deve contemplar as atribuições e responsabilidades dos envolvidos e
deve ser periodicamente treinado.
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Gerenciamento de riscos socioambientais nas instituições
financeiras
As sociedades ao longo da história, de uma forma geral, preocuparam-se com o equilíbrio
entre economia, sociedade e meio ambiente. No entanto, até o fim do século XIX, a consciência
geral era de que os recursos naturais eram infindáveis.
Essa percepção mudou com a industrialização, a urbanização e os efeitos da intervenção das
atividades humanas na natureza e se fez sentir de forma mais acentuada a partir meados do século
XX, em especial a partir da década de 1960. A preocupação com o combate à pobreza absoluta, o
crescimento populacional, o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente e os novos
desafios da economia ganharam destaque de forma progressiva desde então.
Em 1962, o lançamento do livro Primavera silenciosa, de Rachel Carson, é considerado por
muitos um marco para o entendimento das inter-relações entre economia, meio ambiente e as
questões sociais. Nesse livro, foi mostrado como o DDT – defensivo agrícola – penetrava na
cadeia alimentar e acumulava-se nos tecidos gordurosos dos animais, inclusive do homem, com o
risco de causar câncer e dano genético.
A grande polêmica movida pelo instigante e provocativo livro é que ele não só expunha os
perigos desse agrotóxico, mas questionava de forma eloquente a confiança cega da humanidade no
progresso tecnológico. Dessa forma, o livro ajudou a abrir espaço para o movimento ambientalista
que se seguiu. A autora foi uma das pioneiras da conscientização de que os homens e os animais
estão em interação constante com o meio em que vivem.
Dez anos depois, em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. A
conferência levou à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Ainda no mesmo ano, uma equipe de especialistas de vários países publicou o relatório Os Limites
do Crescimento, com estudos sobre como o crescimento populacional associado ao incremento
do uso dos recursos naturais impunha limites para o crescimento industrial.
Nos anos seguintes, a ocorrência de desastres ambientais – o vazamento de gás em Bhopal,
na Índia; e o acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia –, bem como o sensível aumento da
quantidade de estudos e o número de organizações atentas à evolução das questões
socioambientais, fez com que se estabelecesse a necessidade de um novo modelo de
desenvolvimento.
Em 1983, a ONU criou a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento,
presidida pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. A Comissão
lançou, em 1987, um documento chamado Nosso Futuro Comum, conhecido também como
Relatório Brundtland, que populariza o termo desenvolvimento sustentável, trazendo a sua
definição mais aceita mundialmente até hoje: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende
70
às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações atenderem
às suas próprias necessidades”.
Depois da enorme repercussão do Relatório Brundtland, a ONU organizou, em 1992, a
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Brasil, conhecida
como Eco-92 ou Rio-92. Na ocasião, foram elaborados importantes documentos. Entre eles estão:
a Declaração do Rio, com 27 princípios que norteiam a interação das pessoas com o planeta; a
Convenção Quadro sobre Mudanças Climáticas, que culminou no Protocolo de Quioto; e a
Agenda 21, que traz os princípios básicos para alcançar a sustentabilidade do planeta em meados
do século XXI. Este foi o primeiro documento do gênero a obter consenso internacional.
A preocupação com o impacto ambiental das atividades econômicas obrigava os governos a
conceberem padrões e a regulamentar a ação empresarial. São inauguradas agências reguladoras,
como a Environmental Protection Agency (EPA), nos Estados Unidos; e a Cetesb, no Brasil. Os
empreendedores mais poluidores foram obrigados a se ajustar aos novos limites de poluição. Da
mesma forma, organismos multilaterais, agências de fomento e grandes financiadores públicos,
também são visados pelas pressões da sociedade.
A aprovação de investimentos em grandes projetos e em infraestrutura era contestada por
analisar somente a viabilidade econômica em detrimento do alto impacto ambiental e social que
provocariam. Foi nesse cenário que o Banco Mundial estabeleceu os primeiros Padrões de
Desempenho e de ambiente e sociedade, que incluiriam os critérios socioambientais na análise
de investimentos.
O envolvimento do Banco Mundial em projetos teve o efeito de pontuar ao mercado uma
análise mais cuidadosa e incentivar a participação de novos agentes. Até aquele momento, os
bancos privados não eram lembrados como personagens da tão contestada forma de crescimento
econômico. Com a ampliação da participação de capital privado em grandes empreendimentos, as
instituições financeiras privadas passaram a ser observadas. No fim da década de 1990, nos
Estados Unidos e na Europa, começam as campanhas institucionais contra a atuação de bancos
privados. Promovidas por ONGs, os movimentos refutavam o financiamento a projetos de alto
impacto social e ambiental pelo mundo.
As instituições financeiras reagiram à pressão com um acordo voluntário: em 2003, surgiram
os Princípios do Equador. Por meio desse acordo, as instituições financeiras aplicariam os Padrões
de Desempenhos concebidos pelo International Finance Corporation (IFC) órgão do Banco
Mundial, na avaliação de operações de financiamento de projetos realizadas internacionalmente. No
início, o acordo abordava apenas projetos de valor acima de US$ 50 milhões. A partir de 2006, esse
limite foi diminuído para US$ 10 milhões. O envolvimento das instituições financeiras foi grande e
rápido: o acordo começou com 10 bancos, representando 30% do mercado de Project Finance, e em
dois anos aumentou para 25 bancos, ou seja, 75% do mercado.
71
Dessa forma, os estímulos que levaram os bancos a assumirem os Princípios do Equador foram:
Maior entendimento dos riscos a que estavam sujeitos.
Compreensão de que as questões sociais e ambientais deveriam ser tratadas como os seus
próprios problemas.
Necessidade de assumir a liderança e de boas práticas de responsabilidade social e de
gestão ambiental.
Assimilação de que as instituições financeiras não podiam mais agir de forma isolada.
72
Dessa forma, as instituições financeiras se tornaram corresponsáveis pelos empreendimentos
por elas financiados. O lançamento de várias outras diretrizes pelo Bacen, como a Resolução
nº 4.557, de 23 de fevereiro de 2017, que “Dispõe sobre a estrutura de gerenciamento de riscos e
a estrutura de gerenciamento de capital”, reforçou o compromisso das instituições financeiras de
adotar o estabelecido pelos Princípios do Equador (BRASIL, 2017).
73
CONCLUSÃO
Estudamos nesta disciplina que a consciência dos conceitos de perigo e risco surgiu ao
longo do tempo e que estes sempre estiveram e estão no cotidiano do ser humano.
Compreendemos que as catástrofes ambientais nunca se limitaram somente ao impacto
ecológico: elas impactam a população envolvida, a organização, a economia, enfim, todas as partes
interessadas. Ou seja, têm sempre um efeito cascata.
Como consequência, buscando uma ação preventiva, conhecemos a incorporação do
conceito de prevenção de riscos aos estudos ambientais e a necessidade crescente de delimitar
metodologias e técnicas para identificar e classificar o risco.
Entendemos que o gerenciamento de riscos pressupõe trabalhar com probabilidades, com
incertezas, quando há chance de algo acontecer, seja bom ou ruim. Dessa forma, não é uma
ciência exata; por isso, quanto maior a procedimentação e a atualização, maior a chance de sucesso
no seu controle. Todos esses aspectos levam à necessidade de conhecer, mensurar e gerenciar o
risco: torná-lo controlável.
A melhor estratégia para o gerenciamento de riscos é aquela que procura englobar as
dimensões políticas, econômicas, tecnológicas, sociais e ambientais e que sirva como base para a
procura de soluções para o desenvolvimento da organização, da comunidade onde ela está inserida.
Assim, o gerenciamento de riscos se torna primordial e passa a ser entendido como uma
ferramenta que se incorpora a vários níveis da gestão empresarial. A gestão de riscos passa a ter
papel estratégico para a corporação: o melhor gerenciamento permite diferencial competitivo
à organização.
BIBLIOGRAFIA
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Diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
______. NBR ISO/IEC 31010: Gestão de riscos – Técnicas para o processo de avaliação de riscos.
Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
______. NBR ISO 14001: Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso.
Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
______. NBR ISO 9001: Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT,
2015.
______. NBR ISO 19011: Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. Rio de Janeiro: ABNT,
2018.
______. NBR ISO 31000:2018: Gestão de riscos – Diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
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e relatar. São Paulo: Tocalino, 2004.
ANSELL, J.; WHARTON, F. Risk: analysis assessment and management. Chichester, England:
John Wiley & Sons, 1992.
BRASIL. Resolução nº 4.327, de 25 de abril de 2014. Banco Central do Brasil. Dispõe sobre as
diretrizes que devem ser observadas no estabelecimento e na implementação da Política de
Responsabilidade Socioambiental pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central do Brasil.
______. Resolução nº 4.557, de 23 de fevereiro de 2017. Banco Central do Brasil. Dispõe sobre a
estrutura de gerenciamento de riscos e a estrutura de gerenciamento de capital.
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AQUINO, J. D. Sistemas de gestão da qualidade, de meio ambiente e de segurança e saúde no
trabalho: um estudo para o setor químico brasileiro. 2003. Tese (Doutorado em Saúde Pública) –
Faculdade de Saúde Pública, Universidade do Estado de São Paulo, São Paulo.
______. Análise de risco tecnológico. São Paulo: Cetesb, 2018. Disponível em:
<https://cetesb.sp.gov.br/analise-risco-tecnologico>. Acesso em: 21 jul. 2018.
DET NORSKE VERITAS. Apostila do curso sobre estudo de análise de riscos e programa de
gerenciamento de riscos. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Qualidade Ambiental. Rio de
Janeiro: DNV, 2006. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/_2.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018.
IEC 61882: Hazard and operability studies (HAZOP studies) – Application guide. 2016.
KAPLAN, S.; GARRICK, B. J. On the quantitative definition of risk. Risk Analysis, n. 1, p. 11-
27, 1981.
MANNAN, S. Lees’ loss prevention in the process industries. 3. ed. Elsevier Butterworth-
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77
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and Health Management Systems – ILO-OSH 2001. Tradução: Gilmar da Cunha Trivelato.
Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/detalhe/
2013/3/diretrizes-sobre-sistemas-de-gestao-da-seguranca-e-saude-no-trabalho>. Acesso em: 19 jul.
2018.
SOUZA JR., A. B. Emergency planning for hazardous industrial areas: a Brazilian case study. Risk
Analysis, v. 20, n. 4, 2000.
VALLE, C. E. do. Qualidade Ambiental – ISO 14000. São Paulo: Senac, 2002.
78
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 26000:
Diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
Nesta norma, é promovida uma compreensão comum da área de responsabilidade social,
complementar a outros instrumentos e iniciativas. Não é de sistema de gestão: uma vez
que não contém requisitos, qualquer certificação não seria uma demonstração de
conformidade com este documento. Dessa forma, não visa nem é apropriada a fins de
certificação ou uso regulatório ou contratual.
______. NBR ISO 31000:2018: Gestão de riscos – Diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
Neste documento, na sua versão mais recente, são fornecidas diretrizes para gerenciar
riscos enfrentados pelas empresas. A aplicação destas diretrizes pode ser personalizada
para qualquer organização e o seu contexto. Também fornece uma abordagem comum
para gerenciar qualquer tipo de risco e não é específico para qualquer indústria ou setor.
Por fim, pode ser usado ao longo da vida da corporação e aplicado a qualquer atividade,
incluindo a tomada de decisão em todos os níveis.
______. NBR ISO/IEC 31010: Gestão de riscos – Técnicas para o processo de avaliação de riscos.
Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
Esta é uma norma de apoio à ABNT NBR ISO 31000 e fornece orientações sobre a
seleção e aplicação de técnicas sistemáticas para o processo de avaliação de riscos. A
aplicação de uma série de técnicas é introduzida, com referências específicas a outras
normas onde o conceito e a aplicação de técnicas são descritos mais detalhadamente.
Não se refere a todas as técnicas, e a omissão de uma técnica neste documento não
significa que ela não é válida. Esta norma não se destina à certificação, uso regulatório ou
contratual.
79
licenciamento ambiental. A Parte II – Termo de referência para a elaboração de EAR
para empreendimentos pontuais e a Parte III – Termo de referência para a elaboração de
EAR para dutos apresentam as orientações básicas para a elaboração de EAR e
demonstra a visão da Cetesb quanto à interpretação e à avaliação dos resultados. A Parte
IV – Termo de referência para a elaboração de PGR oferece as orientações básicas para a
elaboração de PGR.
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PROFESSORES-AUTORES
Edson Fernando Escames, arquiteto pela Universidade Mackenzie com especializações em
Ciência Ambiental e Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP); mestre e doutor
em Energia pela Universidade Federal do ABC (UFABC). Desenvolve trabalhos de gestão
socioambiental relacionados ao sistema de geração hidro-termoelétrica da Empresa Metropolitana
de Águas e Energia (Emae). É professor universitário da Universidade de Santo Amaro (Unisa) e
do FGV Online.
Luciana Escames, geógrafa pela USP, com especialização em Gestão Integrada de Meio
Ambiente, Segurança e Saúde no Trabalho pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(Senac). Desenvolve trabalhos voltados a Planejamento, Estudos de Viabilidade Ambiental,
Análises de Risco e Licenciamento Ambiental de Empreendimentos relacionados ao sistema
elétrico e transporte de óleo e gás.
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