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INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a),


Esta apostila e a disciplina Gerenciamento de Riscos
Socioambientais buscam iniciar o estudo do tema da problemática dos
riscos socioambientais para as organizações, considerando a
preocupação da sociedade com os riscos de segurança e saúde, o risco
tecnológico e a reação empresarial; apresentar a evolução dos conceitos
relacionados a riscos de segurança, a sua avaliação e gestão; e introduzir
os elementos de um sistema de gestão integrado de risco e de meio
ambiente, saúde e segurança. Esse é um tema importante e muito
utilizado na área de Meio Ambiente e Sustentabilidade. O Estudo de
Riscos Socioambientais mantém uma relação e é uma das etapas do
processo de Licenciamento e Estudo de Impacto Ambiental.
Ao término da disciplina, o (a) aluno(a) deverá ser capaz de
reconhecer a(s) técnica(s) mais adequada(s) de identificação de perigos
para cada situação e quando da necessidade de elaborar um Programa
de Gerenciamento de Riscos (PGR) ou um Estudo de Análise de Riscos
(EAR), percorrendo todas as etapas desse processo. Além disso, deverá
saber abordar não apenas a organização, mas também as partes
interessadas. Dessa forma, o conteúdo está dividido em: contexto
histórico, análise de risco nos processos de licenciamento ambiental,
identificação e análise de risco e gerenciamento de risco. Por fim, é
realizada a conclusão desse estudo.
O objetivo geral desta disciplina e da apostila de Gerenciamento
de Riscos Socioambientais é dar uma visão abrangente sobre a questão
dos riscos socioambientais para os alunos. Eles serão capacitados a
verificar que ao tratarmos de riscos, não estamos nos restringindo à
questão de saúde, segurança ou meio ambiente. A gestão de riscos
permeia toda a organização, seja no seu ambiente interno, relacionado à
saúde e à segurança ocupacional, seja no seu ambiente externo,
relacionado ao meio ambiente, à responsabilidade social, à
administração financeira e à imagem da empresa. Eles adquirirão as
noções de elaboração de EAR e PGR, de metodologias de identificação
e análise de riscos, além de compreender que a gestão de riscos é
sistêmica e se incorpora à gestão da empresa.
Por sua vez, os objetivos específicos são:
 Compreender o histórico e a tomada de consciência da questão de segurança e os
conceitos de perigo e risco.
 Entender como o gerenciamento de riscos se insere no procedimento de licenciamento
ambiental e os principais pontos da Norma Cetesb P4.261/2011.
 Assimilar as diferenças de aplicação das principais metodologias de identificação e análise
de riscos.
 Apreender como o sistema normativo se relaciona com o conceito de risco
socioambiental e como essa concepção foi incorporada também pelo setor produtivo,
especialmente pelas instituições financeiras.

Esta apostila está dividida em quatro módulos:


 Módulo 1 – Contexto histórico
Neste módulo, discutiremos a importância do controle para a segurança, a saúde e o meio
ambiente. Apresentaremos o histórico e a tomada de consciência da questão da segurança e, por fim,
demonstraremos as diferentes abordagens para o conceito de perigo e risco.

 Módulo 2 – Análise de risco nos processos de licenciamento ambiental


Nesta parte, faremos a relação entre o gerenciamento de riscos e o processo de licenciamento
ambiental. Para isso, demonstraremos como estudos de riscos devem ser realizados antes mesmo do
início do processo de licenciamento ambiental. Por fim, apresentaremos os principais pontos da
Norma Cetesb P4.261/2011, que visa a uniformizar e aprimorar as metodologias de elaboração de
EAR e PGR.

 Módulo 3 – Identificação e análise de risco


Nesta fase, explanaremos como os riscos são decorrentes dos objetivos estabelecidos
empresarialmente. Em seguida, apresentaremos as metodologias de identificação de riscos e análises
de riscos com destaque para as técnicas de Análise Preliminar de Perigos (APP) e Estudo de Perigos
e Operabilidade (Hazop).
 Módulo 4 – Sistemas de gestão
Nesta etapa final, apresentaremos os sistemas de gestão padronizados pela Organização
Internacional para Normalização (ISO), que são representadas no nosso País pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Além do que, demonstraremos as normas
relacionadas ao gerenciamento de risco e responsabilidade socioambiental. Encerrando,
esclareceremos em que contexto e como foi estabelecido o gerenciamento de riscos
socioambientais em instituições financeiras.

Para nós, será um prazer acompanhá-lo(la) ao longo desse caminho de aprendizado!


Professor Edson Fernando Escames
Professora Luciana Escames
SUMÁRIO

MÓDULO I – CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................................... 9

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 9
TOMADA DE CONSCIÊNCIA DO CONCEITO DE SEGURANÇA ..................................................... 11
GRANDES ACIDENTES SOCIOAMBIENTAIS ................................................................................... 12
Vazamento de gás em Bhopal................................................................................................ 13
Flixborough ............................................................................................................................... 15
Seveso........................................................................................................................................ 15
Cidade do México .................................................................................................................... 17
Vila Socó .................................................................................................................................... 17
CONCEITO DE RISCO E PERIGO ...................................................................................................... 18

MÓDULO II – ANÁLISE DE RISCO NOS PROCESSOS DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL................. 23

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 23
LICENCIAMENTO AMBIENTAL X GERENCIAMENTO DE RISCOS ................................................. 25
NORMA CETESB P4.261/2011 ......................................................................................................... 27
Parte I – Classificação de empreendimentos quanto à periculosidade ........................... 28
Parte II – Termo de referência para a elaboração de EAR: empreendimentos pontuais . 33
Parte III – Termo de referência para a elaboração de EAR para dutos ............................ 37
Parte IV – Termo de referência para a elaboração de PGR ................................................ 39

MÓDULO III – IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DE RISCO ........................................................................ 41

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 41
METODOLOGIAS DE IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DE RISCO........................................................ 42
Brainstorming ............................................................................................................................ 43
Listas de verificação ou checklist ............................................................................................ 44
Análise preliminar de perigos ................................................................................................ 44
Estudo de perigos e operabilidade (Hazop) ......................................................................... 46
Técnica estruturada “e se” (Swift) .......................................................................................... 48
Análise de impactos no negócio ............................................................................................ 50
Análise de árvore de falhas .................................................................................................... 51
Matriz de probabilidade/consequência ................................................................................ 53

MÓDULO IV – SISTEMAS DE GESTÃO ................................................................................................. 55

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 55
GERENCIAMENTO DE RISCO: ABORDAGEM SISTÊMICA.............................................................. 56
ABNT NBR ISO 26.000:2010 – Diretrizes sobre responsabilidade social .......................... 59
ABNT NBR ISO 9001:2015 – Introduz a abordagem sistemática de risco na qualidade 61
ABNT NBR ISO 14001:2015 – Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com
orientação para uso ................................................................................................................ 61
BS OHSAS 18001:2007 – Sistemas de gestão da saúde e segurança ocupacional –
Requisitos.................................................................................................................................. 61
ABNT NBR ISO 45.001:2018 – Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional –
Requisitos.................................................................................................................................. 61
ABNT NBR ISO 31.000:2018 – Gestão de Riscos – Diretrizes ............................................. 62
ABNT NBR ISO 19011:2018 – Diretrizes para Auditoria de Sistemas de Gestão ............. 63
PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO DE RISCOS ........................................................................... 64
GERENCIAMENTO DE RISCOS SOCIOAMBIENTAIS NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS ............ 70

CONCLUSÃO ......................................................................................................................................... 75

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 76

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ......................................................................................................... 79

PROFESSORES-AUTORES ..................................................................................................................... 81
MÓDULO I – CONTEXTO HISTÓRICO

Introdução
Por que é importante e necessário estabelecer limites e controles, associados com a
segurança, a saúde e o meio ambiente, a partir de artefatos ou produtos concebidos pelo homem?
Sem dúvida, as sociedades humanas se favoreceram pelo incremento da agricultura, das cidades,
do transporte e de outras criações. Entretanto, houve o aumento de percepção de que o
desenvolvimento e o progresso podem decorrer em prejuízos para os indivíduos e as organizações
e modificar demasiadamente o ambiente natural. Esse discernimento mudou com a
industrialização, a urbanização e os efeitos da intervenção das atividades humanas na natureza e se
fez sentir de forma mais acentuada a partir meados do século XX, após a Segunda Guerra
Mundial, em especial, a partir da década de 1960. Desde então, tem provocado uma mudança no
comportamento humano e na gestão empresarial.
Na verdade, desde a década de 1920, a indústria alimentícia americana demonstrou a
preocupação com relação a possíveis falhas e perigos advindos das suas operações: perceberam que
essas irregularidades poderiam originar perdas de vida e de propriedade. Mais adiante, na década
de 1930, pesquisadores de laboratórios, na indústria, começaram as avaliações dos atributos
tóxicos de produtos virtualmente perigosos. Especificamente em 1931, H. W. Heinrich realizou
uma investigação sobre as despesas de um acidente em relação ao Seguro Social e inaugurou a
cultura de “acidentes com perdas à propriedade”, isto é, acidentes sem lesão, comparativamente
aos acidentes com lesão incapacitante. Desde então, diversas pesquisas sobre acidentes industriais
com prejuízos à propriedade se proliferaram, com o objetivo de mensurar os custos decorrentes
das perdas (CETESB, 2018).
A partir dos anos 1960, o setor industrial e, particularmente, a indústria química
conquistaram uma ampliação rápida, que trouxe grandes mudanças nos processos realizados.
Alcançou-se um aumento na produtividade graças ao incremento das condições de trabalho, o
que elevou os níveis de agentes físicos, tais como pressão e temperatura. Além disso, houve o
acréscimo da quantidade de energia envolvida nas atividades aumentando, dessa forma, os riscos.
Devido à complexidade das operações, surgiram problemas de difícil resolução nas áreas de
materiais e de controle de processos, que dificultam o discernimento dos riscos inerentes aos
procedimentos. Na década de 1970, o mesmo processo ocorreu nas indústrias de processo.
Concomitantemente, verifica-se uma grande ampliação das indústrias, com aumento do
maquinário, expansão da interligação interna e externa com outras unidades, por exemplo, por
meio da troca de subprodutos. A operação das plantas passa a ser mais complexa; as partidas e as
paradas, muitas vezes complicadas e dispendiosas.
Esse contexto teve como consequência um aumento do potencial de prejuízos humanos e
econômicos e resultou ainda em um incremento de incidentes, até mesmo os ambientais. As perdas
podem ocorrer de diversas formas, sendo a mais constante o dano advindo de confinamento de
materiais inflamáveis ou tóxicos que, dependendo da intensidade, pode transformar-se em incêndio,
explosão ou emanação tóxica, sendo que tais ocorrências podem atingir a comunidade vizinha sendo
denominadas, dessa maneira, como “acidente maior”. A principal decorrência desses infortúnios foi
a população passar a se preocupar com Segurança e Meio Ambiente em indústrias, principalmente
com a possibilidade de os acidentes afetarem a circunvizinhança.
Na década de 1960, apareceram diversos relatórios a respeito de segurança nas indústrias
químicas, como o Safety and Management, pela Association of British Chemical Manufactures
(ABCM), em 1964; e o Safe and Sound, pelo British Chemical Industry Safety Council (BCISCl),
em 1969, os dois na Inglaterra. Em 1966, nos Estados Unidos, a partir da investigação de uma
série de acidentes acontecidos em uma empresa metalúrgica, Frank Bird Jr. estabeleceu o conceito
de “Controle de Danos” (CETESB, 2018).
Foi dessa maneira que apareceram e se aprimoraram as metodologias e as políticas para
estudos e revisões de segurança influenciadas pelo cenário abaixo:
a) acontecimento de acidentes excepcionalmente importantes (gás em Bhopal, na Índia;
nuclear de Chernobyl, na Ucrânia; Exxon Valdez, no Alasca; México; Basileia;
Flixborough, na Inglaterra; Seveso, na Itália; Cubatão, em São Paulo, entre outros);
b) apreensão do público com os processos e os produtos industriais;
c) ampliação da tomada de consciência ambiental;
d) melhoria de atitude das empresas, em vez do resguardo dos interesses internamente às
instalações e alheio ao público externo, mudança para o conceito de transparência,
postura ética e diálogo com os parceiros e a sociedade envolvida;

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e) compromissos com códigos de conduta voluntários, almejando a melhoria
contínua de processos e produtos, tornando-os mais seguros e com menores
impactos ambientais negativos;
f) maior atenção com a imagem empresarial e o valor de mercado e acionário e
g) exigências legais e restrições para o atendimento dos critérios exigidos para o
licenciamento ambiental.

Desse modo, a premência de melhoria dos procedimentos e dos comandos de segurança foi
provocada pelos eventos de falhas ocorridas, ou de forma preventiva em busca da antecipação de
potencial falha e da implantação de controles para impossibilitar que elas acontecessem. Mesmo
que a primeira forma seja a que mais ocorre, a segunda maneira tem um importante papel no
desenvolvimento de inúmeros projetos de segurança, executados atualmente nas indústrias.
Ambos os casos constituem o repertório de informações para a engenharia de segurança.

Tomada de consciência do conceito de segurança


A preocupação com o conceito de processos de segurança iniciou-se no fim da década de
1940, por meio da indústria bélica e aeronáutica. Contudo, somente se tornou uma disciplina
formal nos Estados Unidos, como ferramentas metodológicas e depois com enfoque de sistema,
entre as décadas de 1950 e 1960, quando do seu emprego também quando do início das
eletronucleares e para a “segurança de instalações” (safety hazard analysis), principalmente pelas
indústrias aeroespacial, química, nuclear e de refinamento de petróleo.
Até a década de 1940, utilizava-se primordialmente o método da “tentativa e erro” para
atingir a segurança. Comparado à atualidade, era uma época em que havia uma maior
simplicidade na complexidade dos sistemas, portanto, era ainda um procedimento compatível e
eficiente. Como exemplo, vale lembrar que na indústria da aviação esse sistema de segurança era
entendido como o método “voa-conserta-voa” (fly-fix-fly). Deste modo, um avião era projetado de
forma empírica, ou seja, com a tecnologia ou prática já existente. Depois, a aeronave era utilizada
até que se manifestassem os problemas ou até que houvesse uma queda. Se fosse constatado que o
acidente foi causado por erros de projeto, e não por causas humanas, estes seriam corrigidos, e o
aparelho funcionaria de novo.
Evidentemente, essa técnica de segurança era adequada enquanto os aviões eram ainda
construídos com materiais mais simples, como tecido, arame e madeira, e voavam a baixa altitude
e velocidade. Todavia, com o crescimento da frota e a ampliação da complexidade do
procedimento de voo e das capacidades dos aviões – flexibilidade e velocidade –, igualmente
aumentou a probabilidade de consequências fatais provenientes de um lapso no sistema.

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Esse novo cenário estimulou o crescimento da denominada Engenharia de Segurança, a
partir da qual avançou o conceito de sistema de segurança. O começo do plano espacial, em
meados da década de 1950, e o Projeto Apolo dos anos 1960 também colaboraram muito para o
aumento da exigência de projetos mais seguros. Os foguetes e a evolução de programas espaciais se
transformaram em um estímulo no desenvolvimento da Engenharia de Segurança de Sistemas.
Como o cenário era novo, inclusive o envio de humanos ao espaço pela primeira vez, os sistemas
de aprimoramento nessa época requeriam inéditas técnicas e metodologias para a prevenção de
acidentes, assim como aqueles relacionados a foguetes e armas, como pirotecnia, peças explosivas,
máquinas extremamente sensíveis e sistemas de propulsão inconstantes. O “Foguete Balístico
Intercontinental” foi um dos primeiros projetos a ter um programa de segurança de sistema
formal, definido e disciplinado.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos oficializou, em 1969, a premência de um
sistema de segurança, lançando uma norma denominada “Necessidades de um Programa de
Sistema de Segurança”. A agência espacial americana (The National Aeronautics and Space
Administration – Nasa) entendeu rapidamente a necessidade de um sistema de segurança e, a
partir dessa época, estabeleceu esse conceito como uma parcela integrante dos trabalhos dos
programas espaciais, visto que os anos iniciais dos programas de lançamentos espaciais foram
cheios de falhas danosas e trágicas.

Grandes acidentes socioambientais


Concomitantemente, especialmente a partir da década de 1960, outras percepções surgiram
na sociedade, por exemplo, a poluição ambiental, o que aumentou a preocupação para a
população e para o poder público. Como resultado, a indústria foi obrigada a avaliar as
consequências das suas atividades sobre o público externo e, particularmente, a examinar mais
cautelosamente os prováveis perigos resultantes das suas operações.
Até o começo da década de 1970, o tema primordial relativo à segurança nas indústrias era
dirigido para a segurança dos equipamentos e do projeto. Desse modo, o destaque era voltado
para a produção, em vez dos aspectos de segurança e saúde. O cuidado socioambiental era
praticamente desprezado e não era considerado nos debates de investimentos das empresas. Do
mesmo modo, não havia pressões externas, seja do governo, seja da sociedade. O primeiro setor
não estabelecia grandes exigências de limite, controle e penalidade pela poluição ambiental.
Contudo, desde a década de 1970, graças à grande repercussão dos efeitos dos incidentes
industriais que provocaram a perda de muitas vidas e impactos de enormes proporções ao meio
ambiente, esse assunto ganhou destaque de maneira ainda mais acentuada, estimulando a
população e os governos.

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Em 1970, no Canadá, John A. Fletcher, continuando o trabalho de Bird, propôs a
instauração de planos de “Controle Total de Perdas”, com o propósito de minimizar ou extinguir
todos os acidentes que conseguissem perturbar ou imobilizar um sistema (CETESB, 2018).
Em 1972, concebeu-se uma nova mentalidade fundamentada na obra desenvolvida por
Willie Hammer, engenheiro em Segurança de Sistemas, que utilizou o conhecimento conquistado
nos programas aeroespaciais estadunidenses para elaborar técnicas a serem empregadas na
indústria, com o objetivo de proteger os recursos materiais e humanos dos complexos de
produção (CETESB, 2018).
Simultaneamente, a indústria de energia atômica iniciou o avanço nos seus trabalhos de
consultoria na área de confiabilidade. Por conseguinte, o setor industrial passou a aplicar técnicas
desenvolvidas pelos especialistas de energia nuclear na avaliação de grandes riscos e na mensuração
de taxas de falhas de instrumentos de proteção.
O cenário apresentado acima ficou ainda mais acentuado a partir dos grandes acidentes
socioambientais ocorridos a partir da década de 1980. A seguir, apresentaremos os seguintes casos
selecionados: Bhopal, Flixborough, Seveso, Cidade do México e um exemplo ocorrido no Brasil,
na Vila Soccó, em Cubatão (SP).
Outros acidentes recentes como o ocorrido na Termonuclear, em Fukushima, no Japão, em
2011, e a tragédia provocada pela Mineradora Samarco, em Mariana, no ano de 2015, não foram
abordados por envolverem atividades industriais específicas e que têm protocolos de segurança
distintos dos considerados neste estudo. É importante ressaltar que a Norma Cetesb P4.261/2011
não é utilizada para tratar de unidades nucleares, plantas de tratamento de substâncias e materiais
radioativos, instalações militares e atividades extrativistas porque existem legislações próprias
aplicáveis a esses segmentos.

Vazamento de gás em Bhopal


Importante acidente, ainda hoje bastante lembrado pelos meios de comunicação, por causa
das condições em que aconteceu e da grande amplitude da sua gravidade e dos prejuízos ao meio
ambiente e à população.
No ano de 1984, em Bhopal, na Índia, enorme quantidade de gases letais escapou de uma
fábrica de pesticidas da Union Carbide, atualmente Dow Química. Nessa fatalidade, foram
mortos milhares de pessoas.

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O isocianato de metila é um produto usado na fabricação de inseticidas, conhecidos
comercialmente como “Sevin” e “Temik”, da família dos carbamatos, empregados como
sucessores de praguicidas organoclorados, como o diclorodifeniltricloroetano (DDT).

Figura 1 – Parte da planta de gás que matou 20.000 pessoas no desastre em Bhopal

Fonte: Shutterstock.

A provável causa do desastre foi o acesso de água em um dos tanques da planta industrial,
gerando o aumento da pressão e da temperatura dos reservatórios de armazenamento,
provocando, dessa forma, uma grande reação exotérmica. Os vapores expelidos deveriam ter sido
neutralizados em torres de depuração; contudo, como um desses equipamentos estava desligado, o
sistema não impediu a emanação do produto para a atmosfera.
Esse acidente é reconhecido como a maior tragédia da indústria química. Foi estimada a
morte de aproximadamente 20 mil pessoas. Além do mais, nos anos seguintes, pelo menos 150
mil sofreram de doenças crônicas advindas da tragédia, e 20 mil permaneceram sob o risco de
serem contaminados pelo resíduo tóxico remanescente no local, constituído por diversos tipos de
Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) e metais pesados, como o mercúrio. Segundo estudos
científicos feitos entre 1999 e 2004, os que subsistiram, inclusive as crianças, ainda sofriam de
distúrbios na saúde, como tuberculose ou câncer, ou sequelas desde o nascimento.

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Flixborough
Em 1974, em Flixborough, na Inglaterra, aconteceu uma explosão na seção de produção de
caprolactama da indústria Nypro Ltda. O acidente adveio de um escape de cicloexano, causado
pela ruptura de uma tubulação de passagem temporária por causa da remoção de um reator para
conserto. O vazamento originou uma nuvem inflamável que, depois da ignição, resultou em forte
detonação acompanhada de um incêndio que devastou a indústria.
O rompimento do conduto foi atribuído a um mau projeto, visto que a armação construída
para o suporte da tubulação não resistiu ao seu deslocamento, devido à pressão e à vibração a que
o duto foi obrigado durante o funcionamento.
Avaliou-se que aproximadamente 30 toneladas de cicloexano foram expelidas, compondo
brevemente uma nuvem inflamável, que alcançou uma fonte de ignição entre 30 a 90 segundos
depois do início da ocorrência. As consequências da sobrepressão foram estimadas como sendo
semelhantes à explosão de uma massa, alternando entre 15 e 45 toneladas do explosivo
trinitrotolueno (TNT).
Aconteceram grandes danificações nos prédios vizinhos, situados até 25 metros do centro da
explosão. Além da perda da planta, houve a morte de 28 pessoas, e 36 tiveram ferimentos graves.
Houve ainda abalos nos bairros nas cercanias da fábrica, impactando 1.821 residências e 167
unidades comerciais, e os prejuízos foram avaliados em US$ 412 milhões.
Essa ocorrência é considerada um acidente clássico no tema da avaliação de riscos e
prevenção de perdas na indústria química. Essa tragédia provocou a instauração do Advisory
Committee on Major Hazards (ACMH), de 1975 a 1983, na Inglaterra, e originou uma
legislação para maior prevenção de riscos nas indústrias.

Seveso
Em uma indústria localizada em Seveso, em Milão, na Itália, aconteceu em meados de 1976
o rompimento do disco de segurança de um reator, que provocou o lançamento de uma enorme
nuvem tóxica. O reator compunha o processo de produção de triclorofenol (TCP), e a nuvem
tóxica era constituída por diversos elementos, entre eles o próprio TCP, etilenoglicol e 2,3,7,8-
tetraclorodibenzoparadioxina (TCDD). A emanação gasosa se disseminou em uma área ampla,
contaminando o solo, os animais e as pessoas ao redor da planta fabril.
A unidade funcionava em regime de batelada e, no momento do acidente, encontrava-se
parada em um fim de semana. Entretanto, o reator possuía material a uma temperatura alta.
Possivelmente, a interação de etilenoglicol com hidróxido de sódio originou uma reação
exotérmica desenfreada, causando a ruptura do disco de segurança por causa do aumento da
pressão interna do vaso, causando o vazamento. Provavelmente, o TCDD foi formado pela reação
associada a uma alta temperatura (400 °C e 500 °C).

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Não existia um sistema automático de resfriamento para o reator e, como havia poucos
empregados na indústria no fim de semana, não foi estabelecido o resfriamento manual do reator
para diminuir a reação acidental. Assim sendo, a emissão transcorreu por volta de 20 minutos, até
a interrupção do vazamento por meio de um operador.
Os compostos clorados destruíram imediatamente a área de 1.807 hectares de vegetação da
circunvizinhança da indústria. Foi constatada alta concentração da dioxina TCDD (240 μg/m²)
em uma área de 108 hectares na região denominada Zona A.
Foi necessária a retirada de 736 pessoas da região sendo que, somente no fim de 1977, 511
moradores voltaram para as suas residências. A Zona A permaneceu impedida por muitos anos em
função do nível de contaminação que persistia fazendo com que os moradores perdessem as suas
habitações. Houve a remoção de toda a vegetação e o solo contaminados e a necessidade de
descontaminação de todas as edificações.
Houve o custo aproximado de US$ 10 milhões para a remediação das áreas contaminadas e
trabalhos de remoção dos habitantes. Houve implicações imediatas à saúde das pessoas: o
aparecimento de 193 casos de cloracne, uma doença de pele causada pela interação com a dioxina.
Foram ainda monitoradas por longo prazo as consequências para a saúde pública.

Figura 2 – Prédio industrial abandonado após a tragédia de Seveso

Fonte: Shutterstock.

Em 1982, a partir desse acidente, houve a criação da Diretiva de Seveso – EC Directive on


Control of Industrial Major Accident Hazards. Essa norma foi estabelecida graças a enorme
comoção na Europa por causa desse evento, ainda sob o choque do acidente, em 1974, de
Flixborough, na Inglaterra.

16
Cidade do México
Em 1984, aconteceu a explosão a partir de uma nuvem e uma sequência de Bleve 1 na
estrutura de armazenamento e distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP) da empresa
Petróleo Mexicanos (Pemex), situada em San Juanico, na Cidade do México.
A unidade recolhia GLP de três refinarias distintas por meio de um gasoduto. A maior
capacidade de armazenamento da planta era de cerca de 8.960.000 kg (16.000 m³) de GLP,
repartidos em dois reservatórios esféricos – esferas – com capacidade unitária de 2.400 m³, quatro
esferas menores com capacidade individual de 1.600 m³ e 48 cilindros horizontais, com
capacidades unitárias entre 36 a 270 m³. A Pemex tinha o armazenamento de GLP aproximado
de 11.000 m³, na ocasião da ocorrência.
O começo do acidente ocorreu a partir do vazamento ocasionado pelo rompimento do duto
que conduzia gás de uma das esferas para os tanques cilíndricos. A área de controle obteve o
registro de um declínio de pressão nos seus equipamentos e em um conduto situado a uma
distância de 40 km. Entretanto, não foi identificado o que ocasionou a diminuição da pressão.
Houve uma grande emanação de gás inflamável que foi levada pelo vento até encontrar
uma fonte de ignição que provocou uma explosão. A ignição foi causada por um flare – chama de
um incinerador – montado indevidamente junto ao solo, pois havia o receio que devido aos fortes
ventos locais, haveria o prejuízo da sua eficiência se o posicionamento desse equipamento fosse
mais alto.
A explosão atingiu habitações do entorno e começou o incêndio nos equipamentos da base.
Devido ao grande estrondo e vibração, a explosão foi confundida com um terremoto. Ocorreram
dois Bleves, sendo que o segundo foi o de maior intensidade e o que gerou uma enorme bola de
fogo com o diâmetro maior do que 300 m. Aconteceram ainda aproximadamente 15 explosões,
Bleves em muitos dos reservatórios cilíndricos e nas quatro esferas menores, explosões dos botijões
e caminhões-tanque, precipitação de gotículas de GLP, incendiando tudo o que atingiam. Partes
dos reservatórios e das esferas tornaram-se verdadeiros projéteis, alvejando pessoas e edificações.
As atividades de debelação do incêndio e contenção de novas explosões se estenderam por
quase 20 horas. Os resultados desse acidente foram catastróficos: 650 mortes, 6.000 feridos e
perda total das instalações da Pemex.

Vila Socó
Acidente socioambiental que aconteceu em 1984, na então Vila Socó, atualmente Vila São
José, na cidade de Cubatão, estado de São Paulo. Os habitantes de uma ocupação urbana irregular

1
Bleve: da sigla em inglês Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion ou explosão do vapor de expansão de um líquido sob
pressão. Episódio ocasionado pela explosão de um recipiente, quando um líquido nele incluso chega a uma temperatura
muito superior à de ebulição à pressão atmosférica, com expansão adiabática e lançamento de fragmentos.

17
sobre o mangue notaram o vazamento de combustível de uma tubulação da Petrobras, que
interligava a Refinaria de Petróleo Presidente Bernardes, em Cubatão, ao Terminal Santos,
situado em Alemoa.
O conduto cruzava uma região alagada, junto à vila constituída por palafitas – habitações
predominantemente de madeira suspensas sobre estacas. Na noite de 24 de fevereiro, um
operador da Petrobras cometeu uma falha operacional: começou a transferência inadequada de
gasolina por meio de um duto que estava obstruído, provocando, dessa maneira, sobrepressão e o
seu rompimento, dispersando aproximadamente 700 mil litros de combustível sobre o mangue.
Alguns moradores, em busca de angariar recursos com o combustível, recolheram e
estocaram nas suas habitações uma porção do produto coletado. Com a variação do nível das
marés, o produto inflamável disseminou-se ainda mais pelo entorno alagado e, por volta de duas
horas após o início do episódio, ocorreu a ignição seguida de fogo. O incêndio se espalhou por
toda a área alagada que tinha a superfície saturada pelo combustível, queimando as moradias.
Oficialmente, foram totalizadas 93 vítimas fatais. No entanto, outras fontes mencionam o
dado extraoficial de mais de 500 mortes, relacionado ao número de alunos que deixaram as aulas
e ao desaparecimento de famílias inteiras sem que houvesse reclamação da perda das vidas. Além
disso, verificaram-se muitos feridos e a devastação de parte da vila.

Conceito de risco e perigo


Partindo-se do princípio de que, segundo Ansell e Wharton (1992), o risco é uma
particularidade indissociável da humanidade, o indivíduo, as organizações e a sociedade, das quais
faz parte, não podem existir por um período longo sem a presença de atividades perigosas.
Desde tempos longínquos, boa parcela dos trabalhos a que o homem tem-se dedicado
apresenta uma relação potencial de riscos, regularmente consumados em lesões que atingem a sua
saúde ou a sua integridade física, ou seja:
 Nos seus primórdios, o homem teve a sua plenitude de saúde e capacidade de trabalho
diminuída pelos acidentes ligados a pesca, caça ou disputas.
 A fabricação das primeiras ferramentas pelo artesão, a partir do descobrimento de
minérios e metais, facilitou a vida dos trabalhadores e o conhecimento das doenças
preliminares do trabalho, causadas pelos próprios materiais que usava.
 Apesar de, na Revolução Industrial, o homem não ter mais o risco de ser apanhado pelos
predadores, passou a ter o risco de ser pego pelas garras das máquinas.
 Na Revolução Industrial, vimos o surgimento de máquinas novas e complexas e também
novos acidentes e riscos para a classe operária (ANSELL; WHARTON, 1992).

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Na literatura, há diversos significados para perigos e riscos, por isso é importante conhecer e
diferenciar esses dois conceitos.
O risco é referido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na Norma
Regulamentadora 5 (NR5), que trata da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) nas
empresas, como situações, circunstâncias no ambiente de trabalho que sejam potenciais
causadores de lesão ou doença ao trabalhador. Assim, a Cipa, em conjunto com o Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT),
regulamentado pela NR 4, elaboram o Mapa de Risco. Esse estudo é uma representação gráfica
que aponta as classes de risco presentes no ambiente de trabalho, conforme figura a seguir. Esse
conceito é voltado à Saúde e Segurança Ocupacional.

Figura 3 – Representação gráfica de um mapa de riscos

Fonte: MARCONDES, José Sérgio. O que é mapa de riscos ambientais? Conceito e finalidade. Gestão de Segurança Privada.
Disponível em: <https://www.gestaodesegurancaprivada.com.br/o-que-e-mapa-de-riscos-ambientais-conceito>. Acesso
em: 28 set. 2018.

A norma OHSAS 18001 define PERIGO como: “Fonte, situação ou ato com potencial
para o dano em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde ou uma combinação destes”.
Entendemos assim que o perigo é a FONTE do problema.
A OHSAS ainda define RISCO como: “Combinação da probabilidade da ocorrência de um
acontecimento perigoso ou exposição(ões) e da severidade das lesões, ferimentos, ou danos para a
saúde, que pode ser causada pelo acontecimento ou pela(s) exposição(ões)”. Por este conceito,
verificamos que o risco é o EFEITO causado pela fonte do problema.
Para assimilar o conceito, vamos considerar, por exemplo, a ação de dirigir. Utilizamos o
veículo com o objetivo de nos transportarmos de um ponto a outro em segurança. Quais são os

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perigos envolvidos nessa ação? No trânsito, enfrentamos desrespeito às leis de trânsito, automóveis
sem manutenção, falta de habilidade na condução do veículo, pista esburacada, enfim, diversas
variáveis. Nessa ação, por esse trajeto e enfrentando esses perigos, qual é o risco envolvido? O
acidente de trânsito certamente é um deles.
Entendemos assim:
 O perigo é a fonte – Não saber dirigir.
 O risco é o efeito – Um acidente de trânsito.

É usual também utilizarmos a palavra risco no nosso dia a dia, nas mais diversas
circunstâncias e com diferentes sentidos. É possível empregar a palavra risco com o significado
probabilístico, de que há chance de algo acontecer. Desse modo, o risco é apontado alto quando
algum fato aparenta certo ou tem grande possibilidade de ocorrer, e um acontecimento com risco
baixo quando se observa que a chance de essa ocorrência acontecer é menor.
Do ponto de vista socioambiental, é comum notar as decorrências das substâncias químicas
elencadas como poluentes sobre o homem ou sobre o meio ambiente. As consequências podem
derivar das emissões intermitentes ou contínuas oriundas das fontes móveis ou fixas ou, de modo
geral, das diversas atividades do homem. É exequível mensurar e avaliar o risco desses trabalhos,
bem como apresentar maneiras de gestão desse risco.
Risco também pode ser explicado como a probabilidade de uma coletividade sofrer
efeitos econômicos, sociais ou ambientais, em um local determinado e durante um período de
exposição definido.
Por exemplo:
 interrupção da atividade econômica;
 prejuízo na capacidade produtiva;
 avaria de bens e
 ferimento ou morte de seres vivos.

São considerados fatores de risco:


 periculosidade;
 vulnerabilidade e
 exposição ao perigo.

Se algum um desses fatores crescer, o risco aumenta.


Por meio da Norma P4.261/2011, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
(Cetesb) estabelece desta forma o risco: “Medida de danos à vida humana, resultante da
combinação entre frequência de ocorrência de um ou mais cenários acidentais e a magnitude dos
efeitos físicos associados a esses cenários” (CETESB, 2011). Quantitativamente, o risco tem

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ficado comprovado como algum tipo de combinação – uma função matemática – entre a
frequência prevista de ocorrência do acontecimento não desejado e a grandeza dos seus efeitos.
Considerando a visão apresentada, risco é conceituado como a composição entre a frequência
de acontecimento de um acidente e o seu efeito. A correta combinação desses fatores permite
mensurar o risco de um empreendimento, sendo o Estudo de Análise de Risco (EAR) a ferramenta
usada para essa finalidade. Com a avaliação concluída, é possível comparar as variadas maneiras de
manifestação do risco com padrões antecipadamente definidos, realizando-se então a avaliação do
risco, sendo, assim, possível definir a viabilidade socioambiental de um empreendimento. O EAR é
realizado e pré-requisito para o licenciamento ambiental de fontes potencialmente causadoras de
acidentes ambientais.
Desse modo, risco será estabelecido como o produto da probabilidade de ocorrência de um
determinado acontecimento pela grandiosidade das consequências:

R = P x C (probabilidade x magnitude da consequência)

Realizando um exame matemático da equação apresentada, constatamos que a única


maneira de se ter risco zero é a plena supressão do perigo – a resposta de uma multiplicação
somente resulta em zero se um dos fatores ser zero –, o que na maioria dos casos é improvável, e
essa é a justificativa de realizarmos a Gestão de Riscos.
Sob outra perspectiva, esses riscos podem e devem ser reduzidos, tornando-os tão pequenos
quanto seja necessário, praticando para isso algumas proteções e garantias. Alguns elementos
devem ser considerados, como os custos que essas mudanças podem implicar. Para tanto, são
empregados alguns critérios de aceitabilidade de riscos, seja qualitativo ou quantitativo. De outra
forma, não seria possível tomar decisões relacionadas a investimentos em providências para se
ampliar a segurança de um estabelecimento.
Os riscos apresentados são os chamados objetivos, ou seja, existe uma análise qualitativa e
quantitativa que possibilita a escolha de controles de minimização de riscos. Existem ainda outros
conceitos de riscos, por exemplo, os subjetivos. Nesta situação, pode ser delimitado como a
incerteza de uma ocorrência conforme notado, percebido ou compreendido por um sujeito.
Há exemplos da política internacional. Quando uma atitude de protecionismo no comércio
internacional afeta e torna turbulenta a economia e a geopolítica mundial, o nosso País é
particularmente afetado com influência na economia, desvalorização da moeda, etc., devido às
suas características e também influências externas.
Quando falamos de riscos socioambientais, verificamos que o conceito de risco não é
estático, não existe uma única definição sobre riscos. Assim, os riscos socioambientais dentro dos
limites físicos da empresa são, de certa forma, mais facilmente gerenciáveis. Ou seja, os riscos
envolvidos com o processo produtivo como contaminação, vazamentos, acidentes, etc., podem ser

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contidos e extremamente minimizados desde que se tenha um processo adequado e eficiente de
gerenciamento de riscos.
O desafio maior na gestão dos riscos é o seu acontecimento com o público externo. Assim,
podem-se destacar casos relacionados à cadeia de valor que podem afetar desfavoravelmente a
imagem empresarial e impactar negativamente legal e financeiramente, por exemplo, a existência
de condições de trabalho degradantes e desumanas com os parceiros fornecedores.
Dessa forma, a gestão dos riscos deve ser conceituada não somente como o agrupamento de
procedimentos e regras que deve ser adotado após a avaliação, com o propósito de controlar os
riscos previstos, assim como todos os trabalhos legais e técnicos e, da mesma forma, a coleção de
todas as decisões e escolhas sociais, políticas e culturais que se relacionam direta ou indiretamente
com as questões de risco na nossa sociedade.

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MÓDULO II – ANÁLISE DE RISCO NOS
PROCESSOS DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Introdução
Já abordamos os conceitos de riscos e perigos. Agora, estudaremos o tema da análise de
riscos no licenciamento ambiental.
Imaginemos que você é um empreendedor e deseja instalar uma indústria química em um
município brasileiro. Qual é o primeiro passo? O empreendedor deve sair à busca de um terreno e
já adquiri-lo para instalar a sua indústria?
Alguns questionamentos direcionados podem auxiliar-nos:
1. Quais requisitos legais devem ser atendidos?
2. Existe mão de obra disponível?
3. A infraestrutura existente atenderá a demanda?
4. O valor do terreno está dentro do orçamento?

Dessa forma, uma indústria química, por exemplo, precisa passar por um processo de
licenciamento ambiental e obter uma licença, para se instalar. Vale lembrar que, o licenciamento
ambiental foi instituído como obrigatório pela Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº
6.938, de 31 de agosto de 1981), e a sua definição veio pela Resolução do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama) nº 237, de 19 de dezembro de 1997:

Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:


I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o
órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação
e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental,
considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas
aplicáveis ao caso.

Assim sendo, qualquer empreendimento com potencial poluidor necessitará passar por um
processo de licenciamento ambiental para obter a licença ambiental.

Ainda segundo a Resolução Conama nº 237/97:

Art. 1º [...]
II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física
ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental.

O Capítulo VI da Constituição Federal de 1988 ressalta a importância quanto à


necessidade da preservação do meio ambiente e à responsabilidade do Poder Público na regulação
da utilização dos recursos naturais e no controle e na prevenção da poluição. Esse mesmo capítulo
fortalece as determinações já estabelecidas pela Resolução Conama nº 1, de 23 de janeiro de
1986, quanto à obrigatoriedade de estudos de avaliação de impacto ambiental.
A Resolução Conama nº 1/86 estabelece os critérios básicos e diretrizes gerais para a
avaliação de impacto ambiental. Segundo esse documento:

Art. 1º [...] considera-se impacto ambiental qualquer alteração das


propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada
por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.

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Ainda segundo a Resolução Conama nº 1/86, temos, no art. 6º, que os estudos de impacto
ambiental desenvolverão, minimamente, as seguintes atividades técnicas:

Art. 6º [...]
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa
descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como
existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da
implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico [...];
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais [...];
c) o meio sócio-econômico [...];
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas,
através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da
importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos,
imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau
de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a
distribuição dos ônus e benefícios sociais.

Dessa forma, entendemos que o licenciamento ambiental já nasce como processo que visa
ao gerenciamento dos riscos socioambientais que os empreendimentos ou as atividades podem
causar ao meio onde pretendem inserir-se.

Licenciamento ambiental X Gerenciamento de riscos


Entendemos que o processo de licenciamento ambiental visa a identificar e gerenciar os
riscos que os empreendimentos ou as atividades podem causar ao meio socioambiental onde estão
ou pretendem inserir-se. Por conseguinte, a avaliação de impacto ambiental e o licenciamento
ambiental de atividades de potencial poluidor são instrumentos preventivos estabelecidos pela
política ambiental brasileira.
É importante ressaltar que um empreendimento está sujeito a não ter o seu projeto licenciado,
ou seja, a licença ambiental pode ser negada. Existe ainda a possibilidade de, durante a realização de
audiências públicas, conforme o porte da empresa, o projeto ser refutado pela população, o que
pode levar a um cancelamento da licença ou postergação do processo de licenciamento.

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Esses são riscos que o empreendedor assume ao fazer investimentos antecipados, como
adquirir o seu terreno ou imóvel antes de realizar um Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA) das
suas atividades confrontadas com o local. Esse é justamente o exemplo de uma empresa que,
depois de iniciada a implantação de um empreendimento, é obrigada a desistir após a realização
de audiências públicas nas quais foi constatada a resistência da população ao projeto.
Procurando evitar tais riscos, procura-se realizar estudos ambientais sistematizados e
abrangentes, que tragam uma visão global do processo de licenciamento ambiental, considerando
evitar riscos à empresa e ao meio ambiente. Dessa forma, é recomendável que os empreendedores
realizem EVA dos projetos durante a fase de planejamento do empreendimento, de forma que as
diversas variáveis sejam abrangidas.
O EVA antecede os demais instrumentos de licenciamento ambiental e tem o objetivo de
aferir a viabilidade de implantação de determinado empreendimento.
Os principais aspectos que devem ser abordados em um EVA são:
 características do empreendimento;
 legislação vigente aplicável de acordo com as atividades do empreendimento;
 análise do plano diretor do município envolvido;
 fontes de água, energia e tratamento de efluentes – infraestrutura;
 aspectos ecológicos dos terrenos/alternativas locacionais;
 população atingida pelo projeto;
 compatibilidade da atividade-fim da empresa com a vizinhança e o sistema viário e
 outras variáveis a serem estipuladas a partir da particularidade de cada
empreendimento/local.

Passada essa primeira etapa, demonstrar a viabilidade do projeto em determinado local,


passamos para a avaliação do projeto em si.
Durante o processo de licenciamento ambiental, vários outros estudos devem ser realizados
para o projeto de forma a fornecer subsídios para a tomada de decisão dos órgãos licenciadores. O
EVA deve ser um balizador, por isso, caso se verifique a viabilidade de instalação do
empreendimento no local, o documento estabelecerá diretrizes para as próximas fase do processo
de licenciamento ambiental, visando também a evitar custos desnecessários.
A partir desse primeiro estudo, serão conduzidos vários outros mais abrangentes. O
empreendimento passará por todo um levantamento de aspectos e impactos ambientais, e
propostas de mitigação para esses impactos deverão ser apresentadas pelo proponente. Vários
riscos serão minimizados nesse processo.
Um dos estudos a ser conduzido refere-se diretamente ao risco à população e ao meio
ambiente externo ao empreendimento. A norma Cetesb P4.261/2011 é importante referência
utilizada nesses casos. Cabe lembrar que a área de atuação da Cetesb é o estado de São Paulo,
contudo, por ser um órgão de referência no Brasil, tomamos a norma Cetesb P4.261/2011 como

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base para os Estudos de Análise de Riscos (EAR) e Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR)
(CETESB, 2018).
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
órgão licenciador em nível federal, também solicita o EAR e o PGR nos seus processos de
licenciamento. Geralmente, o processo de licenciamento pelo Ibama gera um termo de referência
que conterá os estudos necessários e o conteúdo esperado de cada um deles. Cada
empreendimento possui um termo de referência, conforme as suas particularidades.
Em 2013, o Ibama ainda desenvolveu o PGR objetivando prevenir acidentes ambientais
com produtos perigosos, além de acompanhar os riscos dos empreendimentos licenciados pelo
órgão. O programa do Ibama foi desenvolvido para empreendimentos ferroviários, e essa tipologia
foi escolhida como prioritária como resultado de análise de informações de acidentes ambientais
ocorridos em anos anteriores. A tipologia está em implantação nos estados de São Paulo, Minas
Gerais, Maranhão, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

Norma Cetesb P4.261/2011


Esta norma da Cetesb trata do “Risco de Acidente de Origem Tecnológica” e visa a
padronizar e aperfeiçoar as metodologias de elaboração de EAR em atividades consideradas
perigosas. Segundo ela, o principal objetivo dos estudos de risco é proteger a população do
entorno do empreendimento.
Assim, é importante lembrar que a norma não contempla incômodos ou danos à saúde
que não levem imediatamente a fatalidade: riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores e
danos aos bens patrimoniais. Portanto, entende-se que a primeira etapa é saber diferenciar um
EAR de um PGR.
O EAR deve ser apresentado antes da Licença Prévia (LP) ou Licença de Instalação (LI), é
um estudo amplo de identificação e análise de riscos que apresenta uma visão de diagnóstico que
precede a emissão dessas licenças. Já o PGR, que deve ser apresentado antes da Licença de
Operação (LO), demonstra como os riscos identificados serão controlados. É um estudo que
apresenta uma visão de gerenciamento.
Desse modo, todas as empresas devem apresentar o EAR e o PGR durante o processo de
licenciamento ambiental? Nem sempre. Depois da avaliação do tipo de atividade do
empreendimento e da verificação das distâncias em relação à população externa, conforme
orientações da Parte I na Norma Cetesb P4.261/2011, determinaremos se a empresa elaborará
um EAR e/ou PGR.

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Assim, existem empresas que necessitam apenas apresentar o PGR para a obtenção da LO,
enquanto outras devem apresentar um EAR na fase prévia ou de instalação, e o PGR na fase de
obtenção da LO. A sequência de análise pode ser conferida na figura a seguir.

Figura 4 – Fluxograma – Análise de Risco – Norma Cetesb P4.261/2011

Fonte: Adaptado de Cetesb (2011).

A Norma Cetesb P4.261/2011 é dividida em quatro partes, que serão detalhadas a seguir
(CETESB, 2011):

Parte I – Classificação de empreendimentos quanto à periculosidade


O objetivo é orientar a tomada de decisão quanto à necessidade de realização de um EAR
ou de um PGR para os empreendimentos industriais durante o processo de licenciamento
ambiental. O ideal é utilizar a norma na fase de planejamento para identificar os riscos que
podem ser minimizados por alterações no projeto. A norma aplica-se principalmente a instalações
que operam com substâncias inflamáveis ou tóxicas.
A Norma Cetesb P4.261/2011 não é utilizada para tratar de unidades nucleares, plantas de
tratamento de substâncias e materiais radioativos, instalações militares e atividades extrativistas
porque existem legislações específicas aplicáveis a esses segmentos.
A Parte I da norma não é utilizada para sistemas de dutos internos ou externos a instalações
industriais – para transporte de combustíveis, substâncias químicas ou gases – e plataformas de
exploração de petróleo ou gás. Nesses casos, sempre será necessária a elaboração do EAR.

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Segundo a Norma Cetesb P4.261/2011:

O risco de um empreendimento para a comunidade e para o meio


ambiente, circunvizinhos e externos aos limites do empreendimento, está
diretamente associado às características das substâncias químicas
manipuladas, suas quantidades e à vulnerabilidade da região onde está ou
será localizado.

Conforme a norma, esse princípio pode ser representado esquematicamente pelo diagrama
apresentado na figura a seguir.

Figura 5 – Fatores que influenciam o risco de um empreendimento

Fonte: Cetesb (2011).

A Parte I da Norma Cetesb P4.261/2011 possui um passo a passo a ser seguido. Vamos
realizar um exemplo para facilitar o entendimento e a assimilação do assunto. Neste exemplo, o
objetivo é determinar o estudo necessário para se instalar uma central de GLP, que pretende
armazenar 20 toneladas do produto.
Primeiramente, devemos listar e classificar todas as substâncias químicas existentes no
empreendimento quanto à sua periculosidade. A Norma Cetesb P4.261/2011 sugere o modelo
constante no quadro 6 para apresentar todas as substâncias químicas da organização, como
veremos no quadro 1 desta apostila, a seguir.

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Quadro 1 – Modelo de planilha para a apresentação das substâncias presentes no empreendimento

Fonte: Cetesb (2011).

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Consultando o Anexo A da Norma Cetesb P4.261/2011, verificamos que, conforme
representação resumida abaixo, o GLP é, de fato, uma substância de classe 4.

Quadro 2 – Anexo B – Substâncias inflamáveis de interesse

Anexo B (normativo)

Substâncias inflamáveis de interesse

Nome da substância Chemical Estado Classificação Tabela a Pág.


Abstracts Service físico ser
(CAS) utilizada

formiato de etila 109-94-4 líquido 3 n-pentano 99

gasolina automotiva 86290-81-5 líquido 3 n-hexano 97

GLP 68476-85-7 gás 4 GLP 93

n-heptano 142-82-5 líquido 3 n-heptano 94

n-hexano 110-54-3 líquido 3 n-hexano 94

Fonte: CETESB (2011)

O segundo passo é determinar as quantidades e as distâncias de referência. Quando listamos


todas as substâncias da empresa, teremos certo grau de complexidade para determinar todas as
quantidades de produtos. No nosso exemplo, teremos 20 toneladas, ou melhor, 20.000 kg de
GLP. A distância de referência, para o GLP, é obtida pelo Anexo E – Substâncias inflamáveis.
Assim, veremos que a distância de referência mínima da nossa central com relação à população do
entorno é de 162 m.

Quadro 3 – Anexo E – Quantidades das substâncias inflamáveis e as respectivas distâncias


de referência

Anexo E (continuação)

Quantidades das substâncias inflamáveis e as respectivas distâncias de referência (dr)

butano Butano (p. 93)

Massa (kg) Distância (m) Massa (kg) Distância (m)

650 51 19000 159

700 52 20000 162

750 53 30000 187

Fonte: CETESB (2011)

31
O terceiro passo consiste em cruzar a distância de referência com a população presente na
vizinhança. Para tanto, utilizamos uma imagem aérea, conforme a figura a seguir.

Figura 6 – Mapeamento de Distância de Referência X População

Fonte: Google Earth.

Pela imagem, observamos que existem galpões industriais à esquerda do empreendimento.


À direita, verificamos que existe uma ocupação residencial. Devemos, na sequência, verificar a
população de interesse – número de pessoas – que seria afetada dentro área delimitada. Em uma
situação real, é realizado um levantamento de campo e de dados estatísticos para chegar a um
número correto.
A norma estipula que, se o número de pessoas na área de interesse for maior que 25, devemos
elaborar um EAR e um PGR; caso seja menor que 25, é necessário elaborar apenas o PGR.
No exemplo, pelo número de residências existente, visualmente, estimamos um número
maior que 25 pessoas. Assim, nesse caso, para a central de GLP, devemos elaborar o EAR e o
PGR. Desse modo, verifica-se que o EAR é necessário, de forma que todos os riscos sejam
levantados e estimados. Contudo, o PGR é essencial, ou seja, a minimização e o controle desses
riscos são obrigatórios.

32
Parte II – Termo de referência para a elaboração de EAR:
empreendimentos pontuais
O objetivo da Parte II é fornecer as orientações básicas para a elaboração de EAR de
empreendimentos pontuais.
O EAR é um estudo complexo e, geralmente, uma consultoria especializada é a responsável
pela sua elaboração. Veremos a seguir qual é o conteúdo mínimo que deve ser abordado em um
estudo desse tipo para empreendimentos pontuais.
Conforme o estabelecido na Norma Cetesb P4.261/2011, a elaboração do EAR se inicia com:

1. Caracterizações do empreendimento e do seu entorno (item 7.1 da norma)


Devem ser incluídas as atividades do empreendimento e a população presente no entorno,
diferenciando características de período noturno (entre 18h01 e 6h) e diurno (entre 6h01 e 18h):
a) Caracterização do empreendimento (item 7.1.1 da norma)
i) Identificação do empreendimento (item 7.1.1.1 da norma);
ii) Substâncias químicas (item 7.1.1.2 da norma) e
iii) Instalações e processos (item 7.1.1.3 da norma).

b) Caracterização do entorno.

2. Identificação de perigos 2
A identificação de perigos é um dos principais pontos para um bom EAR. Várias técnicas
são utilizadas, e abordaremos algumas no módulo 3 desta apostila.
É altamente recomendável que esta etapa do EAR seja precedida de uma análise histórica de
acidentes com empreendimentos do mesmo ramo, de forma a subsidiar a identificação dos perigos
no empreendimento que será avaliado.

3. Consolidação das hipóteses acidentais (item 7.3 da norma)


Nesta fase, são formuladas hipóteses acidentais para os perigos anteriormente identificados.

4. Estimativa dos efeitos físicos e avaliação de vulnerabilidade (item 7.4 da norma)


Com base nas hipóteses acidentais definidas no item anterior, são realizadas estimativas de
efeitos físicos. Para isso, são utilizados modelos matemáticos para obter informações sobre o
comportamento das substâncias no meio.
Sequencialmente, são aplicados modelos de vulnerabilidade ao homem e às estruturas.
a) Efeitos físicos (item 7.4.1 da norma)

2
Item 7.2 da norma – no texto da norma, há um erro, e o item está repetido como 7.1.

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Nesta avaliação, a Cetesb recomenda a utilização da árvore de eventos, modelo reproduzido
a seguir:

Figura 7 – Modelo de árvore de eventos

Fonte: Cetesb (2011).

Neste ponto do estudo, caso os efeitos físicos não atinjam a população de interesse, o EAR
deve ser interrompido e deve-se dar sequência à elaboração do PGR.

i) Caracterização das condições meteorológicas (item 7.4.1.1 da norma)

É recomendável utilizar dados meteorológicos das estações da Cetesb. Caso não existam
dados para a localidade em estudo, o órgão ambiental deve ser consultado para fornecer dados a
serem utilizados.
ii) Direção do vazamento (item 7.4.1.2 da norma)
iii) Tempo de vazamento (item 7.4.1.3 da norma)
iv) Cálculo de inventário vazado (item 7.4.1.4 da norma)

34
v) Substância (item 7.4.1.5 da norma)
vi) Área de poça (item 7.4.1.6 da norma)
vii) Incêndio de nuvem (item 7.4.1.7 da norma)
viii) Explosão (item 7.4.1.8 da norma)

b) Vulnerabilidade (item 7.4.2 da norma)

c) Apresentação dos resultados (item 7.4.3 da norma)


i) Tabelas vulnerabilidade (item 7.4.3.1 da norma)
ii) Plotagem vulnerabilidade (item 7.4.3.2 da norma)

5. Estimativa de frequências (item 7.5 da norma)


Quando os efeitos físicos ultrapassam os limites do empreendimento e afetam a população
do entorno, o risco do empreendimento deve ser calculado.
i) Técnicas (item 7.5.1 da norma)
ii) Quantificação (item 7.5.2 da norma)

6. Estimativa e avaliação de risco (item 7.6 da norma)


Com base no número de vítimas levantadas pela estimativa dos efeitos físicos e da avaliação
de vulnerabilidade e na estimativa de frequências em cada cenário acidental, são realizadas
estimativas de risco. Neste ponto, um software de deve ser utilizado pela consultoria que, antes,
deve apresentar qual o software, o modelo e a versão ao órgão ambiental para validação.
a) Risco individual (item 7.6.1 da norma)
i) Estimativa (item 7.6.1.1 da norma)
ii) Avaliação (item 7.6.1.2 da norma)
iii) Aferição dos resultados (item 7.6.1.3 da norma)

b) Risco social (item 7.6.2 da norma)


i) Estimativas (item 7.6.2.1 da norma)
ii) Avaliação (item 7.6.2.2 da norma)
iii) Aferição dos resultados (item 7.6.2.3 da norma)

7. Redução do risco (item 7.7 da norma)


Ao longo da elaboração do EAR, caso se verifique a possibilidade de medidas de redução de
efeitos físicos, estas devem ser incorporadas ao projeto do empreendimento e ao estudo,
demonstrando assim a redução do risco.

35
8. Outras considerações (item 7.8 da norma)
A figura 8 contém a sequência de capítulos que devem ser seguidos para a elaboração de
EAR para um empreendimento pontual.

Figura 8 – EAR de empreendimentos pontuais segundo a Norma Cetesb P4.261/2011

Fonte: Cetesb (2011).

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Parte III – Termo de referência para a elaboração de EAR para dutos
O objetivo da Parte III é fornecer as orientações básicas para a elaboração de EAR de
Empreendimentos Lineares – Dutos.
Conforme a Norma Cetesb P4.261/2011: “O termo se aplica à avaliação do risco à
população de interesse, não contemplando risco à saúde e segurança dos trabalhadores ou danos
aos bens patrimoniais das instalações analisadas. Os impactos ao meio ambiente serão avaliados
caso a caso, de forma específica”.

Figura 9 – EAR de Empreendimentos Lineares segundo a Norma Cetesb P4.261/2011

Fonte: Cetesb (2011).

37
Analisando a figura anterior, verificamos que o EAR para empreendimentos lineares tem
uma sequência de análise semelhante à de empreendimentos pontuais até a “Estimativa dos efeitos
físicos e avaliação de vulnerabilidade”, onde passa a uma análise diferenciada pelas
particularidades do empreendimento.
Veremos a seguir a sequência que deve ser obedecida para a elaboração desse tipo de estudo.
1. Caracterizações do empreendimento e do seu entorno (item 8.1 da norma)
a) Caracterização do empreendimento (item 8.1.1 da norma)
i) Identificação do empreendimento (item 8.1.1.1 da norma)

Apresentar o nome do sistema de distribuição ou de transmissão e o traçado geral – forma


macro – em um mapa de localização, sendo indicados os municípios cortados pelo sistema, o que
poderá ser sem escala.
ii) Substâncias químicas (item 8.1.1.2 da norma)
iii) Instalações (item 8.1.1.3 da norma)
iv) Traçado do sistema (item 8.1.1.4 da norma)

b) Caracterização do entorno (item 8.1.2 da norma)


i) Caracterização dos pontos notáveis (item 8.1.2.1 da norma)
ii) Caracterização das condições meteorológicas (item 8.1.2.2 da norma)

2. Consolidação das hipóteses acidentais (item 8.3 da norma)


3. Estimativa dos efeitos físicos e avaliação de vulnerabilidade (item 8.4 da norma)
a) 8.4.1 Efeitos físicos
i) Condição operacional (pressão) (item 8.4.1.1 da norma)
ii) Tamanho dos orifícios de liberação (item 8.4.1.2 da norma)
iii) Direção de vazamento (item 8.4.1.3 da norma)
iv) Tempo de vazamento e cálculo do inventário vazado (item 8.4.1.4 da norma)
v) Substância (item 8.4.1.5 da norma)
vi) Área de poça (item 8.4.1.6 da norma)
vii) Incêndio de nuvem (item 8.4.1.7 da norma)
viii) Explosão (item 8.4.1.8 da norma)

b) Vulnerabilidade (item 8.4.2 da norma)


i) Valores de referência (item 8.4.2.1 da norma)

c) Apresentação dos resultados (item 8.4.3 da norma)


i) Tabelas (item 8.4.3.1 da norma)
ii) Plotagem (item 8.4.3.2 da norma)

38
4. Estimativa de frequências (item 8.5 da norma)
Para o cálculo do risco, devem ser estimadas as frequências de ocorrência de hipóteses e de
cenários acidentais.
a) Técnicas (item 8.5.1 da norma)
b) Quantificação (item 8.5.2 da norma)

5. Estimativa e avaliação de risco (item 8.6 da norma)


a) Risco individual (item 8.6.1 da norma)
i) Estimativa (item 8.6.1.1 da norma)
ii) Avaliação (item 8.6.1.2 da norma)
iii) Aferição dos resultados (item 8.6.1.3 da norma)

b) Risco social (item 8.6.2 da norma)


i) Tamanho do traçado a ser considerado (item 8.6.2.1 da norma)
ii) Estimativa do número de vítimas (item 8.6.2.2 da norma)
iii) Avaliação (item 8.6.2.3 da norma)
iv) Aferição dos resultados (item 8.6.2.4 da norma)

6. Redução do risco (item 8.7 da norma)


7. Outras considerações (item 8.8 da norma)

Parte IV – Termo de referência para a elaboração de PGR


O objetivo da Parte IV é fornecer as orientações básicas para a elaboração de PGR, o qual
será abordado na unidade 4.3 do módulo 4 desta apostila.

39
MÓDULO III – IDENTIFICAÇÃO E
ANÁLISE DE RISCO

Introdução
Constatamos, até este ponto deste estudo, que os riscos são inerentes a qualquer atividade.
Assim sendo, a identificação de riscos visa a encontrar, reconhecer e listar os riscos que podem
impedir uma organização de alcançar os seus objetivos.
A identificação de riscos é a fase inicial do processo de gerenciamento de riscos, entende-se
assim que é primordial realizá-la de forma minuciosa. É, portanto, importante que nesta fase
todos os envolvidos no processo a ser analisado – principais interessados, tais como,
representantes e líderes das equipes de projeto, operacional, meio ambiente, saúde, segurança,
administração financeira, recursos humanos, responsabilidade social e comunicação, entre outros,
que tenham conhecimento do projeto – façam parte do processo de identificação.
O objetivo do processo de identificação e análise de riscos é a redução do risco, uma vez
que, como já vimos, não existe risco zero. Assim, a análise dos riscos deverá levar em conta as
circunstâncias e os resultados esperados para selecionar a metodologia mais aplicável.
Segundo a ABNT NBR ISO 31000, convém que os seguintes fatores e o relacionamento
entre estes fatores sejam considerados na identificação de riscos:
 fontes tangíveis e intangíveis de risco;
 causas e eventos;
 ameaças e oportunidades;
 vulnerabilidades e capacidades;
 mudanças nos contextos externo e interno;
 indicadores de riscos emergentes;
 natureza e valor dos ativos e recursos;
 consequências e impactos nos objetivos;
 limitações de conhecimento e de confiabilidade da informação;
 fatores temporais e
 vieses, hipóteses e crenças dos envolvidos.

Metodologias de identificação e análise de risco


Existem várias técnicas para a identificação e a análise de riscos, utilizadas conforme a
especificidade da situação ou organização: complexidade do problema, natureza e grau de
incerteza baseado nas informações disponíveis, extensão de recursos requeridos na análise, saídas
da avaliação – qualitativas ou quantitativas. A identificação e a análise dos riscos são as primeiras
etapas do processo de gerenciamento de riscos.
Identificar riscos envolve o levantamento de dados e fatos, os quais serão analisados para
verificar possíveis desvios de processo que têm a possibilidade de causar danos ou perdas. Os
riscos não são estáticos, eles mudam com o tempo; dessa maneira, é necessário que o processo de
identificação seja contínuo e sistemático.
As fases que envolvem a identificação e a avaliação de riscos se iniciam na seleção de uma
equipe multidisciplinar, o que já mencionamos. Essa equipe deve ser composta dos principais
interessados pelo processo, contudo, os membros devem deter conhecimento técnico do processo
e particularidades da organização: os membros devem ser selecionados entre áreas técnicas,
operacionais e administrativas. A equipe deve ser liderada por uma pessoa habilitada na condução
da técnica escolhida, deve ter competência, autoridade e credibilidade para conduzir o estudo.
É necessário que toda a documentação atual do processo – atividade, serviço ou produto –
que será analisado esteja disponível para a equipe. Todos devem conhecer a operação real e atual
do processo.
Durante o efetivo processo de identificar os perigos e avaliar os riscos, a equipe selecionada
identificará os perigos relacionados às atividades estudadas abordando as suas diferentes
condições: operação normal, operação anormal e operação emergencial. A estimativa de risco,
utilizando a probabilidade e a gravidade, deverá ser realizada pela equipe selecionada, não se
esquecendo de considerar os controles existentes. Ainda nesta etapa, a equipe deverá decidir se os
riscos são aceitáveis ou não.
As próximas fases envolvem indicar ações de melhoria e os seus planos de ação. Por fim, a
equipe deve analisar criticamente os planos, considerando tecnologias, controles, treinamentos e
recursos econômicos disponíveis.
A identificação e a avaliação de riscos, quando eficientemente executadas, permitem que
ações de melhoria ou de mitigação dos riscos identificados sejam planejadas e realizadas. As ações

42
de mitigação permitem reduzir e, em alguns casos, até eliminar o risco. Esse é um ponto
amplamente trabalhado no PGR.
A norma ABNT NBR ISO/IEC 31010:2012 – Gestão de riscos: técnicas para o processo de
avaliação de riscos é uma rica fonte de consulta, pois apresenta a listagem completa das técnicas de
identificação e análise de riscos. Para este estudo, consideramos as técnicas mais difundidas,
conforme as relacionadas a seguir:
 brainstorming;
 listas de verificação ou checklist;
 análise preliminar de perigos (APP);
 estudo de perigos e operabilidade (Hazop);
 técnica estruturada “e se” (Swift);
 análise de impactos no negócio;
 análise de árvore de falhas e
 matriz de probabilidade/consequência.

Em seguida, descreveremos brevemente cada técnica.

Brainstorming
Brainstorming, em uma tradução livre, significa “tempestade de ideias”. A técnica envolve
estimular o livre fluxo de troca de ideias entre um grupo de pessoas – equipe multidisciplinar – de
forma a identificar as falhas potenciais e os perigos e riscos associados, além de propostas de
tratamento dos mesmos. Requer um grupo de pessoas que conheçam a organização, a aplicação, o
processo ou o sistema a ser avaliado. O papel do facilitador é extremamente importante.
Nesta técnica, a atuação do facilitador é chave: ele é o responsável por focar o assunto,
estimular, conduzir, organizar a discussão e captar as questões relevantes que surgem do encontro.
Um facilitador que não tenha domínio da técnica ou da habilidade em conduzir o grupo e uma
equipe que não tenha o desejo de colaborar pode transformar a reunião em um encontro sem
resultados. Além disso, o verdadeiro brainstorming envolve técnicas específicas que procuram, por
meio das declarações e dos pensamentos dos envolvidos, estimular a imaginação dos participantes
da reunião.
O processo de brainstorming pode ser informal ou formal. O informal não é tão organizado e é
realizado para um fim específico. O formal possui uma estrutura organizada: os participantes são
pautados previamente, o encontro tem um objetivo determinado e procura avaliar as ideias expostas.
Os resultados do trabalho dependem da fase do processo em que é empregado. Caso seja
empregado na fase de identificação, as saídas podem ser uma listagem dos riscos e controles atuais.
As limitações desta técnica podem ser: participantes sem conhecimento e habilidade para
serem colaboradores eficazes; por não ser comparativamente estruturado, não permite comprovar

43
a abrangência do processo, ou seja, demonstrar que todos os riscos possíveis foram detectados;
algumas dinâmicas podem não despertar o grupo e assim ideias preciosas se perdem enquanto
outras prevalecem no debate. Uma forma de evitar essa falha é utilizar fóruns de discussão ou
técnicas de grupo nominal por computador; isso permite que discussões políticas e pessoas sejam
evitadas e deixem de interferir na sequência de ideias.
Os destaques desta técnica incluem: livre fluxo de ideias que reforçam a imaginação e permitem
identificar novos riscos e soluções; envolvimento de pessoas e grupos chave para o processo e,
consequentemente, melhoria no diálogo geral e agilidade no desenvolvimento do trabalho.

Listas de verificação ou checklist


As listas de verificação, geralmente, são resultado de uma avaliação de riscos ou de falhas
registradas previamente, ou seja, as listas são formuladas a partir dessa experiência passada.
Uma lista de verificação ou checklist tem vários usos possíveis; identificar riscos e avaliar a
eficácia de controles são alguns deles. Geralmente, é utilizada como complemento de outra
técnica, por exemplo, o brainstorming, ela permite rever tudo o que foi considerado e identificar
novos problemas.
Como vimos, as entradas desta técnica provêm de informações previamente coletadas, que
permitem o desenvolvimento de uma lista de verificação adequada.
Listas de controles não adequados – que foram identificados pela técnica – e listas de riscos
são alguns dos produtos desta técnica. O resultado obtido dependerá da etapa do processo de
gestão de riscos em que a técnica foi aplicada. Porém, apresentam também limitações: são
simplistas, ou seja, não estimulam a discussão e tendem a ignorar riscos que não foram
previamente identificados, por isso podem gerar listas de controle não adequados, ou seja, não
esgotam o tema.
A facilidade de aplicação desta técnica é um dos seus pontos fortes, uma vez que pode ser
utilizada por pessoas treinadas e não necessariamente especialistas. Ajuda na identificação de
problemas comuns, que costumam ser negligenciados, exatamente por serem comuns.

Análise preliminar de perigos


A análise preliminar de perigos (APP) é uma técnica muito utilizada no início do
desenvolvimento de projetos, quando existem poucos detalhes do mesmo. A análise é indutiva e
procura identificar perigos, situações e eventos perigosos que podem ser a causa de danos: tarefas,
instalações e sistemas.
A sua origem remete ao programa de segurança militar do Departamento de Defesa dos
Estados Unidos da América, cujo objetivo era avaliar uma instalação e identificar os perigos
causados por eventos indesejáveis.

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Geralmente, é utilizada na fase de planejamento e elaboração de um projeto, quando
existem poucos detalhes ou procedimentos operacionais. A análise pode ser a base para estudos
complementares ou, ainda, produzir informações adicionais para um projeto ou um sistema. Ela
também pode ser eficaz na análise dos sistemas existentes de forma a identificar os perigos e os
riscos para uma avaliação mais completa, se necessário. Portanto, apesar de ser muito utilizada nas
fases iniciais de desenvolvimento de projetos, ela também é amplamente empregada nas fases de
operação e revisão de riscos.
Para ter melhor desempenho é necessário relacionar previamente os materiais utilizados ou
produzidos, o ambiente operacional, a planta do local a ser avaliado e as respectivas atividades
desenvolvidas. A avaliação complementar muitas vezes utiliza a análise qualitativa dos efeitos de
um evento indesejável e as suas probabilidades para identificar os novos riscos. A APP é mais
efetiva quando utilizada nas etapas que envolvem o projeto, a construção e o ensaio, de forma a
constatar novos riscos e correções, se necessário. Os resultados alcançados podem ser exibidos de
diversas maneiras, tais como árvores e tabelas.
Como a maioria das técnicas, necessita de uma equipe multidisciplinar para a sua aplicação
eficaz. Resulta em uma listagem de perigos e riscos, com controles identificados ou, ainda,
recomendados; em novas especificações para o projeto ou, ainda, solicitações para uma análise
mais detalhada.
Na APP, são identificados os perigos, as causas, as consequências e as categorias de
severidade, conforme o quadro a seguir, baseada na Norma Cetesb P4.261/2011.

Quadro 4 – Categorias de severidade

categoria de efeitos
severidade

I – desprezível Nenhum dano ou dano não mensurável.

II – marginal Danos irrelevantes ao meio ambiente e à comunidade externa.

III – crítica Possíveis danos ao meio ambiente devido a liberações de substâncias


químicas tóxicas ou inflamáveis, alcançando áreas externas à instalação.
Pode provocar lesões de gravidade moderada na população externa ou
impactos ambientais com reduzido tempo de recuperação.

IV – catastrófica Impactos ambientais devido a liberações de substâncias químicas,


tóxicas ou inflamáveis, atingindo áreas externas às instalações. Provoca
mortes ou lesões graves na população externa ou impactos ao meio
ambiente com tempo de recuperação elevado.

Fonte: Cetesb (2011).

45
Conforme a mesma norma, todos estes dados são registrados em uma planilha padrão como
o modelo apresentado a seguir:

Quadro 5 – Modelo de planilha para APP

categoria de observações e
perigo causa efeito
severidade recomendações

Fonte: Cetesb (2011).

Como limitação desta técnica, vale destacar que uma APP apresenta somente informações
preliminares. Ela não traz informações amplas ou detalhadas sobre os riscos e como eles podem
ser mais bem contidos.
Pontos fortes: é capaz de ser usada quando houver poucos dados e possibilita que os riscos
sejam considerados prematuramente no ciclo de vida do sistema.

Estudo de perigos e operabilidade (Hazop)


Hazop é uma sigla originada a partir das palavras em inglês: HAZard and OP erability Study
ou Estudo de Perigos e Operabilidade. É uma técnica de análise estruturada e sistemática de um
produto, processo, procedimento, projeto existente ou planejado. Este método possibilita
identificar os riscos a: pessoas, equipamento, ambiente ou objetivos organizacionais. A equipe que
realiza a análise também procura identificar uma solução para tratar o risco.
Comumente, o Hazop foca a identificação de perigos e problemas de operação na instalação
de um processo. É uma análise bem minuciosa e, por esse motivo, demanda tempo e costuma ser
cara. Contudo, por ser extremamente eficiente para sistemas complexos, em que falhas podem ter
consequências catastróficas e podem gerar altos custos de reparação, o Hazop se torna altamente
eficiente em relação ao custo total envolvido no projeto.
O Hazop consiste em um método qualitativo que se utiliza de palavras-guia que objetivam
identificar a intenção do projeto. Por meio de sucessivos questionamentos, a análise procura
identificar se as condições de operação seriam, realmente, concretizadas a cada etapa do projeto,
processo, procedimento ou sistema. Para realizar a análise, é planejada uma série de encontros,
com uma equipe multidisciplinar que considera uma possibilidade de desvios indesejáveis,
condições ideais e que os repassa várias vezes até atingir os modos de falha e as causas prováveis.

46
A figura seguinte representa as quatro fases do processo de análise do Hazop:

Figura 10 – Metodologia de Análise Hazop

Fonte: Adaptado de PQRI (2018).

Conforme o Fluxo sobre a Metodologia do Hazop apresentado, verifica-se que na fase de


análise é selecionada uma parte ou, como geralmente utilizado, um nó para ser analisado.
Palavras-guia, como as apresentadas no quadro a seguir, são utilizadas em cada nó de
estudo, possibilitando a identificação dos possíveis desvios desse ponto. As causas de cada desvio
são analisadas, assim como os sistemas de proteção envolvidos de forma a determinar a sua
eficácia. Esse processo é repetido até que todos os “nós” sejam avaliados.

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A Norma Cetesb P4.261/2011 apresenta os seguintes exemplos de palavras-guias e os seus
significados para uso nos estudos de Hazop:

Quadro 6 – Exemplos de palavras-guia

palavra-guia significado

não negação da intenção de projeto

menor diminuição quantitativa

maior aumento quantitativo

parte de diminuição qualitativa

bem como aumento qualitativo

reverso oposto lógico da intenção de projeto

outro que substituição completa

Fonte: Cetesb (2011).

O Hazop é um processo que pode ser muito demorado e, por essa razão, caro. Da mesma
forma, pelo seu detalhamento, exige um alto nível de documentação e especificações do objeto a
ser analisado. O resultado pode concentrar-se em soluções muito detalhadas e deixar de
questionar premissas básicas (o que pode ser evitado se a abordagem da análise for realizada de
forma gradual); a análise pode concentrar-se em detalhes ao invés de tratar de questões mais
abrangentes. O processo é focado no conhecimento específico dos projetistas, o que pode resultar
na falta de objetividade na busca de problemas e soluções dos seus projetos.
A análise sistemática e total de um procedimento, processo ou sistema; uma avaliação composta
de especialistas de várias áreas, com conhecimento operacional e que podem trazer a uma análise da
realidade do campo para o estudo e a aplicabilidade da solução proposta em tempo real; além de criar
registros detalhados do processo realizado, são algumas das vantagens do Hazop.

Técnica estruturada “e se” (Swift)


Originalmente desenvolvida como uma alternativa mais simples ao Hazop, é uma técnica
sistemática em que o facilitador também utiliza um conjunto de palavras ou frases de “comando”
para auxiliar a identificação de riscos.

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Inicialmente, a técnica Swift foi idealizada para o estudo de perigos da indústria química e
petroquímica. Entretanto, atualmente, o método é largamente empregado em procedimentos,
elementos de instalações, sistemas e, comumente, em organizações. Especificamente, é usada para
investigar os efeitos de mudanças e os riscos assim modificados ou originados.
Procedimentos, sistemas, itens de instalação e os seus contextos são considerados nas
entradas e devem ser determinados de forma cautelosa antes do início do estudo. O facilitador
analisa previamente uma série de documentos, planos e desenhos, além de realizar entrevistas
focadas. Com base neste material, ele procura dividir a análise em nós ou elementos-chaves para
facilitar o trabalho, lembrando que esse detalhamento não ocorre com o mesmo nível de definição
exigido para o Hazop.
É importante que o grupo de estudo seja bem selecionado, valorizando o conhecimento
especializado e a experiência. É importante que todas as partes interessadas participem,
juntamente com os representantes das áreas fins a serem analisadas, de forma que estes tragam as
suas experiências para o estudo.
As saídas compreendem o registro do risco com as correspondentes tarefas ou ações
classificadas. As mesmas tarefas podem ser a base para um plano de abordagem.

Figura 11 – Modelo de Planilha para “e se”

Prazo para
E se? Consequência/perigo Recomendação Responsável
conclusão

A matéria- Se a concentração de a) instalar um


prima estiver ácido dobrar, a reação sistema de
na não poderá ser bloqueio de
concentração controlada e resultará emergência;
errada? em uma rápida
b) analisar
liberação de calor.
previamente a
concentração
da matéria-
prima.

Fonte: CETESB (2011)

A técnica Swift apresenta as seguintes limitações: é preciso um facilitador experiente e capaz


para um bom resultado; para racionalizar o tempo da equipe da oficina de trabalho, é necessária uma
preparação cuidadosa; falta de experiência dos membros da equipe e falhas nas instruções de aplicação
da técnica podem resultar em uma análise pobre e na falta de identificação de riscos ou perigos.
Em contrapartida, a técnica Swift tem os seguintes pontos fortes: é aplicável de forma
abrangente a todas as instalações, sistemas ou atividades; por requerer uma preparação mínima,

49
um estudo prévio da equipe antes da análise, quando esta se reúne, o estudo costuma ser rápido, e
os resultados tornam-se visíveis na sessão da oficina de trabalho; os participantes conseguem
conferir as respostas dos sistemas aos desvios em vez de apenas avaliar os efeitos de falhas de
componentes pelo fato da técnica ser “orientada a sistemas”; ela pode auxiliar a identificar
oportunidades de melhoria de processos e sistemas; quando a análise conta com os responsáveis
pelos atuais controles existentes, ela reforça a responsabilidade destes, cria um registro dos riscos e,
com um pouco mais de esforço, um plano de tratamento de riscos; os perigos e riscos
identificados podem ainda ser levados a um estudo quantitativo.

Análise de impactos no negócio


A Business Impact Analysis (BIA) ou também conhecida como avaliação de impactos nos
negócios, analisa, qualitativa e quantitativamente, como a organização pode ser afetada pelos
riscos de ruptura e procura analisar métodos de gerenciamento deles.
O relatório é peça chave do Plano ou Programa de Continuidade de Negócios, ele dá diretrizes
para todos os esforços e a tomada de decisões para a implantação da Continuidade de Negócios.
A norma ABNT NBR ISSO/IEC 31010:2012 ressalta que:

BIA prevê um entendimento acordado de:


 identificação e criticidade dos principais processos de negócios,
funções e recursos associados e as principais interdependências que
existem para uma organização;
 como os eventos de ruptura afetarão a capacidade e a capabilidade de
alcançar os objetivos críticos do negócio;
 capacidade e capabilidade necessárias para gerenciar o impacto de uma
ruptura e recuperar a organização para níveis acordados de operação.

Portanto, a técnica BIA é usada para indicar o nível de complexidade e a temporalidade


necessária para o reestabelecimento de processos, sistemas e recursos correspondentes (mão de
obra, informática, máquinas e equipamentos), de forma a garantir o atendimento ininterrupto de
objetivos da organização. Ademais, a BIA apoia a determinação das interdependências entre os
processos, partes externas e internas e toda a conexão da cadeia de fornecimento.

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As entradas consistem em: selecionar um grupo que será responsável pela análise e planos de
ação; levantamento de dados e detalhes sobre a organização e as suas correlações, incluindo detalhes
sobre os trabalhos e as operações, considerando também processos, recursos de suporte, envolvimento
com outras organizações, acordos de subcontratação, partes interessadas; resultados financeiros e
operacionais de perdas em processos críticos; formulário de questões preparado; e relação de
entrevistados de áreas relevantes da empresa ou partes interessadas que serão contatadas.
As saídas incluem uma relação de prioridades, os processos mais relevantes e
interdependências identificadas; principais impactos financeiros e operacionais documentados;
sistemas de suporte indispensáveis; a identificação das escalas de tempo e de interrupção do
processo crítico.
As limitações do BIA são: falta de preparo e conhecimento dos integrantes selecionados para
a análise e o preenchimento de questionários; dinâmicas de grupo equivocadas que podem
resultar em análises ineficientes de processos cruciais; análises simplificadas ou exageradas de
pontos chave; dificuldade de conseguir um nível adequado de interpretação das operações e
práticas da organização.
Como pontos fortes, este processo apresenta: melhor entendimento, pela organização, dos
seus processos críticos e possibilidade de ir ao encontro dos seus objetivos declarados;
identificação clara dos recursos necessários; e oportunidade para redirecionar o processo
operacional para ajudar na reação positiva diante das adversidades empresariais.

Análise de árvore de falhas


A também intitulada Fault Tree Analysis (FTA) é um método que permite distinguir e
avaliar os fatores que levam à ocorrência de evento indesejado, denominado “evento de topo”. Os
fatores de causa são detectados por dedução, organizados de uma forma lógica e representados por
meio de uma representação gráfica em um diagrama de árvore que representa: causas e a sua
relação com o evento de topo.

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Por meio da figura seguinte, podemos verificar que a análise, na árvore de falhas, é top-down
ou do topo à raiz. Ela inicia a análise no evento geral e vai desdobrando até os eventos específicos.

Figura 12 – Exemplo de uma análise de árvore de falhas (FTA) da IEC 60300-3-9

Fonte: ABNT NBR ISO/IEC 31010:2012.

Falhas de equipamentos, falhas humanas e outros episódios relevantes que causem um


efeito indesejado podem estar indicados na árvore. A técnica pode ser usada qualitativamente,
distinguindo potenciais origens e caminhos para uma falha, evento de topo; ou
quantitativamente, calculando a probabilidade do evento de topo. Para isso, leva em consideração
o conhecimento prévio de prováveis eventos causais.
Pode ser empregada na fase de projeto, operação ou ainda para identificar a causa de um
erro já ocorrido. Ela possibilita comparar diferentes opções para um projeto ou para um evento

52
principal. Analisando um erro ocorrido, permite verificar como diferentes eventos se juntaram
para originar a falha.
Quanto às entradas, para a análise qualitativa, é necessário que previamente: a equipe tenha
um entendimento do sistema e das causas da falha; conhecimento de falhas técnicas e que sejam
disponibilizados diagramas detalhados para auxiliar a análise. A análise quantitativa levará em
consideração as informações sobre as taxas de erro ou a probabilidade de ser um estado de falha
evento listado.
Como saída, teremos: representação gráfica de como o evento de topo pode ocorrer e as
possibilidades de interação de fatos geradores; listagem de cortes mínimos com as suas respectivas
probabilidades de ocorrência e também do evento de topo.

Matriz de probabilidade/consequência
A matriz de probabilidade/consequências geralmente é utilizada para selecionar riscos,
identificar os que precisam de tratamento imediato, por exemplo. Ela combina classificações
qualitativas ou semiquantitativas de consequências e probabilidades a fim de produzir um nível de
riscos ou classificação de risco.
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 31010:2012, o contexto determinará o formato e as
definições que devem ser aplicados à matriz. Ela geralmente é utilizada em conjunto com o
Hazop, para estabelecer prioridades.

Figura 13 – Exemplo de uma matriz de probabilidade e consequência.

Fonte: ABNT NBR ISO/IEC 31010:2012.

Como entradas são selecionadas escalas personalizadas de consequência e probabilidade e a


respectiva compatibilização das duas, conforme pode ser verificado na figura 13. O uso da
ferramenta requer uma equipe especializada e informações adequadas para apoiar as análises de
consequência e probabilidade.

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Uma lista classificação dos riscos com níveis de significância estabelecidos é a saída esperada
para esta técnica. A limitação desta técnica remonta à etapa de planejamento para análise, uma vez
que envolve o desenvolvimento de matriz específica e adequada às circunstâncias. O uso é
subjetivo e é difícil de combinar ou comparar o nível de risco para diferentes categorias de efeitos.
Os pontos fortes são: comparativamente fácil de utilizar e disponibiliza uma rápida
classificação dos riscos em distintos níveis de significância.

54
MÓDULO IV – SISTEMAS DE GESTÃO

Introdução
Os autores Kotler e Gary (1994) consideram que o propósito de qualquer organização é
esforçar-se para produzir um bem ou serviço que possa satisfazer às expectativas mínimas dos
interessados: consumidores, funcionários, fornecedores, distribuidores e acionistas. Aquino (2003)
acrescenta que um dos interessados, não considerados na lista de Kotler e Gary (1994), é o
conjunto de pessoas que sofre os efeitos dos impactos causados por essa organização, ou seja, as
partes interessadas.
Com a globalização e a abertura de mercados, tornou-se importante obter formas de
facilitar e melhorar a comercialização e a transferência de tecnologias. O objetivo de normas
internacionais – padrão ISO – é estabelecer regras a serem seguidas, padrões que formam a base
de muitos aspectos do comércio internacional, ou seja, não importa onde a empresa esteja
localizada, respeitando as particularidades locais, ela poderá ser comparada a qualquer outra
nacional ou internacional que siga as mesmas normas.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a entidade brasileira
representante associada à Organização Internacional para Normalização – International
Organization for Standardization (ISO).
Diante da grande demanda criada pelos diversos modelos de sistemas de gestão voluntários,
que fossem aplicáveis a qualquer organização, a ISO publicou, em 1987, a série de normas ISO
9001. Essa série de normas, que visou à garantia da qualidade de produtos e serviços, não se
preocupava especificamente com o ambiente externo e as condições no ambiente de trabalho
(MAXIMIANO, 1995).
Em 1996, visando à proteção do meio ambiente com o qual a organização se relaciona, foi
publicada a primeira versão da ISO 14001 (baseada na norma britânica BS 7750 – BSI 1992). Ainda
em 1996, a Instituição Britânica de Normas (British Standards Institution – BSI) publicou o guia “BS
8800 – Guide to occupational health and safety management systems”, um primeiro guia com diretrizes
para sistemas de gestão de segurança e saúde nos ambientes de trabalho (VALLE, 2002).
Sistemas de Saúde e Segurança Ocupacional não eram abordados pela ISO, e a norma
britânica OHSAS 18001 – Occupational Health and Safety Assessment Series é a grande referência
nessa vertente. A OHSAS 18001 veio a apresentar elementos mandatórios para um sistema de
gestão de segurança e saúde no trabalho e é uma norma certificável (AQUINO, 2003). Somente
em 2018, a ISO lança a ISO 45001, norma de requisitos para um Sistema de gestão de saúde e
segurança ocupacional.
No quesito responsabilidade social, inicialmente tivemos o desenvolvimento da SA 8000,
lançada em 1997, que é norma baseada na ISO 9000 e visou a aprimorar o bem-estar e as boas
condições de trabalho, bem como o desenvolvimento de um sistema de verificação que garantisse
a contínua conformidade com os padrões estabelecidos pela norma. A SA 8000 foi desenvolvida e
é supervisionada pela Social Accountability International (SAI), antiga Council on Economic
Priorities Accreditation Agency (Cepaa), uma organização não governamental, sediada nos
Estados Unidos.
No Brasil, tivemos, em 2004, o lançamento da ABNT NBR 16001, que buscou o
desenvolvimento de um Sistema de Gestão de Responsabilidade Social (SGRS). Em 2010, foi
lançada a ISO 26000, elaborada por meio de um processo de múltipla participação que contou
com especialistas – representantes de diferentes partes interessadas: trabalhadores, governo,
indústria, Organizações Não Governamentais (ONGs), academia, etc. – de mais de 90 países e 40
organizações internacionais envolvidas em diferentes aspectos da responsabilidade social.
A gestão de riscos foi inicialmente abordada na norma australiana e neozelandesa AS/NZS
4360, a primeira norma lançada visando ao gerenciamento de riscos, sendo a sua primeira versão
de 1995. Essa norma foi a base para a ISO 31000, esta foi lançada em 2009, visando à gestão de
riscos enfrentados pelas organizações.

Gerenciamento de risco: abordagem sistêmica


No mundo atual, o gerenciamento de riscos se tornou tão importante que vem sendo
tratado de forma global. As normas ISO padronizaram as sistemáticas de gestão, largamente
difundidas, para Qualidade e Meio Ambiente.
Nos últimos anos, as diversas normas de gestão estão sendo integradas. Assim, os Sistemas
Integrados de gestão implantados e em desenvolvimento em várias organizações podem ser
encarados como componentes da estratégia de gestão de riscos de uma organização.

56
As normas ISO eram similares quanto aos requisitos, contudo, com definições e
terminologias diferentes. Ao integrar distintos sistemas de gestão, como meio ambiente e
qualidade, tendo como exemplo, a complexidade aumentava, e eram criadas inconsistências.
Todas as normas partem do eixo PDCA – Plan – Do – Check – Act, representando uma
visão sistêmica passível de integração. Em 2010, com o intuito de descomplicar esse processo, a
ISO lançou o Anexo SL, que contempla o High Level Structure (HLS) ou “Estrutura de Alto
Nível” que, desde então, vem sendo empregado por muitos dos novos padrões normativos.
Graças à sua característica universal, o Anexo SL estabelece que a proposta de integração de
todas as normas possua requisitos similares. Essa estrutura “compartilhada” permite maior
compatibilidade entre padrões com escopos diferentes. Consequentemente, facilita o processo de
integração entre distintos sistemas de gestão.
Por meio do Anexo SL, as normas passam a ter semelhança na estrutura principal, na
sequência de capítulos, nos termos e nas definições. Ademais, a incorporação com diferentes
sistemas de gestão pode ser feita a qualquer momento que a organização julgar necessário, a fim
de manter a conformidade dos produtos e serviços.
As normas ISO passaram a adotar a estrutura estabelecida no Anexo SL. O que antes era
abordado como “objetivos e metas” passa para uma abordagem de “riscos e oportunidades”, ou
seja, como parte do planejamento estratégico da organização. A nova estrutura permite, além de
uma melhor integração entre as normas, maior clareza para a realização de auditorias; ou melhor,
passaríamos a uma auditoria do sistema de gestão integrado.
Dessa forma, entende-se que o risco é inerente a todas as atividades de uma organização,
não importando o ramo de atividade, mudando, sim, o enfoque.
A estrutura do Anexo SL, adotado pelas normas ISO, tem a seguinte sequência:
1. Escopo
2. Referências normativas
3. Termos e definições (comuns)
4. Contexto da organização
4.1 Compreensão da organização e seu contexto
4.2 Compreensão das necessidades e expectativas das partes interessadas
4.3 Determinação do escopo do sistema de gestão
4.4 Sistema de gestão
5. Liderança
5.1 Liderança e comprometimento
5.2 Política
5.3 Papéis organizacionais, responsabilidades e autoridades
6. Planejamento
6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades
6.2 Objetivos do sistema de gestão e planejamento para alcançá-los

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7. Apoio/Suporte
7.1 Recursos
7.2 Competência
7.3 Conscientização
7.4 Comunicação
7.5 Informações documentadas
8. Operação
8.1 Planejamento e controle operacional
9. Avaliação de desempenho
9.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação
9.2 Auditoria interna
9.3 Revisão de gestão
10. Melhoria
10.1 Não conformidades e as ações corretivas
10.2 Melhoria contínua

Antes do lançamento do Anexo SL, cada organização fazia o manejo dos diversos sistemas
de gestão de forma distinta. Frequentemente, isso envolvia recursos demasiados, orçamento
insuficiente, falhas de comunicação, entre outras adversidades. Com o Anexo SL, houve um
aprimoramento desses aspectos. Assim, observamos que diversos benefícios podem ser constatados
a partir da implementação de um Sistema de Gestão Integrado, tais como:
 maior ordenamento entre os processos com as estratégias de negócio empresarial;
 aperfeiçoamento do desempenho dos sistemas de gestão. Por intermédio da abordagem
completa dos processos, ocorre uma visão integral da organização;
 diminuição da redundância de recursos e documentos, permitindo a simplicidade na
administração e manutenção dos processos;
 simplificação das auditorias, com o aumento da produtividade e redução de custos e
 fortalecimento da melhoria contínua, identificando oportunidades e prevenindo a
ocorrência de riscos.

Em síntese, a estrutura do Anexo SL possibilita que as organizações tenham benefícios, com


simplificação do processo de integração entre padrões diferentes. Há a transformação de sistemas
de gestão separados, em um sistema de gestão integrado, que terá interação conjunta com outros
sistemas, em sintonia com objetivos estratégicos empresariais.
Falar sobre riscos socioambientais nos leva a pensar em aspectos que devem ser observados
quando de uma análise de riscos. Aspectos significativos são os relacionados ao meio onde a
organização deve instalar-se; para tanto, devemos abordar os relacionados ao meio ambiente com
o qual a organização interage, e isso remete à responsabilidade social das ações da organização –

58
influência das suas ações às partes interessadas, à saúde e à segurança dos trabalhadores e das
partes interessadas, à qualidade das operações visando ao desenvolvimento do empreendimento,
entre outros.
A seguir, serão abordadas as normas específicas com a orientação a respeito de
Responsabilidade Social.

ABNT NBR ISO 26.000:2010 – Diretrizes sobre responsabilidade social


Segundo a ISO: “A norma ISO 26000 é um guia para negócios e organizações que querem
operar de forma socialmente responsável. Isso significa agir de forma ética e transparente,
contribuindo para a saúde e bem-estar da sociedade”. Por ser um guia, uma norma de diretrizes, a
sua adoção é voluntária. A norma não contém requisitos, ou seja, não é certificável.
Ela destaca os benefícios da responsabilidade social para uma organização, no sentido de
que auxilia o controle de: riscos legais; riscos de não ser socialmente responsável; melhoria da
gestão do risco da organização; riscos da inobservância aos direitos humanos, aos direitos infantis;
análise e controle dos riscos à saúde e à segurança envolvidos nas suas atividades; riscos de saúde e
segurança no trabalho (SST); e às melhores práticas usadas para enfrentar esses riscos; gestão do
risco ambiental; riscos de corrupção, entre outros.
Foi uma das primeiras normas a trazer a necessidade de focar o gerenciamento de riscos
diversos, e não apenas os voltados à Saúde e Segurança Ocupacional, conforme podemos ver na
visão da norma na figura a seguir:

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Figura 14 – Visão geral esquemática da ABNT NBR ISO 26000

Fonte: ABNT NBR ISO 26000:2010.

Em relação ao tem qualidade, deve-se analisar o documento a seguir.

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ABNT NBR ISO 9001:2015 – Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos
É uma norma de requisitos, voluntária e certificável, se assim a organização desejar. A
norma sempre utilizou o termo “produto” para se referir a um serviço ou produto, a partir da
nova revisão a norma começou a mencionar “produtos e serviços” de forma explícita, eliminando
assim quaisquer dúvidas que empresários do setor de serviços tinham sobre a aplicabilidade da
ISO 9001 à suas atividades. A revisão da norma também buscou fortalecer a abordagem por
processos, a análise do desempenho da organização e a análise do risco da qualidade com ações
corretivas baseadas nos níveis de risco dos processos.
Quanto ao assunto meio ambiente, importante conferir a norma a seguir.

ABNT NBR ISO 14001:2015 – Sistemas de gestão ambiental – Requisitos


com orientação para uso
A revisão busca um equilíbrio entre meio ambiente, sociedade e economia. O enfoque é
maior na gestão ambiental estratégica. A nova versão da norma, totalmente reestruturada,
também traz a mentalidade de gerenciamento de riscos e oportunidades de forma totalmente
integrada à ISO 30.001 – Diretrizes para gestão de risco. Isso é reconhecer que determinados
eventos – resultado das ações da organização – podem ter consequências maiores do que só
ambientais, podem ter repercussões sociais e econômicas.
Em relação à questão de Saúde e Segurança Ocupacional, temos os seguintes documentos
normativos:

BS OHSAS 18001:2007 – Sistemas de gestão da saúde e segurança


ocupacional – Requisitos

ABNT NBR ISO 45.001:2018 – Sistemas de gestão de saúde e segurança


ocupacional – Requisitos
As duas normas possuem requisitos e, dessa forma, são certificáveis. A ISO 45.001 leva em
consideração a OHSAS 18001 e as Diretrizes da OIT – Organização Internacional do Trabalho
sobre sistemas de gestão de Saúde e Segurança Ocupacional. A norma prevê uma estrutura de
gerenciamento de riscos e oportunidades de SST.
Quando a norma busca estabelecer o seu contexto, ela leva em consideração além das
questões internas os problemas externos, tais como o ambiente cultural, social, político, jurídico,
financeiro, tecnológico, econômico, natural e a competição do mercado, seja internacional,
nacional, regional ou local. Vemos assim o enfoque de risco dado às partes interessadas.

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As principais diferenças entre a ISO 45001 e a OHSAS 18001 são:

ABNT NBR ISO 45001:2018 BS OHSAS 18001:2007

É baseado em processos. É baseado em procedimento.

É dinâmico em todas as cláusulas. Trata exclusivamente de risco.

Inclui as opiniões das partes interessadas. Não inclui as opiniões das partes interessadas.

Quanto à Gestão de Riscos, temos a norma seguinte.

ABNT NBR ISO 31.000:2018 – Gestão de Riscos – Diretrizes


A norma é um guia para a gestão de riscos em organizações de qualquer porte e natureza.
Ela dissemina que o processo de gestão de riscos deve fazer parte do gerenciamento global de uma
organização, sendo incorporado à cultura a todas as práticas sistematizadas, adaptando-se ao
negócio e ao contexto da organização.
Segundo a ISO: “Gerenciar riscos baseia-se nos princípios, estrutura e processos delineados
na ISO 31.000:2018”, como ilustrado na figura a seguir.

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Os componentes, se já existentes na organização, podem ser adaptados ou melhorados para
garantir o desempenho da gestão de riscos.

Figura 15 – Princípios, estrutura e processo de gerenciamento de riscos

Fonte: Adaptado pelos autores a partir da ABNT NBR ISO 31000:2018.

ABNT NBR ISO 19011:2018 – Diretrizes para Auditoria de Sistemas de


Gestão
A norma prevê um processo sistemático de auditorias de sistemas de gestão, e a revisão atual
inclui um novo princípio de auditoria, a “abordagem baseada em risco” e a alteração de
terminologias buscando refletir o processo da organização.
Veremos a seguir o modelo de PGR proposto pela Norma Cetesb. Analisando a sequência
de itens, ficará evidente a estrutura sistematizada esperada para este documento.

63
Programas de Gerenciamento de Riscos
A segunda lei da termodinâmica define processos reversíveis em um universo em equilíbrio
e processos irreversíveis em um universo que evolui, degradando-se, ou seja, a energia que existe
hoje é menor que a energia que existia em um momento anterior.
Aplicando-se esse entendimento ao conceito de riscos, entendemos que riscos controlados
em um momento por determinado processo podem não ser eficientes em um momento seguinte.
Dessa forma, PGRs tornam-se necessários, visando ao controle efetivo dos riscos e à prevenção de
acidentes. Como os riscos se modificam com o tempo, esses programas devem ser revisados
periodicamente de forma que o controle esteja sempre atualizado.
O PGR objetiva prevenir acidentes, atender à legislação e atender a objetivos estratégicos da
empresa, como a redução de custos e a responsabilidade social. O EAR e o PGR são alguns dos
estudos solicitados pelo órgão ambiental responsável pelo licenciamento ambiental, conforme
requerido pela Resolução Conama nº 237/97 no seu art. 3º, parágrafo único.
Além disso, temos:
 Lei Federal nº 9.966, de 28 de abril de 2000, chamada popularmente como “Lei do
Óleo” que estabelece os princípios básicos a serem obedecidos na movimentação de óleo
e outras substâncias nocivas ou perigosas.
 Resolução Conama nº 398, de 11 de junho de 2008, que dispõe sobre um conteúdo
mínimo do Plano de Emergência Individual e orienta a sua elaboração.

O PGR procura refletir um retrato do empreendimento, demonstrando a realidade do


momento. São consideradas as condições operacionais, procedimentos, sistemática de realização
de tarefas, entre outros aspectos relevantes, e os riscos mantidos dentro dos padrões de
tolerabilidade.
A Norma Cetesb P4.261/2011, na parte IV, no item 9.1, estabelece um termo de referência
para a elaboração de um PGR. Verificamos assim que o PGR deve contemplar, minimamente, os
seguintes itens:

1. Caracterizações do empreendimento e do entorno


A caracterização deve incluir: a descrição do empreendimento – e não listar somente que se
trata de uma caldeira, por exemplo –, os contatos do coordenador do PGR, a documentação e os
registros atualizados sobre as tecnologias, os equipamentos existentes, bem como as substâncias
envolvidas na operação da empresa.
Nesta etapa, é importante aplicar a Parte I da Norma Cetesb P4.261/2011, principalmente,
utilizar o quadro 6 para listar todas as substâncias utilizadas pela organização, conforme foi
verificado no módulo 2, tópico 2.3.1, desta apostila.

64
Quando realizar a caracterização do empreendimento, importante detalhar o entorno, os
núcleos habitacionais, os aspectos naturais e de infraestrutura existentes, sempre retratando em
imagem aérea.

2. Identificação de perigos
Assim como nos EARs, para desenvolver um bom PGR há necessidade de realizar um
levantamento detalhado de perigos e riscos. Já vimos as diferentes técnicas aplicáveis no módulo 3.
A fase de preparação é uma das etapas mais importantes e uma das que demandam maior
tempo neste tipo de estudo. Já citamos anteriormente, mas vale repetir: na seleção da equipe é
muito importante que os membros tenham experiência nas operações selecionadas para estudo e, ao
menos um dos membros deve conhecer detalhadamente as metodologias de identificação de
perigos. A análise histórica de acidentes em instalações e sistemas similares é muito importante, eles
podem identificar uma falha ainda não observada na organização ou no projeto. Os fluxogramas da
empresa devem estar atualizados, ou seja, devem representar a realidade do empreendimento.
Vistorias de campo são recomendáveis de forma a rever os processos documentados.

3. Revisão do estudo de análise de risco ou da identificação de perigos


Segundo a Norma Cetesb:

Para os empreendimentos onde houve apenas a necessidade de elaborar


um Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), o empreendedor deve
possuir um procedimento apresentando minimamente: quando realizar a
identificação de perigos, os motivos da realização, as metodologias
utilizadas, os nomes e funções do responsável e dos componentes das
equipes, ações sugeridas para redução ou eliminação dos perigos
encontrados, responsáveis e prazos para cumprimento dessas ações e o
sistema de acompanhamento, bem como estabelecer o prazo para sua
revisão periódica.

4. Procedimentos operacionais
Procedimentos documentados que sejam de fácil leitura, consistentes com o processo e
possuam uma sistemática de revisão controlada são requeridos.
São boas práticas as permissões de trabalho e os acessos autorizados a funcionários próprios
e terceirizados. Tais documentos, emitidos antes da realização de qualquer atividade, permitem a
revisão das atividades por um supervisor, uma pessoa capacitada, com foco a redução de riscos de
forma. Esse supervisor pode rever o “passo a passo” da tarefa planejada e, se necessário, negar a
execução da atividade mediante, solicitando novo planejamento para o trabalho.

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Deve-se anexar a lista dos procedimentos de operação e dois procedimentos de interesse
quanto aos aspectos de risco ao PGR.

5. Gerenciamento de modificações
As mudanças operacionais que podem advir de um novo sistema implantado na organização
devem ser consideradas dentro do PGR. Dessa forma, é necessário estabelecer uma sistemática,
um procedimento que verifique, entre outros, os seguintes aspectos definidos pela norma Cetesb:

 Base técnica para a mudança;


 Análise de segurança e de meio ambiente acerca da mudança;
 Necessidade de alteração de procedimentos de segurança, de
operação ou de manutenção e
 treinamentos;
 Sistemática de informação: quem deve ser informado sobre a
mudança proposta e seus impactos;
 Documentação de apoio à mudança (fluxogramas, diagramas de
instrumentação e tubulação, entre outros);
 Prazo da alteração: provisória ou definitiva;
 Autorizações internas e externas necessárias junto aos órgãos
envolvidos;
 Registro de acompanhamento da modificação.

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A norma ainda propõe um formulário modelo para o gerenciamento de modificações,
como abaixo.

Figura 16 – Modelo de formulário de gerenciamento de modificações

Formulário para gerenciamento de modificações

Planta: Planta de resina A234


Autor: Fulano de tal Título: Rotor da Bomba 101 Data:__/__/__

Descrição da mudança
Alteração do rotor da bomba 101 para que não possibilite maiores vazões na linha de transferência da substância A
partindo do tanque de armazenagem para o reator R1, conforme Desenho 1, anexo.

Justificativa da mudança
Aumento de eficiência.

Duração da mudança:
( ) Temporária
(x) Permanente
( ) Emergencial

Perigos identificados resultantes da mudança proposta (What if, APP)


1) Se o cabeamento elétrico não for adequado: ocorrerá desarme da bomba e interrupção do processo. Verificar
instalação elétrica (ação 1);
2) Se a válvula de segurança instalada na linha for inadequada: abertura da válvula com liberação de substâncias
e possibilidade de incêndio. Verificar o dimensionamento e atualizar a calibração da válvula de segurança para
2-3 kgf.cm-2 (ação 2);
3) Se houver erro na montagem: deverá ocorrer fluxo no sentido inverso. Testar antes de liberar a bomba para a
operação (ação 3);
4) Se houver erro na operação: não está previsto, pois os pontos de acionamento no campo ou no painel de
controle continuam os mesmos.

Autorizações:
(x) Gerente de produção: Beltrano de tal Data: __/__/__
( ) Gerente de planta: Ciclano de tal Data: __/__/__

Atualizações pertinentes
Procedimento de operação ou segurança: a faixa de leitura do indicador de pressão no campo (PI-11) será alterada de 1-
2 para 2-3 kgf.cm-2;

Treinamentos: deve ser informado à operação em reunião de segurança sobre a alteração e que os procedimentos de
operação da bomba não serão alterados.

Desenhos: atualizar livro de dados da Bomba 101, o livro de ajuste e calibração da válvula de segurança e a faixa de
leitura de campo do indicador de pressão PI-11.

Observações:
Ação 1: Responsável Fulano de Tal Prazo: __/__/__ (...) Concluída
Ação 2: Responsável Fulano de Tal Prazo: __/__/__ (...) Concluída
Ação 3: Responsável Fulano de Tal Prazo: __/__/__ (...) Concluída

Acompanhamento da modificação/status da modificação: Fulano de Tal

Fonte: Cetesb (2011).

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O gerenciamento de mudanças é muito importante dentro da gestão de riscos e muitas
vezes recebe a devida atenção. Devemos sempre lembrar que o acidente de Flixborough,
mencionado no módulo 1, foi causado por uma mudança não registrada.
O procedimento de gerenciamento de modificações e dois exemplos de uma aplicação
devem ser anexados ao PGR como evidência.

6. Manutenção e garantia de integridade


A manutenção de equipamentos e a garantia da integridade de todos os componentes
operacionais críticos devem ser sistematizadas em um programa. Este documento deve incluir um
cronograma de manutenção preventiva e a realização de testes periódicos seguindo a orientação de
fabricantes, normas ou análises de confiabilidade. Registros devem ser mantidos.
É necessário que a organização tenha consciência da sua responsabilidade de informar e
treinar funcionários, verificar o serviço prestado, assegurar a existência de materiais de reposição
adequados, evitando as “gambiarras”.
Evidências que devem ser anexadas ao PGR incluem listas de procedimentos pertinentes, testes
e inspeções; cronogramas de manutenção; evidências de aplicação do programa de manutenção;
laudos conclusivos acompanhados de anotações de responsabilidade técnica, entre outros.

7. Capacitação de recursos humanos


O programa de treinamento do empreendimento deve coordenar a capacitação de
funcionários próprios, terceirizados e contratados envolvidos nas atividades da empresa.
Esse programa deve identificar quem deve ser treinado e a periodicidade dos treinamentos,
em operação normal e após modificações; enfatizar a segurança e os perigos do processo; ressaltar
as boas práticas de trabalho seguro, além das operações de emergência e dos treinamentos práticos.
Registros de treinamentos devem ser mantidos.
Para o PGR, devem ser anexados o cronograma de treinamentos e as evidências de
treinamentos realizados.

8. Investigação de incidentes e acidentes


A organização deve possuir um procedimento de investigação de incidentes e acidentes
envolvendo liberações de substâncias de interesse. O procedimento deve priorizar a investigação
de acidente logo após o ocorrido, definindo uma equipe com conhecimento para tal investigação;
incluir o registro detalhado; apresentar recomendações, lições aprendidas e a divulgação dos
resultados de forma a dar abrangência da situação a toda a organização. Devem ser anexados ao
PGR o referido procedimento e duas evidências de sua aplicação.

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9. Plano de Ação de Emergência
O Plano de Ação de Emergências (PAE) é um documento que define responsabilidades,
diretrizes e informações que buscam propiciar respostas rápidas e eficientes em situações de
emergência. O documento deve estabelecer o que deve ser feito, quem deve fazer, como fazer e
quando as equipes envolvidas nas atividades rotineiras devem ser treinadas de forma a atender
uma situação de emergência.
Os principais objetivos do PAE são: mitigar acidentes; atender à legislação e aos padrões
corporativos além de atender aos objetivos estratégicos da empresa, como redução de
custos/seguro e responsabilidade social.
Segundo a Norma Cetesb, o PAE deve conter na sua estrutura os seguintes itens:
 pressupostos – cenários;
 caracterização das instalações e entorno;
 definição de responsabilidades;
 fluxograma de acionamento;
 procedimentos e ações de resposta;
 recursos humanos e materiais;
 implantação;
 divulgação;
 treinamentos e simulados e
 anexos.

O PAE visa ao atendimento de ações de emergência. Dessa forma, deve ser um instrumento
simples, prático e sucinto. Deve contemplar as atribuições e responsabilidades dos envolvidos e
deve ser periodicamente treinado.

10. Auditoria do PGR


A organização deve possuir um procedimento sistemático de auditorias que inclua a
auditoria de todos os itens que compõem o PGR. O procedimento deve detalhar os responsáveis
pela condução da auditoria, a periodicidade de realização e evidências tais como os relatórios de
auditoria e ações corretivas, entre outros.
A auditoria deve verificar todo o PGR; para tanto, deve ser conduzida por profissional
experiente e isento. O procedimento e os relatórios das duas últimas auditorias devem ser
anexados ao PGR.

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Gerenciamento de riscos socioambientais nas instituições
financeiras
As sociedades ao longo da história, de uma forma geral, preocuparam-se com o equilíbrio
entre economia, sociedade e meio ambiente. No entanto, até o fim do século XIX, a consciência
geral era de que os recursos naturais eram infindáveis.
Essa percepção mudou com a industrialização, a urbanização e os efeitos da intervenção das
atividades humanas na natureza e se fez sentir de forma mais acentuada a partir meados do século
XX, em especial a partir da década de 1960. A preocupação com o combate à pobreza absoluta, o
crescimento populacional, o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente e os novos
desafios da economia ganharam destaque de forma progressiva desde então.
Em 1962, o lançamento do livro Primavera silenciosa, de Rachel Carson, é considerado por
muitos um marco para o entendimento das inter-relações entre economia, meio ambiente e as
questões sociais. Nesse livro, foi mostrado como o DDT – defensivo agrícola – penetrava na
cadeia alimentar e acumulava-se nos tecidos gordurosos dos animais, inclusive do homem, com o
risco de causar câncer e dano genético.
A grande polêmica movida pelo instigante e provocativo livro é que ele não só expunha os
perigos desse agrotóxico, mas questionava de forma eloquente a confiança cega da humanidade no
progresso tecnológico. Dessa forma, o livro ajudou a abrir espaço para o movimento ambientalista
que se seguiu. A autora foi uma das pioneiras da conscientização de que os homens e os animais
estão em interação constante com o meio em que vivem.
Dez anos depois, em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. A
conferência levou à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Ainda no mesmo ano, uma equipe de especialistas de vários países publicou o relatório Os Limites
do Crescimento, com estudos sobre como o crescimento populacional associado ao incremento
do uso dos recursos naturais impunha limites para o crescimento industrial.
Nos anos seguintes, a ocorrência de desastres ambientais – o vazamento de gás em Bhopal,
na Índia; e o acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia –, bem como o sensível aumento da
quantidade de estudos e o número de organizações atentas à evolução das questões
socioambientais, fez com que se estabelecesse a necessidade de um novo modelo de
desenvolvimento.
Em 1983, a ONU criou a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento,
presidida pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. A Comissão
lançou, em 1987, um documento chamado Nosso Futuro Comum, conhecido também como
Relatório Brundtland, que populariza o termo desenvolvimento sustentável, trazendo a sua
definição mais aceita mundialmente até hoje: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende

70
às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações atenderem
às suas próprias necessidades”.
Depois da enorme repercussão do Relatório Brundtland, a ONU organizou, em 1992, a
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Brasil, conhecida
como Eco-92 ou Rio-92. Na ocasião, foram elaborados importantes documentos. Entre eles estão:
a Declaração do Rio, com 27 princípios que norteiam a interação das pessoas com o planeta; a
Convenção Quadro sobre Mudanças Climáticas, que culminou no Protocolo de Quioto; e a
Agenda 21, que traz os princípios básicos para alcançar a sustentabilidade do planeta em meados
do século XXI. Este foi o primeiro documento do gênero a obter consenso internacional.
A preocupação com o impacto ambiental das atividades econômicas obrigava os governos a
conceberem padrões e a regulamentar a ação empresarial. São inauguradas agências reguladoras,
como a Environmental Protection Agency (EPA), nos Estados Unidos; e a Cetesb, no Brasil. Os
empreendedores mais poluidores foram obrigados a se ajustar aos novos limites de poluição. Da
mesma forma, organismos multilaterais, agências de fomento e grandes financiadores públicos,
também são visados pelas pressões da sociedade.
A aprovação de investimentos em grandes projetos e em infraestrutura era contestada por
analisar somente a viabilidade econômica em detrimento do alto impacto ambiental e social que
provocariam. Foi nesse cenário que o Banco Mundial estabeleceu os primeiros Padrões de
Desempenho e de ambiente e sociedade, que incluiriam os critérios socioambientais na análise
de investimentos.
O envolvimento do Banco Mundial em projetos teve o efeito de pontuar ao mercado uma
análise mais cuidadosa e incentivar a participação de novos agentes. Até aquele momento, os
bancos privados não eram lembrados como personagens da tão contestada forma de crescimento
econômico. Com a ampliação da participação de capital privado em grandes empreendimentos, as
instituições financeiras privadas passaram a ser observadas. No fim da década de 1990, nos
Estados Unidos e na Europa, começam as campanhas institucionais contra a atuação de bancos
privados. Promovidas por ONGs, os movimentos refutavam o financiamento a projetos de alto
impacto social e ambiental pelo mundo.
As instituições financeiras reagiram à pressão com um acordo voluntário: em 2003, surgiram
os Princípios do Equador. Por meio desse acordo, as instituições financeiras aplicariam os Padrões
de Desempenhos concebidos pelo International Finance Corporation (IFC) órgão do Banco
Mundial, na avaliação de operações de financiamento de projetos realizadas internacionalmente. No
início, o acordo abordava apenas projetos de valor acima de US$ 50 milhões. A partir de 2006, esse
limite foi diminuído para US$ 10 milhões. O envolvimento das instituições financeiras foi grande e
rápido: o acordo começou com 10 bancos, representando 30% do mercado de Project Finance, e em
dois anos aumentou para 25 bancos, ou seja, 75% do mercado.

71
Dessa forma, os estímulos que levaram os bancos a assumirem os Princípios do Equador foram:
 Maior entendimento dos riscos a que estavam sujeitos.
 Compreensão de que as questões sociais e ambientais deveriam ser tratadas como os seus
próprios problemas.
 Necessidade de assumir a liderança e de boas práticas de responsabilidade social e de
gestão ambiental.
 Assimilação de que as instituições financeiras não podiam mais agir de forma isolada.

Os Princípios do Equador consideravam diretrizes sobre:


 uso de recursos naturais renováveis;
 proteção da saúde humana, cultura e biodiversidade;
 uso de substâncias químicas perigosas;
 padrões de segurança e saúde ocupacional;
 impactos socioeconômicos e
 reassentamento de comunidades.

Os Princípios do Equador se tornaram uma iniciação ao desenvolvimento e fortalecimento


de práticas ambientais e sociais no setor bancário. Depois do seu emprego, os bancos criaram e
aprimoraram várias iniciativas que podem ser divididas em:
 Práticas de gestão interna – política de compras, gerenciamento de resíduos sólidos,
ecoeficiência, etc. e
 Práticas de negócio – crédito responsável, produtos financeiros, política de crédito e
outros mais.

Os Princípios do Equador foram bem estabelecidos em países onde havia o fortalecimento


da participação da sociedade civil, das regras regulatórias e do ambiente institucional. No Brasil, a
mobilização começou com os bancos estrangeiros. Entre outros, eram assinantes o Citibank e o
ABN-AMRO. Em 2004, houve a adesão dos bancos brasileiros Bradesco, Banco Itaú e Unibanco.
O Banco do Brasil, em 2005; e a Caixa Econômica Federal, nos anos seguintes.
Constatou-se que a implantação efetiva dos Princípios do Equador e a inclusão de
mecanismos de transparência de informações e de prestação de contas é a grandiosa meta a ser
empreendida pelas instituições financeiras signatárias. Por conseguinte, esse mecanismo financeiro
voluntário é um exemplo de como as instituições bancárias tentam resguardar-se da ocorrência de
riscos socioambientais.
Em 2014, o Banco Central do Brasil (Bacen) instituiu a Resolução nº 4.327, de 25 de abril
de 2014, que traz as “Diretrizes que devem ser observadas no estabelecimento e na implantação
da Política de Responsabilidade Socioambiental pelas instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil” (BRASIL, 2014).

72
Dessa forma, as instituições financeiras se tornaram corresponsáveis pelos empreendimentos
por elas financiados. O lançamento de várias outras diretrizes pelo Bacen, como a Resolução
nº 4.557, de 23 de fevereiro de 2017, que “Dispõe sobre a estrutura de gerenciamento de riscos e
a estrutura de gerenciamento de capital”, reforçou o compromisso das instituições financeiras de
adotar o estabelecido pelos Princípios do Equador (BRASIL, 2017).

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CONCLUSÃO

Estudamos nesta disciplina que a consciência dos conceitos de perigo e risco surgiu ao
longo do tempo e que estes sempre estiveram e estão no cotidiano do ser humano.
Compreendemos que as catástrofes ambientais nunca se limitaram somente ao impacto
ecológico: elas impactam a população envolvida, a organização, a economia, enfim, todas as partes
interessadas. Ou seja, têm sempre um efeito cascata.
Como consequência, buscando uma ação preventiva, conhecemos a incorporação do
conceito de prevenção de riscos aos estudos ambientais e a necessidade crescente de delimitar
metodologias e técnicas para identificar e classificar o risco.
Entendemos que o gerenciamento de riscos pressupõe trabalhar com probabilidades, com
incertezas, quando há chance de algo acontecer, seja bom ou ruim. Dessa forma, não é uma
ciência exata; por isso, quanto maior a procedimentação e a atualização, maior a chance de sucesso
no seu controle. Todos esses aspectos levam à necessidade de conhecer, mensurar e gerenciar o
risco: torná-lo controlável.
A melhor estratégia para o gerenciamento de riscos é aquela que procura englobar as
dimensões políticas, econômicas, tecnológicas, sociais e ambientais e que sirva como base para a
procura de soluções para o desenvolvimento da organização, da comunidade onde ela está inserida.
Assim, o gerenciamento de riscos se torna primordial e passa a ser entendido como uma
ferramenta que se incorpora a vários níveis da gestão empresarial. A gestão de riscos passa a ter
papel estratégico para a corporação: o melhor gerenciamento permite diferencial competitivo
à organização.
BIBLIOGRAFIA
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Diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.

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Rio de Janeiro: ABNT, 2012.

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Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

______. NBR ISO 9001: Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT,
2015.

______. NBR ISO 19011: Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. Rio de Janeiro: ABNT,
2018.

______. NBR ISO 31000:2018: Gestão de riscos – Diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.

______. NBR ISO 45001:2018: Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional –


Requisitos com orientação para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.

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e relatar. São Paulo: Tocalino, 2004.

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John Wiley & Sons, 1992.

BRASIL. Resolução nº 4.327, de 25 de abril de 2014. Banco Central do Brasil. Dispõe sobre as
diretrizes que devem ser observadas no estabelecimento e na implementação da Política de
Responsabilidade Socioambiental pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central do Brasil.

______. Resolução nº 4.557, de 23 de fevereiro de 2017. Banco Central do Brasil. Dispõe sobre a
estrutura de gerenciamento de riscos e a estrutura de gerenciamento de capital.

76
AQUINO, J. D. Sistemas de gestão da qualidade, de meio ambiente e de segurança e saúde no
trabalho: um estudo para o setor químico brasileiro. 2003. Tese (Doutorado em Saúde Pública) –
Faculdade de Saúde Pública, Universidade do Estado de São Paulo, São Paulo.

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content/uploads/2013/11/P4261-revisada.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2018.

______. Análise de risco tecnológico. São Paulo: Cetesb, 2018. Disponível em:
<https://cetesb.sp.gov.br/analise-risco-tecnologico>. Acesso em: 21 jul. 2018.

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Janeiro: DNV, 2006. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/_2.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018.

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riscos. 1996. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação
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KAPLAN, S.; GARRICK, B. J. On the quantitative definition of risk. Risk Analysis, n. 1, p. 11-
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MANNAN, S. Lees’ loss prevention in the process industries. 3. ed. Elsevier Butterworth-
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MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 1995.

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Sistema de gestão da saúde e segurança ocupacional – Requisitos. 2007.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT). Diretrizes sobre sistemas de


gestão da segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Fundação Jorge Duprat Figueiredo de

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Segurança e Medicina do Trabalho, 2005. Título original: Guidelines on Occupational Safety
and Health Management Systems – ILO-OSH 2001. Tradução: Gilmar da Cunha Trivelato.
Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/detalhe/
2013/3/diretrizes-sobre-sistemas-de-gestao-da-seguranca-e-saude-no-trabalho>. Acesso em: 19 jul.
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VALLE, C. E. do. Qualidade Ambiental – ISO 14000. São Paulo: Senac, 2002.

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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 26000:
Diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
Nesta norma, é promovida uma compreensão comum da área de responsabilidade social,
complementar a outros instrumentos e iniciativas. Não é de sistema de gestão: uma vez
que não contém requisitos, qualquer certificação não seria uma demonstração de
conformidade com este documento. Dessa forma, não visa nem é apropriada a fins de
certificação ou uso regulatório ou contratual.

______. NBR ISO 31000:2018: Gestão de riscos – Diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
Neste documento, na sua versão mais recente, são fornecidas diretrizes para gerenciar
riscos enfrentados pelas empresas. A aplicação destas diretrizes pode ser personalizada
para qualquer organização e o seu contexto. Também fornece uma abordagem comum
para gerenciar qualquer tipo de risco e não é específico para qualquer indústria ou setor.
Por fim, pode ser usado ao longo da vida da corporação e aplicado a qualquer atividade,
incluindo a tomada de decisão em todos os níveis.

______. NBR ISO/IEC 31010: Gestão de riscos – Técnicas para o processo de avaliação de riscos.
Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
Esta é uma norma de apoio à ABNT NBR ISO 31000 e fornece orientações sobre a
seleção e aplicação de técnicas sistemáticas para o processo de avaliação de riscos. A
aplicação de uma série de técnicas é introduzida, com referências específicas a outras
normas onde o conceito e a aplicação de técnicas são descritos mais detalhadamente.
Não se refere a todas as técnicas, e a omissão de uma técnica neste documento não
significa que ela não é válida. Esta norma não se destina à certificação, uso regulatório ou
contratual.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (Cetesb). Norma Técnica


P4.261: Risco de acidente de origem tecnológica – Método para decisão e termos de referência. 2.
ed. São Paulo: Cetesb, dez./2011. Disponível em: <https://www.cetesb.sp.gov.br/wp-
content/uploads/2013/11/P4261-revisada.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2018.
Nesta obra, o objetivo é sistematizar e aprimorar as metodologias utilizadas na
elaboração de EAR e de PGR em atividades consideradas perigosas. O conteúdo
contempla também quatro partes. A Parte I – Classificação de empreendimentos quanto
à periculosidade instrui a tomada de decisão quanto à necessidade de apresentar um EAR
ou de um PGR de Risco para os empreendimentos industriais durante o processo de

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licenciamento ambiental. A Parte II – Termo de referência para a elaboração de EAR
para empreendimentos pontuais e a Parte III – Termo de referência para a elaboração de
EAR para dutos apresentam as orientações básicas para a elaboração de EAR e
demonstra a visão da Cetesb quanto à interpretação e à avaliação dos resultados. A Parte
IV – Termo de referência para a elaboração de PGR oferece as orientações básicas para a
elaboração de PGR.

FREITAS, C. M. Acidentes químicos ampliados: incorporando a dimensão social nas análises de


riscos. 1996. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação
Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.
Neste estudo, o objetivo é comprovar como os riscos de acidentes químicos ampliados são
um problema para as sociedades contemporâneas e como as ciências sociais podem e devem
colaborar para as suas análises, desenvolvendo estratégias de gerenciamento. Entre as décadas
de 1970 e 1980, diversas transformações nas sociedades contemporâneas contribuíram para
o aumento da frequência e da gravidade dos acidentes e para o desenvolvimento e a
consolidação do campo de análises de riscos. Por fim, demonstra-se que os riscos não são
compostos somente das dimensões biológicas, químicas e físicas, e que as análises de riscos
não são respostas apenas técnicas ao problema, mas também políticas.

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PROFESSORES-AUTORES
Edson Fernando Escames, arquiteto pela Universidade Mackenzie com especializações em
Ciência Ambiental e Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP); mestre e doutor
em Energia pela Universidade Federal do ABC (UFABC). Desenvolve trabalhos de gestão
socioambiental relacionados ao sistema de geração hidro-termoelétrica da Empresa Metropolitana
de Águas e Energia (Emae). É professor universitário da Universidade de Santo Amaro (Unisa) e
do FGV Online.

Luciana Escames, geógrafa pela USP, com especialização em Gestão Integrada de Meio
Ambiente, Segurança e Saúde no Trabalho pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(Senac). Desenvolve trabalhos voltados a Planejamento, Estudos de Viabilidade Ambiental,
Análises de Risco e Licenciamento Ambiental de Empreendimentos relacionados ao sistema
elétrico e transporte de óleo e gás.

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