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GERÊNCIA DE RISCOS

RESUMO

Esta unidade é relativa à disciplina Gerência de Riscos, do curso de Pós-Graduação


em Engenharia de Segurança do Trabalho. Basicamente, foram abordados aspectos
históricos relevantes ao risco e a sua gerência; conceitos e terminologias inerentes à
ciência da gestão de riscos; fatores humanos com potenciais contributivos de
consequências indesejáveis; classificação e evolução dos riscos; principais normas
relativas à gerência de riscos; principais técnicas de identificação de perigos,
avaliação e análise de riscos e, por último, abordou-se o financiamento de riscos.
Esta disciplina é de extrema importância devido aos acidentes e doenças do
trabalho que ocorrem com grande frequência no Brasil e no mundo vide a
negligência no que tange aos aspectos relacionados à prevenção e à gestão dos
riscos nas organizações.

Palavras-chave: Gerência de Riscos. Segurança do Trabalho. Prevenção.


Organizações.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................... 2
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 5
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................. 7
1.1 BREVE HISTÓRICO E O PREVENCIONISMO ............................................. 7
1.2 ESTUDOS PREVENCIONISTAS RELEVANTES .......................................... 9
1.3 FATOR HUMANO ........................................................................................ 11
1.4 CONCEITOS E TERMINOLOGIA ................................................................ 14
1.4.1 Risco ............................................................................................................ 14
1.4.2 Perigo ........................................................................................................... 16
1.4.3 Perigos e Riscos .......................................................................................... 17
1.4.4 Identificação de perigos ............................................................................... 18
1.4.5 Análise de riscos .......................................................................................... 18
1.4.6 Avaliação de riscos ...................................................................................... 18
1.4.7 Gestão de Riscos ......................................................................................... 19
1.4.8 Dano............................................................................................................. 19
1.4.9 Acidente ....................................................................................................... 19
1.4.10 Segurança................................................................................................. 20
1.4.11 Perdas....................................................................................................... 20
1.4.12 Sistema ..................................................................................................... 20
1.4.13 Probabilidade ............................................................................................ 20
1.4.14 Confiabilidade ........................................................................................... 21
1.4.15 Sinistro ...................................................................................................... 21
1.4.16 Ato inseguro .............................................................................................. 21
1.4.17 Condição insegura .................................................................................... 21
1.4.18 Fator pessoal de insegurança (fator pessoal) ........................................... 22
1.4.19 Incidente ................................................................................................... 22
CAPÍTULO 2 - PROCESSO DE GERÊNCIA DE RISCOS ..................................... 23
2.1 CLASSIFICAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS RISCOS ......................................... 23
2.1.1 Riscos Puros ................................................................................................ 24
2.1.2 Riscos Especulativos ................................................................................... 25
2.2 NORMAS SOBRE GERENCIAMENTO DE RISCOS ................................... 26
2.2.1 Abordagem da OHSAS 18001:2007 ............................................................ 27

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
2.2.2 Abordagem da ISO 45001:2018 ................................................................... 29
2.2.3 Outras Normas Sobre Gestão de Riscos ..................................................... 30
2.3 METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS ............................... 32
CAPÍTULO 3 - ANÁLISE DE RISCOS ................................................................... 36
3.1 PRIMEIRA ETAPA: FASES DE IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS ................ 36
3.1.1 Segunda Etapa: Fase de Análise de Riscos ................................................ 37
3.1.2 Terceira Etapa: Fase de Avaliação de Riscos .............................................. 37
3.1.3 Quarta Etapa: Tratamento dos Riscos ......................................................... 38
3.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCOS ........................................................ 38
3.2.1 Técnica do Incidente Crítico (TIC) ................................................................ 38
3.2.2 What If/ E Se...? (WI) ................................................................................... 39
3.2.3 Análise Preliminar de Risco (APR) ............................................................... 40
3.2.4 Série de Riscos (SR) ou Análise por Árvore de Eventos (AAE) ................... 43
3.2.5 Análise de Modos de Falhas e Efeitos – AMFE ........................................... 45
3.2.6 HAZOP – Estudos de identificação de perigos e operabilidade ................... 47
3.2.7 Análise por Árvore de Falhas (AAF) ............................................................. 49
3.3 TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE RISCOS ................................................... 50
3.3.1 Análise de Causa e Consequências (ACC) .................................................. 50
3.3.2 O método dos cinco “Porquês” – 5 W .......................................................... 51
CAPÍTULO 4 - FINANCIAMENTO DE RISCOS ..................................................... 52
4.1 NOÇÕES BÁSICAS E PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO DE SEGUROS ...
..................................................................................................................... 52
4.2 ETAPAS DO FINANCIAMENTO DE RISCOS ............................................. 56
4.2.1 Retenção de Riscos ..................................................................................... 57
4.2.2 Transferência de Riscos............................................................................... 59
4.3 SEGURO OU AUTOSSEGURO? ................................................................ 60
4.4 DEFINIÇÃO DE NÍVEIS DE FRANQUIA...................................................... 62
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 65

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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

Não é de hoje que a sociedade vivencia o descaso com a segurança e a saúde


do trabalho. Apesar de não ter essa consciência, o homem pré-histórico já lidava
diretamente com o risco, através de atividades básicas para sua sobrevivência.

“O homem pré-histórico procurava proteção contra animais ferozes


adestrando-se na caça e vivendo em cavernas. Inicialmente, a maneira com
a qual subsistia e enfrentava os perigos era devida à sua astúcia,
inteligência superior e uso de suas mãos. Com a descoberta do fogo e das
armas e a própria organização tribal com maior planejamento e ação grupal,
o homem evoluiu cientificamente e obteve maior proteção, porém, novos
riscos foram introduzidos. A invenção do machado de pedra, um avanço
para assegurar alimentação para si e sua família, incorria em graves
acidentes devido a práticas insegura sem seu manejo. Portanto, tanto o
homem pré-histórico quanto o da Idade da Pedra já estavam
constantemente expostos a perigos na vida diária, em sua luta pela
existência”. (FIGUEIREDO JÚNIOR, 2009).

Com o advento da era industrial, numa fase em que as máquinas estavam a


todo vapor, os índices de acidentes começaram a preocupar pessoas e empresas
que, conscientizadas, futuramente buscariam entender as causas daqueles eventos
e propor medidas de controle que visassem gerenciar os riscos no trabalho.
Nesse sentido, a disciplina de Gerência de Riscos fornece noções gerais e
importantes sobre os principais conceitos relacionados à área do gerenciamento de
riscos, na visão da segurança e da saúde do trabalho. Além disso, a disciplina cobre
as principais técnicas de identificação de perigos, de avaliação e análise de riscos
presentes nas principais bibliografias, que aqui serão apresentadas.
No primeiro capítulo, será apresentada uma breve introdução do histórico dos
riscos e da sua gerência, além de abordar aspectos relacionados ao prevencionismo
através do relato de alguns estudos prevencionistas relevantes. Logo em seguida,
serão estudados o fator humano e a sua contribuição para os eventos indesejáveis,
e para finalizar, uma série de conceitos e terminologias necessárias para o
entendimento satisfatório da disciplina será introduzida.
No segundo capítulo, intitulado Processo de Gerência de Riscos, serão
apresentadas a classificação e a evolução dos riscos empresariais, e em seguida
serão abordadas as principais normas sobre gestão de riscos, bem como suas mais

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recentes atualizações. Ao final do capítulo, a metodologia da gerência de riscos será


abordada.
No terceiro capítulo, Análise de Riscos, serão esmiuçadas as principais
técnicas de análise e avaliação de riscos, por meio da representação de quadros,
organogramas, fluxogramas e tabelas próprios que contribuem para o entendimento
mais facilitado por parte do aluno.
E por fim, no último capítulo, intitulado Financiamento de Riscos, serão
exploradas noções sobre financiamento de riscos no ambiente empresarial.

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1 BREVE HISTÓRICO E O PREVENCIONISMO

Os estudos pioneiros de Willie Hammer, especialista em Segurança de


Sistemas, em meados dos anos 70, sobre prevencionismo, foram essenciais para se
alcançar o estágio atual de prevenção de danos, potenciais causadores de perdas
diversas, sejam elas pessoais, materiais ou ambientais. A ideia da prevenção do
dano antes que ele pudesse ocorrer entrou em cena a fim de eliminar situações
indesejáveis no ambiente de trabalho.
A Engenharia de Segurança passou a considerar o fator administrativo atrelado
ao fator técnico, este até então esquecido pelas pesquisas desenvolvidas à época,
para solucionar problemas em sistemas de caráter técnico-administrativo de maneira
eficaz.
Com esse olhar mais abrangente, tornou-se mais capacitada para o processo
de gerenciamento de riscos, no que tange às metodologias de identificação de
perigos e análise de riscos.
Conforme Sell (1995) citado por Webster (2001),

“[...]num sistema de trabalho, em seu estado ideal, os fatores técnicos,


organizacionais e humanos estão em harmonia. Por ocasião de um acidente
ou quase acidente, essa harmonia é perturbada. Estritamente falando, não
existiria causas técnicas e/ou organizacionais para um acidente, em última
análise, os mesmos dependeriam da conduta de pessoas. Essas pessoas
poderiam ser os projetistas, os construtores, os organizadores do trabalho,
os mantenedores, e/ou os próprios trabalhadores”. (SELL, 1995 apud
WEBSTER, 2001).

Diversos autores, entre eles Jackson e Carter (1992), convergem no sentido de


reconhecer que o risco está diretamente associado à falha de um sistema. A
possibilidade de um sistema falhar pode ser traduzida em recurso estatístico, à
probabilidade, cujo conceito será visto adiante.
Outra definição bastante relevante é a proposta por De Cicco e Fantazzini
(1985), acerca da gerência de riscos,

“a ciência, a arte e a função que visa a proteção dos recursos humanos,


materiais e financeiros de uma empresa, quer através da eliminação ou
redução de seus riscos, quer através do financiamento dos riscos

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remanescentes, conforme seja economicamente mais viável” (DE CICCO;


FANTAZZINI, 1985).

Nesse sentido, entende-se como gerência de risco a ciência que visa à


proteção dos recursos da organização, no que tange à eliminação ou redução dos
riscos. Em casos específicos, nos quais se demonstre viabilidade econômica, o
financiamento dos riscos pode ser estudado como uma boa alternativa de gestão.
Através da gestão de riscos é possível identificar cenários de acidentes que
antes eram ignorados pela organização, devido à falta de uma sistematização. A
maior parte das empresas utiliza-se do processo de gestão de riscos de forma
intuitiva. Na maioria das vezes, o tratamento dos riscos segue o processo da
tentativa e erro, reagindo aos eventos indesejáveis só depois que eles ocorrem. A
gestão de riscos é a melhor forma de aprendizado organizacional (MORAES, 2010).
É importante salientar que o processo de gestão de riscos é composto pela
identificação do perigo, avaliação do risco, comparação com riscos tolerados e
tratamento dos riscos. Nessa última etapa, as decisões são tomadas de modo a
eliminar, reduzir, reter ou transferir os riscos levantados nas fases anteriores
(CARDELLA, 1999).

Figura 1 - Processo da Gestão de Riscos

Comparar
Identificar Avaliar Tratar
com Risco
Perigos Riscos Riscos
Tolerado

Fonte: Adaptado de Cardella,1999. p.72.

O Brasil permanece ainda hoje como um dos países com maiores índices de
acidentes de trabalho no mundo. Segundo o Anuário Estatístico da Organização
Internacional do Trabalho – OIT (2009), o país ocupa a oitava posição em número
de acidentes e a quarta posição tratando-se de acidentes fatais.
A seguir abordaremos alguns estudos importantes relacionados aos primeiros e
mais relevantes estudos que surgiram visando a prevenção dos riscos.

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1.2 ESTUDOS PREVENCIONISTAS RELEVANTES

Como percebe-se, diversos foram os estudos que contribuíram para que


chegássemos ao patamar de controle de riscos que temos hoje. Dentre eles,
destacam-se os estudos prevencionistas de Heinrich, Bird e Fletcher.

Estudos de H.W. Heinrich


Heinrich foi um dos engenheiros e estudiosos que defendiam ações
direcionadas a mitigar os acidentes antes mesmo que esses viessem a ocorrer. Em
meados dos anos 30, foi o responsável por introduzir a noção de acidentes sem
lesões ou, em outras palavras, acidentes com danos à propriedade, ao bem
material.
Através do seu empenho na confecção da obra Industrial Accident Prevention,
o engenheiro H.W. Heinrich descobriu que, em média, para cada acidente com lesão
incapacitante, ocorriam 29 lesões leves (não incapacitantes) e 300 acidentes sem
lesões, como ilustrado na pirâmide abaixo,

Figura 2: Pirâmide de Heinrich

Fonte: CTISM. Adaptado de Cicco; Fantazzini, 2003

Para Heinrich, existiam alguns fatores que influenciavam diretamente à


concretização dos acidentes, observe:

“Heinrich em sua obra "Industrial Accident Prevention”, aponta que os


acidentes de trabalho, com ou sem lesão, são devidos à personalidade do
trabalhador, à prática de atos inseguros e à existência de condições
inseguras nos locais de trabalho. Supõe-se, desta forma, que as medidas
preventivas devem ater-se ao controle destes três fatores causais”
(FIGUEIREDO JUNIOR, 2009).

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Frank E. Bird Jr.


Cerca de duas décadas depois, aproveitando-se dos estudos de Heinrich, o
também engenheiro Bird Jr, propôs um novo estudo intitulado Damage Control que
também gerou resultados impactantes.
Através da análise de mais de 90 mil acidentes ocorridos na siderúrgica
Luckens Steel entre os anos de 1959 e 1966, chegou-se à proporção de 1:10:500,
ou seja, em média, para cada acidente com lesão incapacitante, havia 100 lesões
leves, 500 acidentes com danos à propriedade.

Figura 3: Pirâmide de Bird

Fonte: CTISM. Adaptado de Cicco; Fantazzini, 2003.

Bird Jr. traz consigo uma nova ideia que incluía no conceito de acidente
aqueles eventos que resultavam em danos materiais. Observe o que escreveu
Figueiredo Júnior (2009) acerca disso,

“A partir dos estudos de Bird, além das lesões pessoais também


começaram a ser considerados como acidentes, quaisquer acontecimentos
que gerassem danos à propriedade, ou seja, aqueles acontecimentos que
provocassem perdas para a empresa, mesmo que substanciais, em termos
de materiais e equipamentos” (FIGUEIREDO JÚNIOR, 2009).

Insurance Company of North America (ICNA)


Esse estudo foi realizado em 1969 nos Estados Unidos e mostrou-se bastante
representativo por abranger 1.753.498 acidentes registrados por 297 organizações,
que empregavam 1.750.000 trabalhadores.

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Conforme os estudos obtidos pela ICNA, a cada acidente com lesão


incapacitante associam-se 10 acidentes com lesões não incapacitantes, 30
acidentes com danos à propriedade e 600 acidentes sem lesão ou danos visíveis
(quase-acidentes).

Figura 4: Estudo das proporções de acidentes. Insurance Company of North America

Fonte: DE CICCO; FANTAZZINI (1993).

Diante dos estudos prevencionistas demonstrados acima, cabe ressaltar a


relevância de se combater os fatores que se encontram na base da pirâmide, já que
os mesmos são muito frequentes. Simplificando, é preciso o emprego de ações
preventivas para inibir os comportamentos de risco e os incidentes (quase
acidentes) a fim de evitar que ocorram lesões mais graves e fatalidades.

1.3 FATOR HUMANO

É fato que todo ser humano está sujeito a erros. Porém, uma empresa ou
organização precisa entender a origem das falhas humanas para evitar
consequências indesejáveis como os acidentes. Para tanto, faz-se necessário que o
gerenciamento das falhas humanas esteja contemplado no sistema de gestão de
segurança das empresas.

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O erro humano pode ser do tipo intencional ou não intencional. O hexágono


das causas abaixo, proposto por Couto (2009), elenca as principais causas do erro
humano.

Figura 5: Hexágono de causas do erro humano

Fonte: CTISM, COUTO, 2009

Deslizes
Os deslizes, classificados como não intencionais e, por isso, inerentes aos
seres humanos, ocorrem no ato de execução da tarefa. Duram cerca de segundos
ou minutos. Geralmente ocorrem em tarefas de rotina, feitas de maneira automática,
quando há uma distração ou ainda em uma mudança de rotina.
Causas: esquecer-se de fazer algo e fazer outra atividade; acionamento de
botão/tecla errados.
Possível solução: Já que se trata de falta de atenção, o treinamento puro não
resolverá. É necessário, nesse caso, a elaboração de mecanismos que adotem
ações corretivas para quando o deslize ocorrer.

Condições ergonômicas inadequadas


Condições ergonômicas inadequadas surgem quando o indivíduo comete erro
devido à disposição estrutural do ambiente ao qual ele interage e trabalha.

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Causas: pressão da chefia e sobrecarga de trabalho; equipamentos e


instrumentos inadequados para execução do trabalho.
Possível solução: Adaptação do local de trabalho à rotina operacional do
trabalhador; fortalecimento do diálogo entre o empregador e os empregados.

Falta de aptidão física ou mental


Esse tipo de falha ocorre com indivíduos expostos a trabalhos estressantes,
ruídos excessivos e trabalhadores que fazem uso de drogas e medicamentos.
Possível solução: Acompanhamento periódico da saúde física e mental dos
empregados.

Falta de capacidade
Pode ser entendido como o despreparo do indivíduo para lidar com
determinada atividade, geralmente decorrente da ausência de treinamento ou da
participação em treinamentos deficientes.
Possível solução: Treinamentos periódicos; melhoria no controle de qualidade
dos treinamentos.

Falta de informação
Decorre da falta de comunicação; informação incorreta, confusa ou distorcida.
Possível solução: Melhorar a comunicação entre os trabalhadores, e também
fortalecer o diálogo entre empregador e empregado.

Motivação incorreta
Situação em que o profissional possui todos os requisitos necessários para o
cargo que exerce (qualidade profissional, informação necessária e treinamento
adequado), e ainda assim executa a tarefa de forma errada.
Possível solução: Treinamentos sobre valores e incentivos por parte dos
empregadores.

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1.4 CONCEITOS E TERMINOLOGIA

Segundo Willie Hammer, conforme citado por De Cicco e Fantazzini (1985,


p.8),

"Acidentes ocorrem desde os tempos imemoriais, e as pessoas têm se


preocupado igualmente com sua prevenção há tanto tempo.
Lamentavelmente, apesar de o assunto ser discutido com frequência, a
terminologia relacionada ainda carece de clareza e precisão. Do ponto de
vista técnico, isto é particularmente frustrante, pois gera desvios e vícios de
comunicação e compreensão, que podem aumentar as dificuldades para a
resolução de problemas. Qualquer discussão sobre riscos deve ser
precedida de uma explicação da terminologia, seu sentido preciso e inter-
relacionamento”. (HAMMER apud DE CICCO & FANTAZZINI (1985, p8).

Daí a importância de se entender a terminologia de maneira correta,


melhorando a comunicação no trabalho e evitando dúvidas que possam dificultar a
resolução dos problemas (gerência dos riscos). A seguir veremos alguns dos
conceitos mais importantes relacionados à temática da gerência de riscos.

1.4.1 Risco
Nesta seção apresentaremos alguns conceitos e terminologias relevantes à
compreensão do gerenciamento de riscos. O primeiro termo é sobre riscos, você irá
aprender a diferenciar risco de perigo. O termo risco difere do perigo por ter a
probabilidade de ocorrência a um determinado evento potencialmente perigoso à
integridade física do trabalhador, e dos equipamentos do ambiente de trabalho, em
decorrência da efetividade e da exposição direta do trabalhador ao perigo.
Na visão de Torreira (1997), risco é a medida das probabilidades e
consequências de todos os perigos de uma atividade ou condição. É a possibilidade
de dano, prejuízo ou perda
A norma OHSAS 18001 de 2007, assim define risco,
“[...] a combinação da probabilidade de ocorrência de um evento perigoso ou
exposições com a gravidade da lesão ou doença que pode ser causada pelo evento
ou exposições” (OHSAS, 2007).

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Assim sendo, teremos um risco somente quando estivermos expostos ao


perigo. Sendo:
R= P x S
Sendo:
R = risco
P = probabilidade
S = severidade (consequência, severidade)

Percebe que o risco é a grandeza diretamente proporcional a duas variáveis:


probabilidade e severidade. Ou seja, quanto maior a probabilidade e a severidade,
maior é o risco, e quanto menor for a probabilidade e a severidade, menor será o
risco. Segundo a OHSAS (2007), o risco pode ser dividido em três interpretações,
são elas:
Risco Aceitável: Risco que foi reduzido a um patamar que pode ser tolerado
pela organização/empresa, levando em consideração suas obrigações legais e a sua
própria política de saúde, das pessoas envolvidas e da segurança do trabalho.
Risco Potencial: Ele está associado ao fato da resistência do corpo,
eventualmente atingido, ser inferior a uma determinada energia.
Risco Efetivo: É a probabilidade de o homem estar exposto a um risco
potencial.

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SE LIGA!
- Reflita sobre essa imagem que você vê...
Descalço, em uma escada de metal, mergulhada em uma piscina, molhado,
manipulando equipamento elétrico e próximo a rede elétrica!
- Há Segurança no Trabalho?

Figura 6: Manutenção elétrica

Fonte: GANZAROLLI, 2014.

1.4.2 Perigo
Existem diversas definições acerca do significado do termo perigo. No contexto
da segurança do trabalho, é comum encontrarmos que perigo é a situação com
potencial grande de causar danos à integridade física do trabalhador e aos
equipamentos do ambiente de trabalho.
A norma regulamentadora nº 10 – NR 10 , do Ministério do Trabalho e
Emprego – MTE, determina o termo perigo como toda situação ou condição de risco
com probabilidade de causar lesão física ou danos à saúde das pessoas, por
ausência de medidas de controle.
Segundo OHSAS (2007),
"Perigo é a fonte ou situação com potencial para o dano em termos de lesões
ou ferimentos para o corpo humano, ou danos à saúde, para o patrimônio, para o
ambiente do local de trabalho" (OHSAS, 2007).
Na mesma linha, Tavares (1996), sustenta que perigo é a fonte, situação ou ato
com potencial para provocar danos humanos em termos de lesão e/ou doença.

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SAIBA MAIS! – Nível de perigo


Um perigo pode estar presente, mas pode haver baixo nível de perigo, devido às
preocupações tomadas. Assim, por exemplo, um banco de transformadores de alta
voltagem possui um perigo inerente de eletrocussão, uma vez que esteja
energizado. Há um alto nível de perigo se o banco estiver desprotegido, no meio de
uma área com pessoas. O mesmo perigo estará presente quando os
transformadores estiverem trancados num cubículo sob o piso. Entretanto, o nível de
perigo agora será mínimo para o pessoal. Vários outros exemplos podem ser
criados, mostrando como os níveis de perigo diferem, ainda que o perigo se
mantenha o mesmo. (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003).

1.4.3 Perigos e Riscos


A relação prática entre perigo e risco é demonstrada no quadro abaixo,

Quadro 1: Relação entre perigo e risco.


Perigos Riscos
Substância: Carcinógeno Probabilidade de um pesquisador contrair câncer no
longo prazo por exposição ao benzeno.
Eletricidade: Energia Probabilidade de um trabalhador de manutenção ser
eletrocutado por contato com fio elétrico danificado e de
um instrumento.
Manuseio Probabilidade de uma pessoa sofrer lesão nas costas por
levantar manualmente um equipamento que pesa 40 kg.
Substância: Sangue Probabilidade de um funcionário sofrer lesão,
infectado contaminado por seringa ao coletar uma amostra de
sangue infectado.
Fonte: MORAES, 2010.

Nota-se que um perigo é algo com o potencial para causar um dano, como as
substâncias químicas e os sistemas energizados, já o risco está associado à
frequência e à probabilidade que a doença, dano ou até a morte pode resultar por
causa de um perigo (MORAES, 2010).

IMPORTANTE!
Risco e Perigo não são a mesma coisa... A diferença entre os termos está no fato de
que, o risco está relacionado à exposição a um certo perigo, enquanto o perigo é a

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própria fonte com potencial para causar danos diversos.


O perigo, como fonte, pode ser uma máquina rotativa, uma superfície quente, o fogo,
um produto químico, um chão escorregadio etc. O risco surge somente se houver
exposição do trabalhador a essas fontes de perigo, ou seja, quando há uma
aproximação do trabalhador à fonte de perigo.
- Para ler mais sobre o assunto acesse: <http://ambientesst.com.br/risco-x-perigo/>
- Assista a esse vídeo para entender a diferença entre perigo e risco de uma forma
ilustrativa: <https://www.youtube.com/watch?v=aIjwdWgxbXo>

1.4.4 Identificação de perigos


“Processo de reconhecimento de que um perigo existe e definição de suas
características” (TAVARES, 1996).

1.4.5 Análise de riscos


A análise de risco é um estudo das ameaças futuras, considerando o
levantamento do local, tipo do negócio, bens patrimoniais e pessoas a serem
protegidas.
Ao analisar um risco devem-se considerar suas causas, probabilidade de
ocorrência e gravidade dos danos. As causas podem ser oriundas da interação
humana ou material em determinado evento concretizando um perigo que pode
resultar em danos (MACHADO, 2015 apud NADRUZ, 2014).
Para Cardella (1999, p. 106), “[...]a análise de riscos é o estudo detalhado de
um objeto com a finalidade de identificar perigos e avaliar os riscos associados. O
objeto pode ser organização, área, sistema, processo, atividade, intervenção”.

1.4.6 Avaliação de riscos


“Processo de avaliação de riscos provenientes de perigos, levando em
consideração a adequação de qualquer controle existente e decidindo se o risco é
ou não é aceitável” (TAVARES, 1996).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
19

1.4.7 Gestão de Riscos


Para Moraes (2010), gestão de riscos é
“[...] o termo aplicado quando se implementa e mantém uma sistemática de
identificação, análise, avaliação, tratamento, monitoramento e comunicação
dos riscos associados a uma determinada atividade, função ou processo,
utilizando metodologias, ferramentas e estratégias reconhecidas. Esse
processo permitirá que as organizações possam atuar preventivamente,
minimizando sua vulnerabilidade à ocorrência de acidentes que possam
resultar em grandes perdas humanas e materiais”.

A gestão de riscos vai além de meramente identificar os riscos no ambiente de


trabalho, ela atua nas melhorias dos processos, atividades e métodos de trabalho
em busca de minimizar as perdas decorrentes dos eventos indesejáveis, atuando
preventivamente. Sua implementação requer uma mudança no pensamento
organizacional (MORAES, 2010).

1.4.8 Dano
É a severidade da lesão ou perda física, funcional ou econômica decorrente da
perda de controle sobre um risco (TAVARES, 1996).

IMPORTANTE!
“Um operário desprotegido pode cair de uma viga a 3 m de altura, resultando
um dano físico, por exemplo, uma fratura na perna. Se a viga estivesse
colocada a 90 metros de altura, ele com boa certeza estaria morto. O perigo
(possibilidade) e o nível de perigo (exposição) de queda são os mesmos,
entretanto a diferença existe apenas na gravidade do dano que poderia
ocorrer com a queda”. (DE CICCO; FANTAZZINI, 1985).

1.4.9 Acidente
Acidente é a ocorrência normal que contém evento danoso. Danos e perdas,
ainda que desprezíveis, sempre ocorrem (CARDELLA, 1999).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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1.4.10 Segurança
É constantemente entendida como “ausência de riscos”. Porém, é muito
improvável a eliminação dos riscos por completo. Define-se assim, a segurança
como uma condição ou conjunto de condições que objetivam uma relativa proteção
contra um determinado risco (SOUZA, 2012).

1.4.11 Perdas
As perdas geralmente podem ser avaliadas em relação aos custos de reparo
do equipamento danificado, despesas médicas e hospitalares, lucro cessante,
aumento da taxa de seguro etc. Quando remete à vida humana, a discussão se
acentua, pois, esta não possui preço, embora possa haver estipulação de valor para
efeito de indenização de seguro. (TAVARES, 1996).

1.4.12 Sistema
Souza (2012) define sistema como sendo um arranjo ordenado de
componentes que estão inter-relacionados e que vão atuar e interatuar com outros
sistemas, para cumprir uma determinada função ou objetivo previamente definido,
em um ambiente.

1.4.13 Probabilidade
“É o grau de possibilidade de que um evento ocorra”. (ABNT, 2005). Nessa
hora, é importante pensar nos princípios do Gerenciamento proativo, que concede
uma visão mais holística sobre o todo.

SE LIGA!
O que é Gerenciamento proativo?
O objetivo de um Gerenciamento proativo é aumentar a probabilidade e o impacto
dos eventos positivos (oportunidades) e reduzir a probabilidade e o impacto dos
eventos negativos (ameaças) do projeto.
Saiba mais: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/o-
gerenciamento-proativo-de-problemas-e-a-prevencao-dos-incidentes/47119

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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1.4.14 Confiabilidade
“É a probabilidade de um equipamento ou sistema desempenhar
satisfatoriamente suas funções específicas por um período específico de tempo, sob
um dado conjunto de condições de operação” (FIGUEIREDO JÚNIOR, 2009).

1.4.15 Sinistro
“Prejuízo sofrido por uma organização com garantia de ressarcimento por
seguro ou outros meios” (TAVARES, 1996).

1.4.16 Ato inseguro


Ato inseguro é a maneira como o indivíduo (trabalhador) se expõe consciente
ou inconsciente a riscos de acidentes. Oliveira (2003) diz que o presente ato gera
um questionamento muito grande em relação à figura do “Ato inseguro”, para ele,
não é o comportamento do trabalhador carregado de erros no trabalho, mas a
parcialidade com que é utilizado na definição causal dos acidentes. Ou seja, o erro
cometido no trabalho, embora seja indesejável, é passível de ocorrer e todos podem
incorrer contra o ato.

1.4.17 Condição insegura


A condição insegura diz respeito ao risco condicionado, pelo ambiente de
trabalho, a todo trabalhador em execução de suas atividades. É necessário pensar
que a amplitude de um ambiente inseguro, afeta também as instalações do local,
podendo desencadear processos dificultadores ao meio ambiente e ao próprio
patrimônio.
A seguir, algumas possíveis condições de insegurança no ambiente de trabalho
podem ser vistas, a saber:
 Inadequação nos equipamentos de temperatura do ambiente;
 Piso escorregadio, causando danos ao trabalhador e às partes
envolvidas;
 Materiais perfurocortantes e/ou materiais perigosos/danosos em locais
inapropriados para suas devidas condições de armazenagem;
 Falta de iluminação ou iluminação excessiva, dentre outros.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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1.4.18 Fator pessoal de insegurança (fator pessoal)


“Causa relativa ao comportamento humano, que pode levar à ocorrência do
acidente ou a prática do ato inseguro” (ABNT, 2001).

1.4.19 Incidente
Segundo Tavares (1996), incidente pode ser entendido como o evento, no qual
ocorreu ou poderia ter ocorrido lesão, doença ou fatalidade. Se não há lesões,
doenças ou fatalidades decorrentes do incidente, ele é classificado como “quase
acidente, quase perda, ocorrência anormal”; ou ainda de “ocorrência perigosa”.

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CAPÍTULO 2 - PROCESSO DE GERÊNCIA DE RISCOS

2.1 CLASSIFICAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS RISCOS

Não é de hoje que se estabeleceu uma relação entre o homem e a gestão de


riscos. O homem, continuamente, se viu embarcado em riscos e teve que aprender a
encarar as consequências. Na atualidade, estudiosos e cientistas têm se
empenhado a estudar e desvendar técnicas para amenizar riscos de trabalho.
Neste capítulo, estudaremos a natureza dos riscos, bem como suas normas,
para isso, classificaremos os riscos em duas modalidades: Puros (estáticos) e,
Especulativos (dinâmicos). A figura a seguir, demonstra de forma clara através de
um estudo de mapa mental, a classificação dos riscos segundo suas subdivisões.

Figura 8: Mapa mental: Classificação dos riscos

Fonte: Adaptado de RUPPENTHAL, 2013.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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2.1.1 Riscos Puros


Os riscos puros são aqueles riscos em que há apenas possibilidade de perda,
ou seja, não há possibilidade de ganho ou de lucro. Resulta em perda econômica
para a empresa, tais como: fatores ambientais, tecnológicos e econômico-
financeiros (LIMA, 2000 apud FUNO, 2009).
Segundo Ruppenthal (2013), os riscos puros são aqueles que resultam em
perdas, sendo classificados quanto as suas propriedades, sua responsabilidade e
riscos às pessoas e materiais.
Os riscos à propriedade fazem parte das perdas advindas de incêndios,
explosões, vandalismo, roubo, sabotagem e danos a equipamentos e acidentes
naturais.
Já os riscos relativos às pessoas, remetem a doenças ou acidentes no
ambiente de trabalho, que comprometem a vida e a saúde do servidor/trabalhador,
podendo até a levar à invalidez ou morte de colaboradores, ou a incapacidade
temporária.
Por último, mas não menos relevante, os riscos por responsabilidade, tem a ver
com as perdas causadas pelo pagamento de indenizações a terceiros, pela falta de
qualidade e segurança prestada ao cliente/fornecedor do serviço contratado ou até
mesmo por responsabilidade ambiental.

FIQUE LIGADO!
Riscos Puros
Para exemplificar melhor os riscos puros, tente imaginar por exemplo, você dirigindo
um carro e, de repente, sofre uma colisão com outro carro. Neste caso, o condutor
do veículo (você), se associa ao risco (puro) da perda potencial da colisão. Ou seja,
se de fato ocorresse essa colisão, você sofreria, no mínimo, uma perda financeira,
certo? E se não ocorresse nenhuma colisão, obviamente, você não teria perdas e
nem muito menos ganhos. É por isso que os riscos puros sempre significarão perdas
e não ganhos.

Em suma, dentre as perdas mais recorrentes da materialização dos riscos dito


puros em uma organização, encontram-se as perdas derivadas do falecimento,

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afastamento e/ou invalidez dos trabalhadores, bem como as perdas por prejuízos
aos bens não segurados.

2.1.2 Riscos Especulativos


Os riscos especulativos são separados em riscos políticos, administrativos, e
de inovação. Focaremos nossos estudos no risco administrativo. Percebe-se que os
riscos administrativos estão conectados aos riscos de mercado, financeiro e de
produção, isso quer dizer que ele pode se diferenciado nestas três modalidades que
falaremos mais adiante.
Ruppenthal (2013) aborda em seu livro que os riscos administrativos estão
diretamente relacionados ao processo de tomada de decisão. Ou seja, ela afirma
que uma decisão correta pode levar ao alcance de lucros, por outro lado, uma
decisão incorreta e, portanto, falha, pode levar a uma tragédia da empresa. No
tocante a essa especificidade de risco, existe certa complexidade em prever
antecipadamente e com precisão o resultado de uma decisão. Voltando aos riscos
administrativos, temos:
1. Risco de Mercado
2. Risco financeiro
3. Risco de Produção

O risco de Mercado embarca a incerteza quanto ao resultado positivo de


vendas e lucros de um determinado produto em relação ao capital investido.
(ALBERTON, 1996; CASTRO, 2011).
O risco de mercado sofre influência de diversos fatores que contribuem à sua
variação, podendo ser:
 Turbulências políticas;
 Recessões;
 Mudanças nas taxas de juros;
 Mudanças nas taxas cambiais;
 Desastres naturais.

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O risco financeiro, por sua vez, está relacionado às incertezas quanto as


tomadas de decisões econômicas e financeiras. (ALBERTON, 1996; CASTRO,
2011).
O risco de produção diz respeito às imprecisões no tocante ao processo
produtivo das companhias, na produção de produtos ou prestação de serviços, na
utilização de materiais e equipamentos, mão de obra e tecnologia (ALBERTON,
1996; CASTRO, 2011).

2.2 NORMAS SOBRE GERENCIAMENTO DE RISCOS

Neste tópico estudaremos, basicamente, sobre a aplicabilidade das normas


OHSAS 18001:2007, ISO 45001:2018 e ISO 31000, para tanto, vamos entender
primeiramente o que significa as siglas OHSAS e a ISO. A palavra OHSAS, do inglês
Occupational Health and Safety Assessments Series, cuja melhor tradução
corresponde a Série de Avaliação de Segurança e Saúde Ocupacional, consiste
numa série de normas britânicas formuladas pelo grupo BSI (British Standards
Institution). Já a ISO, International Organization for Standardization, ou Organização
Internacional para Padronização, é uma entidade de padronização e normatização,
de origem suíça.
Apesar de a OHSAS 18001:2007 ainda servir como base para o
desenvolvimento do sistema de gestão de uma empresa, ela acaba de ser revista e,
daqui a alguns anos perderá sua utilidade. Ela dá lugar a ISO 45001:2018, intitulada
Sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional - Requisitos com orientação
para uso.
Publicada em março de 2018, a ISO 45001 foi criada com uma nova
abordagem que permite uma maior integração com outras normas do sistema ISO,
como a ISO 9001:2015 (gestão da qualidade) e a ISO 14001:2015 (gestão
ambiental). As organizações já certificadas na OHSAS 18001 terão três anos para
cumprir a nova norma ISO 45001, embora a certificação de conformidade com a ISO
45001 não seja um requisito da norma (ABNT, 2018).
De acordo com o boletim de lançamento divulgado pela ABNT, associação
responsável pela tradução da ISO no Brasil, a ISO 45001 espera mudar o contexto

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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atual de acidentes e doenças no ambiente de trabalho. Segundo estudos da OIT no


ano de 2017, estima-se que 2,78 milhões de acidentes fatais ocorrem no trabalho
anualmente.
Nesse sentido, David Smith, presidente do comitê da ISO/PC 283, que
desenvolveu a ISO 45001, acredita que a nova Norma Internacional será uma
verdadeira mudança para milhões de trabalhadores: "Espera-se que a ISO 45001
leve a uma grande transformação nas práticas no local de trabalho e reduza o
trágico número de acidentes relacionadas ao trabalho em todo o mundo". A nova
norma ajudará as organizações a fornecer um ambiente de trabalho seguro e
saudável para os trabalhadores e os visitantes, melhorando continuamente a
performance de Segurança e Saúde Ocupacional (ABNT, 2018).
Como ainda estamos numa fase de transição da OHSAS 18001 para a ISO
45001 (Como vimos, as empresas e organizações que adotavam a OHSAS 18001
possuem três anos para se adaptarem à nova norma), é válido abordar as
características principais de ambas e observar as diferenças pontuais abordadas
entre uma norma e outra.

2.2.1 Abordagem da OHSAS 18001:2007


A OHSAS 18001 é uma norma que possui como base o princípio da
prevenção, ou seja, ela visa reduzir ou prevenir situações que envolvam riscos no
ambiente de trabalho, valendo-se da abordagem da metodologia PDCA (sigla que
em inglês significa “Plan Do Check and Act” ou em português, planejar, executar,
controlar e agir). Vale lembrar que a ISO 45001:2018 também segue os princípios do
ciclo PDCA, conforme descrito abaixo:

Figura 9: Sequência do ciclo PDCA

Planejar Executar Controlar Agir

Fonte: RUPPENTHAL, 2013.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Observe na figura 10 abaixo, o ciclo PDCA,

Figura 10: Ciclo PDCA

Fonte: RUPPENTHAL, 2013.

A imagem reflete as quatro etapas, a começar pelo planejar, que é o momento


em que se elabora os planos de ações. Logo depois, insere-se o fazer/executar
sobre esses planos de ações, colocando em prática todos os objetivos traçados. A
próxima etapa é o da verificação das metas para que se obtenham melhores
indicadores no mercado, e, por último, e não menos importante, as ações corretivas
realizadas no momento da ação, ou seja, do agir.
A imagem abaixo mostra o modelo de sistema de gestão, baseado na
utilização da prática da melhoria contínua, de acordo com a OHSAS 18001:2007.

Figura 11: Modelo de gestão da OHSAS 18001:2007

Fonte: RUPPENTHAL, 2013.

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2.2.2 Abordagem da ISO 45001:2018


A ISO 45001:2018, é um documento que especifica os requisitos para um
sistema de gestão e saude e segurança ocupacional (SSO) e fornece orientação
para seu uso, permitindo que as organizações proporcionem locais de trabalhos
seguros e saudáveis, prevenindo lesões e problemas de saúde relacionados ao
trabalho, bem como melhorando proativamente o seu desempenho em SSO. (ISO
45001:2018).

SAIBA MAIS!
Sistema de gestão
Conjunto de elementos inter-relacionados ou integrantes de uma organização, para
estabelecer políticas, objetivos e processos para atingir estes objetivos.
Sistema de gestão de SSO
Sistema de gestão ou parte de um sistema de gestão utilizado para alcançar a
política de SSO.
Objetivo do sistema de gestão de SSO
“O objetivo de um sistema de gestão de SSO é fornecer uma estrutura para
gerenciar os riscos e oportunidades de SSO”.
Oportunidade de SSO: Circunstância ou conjunto de circunstâncias que pode levar à
melhoria do desempenho de SSO.
Fonte: ISO 450001:2018

A ISO 45001:2018 é aplicável a qualquer organização, independente do


tamanho, tipo e atividade que deseja trabalhar com um sistema de gestão SSO para
melhorar a segurança e a saúde de seus trabalhadores.
De acordo com a referida norma, sua criação foi pensada para ajudar as
organizações a alcançarem os resultados esperados de seu sistema de gestão de
SSO, tais como:
a) Melhoria contínua do desempenho de SSO
b) Cumprimento dos requisitos legais e outros requisitos
c) Atingimento dos objetivos de SSO

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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O sucesso da implementação de uma SSO que seja eficiente e eficaz irá


depender de diversos aspectos, tais como:
a) Liderança, compromisso, responsabilidades e responsabilização da Alta
Direção;
b) Gestão da Alta Direção, liderando e promovendo uma cultura na
organização que suporte os resultados esperados do sistema de gestão de SSO;
c) Comunicação;
d) Consulta e participação dos trabalhadores e, quando existirem,
representante dos trabalhadores;
e) Alocação dos recursos necessários para manter o sistema;
f) Políticas de SSO, que são compatíveis com os objetivos estratégicos gerais e
direção da organização;
g) Processo(s) efetivo(s) para identificação de perigos, controle de riscos de
SSO e aproveitamento de oportunidades de SSO;
h) Avaliação contínua do desempenho e monitoramento do sistema de gestão
de SSO para melhorar o seu desempenho;
i) Integração do SSO nos processos de negócios da organização;
j) Objetivos que se alinhem com a política de SSO e levem em conta os perigos
da organização, os riscos de SSO e as oportunidades de SSO;
k) Compliance de requisitos legais e outros requisitos;

Além desses aspectos é importante frisar que o sucesso da implementação de


um sistema de gestão de SSO também dependerá de aspectos intrínsecos à
organização, como o contexto da organização (tamanho, número de colaboradores,
culturas, requisitos legais, entre outros).

2.2.3 Outras Normas Sobre Gestão de Riscos


Além das normas citadas acima, existem diversas outras que tratam da gestão
de riscos em âmbito mundial, entre elas merece destaque a série de normas ISO
31000, que no Brasil é normalizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Para Ruppenthal (2013), a ISO 31000:2009 não tem nenhuma finalidade de


certificação. Ela aborda princípios e diretrizes à gestão de riscos, possuindo
efetividade para qualquer órgão, seja ele público ou privado.
Até o ano passado a NBR ISO 31000:2009 era a que vigorava até a sua
atualização, que ocorreu em fevereiro de 2018. A International Standards
Organization (ISO) divulgou uma revisão atualizada de suas diretrizes de
gerenciamento de risco. A norma fornece diretrizes gerais para gerenciar riscos em
quaisquer atividades, incluindo a tomada de decisão em todos os níveis. Além disso,
fornece também uma abordagem comum que pode ser personalizada para cada tipo
de organização e seus contextos (ABNT, 2018).
A nova norma está mais enxuta, porém, mostra-se mais clara e direta que a
anterior, o que pode beneficiar as organizações quando da implementação das
ferramentas de gerência de riscos. As principais mudanças observadas na revisão
são as seguintes:
 Revisão dos princípios da gestão de riscos, que são os principais critérios
para o seu sucesso;
 Foco na liderança da alta administração, que deve assegurar que o
gerenciamento seja integrado em todas as atividades organizacionais,
começando pela governança da organização;
 Maior ênfase na natureza iterativa dos riscos, aproveitando novas
experiências, conhecimento e análise para a revisão de elementos de
processo, ações e controles em cada etapa do processo;
Racionalização do conteúdo com maior foco na manutenção de um modelo de
sistemas abertos que regularmente troque feedback com seu ambiente externo para
atender a múltiplas necessidades e contextos.
Já em se tratando da ISO Guia 73:2009, ela fornece as definições de termos
mais abrangentes relacionados à gestão de riscos. O objetivo principal é estimular o
entendimento consistente e mútuo, por meio de uma tratativa coerente sobre as
atividades realizadas na gestão do risco (RUPPENTHAL, 2013).
A NBR ISO/IEC 31010:2012 – é uma normativa de auxílio e apoio à NBR ISO
31000. Ela concede orientações de aplicação das técnicas sistemáticas para o

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devido processo de avaliação de riscos, e consequentemente, contribuindo também


para outras atividades de gestão de riscos.
Estas normas são para pessoas que queiram criar e proteger valores das suas
organizações, melhorando as operações, e aumentando o seu desempenho.

IMPORTANTE!
Revisão da ISO 31000 em 2018!
A NBR ISO 31000 de 2009 foi alvo de uma revisão em fevereiro de 2018. As
principais mudanças foram:
- Revisão dos princípios da gestão de riscos, que são os principais critérios para o
seu sucesso;
- Foco na liderança da alta administração, que deve assegurar que o gerenciamento
de riscos seja integrado em todas as atividades organizacionais, começando pela
governança da organização;
- Maior ênfase na natureza iterativa da gestão de riscos, aproveitando novas
experiências, conhecimento e análise à revisão de elementos de processo, ações e
controles em cada etapa do processo;
- Racionalização do conteúdo com maior foco na manutenção de um modelo de
sistemas abertos que regularmente troque feedback com seu ambiente externo para
atender a múltiplas necessidades e contextos.
Saiba mais em:
<https://www.bsigroup.com/pt-BR/ISO-31000-Gestao-de-Risco/
<http://www.abnt.org.br/imprensa/releases/5753-lancada-a-nova-versao-da-norma-
iso-31000-gestao-de-riscos>

2.3 METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS

Diversas são as definições sobre o significado gerência de risco, dependendo


do autor e da época em que ele vive (ou viveu). O importante é lembrar que todas
elas possuem algo em comum, a finalidade em questão. O processo de
gerenciamento pode ser diferente, porém, a finalidade não muda.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Conforme Ruppenthal (2013), a metodologia pode ser entendida como um fator


que visa elevar a confiança da capacidade de uma organização em prever, superar
obstáculos e priorizar tendo como objetivo principal o de realização de suas metas.
O resultado de um método deve ser comum a todos os outros, de modo a
gerenciar o problema (ou risco).
Como dito anteriormente, o gerenciamento de riscos auxilia nas organizações,
nas estratégias e nas tomadas de decisões importantes, por intermédio do
conhecimento dos riscos associados às atividades da organização.
As normas OHSAS 18001:2007 e ABNT NBR ISO 31000:2009 (abordadas
acima) trazem uma sistematização em seus métodos para o gerenciamento de
riscos. Primeiramente, deve-se proceder a escolha de um contexto. O contexto tem
a ver com a área de atuação da organização, bem como de seus objetivos. Após,
deve-se identificar, analisar, estimar, tratar, monitorar e comunicar os riscos
associados a alguma atividade, função ou processo da organização. O organograma
representado na figura 11 abaixo ilustra o processo descrito.
É importante lembrar que uma gestão eficiente e eficaz dos riscos pode
significar em ganhos imensuráveis para uma organização, fazendo com que ela
atinja seus objetivos com eficácia e qualidade. O organograma abaixo ilustra o
processo descrito.
Figura 12: Organograma Gestão de Riscos

Fonte: Adaptado de ABNT, 2009.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Sobre a etapa de análise de riscos, podemos separá-la de duas maneiras


possíveis. Seja pela metodologia qualitativa, ou pela quantitativa. No quadro abaixo,
estão expostas algumas diferenças das características principais dessas
metodologias.

Quadro 2: Análise Qualitativa x Análise Quantitativa


QUALITATIVAS QUANTITATIVAS
Menor Custo Maior Custo
Menor complexidade Maior complexidade
As informações obtidas são conceituais As informações obtidas são detalhadas
Informações do nível geral do risco Informações do risco específico
Fonte: Autor, 2019.

Percebe-se que a análise de riscos de forma qualitativa é caracterizada por


apresentar uma menor complexidade e custos menores se comparada com a
metodologia quantitativa. Isso ocorre, pois, a quantificação de riscos é, na maioria
das vezes, um processo mais elaborado (e em alguns casos impraticável) que exige
esforços maiores para a realização. Por isso, a maioria das organizações optam
pelos métodos mais simplórios, os qualitativos.
Os métodos qualitativos vão definir as consequências, a probabilidade e o nível
de risco mediante níveis de significâncias, compreendendo uma escala (Alto- Médio
- Baixo).

SE LIGA!
O que é análise de riscos?
A análise tenta identificar a raiz ou causas originais das falhas, ao invés de lidar com
os sintomas imediatamente óbvios. É aplicada para avaliação de uma grande perda
e pode ser utilizada para analisar as perdas de forma global, a fim de determinar
melhorias. A análise de risco pode tanto usar avaliações quantitativas ou
qualitativas. O tipo a ser usado deverá levar em conta o objetivo final da análise de
risco.
Saiba mais em: <https://segurancadotrabalhonwn.com/como-fazer-analise-de-risco/>

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Conforme Ruppenthal (2013), definida a metodologia e a categorização dos


riscos, chega a hora de lidar com o tratamento e com os recursos a alocar. Deve-se
optar por uma das ações abaixo:
 Alteração do sistema a fim de eliminar o risco;
 Atuar sobre os fatores que de certa maneira irão influenciar na
expectativa de ocorrência ou nas consequências, visando reduzir o risco;
 Transferência do risco, através de seguros ou cooperação;
 Retenção do risco quando nenhuma alternativa mais for viável.

Todas essas ações possuem caráter preventivo, com exceção da última, que
apresenta cunho contingencial ou mitigatório.

SE LIGA!
ABORDAGEM CONTIGENCIAL
Em um projeto organizacional, os gerentes costumam utilizar a Abordagem
Contingencial para estruturar as etapas dos processos. Algumas variáveis mais
usadas são: a estratégia, o tamanho e a tecnologia.
Saiba mais em: https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/abordagem-contingencial/

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CAPÍTULO 3 - ANÁLISE DE RISCOS

3.1 PRIMEIRA ETAPA: FASES DE IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS

Os acidentes industriais causados pela ação do homem crescem com o


aumento das invenções de máquinas e equipamentos de elevada geração. Portanto,
é necessário mensurar o potencial do risco, para que as tomadas de decisões sejam
eficazes.
Nessa primeira fase, as investigações são voltadas à busca de situações ou de
um conjunto de situações que podem desencadear em evento indesejável.
Historicamente, percebeu-se que as organizações se empenhavam em
identificar os perigos, porém, após a identificação nada era feito. Veja o que levanta
Moraes (2010).
“Na realidade, na visão da segurança tradicional a realização era apenas na
identificação de perigos, esbarrando-se, então, na não continuidade dos programas
e não se chegando, efetivamente, até as fases de análise e avaliação dos riscos”.
(MORAES, 2010).
Nesta etapa, serão objetos de avaliação os procedimentos, a descrição dos
processos, atividades e as técnicas de trabalho, além dos resultados do processo de
busca ativa e de uma análise sistêmica dos acidentes. Para auxílio nessa atividade,
pode-se fazer uso de diversos recursos, tais como listas de verificação, entrevistas,
inspeções e medidas diretas. (MORAES, 2010).
Uma revisão periódica é necessária ser feita nos estudos dos perigos e da
avaliação dos riscos encontrados, pois, novas situações podem surgir, devido a
mudanças e adaptações organizacionais, como mudanças no método de trabalho e
reestruturação de empresas.
Dentre as diversas técnicas tradicionais de identificar perigos e riscos
comumente usadas pelas organizações, podemos citar:
 Análise de tarefas rotineiras;
 Análise do histórico de quase acidentes e acidentes da empresa;
 Reuniões sobre segurança, como a Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA);

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 Experiências passadas;
 Checklists.

Ao longo dos tempos e com o desenvolvimento tecnológico, outras técnicas


mais complexas surgiram para auxiliar nesta primeira etapa, entre elas, foram as
(TIC) e (WI), que significam, respectivamente: Técnica de Incidentes Críticos (TIC) e
a Técnica What-If / “E se...” (WI) que serão comentadas posteriormente.

3.1.1 Segunda Etapa: Fase de Análise de Riscos


Nessa fase, faz-se necessário esmiuçar os perigos identificados na primeira
fase, com intuito de levantar as causas e as prováveis consequências da efetivação
dos acidentes.
É uma abordagem qualitativa, que objetiva estabelecer medidas que eliminem
ou reduzam a frequência e consequências dos possíveis eventos indesejáveis se
eles forem inelutáveis.
Dentre as técnicas mais utilizadas ao longo desta fase, podemos citar: Análise
Preliminar de Riscos (APR), Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE) e a
Análise de Operabilidade de Perigos (HAZOP).

3.1.2 Terceira Etapa: Fase de Avaliação de Riscos


Nessa terceira etapa, os esforços são voltados à quantificação de eventos
precursores de possíveis acidentes. As variáveis a serem avaliadas são a frequência
ou probabilidade e a consequência dos eventos indesejáveis.
A quantificação dessas variáveis não é fácil e, por isso, muitas organizações
optam pela avaliação qualitativa, que é mais simplória. Vale ressaltar, porém, que a
escolha pela técnica qualitativa fornece a avaliação do perigo e não do risco.
Cabe destaque às seguintes técnicas de avaliação de riscos: Análise de Árvore
de Eventos (AAE), Análise de Causas e Consequências (ACC), Análise da Árvore de
Falhas (AAF).

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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3.1.3 Quarta Etapa: Tratamento dos Riscos


Consiste na última fase e caracteriza-se pela tomada de decisão acerca dos
riscos levantados nas fases anteriores. Busca-se pela eliminação, redução, retenção
ou transferência dos riscos.

3.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCOS

3.2.1 Técnica do Incidente Crítico (TIC)


Conforme Cardella (1999), a Técnica do Incidente Crítico (TIC) visa identificar
os quase acidentes e incidentes ou aqueles acidentes de pequena proporção que
não foram comunicados. É comumente conhecida como “confessionário”, sendo
uma análise operacional, englobando o fator humano em todo o grau. A TIC é
utilizada a partir de uma amostragem de observadores/participantes escolhidos
dentro de uma dada população.
Ainda, a técnica tem como principal objetivo “a detecção de incidentes críticos
e o tratamento dos riscos que eles representam” FIGUEIREDO JÚNIOR (2009). O
quadro a seguir, produzido por Tavares (1996), traz um resumo dessa técnica de
análise (TIC).

Quadro 3: Quadro Resumo - TIC


TIPO Análise operacional, qualitativa.
Fase operacional de sistemas, cujos procedimentos envolvem o fator
APLICAÇÃO
humano, em qualquer grau.
Detecção de incidentes críticos e tratamento dos riscos que
OBJETIVOS
representam.
Obtenção de dados sobre os incidentes críticos por meio de entrevistas
PRINCÍPIOS
com observadores/participantes de uma amostra aleatória estratificada.
Registros de incidentes críticos presentes no sistema. Prevenção e
BENEFÍCIOS correção dos riscos antes que estes se manifestem como eventos
catastróficos.
De aplicação simples e flexível com obtenção de informações sobre
OBSERVAÇÕES
riscos que não seriam detectados por outras formas de investigação.
Fonte: Adaptado de Tavares, 1996.

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3.2.2 What If/ E Se...? (WI)


Essa técnica de identificação é amplamente conhecida como uma análise
qualitativa e geral. Utiliza-se do questionamento acerca daquilo que possa dar
errado durante as fases de planejamento, execução e manejo de uma atividade.
Expressa-se na utilização da pergunta E se...? Para obter respostas às diversas
indagações propostas.
O questionamento é dividido em duas vertentes, livre ou sistemático. O
questionamento livre é aquele em que o objeto (sistema, processo, equipamento ou
evento) é questionado através da pergunta E se...? Sobre qualquer assunto, ou seja,
abre mais possibilidades de perguntas que não necessariamente estão diretamente
relacionadas com a especificidade de um cargo ou de uma área numa empresa. Por
exemplo: E se ocorrer um acidente? E se fulano chegar atrasado?
Em contrapartida, no questionamento sistemático, as perguntas são voltadas
às especificidades de um cargo ou de um determinado campo de atuação, como nas
áreas de combate ao incêndio, eletricidade, medicina ocupacional, preservação do
ecossistema etc.
Partindo do pressuposto de que a comissão responsável pela elaboração das
perguntas saiba a fundo acerca do sistema a ser analisado, de modo a redigir
perguntas inteligentes, que realmente ajudarão no processo de identificação dos
perigos e riscos existentes.
É importante frisar que os questionários devem ser registrados em formulários,
como o exemplo demonstrado abaixo, cujo objeto estudado é uma festa de
aniversário.

Quadro 4: Formulário What If (E se...?) – Objeto: Festa de Aniversário


Medidas de
E se...? Perigo/Consequência Causas prováveis controle de risco e
de emergência
Vierem mais Falta de espaço, falta Falta de organização Avaliar a
pessoas que o de comidas e bebidas e planejamento. possibilidade de
esperado? para todos. comparecerem mais
convidados e prever
alimentos e bebidas
com folga.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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As pessoas não Desagradar amigos, Falta de informação Anexar mapa aos


encontrarem o local criar clima de com clareza; convites,
da festa? insatisfação, não organização. acrescentando
receber presentes, número do telefone.
perda de alimentos.
Chover? Dificuldades na Fenômeno natural. Adquirir guarda-
chegada, pessoas chuva grande para
com roupas molhadas. ajudar as pessoas a
deslocarem-se do
carro à porta da
casa.
Fonte: Adaptado de Cardella (1999) p.145.

3.2.3 Análise Preliminar de Risco (APR)


A APR abarca os eventos perigosos, cujas causas tenham origem no interior
da instalação analisada, nesse sentido, englobam tanto as falhas de sistemas, como
as operacionais de manutenção (falhas humanas). Não se pode excluir também os
eventos causados por agentes externos, tais como: sabotamento, queda de balões,
de aviões, ou de meteoritos, terremotos e inundações. A seguir apresentamos um
resumo de suas principais características:

Quadro 5: Quadro resumo - APR


Tipo Análise inicial, qualitativa.
Aplicação Fase de projeto de qualquer novo processo, produto ou sistema
Objetivos Determinação de riscos e medidas preventivas antes da fase
operacional.
Princípio/Metodologia Revisão geral de aspectos de segurança, através de um formato
padrão, levantando causas e efeitos de cada risco, medidas de
prevenção ou correção e categorização dos riscos para
priorização de ações.
Benefícios e resultados Elenco de medidas de controle de risco desde o início operacional
do sistema. Permite revisões de projeto em tempo hábil no sentido
de dar maior segurança. Definição de responsabilidade no controle
de riscos.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Observações De grande importância para novos sistemas de alta inovação.


Apesar de seu escopo básico de análise inicial, é muito útil como
revisão geral de segurança em sistemas já operacionais,
revelando aspectos, às vezes, despercebidos.
Fonte: Tavares, 1996.

Pensando na prevenção dos riscos, estes devem ser categorizados conforme


as suas severidades, permitindo uma priorização das ações a serem tomadas. No
quadro abaixo, Tavares (1996), estabelece uma ordem crescente de priorização.

Quadro 6: Categoria de severidade dos efeitos da APR


Categoria Nome Características
Não degrada o sistema nem seu
I Desprezível funcionamento. Não ameaça os recursos
humanos.
Degradação moderada com danos menores.
II Marginal/Limítrofe Não causa lesões. É compensável ou
controlável.
Degradação crítica com lesões. Dano
III Crítica substancial. Apresenta risco e necessita de
ações corretivas imediatas.
IV Catastrófica Séria degradação do sistema. Perda do
sistema, morte e lesões.
Fonte: Adaptado de Tavares, 1996.

Hoje em dia, há uma maior preocupação e cobrança tanto dos investidores,


quanto dos clientes e/ou governo, a respeito dos níveis de segurança das obras e
projetos, por isso, tem prevalecido as políticas para maior controle destes, visando
eliminar ou reduzir os riscos de acidentes, ainda na fase inicial, já que essa
eliminação durante ou após a construção e montagem do empreendimento, pode
tornar-se mais onerosa, constituindo-se às vezes em uma perda bastante
significativa de tempo e lucratividade.
As etapas da APR são as seguintes:
 Revisão de problemas conhecidos (experiências passadas em sistemas
parecidos);
 Revisão da missão (objetivos, procedimentos, funções, atividades, meio
ambiente etc.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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 Determinação dos principais riscos;


 Levantamento dos pré-riscos e dos riscos contribuintes;
 Revisão e controle como forma de eliminação;
 Análise dos métodos de continência de danos;
 Designação dos responsáveis pelos planos preventivos ou corretivos

Quadro 7: Formulário para execução da APR.


ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS – APR
Objeto da análise: Viagem aérea
Fase: deslocamento de casa ao aeroporto
Executado por: _______________________________
Órgão:
Folha:
Número:
Data:
Evento indesejado Causas Consequências Medidas de controle de
ou perigoso risco e de emergência
1- Atraso na - Quebra do táxi; - Falta tempo -Escolher táxi de
chegada ao -Trânsito congestionado; para despedida; qualidade;
aeroporto. - Sair atrasado; - Correrias; - Sair com
- Perda do voo; antecedência;
-Utilizar táxi com rádio;
- Levar telefone celular;
- No caso de quebra do
táxi, ligar para a central
ou solicitar que o
próprio motorista faça a
comunicação via rádio;
2- Esquecer Falta de planejamento e - Perda do voo; -Fazer lista de
bilhete aéreo; controle; verificação
- Colocar bilhete aéreo
junto com documentos
Fonte: Adaptado de Cardela, 1999.

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3.2.4 Série de Riscos (SR) ou Análise por Árvore de Eventos (AAE)


De aplicação bastante simples, esta técnica se presta muito bem à
investigação e à análise de acidentes. A seguir apresentamos um resumo de suas
principais características:

Quadro 8: Tabela resumo Série de Riscos


Tipo Qualitativa
Análise “A PRIORI” e acidentes.
Aplicação

Análise de acidentes e análise prévia para prevenção de


Objetivos
fatos catastróficos.
Análise de sequências de eventos por relação causa/efeito,
Princípio/Metodologia com metodologia própria, incluindo inibições a cada
elemento da séria.
Descrição do fenômeno, determinação de um elenco de
Benefícios e resultados inibições, determinação de causas remotas ou iniciais da
sequência.
Muito interessante na análise de acidentes. Bom potencial
para análise “a priori”, como prevenção de fatos
Observações
catastróficos. Simplicidade que permite o envolvimento
pessoal.
Fonte: Autor, 2019.

Algumas etapas para o traçado da árvore de eventos são importantes. Primeiro


deve-se escolher ou definir o evento inicial, que pode conduzir ao acidente; definir as
ações que podem amortecer o efeito do evento; fazer uma combinação dos
diferentes tipos de sequências que podem surgir e, por fim, uma vez que a árvore
estiver construída, deve-se calcular a probabilidade a cada ramo do sistema que
conduz a alguma falha.

3.2.4.1 Tipos de riscos


 Inicial – É o risco originário, que se encontra no começo da série.
 Principal - Que pode causar morte, lesão e degradação da capacidade
funcional aos trabalhadores, danos a equipamento, veículo, estruturas,
material etc.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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 Contribuinte – Todos os outros riscos que compõem a série.

3.2.4.2 Elaboração da série de riscos


Na elaboração da série de riscos, é apresentado o passo a passo, a partir do
risco ou riscos iniciais (pode haver mais de um), de todos os riscos capazes de
contribuir na série, o que irá resultar, finalmente, no risco principal e possíveis
danos.
O inter-relacionamento dos riscos na série é feito de sequências simples, pelo
uso de comportas lógicas “E” ou “OU”. Uma vez obtida a série, cada risco é
analisado em termos das inibições que podem ser aplicadas a cada passo, desde o
risco inicial até a inibição dos danos (efeitos).
Os fluxogramas podem ser utilizados para ilustrar com maior clareza a
sequência lógica de encadeamentos dos eventos, como pode-se notar na figura
abaixo relativa à série de riscos de uma atividade do ramo da construção civil. Para
contextualizar, caso não esteja familiarizado com os termos, a betoneira é um
misturador de materiais, como o concreto e a padiola é um recipiente que serve para
transporte dos materiais, como a areia. Observe o fluxograma abaixo:

Figura 13: Operação de betoneira em central de argamassa e concreto

Fonte: Autor, 2019.

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3.2.5 Análise de Modos de Falhas e Efeitos – AMFE


É uma análise detalhada, podendo ser qualitativa ou quantitativa. A AMFE
serve para detectar os modos e os efeitos provocados pelas falhas dos
componentes de um sistema, processo ou produto, minimizando ou evitando falhas
antes que as mesmas ocorram, aumentando a confiabilidade do sistema.
Como abordado nas técnicas anteriores, a AMFE também deve ser registrada
em uma planilha própria. A planilha da AMFE pode ser vista ao final do capítulo.
Além disso, pressupõem-se que haja um bom conhecimento acerca do serviço,
sistema, processo ou produto que está sendo analisado para garantir o sucesso da
aplicação da técnica.

3.2.5.1 Objetivos da AMFE


Antecipação de falhas prováveis de ocorrer em projetos, produtos ou
processos, de modo a atuar de maneira prévia e inibir a ocorrência das falhas. Para
tanto, segundo Figueiredo (2009), faz-se necessário:
1) Realizar uma revisão sistemática das falhas de um componente para
garantir danos mínimos ao sistema;
2) Determinar os efeitos que tais falhas terão em outros componentes do
sistema;
3) Inferir quais os componentes cujas falhas teriam efeito crítico na operação
do sistema;
4) Calcular a probabilidade das falhas;
5) Simular como podem ser reduzidas as falhas.

3.2.5.2 Aplicações da AMFE


A AMFE possui diversas aplicações. Cabe destaque à aplicação da AMFE
como suporte ao processo de gerenciamento de riscos em serviços hospitalares,
além da sua aplicação na análise de falhas de sistemas agroindustriais (GARRAFA;
ROSA, 2009).

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3.2.5.3 Método da AMFE


O procedimento a ser realizado à elaboração de uma AMFE, sugerido por
Helman (1995) citado por Saxer (2015), segue as seguintes etapas: definição da
equipe de execução; definição dos itens do sistema a serem considerados;
preparação e aquisição de informações de dados; análise preliminar dos itens
considerados; identificação dos modos de falhas e seus efeitos; identificação das
causas das falhas; levantamento dos controles atuais de detecção de falhas;
determinação dos itens de criticidade; análise de recomendações; revisão dos
procedimentos; preenchimento do formulário da AMFE; reflexão sobre o processo.
(HELMAN, 1995 apud SAXER, 2015).

FIQUE LIGADO
Na década 1950, a NASA utilizou variações dessa ferramenta desenvolvida pelos
militares e a Ford Motors Company utilizou a FMEA (ou em português AMFE –
Análise de Modos de Falhas e Efeitos), para cumprir as normatizações de
segurança para veículos. Hoje existem inúmeras indústrias nacionais e
estrangeiras, dos mais diversificados setores, utilizando essa ferramenta para
incrementar seu nível de qualidade. Assista ao vídeo disponibilizado a seguir, que
apresenta um exemplo de falha de software que levou um foguete francês a ser
destruído logo após seu lançamento. A falha em questão foi no software
controlador e foi detectada por meio da aplicação do FMEA.
Veja o vídeo para saber mais: https://www.youtube.com/watch?v=3qE3bNNf-cM

Quadro 9 – Análise dos Modos de Falha e Efeitos

ANÁLISE DOS MODOS DE FALHA E EFEITOS - AMFE

Objeto da análise:

Executado por:

Órgão:

Folha:

Número:

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Data:

Efeitos
Componen Modo de Em outros No sistema Método de Medidas de controle
te falha componentes detecção de risco e de
emergência
Disjuntor Temporal. Queima do Nenhum, se Visual, 1. Adquirir
Não fusível por o fusível observando o disjuntor de
interrompe alta interromper disjuntor. qualidade.
o circuito a amperagem. o circuito. 2. Especificar
tempo. corretamente o
disjuntor
- Água sai 3. Estabelecer
fria. procedimento
Fusível. Ação Resistência Água não é - de religamento
estranha. deixa de aquecida. Amperímetro de cargas com
Abre o liberar calor indica baixa alerta para não
Fiação. circuito sem por falta de corrente. sobrecarregar o
sobrecarga. corrente - Visual, circuito.
observando o 4. Manter fusíveis
Resistência. fusível. de reserva.
5. Fazer
verificação das
cargas do
circuito para
evitar situações
de sobrecarga.
Fonte: Autor, 2019. Adaptado de Cardella, 1999.

3.2.6 HAZOP – Estudos de identificação de perigos e operabilidade

3.2.6.1 Conceito
Essa técnica, Hazop (Hazard and Operability Studies), é uma técnica de
análise qualitativa e consiste em detectar desvios anormais do processo, ou seja,
visa identificar perigos para prevenir situações indesejáveis.
Cardella (1999), afirma que o objeto do Hazop são os sistemas e o foco são os
desvios das variáveis de processo.
Segundo LAWLEY (1974) os principais objetivos do Hazop são identificar todos
os desvios operacionais e seus perigos associados.
Conforme Cardella (1999) p.135, as variáveis de um processo são, entre
outras: vazão, pressão, temperatura, viscosidade, composição e componentes. O
desvio é o contraste entre uma variável num certo intervalo de tempo e o valor
normal, como por exemplo, maior vazão e menor pressão. Faz-se necessário

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mensurar e controlar essa variação de maneira a evitar um comportamento


anômalo, o que acarretaria situações indesejáveis, como em tubulações que se
rompem pela pressão anormal surgida em seu interior.

3.2.6.2 Método do Hazop


O método do Hazop utiliza-se de “palavras-guia”, que servem como base para
perguntas sobre os desvios comuns, que podem aparecer durante a fase de
produção. Cardella resume as palavras em seis, são elas: NENHUM, REVERSO,
MAIS, MENOS, COMPONENTES A MAIS, MUDANÇA NA COMPOSIÇÃO E
OUTRA CONDIÇÃO OPERACIONAL. Tais palavras estimulam a criatividade e o
senso crítico das pessoas, além de contribuir para o não esquecimento de tarefas
rotineiras e ações preventivas.
A aplicação do Hazop é bastante ampla, podendo ser empregado em
processos contínuos ou descontínuos. No caso de processos contínuos faz-se
necessário o uso de fluxogramas. Já no caso de processos descontínuos, a
descrição do procedimento é o principal requisito.
A equipe que integra o Hazop não deve ser muito grande, para não prejudicar a
produtividade, portanto, aconselha-se que o número de integrantes não seja maior
do que sete. Abaixo segue o procedimento da técnica, de acordo com o tipo de
processo (RUPPENTHAL, 2013).

3.2.6.3 Exemplo de aplicação do Hazop – Processo descontínuo


Nesse tópico veremos um exemplo, retirado de Cardella (1999), de forma
bastante didática para entendermos a aplicação do Hazop.
Na manhã de sábado, 10 de setembro de 1976, ocorreu uma explosão numa
indústria de triclorofeno, em Seveso, Itália. Uma decomposição exotérmica provocou
a ruptura do reator e a emissão de gás tóxico para a atmosfera. A elevada
temperatura do reator favorecera o aumento de TCDD (2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-
dioxina) que é uma das mais venenosas substâncias conhecidas e o acidente ficou
marcado como um dos mais graves ocorridos em todo o mundo.

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No quadro abaixo, pode-se verificar a análise de dois passos do procedimento


utilizado no sistema de reação, bem como as falhas que levaram ao acidente e
como a aplicação do Hazop poderia ter sido utilizada para identificar os perigos.

Quadro 10: Exemplo de Aplicação do Hazop


Instrução Falha Hazop
Destilar 50% do solvente O operador destilou Palavra-guia: menos.
residual após término da apenas 15%. Desvio: destilar menos
batelada. solvente.
Adicionar 3000 litros de O operador não adicionou Palavra-guia: nenhum.
água para resfriar a nenhum litro. Desvio: não adicionar
mistura de reação até 50- nenhuma água.
60ºC.
Fonte: Cardella, 1999, p.139.

3.2.7 Análise por Árvore de Falhas (AAF)


A AAF são técnicas qualitativa e quantitativa de identificação de perigos e
análise de riscos, que se inicia por um evento topo. O evento topo é escolhido para
estudo e, a partir dele são estabelecidas combinações de falhas e condições que
poderiam causar a ocorrência desse evento.

3.2.7.1 Método da AAF


Cardella (1999) elenca alguns passos do método de aplicação da AAF, como
descrito abaixo:
1- Seleção do evento topo (perigo) identificado por qualquer das técnicas de
identificação de perigos aqui estudadas.
2- Esquematizar os níveis subsequentes ou ramos, identificando falhas
(quaisquer) que podem causar a ocorrência do evento topo.
3- Possibilidade de estimar a frequência de ocorrência do evento topo a partir
de dados de frequência e probabilidade de eventos básicos (cuja frequência
geralmente é encontrada em banco de dados ou registros).

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Figura 14: Árvore de Falhas. Evento topo: superaquecimento de um motor elétrico

Fonte: Adaptado de Cardella 1999, p. 148.

3.3 TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE RISCOS

3.3.1 Análise de Causa e Consequências (ACC)


Essa técnica de avaliação de riscos requer a construção de um diagrama de
consequências, que se inicia por um evento inicial. A partir deste, os demais eventos
surgem através da elaboração de algumas perguntas, como demonstrado abaixo
(RUPPENTHAL, 2013).
Através da ACC é possível avaliar as consequências pelas formas qualitativa e
quantitativa dos eventos catastróficos de maior repercussão, além de verificar a
vulnerabilidade do meio ambiente, da comunidade e de terceiros. Escolhe-se um
evento crítico, partindo-se para um lado, com as consequências, e para outro,
determinando as causas. Existem diversas formas de se representar o diagrama de
ACC, porém, o mais conhecido é o diagrama de Ishikawa, conforme mostrado
abaixo (RUPPENTHAL, 2013).

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Figura 15 – Diagrama de Ishikawa

Fonte: RUPPENTHAL, 2013

3.3.2 O método dos cinco “Porquês” – 5 W


É considerada uma abordagem científica utilizada no sistema Toyota de
produção, a fim de alcançar a verdadeira causa raiz do problema (que geralmente
mostra-se escondida através de sintomas óbvios). É uma ferramenta bem simples
que consiste em formular perguntas “Por quê” cinco vezes consecutivas.
Para aplicar o método, Weiss (2011) descreve de forma simplificada os 5
principais passos, são eles:
1. Inicie a análise com a afirmação da situação que se deseja entender – ou
seja, deve-se iniciar com o problema;
2. Pergunte por que a afirmação anterior é verdadeira.
3. Para a razão descrita que explica por quê a afirmação anterior é verdadeira,
pergunte por quê novamente;
4. Continue perguntando por quê até que não se possa mais perguntar mais
por quês;
5. Ao cessar as respostas dos por quês significa que a causa raiz foi
identificada.

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CAPÍTULO 4 - FINANCIAMENTO DE RISCOS

4.1 NOÇÕES BÁSICAS E PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO DE SEGUROS

De acordo com Althearn (1981), citado por Azevedo (2008), o seguro pode ser
entendido como “um plano ou dispositivo social que combina os riscos de indivíduos
de um grupo, utilizando fundos contribuídos pelos membros desse grupo para pagar
pelas perdas”.
Souza (2002) também citado por Azevedo (2008) traz uma definição mais
abrangente ao definir seguro como “uma operação que toma forma jurídica por meio
de um contrato, em que uma das partes (segurador) se obriga com a outra
(segurado ou beneficiário), mediante o recebimento de uma importância estipulada
(prêmio), a compensá-la (indenização) por um prejuízo (sinistro) resultante de um
evento futuro, possível e incerto (risco), indicado no contrato”.
Segundo Azevedo (2008), todo contrato de seguro deve ser dotado das
seguintes características:
 Aleatório: pelo fato de depender de evento futuro e incerto.
 Bilateral: há obrigação para as duas partes. A seguradora fica obrigada a
indenizar desde que o segurado tenha quitado os prêmios.
 Oneroso: ambas as partes possuem ônus e vantagens econômicas. O
segurado tem o ônus do prêmio e a vantagem da transferência do risco. O
segurador tem a vantagem dos prêmios e o ônus de formação de fundos
de reserva para eventuais indenizações.
 Solene: há uma formalidade trazida pela apólice
 Boa-fé: trata-se do princípio basilar que o norteia. Cabe ao segurado ser
honesto (verdadeiro) em suas informações, e à seguradora também
mensurar o risco, de forma honesta, bem como redigir o contrato de
maneira clara, de modo que o segurado possa entender perfeitamente os
compromissos assumidos.

No que diz respeito aos elementos do contrato de seguros, estes podem ser
diferentes, dependendo do autor e de sua abordagem. Na visão de Clovis Beviláqua,

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citado por Alvim (1999), são quatro os elementos de contrato de seguro, sendo eles:
o segurador, o segurado, o prêmio e o risco. Já na visão de Oliveira (2002) outro
elemento que também faz parte é a apólice. Bittencourt (2004) inclui a indenização
no lugar da apólice. Portanto, existem algumas diferenças básicas de abordagem de
um autor para outro. Vamos definir todos esses elementos para maior clareza e
conhecimento.

Prêmio: É o pagamento realizado pelo segurado ao segurador. É estipulado


com base no percentual de risco que se deseja cobrir.
Segurado: Pessoa física (PF) ou pessoa jurídica (PJ) que, tendo interesse
segurável, contrata o seguro, em seu benefício pessoal ou de terceiros.
Seguradora: É uma instituição que tem o objetivo de indenizar prejuízos
involuntários verificados no patrimônio de outrem, ou eventos aleatórios que não
trazem necessariamente prejuízos, mediante recebimento de prêmios.
Risco: É o evento incerto ou de data incerta que independe da vontade das
partes contratantes e contra o qual é feito o seguro, podendo ser entendido como a
expectativa de sinistro. Pode ser classificado de duas formas: puro ou especulativo e
fundamental ou particular (DENENBERG et al., 1974 apud AZEVEDO, 2008).
Risco especulativo: Há possibilidade de perdas ou promessa de ganhos.
Exemplo: risco ligado a uma mudança no nível de preços; se os preços subirem
ocorrem ganhos; caso contrário, temos perdas (commodities).
Risco puro: Ocorrem ou não perdas, não havendo chance de ganhos. Exemplo:
destruição de um armazém por um incêndio.
Fundamental: As perdas não são individuais, mas sim coletivas. Exemplo:
inflação, guerra etc.
Particular: As perdas são individuais (particulares). Exemplo: incêndio de uma
casa, roubo de um carro etc.
Apólice: É um instrumento, através da apólice, o segurado transmite à
seguradora a responsabilidade sobre os riscos.
Sinistro: É o acontecimento previsto e que como acordado legalmente, obriga a
seguradora a indenizar o segurado.

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Indenização: É a contraprestação do segurador ao segurado. É o pagamento


prometido na ocorrência de um sinistro.

IMPORTANTE!
O prêmio é o preço do seguro ao segurado. Cabe ao segurado pagar ao segurador
o valor do prêmio, que é estipulado conforme o percentual de risco a ser coberto.

Os seguros também podem ser proporcionais ou não proporcionais. Os


seguros proporcionais são aqueles em que o segurado e a seguradora participam
proporcionalmente dos prejuízos advindos de um evento. Toda vez que o valor do
seguro for insuficiente (inferior ao valor do risco) o segurado torna-se coparticipante
do prejuízo. Uma relação de equivalência entre a importância recebida e a segurada
é estabelecida. (AZEVEDO, 2008).
Os seguros de materiais, equipamentos e instalações, geralmente são do tipo
proporcionais. Já os seguros não proporcionais caracterizam-se por não apresentar
uma relação de equivalência entre a importância segurada e o valor em risco. Não
há a aplicação do rateio como no seguro proporcional.
A equação para aplicação do princípio do rateio é seguinte,

𝐼 𝐼𝑆
=
𝑃 𝑉𝑅
tal que,
I = indenização
P = prejuízo
IS = importância segurada
VR= valor em risco

Exemplo1: Considere a seguinte situação hipotética de importância segurada


de R$ 1,5 milhões. Sinistro com prejuízo de R$ 400.000,00. O seguro é proporcional.
Calcule o valor da indenização (I), considerando um valor de risco (VR) de:

1
Exemplo retirado de Ruppenthal (2013) p. 96.

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a) 500 mil

𝐼 1500
= I= 1,2 milhões
400 500

b) R$ 1,5 milhões

𝐼 1500
= I = 400 mil
400 1500

c) R$ 2,0 milhões

𝐼 1500
= I = 300 mil
400 2000

Quadro 11: Vantagens e desvantagens da adoção de seguros


Vantagens Desvantagens
A indenização após uma perda garante a
O prêmio pode ser significativo e é pago
continuidade da operação, com pequena ou
antecipadamente a perda.
nenhuma redução da operação.

Tempo e dinheiro consideráveis são


A incerteza é reduzida, permitindo um
aplicados à escolha das seguradoras e à
planejamento alongo prazo.
negociação das condições.

Seguradoras podem prover serviços tais


A implantação de um programa de controle
como: controle de perdas, análise de
de perdas pode sofrer um relaxamento com
exposições e determinação do valor da
a existência do seguro.
perda.
Os prêmios de seguro são considerados
como despesas dedutíveis para fins de
imposto de renda.
Fonte: RUPPENTHAL, 2013.

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4.2 ETAPAS DO FINANCIAMENTO DE RISCOS

Os riscos que não foram eliminados ou reduzidos nas fases anteriores de


prevenção e controle, podem receber um tratamento diferenciado do convencional,
através do financiamento. O financiamento de riscos se subdivide em retenção e
transferência. Iremos abordar cada uma dessas subdivisões adiante.

Figura 17: Etapas de Financiamento do risco

Fonte: Autor, 2019. Adaptado de RUPPENTHAL, 2013.

Ruppenthal (2003) afirma que, geralmente, somente os riscos com baixa


frequência e alta gravidade devem ser transferidos, e os demais devem ser retidos.

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Figura 18: Matriz de risco

Fonte: RUPPENTHAL, 2013.

4.2.1 Retenção de Riscos


De Cicco & Fantazzini (1985) afirmam que a retenção de riscos pode ser
entendida como um plano financeiro, elaborado pela própria empresa, para enfrentar
possíveis perdas acidentais. As formas de retenção de riscos podem ser separadas
em autoadoção (intencional e não-intencional) e autosseguro (parcial e total).

Autoadoção
A autoadoção de riscos não requer que a empresa possua um fundo financeiro
de reserva para eventuais perdas, diferentemente do autosseguro.
A autoadoção pode ter caráter intencional, quando as perdas são aceitas de
maneira voluntária (perdas são suportáveis) e não trazem consequências negativas
no que tange aos aspectos econômicos e financeiros da empresa, ou não
intencional, quando não há planejamento à chegada das perdas (perdas
inesperadas), o que pode resultar em consequências desastrosas, no que tange aos
aspectos econômico/financeiros.
A autoadoção intencional de riscos é representada pelas perdas suportáveis,
isto é, provenientes de pequenos furtos, perdas resultantes de uso e desgaste
natural de prédio, máquinas e equipamentos e perdas decorrentes de maus
pagadores até um certo limite.

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Por outro lado, a autoadoção não intencional acarreta a aceitação de perdas


inesperadas, pois, não foram planejadas previamente, consequência da má gestão,
ignorância e negligência dos riscos, por parte da alta direção da empresa. Como não
há uma receptividade das perdas (financeiramente falando) esse tipo de autoadoção
pode até levar uma empresa à falência.

Autosseguro
Para melhor entendimento do autosseguro, é importante conhecer a definição
de seguro já exposta aqui.
O autosseguro, a segunda forma de retenção de riscos, por sua vez, envolve
um planejamento formal, com fundos de reserva que sejam dedicados à eventuais
perdas. No autosseguro, a aceitação dos riscos pode ser de forma parcial ou total.
No caso do autosseguro parcial, uma parcela do risco é assumida pela empresa e a
outra parcela é transferida a terceiros. No autosseguro total, a empresa arca com os
riscos de maneira integral.
Segundo De Cicco & Fantazzini (2003), citado por Ruppenthal (2013), as
razões principais que podem levar uma empresa a adotar o autosseguro, são:
 Pela redução de despesas na transferência de riscos através de seguros.
 Como forma de reduzir os custos em autosseguro e em seguro, investem
no incentivo às ações de prevenção e controle de perdas.
 Soluções mais práticas e rápidas que venham a ocorrer sem a
necessidade de perícia.
 Atuação em riscos não segurados pelo mercado.

Existem alguns aspectos e requisitos básicos que uma organização deve


possuir antes de optar pela adoção a um autosseguro.
 Os riscos a serem cobertos devem ser agrupados de forma homogênea
que permita estabelecer valores médios. Os bens protegidos devem estar
afastados de forma a não permitir a destruição simultânea.
 A situação financeira da empresa deve permitir a criação desses fundos
de seguro sem comprometer a operacionalidade.

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 A adoção do autosseguro deve estar atrelada a um esforço na


implementação e na manutenção de uma política de gerenciamento de
risco, além de estudos estatísticos e adoção de medidas concretas de
segurança e prevenção.

SAIBA MAIS!
- Retenção do risco significa “correr o risco”.
- A retenção inclui ainda os riscos não identificados.
- Neste caso, não é necessária a implementação de controles.
- Deve ser elaborado um registro dos riscos aceitos, com a justificativa da razão de
terem sido aceitos, e a relação dos responsáveis pela aprovação da retenção dos
riscos
Fonte: BEZERRA, Edson Kowask. Gestão de riscos de TI. NBR 27005. Rio de
Janeiro: 2013.

4.2.2 Transferência de Riscos


Segundo De Cicco & Fantazzini (2003), basicamente a transferência de riscos
a terceiros pode ocorrer de duas maneiras distintas. São elas: através de contratos,
acordos ou outras ações (sem seguro) ou através de seguro.
A transferência de riscos de uma organização a terceiros sem seguro,
geralmente é feita através de contratos bem definidos, no que diz respeito às
responsabilidades, às garantias e às obrigações das partes. Esse tipo de
transferência é comum em contratos de serviços de construção, montagem, projetos,
transportes e outros.
No que tange à transferência de riscos por seguro, ela se dá de modo parecido
com o autosseguro, sendo que a diferença é que no autosseguro há a retenção dos
riscos pela própria empresa. A empresa se prepara (através da criação de fundos de
reserva) para receber eventuais perdas. Já na transferência, como o próprio nome
revela, há um repasse dos riscos à instituições terceiras (que são preparadas
financeiramente para receber os riscos).

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De Cicco & Fantazzini (2003) ainda revelam que o seguro é de longe o método
mais comum para transferência dos riscos puros (estudados no capítulo 2) e,
ocasionalmente, até mesmo dos riscos especulativos.

4.3 SEGURO OU AUTOSSEGURO?

Ao gerente de riscos de uma organização, na fase de tratamento dos riscos


que não foram reduzidos ou eliminados em etapas anteriores, cabe a difícil missão
de decidir por transferir os riscos a terceiros ou adotar o autosseguro, admitindo os
riscos em fundos de reserva da própria empresa.
Para auxiliar nessa tomada de decisão, um modelo vem sendo muito utilizado
em diversos países, ele é chamado de “Modelo de Houston”, proposto pelo norte-
americano David Houston.
O modelo de Houston utiliza-se do conceito de perda de oportunidade, que
resumidamente, representa um possível ganho financeiro não obtido devido à
decisão de não participar de um determinado negócio. Considerando a seguinte
situação hipotética: uma certa quantia em dinheiro é aplicada na poupança (que é
considerado um investimento de baixo risco), cujas taxas de juros são baixas, ao
invés de ser aplicado na própria empresa, com taxas de retornos maiores, porém,
também com maiores riscos (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003).
O custo de oportunidade do dinheiro (ganho), em termos de ativos líquidos, é
representado pela diferença entre o rendimento que seria obtido por investir capital
na própria empresa (r) pelo rendimento que poderia ser obtido pelo investimento na
poupança (i).
O modelo de Houston é justamente uma aplicação desse conceito e objetiva
auxiliar na tomada de decisão sobre a melhor destinação dos riscos excedentes.
Supondo que um gerente de risco deva decidir entre a adoção de autosseguro
e a aquisição de seguro para um período de um ano em relação a certo risco. Se
optar pelo autosseguro necessitará de um fundo de reserva (F) no valor de R$
800.000,00. Se por outro lado, optar por adquirir um seguro, o valor do fundo será

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aplicado na própria empresa. O prêmio do seguro (P) é de R$ 8.000,00 (*)2. (DE


CICCO; FANTAZZINI, 2003).
Considere ainda que se o fundo for aplicado na empresa, resultará em um
rendimento de 30% (r) , e se for aplicado de forma externa (no mercado financeiro) o
rendimento será de 15%(i).Vamos analisar as duas hipóteses:
1) Se o gerente de riscos optar por comprar o seguro, a posição financeira da
empresa ao final do ano (PFs), será:

𝑃𝐹𝑆 = 𝑉𝐿 − 𝑃 + 𝑟. (𝑉𝐿 − 𝑃) (1)


em que,
VL= Valor líquido no início do ano

2) Se o gerente optar pelo autosseguro, a posição financeira da empresa ao


final do ano (𝑃𝐹𝐴𝑆 ), será:

𝑃 𝑃
𝑃𝐹𝐴𝑆 = 𝑉𝐿 − + 𝑟. (𝑉𝐿 − − 𝐹) + 𝑖 . 𝐹 (2)
2 2

em que,
a parcela P/2 representa a perda média esperada no período, assumindo que a
empresa poderá perder, a longo prazo, metade do prêmio do seguro.
A diferença entre 𝑃𝐹𝑆 𝑒 𝑃𝐹𝐴𝑆 é o valor econômico do seguro (V).
𝑉 = 𝑃𝐹𝑆 − 𝑃𝐹𝐴𝑆

Logicamente, se V > 0,ou seja 𝑃𝐹𝑆 >𝑃𝐹𝐴𝑆 , a posição financeira da empresa ao


final de um ano será maior caso o gerente opte pela compra do seguro. Caso
contrário, V < 0, a melhor escolha será pelo autosseguro.
Para o exemplo proposto, ao subtrairmos a equação (1) pela equação (2)
teríamos o seguinte valor econômico:
𝑃
𝑉 = 𝐹. (𝑟 − 𝑖) − . (1 + 𝑟) (3)
2

2
Os valores aqui utilizados são hipotéticos e não correspondem ao que é praticado no mercado de seguros.

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𝑅$ 8000
𝑉 = 𝑅$ 800.000 . (0,30 − 0,15) − . (1 + 0,30)
2

𝑉 = 𝑅$ 114.800,00

O valor encontrado é maior do que zero e, portanto, o gerente de riscos poderá


optar pela compra do seguro, no valor de R$8.000,00 e, caso julgue interessante,
poderá investir o fundo de R$800.000,00 no próprio negócio da empresa.

4.4 DEFINIÇÃO DE NÍVEIS DE FRANQUIA

Primeiramente, a franquia, basicamente, corresponde ao valor que o


contratante (segurado) deve arcar, caso ele se envolva em um algum sinistro e
tenha que acionar a seguradora. Isso significa que a empresa corre um determinado
risco até o limite da franquia estabelecida. É o valor correspondente ao fundo de
reserva implementado na empresa.
Para determinar o valor da franquia, a empresa deve fazer uso de dois
métodos, o “Modelo de Houston” e a “Regra do Menor Custo”.
Considerando os dados de rendimentos do exemplo anterior e supondo que a
empresa decidiu autossegurar os primeiros R$30.000,00 e, por isso, o prêmio foi
reduzido para R$2.000,00, a opção do seguro ainda será a mais vantajosa para a
empresa? (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003)

Sabe-se que r =0,30; i = 0,15; F = 30.000 e P =2.000

𝑅$2000
𝑉 = 𝑅$ 30.000 . (0,30 − 0,15) − . (1 + 0,30) = 𝑅$ 3.200,00
2

Tendo em vista que o valor de V (valor econômico do seguro) ainda é positivo,


significa que ainda é vantajoso manter a compra do seguro nessa nova situação.
Com base nesse modelo (Modelo de Houston), caso o gerente de riscos queira
saber o valor da franquia mínima a ser adotada, basta que ele coloque V=0 na

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equação 3 acima e isole a variável “F” (fundo de reserva) achando um valor que
corresponde à franquia mínima aceitável. Veja:

𝑅$2000
0 = 𝐹 . (0,30 − 0,15) − . (1 + 0,30)
2

1300
𝐹= = 𝑅$ 8.667,00
0,15

Conclui-se, nessa situação hipotética, que a opção pela compra do seguro é


viável, mesmo se a franquia for reduzida a esse valor mínimo de R$ 8.667,00.
A “Regra do Menor Custo” é um outro método utilizado para definir o valor da
franquia de um seguro. Baseia-se na ideia de que o custo do risco esperado
equivale ao prêmio do seguro somado a perda assumida pelo segurado em função
da franquia vigente. Subentende-se que o valor correspondente à franquia só será
devido ao segurado em caso de perdas. A equação que representa essa definição
pode ser escrita dessa forma:

𝐶𝑇𝐸 = 𝑃 + 𝑞. 𝐹 (4)

Onde
P = valor do prêmio
q= frequência esperada dos eventos que ocorram ao longo de um ano
F = valor da franquia

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
O conteúdo relacionado à transferência de riscos não é encontrado em qualquer
livro ou apostila de gerência de riscos. Abaixo deixarei algumas indicações
bibliográficas, as quais me baseei para a elaboração deste capítulo e que servirão
de auxílio para a sua caminhada. Uma boa dica para encontrar bons materiais que
abordam essa temática, é buscar por livros das áreas de ciências atuariais,
administração e contabilidade.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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AZEVEDO, Gustavo H.W. de. Seguros, Matemática Atuarial e Financeira. São


Paulo: Saraiva,2008

DE CICCO, F.; FANTAZZINI, M. L. Tecnologias consagradas de gestão de


riscos: riscos e probabilidades. São Paulo: Séries Risk Management, 2003.

RUPPENTHAL, Janis Elisa. Gerenciamento de riscos – Santa Maria: Universidade


Federal de Santa Maria, Colégio Técnico Industrial de Santa Maria; Rede e-TEC
Brasil, 2013.120p.

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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14280:2001 Cadastro


de acidente do trabalho. Rio de Janeiro. 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO/IEC GUIA 73. Gestão


de Riscos- Vocabulário- Recomendações para uso em normas. Rio de
Janeiro,2005.

AZEVEDO, Gustavo H.W. de. Seguros, Matemática Atuarial e Financeira. São


Paulo: Saraiva,2008

ABNT. Lançada a nova versão da norma ISO 31000 – Gestão de Riscos.


Disponível em:<http://www.abnt.org.br/imprensa/releases/5753-lancada-a-nova-
versao-da-norma-iso-31000-gestao-de-riscos> Acesso em 16 de fevereiro de 2019.

BEZERRA, Edson Kowask. Gestão de riscos de TI. NBR 27005. Rio de Janeiro:
2013.

BOBSIN, Arthur. Entenda o que é compliance e como colocar em prática.


Disponível em: https://www.aurum.com.br/blog/o-que-e-compliance/ Acesso em: 18
de fevereiro de 2019.

BLOG MOBUSS CONSTRUÇÃO. Segurança do Trabalho com auxílio do Hazop.


Disponível em: <https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/seguranca-no-trabalho-
com-hazop/> Acesso em: 20 de fevereiro de 2019.

BLOG SEGURANÇA DO TRABALHO NWN. Como fazer análise de risco.


Disponível em: https://segurancadotrabalhonwn.com/como-fazer-analise-de-risco/
Acesso em 15 de fevereiro de 2019.

BLOG TUIUTI. Entenda a importância de uma Análise Preliminar de Riscos


(APR) para Espaço Confinado. Disponível em: <https://www.epi-
tuiuti.com.br/blog/entenda-importancia-de-uma-analise-preliminar-de-riscos-apr-para-
espaco-confinado/> Acesso em: 20 de fevereiro de 2019.

BRASIL, Lei Nº 8.213, de 24 de jul. de 1991. Planos de Benefícios da Previdência


Social e dá outras providências. Brasília-DF, jul 2017.

BSI GROUP. ISO 31000 – Gestão de Risco. Disponível em:


<https://www.bsigroup.com/pt-BR/ISO-31000-Gestao-de-Risco/ > Acesso em 16 de
fevereiro de 2019.

CARDELLA, Benedito. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma


abordagem holística: segurança integrada à missão organizacional com
produtividade, qualidade, preservação ambiental e desenvolvimento de pessoas/
Benedito Cardella -São Paulo: Atlas, 1999.

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CONDE, MARCOS. A nova ISO 45001: gestão de segurança do trabalho valoriza


empresas no mercado. Disponível em:
<https://portogente.com.br/noticias/opiniao/101908-a-nova-iso-45001-gestao-de-
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DE CICCO, F.; FANTAZZINI, M. L. Tecnologias consagradas de gestão de


riscos: riscos e probabilidades. São Paulo: Séries Risk Management, 1985.

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FIGUEIREDO JÚNIOR, José Vieira. Prevenção e controle de perdas: abordagem


integrada Natal : IFRN Editora, 2009.

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