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HIGIENE DO TRABALHO

Caro(a) aluno(a),

A Universidade Candido Mendes (UCAM), tem o interesse contínuo em


proporcionar um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que
conduzem ao conhecimento.

Todos os projetos são fortemente comprometidos com o progresso educacional


para o desempenho do aluno-profissional permissivo à busca do crescimento
intelectual. Através do conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm
acesso à informação, expressam opiniões, constroem visão de mundo, produzem
cultura, é desejo desta Instituição, garantir a todos os alunos, o direito às
informações necessárias para o exercício de suas variadas funções.

Expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo,


totalmente reformulado e empenhado na facilitação de um construto melhor para
os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso.

Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita
dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente
da Universidade Candido Mendes (UCAM).

Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de
suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese
dos saberes.

Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o


equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos!

Atenciosamente,

Setor Pedagógico
SUMÁRIO

RISCOS VERSUS HIGIENE DO TRABALHO: CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO E RECONHECIMENTO ................... 5


RISCOS FÍSICOS: CONCEITO, TIPOS, LIMITES DE TOLERÂNCIA, MEDIDAS DE CONTROLE .......................... 12
RUÍDOS .................................................................................................................................................... 12
VIBRAÇÕES .............................................................................................................................................. 14
RADIAÇÕES.............................................................................................................................................. 14
CONSEQUÊNCIAS DE TEMPERATURAS EXTREMAS – QUENTE E FRIO .................................................... 17
PRESSÕES ANORMAIS ............................................................................................................................. 17
UMIDADE ................................................................................................................................................ 18
REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO E QUALIDADE DOS EMPREGOS: ENTRE O DISCURSO, A TEORIA E A
REALIDADE .................................................................................................................................................. 19
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 19
DIVERGÊNCIAS E CONTRADIÇÕES ACERCA DA REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO ........................ 22
CARACTERÍSTICAS DA JORNADA DE TRABALHO NO BRASIL ................................................................... 40
CONCLUSÕES .......................................................................................................................................... 45
HIGIENE DO TRABALHO .............................................................................................................................. 49
A VENTILAÇÃO, SUA IMPORTÂNCIA DA VENTILAÇÃO PARA O SER HUMANO E, OS EQUIPAMENTOS DE
CONTROLE ................................................................................................................................................... 51
CONCEITO E APLICAÇÃO DA VENTILAÇÃO .............................................................................................. 51
A IMPORTÂNCIA DA MECÂNICA DOS FLUIDOS....................................................................................... 54
RISCOS RELATIVOS AO MANUSEIO, ARMAZENAGEM E TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS AGRESSIVAS:
INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE .......................................................................................................... 56
COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS .............................................................................................................. 56
SÓLIDOS COMUNS (COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS) ................................................................................... 56
DESTILAÇÃO ........................................................................................................................................ 57
INFLAMAÇÃO ...................................................................................................................................... 57
INCANDESCÊNCIA................................................................................................................................ 57
LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS (COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS) ........................................................................ 57
RAPIDEZ DE INFLAMABILIDADE .......................................................................................................... 57
PONTO DE FULGOR ................................................................................................................................. 58

Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 3
GASES INFLAMÁVEIS (COMBUSTÍVEIS GASOSOS).............................................................................. 58
LIMITE DE EXPLOSIVIDADE.................................................................................................................. 58
MATERIAIS QUÍMICOS DE GRANDE RISCO.......................................................................................... 59
SÓLIDOS INFLAMÁVEIS ....................................................................................................................... 59
PLÁSTICOS E FILMES............................................................................................................................ 61
AGENTES OXIDANTES .......................................................................................................................... 61
ÁCIDOS E OUTROS CORROSIVOS ........................................................................................................ 62
SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS ............................................................................................................... 64
RISCOS RELATIVOS AO MANUSEIO, ARMAZENAGEM E TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS AGRESSIVAS.. 64
HIGIENE OCUPACIONAL: IMPORTÂNCIA, RECONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO .............................. 67
SAÚDE DO TRABALHADOR ...................................................................................................................... 68
PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .............................................................. 68
GLOBALIZAÇÃO ....................................................................................................................................... 69
RECONHECIMENTO DA HIGIENE OCUPACIONAL .................................................................................... 69
QUALIDADE É UM ASPECTO CRITICO...................................................................................................... 71
CONCLUSÃO ............................................................................................................................................ 72
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS NO LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA DE UM
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO ................................................................ 73
RESUMO .................................................................................................................................................. 73
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 74
METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 75
RESULTADOS ........................................................................................................................................... 76
DISCUSSÃO .............................................................................................................................................. 78
CONCLUSÃO ............................................................................................................................................ 82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................... 86
REFERÊNCIAS BÁSICAS ............................................................................................................................ 86

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RISCOS VERSUS HIGIENE DO TRABALHO: conceitos, classificação e
reconhecimento

Para a elaboração desse Guia de Estudos foram pesquisadas, além das Referências
clássicas, as recentes publicações acadêmicas que tratam do tema e os principais estudos
desenvolvidos nesta área, em revistas científicas de renome.
Para tanto, nossa equipe pesquisou as publicações recentes e, entre elas, privilegiamos
aquelas mais abrangentes e diversificadas, bem como, privilegiamos os Artigos Científicos por
conta do tamanho e da abrangência, haja vista que, Dissertações e Teses são muito extensas para
um Guia de Estudos. Contudo, sugerimos a leitura das mesmas para conhecimento,
aprofundamento e escolha de uma linha de pesquisa para possíveis futuros estudos, visando um
Mestrado ou um doutoramento.
Nesse sentido, esperamos que você faça uma leitura proveitosa, esclarecedora e
aprofundada dos textos disponibilizados neste Guia de Estudos, desejando uma carreira vitoriosa
seja na atuação profissional, seja em estudos acadêmicos sequenciais.
Isto porque, a História situa as pessoas no tempo e no espaço, leva a reflexões sobre a
evolução da vida, dos acontecimentos, como chegamos aqui e quais as perspectivas podemos
reservar para o futuro, portanto, vamos conhecer um pouco da história do trabalho, dos acidentes
e as relações de segurança no trabalho. O foco, na realidade, centra-se na História do
prevencionismo que decorre de aspectos econômicos, políticos e sociais.
A segurança do trabalho é um fator de extrema importância nas organizações e é preciso
saber passar para seus colaboradores a importância do mesmo, mostrar que a organização se
preocupa com o bem-estar de seus funcionários, onde consigam fazer grandes descobertas e
executar da melhor maneira possível o seu trabalho.
Conforme Chiaventato,

A segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacional, médica e


psicológica utilizadas para prevenir acidentes seja eliminado condições inseguras do
ambiente, seja instrumento ou convencendo as pessoas da utilização de praticas
preventivas. Ela é indispensável ao desempenho satisfatório do trabalho.
(CHIAVENATO, 2004, p. 352).

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A palavra Higiene é de origem grega, significa hygeinos. Hygeinos significa “o que é
saudável”. Logo, aplicando esse conceito de saudável ao ambiente de trabalho, temos o termo
Higiene do Trabalho.
Higiene Ocupacional, também conhecida como Higiene do Trabalho e Higiene
Industrial, é a ciência e arte dedicada ao reconhecimento, avaliação e controle de agentes
ambientais que surgem no trabalho e que podem causar doenças e prejuízos à saúde dos
trabalhadores e até mesmo da comunidade que circunda o trabalho.
Acidente de trabalho é aquele que acontece no exercício do trabalho a serviço da
empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional podendo causar morte, perda ou
redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Já o incidente de trabalho é
tudo o que atinge exclusivamente os objetos, provocando, portanto, prejuízos matérias, qualquer
funcionário pode comunicar um incidente, basta relatá-lo por escrito e entregar seu relato no
setor de segurança, ou depositá-lo nas caixas de coleta distribuídas nos vários setores da
empresa. Os encarregados da segurança, juntamente com o chefe do setor em que ocorreu o
incidente e com os membros da CIPA, se encarregarão de investigar o caso e propor medidas de
controle. É muito importante que isso seja feito, antes que algo mais grave aconteça. Na
realidade, os incidentes sinalizam que algo está errado.
Acidentes no trabalho e doenças profissionais são frequentes e custam caro para as
empresas. Para evitar perdas como essa, as empresas estão preocupadas em limitar acidentes no
local de trabalho, além de propiciar condições - em todas as áreas de emprego - que ofereçam
segurança e saúde aos funcionários.
A segurança do trabalho lida com a prevenção e controle dos riscos de operação. A
higiene do trabalho lida com os riscos do ambiente na parte de avaliação do risco.
Principalmente os que podem originar doenças ocupacionais.
Acidentes e doenças atribuídos às condições de trabalho podem, ainda, ter efeitos
acentuados na moral dos funcionários e afetar a imagem institucional da empresa na comunidade
e no mundo empresarial.
Até meados século 19 a produtividade era valorizada em detrimento da saúde e até
mesmo da vida do trabalhador. Isso vem mudando ao longo dos anos.

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A partir da década de 50/60 surgem as primeiras tentativas sérias na área da Higiene do
Trabalho, bem como o surgimento legislações na área de segurança do trabalho.
Aos poucos o homem foi descobrindo que para atuar sobre as fontes de risco seria
necessário quantificar o risco, e com isso a Higiene do Trabalho veio tomando forma e se
tornando indispensáveis nas práticas de Segurança do Trabalho.
Todos os colaboradores querem um ambiente de trabalho saudável e seguro para
exercer suas funções. A questão para as organizações está relacionada com o custo disto.
Um ambiente de trabalho pode ser um lugar perigoso, não apenas para os operários que
devem usar equipamentos e substâncias perigosas, mas também para os trabalhadores de
escritório. Muitos perigos têm consequências imediatas, como uns ferimentos sofridos em um
acidente, outros somente são diagnosticados com o tempo.
Um ambiente de trabalho agradável pode melhorar o relacionamento interpessoal e a
produtividade, assim como reduzir acidentes, doenças, absenteísmo e rotatividade do pessoal.
Fazer do ambiente um local agradável para se trabalhar tornou-se uma verdadeira obsessão para
as empresas bem-sucedidas.
Sendo assim e, sob a égide de Chiavenato, a Higiene do trabalho refere-se a um
conjunto de normas e procedimento que visa à proteção da integridade física e mental do
trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico
onde são executadas. Relaciona-se com o diagnóstico e prevenção das doenças ocupacionais a
partir do estudo e controle de duas variáveis: homem e seu ambiente de trabalho.
(CHIAVENATO, 1999, p. 376).
Os principais itens do programa de higiene do trabalho geralmente envolvem:
a) Ambiente físico de trabalho: refere-se às circunstancias físicas que envolvem o
colaborador enquanto ocupante de um cargo, na organização. Os Itens mais
importantes são:
b) Iluminação adequada: refere-se à quantidade de luminosidade que incide no local
de trabalho do colaborador, a má iluminação causa fadiga à vista, prejudica o
sistema nervoso, concorre para a má qualidade do trabalho é responsável por
razoável parcela dos acidentes.

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Em sedo, podemos afirmar que a Higiene Ocupacional, industrial ou do trabalho é uma
técnica preventiva que atua na exposição do trabalhador a um ambiente agressivo com o objetivo
de evitar doenças profissionais.
Por definição é a ciência e a arte dedicada à prevenção, reconhecimento, avaliação e
controle dos riscos existentes ou originados dos locais de trabalho, os quais podem prejudicar a
saúde e o bem estar das pessoas no trabalho, enquanto considera os possíveis impactos sobre o
meio ambiente geral.
Assim, de acordo com Chiavenato, a Higiene do trabalho é um “Conjunto de normas e
procedimentos voltado para a integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos
riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas”
(CHIAVENATO, 1999).
Mas o que são riscos?
Na epidemiologia, o conceito de risco corresponde à probabilidade de um indivíduo, de
uma população definida, desenvolver uma determinada doença, em um período de tempo
também estabelecido.
Os riscos estão presentes nos locais de trabalho e em todas as demais atividades
humanas, comprometendo a segurança e a saúde das pessoas e a produtividade da empresa.
No entendimento de Pignati (2007), os fatores de risco provocam cargas à saúde dos
trabalhadores e se transformam em situações de risco que, quando não eliminadas, ocasionam
eventos de riscos ou acidentes de trabalho (típicos, trajetos e doenças do trabalho), cujos efeitos
podem atingir suas famílias, a população e o ambiente do entorno ou da região. Estas situações
de risco têm origem na organização dos processos de trabalho influenciados por dinâmicas
sociais, tecnológicas e de promoção de saúde, que necessitam serem vigiadas pelos
trabalhadores, pela população afetada/agravada e pelo Estado, no sentido de serem eliminadas
num processo de vigilância à saúde no trabalho.
A noção de risco “ocupacional”, que tem orientado muitas intervenções nos ambientes
de trabalho, apresenta como limitações a dependência do conhecimento prévio sobre os
determinantes de agravos e a menor viabilidade de uso desta noção quando se desconhece uma
relação direta entre o agente de risco e o efeito à saúde (AYRES, 2002).

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Na toxicologia, o conceito de risco está associado à estimativa da probabilidade de
desenvolvimento de uma doença como resultado de uma determinada exposição (FUNASA,
2002).
Se pensarmos em termos de agentes agressivos, a exposição causa dentre outros
agravos: enfermidade profissional, fadiga, acidentes no trabalho, envelhecimento, desgaste
prematuro e insatisfação.
Tanto por isso, podemos elencar como objetivos da higiene do trabalho:
 Eliminar ou reduzir os agentes agressivos de natureza química, física ou biológica
encontrados no ambiente de trabalho, capazes de acarretar doenças profissionais ou
qualquer outro prejuízo a saúde do trabalhador.

São fases da higiene do trabalho:


 Antecipação - Fase de prevenção de riscos: São considerados os riscos ambientais que
poderão ocorrer nos ambientes de trabalho, visando a introdução de sistemas de
controle durante as fases de projeto, instalação, ampliação, modificação ou
substituição de equipamentos ou processos;
 Reconhecimento - Identificação dos riscos: Identificar os riscos ambientais que podem
influenciar a saúde dos trabalhadores. Nesta fase torna-se necessário um estudo sobre
matérias-primas, produtos e subprodutos, métodos e procedimentos de rotina,
processos produtivos, instalações e equipamentos existentes. É a primeira avaliação
qualitativa do ambiente de trabalho;
 Avaliação - Constatação da presença do agente com quantificação: É a fase da
avaliação quantitativa dos riscos ambientais através de medições de curto ou longo
prazo nos ambientes de trabalho e comparação com os limites de tolerância. As
avaliações devem ser realizadas após a elaboração de estratégias de amostragem que
devem estar de acordo com as técnicas de avaliação e análise selecionadas.
 Controle - Medidas a serem adotadas após a comparação: O controle deve ser
dimensionado levando-se em consideração os recursos técnicos e financeiros, sendo
preferencialmente recomendados os controles de engenharia. Esta é a fase mais

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importante, devendo ser iniciada, sempre que possível, durante as fases de antecipação
e reconhecimento.

A Higiene Ocupacional tem como objetivo prevenir as doenças profissionais e, para


tanto, envolve:
 Contaminantes (poluentes) do ambiente de trabalho.
 Engenharia: atua diretamente na quantificação dos riscos do trabalho. Bem como, busca
soluções para neutralizar os respectivos riscos da atividade.
 Medicina: pode atuar na quantificação, bem como no tratamento de doença e
quantificações e relatórios dos agravos à saúde do trabalhador.
 Epidemiologia: é a ciência que estuda de forma quantitativa a distribuição dos fenômenos
de saúde e doença, bem como a eficácia dos tratamentos no âmbito da saúde pública,
além de estudar seus fatores causadores e determinantes.
 Toxicologia: é a ciência que estuda os efeitos dos nocivos das substâncias químicas sobre
o organismo.
 Química: estuda as propriedades da matéria e ainda a forma como elas se comportam
mediante o manuseio no ambiente de trabalho.
 Bioestatística: é a aplicação de ações estatísticas no campo biológico e médico. Essa
ciência teve origem na contagem de fenômenos vitais como mortes, nascimentos,
doentes, etc. Esse tipo de estatística sempre é feito de forma quantitativa.

Em sendo, o objetivo final da Higiene do Trabalho é que após o levantamento


quantitativo dos riscos ambientais possamos proceder à eliminação dos mesmos, nos locais de
trabalho. Ou seja, que possamos eliminar tudo o que pode afetar a saúde. Ter saúde é ter
equilíbrio e bem estar físico, mental e social.
 Saúde física: Funcionamento adequado das diferentes partes do corpo, órgãos, tecidos,
células.
 Saúde mental: Equilíbrio intelectual e emocional.
 Saúde social: Bem estar na relação com os outros.

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Assim, a prevenção é certamente o melhor processo de reduzir ou eliminar as
possibilidades de ocorrerem problemas de segurança com o Trabalhador. A prevenção consiste
na adopção de um conjunto de medidas de proteção, na previsão de que a segurança física do
operador possa ser colocada em risco durante a realização do seu trabalho. Nestes termos, pode-
se acrescentar que as medidas a tomar no domínio da higiene industrial não diferem das usadas
na prevenção dos acidentes de trabalho.
Nesse sentido, a higiene do trabalho propõe-se combater, de um ponto de vista não
médico, as doenças profissionais, identificando os fatores que podem afetar o ambiente do
trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras
de trabalho que podem afetar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador).

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RISCOS FÍSICOS: conceito, tipos, limites de tolerância, medidas de controle

No grupo dos riscos físicos podemos encaixar diversas formas de energia, como: ruídos;
temperaturas excessivas; vibrações; pressões anormais; radiações ionizantes e radiações não
ionizantes; frio; calor; umidade.
Os riscos físicos podem ser enumerados dependendo dos equipamentos de manuseio do
operador ou do ambiente em que se encontra no laboratório. Não devem ser confundidos com os
riscos de acidentes

RUÍDOS
As máquinas e equipamentos utilizados pelas empresas produzem ruídos que podem
atingir níveis excessivos, podendo a curto, médio e longo prazo provocar sérios prejuízos à
saúde. Dependendo do tempo de exposição, nível sonoro e da sensibilidade individual, as
alterações danosas poderão manifestar-se imediatamente ou gradualmente.
Quanto maior o nível de ruído, menor deverá ser o tempo de exposição ocupacional.
O ruído age diretamente sobre o sistema nervoso, ocasionando:
- fadiga nervosa;
- alterações mentais: perda de memória, irritabilidade, dificuldade em coordenar ideias;
- hipertensão;
- modificação do ritmo cardíaco;
- modificação do calibre dos vasos sanguíneos;
- modificação do ritmo respiratório;
- perturbações gastrointestinais;
- diminuição da visão noturna;
- dificuldade na percepção de cores.

Além destas consequências, o ruído atinge também o aparelho auditivo causando a


perda temporária ou definitiva da audição.

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Abaixo temos os limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente.

Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível


85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 40 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos

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Para evitar ou diminuir os danos provocados pelo ruído no local de trabalho, podem ser
adotadas as seguintes medidas:
 Medidas de proteção coletiva: enclausuramento da máquina produtora de ruído;
isolamento de ruído.
 Medida de proteção individual: fornecimento de equipamento de proteção
individual (EPI) (no caso, protetor auricular). O EPI deve ser fornecido na
impossibilidade de eliminar o ruído ou como medida complementar.
 Medidas médicas: exames audiométricos periódicos, afastamento do local de
trabalho, revezamento.
 Medidas educacionais: orientação para o uso correto do EPI, campanha de
conscientização.
 Medidas administrativas: tornar obrigatório o uso do EPI: controlar seu uso.

VIBRAÇÕES
Na indústria é comum o uso de máquinas e equipamentos que produzem vibrações, as
quais podem ser nocivas ao trabalhador.
As vibrações podem ser:
 Localizadas - (em certas partes do corpo). São provocadas por ferramentas manuais,
elétricas e pneumáticas.
 Consequências: alterações neurovasculares nas mãos, problemas nas articulações das
mãos e braços; osteoporose (perda de substância óssea).
 Generalizadas - (ou do corpo inteiro). As lesões ocorrem com os operadores de
grandes máquinas, como os motoristas de caminhões, ônibus e tratores.
 Consequências: Lesões na coluna vertebral; dores lombares.

Para evitar ou diminuir as consequências das vibrações é recomendado o revezamento


dos trabalhadores expostos aos riscos (menor tempo de exposição).

RADIAÇÕES

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São formas de energia que se transmitem por ondas eletromagnéticas. A absorção das
radiações pelo organismo é responsável pelo aparecimento de diversas lesões. Podem ser
classificadas em dois grupos:
 Radiações ionizantes - Os operadores de raios-X e radioterapia estão
frequentemente expostos a esse tipo de radiação, que pode afetar o organismo ou se
manifestar nos descendentes das pessoas expostas.
 Radiações não ionizantes - São radiações não ionizantes a radiação infravermelha,
proveniente de operação em fornos, ou de solda oxiacetilênica, radiação ultravioleta
como a gerada por operações em solda elétrica, ou ainda raios laser, micro-ondas,
etc.

Seus efeitos são perturbações visuais (conjuntivites, cataratas), queimaduras, lesões na


pele, etc.
Para que haja o controle da ação das radiações para o trabalhador é preciso que se tome:
 Medidas de proteção coletiva: isolamento da fonte de radiação (ex: biombo protetor
para operação em solda), enclausuramento da fonte de radiação (ex: pisos e paredes
revestidas de chumbo em salas de raio-x).
 Medidas de proteção individual: fornecimento de EPI adequado ao risco (ex:
avental, luva, perneira e mangote de raspa para soldador, óculos para operadores de
forno).
 Medida administrativa: (ex: dosímetro de bolso para técnicos de raio-x).
 Medida médica: exames periódicos.

Existem equipamentos que podem gerar calor ou chama, como por exemplo, estufas,
banhos de água, bico de bunsen, lâmpadas infravermelha, manta aquecedora, agitadores
magnéticos com aquecimento, chapas aquecedoras, termociclador, incubadora elétrica, forno de
micro-ondas, esterilizadores de alças ou agulhas de platina, autoclave, portanto, sua instalação
deve ser feita em local ventilado, longe de materiais inflamáveis, voláteis, termossensíveis.
Ao operar equipamentos geradores de calor, o operador deve se proteger com luvas
adequadas (resistentes ou revestidas com material isolante) e avental.

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O manuseio de destiladores com substâncias voláteis ou perigosas deve ser feito dentro
da capela de segurança química e exaustão e devem-se se utilizar máscaras com filtros
adequados para substâncias voláteis.
Um equipamento bastante comum no laboratório é a chama de aquecimento e a manta
aquecedora. Por ser portátil e os usuários terem facilidade em deslocá-lo, podem causar
queimaduras nas mãos com certa frequência. A colocação de um aviso de advertência de que
pode estar quente é providencial para todos os usuários.
Ainda com relação ao fogo e suas consequências, são medidas recomendadas para sua
proteção:
 Identificar a localização do chuveiro, dos extintores e dos baldes de areia.
 Identificar a localização dos quadros elétricos e da torneira geral do gás.
 Saber que aquecer produtos a altas temperaturas pode provocar queimaduras.
 Conhecer como se deve acender o bico de gás.
 Nunca abandonar um bico ou lamparina acesa.
 Evitar movimentá‐los quando acesos.
 Flamejar os instrumentos e os tubos com cuidado para evitar formação de aerossóis.
 Não usar material facilmente inflamável nas proximidades da chama.
 Evitar exposição aos vapores da autoclave quando de sua abertura, pois pode
provocar queimadura.
 Usar luvas isolantes para remover materiais da autoclave.

Para baixas temperaturas:


 Determinados experimentos devem ser realizados dentro de câmaras frias, portanto,
quando o operador executar tais tarefas por um período prolongado recomenda-se o
uso de roupas térmicas com capuz, uma vez que o frio também pode danificar os
cabelos.
 Frascos que contém nitrogênio líquido e gelo seco quando inadequadamente
manipulados ou transportados também provocam acidentes graves como as
queimaduras (ODA; ÁVILA, 1998)

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CONSEQUÊNCIAS DE TEMPERATURAS EXTREMAS – QUENTE E FRIO

Altas temperaturas Baixas temperaturas


Altas temperaturas podem provocar: Baixas temperaturas podem provocar:
- desidratação; - feridas;
- erupção da pele; - rachaduras e necrose na pele;
- câimbras; - enregelamento: ficar congelado;
- fadiga física; - agravamento de doenças reumáticas;
- distúrbios psiconeuróticos; - predisposição para acidentes;
- problemas cardiocirculatórios; - predisposição para doenças das vias
- insolação. respiratórias.

Para o controle das ações nocivas das temperaturas extremas ao trabalhador é necessário
que se tome medidas:
 de proteção coletiva: ventilação local exaustora com a função de retirar o calor e
gases dos ambientes, isolamento das fontes de calor/frio.
 de proteção individual: fornecimento de EPI (ex: avental, bota, capuz, luvas especiais
para trabalhar no frio).

PRESSÕES ANORMAIS
Há uma série de atividades em que os trabalhadores ficam sujeitos a pressões
ambientais acima ou abaixo das pressões normais, isto é, da pressão atmosférica a que
normalmente estamos expostos.
Baixas pressões: são as que se situam abaixo da pressão atmosférica normal e ocorrem
com trabalhadores que realizam tarefas em grandes altitudes. No Brasil, são raros os
trabalhadores expostos a este risco.
Altas pressões: são as que se situam acima da pressão atmosférica normal. Ocorrem em
trabalhos realizados em tubulações de ar comprimido, máquinas de perfuração, caixões
pneumáticos e trabalhos executados por mergulhadores. Ex: caixões pneumáticos,
compartimentos estanques instalados nos fundos dos mares, rios, e represas onde é injetado ar

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comprimido que expulsa a água do interior do caixão, possibilitando o trabalho. São usados na
construção de pontes e barragens.
A exposição a pressões anormais, pode causar a ruptura do tímpano quando o aumento
de pressão for brusco e a liberação de nitrogênio nos tecidos e vasos sanguíneos e morte.
Por ser uma atividade de alto risco, exige legislação específica (NR-15) a ser obedecida.

UMIDADE
As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcadas, com
umidades excessivas, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, são situações
insalubres e devem ter a atenção dos prevencionistas por meio de verificações realizadas nesses
locais para estudar a implantação de medida de controle.
A exposição do trabalhador à umidade pode acarretar doenças do aparelho respiratório,
quedas, doenças de pele, doenças circulatórias, entre outras.
Para o controle da exposição do trabalhador à umidade podem ser tomadas medidas de
proteção coletiva (como o estudo de modificações no processo do trabalho, colocação de
estrados de madeira, ralos para escoamento) e medidas de proteção individual (como o
fornecimento do EPI - luvas de borracha, botas, avental para trabalhadores em galvanoplastia,
cozinha, limpeza etc).

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REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO E QUALIDADE DOS
EMPREGOS: entre o discurso, a teoria e a realidade

O objetivo deste ensaio1 é examinar o tema da redução da jornada de trabalho de modo crítico,
expondo algumas dimensões teóricas e empíricas importantes que costumam ficar excluídas do
debate público sobre a matéria. Analisando algumas características sobre o tempo de contratação
de trabalhadores no mercado de trabalho brasileiro, demonstra-se que existe uma grande
distância entre o discurso, a leitura acadêmica sobre a matéria e a realidade. A redução da
jornada de trabalho é um tema multifacetado, que caracteriza um debate complexo e polêmico,
suscitando o interesse de diversos agentes sociais interessados nessa pauta, mas que possuem
diferentes concepções acerca do debate, em razão da heterogeneidade de valores em jogo.
Argumenta-se no artigo que as implicações sociais de uma medida política de redução da jornada
de trabalho não podem ser previstas. Contudo, entende-se que essa redução é uma tendência
histórica, vinculada ao desenvolvimento socioeconômico. Há diferenças marcantes entre o
discurso sindical, a simpatia política pela medida, as afirmações teóricas e as evidências
empíricas sobre a temática. O ensaio aborda o tema sobre duas dimensões principais: quantidade
e qualidade do emprego. Quando tratado pela perspectiva da quantidade do emprego, envolve a
questão da geração de empregos, a fim de minimizar os efeitos do desemprego. Quando tratado
pela perspectiva da qualidade do emprego, envolve a questão da riqueza das atividades laborais e
o melhor rendimento, proporcionando real melhoria nas condições laborais e na qualidade de
vida dos trabalhadores.

INTRODUÇÃO
Em 28 de maio de 2008, centrais sindicais em todo o Brasil mobilizaram-se para sugerir
a "redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários"; proposta que parece bem vista pelo
governo federal. Os sindicalistas, inclusive, têm pressionado o governo: diversas centrais
sindicais (entre elas, Central Única dos Trabalhadores, Força Sindical, Central Geral dos
Trabalhadores do Brasil, Social Democracia Sindical e Central Autônoma dos Trabalhadores)
1
Texto publicado pela Revista de Sociologia e Política. Versão impressa. ISSN 0104-4478. Rev. Sociol. Polit.
vol.19 no.38 Curitiba fev. 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-44782011000100007.
Autor: Daniel Gustavo Mocelin.

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iniciaram uma coleta de assinaturas, para que o Congresso Nacional agilizasse o processo de
votação, na Câmara dos Deputados. Deste então, o debate público sobre a matéria está em pauta,
mas não avançou de forma decisiva.
O impacto social de uma medida como a redução da jornada de trabalho pode vir a ser
social e economicamente significativo, mas pode seguir diversos caminhos e assumir resultados
diferentes, dependendo do período histórico e do contexto cultural e institucional em que ocorre.
Para aprofundar essa discussão, exige-se uma atenção maior sobre o sentido de tal medida,
conhecendo sua evolução histórica, seja como medida política, seja como resultado do
desenvolvimento econômico e das relações sociais. Um "espectro obscuro" tende a rondar essa
discussão, especialmente quando ela não vem acompanhada de um embasamento mais científico,
com fundamentação teórica e evidências empíricas consistentes. Há diferenças marcantes entre o
discurso sindical, a simpatia política pela medida, as afirmações teóricas e as evidências
empíricas sobre a temática.
O objetivo deste ensaio é examinar o tema da redução da jornada de trabalho de maneira
crítica, expondo algumas dimensões teóricas e empíricas importantes que costumam ficar
excluídas do debate público sobre a matéria.
A expressão "jornada de trabalho" refere-se ao tempo despendido com o trabalho
remunerado executado pelo trabalhador para um empregador, mediante um contrato regular de
prestação de serviço, que pode ser o tempo diário, semanal, mensal ou anual. Contudo, ao tratar
sobre o tema da redução da jornada de trabalho, deve-se estar atento ao conceito de trabalho que
está em jogo nesta expressão. Em geral, quando se trata da redução da jornada de trabalho, não
se está falando no trabalho em seu sentido antropológico ou genérico, como práxis criativa, no
sentido empregado por Marx em seus escritos de juventude. Na verdade, trata-se muito mais do
"trabalho no seu sentido moderno"2, ou seja, a relação contratual, o emprego ou a ocupação.
Dessa forma, o debate sobre a redução da jornada de trabalho refere-se à redução das
horas que são cumpridas no emprego, em uma relação contratual de trabalho assalariado,
subordinado e heterônomo (prestado para um empregador). Portanto, usa-se a expressão
"redução da jornada de trabalho" quando se faz referência à "redução de tempo dedicado ao
trabalho no emprego", diário, semanal ou mensal. Reduzir a jornada de trabalho não significa
necessariamente que as pessoas venham a trabalhar menos, pelo contrário, as pessoas poderão

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trabalhar mais, mas em atividades por elas escolhidas e sem remuneração, ou seja, em atividades
não fundadas exclusivamente na racionalidade econômica3. Reduzir a jornada de trabalho
significa que as pessoas passariam menos tempo no emprego ou vendendo sua "força-de-
trabalho". É uma discussão que essencialmente refere-se ao tempo regulado de trabalho. Sabe-se,
por exemplo, que um trabalhador altamente qualificado - empregado nas chamadas "atividades
laborais criativas", que remuneram melhor - pode ter uma jornada contratada menor que um
trabalhador menos qualificado - empregado em uma função mais rotineira. Porém, as exigências
relacionadas à qualificação dos primeiros exige um grande dispêndio de tempo e dedicação
extrajornada contratada de trabalho, mas as recompensas por isso viriam de maneiras não
diretamente vinculadas à jornada de trabalho. Sobre isso, trata-se adiante da relação entre o
tamanho da jornada de trabalho e o nível de remuneração no mercado de trabalho formal
brasileiro.
O ensaio aborda o tema da redução da jornada de trabalho sobre duas dimensões
principais: quantidade e qualidade do emprego. Quando tratado desde a perspectiva
da quantidade do emprego, envolve a questão da geração de empregos, para minimizar os efeitos
do desemprego. Essa seria a pauta mais recorrente dos debates, especialmente após o movimento
de reestruturação produtiva das décadas de 1980 e 1990, mas que ainda está muito presente nos
discursos sindicais e políticos. Quando tratado desde a perspectiva da qualidade do emprego,
envolve a questão da riqueza das atividades laborais e o melhor rendimento, devido a uma maior
valorização social e econômica do trabalho desempenhado, promovendo a melhoria da qualidade
de vida dos trabalhadores. Essa seria a pauta mais importante do debate, pois resgataria o cunho
histórico da redução da jornada de trabalho, fundado na luta por melhores empregos e, em
"menor" importância, na reivindicação por mais empregos. Melhores empregos são ocupados por
trabalhadores mais qualificados, com maior grau de instrução, que também são mais valorizados
no mercado de trabalho, permitindo um adequado rendimento, mesmo em jornadas menores. O
caso é que a hora/trabalho dos profissionais mais qualificados tem maior preço no mercado de
trabalho.
O debate público, em maior medida, e a discussão teórica, em menor, sobre a redução
da jornada de trabalho esteve recentemente vinculada ao fenômeno do desemprego. Muitas
vezes, quando assume caráter de política pública, a redução da jornada de trabalho tem o

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objetivo de reduzir a taxa de desemprego. Esse debate é conhecido sob a denominação de
partilha do trabalho, ou work-sharing. A expectativa daqueles que defendem a redução da
jornada de trabalho por medida política é a de que a redução de jornada permitiria que o mesmo
emprego fosse repartido por mais trabalhadores (todos trabalhando menos horas), o que
resultaria, portanto, em mais empregos. No entanto, a viabilidade dessa "partilha do emprego" é
questionável. A esperada "redução da jornada com manutenção do salário mensal" tende a
aumentar o custo do trabalho frente aos demais fatores de produção, podendo provocar uma
eventual substituição do fator trabalho, que ficaria mais caro frente aos demais. Por outro lado,
aplicar uma política de redução da jornada de trabalho nas atividades econômicas que demandam
trabalho pouco qualificado pode ampliar a geração de empregos precários e de baixa
remuneração, empregos facilmente substituíveis por novas tecnologias; haveria mais empregos
apenas temporariamente.
A redução da jornada de trabalho caracterizasse, portanto, como um tema multifacetado,
demarcado por um debate complexo e polêmico, suscitando o interesse de administradores,
economista, historiadores, sociólogos, governo, cidadãos, sindicatos, empresários, federações
industriais e trabalhadores. Todavia, destaca-se que cada agente interessado possui diferentes
concepções acerca do debate, em razão da heterogeneidade de valores em jogo.

DIVERGÊNCIAS E CONTRADIÇÕES ACERCA DA REDUÇÃO DA JORNADA DE


TRABALHO
A partir do final dos anos 1960, o desemprego surgiu como um dos temas centrais das
sociedades capitalistas modernas, e talvez caracterize a principal dimensão de análise sobre a
problemática da redução da jornada de trabalho. Entretanto, há controvérsias sobre se a geração
de empregos é o centro da questão. Várias propostas têm sido apresentadas para combater o
problema crônico de escassa geração de emprego. No Brasil, a sugestão das centrais sindicais
levantada por sua intelligentsia tem sido pela redução da jornada de trabalho. Segundo o
Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE, 2006), se os
ocupados trabalharem menos horas por semana seria possível gerar novos empregos para que
mais pessoas possam inserir-se no mercado de trabalho. A ideia, que permeia as centrais

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sindicais, é a de que se os trabalhadores do setor formal da economia reduzissem sua carga
horária, a tendência seria a criação de novos postos de trabalho formais.
Nessa perspectiva, que toma por base o desemprego, a problemática redução da jornada
de trabalho aparece como uma questão quantitativa sobre a geração de empregos, sem uma
preocupação com o tipo de emprego gerado.
Calvete (2003, p. 15) sugeriu que a redução da jornada de trabalho não poderia ser
transformada em uma panaceia para o combate ao desemprego. Para o autor, essa política
conformaria instrumento útil se adotada no "momento certo" e acompanhada de outras medidas
necessárias. Nos marcos do capitalismo atual, para que a redução da jornada de trabalho tivesse
algum efeito positivo sobre a geração de novos postos de trabalho, teria de vir acompanhada pela
proibição de horas-extras, maior controle sobre a intensidade do trabalho, manutenção dos
padrões de cumprimento da jornada de trabalho e cobertura universal dos novos e velhos riscos
sociais.
Alguns sindicatos defendem que a redução da jornada forçaria o surgimento de um novo
turno de trabalho, com a contratação de novos trabalhadores. Alguns sindicalistas estariam
esquecendo-se dos encargos que as empresas pagam por cada trabalhador contratado. Muitas
empresas, especialmente as pequenas, não suportariam a contratação de um novo contingente de
mão-de-obra e acabariam por falir, podendo gerar mais desemprego. Por isso, empresários
sugerem que a redução da jornada de trabalho também deveria vir acompanhada por alguma
flexibilização da legislação trabalhista, condição que não costuma ser levantada no discurso
sindical. Deve-se destacar ainda que o pagamento de horas-extras acaba sendo menos oneroso às
empresas do que o pagamento de horas normais para empregados de um terceiro turno de
trabalho, com todos os seus direitos garantidos. No entanto, se as horas-extras fossem tornadas
mais caras, esse quadro poderia tornar-se diferenciado. Além disso, deve-se considerar que no
caso de a legislação "impor" a redução da jornada de trabalho, haveria o risco de ocorrer a
criação de um novo turno de trabalho apenas naquelas empresas com trabalho monótono e
repetitivo, ou seja, acabariam sendo criados empregos de menor ou baixa qualidade, visto que
trabalhadores mais qualificados, que ocupam melhores postos de trabalho, já têm jornada média
menor.

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De acordo com estudos feitos pelo Dieese (2007) a redução da jornada de 44 para 40
horas semanais poderia gerar mais de dois milhões de novos empregos, se acompanhada do fim
das horas-extras. O estudo supõe que essas quatro horas reduzidas por jornada seriam ainda
necessárias para as empresas manterem o mesmo nível de produtividade. Assim, as empresas
teriam de contratar mais, e essas quatro horas ficariam disponíveis para outro trabalhador.
Muitas vezes, os defensores da redução da jornada esquecem que, no caso do Brasil, as
condições de emprego são desfavoráveis principalmente nas atividades menos intensivas em
tecnologia ou para trabalhadores de baixa escolarização, com rendimentos insuficientes. Então
seria preciso estar atento para não efetivar uma medida que venha a beneficiar mais aqueles já
privilegiados. A redução da jornada para trabalhadores que têm baixos salários pode significar
redução ainda maior do salário, visto que a natureza de sua atividade, por si mesma, tende a ser
pobre em conteúdo e pouco valorizada. Enquanto isso, os melhor remunerados seriam
beneficiados, pois trabalhariam menos horas e não teriam perdas significativas de salário,
considerando que, ao contrário dos primeiros, suas atividades laborais são ricas e valorizadas no
mercado de trabalho. O fato é que a possível redução do salário-hora de quem ganha mais faria
menor diferença do que uma redução no salário-hora de quem recebe menos.
Outro ponto de divergência refere-se aos efeitos sobre a economia. Os agentes que são
contrários à redução da jornada de trabalho entendem que essa medida poderia causar um
colapso na economia, já que a reivindicação prevê apenas a diminuição das horas trabalhadas e
não dos salários. Nesse sentido, o debate sobre a redução da jornada de trabalho poderia ser
ponderado no sentido de também ser acompanhado por uma discussão sobre a revisão do nível
de remuneração, pois distribuir o tempo de trabalho também significa pensar na redistribuição da
renda do trabalho.
Muitos sindicatos estão atentos a outros elementos que intercalam esse debate. Quando
os sindicatos defendem a ideia de que a redução da jornada seria fator potencial da geração de
empregos, refletem, ao mesmo tempo, que essa redução melhoraria a qualidade de vida do
trabalhador, que passaria a dispor de mais tempo livre para o lazer, educação e família. Muitos
dos estudos apresentados adiante destacam que a redução da jornada de trabalho não gera
necessariamente novas vagas.

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Defensor da redução da jornada de trabalho, Calvete (2003) reconhece que essa medida
não pode vir a caracterizar um instrumento da precarização das condições de trabalho.
Diminuição de salários, flexibilização do horário e perda de benefícios poderiam transformar a
redução da jornada em uma extensão do emprego por tempo parcial. Como defende o autor, o
que seria benéfico para a economia e para todos os agentes seria que a redução da jornada
mantivesse as condições e os benefícios do emprego, ou seja, com a manutenção do trabalho em
tempo integral, porém com jornada menor. Em pesquisa de doutorado, Calvete (2006) concluiu
que a redução da jornada pode ser um instrumento útil se adotada em período de crescimento
econômico e acompanhada de outras medidas, que potencializem seus resultados, tais como
maior limitação da utilização de horas-extras, maior controle sobre a intensidade do trabalho,
regras mais rígidas no banco de horas, melhoria na fiscalização pelas delegacias regionais do
trabalho e maiores restrições às contratações atípicas.
O debate acadêmico metodologicamente mais rigoroso sobre a redução da jornada de
trabalho permeia diversos aspectos, tais como os contratos flexíveis, por meio de compensação
de horas, o trabalho a domicílio, a extinção do controle de horário (TIETZE e MUSSON, 2002;
KARSTEN e LEOPOLD, 2003); também é vastamente recorrente como uma medida que
favorece a distribuição de renda e o aumento da produtividade (BOSCH e LEHNDORFF, 2001);
ou como a expressão da uma pauta histórica da classe trabalhadora (DAL ROSSO, 2002;
CALVETE 2006); também como aspecto alinhado com a caracterização do "trabalho decente",
neste caso, considerando-se as jornadas demasiado longas e sem aval legal, que tendem a ser
recorrentes no mercado de trabalho informal, especialmente nos países mais pobres (BESCOND,
CHÂTAIGNIER e MEHRAN, 2003; GHAI, 2003). Tem-se apontado, por exemplo, que a
redução da jornada de trabalho pode ter impactos sobre a vida dentro e fora do trabalho,
melhorando a qualidade de vida no trabalho (CARNEIRO e FERREIRA, 2007). Há autores que
demonstram ser a redução da jornada de trabalho uma tendência histórica atrelada ao
desenvolvimento socioeconômico (DAL ROSSO, 1998; 2002; 2006). Por outro lado, não se
pode deixar de destacar ainda aqueles autores que alertam sobre a "necessidade" dessa medida,
reproduzindo o discurso sindical (DIEESE, 2006; 2007; e, mais ponderado, CALVETE, 2003;
2006).

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Conhecer de antemão se os resultados de uma medida como a redução da jornada de
trabalho seriam positivos depende de uma série de fatores sociais e econômicos de difícil
mensuração. Os agentes diretamente atingidos, beneficiados ou não pela medida, como o
trabalhador, o meio empresarial e o governo, estão frente a mudanças que podem originar
"consequências impremeditadas", que poderiam, inclusive, assumir efeitos contrários ao que se
espera. Cabe ainda questionar a necessidade da "geração forçada" de novos empregos,
considerando o caso recente do Brasil, quando houve geração de mais de 13 milhões de
empregos formais, entre 2000 e 2008. Portanto, não se sabe bem ao certo as implicações sociais
de tal medida caso seja politicamente determinada; o que se sabe é que ressurge um grande
debate sobre o assunto e que a redução da jornada de trabalho é uma tendência histórica.
De qualquer forma, quanto mais os principais agentes interessados estiverem envolvidos
no debate, maiores são as chances de os resultados serem positivos. Do contrário, a falta de
diálogo entre as partes interessadas poderá não causar o efeito esperado, seja a geração de mais
empregos ou a melhoria das condições laborais e da qualidade de vida dos trabalhadores.
No caso do mercado de trabalho brasileiro, em que ainda há concentração acentuada de
postos de trabalho de baixa remuneração, que demandam trabalho pouco qualificado, em que as
atividades laborais são empobrecidas, a questão antes descrita poderia ter um agravante. Poder-
se-ia acabar procedendo à redução do tempo de trabalho sem melhorar as condições de emprego.
Dal Rosso (2002) aponta três medidas do tempo que influenciam a relação entre homem e
trabalho: a duração (quantidade de horas por dias, semanas ou anos), a distribuição (forma como
o horário concentra-se ou dilui-se em determinados períodos) e a intensidade (esforço físico,
intelectual e emocional investido no trabalho).
Carneiro e Ferreira (2007) buscaram analisar possíveis impactos da redução de jornada
de trabalho sobre a qualidade de vida no trabalho, abordando esta última especialmente quanto à
compatibilização da vida pessoal com o trabalho e ao aproveitamento do tempo no trabalho, a
partir do caso de uma organização pública brasileira. No estudo, identificaram pouca relação
entre a redução da jornada e a qualidade de vida no trabalho, contrariando o que afirmam
peremptoriamente a literatura favorável e os sindicalistas sobre os benefícios em termos de
qualidade de vida no trabalho e "trabalho decente". O uso de escalas psicométricas adotadas
pelos autores revelou pouca diferença nos indicadores de qualidade de vida entre os empregados

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em jornada reduzida e jornada convencional. Nas entrevistas, apontaram que empregados em
jornada reduzida e gestores relataram haver melhor uso do tempo, pois conseguiam resolver
assuntos no período livre do dia, e que sua produtividade manteve-se ou melhorou; entretanto, os
gestores queixaram-se de ser mais difícil supervisionar a equipe. A redução da jornada propiciou
melhor ajustamento entre vida profissional e particular, oferecendo tempo para cuidados com a
saúde, família e outros assuntos. Uma relevante constatação do estudo foi que houve melhoria da
"qualidade de vida 'fora' do trabalho", com mais tempo para dedicar-se à família, à saúde e a
outras atividades. O estudo revelou algumas melhorias específicas na qualidade de vida no
trabalho, tais como melhor aproveitamento do tempo e concentração, contudo, pouco ou nada
melhoraram os indicadores das condições laborais e das relações sociais de trabalho, nem mesmo
aumentou o número de vagas disponíveis.
A situação europeia é distinta do contexto brasileiro, mas alguns aspectos são
convergentes para a compreensão do contexto em que se concebe a ideia da redução da jornada
de trabalho. Considerando-se a experiência francesa, Estrade, Méda e Orain (2001) constataram
que os impactos sobre a vida profissional e familiar variam conforme as organizações, o gênero
do trabalhador, a natureza da atividade laboral e os cargos técnicos ou gerenciais. Os autores
constaram mais uma melhora na relação entre vida privada e vida no trabalho do que
propriamente qualquer alteração nas condições de trabalho, remuneração ou satisfação. Ainda
sobre o caso francês, Pélisse (2004) destaca que novas práticas de uso do tempo no trabalho
emergiram com a redução de jornada, como a modulação, quando gestores definem os períodos
de trabalho das equipes conforme a demanda, o trabalho em turnos com revezamento e o
rearranjo permanente de equipes de trabalho.
No debate dos anos 1980 sobre a redução da jornada de trabalho, o aspecto mais
sustentado foi o da geração de empregos, tendo em vista a crise econômica internacional e a
reestruturação produtiva, que indicava forte redução no número de empregos. No debate dos
anos 1990, um aspecto (re)incluído foi o da melhoria na qualidade de vida do trabalhador, na
forma de mais horas livres para o lazer, a educação, a cidadania e a qualificação profissional.
Hoje, ambos os aspectos são importantes, mas também há quem sustente que uma jornada de
trabalho mais reduzida possa inclusive gerar maior produtividade.

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Entre os argumentos dos que acreditam que a redução da jornada de trabalho pode
servir como um mecanismo que ajude a diminuir os altos índices de desemprego, estão os dados
da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que mostram e comparam a jornada semanal
de trabalho em horas. Nos países mais desenvolvidos, a jornada de trabalho declinou
gradualmente dos anos 1980 aos anos 2000: nesse período, houve uma redução média na duração
da jornada de trabalho de 44 para cerca de 38 horas semanais, o que foi seguido por uma forte
ampliação do emprego em atividades de serviços e comércio. Contudo, nos países menos
desenvolvidos ou periféricos, onde se expandiu a indústria fabril mais tradicional, as jornadas
estariam diminuindo em menor ritmo.
Nos estudos recentes, a flexibilidade foi foco importante dos estudos sobre a redução da
jornada de trabalho, embora tenha sido ponderada em tons distintos. Bosch (1999), por exemplo,
argumenta que a redução da jornada de trabalho acaba sendo uma política e uma prática virtuosa
especialmente quando o ambiente de aplicação atinge uma "maturidade econômica". Quer dizer,
quando os trabalhadores suprem suas necessidades exclusivamente com sua remuneração,
recebida em razão de uma menor jornada, sem que seja necessário que eles venham a cumprir
horas-extras ou ter mais de um emprego, caso de economias altamente desenvolvidas,
especialmente onde há a consolidação de um Estado de bem-estar social e economia dinâmica.
Por outro lado, há estudos que consideram que o aumento da flexibilidade possibilita
um maior controle sobre o tempo de trabalho e mesmo a extensão de jornada não remunerada de
trabalho (BOSCH e LEHNDORFF, 2001; SINGE e CROUCHER, 2003). No Brasil, Dal Rosso
(2003) e Carneiro e Ferreira (2007) mencionam o caso das práticas de "banco de horas", que
ganharam espaço sob o argumento de que permitia melhor conciliação entre vida pessoal e
profissional. Segundo os autores, a regulamentação do banco de horas veio sendo impulsionada
mais pelos interesses dos empresários, resultando em aumento de horas trabalhadas e redução de
custos com horas-extras, mesmo que pareça ser uma prática que agrade os trabalhadores.
Outros estudos com sólida base empírica têm revelado ainda que diversos fatores
podem influenciar a percepção do trabalhador sobre o tamanho da jornada de trabalho: a idade
indica o "momento da vida", associando-se à constituição de família, investimento em
qualificação profissional e proximidade da aposentadoria (TIETZE e MUSSON, 2002;
KARSTEN e LEOPOLD, 2003; SINGE e CROUCHER, 2003); a perspectiva de progressão na

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carreira, comprometimento organizacional, motivação e satisfação com o trabalho, impacto sobre
o ritmo de trabalho (WALSH e DEERY, 1999); conciliação com vida social edo lazer com a
profissional (ESTRADE, MÉDA e ORAIN, 2001); o resultado para a renda familiar (BOSCH,
1999).
As concepções teóricas sobre a redução da jornada de trabalho proferem afirmações
mais categóricas, permeando elementos mais complexos que aqueles levantados pelo debate
público e por isso diferem das proferidas por governos e sindicalistas, atacando, inclusive,
aspectos mais amplos apontados por autores que embasam seus argumentos em dados empíricos.
Deve-se destacar, entretanto, que os teóricos de maior destaque, tanto os mais antigos quanto os
atuais, adotam pressupostos que têm por base, em geral, a realidade social e econômica dos
países mais desenvolvidos.
A polêmica em torno da redução da jornada de empregos é tão antiga quanto o
capitalismo. A revolução industrial marcou uma era em que o trabalho assumiu uma posição de
destaque na sociedade moderna e na vida das pessoas. Desde então, debates sobre essa realidade
despertaram o interesse de muitos pensadores. Em muitos destes debates, a jornada de trabalho
foi tema recorrente. Abordagens mais críticas defenderam que a configuração da jornada de
trabalho passou a ser um fator de extrema importância para os ganhos do capital. EmO Capital,
Karl Marx apontou o tamanho da jornada de trabalho, associada a outros fatores - introdução de
novas tecnologias mecânicas ao processo de trabalho, por exemplo - como um dos motores do
capitalismo. Era com o alargamento da jornada de trabalho que o capitalista obtinha a mais-valia
absoluta. Estava na extração da mais-valia o principal mecanismo ao mesmo tempo de
acumulação de capital e de exploração dos trabalhadores.
Guy Aznar (1995) e André Gorz (2004) são dois defensores da necessidade de
"trabalhar menos para trabalharem todos". Para esses autores, o trabalho de tempo integral
difundido durante o período industrial, de 1850 a 1975, tem reduzido nas economias mais
desenvolvidas. Frente a esse fato, ambos argumentam que o emprego em tempo integral não
existe mais em quantidade suficiente e, por isso, o emprego teria perdido o caráter de provedor
das necessidades humanas e dos direitos sociais. Da mesma forma, entendem que frente aos
padrões atuais de produção e de consumo, nenhuma ação isolada seria suficiente para retomar o
"pleno emprego", como esse existiu nos países mais desenvolvidos da Europa ocidental no pós-

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segunda guerra. Parece evidente que a redução da jornada de trabalho precisaria ser
acompanhada de outras medidas como o crescimento econômico, ampliação da produtividade e
uma mudança cultural.
Gorz e Aznar defendem que está em andamento uma revolução cultural que reconhece a
necessidade da redistribuição do tempo de trabalho e a redução do tempo de trabalho individual
como parte de uma mudança efetiva da sociedade. Contudo, classificam como irreal e
insuficiente a simples redução da jornada de trabalho por meio de uma medida política, sem uma
revolução cultural e uma mudança na organização da sociedade.
O sociólogo alemão Claus Offe (1994; 1997) entende que o futuro não estaria em
trabalhos seguros, duradouros, com expediente integral, mas na relação de alternância entre
períodos de trabalho pago cada vez mais curtos e períodos sempre maiores de atividade livre.
Assim, o prestígio e o reconhecimento, obtidos por meio do trabalho assalariado, poderiam ser
deslocados para as atividades pessoais. O autor chega a sugerir que todas as pessoas, durante
todo o seu período de vida útil de trabalho, poderiam ter grandes licenças do trabalho, até mesmo
anos de férias garantidas e pagas. Neste sentido concorda com Gorz, para quem o capital humano
- riqueza de ideias, criatividade, capacidade de aprendizagem - estaria tornando-se mais
importante que o capital material no novo capitalismo; o capital humano ainda representaria
pequena fração do tempo usado pela força de trabalho para a sua produção e reprodução. Para
Offe e Gorz, a capacidade de independência das pessoas pode ser constituída por meio da
aquisição constante do conhecimento.
Para Robert Castel (1998) o fenômeno do desemprego não faz parte de uma crise
passageira e, por essa razão, não pode ser superado com ações conjunturais. O foco do autor
recai sobre outro fenômeno, que seria a precarização do trabalho. Tanto o desemprego quanto a
precarização do trabalho caracterizariam fenômenos conjuntos da dinâmica da modernização e
reestruturação produtiva que ocorreu nas décadas de 1980 e 1990. Em sua obra, o autor descreve
e analisa a decadência da sociedade salarial e a consequente redução das proteções sociais, da
propriedade social e dos direitos trabalhistas. Ao tratar sobre alguns cenários possíveis para o
futuro na obra As metamorfoses da questão social, em um desses o autor sugere a redução da
jornada de trabalho como um meio de redistribuir o salário, o tempo de trabalho, as proteções
sociais e as garantias jurídicas: "a divisão do trabalho é menos um fim em si do que um meio,

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aparentemente o mais direto para chegar a uma redistribuição efetiva dos atributos da cidadania
social" (idem, p. 583). Contudo, Castel reconhece que a renda do trabalho também deveria ser
repartida entre os indivíduos. À redução da jornada de trabalho deve seguir-se também uma
redistribuição da riqueza.
Castel defende a tese de que se deveria manter o trabalho como centro estruturador da
sociedade e, a partir dele, redistribuir a cidadania e manter a coesão social. Não se trataria
efetivamente de restaurar a sociedade salarial, mas sim de mantê-la como referência. Para o
autor, a redução da jornada de trabalho é mais que uma questão técnica ou política, em que a
dificuldade está em encontrar fórmulas que amenizem ou compensem perdas. A redução da
jornada de trabalho seria uma questão de mudança cultural com consequências políticas de
fundo. Tomando como exemplo o fracasso na criação de emprego da lei das 39 horas, aplicada
na França em 1982, o autor percebeu que soluções não se encontram em propostas tímidas ou
conciliatórias, mas no enfrentamento cultural do problema político. Para solucionar o problema
seria necessária a atualização do direito trabalhista, a redução substancial do tempo de trabalho e
a consolidação da cobertura universal dos riscos sociais, que deveriam ser em parte desatrelados
do trabalho assalariado.
Robert Castel sugere que uma resposta "consistiria em transferir os direitos do estatuto
do emprego à pessoa do trabalhador" (CASTEL, 2005, p. 84; sem grifos no original),
restabelecendo uma continuidade dos direitos por meio da descontinuidade das trajetórias
profissionais. "Nem o mercado, nem o trabalho, nem o Estado têm hoje a mesma estrutura, mas a
questão de sua articulação sempre surge de novo. Ao trabalho que se tornou móvel e ao mercado
que se tornou volátil deveria corresponder um Estado social que se tornou flexível" (idem, p. 94).
Entre os teóricos mencionados, a posição mais crítica sobre o sentido da redução da
jornada de trabalho foi feita por Gorz (2003, p. 186-187). O autor afirma a necessidade de
superar tanto o debate técnico quanto o debate político, avançando para o debate cultural, ao
sugerir que se rompa com a noção estritamente econômica vinculada ao trabalho na sociedade
capitalista. A redução efetiva da redução da jornada de trabalho corresponderia a uma escolha de
sociedade. Dois objetivos estariam vinculados: em primeiro lugar, destaca que todos
trabalhariam menos para que todos possam trabalhar e desenvolver fora do seu trabalho as
potencialidades pessoais que não conseguem nele desenvolver. Ou seja, na perspectiva de Gorz,

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a redução da jornada de trabalho não estaria voltada apenas para que todos tenham emprego,
pelo contrário, esse seria um ponto de menor importância. A redução da jornada de trabalho
estaria condicionada a uma mudança de atitude em relação ao emprego, que não deveria mais
ser o centro estruturador da vida das pessoas, mas poderia continuar sendo o centro estruturador
da coesão social.
Em segundo lugar, Gorz sugere que uma proporção maior da população possa ascender
a tarefas profissionais qualificadas, complexas, criativas, responsáveis, que permitam evoluir e
renovar-se continuamente. Ou seja, nem sequer adiantaria reduzir a jornada de atividades
laborais que exigem pouca instrução do trabalhador, pois elas tendem a ser substituídas por
novas tecnologias, e acabariam por manter o desemprego e não favoreceriam o desenvolvimento
pessoal dos trabalhadores nelas empregados. "Quanto mais um trabalhador é qualificado, mais a
pessoa que o realiza precisa de tempo para atualizar seus conhecimentos, renovar-se, inovar e
manter-se receptivo, diversificando os seus centros de interesse. Isso vale para os professores, os
médicos, os cientistas e os técnicos, para os dirigentes de empresa, etc. Isso vale em particular
para as empresas de ponta. Para impedir a monotonia e a rotinização da mente, a direção obriga a
transferências, rupturas no ritmo de vida, feriados: viagens de estudo, estágios nas filiais do
estrangeiro, seminários internacionais, ano sabático. Os estágios, seminários, etc., não têm por
finalidade aperfeiçoar o empregado em sua própria especialidade mas, ao contrário, estão o mais
das vezes distantes dos interesses imediatos de seu trabalho, para que possam incitar à mudança,
ao distanciamento, para investir em um horizonte mais aberto, uma imaginação mais fértil. [...] §
[...] trabalhar menos (em número de horas consagradas ao trabalho profissional direto) é
trabalhar melhor, sobretudo nos ofícios inovadores ou em contínua inovação. É, portanto, nestes
ofícios que a redução da jornada de trabalho é possível e desejável [...]. Também nesses ofícios a
atividade pode ser repartida entre um número maior de pessoas" (idem, p. 188-189; grifos no
original).
É nesse sentido de crítica à racionalidade econômica que Gorz entende a importância da
redução da jornada de trabalho, mas espera junto dessa redução uma maior flexibilidade; não
simplesmente uma redução da jornada diária, mas antes uma redução da jornada mensal, anual.
Para Gorz, a redução linear do tempo de trabalho, com manutenção de horários cotidianos
rígidos e uniformes seria a menos promissora e a menos eficaz das liberações de tempo, pois

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considera "[...] impossível introduzir de maneira uniforme nas empresas e para todo o pessoal a
semana de 35, ou 30, ou 25 horas em cinco dias. Mas é possível, em troca, introduzir para todo
mundo uma duração anual de trabalho de 1400, ou 1200, ou 1000 horas por ano [...]" (idem, p.
190), em que o trabalhador continuaria recebendo salário regularmente.
Nessa perspectiva, o autor sugere que se cumpra o tempo de emprego de maneira mais
concentrada, para que se tenha mais tempo disponível - semanas, meses e anos - para o
desenvolvimento de outras esferas da vida não diretamente ligadas ao emprego, como o
desenvolvimento de um projeto, artístico ou técnico, individual, familiar ou comunitário; do
contrário, a redução da jornada de trabalho como um tempo fracionado em algumas horas por dia
apenas proporcionaria à pessoa alguns prazeres passivos, como consumir mais, executar tarefas
domésticas, ir ao cinema e embriagar-se.
Grande parte desse argumento está fundada em uma critica à racionalidade econômica
do mundo moderno, que atingiria, segundo o autor, todos os agentes envolvidos, desde o Estado
e as empresas, até os trabalhadores e os sindicatos, as pessoas e os consumidores. Para Gorz, a
racionalidade econômica não deixa lugar para a criatividade e a liberdade das pessoas, negando o
uso do tempo que não tenha valor de troca e fim em si mesmo, pois esse não produz nem
consome riquezas mercantis. "Ela exige o pleno emprego dos indivíduos empregados [...]" (idem,
p. 116). Nesse sentido, o autor entende que o sindicalismo e o patronato seriam cúmplices
históricos, uma vez que, para essas instituições, visando manterem seu poder, os indivíduos
deveriam definir-se como "trabalhadores de tempo integral", sendo tudo mais acessório. Para o
patronato, "[...] o assalariado não era nada mais que sua força de trabalho; passada a soleira da
fábrica, ele deixava de ser uma pessoa para tornar-se uma função. Aceitar empregar em tempo
parcial mais gente do que o necessário era arriscar-se a estar em presença não de forças de
trabalho, mas de pessoas, cada qual com sua individualidade e sua vida próprias, dificultando a
disciplina, a coordenação, o mando" (ibidem).
Para o sindicato: "[...] era apenas como força de trabalho que os indivíduos deveriam ser
defendidos e representados. [...] O aumento do tempo livre [...] só alcançou o primeiro plano das
reivindicações sindicais sob a pressão de uma base, com frequência externa aos aparelhos
sindicais recalcitrantes. Isso porque o indivíduo, em seu tempo livre, deixa de ser um

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trabalhador; o desejo de tempo livre é precisamente o desejo de ser definido por outras
atividades, valores e relações que não aquelas advindas do trabalho" (idem, p. 116-117).
Essa forte crítica está fundada na idéia de que, aumentando o tempo livre dos
trabalhadores, os indivíduos poderiam subtrair-se à dominação dos patrões, mas também dos
sindicalistas. A ampliação do "tempo livre" das pessoas torna-se, para Gorz, o aspecto mais
positivo da redução da jornada de trabalho, permitindo alterar relações de poder e de dominação
por meio do "livre desenvolvimento das aspirações sociais e individuais". Nessa perspectiva, está
implícito que o pleno emprego, nos moldes do trabalho empobrecido, modelaria o modo de vida
e a forma de consumo dos indivíduos em função da racionalidade econômica, o que seria
pernicioso para a sociedade. Os trabalhadores, por sua vez, apenas descobririam os limites da
racionalidade econômica à qual estão sujeitos quando suas vidas não fossem inteiramente
preenchidas e suas mentes inteiramente ocupadas com o trabalho assalariado: quanto mais o
trabalho fosse coercitivo, devido à intensidade e à duração, menos o trabalhador seria capaz de
conceber sua vida com um fim em si mesma.
Florida (2004) sugere haver uma mudança radical em curso nas escolhas e atitudes da
pessoa e descreve uma sociedade na qual o espírito criativo torna-se cada vez mais dominante. A
partir de informações sobre transformações que vêm ocorrendo nos Estados Unidos há algumas
décadas, o autor refere-se à constituição de uma nova classe econômica, creative class, formada
por pessoas de escolaridade mais alta, que despendem mais tempo com educação, qualificação e
profissão e que costumam, por isso, ter jornadas de trabalho mais longas que as outras camadas
sociais, isto porque para "criar" é preciso um esforço continuado no trabalho. O fato é que essa
classe criativa acaba tendo mais autonomia para "trabalhar mais". Embora suas jornadas
contratuais de emprego possam reduzir-se, sua dedicação ao trabalho é maior.
Muito relevante ainda é demonstrar a vinculação entre a redução da jornada de trabalho
e o desenvolvimento social e econômico, tomando como referencial explicativo as
transformações históricas relevantes. Essa forma de pensar a questão, a partir de um movimento
sócio Histórico, enfatiza o tratamento diferenciado que a matéria pode ter em distintas épocas e
em contextos singulares, mesmo que centrada em um processo amplo de evolução das
características da jornada de trabalho no mundo capitalista.

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A discussão sobre a redução da jornada de trabalho surge com elementos diferentes em
cada período histórico. Na segunda metade do século XIX, em várias partes do mundo eclodiram
protestos dos trabalhadores pela redução da jornada de trabalho. Aquelas mobilizações buscavam
dividir o dia em oito horas de trabalho, oito de descanso e oito de lazer. Como descreveram os
pensadores da época, crianças, jovens e mulheres trabalhavam exaustivamente nas fábricas, em
jornadas muito extensas, que podiam atingir mais de 15 horas por dia, o que causava muitas
mortes e mutilação devido ao esgotamento físico.
Após atingir seu ápice no início da industrialização, a redução da jornada de trabalho,
pela convergência de muitos fatores, acabou por diminuir nos últimos séculos. Entre o final do
século XVII e meados do XIX, em algumas fábricas, as jornadas de trabalho para homens,
mulheres e crianças atingiam mais de 80 horas semanais. Entre o início do século XIX até
meados do século XX, a jornada de trabalho média reduziu-se de 67 para 48 ou 44 horas. Na
virada para o século XXI, muitos países já possuem jornadas semanais de menos de 40 horas, e
em algumas atividades laborais que demanda trabalho de elevada qualificação, as jornadas
semanais chegam à média de 36 horas.
Com base nessas evidências, poder-se-ia afirmar que essa mudança foi resultado da
introdução de inovações tecnológicas que ampliaram a capacidade produtiva e permitiram a
execução do trabalho em menor tempo. Também seria correto afirmar que essa redução histórica
da jornada de trabalho nas sociedades capitalistas decorreu da evolução das relações de trabalho
e fora resultado dos movimentos operários e da ação sindical, que também se organizaram nesse
contexto mais amplo.
Ambas as ponderações acima referidas são complementares e não mutuamente
excludentes. A introdução de novas tecnologias no processo de produção contribuiu para o
aumento da produtividade do trabalho, possibilitando o aumento da produção com redução da
jornada de trabalho. Por outro lado, e ao mesmo tempo, as novas máquinas também passaram a
exigir que os trabalhadores seguissem o ritmo das máquinas, o que foi verificado no período da
racionalização do trabalho, da produção em massa, do taylorismo e do fordismo. Entretanto,
posteriormente, com a introdução de tecnologias mais desenvolvidas, muito trabalho repetitivo
foi substituído por equipamentos eletroeletrônicos, e novos empregos foram gerados em outros

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setores econômicos menos dependentes da automação, em geral o setor de serviços, onde se
pode ou não demandar trabalho mais qualificado.

A convergência de um conjunto de fatores pode estar relacionada a essa tendência, em


especial destacam-se três:
a) o desenvolvimento histórico da organização dos trabalhadores e dos sindicatos e o da
legislação trabalhista;
b) o desenvolvimento histórico da tecnologia aplicada à produção;
c) o desenvolvimento histórico da demanda por trabalho, que tende a ser uma demanda
cada vez mais qualificada.

Conforme explicado por Dal Rosso (2006), a duração da jornada de trabalho não é um
dado fixo, imutável, no curso da história. A redução média da jornada de trabalho sempre
envolveu transformações nas relações entre empregadores e trabalhadores, bem como

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transformações nas condições materiais, tecnológicas e culturais das sociedades. Para representar
essa concepção, o autor apresenta um modelo gráfico para expressar as mudanças na duração do
tempo de trabalho durante o capitalismo - em que fica representada a curva da jornada de
trabalho e os movimentos históricos que tomaram lugar desde o surgimento do capitalismo até os
dias de hoje, modelo que adaptamos a seguir. Essa formulação abstrata é adequada para analisar
a tendência histórica de redução da jornada de trabalho no mundo ocidental, bem como consiste
em um modelo válido para analisar o caso brasileiro.
Conforme a figura, os diferentes períodos de tempo possuem um valor mais do que
apenas descritivo da tendência de redução da jornada de trabalho. Dal Rosso (idem) vai afirmar
que, na Europa, a jornada de trabalho aumentou de duração do período posterior à Idade Média
até a revolução industrial, atingindo seu ápice. Nesse período histórico, os trabalhadores teriam
trabalhado mais de 14 horas diárias, o que teria deflagrado as primeiras mobilizações e revoltas,
posteriormente chegando à organização dos trabalhadores e formulações de políticas trabalhistas.
Deve-se destacar a importância do grau de desenvolvimento de muitas sociedades e até
mesmo das próprias atividades econômicas. Se tomássemos para análise, por exemplo, o caso de
países em desenvolvimento, nos moldes dos anos 1960-1970, poder-se-ia observar o ápice da
jornada de trabalho e seu pleno crescimento. Da mesma forma, se tomássemos para análise um
setor econômico de ponta, poderíamos observar diferenciada tendência em relação a um setor
tradicional ou de pouca intensidade tecnológica. Situações diferentes também poderiam ser
observadas em setores em que o movimento sindical fosse mais forte, ou em atividades laborais
em que os trabalhadores fossem mais qualificados, devido ao seu maior poder de barganha.
Mais recentemente, haveria uma convergência de fatores que conduz à tendência da
redução da jornada de trabalho, com especial destaque para o avanço tecnológico e o
crescimento de ocupações mais complexas no mercado de trabalho, uma vez que a legislação
trabalhista estaria ultrapassada e a atuação sindical parece ter perdido força. Se a organização
sindical e as políticas trabalhistas foram forças fundamentais na redução da jornada de trabalho,
após esta atingir seu ápice, os sindicatos e as legislações trabalhistas parecem "nadar contra a
corrente", embora recentemente haja, ao que parece, maior preocupação desses atores com o
acompanhamento das transformações econômico-sociais, uma vez que estariam revendo alguns
de seus pressupostos.

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A OIT publica periodicamente os Indicadores-Chave do Mercado de Trabalho,
conhecidos em sua sigla inglesa como KILM ("Key-Indicators of the Labour Market"). Esse
documento põe em evidência diversas tendências relacionadas ao mundo do trabalho, entre os
quais se destacam alguns dados sobre a jornada de trabalho. Os dados de 2006 indicam que em
seis economias da Ásia o número de horas trabalhadas superou 2 200 horas-ano. A república da
Coréia do Norte lidera este grupo, seguida por Bangladesh, Sri Lanka, Hong Kong, China,
Malásia e Tailândia. Em outro extremo estão os países da União Europeia como Alemanha,
Bélgica, Dinamarca, França, Países Baixos e Suécia, onde se trabalham em média menos de 1
600 horas-ano.
Essa diferença na quantidade de horas trabalhadas estaria vinculada ao grau de
desenvolvimento econômico, tecnológico e social dos países e às políticas de desenvolvimento
postas em prática. Na Ásia, a maior parte dos países tem se desenvolvido por meio da expansão
da indústria tradicional, dependente de mão-de-obra em geral pouco qualificada, o que se
verifica especialmente no caso da China. As exceções, no caso asiático, seriam Japão e Coréia do
Sul que, como economias avançadas, podem dispor de trabalho em que a exploração da mão-de-
obra não ocorre baseada no aumento do tamanho da jornada de trabalho, como seria o caso de
indústrias tradicionais, intensivas em dispêndio de energia física.
Contudo, a redução da jornada de trabalho é diferente da ideia do trabalho em tempo
parcial, que grande parte dos trabalhadores não têm visto como um tipo de contrato satisfatório.
Segundo o KILM (2007, p. 12), na metade dos países da América Latina e do Caribe, pelo
menos uma em cada oito pessoas empregadas trabalha em tempo parcial, porém queriam ter mais
horas de trabalho. Os países com menor recorrência de empregos em tempo parcial são os da
Europa Central e Oriental e os novos membros da União Europeia. Já as economias mais
avançadas da Europa Ocidental apresentariam crescimento significativo dos contratos parciais.
Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Base RAIS)4, revelam que a média
anual de horas contratadas no mercado de trabalho formal do Brasil foi de 1 961 horas-ano, em
2008. O tamanho da jornada de trabalho no Brasil é intermediário no contexto global
anteriormente descrito e está aquém da evolução constatada nos países desenvolvidos, mas é
menor do que nos países asiáticos. Contudo, essa média anual de horas contratadas varia
segundo os grupos ocupacionais (Quadro 1). Os trabalhadores mais graduados trabalham, em

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média, menos horas anuais. As jornadas tendem a ser menores quanto maior a complexidade das
atividades laborais. Os profissionais das ciências e das artes apresentam a menor média de horas
anuais de trabalho, 1 594 horas-ano, semelhante ao caso dos países mais desenvolvidos. As
jornadas anuais são maiores para as categorias ocupacionais menos complexas, como
trabalhadores dos serviços, vendedores, trabalhadores agropecuários, operários fabris e
trabalhadores de manutenção e instalação; em todas essas últimas categorias citadas, as jornadas
médias anuais superam 2 028 horas-ano. Comparando com os profissionais das ciências e das
artes, são cerca de 400 horas-ano a mais de trabalho.

Essa média anual de horas contratadas vem em evolução desde 1994. Diferente do caso
registrado nos países mais desenvolvidos, no Brasil há uma leve tendência de aumento da
jornada anual, entre 1994 e 2008. Essa situação reproduz-se em praticamente todas as categorias
ocupacionais, aumentando inclusive no caso dos profissionais das ciências e das artes, para os
quais a média anual de horas contratadas passa de 1 556 horas-ano, em 1994, para 1 594 horas-
ano, em 2008. Somando-se a isso o fato do grande crescimento do número de empregos no
mercado de trabalho formal, pode-se afirmar que o contexto de crescimento econômico que se

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passa no Brasil registra certa falta de mão-de-obra, condição que justifica esse aumento das horas
contratadas nas diversas classes ocupacionais, mesmo com o maior volume do mercado de
trabalho formal.
Entre as afirmações categóricas proferidas pelos teóricos, o debate público em geral, o
discurso sindical, a simpatia política e as evidências empíricas, parece que ficar com as últimas é
o caminho mais acertado para pensar-se a questão. Não se trata de desmerecer alguns dos
elementos que ficam em destaque em cada uma dessas perspectivas, mas compreender
singularidades específicas acerca da redução da jornada de trabalho. Contudo, parece
fundamental pensar a questão considerando-a no contexto histórico do desenvolvimento
socioeconômico geral e singular.

CARACTERÍSTICAS DA JORNADA DE TRABALHO NO BRASIL


Dal Rosso (2006) descreveu alguns elementos históricos importantes do contexto de
redução da jornada de trabalho no Brasil. Houve duas mudanças no tamanho da jornada de
trabalho determinadas pela legislação, uma na Constituição de 1934 e outra na de 1988. Na
Constituição de 1934 foi estabelecida a jornada de trabalho de 48 horas semanais (oito horas
diárias).
As primeiras indústrias brasileiras foram instaladas no século XIX e não teria tardado a
emergir os primeiros movimentos reivindicatórios pela redução da jornada. As greves de 1907,
1912 e 1917 teriam conseguido algumas vitórias, após incluírem em suas pautas os temas da
duração e da intensidade do trabalho. Em 1932, o movimento operário teria obtido a fixação
legal da duração da jornada de trabalho em oito horas diárias por seis dias da semana, acrescidas
da possibilidade de complementação com mais duas horas-extras ao dia. A partir de 1985, os
movimentos grevistas mais combativos estabeleceram acordos separados por empresas e
conseguiram reduzir as jornadas de trabalho. Como afirmam Gonzaga, Menezes Filho e
Camargo (2003), em 1988, quando a jornada de trabalho de 44 horas semanais foi oficializada
pela Constituição, a maior parte dos empregos já tinha jornadas menores que 48 horas, seguindo
uma tendência histórica.
O artigo sétimo da Constituição de 1988 regulamentou a jornada de trabalho de 44
horas semanais e oito horas diárias, em 5,5 dias por semana; estabeleceu que o número máximo

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de horas-extras diárias não pode exceder duas horas, e a remuneração das horas-extras deve ser
de no mínimo 150% do valor da hora normal. Segundo a Constituição, jornadas menores e
flexibilização da jornada por períodos superiores a uma semana só podem ser efetivadas por
negociação individual ou coletiva (BRASIL, 1988).
Dal Rosso (1998) ao fazer uma análise mais pormenorizada do caso brasileiro quando
da redução da jornada de trabalho de 48 para 44 horas, quantificou o efeito na criação de novos
postos de trabalho. A redução de 8,33% da jornada de trabalho legal resultou na criação de,
aproximadamente, apenas 1% de novos postos de trabalho. Segundo o autor, a diferença de
7,33% explica-se pelas estratégias adotadas pelas empresas para contrabalançar a redução da
jornada legal. A principal estratégia teria sido o aumento da utilização de horas-extras, que saltou
de 24% nos meses anteriores à promulgação da Constituição para 41% nos meses posteriores.
O caso do mercado de trabalho formal do Brasil é diferente do latino-americano, em
razão de sua economia que mescla atividades laborais bastante tradicionais com outras de ponta -
mais desenvolvidas. Não se pode, contudo, negar que haja elevada informalidade no mercado de
trabalho no Brasil, embora esse seja menor em relação a outros países da região. No âmbito do
mercado de trabalho informal, é difícil conhecer mais afundo a questão das jornadas de trabalho,
que tendem a ser muito extensas, pois não são reguladas pela legislação. Todavia, muitas
informações estão disponíveis sobre o tamanho da jornada de trabalho no mercado de trabalho
formal brasileiro. Tratar de algumas características desse mercado de trabalho ajuda-nos a
revelar importantes aspectos sobre a realidade do mercado de trabalho formal no Brasil,
especialmente no que diz respeito ao tamanho da jornada de trabalho e inter-relações com outras
variáveis. Também se deve destacar o grande crescimento do número de empregos formais nos
últimos anos, o que encorpou muito o mercado de trabalho no Brasil.
Dados da Base Rais, indicam uma concentração de empregos com jornada entre 41 e 44
horas, que representam 70% dos empregos, em 2008; apenas 3,5% dos empregados do mercado
de trabalho formal trabalham em tempo parcial (até 20 horas) (Quadro 2). Também se destaca
significativa concentração de empregos com jornadas entre 31 e 40 horas semanais, que foi de
20% (Quadro 2), mas que estão, em geral, ocupados por trabalhadores com maior grau de
instrução (Quadro 3). Entre 1994 e 2008, houve grande expansão do mercado de trabalho formal,
com um crescimento de quase 16 milhões de empregos formais. No período, houve crescimento

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na participação de empregos com jornadas entre 41 e 44 horas, que passou de 63% para 70%.
Destaca-se, ainda, que houve redução do contingente de empregos com jornada entre 31 e 40
horas, de 24% para 20% (Quadro 2).

A partir do Quadro 3, podemos observar que, em 2008, os empregos com jornada de


trabalho mais longa, entre 41 e 44 horas, eram ocupados em sua maior parte por trabalhadores
com menor grau de instrução. Os trabalhadores com até o Ensino Médio incompleto, aqueles

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geralmente alocados em atividades laborais repetitivas e rotineiras, ou em serviços domésticos e
no meio rural, estavam empregados no mercado de trabalho formal sempre em patamares
maiores que 80%, situação que se repete nos anos anteriores, 1994 e 2000, caracterizando-se
uma tendência. A partir do Ensino Médio completo, esse número cai em 9% (72% dos
empregados com Ensino Médio no mercado de trabalho formal do Brasil têm jornadas de 40 a 44
horas); caindo mais 12% quando chega ao Ensino Superior incompleto (60% dos empregados
com Ensino Superior incompleto no mercado de trabalho formal do Brasil têm jornadas de 40 a
44 horas).
A escolaridade está diretamente vinculada ao tamanho da jornada semanal contratual
dos trabalhadores. Os dados do mercado de trabalho formal brasileiro reforçam a hipótese de
que, com a elevação do grau de instrução dos empregados, que se segue da demanda por trabalho
mais qualificado, diminui o tamanho da jornada, sem chegar a predominar o grupo das atividades
em tempo parcial (menos de 30 horas) para os trabalhadores mais instruídos. Os trabalhadores
mais escolarizados, com Ensino Superior completo, Mestrado e Doutorado têm baixa
participação nos empregos com jornadas mais longas (41 a 44 horas), respectivamente, 31%,
24% e 13%, em 2008.
Quando observamos os dados dos empregos com jornada de trabalho entre 31 e 40
horas, a relação constatada é quase inversa à dos trabalhadores menos escolarizados, visto que se
pode constatar maior concentração de trabalhadores mais escolarizados: 57% dos doutores, 25%
dos mestres e 38% dos graduados estão em empregos com jornada mais curta (31 a 40 horas); a
participação dos trabalhadores com Ensino Médio incompleto e menos, nesta faixa, não supera
15%.
Um fato curioso sobre esse último aspecto refere-se à observação de que, quanto maior a
formação do trabalhador, maior acaba sendo também a participação de empregados contratados
em tempo parcial, especialmente no caso daqueles com mestrado (31,25%) e doutorado
(23,19%). Esse parece ser um caso vinculado ao caso das universidades privadas, centros de
pesquisa, consultorias, que tendem em muitos casos a contratar por tempo mais reduzido. Deve-
se destacar ainda que há um contingente significativo de servidores públicos privilegiados, com
jornadas que variam entre 36 e 40 horas. Se, por um lado, esse fato demonstra que os
empregados mais qualificados são contratados por menor tempo, flexibilizando a prestação de

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serviço, também significa, por outro lado, que existe um maior valor da hora de trabalho, o que
encarece ou não justifica a contratação dos profissionais em jornadas completas, por parte dos
empregadores. As remunerações médias são maiores para os trabalhadores com jornadas entre 31
e 40 horas (Quadro 4), mas este dado parece refletir o caso do funcionalismo público. Os
empregos com jornadas de 41 a 44 horas apresentam remuneração média menor em todas as
faixas de instrução. Uma possível medida de redução da jornada recairia sobre empregos que têm
remuneração menor que aqueles em que a jornada já é reduzida. A instrução é o fator mais
evidente no quesito remuneração média, não sendo determinante o tamanho da jornada.

Considerando o tempo médio de contratação por faixa de instrução dos trabalhadores,


pode-se perceber que o tamanho médio da jornada semanal não aumenta apenas para os
trabalhadores com Ensino Superior (Quadro 5), que em 1994, 2000 e 2008 foi de 35 horas
semanais. Em todos os graus de instrução inferiores ao Superior, houve aumento na média de
horas contratadas. O fato é que, mesmo com o aumento do volume do mercado de trabalho
brasileiro, os contratos de trabalho estão maiores, especialmente para as categorias de menor
instrução. Os trabalhadores com até Ensino Médio incompleto trabalham em média mais do que
42 horas semanais, em 2008. Os trabalhadores com Ensino Médio completo trabalham, em
média, 41,55 horas semanais. Os trabalhadores com Ensino Superior completo trabalham em
média 40,35 horas semanais. Até o Ensino Superior incompleto, as jornadas médias semanais
diminuem pouco, embora seja uma redução constante. Já os trabalhadores com Ensino Superior

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completo trabalham em média 35,31 horas semanais; os com mestrado 28,61 e os com
doutorado, trinta e duas.

CONCLUSÕES
Buscou-se levantar um conjunto de aspectos teóricos e de evidências históricas e
empíricas que possam subsidiar um debate promissor sobre a questão da redução da jornada de
trabalho, em especial atentando para o diálogo público que se promete para o Brasil, nos
próximos anos. É importante destacar que não se considera a redução da jornada de trabalho
como um processo negativo, mas que é preciso estabelecer algumas ponderações. Entre os
pontos mais relevantes, destaca-se o fato evidente de que a redução da jornada de trabalho é um
processo histórico vinculado ao desenvolvimento econômico, às mudanças sociais e culturais e à
natureza das atividades laborais. O que se defende é que a redução da jornada de trabalho precisa
ser discutida primeiramente pelo viés da qualidade dos empregos, deixando a questão
da quantidade dos empregos em segundo plano, especialmente considerando o contexto recente
de ampla geração de empregos formais no Brasil. Há indícios de que uma medida política,
determinada de cima para baixo, pode acarretar, no longo prazo, um processo contrário aos
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objetivos daqueles que a defendem deliberadamente. Parece inoportuno reduzir a jornada de
trabalho sem valorizar a remuneração e as demais condições de emprego e sem considerar a
natureza das atividades laborais. Porém, essa valorização depende de aspectos que não dizem
respeito unicamente à legislação trabalhista, ao poder de barganha dos trabalhadores ou à ação
sindical, mas também a elementos próprios ao mercado de trabalho. Constatou-se, por exemplo,
que as categorias ocupacionais, a instrução e a qualificação são fatores decisivos para melhorar a
remuneração e as condições de emprego, além de ter efeito direto sobre o menor tamanho da
jornada de trabalho.
Mais que estabelecer objetivos acerca da quantidade de emprego, o debate sobre a
redução da jornada de trabalho precisa estar focado em objetivos referentes à sua qualidade. O
Dieese (2007) sugere, em uma de suas últimas publicações, que reduzir a jornada de trabalho
produzirá empregos de qualidade. Sem estar relacionada a um conjunto de outros fatores, essa
ideia seria equivocada e de pouco embasamento, por partir do pressuposto que, trabalhando
quatro horas semanais a menos, os trabalhadores já teriam um "emprego melhor". A qualidade
do emprego não se expressa essencialmente pelo tamanho da jornada de trabalho, pelo contrário,
talvez seja um dos indicadores de menor importância nessa matéria. A qualidade do
emprego hoje perpassa a possibilidade de desenvolvimento não apenas profissional, mas das
aspirações sociais e individuais. É o trabalho rico, com maior volume de conteúdo, que tem
maior valor no mercado. O trabalho empobrecido em conteúdo, baseado em tarefas simples e
rotineiras, tem baixo valor no mercado de trabalho, e reduzir a jornada destes postos acarretará
em menor remuneração e manutenção de sua baixa qualidade.
É preciso estar atento a uma falácia: a defesa da ideia de que, com a redução da jornada
de trabalho, "os trabalhadores trabalharam menos e ganharão mais". O debate sobre a redução da
jornada de trabalho é urgente. Contudo, é simplório pensar que essa medida, de maneira isolada
e descontextualizada, por si só resolveria problemas como o desemprego, os baixos salários e
a precarização do trabalho. Dependendo da forma como for proposta, a redução da jornada pode
potencializar a precarização do emprego e enfraquecer ainda mais a proteção social dos
trabalhadores, além do próprio sindicalismo. Reduzir a jornada de trabalho está no centro de uma
série de mudanças na infraestrutura social, mas que exige também mudanças ideológicas e
culturais.

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Muitas questões precisam ser examinadas, repensadas e redefinidas, o que passa pela
prática e o conteúdo do próprio sindicalismo. Não é suficiente criar mais empregos. Parece ser
preciso pensar em criar mais e melhores empregos. Que tipo de empregos seria criado com uma
política de redução da jornada que fosse precipitada, ou politicamente imposta? Ampliar o
volume de trabalho rotineiro e repetitivo, que requer mão-de-obra desqualificada e socialmente
dependente, especialmente do Estado, que gera salários baixos e indivíduos desmotivados, não
resolveria os problemas mais profundos da realidade social, poderia antes agravá-los.
Considerando a importância do discurso sindical e da simpatia política por este, a questão que
envolve a redução da jornada de trabalho perpassa o sentido teórico que essa prática assume.
Todavia, as evidências empíricas parecem ser subsídios decisivos para complementar essa
discussão, por isso, não podem ser subestimadas pelo debate público.
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Daniel Gustavo Mocelin é Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

1 Durante a realização deste trabalho, o autor contou com o apoio institucional da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes).
2 Sobre esse debate, ver Méda (1999), Gorz (2003) e Arendt (2005). Esses autores desenvolveram discussões
filosóficas sobre o sentido do trabalho na modernidade, especialmente enfocando a crítica sobre a racionalidade
econômica que governaria as relações sociais após a revolução industrial.
3 Na modernidade, constata-se uma redução das relações que o homem poderia manter com o mundo (contemplação
e ação, por exemplo) em favor de uma relação específica relacionada à produção e ao consumo, o que seria
caracterizado por importantes autores como racionalidade econômica. Sobre isso, ver Gorz (2003) e Arendt (2005).
Referências a tal questão também estão presentes nas obras clássicas de Max Weber. No final deste ensaio
voltaremos ao assunto.
4 A Relação Anual de Informações Sociais, instituída em 1975, fornece informações estatísticas sobre o mercado de
trabalho formal no Brasil, funcionando em conjunto com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged), criado em 1965, que instituiu o registro permanente de admissões e dispensa de empregados; são mantidos
pelo Ministério do Trabalho e Emprego. As bases estatísticas podem ser conferidas em MTE (2010), mediante
cadastro como pesquisador.

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HIGIENE DO TRABALHO

Ao se tratar da segurança e saúde do trabalho nas organizações, sempre nos lembramos


do setor responsável pelas atividades prevencionistas, o SESMT – Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – que segundo a Norma Regulamentadora
NR 4 do Ministério do Trabalho, possui “a finalidade de promover a saúde e proteger a
integridade do trabalhador no local de trabalho”.
A existência ou não deste setor é vinculada à graduação de risco da atividade principal
da empresa e ao número total de empregados que trabalham no estabelecimento, sendo este
entendido como cada uma das unidades da empresa, funcionando em lugares diferentes, tais
como: fábrica, refinaria usina, escritório, oficina e depósito.
Este setor deve ser composto por profissionais com formação na área, devendo a
empresa exigir no ato da contratação a qualificação necessária para a investidura no cargo. Os
profissionais que formam este serviço são os seguintes: Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Enfermagem do Trabalho, Auxiliar de
Enfermagem do Trabalho e o Técnico de Segurança do Trabalho (UNESP, 2006).
As competências do SESMT nas organizações, conforme a NR 4, estão baseadas nas
aplicações e conhecimentos sobre prevenção de acidentes e doenças no ambiente de trabalho e
todos seus componentes, de modo a eliminar os riscos existentes. Deve também determinar
medidas de controle, indicar equipamentos de proteção individual e coletiva, colaborar nos
projetos e implantação de novas tecnologias da empresa, promover atividades de
conscientização, educação e orientação, esclarecer e conscientizar os empregados dos riscos,
analisar os acidentes e registrar os dados.
Outro apoio para a prevenção nas empresas é a CIPA – Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes, que tem como tarefa a “prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho,
de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida dos
empregados e do empregador, sendo os primeiros eleitos em escrutínio secreto e os outros
indicados pela empresa. À CIPA cabe apontar os atos inseguros dos trabalhadores e as condições
de insegurança existentes na organização.

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Apesar do apoio fornecido por este setor especializado, no caso do SESMT, e
orientador, no caso da CIPA, verifica-se a necessidade da criação de uma cultura organizacional
que seja voltada para a segurança e saúde. A ideia deve partir da alta gerência da empresa,
integrando nos esforços da organização, ações efetivas voltadas para segurança, saúde e bem-
estar e moral de seus funcionários, através de uma abordagem estruturada para a avaliação e o
controle dos riscos no trabalho.
A alta administração deve definir, documentar e ratificar sua política de segurança e
saúde no trabalho, reconhecendo este tema como parte integrante do desempenho de seu
negócio, fornecendo recursos adequados e responsabilizando os gerentes de linha, do mais alto
executivo ao primeiro nível de supervisão, pelo cumprimento desta política.
Os profissionais que compõem o serviço de segurança e medicina do trabalho devem ter
o papel de assessores da empresa, contribuindo para o processo, a formação de ideias e a
conscientização. Seu papel será o de, além de cumprir a legislação, orientar e contribuir com
novas ideias (SILVA, 2008).
Assim, a importância dos serviços de segurança no trabalho vem de encontro aos riscos
aos quais os trabalhadores estão sujeitos e os vários programas que devem ser observados pelas
empresas não só para atender às exigências legais, mas principalmente visando a segurança dos
seus empregados que são o bem mais importante de qualquer organização, os quais irão de
encontro ao nosso objetivo principal: prevenir as doenças que surgem em decorrência do
trabalho.
O arcabouço está assim construído: riscos físicos, químicos, gasosos, biológicos,
conceitos, classificações, medidas de controle, manuseio; ventilação; riscos relativos ao
manuseio, armazenagem e transporte de substâncias agressivas; equipamentos de proteção
individual; programas de saúde do trabalhador; insalubridade e periculosidade; inspeção e
fiscalização do trabalho.
Daremos continuidade ao assunto, a partir da ventilação e sua importância da ventilação
para o ser humano, equipamentos de controle.

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A VENTILAÇÃO, SUA IMPORTÂNCIA DA VENTILAÇÃO PARA O SER
HUMANO E, OS EQUIPAMENTOS DE CONTROLE

É notória a importância do ar para o homem é por demais conhecida, sob o aspecto da


necessidade de oxigênio para o metabolismo. Por outro lado, a movimentação de ar natural, isto
é, através dos ventos, é responsável pela troca de temperatura e umidade que sentimos
diariamente, dependendo do clima da região.
A movimentação do ar por meios não naturais constitui-se no principal objetivo dos
equipamentos de ventilação, ar condicionado e aquecimento, transmitindo ou absorvendo energia
do ambiente, ou mesmo transportando material, atuando num padrão de grande eficiência sempre
que utilizado em equipamentos adequadamente projetados.
A forma pela qual se processa a transferência de energia é que dá ao ar capacidade de
desempenhar determinada função. A velocidade, a pressão, a temperatura e a umidade envolvem
mudanças nas condições ambientais, tornando-as propícias ao bem-estar do trabalhador.
A ventilação industrial tem sido e continua sendo a principal medida de controle efetiva
para ambientes de trabalho prejudiciais ao ser humano. No campo da higiene do trabalho, a
ventilação tem a finalidade de evitar a dispersão de contaminantes no ambiente industrial, bem
como diluir concentrações de gases, vapores e promover conforto térmico ao homem. Assim
sendo, a ventilação é um método para se evitarem doenças profissionais oriundas da
concentração de pó em suspensão no ar, gases tóxicos ou venenosos, vapores, etc.
O controle adequado da poluição do ar tem início com uma adequada ventilação das
operações e processos industriais (máquinas, tornos, equipamentos, etc.), seguindo-se uma
escolha conveniente de um coletor dos poluentes (filtros, ciclones, etc.). Todavia, ao se aplicar a
ventilação numa indústria, é preciso verificar antes, as condições das máquinas, equipamentos,
bem como o processo existente, a fim de se obter a melhor eficiência na ventilação. A
modernização das indústrias, isto é, mecanização e/ou automação, além de aumentar a produção
melhora sensivelmente a higiene do trabalho com relação a poeiras, gases, etc.

CONCEITO E APLICAÇÃO DA VENTILAÇÃO

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A ventilação é uma técnica que permite a substituição do ar de um ambiente interior por
ar do exterior, com o objetivo de reduzir as concentrações dos contaminantes e/ou por razões de
conforto (MAYAN, 2012).
A concepção de um sistema de ventilação deverá, portanto, corresponder às exigências
de higiene do local (criação de ar mais limpo), mas por outro lado tem de ser compatível com o
ciclo produtivo e aceite pelas pessoas que permanecem no local.
A ventilação dos locais de trabalho pode ser obtida por dois processos: ventilação geral
ou ventilação local.
O sistema de ventilação geral, também designado por ventilação por diluição, consiste
na introdução de ar limpo em quantidade suficiente para que as concentrações dos contaminantes
no ar ambiente se reduzam a níveis aceitáveis.
Em outras palavras: a ventilação geral é um dos métodos disponíveis para controle de
um ambiente ocupacional. Consiste em movimentar o ar num ambiente através de ventiladores;
também chamada ventilação mecânica.
Um ventilador pode insuflar ar num ambiente, tomando ar externo, ou exaurir ar desse
mesmo ambiente para o exterior. Quando um ventilador funciona no sentido de exaurir ar de um
ambiente e comumente chamado de exaustor.
Num ambiente, a pressão atmosférica comum, a insuflação e a exaustão provocam uma
pequena variação da pressão (considerada desprezível). Dessa forma, a insuflação é chamada de
pressão positiva e a exaustão de pressão negativa.
A ventilação geral pode ser fornecida pelos seguintes métodos:
 insuflação mecânica e exaustão natural;
 insuflação natural e exaustão mecânica;
 insuflação e exaustão mecânica.

A insuflação mecânica, ventilando ar externo num ambiente, nem sempre é


recomendável, uma vez que o ar externo pode estar contaminado de impurezas, ou ainda, com
temperatura e umidade relativa, inadequadas.
A ventilação geral, considerando as quantidades de ar que terão de ser movimentadas,
tem limitações, nomeadamente:

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 quando as quantidades de poluente libertadas são importantes e, portanto, para o
controle das concentrações é necessário movimentar grandes massas de ar;
 quando os postos de trabalho estão localizados muito perto da fonte emissora e,
portanto, ser difícil apenas por diluição atingir os níveis aceitáveis.

Este tipo de ventilação só pode ser aplicado eficazmente quando os contaminantes em


causa são de baixa toxicidade, são libertados uniformemente e em pequenas quantidades, estando
contra-indicado no caso do controle do empoeiramento. Como este método não é circunscrito à
fonte de poluição, mas abrange todo o local de trabalho, para garantir que os níveis de
contaminante se reduzam a valores aceitáveis o volume de ar a renovar deve ser multiplicado por
um fator de segurança. Este fator vai depender da toxicidade da substância, caudal de libertação
e pode tomar valores compreendidos entre 3 e 10.
A ventilação geral envolve, portanto, a movimentação de grandes massas de ar e como
tal é preferível utilizá-la como complemento da ventilação local.
O objetivo da ventilação local é captar os contaminantes o mais perto possível da sua
fonte emissora e antes do trabalhador. Este processo necessita de movimentar quantidades de ar
muito menores que a ventilação geral e, por isso, os custos de investimento e de manutenção são
menores. Tem, contudo, um aspecto condicionador; uma vez instalado o sistema, o processo
produtivo não deve ser mudado de lugar para garantir a sua eficiência.
Na ventilação local, ou ventilação por aspiração localizada, é feita a captação do
contaminante na fonte, a sua condução em tubagem até a um coletor que o retém lançando o ar
na atmosfera. Em certas situações pode não existir coletor do contaminante, mas sim um
percurso suficiente do ar poluído de modo a que por diluição sejam atingidos níveis aceitáveis,
mesmo para as emissões (existe legislação específica para as emissões).
Na montagem de um sistema de ventilação por exaustão devem ser tomados em
consideração alguns aspectos:
 o dispositivo de captação deve ser colocado o mais perto possível da emissão do
contaminante e de forma envolvente da fonte;

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 o trabalhador não deve estar colocado entre a captação e a fonte, ou seja, a
deslocação do ar aspirado deve estar no sentido contrário às vias respiratórias do
trabalhador;
 o sistema de aspiração deve corresponder ao movimento natural dos contaminantes.
Por exemplo, no caso de poluentes mais densos que o ar, a sua movimentação é no
sentido descendente por isso a aspiração deve ser a nível inferior;
 a velocidade de captação deve corresponder ao caudal de emissão do contaminante
e às suas características físicas;
 para uma captação eficiente, o ar aspirado deve ser compensado com entrada de ar
exterior. Recomenda-se que o ar entrado tenha um caudal 10 % superior ao caudal
de aspiração;
 as saídas de ar poluído não devem ser colocadas perto das entradas do ar novo.

No estudo da ventilação também devem ser cobertos os aspectos de conforto térmico,


que podem obrigar a tratamento do ar insuflado, e de correntes de ar, que podem ser remediadas
com a colocação de anteparos (MAYAN, 2012).

A IMPORTÂNCIA DA MECÂNICA DOS FLUIDOS


A mecânica dos fluidos é o ramo da mecânica que estuda o comportamento físico dos
fluidos e suas propriedades. Os aspectos teóricos e práticos da mecânica dos fluidos são de
fundamental importância para a solução de diversos problemas encontrados habitualmente na
engenharia, sendo suas principais aplicações destinadas ao estudo de escoamentos de líquidos e
gases, máquinas hidráulicas, aplicações de pneumática e hidráulica industrial, sistemas de
ventilação e ar condicionado além de diversas aplicações na área de aerodinâmica voltada para a
indústria aeroespacial.
O estudo da mecânica dos fluidos é dividido basicamente em dois ramos, a estática dos
fluidos e a dinâmica dos fluidos. A estática dos fluidos trata das propriedades e leis físicas que
regem o comportamento dos fluidos livre da ação de forças externas, ou seja, nesta situação o
fluido se encontra em repouso ou então com deslocamento em velocidade constante, já a
dinâmica dos fluidos é responsável pelo estudo e comportamento dos fluidos em regime de

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movimento acelerado no qual se faz presente a ação de forças externas responsáveis pelo
transporte de massa.
Dessa forma, pode-se perceber que o estudo da mecânica dos fluidos está relacionado a
muitos processos industriais presentes na engenharia e sua compreensão representa um dos
pontos fundamentais para a solução de problemas geralmente encontrados nos processos
industriais.
Um fluido é caracterizado como uma substância que se deforma continuamente quando
submetida a uma tensão de cisalhamento, não importando o quão pequena possa ser essa tensão.
Os fluidos incluem os líquidos, os gases, os plasmas e, de certa maneira, os sólidos plásticos. A
principal característica dos fluidos está relacionada a propriedade de não resistir a deformação e
apresentam a capacidade de fluir, ou seja, possuem a habilidade de tomar a forma de seus
recipientes. Esta propriedade é proveniente da sua incapacidade de suportar uma tensão de
cisalhamento em equilíbrio estático.
Os fluidos podem ser classificados como: Fluido Newtoniano ou Fluido Não
Newtoniano. Esta classificação está associada à caracterização da tensão, como linear ou não-
linear no que diz respeito à dependência desta tensão com relação à deformação e à sua derivada.
Os fluidos também são divididos em líquidos e gases, os líquidos formam uma
superfície livre, isto é, quando em repouso apresentam uma superfície estacionária não
determinada pelo recipiente que contém o líquido. Os gases apresentam a propriedade de se
expandirem livremente quando não confinados (ou contidos) por um recipiente, não formando
portanto uma superfície livre. A superfície livre característica dos líquidos é uma propriedade da
presença de tensão interna e atração/repulsão entre as moléculas do fluido, bem como da relação
entre as tensões internas do líquido com o fluido ou sólido que o limita.
Um fluido que apresenta resistência à redução de volume próprio é denominado fluido
incompressível, enquanto o fluido que responde com uma redução de seu volume próprio ao ser
submetido a ação de uma força é denominado fluido compressível (RODRIGUES, 2010).
Pois bem, conhecendo a mecânica dos fluidos o engenheiro de segurança do trabalho
pode dimensionar as instalações de ventilação, selecionar, analisar os sistemas, estabelecer
métodos de teste contribuindo para a qualidade do ar para os trabalhadores e melhor desempenho
de máquinas e equipamentos.

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RISCOS RELATIVOS AO MANUSEIO, ARMAZENAGEM E
TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS AGRESSIVAS: insalubridade e
periculosidade

Conhecer e entender toda a dinâmica dos combustíveis inflamáveis, os quais são


considerados substâncias, é de suma importância para os profissionais que lidam com a
segurança do trabalho.

COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS
Do ponto de vista do processo da combustão, os combustíveis podem ser classificados
da seguinte forma:
- Sólidos Comuns;
- Líquidos Inflamáveis;
- Gases Inflamáveis;
- Materiais Químicos de Grande Risco.

SÓLIDOS COMUNS (COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS)


A queima de um combustível sólido é facilitada na medida em que ele está mais
dividido e a umidade for mínima.
Os sólidos combustíveis mais comuns, encontrados em quase todas as edificações
residenciais comerciais e industriais, têm as seguintes composições:

Os corpos sólidos ao se queimarem passam por três estágios:


- Destilação;

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- Inflamação;
- Incandescência.

DESTILAÇÃO
É o estágio em que ocorre o desprendimento dos gases ignicíveis, visto o corpo ter
alcançado o seu Ponto de Fulgor. Tem início, propriamente dito, a Pirólise.

INFLAMAÇÃO
É o estágio em que surge a chama, visto o corpo ter alcançado a sua Temperatura de
Inflamação, correspondente à sua Temperatura de Ignição, e os gases se inflamam.

INCANDESCÊNCIA
É o estágio em que ocorre o desprendimento de calor provocado pelas chamas. A
temperatura do corpo se eleva, dando condições para a realização da combustão. Este estágio
caracteriza o Poder Calorífico do corpo.

LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS (COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS)


Os corpos líquidos ao alcançarem seu Ponto de Fulgor se transformam em gases.
Continuando o aquecimento, por fonte externa, atingem a Temperatura de Combustão, emitindo
gases inflamáveis em quantidade suficiente para sustentar a dita combustão e a manutenção da
chama.

RAPIDEZ DE INFLAMABILIDADE
De acordo com a rapidez de suas inflamabilidades, os Líquidos Inflamáveis podem ser
classificados como se segue:
Classe 1 - Altamente Inflamável. Ponto de Fulgor abaixo de (- )5°C ou 23°F.
Classe 2 - Inflamável. Ponto de Fulgor de (- )5°C ou 23°F até 21°C ou 70°F.
Classe 3 - Pouco Inflamável. Ponto de Fulgor acima de 21°C ou 70°F até 93°C ou 200°F.
Classe 4 - Não Inflamável. Ponto de Fulgor acima de 93°C ou 200°F.

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PONTO DE FULGOR
Devido seu Ponto de Fulgor, na prática, os Líquidos Inflamáveis são agrupados da
seguinte maneira:
Classe 1 - Acetona, Benzeno, Benzina, Bissulfato de Carbono, Butano, Éter e Gasolina.
Classe 2 - Ácido Acético, Álcool e Tolueno ou Toluol.
Classe 3 - Querosene.

GASES INFLAMÁVEIS (COMBUSTÍVEIS GASOSOS)


Os corpos gasosos entram em queima mais facilmente, pois não passam pelo processo
de transformação a que estão sujeitos os sólidos e os líquidos. A combustão é direta, dependendo
fundamentalmente da concentração com que se misturam com o ar. Experimentalmente, existem
duas concentrações limites, entre as quais a mistura ar-gás-combustível é inflamável. São elas:
Limite de Explosividade Inferior e Limite de Explosividade Superior.

LIMITE DE EXPLOSIVIDADE
Por definição, Limite de Explosividade é a máxima e a mínima concentração de gases
ou vapores, cuja mistura com o ar ou oxigênio é ignicível, na qual, acima ou abaixo desse Limite
não há nenhum risco de ignição. A Tabela abaixo relaciona alguns combustíveis gasosos, seus
Pontos de Fulgor, Pontos de Ignição e Limites de Explosividade.

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MATERIAIS QUÍMICOS DE GRANDE RISCO
Com exceção dos explosivos, reconhecidamente perigosíssimos, merecendo cuidados
especiais quanto ao seu manuseio e armazenamento, as substâncias químicas consideradas de
grande risco, podem receber a seguinte classificação:
- Sólidos Inflamáveis;
- Plásticos e Filmes;
- Agentes Oxidantes;
- Ácidos e Outros Corrosivos;
- Venenos;
- Substâncias Radioativas.

SÓLIDOS INFLAMÁVEIS
Para os fins da Prevenção Contra Incêndio, são considerados como Sólidos Inflamáveis
aquelas substâncias que se incendeiam facilmente, ou provocam incêndio, seja pela fricção, pela
exposição ao ar, pela absorção de umidade, pela absorção de pequena quantidade de calor.
• Quanto à fricção:
- Enxofre;

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- Fósforo (vermelho, branco ou amarelo);
- Persulfato de Fósforo;
- Peróxido de Benzol Seco.
• Quanto à exposição ao ar:
- Boro;
- Carvão Vegetal;
- Ferro Pirofórico;
- Fósforo (vermelho, branco ou amarelo);
- Hidratos;
- Lítios;
- Nitrito de Cálcio;
- Pó de Zinco.
• Quanto à absorção de umidade:
- Cálcio;
- Carbonato de Alumínio;
- Carbureto de Cálcio;
- Hidratos;
- Hidrossulfito de Sódio;
- Magnésio (se finamente dividido);
- Óxido de Cálcio;
- Peróxido de Bário;
- Pó de Alumínio;
- Pó de Bronze;
- Pó de Zinco;
- Potássio;
- Selênio;
- Sódio;
- Sulfeto de Ferro.
• Quanto à absorção de pequena quantidade de calor:
- Carvão Vegetal;

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- Dinitrocanilina;
- Dinitrobenzol;
- Nitrato de Celulose (nitrocelulose);
- Pentasulfato de Antimônio;
- Pentasulfato de Sódio;
- Piroxilina;
- Pó de Zircônio;
- Sesquisulfato de Fósforo.

PLÁSTICOS E FILMES
Plásticos com base de Nitrocelulose – celuloide, inflamam-se pouco acima de 100°C. Se
decompõe acima de 150º C. Esta decomposição é acompanhada de evolução de calor,
alcançando essa temperatura que propicia a combustão espontânea. Queima muito rapidamente.
Plásticos à base de Gomalaca – os plásticos à base de gomalaca queimam
vagarosamente. O trato com materiais deve ser feito cautelosamente, reduzindo ao máximo suas
quantidades e cuidando para não haver ocorrência de chama, luz; proibido riscar fósforo ou ter
cigarro aceso. O celulóide é composto de 2/3 de Nitrocelulose (Algodão Pólvora) e 1/3 de
Cânfora.

AGENTES OXIDANTES
São substâncias sólidas que contêm apreciável quantidade de Oxigênio e capazes de
facilitar ou, até mesmo, de provocar incêndio quando em contato com material combustível.
Principais Agentes Oxidantes:
- Ácido Crômico;
- Ácido Perclórico;
- Bromato de Potássio;
- Cloreto de Bário;
- Cloreto de Cálcio;
- Cloreto de Potássio;
- Cloreto de Zinco;

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- Hipoclorito de Cálcio;
- Hipoclorito de Sódio;
- Nitrato de Amônia;
- Nitrato de Bário;
- Nitrato de Cobalto;
- Nitrato de Cobre;
- Nitrato de Chumbo;
- Nitrato de Ferro;
- Nitrato de Magnésio;
- Nitrato de Níquel;
- Nitrato de Potássio;
- Nitrato de Prata;
-Nitrato de Sódio;
- Nitrato de Tório;
- Nitrato de Urânio;
- Perclorato de Amônia;
- Perclorato de Potássio;
- Perclorato de Sódio;
- Permanganato de Amônia;
- Permanganato de Potássio;
- Peróxido de Bário;
- Peróxido de Estrôncio;
- Peróxido de Potássio;
- Peróxido de Sódio.

ÁCIDOS E OUTROS CORROSIVOS


São substâncias que, em contato com corpos combustíveis, podem desenvolver calor
suficiente para provocar um incêndio ou forte corrosão.
Os principais ácidos e corrosivos são:
- Ácido Muriático;

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- Ácido Clorídrico;
- Ácido Crômico (solução);
- Ácido Fluorídrico;
- Ácido Nítrico;
- Ácido Perclórico;
- Ácido Sulfúrico;
- Bromo;
- Cloreto de Acetil;
- Cloreto de Benzil;
- Cloreto de Cloracetil;
- Cloreto de Enxofre;
- Oxicloreto de Fósforo;
- Pentacloreto de Antimônio;
- Peróxido de Hidrogênio;
- Água Oxigenada (8 a 45%);
- Trióxido de Enxofre.

Venenos – são citados nesta apostila exclusivamente porque são altamente perigosos
para o ser humano. Estão relacionados os que em forma de gases, ou de vapores, em pequenas
quantidades misturados com o ar podem causar a morte. São eles:
- Ácido Cianídrico;
- Acroleína;
- Bromacetona;
- Brometo de Metila;
- Cloreto de Fenilcarbilamina;
- Cloro-Picrina;
- Cianogênio;
- Dióxido de Nitrogênio;
- Etildicloroarsina;
- Fosgênio;

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- Gás Mostarda;
- Metildicloroarsina;
- Peróxido de Nitrogênio.

SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS
São substâncias que podem ser prejudiciais ao ser humano, se submetido à ação por
longo tempo, se elas forem de pequena radiação, ou por curto tempo, se elas forem de grande
radiação. No tocante à Prevenção Contra Incêndio, elas são usadas nos sensores do tipo
radioativo: detectores de fumaça, de pequena ação radioativa, não oferecendo motivo para
preocupação (GOMES, 1998).

RISCOS RELATIVOS AO MANUSEIO, ARMAZENAGEM E TRANSPORTE DE


SUBSTÂNCIAS AGRESSIVAS
A legislação que rege as condições de insalubridade e de periculosidade são as NR 15 –
Atividades e Operações Insalubres e a NR 16 – Atividades e Operações Perigosas e o Decreto nº
9967/06.
No caso dos servidores públicos civis da União, temos respaldo nos artigos 68,69 e 70 e
o § 2º do art. 186 da Lei nº 8.112, de 11/12/90 (D.O.U. de 12/12/90). Além do Art. 12 da Lei nº
8.270, de 17/12/91 (D.O.U. 19/12/91, retificado pelo D.O.U. de 20/12/91 e de 24/12/91).
Insalubridade: são consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por
sua natureza, condição ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e
do tempo de exposição aos seus efeitos (art. 189 da CLT); o exercício do trabalho em condições
insalubres assegura ao trabalhador o direito ao adicional de insalubridade, que será de 40, 20 ou
10%, do salário mínimo regional.
Há, no entanto, jurisprudência de Ação Trabalhista onde a Justiça define que o cálculo
deve ser feito sobre o salário-base do trabalhador.
Periculosidade: são consideradas atividades ou operações perigosas aquelas que, por
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou
explosivos, eletricidade ou radiações em condições de risco acentuado (art. 193 da CLT); o

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trabalho nessas condições dá ao empregado o direito ao adicional de periculosidade, cujo valor é
de 30% sobre seu salário contratual.
Nos casos citados acima, o trabalhador tem que concordar na realização das
tarefas.
Se o local de trabalho for insalubre e perigoso, a empresa pagará apenas um adicional,
em valor a ser estipulado por laudo pericial específico.
Sobre os adicionais, de natureza pecuniária, devidos ao servidor que venha a exercer
suas atividades em condições consideradas insalubres, perigosas, de risco ou de caráter penoso, é
importante saber:
 A caracterização da atividade insalubre, perigosa ou penosa depende da realização de
perícia;
 Os Adicionais incidem apenas sobre o vencimento básico. No caso de Periculosidade, no
percentual único de 30% (trinta por cento) sobre o salário básico. Tratando-se de
Insalubridade, os percentuais são de 10%, 20% e 40% sobre o Salário Mínimo da região,
conforme o grau de Insalubridade seja considerado mínimo, médio ou máximo,
respectivamente;
 O servidor tem direito aos Adicionais enquanto estiver exercendo atividades em
ambientes de condições adversas, identificadas pela perícia. Caso as condições
ensejadoras da concessão dos Adicionais sejam eliminadas ou reduzidas pela adoção de
medidas de segurança, a exemplo de fornecimento de Equipamentos de Proteção
Individual – EPI, pode não persistir o direito aos Adicionais ou ser reduzido o percentual
concedido;
 Os Adicionais de Periculosidade e de Insalubridade não são incorporáveis aos proventos
de aposentadoria por falta de amparo legal;
 Não há regulamentação no âmbito do Serviço Público para a concessão de aposentadoria
especial pelo exercício de atividades insalubres ou perigosas;
 O servidor que fizer jus, simultaneamente, aos Adicionais de Insalubridade e de
Periculosidade deverá optar por um deles;

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 A servidora, enquanto estiver gestante ou amamentando, será, obrigatoriamente, afastada
do exercício da atividade tida como insalubre, perigosa ou penosa, deixando de perceber
os adicionais enquanto durar o afastamento;
 O servidor que se afastar, independentemente do motivo, perderá o direito ao adicional
no período correspondente ao afastamento.
 Os adicionais de insalubridade e de periculosidade e a gratificação de Raios X (ver p. 29)
são inacumuláveis, devendo o servidor optar por um deles. (Base Legal está no artigo 68
da Lei nº 8.112/90. Artigo 12 da Lei nº 8.270/91, quando se tratar de servidor público
(UNESP, 2010).
A insalubridade e a periculosidade têm como base legal a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), em seu Título II, cap. V seção XIII, e lei 6.514 de22/12/1977, que alterou a
CLT, no tocante a Segurança e Medicina do Trabalho.
Ambas foram regulamentadas pela Portaria 3.214/78, por meio de Normas
regulamentadoras.

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HIGIENE OCUPACIONAL: IMPORTÂNCIA, RECONHECIMENTO E
DESENVOLVIMENTO
Berenice I. F. Goelzer2

IMPORTÂNCIA
As doenças ocupacionais, que constituem uma das grandes “epidemias silenciosas”,
incapacitam e matam trabalhadores, a cada dia, em todo o mundo, muitas vezes de maneira
insidiosa e sem que o nexo causal seja estabelecido, por razões que incluem falta de atendimento
médico, diagnósticos incorretos e, em alguns casos, períodos de latência muito longos.
Problemas graves, como câncer e disrupção endócrina podem ter origem ocupacional. É possível
encontrar muitos agentes cancerígenos em ambientes de trabalho, por exemplo, amianto,
arsênico, benzeno, cádmio, formaldeído, compostos de níquel, certos óleos minerais e pós de
certas madeiras duras, entre outros.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a cada ano, infortúnios
ocupacionais matam mais de 2,3 milhões de pessoas; quanto às doenças ocupacionais, ocorrem
perto de 160 milhões de novos casos. Entretanto, a atenção que recebem, por exemplo, de
agências internacionais e nacionais, de governos e da mídia, de empresários e de trabalhadores,
não está de acordo com sua magnitude e impacto humano, social e econômico. Não podemos
esquecer que as doenças ocupacionais, muito menos visíveis que os acidentes do trabalho, são
significativamente subestimadas; a Organização Panamericana de Saúde/Organização Mundial
da Saúde (OPAS/OMS) estima que, na América Latina, os casos notificados de doenças
ocupacionais representam, no máximo, 5% daqueles que realmente ocorrem.
Existem estratégias e técnicas preventivas que poderiam evitar grande parte dessas
“doenças negligenciadas”. Porém, sua aplicação depende da vontade política de muitos
tomadores de decisão, inclusive em nível de governo, de empresa e dos trabalhadores – o que

22
Berenice Isabel Ferrari Goelzer faz parte da história da Higiene Ocupacional no Brasil e no mundo. Engenheira
formada na década de 60 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com mestrado e pós-graduação em
Higiene Ocupacional nos Estados Unidos, trabalhou por 25 anos no Escritório de Saúde Ocupacional da
Organização Mundial da Saúde, em Genebra. Lá foi responsável pela área de Higiene Ocupacional, o que lhe trouxe
experiências valiosas pelo seu contato com a realidade laboral em diversos países. Foi responsável pelo documento
"O desenvolvimento da Higiene Ocupacional na Europa", que levou a um consenso quanto ao perfil do higienista
ocupacional e aos requisitos para formação nesta especialidade no continente europeu.

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nem sempre existe, veja-se o exemplo da silicose, doença perfeitamente prevenível, que continua
matando em nossos dias, apesar de conhecida desde a antiguidade.
Além disso, mesmo havendo percepção e aceitação dos riscos e da necessidade de
preveni-los, resta o obstáculo da escassez de profissionais competentes nessa área.
É impossível resolver o problema das doenças ocupacionais sem praticar a prevenção
primária de riscos nos locais de trabalho, que é justamente o objetivo final da Higiene
Ocupacional.
O impacto positivo da prática da Higiene Ocupacional, não só quanto à saúde dos
trabalhadores, mas também quanto à proteção ambiental, desenvolvimento sustentável e
globalização decente, ainda não foi inteiramente percebido por todos os tomadores de decisão.
Infelizmente existem muitas iniciativas e projetos com metas que, para serem
alcançadas, requerem a contribuição da Higiene Ocupacional, e que, apesar disso, não incluem
em sua agenda a disponibilidade de higienistas ocupacionais.

SAÚDE DO TRABALHADOR
Muitos idealistas, que lutam pela saúde dos trabalhadores, ignoram a extensão dos
conhecimentos necessários para assegurá-la e protegê-la, e não parecem preocupados com a
escassez, ou até com falta, de higienistas ocupacionais adequadamente formados e competentes.
Mesmo organizações de trabalhadores poucas vezes incluem o desenvolvimento da Higiene
Ocupacional entre suas prioridades.
Por que isso acontece? Não queremos profissionais especializados para tratar-nos se
estivermos doentes? Ou para nos representar em uma causa jurídica? Ou para construir nossa
casa? Por que não fazemos essa exigência quando se trata de defender nossa saúde no trabalho?

PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


A Higiene Ocupacional, se bem praticada, pode contribuir consideravelmente para a
proteção do meio ambiente. Por exemplo, se um produto químico tóxico for eliminado de um
processo de trabalho, ou utilizado com rigoroso controle, não afetará nem a saúde dos
trabalhadores nem o meio ambiente e os recursos naturais.

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Portanto, a boa prática da Higiene Ocupacional contribui para um desenvolvimento
econômico, social e sustentável.

GLOBALIZAÇÃO
A globalização poderia contribuir para melhores padrões de vida no mundo, desde que
as políticas de comércio levassem em consideração questões sociais, tais como direitos humanos,
saúde dos trabalhadores, proteção ambiental e desenvolvimento sustentável.
Muitos avanços tecnológicos podem ser utilizados para a melhora das condições de
trabalho e para a proteção ambiental em âmbito mundial. Tecnologias limpas e seguras podem e
devem ser cada vez mais desenvolvidas, utilizadas e compartilhadas universalmente. A
tecnologia de informação pode dar uma contribuição imensa para intercâmbios de
conhecimentos e experiências quanto à ocorrência de riscos ocupacionais, sua prevenção e
controle.
Infelizmente, as regras da globalização são, com frequência, ditadas pelos mercados
financeiros, e a perspectiva de lucro se sobrepõe às preocupações quanto às dimensões sociais.
Por exemplo, acontece que, conforme as normas referentes à saúde e ao meio ambiente se
tornam mais rigorosas e seu cumprimento, mais dispendioso em certos países, processos de
trabalho poluidores e com muitos riscos são transferidos para outros lugares.
Porém, se a prática correta da Higiene Ocupacional “acompanhasse” qualquer processo
de trabalho, para onde quer que fosse transferido, muitos dos aspectos negativos da globalização
poderiam ser eliminados.

RECONHECIMENTO DA HIGIENE OCUPACIONAL


A Higiene Ocupacional como ciência praticada profissionalmente foi reconhecida
oficialmente no Brasil, em agosto de 2014, graças à sua inclusão na Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO).
O fato de, até agora, não existirem diretrizes oficiais quanto à formação de higienistas
ocupacionais tem permitido que pessoas não qualificadas sejam responsáveis pelo bem
inestimável que é a saúde de nossos trabalhadores. Portanto, é essencial que, ao lado desse

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reconhecimento oficial, sejam adotadas diretrizes adequadas para o desenvolvimento da Higiene
Ocupacional.
No Brasil, a Norma Regulamentadora NR-9 do Ministério do Trabalho e Emprego –
que requer que os locais de trabalho tenham um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA) existe há muito tempo, exigindo competências de uma especialidade que oficialmente
não existe. O resultado desastroso dessa situação paradoxal tem sido o desvirtuamento do PPRA
que, em vez de um programa abrangente, eficaz e sustentável de prevenção, em muitos casos, se
resume a um simples laudo enumerando problemas sem dar soluções; também ocorre que riscos
importantes não são sequer mencionados. A falta de profissionais competentes tem contribuído
para essa situação. Esse é apenas um exemplo, pois outras Normas também exigem, para sua
correta aplicação, conhecimentos de Higiene Ocupacional.
A formação adequada em Higiene Ocupacional constitui um aspecto de fundamental
importância.
Por meio de formação e experiência, os higienistas ocupacionais devem ser capazes de
realizar uma série de tarefas, principalmente:
 Prever (antecipar) fatores de risco para a saúde e o meio ambiente que podem estar
associados aos diferentes tipos de trabalho e atuar para preveni-los já nas etapas de
planejamento e projeto de processos (incluindo equipamentos, matérias-primas, produtos
químicos, etc.) e locais de trabalho.
 Reconhecer agentes e fatores de risco (produtos químicos e poeiras, agentes físicos e
biológicos, fatores ergonômicos e psicossociais) que podem estar presentes em locais de
trabalho, determinar as condições de exposição e entender seus possíveis efeitos na saúde
e bem-estar dos trabalhadores.
 Avaliar a exposição dos trabalhadores a agentes e fatores de risco, por meio de métodos
qualitativos e/ou quantitativos e interpretar os resultados obtidos, com vistas a eliminar a
exposição, ou reduzi-la a níveis aceitáveis.
 Projetar e/ou recomendar medidas de prevenção e controle de riscos, eficientes e
econômicas, e integrá-las a programas bem gerenciados e sustentáveis.
 Reconhecer agentes que podem ter impacto sobre o meio ambiente e contribuir para a
proteção ambiental.

Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 70
Aspectos que devem ser mais enfatizados:
 prevenção primária de riscos, particularmente na fonte (e.g., tecnologias limpas,
substituição de materiais tóxicos, práticas de trabalho seguras);
 participação dos trabalhadores;
 desenvolvimento de soluções pragmáticas para controle de riscos, aplicáveis em
pequenas empresas.

“Fazer” higienistas ocupacionais não é somente uma questão de formação, pois além de
conhecimentos, são necessários experiência e fidelidade a um código de ética, bem como
compromisso e perseverança.
Em vista da multiplicidade de fatores ocupacionais de risco (químicos, físicos,
biológicos, ergonômicos e psicossociais) e das possibilidades para sua prevenção e controle, esse
campo requer formação especializada. Além disso, é importante a abordagem multidisciplinar,
envolvendo várias ciências e profissões, incluindo a Medicina do Trabalho, a Higiene
Ocupacional, a Engenharia de Segurança, a Ergonomia e a Psicologia do Trabalho. Portanto,
higienistas ocupacionais devem trabalhar bem integrados em equipes multidisciplinares de saúde
e segurança ocupacionais.
Por outro lado, em muitos casos, ainda é necessário criar condições para a aceitação dos
higienistas ocupacionais, lado a lado com todos os outros profissionais de saúde e segurança
ocupacional e ambiental.

QUALIDADE É UM ASPECTO CRITICO


A competência deve ser alcançada, verificada e mantida. Portanto, a acreditação de
cursos e a certificação de profissionais são de importância fundamental.
Cursos de formação em Higiene Ocupacional devem satisfazer certos requisitos básicos
quanto a currículo, corpo docente, instalações e infraestrutura (incluindo sistemas de
informação).
Deveriam ser estudadas soluções para o desenvolvimento e a iniciação de cursos de pós-
graduação que sejam realmente strictu sensu em Higiene Ocupacional, pois o fato é que ainda
não existe em nosso país uma massa crítica suficiente de possíveis professores universitários

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com doutorado especificamente em Higiene Ocupacional. Muitos dos poucos cursos existentes
não cobrem todos os conhecimentos necessários, justamente devido a esse tipo de barreira.
Trata-se de um tema que merece análise urgente e amplo debate entre os educadores da área de
SST.
Além disso, os profissionais devem demonstrar e manter competência. Nesse sentido, a
ABHO já tem um programa de certificação.

CONCLUSÃO
Uma etapa importante foi o reconhecimento das ocupações de Higienista Ocupacional e
de Técnico em Higiene Ocupacional pela CBO, a exemplo do reconhecimento da ISCO 2008 da
OIT. Porém, a luta pela proteção da saúde dos trabalhadores continua e um de seus aspectos
cruciais reside no estabelecimento de diretrizes adequadas para o desenvolvimento da profissão,
o que inclui formação, código de ética, verificação e manutenção de competência profissional.

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AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS NO LABORATÓRIO DE
ANATOMIA PATOLÓGICA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO
MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

RESUMO
INTRODUÇÃO: Em laboratórios de anatomia patológica existem diversos tipos de riscos
ambientais e ocupacionais. Tais riscos podem estar associados a acidentes do trabalho ou
doenças ocupacionais.
OBJETIVOS: Identificar e avaliar os riscos do processo de trabalho, estimulando a percepção
dos mesmos pelos trabalhadores.
MÉTODOS: Foi realizado o levantamento dos processos, fluxos de serviços, equipamentos,
instalações, produtos, materiais, resíduos, equipes de trabalho e atividades dos trabalhadores. A
seguir foram realizadas as medições dos agentes, elaborando-se a representação gráfica do mapa
de riscos.
RESULTADOS: Observou-se a presença de riscos químicos, físicos, biológicos, acidentários e
inadequações ergonômicas.
CONCLUSÃO: Os riscos de natureza química e biológica foram identificados como principais
no processo de trabalho. Também foi verificada a necessidade de reformas e maiores
investimentos na aquisição de equipamentos de proteção individual e coletiva visando à melhoria
das condições de trabalho. A adesão a normas de biossegurança e a inserção de programas de
educação continuada são indispensáveis no processo de redução dos riscos ambientais e
ocupacionais.
Unitermos: Saúde do trabalhador; Higiene do trabalho; Riscos ambientais; Mapa de riscos;
Laboratórios de anatomia patológica3.

3
Sheila de Lira FranklinI; Déa Regina BettiniII; Ubirajara Aluizio de Oliveira MattosIII; Júlio Domingos
Nunes FortesIV. IMestra em Engenharia Ambiental; doutoranda em Meio Ambiente pela Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ). IIMestra em Engenharia Ambiental pela UERJ. IIIDoutor em Arquitetura e Urbanismo pela
Universidade de São Paulo (USP); professor titular da Faculdade de Engenharia da UERJ. IVDoutor em Saúde
Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP); professor adjunto da Faculdade de Engenharia da UERJ.
Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. Versão On-line ISSN 1678-4774. J. Bras. Patol. Med. Lab.
vol.45 no.6 Rio de Janeiro dez. 2009. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-24442009000600005.

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INTRODUÇÃO
As atividades realizadas em laboratórios de anatomia patológica (LAP) são
indispensáveis para o correto diagnóstico de doenças e o direcionamento de tratamento a ser
ministrado a cada paciente(16). Assim como em qualquer atividade laboral, os trabalhadores de
LAP são expostos aos riscos inerentes ao seu processo de trabalho, que podem ser: biológicos,
químicos, físicos, acidentários e inadequações do ponto de vista ergonômico(17).
O mapa de risco constitui metodologia importante para o reconhecimento dos riscos
existentes em um local de trabalho(15). O ideal é que a elaboração desse mapeamento seja
realizada pelos trabalhadores junto a especialistas da área, possibilitando dessa forma maiores
participação e sensibilização dos trabalhadores sobre os problemas e as necessidades de
intervenção. Entretanto, nem sempre é possível realizar mapas de risco com a participação dos
trabalhadores.
A realização de avaliações ambientais está intimamente relacionada com a adoção de
princípios de biossegurança, a qual abrange recomendações para riscos físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos e acidentários(12).
De acordo com o item 9.1.5 da Norma Regulamentadora (NR) nº 9, da Portaria nº
3.214/78, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes
nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo
de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador(4).
A literatura nacional e estrangeira tem apresentado estudos de condições de trabalho em
laboratórios de análises e pesquisas clínicas, patologia clínica e congêneres. Entretanto, constata-
se carência de estudos relacionados com as condições de trabalho em LAP. Além disso, observa-
se também a precariedade de legislações e normas pertinentes ao desenvolvimento da atividade
de anatomia patológica, no que tange à biossegurança e à qualidade do ar interior(2).
Entre os riscos existentes em LAP, destacam-se os químicos e biológicos. Este artigo
apresenta resultados de pesquisa em LAP de hospital universitário localizado no município do
Rio de Janeiro, onde foi realizada avaliação dos riscos ambientais e seus impactos na saúde dos
trabalhadores. O LAP estudado apresenta sistema de climatização artificial e realiza atividades

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de ensino, pesquisa e extensão, bem como prestação de assistência ao hospital, por meio do
diagnóstico das patologias dos seus pacientes.

METODOLOGIA
Foram investigados riscos químicos, biológicos, físicos, ergonômicos e acidentários e
construídos mapas de riscos. Para avaliação de agentes químicos (gases e vapores orgânicos),
foram realizadas coletas e análises variáveis devido às especificidades dos contaminantes. A
avaliação da qualidade do ar em laboratórios visava confirmar a hipótese sobre contaminação
dos ambientes estudados, tendo em vista que a proposta de intervenção para melhoria da
qualidade do ar justifica-se, principalmente, quando há esse tipo de contaminação.
A avaliação do ar para investigação dos riscos químicos e biológicos se deu em duas
etapas, amostragem do ar e análise laboratorial das amostras.
A escolha do método de amostragem (com a devida aparelhagem) proporcionou a
determinação da concentração dos contaminantes selecionados no ambiente.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), subordinada ao Ministério da
Saúde (MS), não apresenta padrão de amostragem para vapores orgânicos. Buscou-se, portanto,
nas normas internacionais, métodos de avaliação aplicáveis ao tipo de laboratório em questão.
Para amostragem e análise do xileno, foi utilizada metodologia com base nos
procedimentos do Working Environment Measurement System in Japan (1991), Hygienist
Technical Course (1985) e Segurança e Medicina do Trabalho (2001). A amostragem foi
coletada com tubo de carvão ativado, bomba gravimétrica (SKC e Gil Air) e nebulizador. O
método analítico utilizado foi a cromatografia gasosa, detecção por ionização de chama (CG-
DIC).
Para amostragem e análise do formaldeído, foi utilizada metodologia com base na
United States Environmental Protection Agency (USEPA-TO-11A). As amostras foram
coletadas com o cartucho C-18 impregnado com 2,4 dinitrofenilhidrazina (DNPH), bomba
gravimétrica (SKC e Gil Air) e nebulizador. O método analítico utilizado foi a cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE).
Quanto às amostras de micro-organismos, a avaliação quantitativa foi realizada com
base nos parâmetros estabelecidos pela Resolução (RE) nº 9, de 01/2003, da ANVISA para

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ambientes climatizados artificialmente. Essa legislação, entretanto, é a única existente sobre
qualidade de ar em ambientes climatizados e os valores foram utilizados como base comparativa.
Para realização das amostragens dos agentes biológicos foi utilizado o coletor Andersen
de 1 estágio e placas de Petri devidamente preparadas com meios de cultura específicos para o
crescimento e o desenvolvimento de fungos e bactérias. O material, depois desse processo, foi
encaminhado para incubação em estufa. As bactérias foram incubadas à temperatura de 350ºC
enquanto os fungos, a 250ºC, ambos por um período de sete dias. Transcorridos esses dias de
cultura, foi realizada a contagem do número de colônias formadas por m3 (ufc/m3).
Para realização das amostragens dos agentes físicos foram utilizados três diferentes
equipamentos (Termômetro Questemp0 10, Area Heat Stress Monitor – Quest Technologies;
Decibelímetro ONO SOKKI LA – 220S, Integrating Sound Level Meter e Luxímetro Lux Meter
ANA-315, Tokyo Photo-Eletric CO LTD).
Além de todos os equipamentos relacionados, foram realizadas visitas ao local, a fim de
identificar riscos acidentários e propor medidas corretivas que possibilitassem melhorias na
qualidade ambiental. Durante a realização da pesquisa, também foram levantados os acidentes já
ocorridos. No entanto, foi constatado que a comunicação de acidentes de trabalho era rara.

RESULTADOS
Com relação aos riscos físicos, a temperatura foi medida de acordo com as variáveis:
índice de bulbo úmido e termômetro de globo (IBUTG), temperaturas de globo, bulbo seco e
bulbo úmido, a fim de constatar se os valores correspondiam às exigências das legislações
vigentes, de acordo com o Anexo nº 3, da NR-15 e com as indicações previstas nas Tabelas
1 e 2, sobre limites de tolerância para exposição ao calor, considerando o IBUTG máximo
indicado. Os processos de trabalho realizados no ambiente selecionado foram classificados como
contínuos e leves, sendo o valor máximo indicado de 30ºC. Não foram registrados valores
superiores aos limites definidos.

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De acordo com a norma NBR nº 5.413/1992, o ambiente deve apresentar nível de
iluminância entre 300 e 750 Lux. Em todos os ambientes analisados (sala de necropsia, sala de
clivagem, técnicas histológicas e citológicas) foram detectadas não conformidades com relação à
iluminação, o que provoca maior esforço visual e fadiga nos trabalhadores, aumentando o risco
de acidentes. Os valores máximos e mínimos de iluminância registrados nesses ambientes foram:
sala de necropsia (415 e 110 Lux), sala de clivagem (230 e 100 Lux), sala de técnicas
histológicas e citológicas (550 e 110 Lux).
O nível de pressão sonora foi medido e, de acordo com o Anexo nº 1, limites de
tolerância para ruído contínuo ou intermitente, da NR-15, Portaria nº 3.214/78, os valores
registrados encontravam-se abaixo desse limite, fixado para o ambiente, que é de 85 dB (A) para
oito horas diárias. O valor máximo foi registrado na sala de necropsia (75,7 dB (A)) e o mínimo,
na sala de clivagem (66,1 dB(A)).
Os principais riscos de acidentes identificados corresponderam à manipulação de
materiais perfurocortantes, arranjo físico inadequado e risco de incêndio e explosões devido à
estocagem de material químico na sala.
Com relação aos riscos ergonômicos, foram detectados como principais, postura
inadequada nas atividades em mesas e bancadas, longa permanência na postura sentada,
monotonia e repetitividade em atividades em geral. Tais fatores contribuem para incidência de
dores musculares e de coluna, tendinite, bursite, irritação e estresse.
Entre os agentes químicos encontrados em LAP, os que apresentaram maior risco à
saúde, tanto pela gravidade quanto pela frequência de uso e concentração, foram o formaldeído e
o xileno. Foram realizadas medições de formaldeído e xileno em pontos variados. As
concentrações detectadas para xileno e formaldeído podem ser observadas na Tabela 1.
Com relação à avaliação de riscos biológicos veiculados pelo ar, nenhum valor
detectado foi superior aos limites definidos pela legislação vigente; os resultados desta medição
são apresentados na Tabela 2.

DISCUSSÃO
As atividades desenvolvidas em um LAP requerem extrema atenção e concentração. As
posturas de trabalho são variáveis. Na sala de clivagem os trabalhadores permanecem sentados

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por muito tempo e na sala de necropsia permanecem muito tempo em pé. De uma forma geral as
atividades são repetitivas.
Embora não existissem registros oficiais por meio de protocolos de ocorrência, houve
relatos de trabalhadores que já se acidentaram. No ambiente há um risco frequente de ferimento
por material perfurocortante e contaminação por agentes patogênicos, além do risco de queda de
frascos, vidros e outros materiais. As prateleiras se encontravam em mau estado de conservação
com risco de tombamento pelo excesso de peso. A situação sugere necessidade de manutenção
contínua das prateleiras.
A investigação concluiu que os maiores riscos ambientais eram de natureza química e
biológica. Com relação aos riscos químicos, as concentrações de xileno verificadas foram
comparadas com o limite de tolerância estabelecido pela NR 15, Anexo nº 11 da Portaria nº
3.214/78, encontrando-se abaixo desse valor.
Na sala de técnicas citológica e histológica, foram encontradas as maiores
concentrações de xileno com relação às demais, devido ao uso das cubas das baterias de
colorações e autotécnicos que ficam destampados, possibilitando a evaporação dos compostos
voláteis (xilol, álcool e formol) para o ar.
Os níveis detectados de xileno nas salas estudadas foram considerados baixos quando
comparados com os limites de tolerância (LT) adotados pela NR 15, Anexo nº 11 (78 ppm), pela
Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais (ACGIH) (100 ppm), pela
Occupational Safety & Health Administration (OSHA) (100 ppm) e pela National Institute for
Occupational Safety and Health (NIOSH) (100 ppm). Esse fato não exclui a necessidade de
busca de intervenções para melhoria do ar com vistas à proteção da saúde dos trabalhadores.
Segundo a NR 7, mesmo que os resultados tenham apontado baixas concentrações, a simples
constatação da presença dos contaminantes implica a tomada de medidas preventivas e o
monitoramento biológico.
Quanto às concentrações de formaldeído, foi verificado que os valores encontrados em
todos os pontos ultrapassaram o limite de exposição da NIOSH de 0,016 ppm. Além disso, nove
dos 15 valores medidos ultrapassaram o limite de exposição da OSHA de 0,75 ppm, ambos para
40 h semanais de exposição. Cinco concentrações ultrapassaram o LT da NR 15, de 1,6 ppm.

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Lembramos que, para a NIOSH, o valor Ceiling (valor teto), que não pode ser ultrapassado em
nenhum momento da jornada de trabalho, é de 0,1 ppm.
Alguns dos valores revelaram uma situação alarmante: as concentrações
correspondentes a 4,58 ppm e 6,21 ppm ultrapassam o valor máximo estabelecido pela NR 15,
caracterizando situação de risco grave e iminente. Isso implicaria a interdição da sala e a
paralisação das atividades nela exercidas até que medidas de controle dos níveis de formaldeído
fossem implementadas.
Na sala de necropsia, todas as concentrações de formaldeído encontradas estavam
abaixo do LT da NR 15, as quais variaram de 1,55 ppm a 0,91 ppm. Os valores encontrados são
considerados concentrações elevadas quando comparadas aos padrões de exposição da NIOSH e
da OSHA. Além disso, as medições se realizaram sem que houvesse procedimentos de
necropsia.
As concentrações de 6,21 ppm e 4,58 ppm encontradas na sala de clivagem foram as
mais elevadas em todo o LAP, devido aos diversos frascos de tecidos e à solução de
formaldeído, que vem a ser a fonte principal e difusa de contaminação química. Devido à
frequência de uso dessa sala, o risco químico é o mais elevado em todo o setor.
Não foram encontrados, na legislação brasileira, parâmetros de concentrações de xileno
e formaldeído específicos para laboratórios de exame de elementos anormais e sedimentoscopia
(EAS) e LAP, entre outros. Atualmente, adotam-se os padrões estabelecidos pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Portaria nº 3.214/78, NR 15, Anexo nº 11, a saber: 100
ppm para xileno e 1,6 ppm para formaldeído. Esses padrões, contudo, podem não refletir a
realidade de laboratórios que, devido a diferentes processos, possuem peculiaridades.
O MS, pela Portaria nº 3.523/1998 e da RE nº 9/2003, especifica que nos ambientes
climatizados de uso restrito, com exigências de filtros absolutos ou instalações especiais, tais
como os que atendem a instalações hospitalares, sejam aplicadas as normas e os regulamentos
específicos. A RE nº 9/2003 não traz uma norma técnica para avaliação de compostos orgânicos,
e os valores máximos de referência de parâmetros de qualidade do ar, que não os limites de
tolerância, como umidade relativa, número de trocas de ar por hora, por pessoa, não são
aplicáveis aos ambientes hospitalares. Isso porque essa norma determina que esses ambientes

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devem seguir normas e regulamentos específicos. Vale ressaltar que tais normas e regulamentos
não foram encontrados na legislação.
Para as substâncias químicas, xileno e formaldeído, a principal via de exposição é a
respiratória. Mais de 90% do formaldeído inalado é absorvido no trato respiratório superior,
segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) (2005), o que não descarta
a penetração pela via dérmica, no caso do formaldeído, ou oral em ambos os casos.
Segundo o Registro de Efeitos Tóxicos de Substâncias Químicas (RTECS), referido
pela NIOSH, três classificações toxicológicas são aplicáveis ao xileno: é considerado irritante
primário, afeta a reprodução e pode causar tumores benignos. A IARC classificou o xileno como
pertencente ao Grupo 3, apresentando evidência humana e animal inadequada para classificá-lo
cancerígeno, na revisão de 1999. Já a revisão de 2005 afirma que o xileno "não pode ser
classificado como carcinogênico humano".
Com relação ao formaldeído, o RTECS assim o classifica: tumorigênico, mutagênico,
irritante primário e afeta a reprodução, entre outras características.
Segundo documento da Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA), o
formaldeído atua como irritante do tecido conjuntivo do trato respiratório superior. Os sintomas
são temporários e dependem do nível e da duração da exposição, podendo ocasionar ardência nos
olhos, nariz, garganta, aperto no peito e respiração difícil. Reações agudas severas ao
formaldeído (que tem um odor peculiar pungente) podem estar associadas à hiperssensibilidade.
Altas concentrações de formaldeído podem causar reações asmáticas pelo mecanismo
de irritação. O formaldeído é uma das causas mais comuns de dermatite de contato e é
considerado um sensibilizador da pele.
Quanto aos efeitos genéticos, há evidências de que o formaldeído é genotóxico, tanto
em modelos in vitro quanto em cobaias e pessoas expostas. Em uma importante revisão
executada pela IARC, em setembro de 2004, o formaldeído foi transferido para o Grupo 1, que
corresponde a substâncias que foram comprovadas como sendo carcinógenas para humanos.
Com relação aos riscos biológicos, a literatura aponta que os maiores riscos de
exposição e contaminação veiculada pelo ar em LAP dizem respeito aos procedimentos de
necropsia(10). Isso explicaria a mínima detecção para agentes biológicos, já que não foi possível
realizar a medição com exposição de trabalhadores em procedimento. Vale ressaltar que alguns

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fungos e bactérias são altamente patogênicos e, independente da quantidade, podem afetar a
saúde do ser humano. A suscetibilidade à contaminação está intimamente relacionada com o
estado de imunocomprometimento, sendo, portanto, questão importante a ser observada à saúde
dos trabalhadores e às potenciais fontes de agentes biológicos. Nesse ambiente as principais vias
de contaminação por agentes biológicos são a dérmica e a respiratória.
Com relação aos riscos biológicos, os valores encontraram-se abaixo do recomendado.
Esse resultado não indicou necessariamente que no ambiente não existiam riscos de
contaminação biológica no ar, pois as análises qualitativas indicaram presença de alguns gêneros
patogênicos(11). Os limites foram comparados à RE nº 9 da ANVISA, que não é específica para o
ambiente em questão. O seu limite de exposição é padronizado para locais climatizados de uso
público e coletivo e tem valor fixado em 750 ufc/m3.
No ambiente estudado ocorrem poucos procedimentos de necropsia, atividade ligada
aos LAP, que é indicada pela literatura como sendo a que envolve maiores riscos de
contaminação biológica. Durante a fase de amostragem, não foi possível realizar coleta nesse
setor, o que indica a necessidade de novas amostragens no local e em outros LAP, onde a
atividade laboral seja mais intensa(11).
A não realização de análise quantitativa de bactérias nos pontos 1, 2, 3 e 4 em
comparação aos micro-organismos identificados nos pontos 5 e 6 sugere a necessidade de novas
amostragens no local, já que no ponto 5, representado pelo corredor, foi encontrado o
gênero Staphylococcus e no ponto 6 (arquivo morto), os gêneros
Staphylococcus e Pseudomonas. Não foi realizada medição de bactérias nos demais pontos
selecionados.
O risco biológico nesse ambiente é contínuo, o que torna indispensáveis a correção das
irregularidades encontradas e a instalação de equipamentos que garantam a proteção contra
contaminação por riscos biológicos.

CONCLUSÃO
Por meio da avaliação ambiental realizada, constatou-se a presença de riscos
diversificados no LAP. Com relação aos riscos químicos, o xileno foi encontrado em baixas
concentrações. No entanto, dependendo da atividade realizada, há possibilidade de ocorrência de

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picos de elevada concentração, o que justifica a necessidade de implantação de medidas
preventivas.
O formaldeído, porém, foi encontrado em concentrações elevadas, acima do padrão de
exposição nacional, considerado permissivo. A concentração de formaldeído medida em duas
amostras na sala de clivagem ultrapassou o valor máximo estabelecido pela NR-15,
caracterizando risco grave e iminente, o que implica a necessidade de paralisação das atividades
até que ocorra a implementação das medidas de controle que possibilitem o restabelecimento de
uma situação de normalidade.
Para reduzir os riscos ambientais foram sugeridas medidas de ordem administrativa, de
engenharia e de proteção individual. Como medidas de engenharia, climatização artificial e
exaustão mecânica são indicações da RDC nº 50/2002, atualizada pela Resolução RDC nº 307,
de 14 de novembro de 2002, para a atividade de anatomia patológica.
Os LAP devem possuir sistema de ventilação local exaustora eficiente, o que constitui
medida de controle na fonte. Sugerem-se como medidas de controle no meio o estudo e a
implantação de sistema de ventilação geral diluidora em todas as salas onde há presença de
formaldeído, sendo o sistema de exaustão da sala de clivagem separado dos sistemas das demais
salas. É indispensável que ocorra manutenção dos sistemas de ar condicionado, que podem ser
disseminadores de grande variedade de agentes químicos e biológicos, além de investimentos
para adequação das instalações a padrões de qualidade ambiental satisfatórios.
Verificou-se a necessidade de elaboração de normas técnicas que disponham sobre
padrões referenciais de qualidade do ar interior e monitoramento dos riscos químicos e
biológicos em LAP.
Os dados obtidos com a pesquisa apontaram a necessidade de investigação de outros
LAP da rede pública e, em especial, de necropsia, tais como os Institutos Médicos Legais
(IMLs), no que tange a qualidade do ar e a contaminação por agentes químicos e biológicos.
É indispensável que sejam realizadas pesquisas comparativas entre diferentes
laboratórios e que análises quantitativas e qualitativas mais abrangentes sejam realizadas, a fim
de se traçar um perfil das atuais condições dos LAP climatizados públicos e privados.
A obtenção de melhores condições ambientais em LAP dependerá da adoção de
medidas preventivas, prevalecendo tais medidas sobre as corretivas.

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REFERÊNCIAS DESSE TEXTO:

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ANEXOS

NORMAS DE HIGIENE OCUPACIONAL


NHO 09- Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional a Vibração de Corpo
Inteiro.
A NHO 09 estabelece critérios e procedimentos para avaliação da exposição ocupacional a
vibrações de corpo inteiro tendo com principal foco a prevenção e o controle dos riscos.
Apresenta elementos para a análise preliminar e o enquadramento das situações abordadas, sendo
que as avaliações quantitativas são realizadas somente quando há incerteza em relação à
aceitabilidade das situações de exposição.

NHO 10 - Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional a Vibração em Mãos e


Braços.
A NHO 10 estabelece critérios e procedimentos para avaliação da exposição ocupacional a
vibrações em mãos e braços tendo com principal foco a prevenção e o controle dos riscos.
Apresenta elementos para a análise preliminar e o enquadramento das situações abordadas, sendo
que as avaliações quantitativas são realizadas somente quando há incerteza em relação à
aceitabilidade das situações de exposição.

NHO 08- Coleta de Material Particulado Sólido Suspenso no Ar de Ambientes de Trabalho.


Em continuidade ao processo de revisão das antigas Normas de Higiene do Trabalho (NHT),
apresentamos aos profissionais que atuam na área, a Norma de Higiene Ocupacional NHO 08:
Coleta de Material Particulado Sólido Suspenso no Ar de Ambientes de Trabalho, resultado da
experiência acumulada nos últimos anos pela equipe da Coordenação de Higiene do Trabalho e
da atualização de conceitos utilizados.

NHO 07- Calibração de Bombas de Amostragem Individual pelo Método da Bolha de Sabão.
Em face do processo dinâmico das técnicas de identificação, avaliação e controle dos agentes
ambientais de risco, e considerando o desenvolvimento tecnológico, a revisão técnica destas
normas faz-se necessária. Dando continuidade a esse processo de revisão, apresenta-se ao

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público técnico que atua na área da saúde ocupacional a NHO 07, Calibração de Bombas de
Amostragem Individual.

NHO 01-Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído.


A Coordenação de Higiene do Trabalho da Fundacentro publicou, em 1980, uma série de
Normas Técnicas denominadas Normas de Higiene Ocupacional- NHO, hoje designadas Normas
de Higiene Ocupacional-NHO. Desta forma apresenta-se ao público técnicoque atua na área da
saúde ocupacional a norma Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído, resultado do
reestudo da equipe técnica da Coordenação de Higiene.

NHO 03 Método de Ensaio: Análise Gravimétrica de Aerodispersóides Sólidos Coletados Sobre


Filtros e Membrana.
Após 10 anos de publicação, o método de ensaio “Determinação Gravimétrica de
Aerodispersóides”, publicado em 1989 na “Revista Brasileira de Saúde Ocupacional”, n. 66 v.
17, foi revisado em 2001 para a introdução de conceitos mais abrangentes, recebendo um novo
título “Análise Gravimétrica de Aerodispersóides Sólidos Coletados sobre Filtros de
Membrana”. O método colabora na prevenção de doenças.

NHO 04 - Método de Ensaio: Método de Coleta e a Análise de Fibras Em Locais de Trabalho.


A Coordenação de Higiene do Trabalho da FUNDACENTRO, por meio do Projeto Difusão de
Informações em Higiene do Trabalho 1998/1999, vem elaborando a série de normas técnicas
denominadas Normas de Higiene Ocupacional. A avaliação ambiental nos locais de trabalho é
uma medida preventiva importante, uma vez que pode indicar se determinadas condições de
trabalho trarão prejuízos ou não à saúde dos trabalhadores.

NHO 05 - Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional aos Raios X nos


Serviços de Radiologia.
A Coordenação de Higiene do Trabalho da FUNDACENTRO publicou, em 1980, uma série de
Normas Técnicas denominadas Normas de Higiene do Trabalho – NHT, hoje designadas Normas
de Higiene Ocupacional – NHO. Desta forma apresenta-se aos profissionais que atuam na área

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de higiene ocupacional a NHO 05: Avaliação da Exposição Ocupacional aos Raios X nos
Serviços de Radiologia, resultado da experiência obtida.

NHO 06 - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor.


Tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição
ocupacional ao calor que implique sobrecarga térmica ao trabalhador, com consequente risco
potencial de dano à saúde. Possibilita a determinação do índice de Bulbo Úmido Termômetro de
Globo, tanto com a utilização de equipamento convencional, quanto com equipamento
eletrônico.

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