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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA DA USP

PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA

eST-301 / STR-301
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES
PARTE B

ALUNO

SÃO PAULO, 2020


EPUSP/PECE
CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO – EEST

EDIÇÃO/ANO: 1/2020

CRÉDITOS:

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - EPUSP


DIRETORA: LIEDI LEGI BARIANI BERNUCCI

Programa de Educação Continuada - PECE


COORDENADOR GERAL: LUCAS ANTÔNIO MOSCATO

Laboratório de Controle Ambiental, Higiene e Segurança na Mineração - LACASEMIN


COORDENADOR: SÉRGIO MÉDICI DE ESTON
VICE – COORDENADOR: WILSON SHIGUEMASA IRAMINA

ASSESSORIA TÉCNICA E ADMINISTRATIVA: MARIA RENATA MACHADO STELLIN

Equipe Técnica

Professor Presencial (PP)


- HUMBERTO FARINA
- RICARDO METZNER
- WALTER NEGRISOLO

Conversores Presencial para distância (CPD)


- CAROLINA COSTA BATISTA
- LUCAS BICUDO TING
- KARLA JULIANE DE CARVALHO

Filmagem e Edição (FE)


- THALITA SANTIAGO DO NASCIMENTO

Instrutores Multimídia à distância - IMAD (TUTORIA)


- DIEGO DIEGUES FRANCISCA
- FELIPE BAFFI DE CARVALHO
- RENATA JULIANA LEMOS MARINHO
Equipe Administrativa
- NEUSA GRASSI DE FRANCESCO
- CRISTIANE FIDELIS SOARES RIOS
- FERNANDA GABRIELA DE CAMARGO
- RAFAEL DA SILVA CRUZ

ASSESSORIA DE NOVOS PROJETOS EDUCACIONAIS: VICENTE TUCCI FILHO

Equipe Financeira
- GUSTAVO SIQUEIRA DO NASCIMENTO ANTONIO
- MADALENA EIKO HASEGAWA
Equipe de Divulgação
- NATALIA FIRMINO GUCCIONI

“Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou
processo, sem a prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais sobre este
documento”.
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SUMÁRIO

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ATIVA E


PASSIVA CONTRA INCÊNDIO EM UMA INDÚSTRIA .................................................... 1
1.1. EXERCÍCIO ........................................................................................................ 2
1.2. ROTEIRO............................................................................................................ 3
1.3. RESOLUÇÃO ..................................................................................................... 4
CAPÍTULO 2. DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO PASSIVA
CONTRA INCÊNDIO EM UM PRÉDIO ............................................................................. 6
2.1. EXERCÍCIO ........................................................................................................ 7
2.2. ROTEIRO............................................................................................................ 8
2.3. RESOLUÇÃO ..................................................................................................... 9
CAPÍTULO 3. TIPOS DE EXPLOSÕES ..........................................................................11
3.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12
3.2. CONCEITOS ..................................................................................................... 12
3.3. TIPOS DE EXPLOSÕES .................................................................................. 13
3.3.1. EXPLOSÕES FÍSICAS .............................................................................. 13
3.3.2. EXPLOSÕES QUÍMICAS........................................................................... 15
3.4. PREVENÇÃO DE UMA EXPLOSÃO ................................................................ 17
3.5. PROTEÇÃO CONTRA EXPLOSÕES ............................................................... 19
3.6. TESTES ............................................................................................................ 20
CAPÍTULO 4. BLEVE - BOILING LIQUID EXPANDING VAPOUR EXPLOSION E UVCE -
UNCONFINED VAPOUR CLOUD EXPLOSION..............................................................21
4.1. BLEVE .............................................................................................................. 22
4.1.1. O QUE SIGNIFICA UM BLEVE? ............................................................... 22
4.2. UVCE ................................................................................................................ 26
4.2.1. O QUE SIGNIFICA UMA UVCE? ............................................................... 26
4.3. TESTES ....................................................................................................... 31
CAPÍTULO 5. EXPLOSÃO DE POEIRAS .......................................................................33
5.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 34
5.2. PÓ E POEIRA ................................................................................................... 35
5.3. SUPERFÍCIE ESPECÍFICA .............................................................................. 35
5.4. EXPLOSÃO PRIMÁRIA E EXPLOSÃO SECUNDÁRIA ................................... 42
5.5. CLASSES DE EXPLOSÕES DE POEIRA ........................................................ 44
5.5.1. MATERIAL ................................................................................................. 45
5.5.2. CONCENTRAÇÃO NO AMBIENTE ........................................................... 45
5.5.3. DISPERSÃO NO AMBIENTE .................................................................... 46
5.5.4. CONCENTRAÇÃO DE O2 .......................................................................... 46
5.5.5. CALOR ...................................................................................................... 46
5.6. MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA EXPLOSÃO DE POEIRAS ................. 47
5.7. MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA EXPLOSÃO DE POEIRAS ................... 48
5.8. TESTES ............................................................................................................ 49
CAPÍTULO 6. BRIGADA CONTRA INCÊNDIO E PLANO DE EMERGÊNCIA ...............50

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SUMÁRIO

6.1. BRIGADA DE INCÊNDIO ................................................................................. 51


6.1.1. DOCUMENTOS BÁSICOS ........................................................................ 51
6.1.2. PROGRAMA DE TREINAMENTO ............................................................. 51
6.1.3. DIMENSIONAMENTO DA BRIGADA ........................................................ 51
6.1.4. OUTROS ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS .................................... 52
6.2. PROCEDIMENTOS DE RESPOSTA A EMERGÊNCIAS.................................. 54
6.2.1. OBJETIVO DOS PROCEDIMENTOS ........................................................ 54
6.2.2. COMUNICAÇÕES...................................................................................... 55
6.2.3. PESSOAS A SEREM ACIONADAS .......................................................... 56
6.2.4. EQUIPAMENTOS ...................................................................................... 57
6.2.5. PONTOS DE ENCONTRO (REUNIÃO) ..................................................... 57
6.2.6. NORMAS INTERNAS ............................................................................... 57
6.2.7. RELATÓRIO .............................................................................................. 58
6.2.8. EXEMPLO DE ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO DE
EMERGÊNCIA ..................................................................................................... 59
6.3. PROCEDIMENTOS DE ABANDONO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA .... 60
6.3.1. PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO ........................................................ 60
6.3.2. AÇÕES PRÉVIAS ...................................................................................... 61
6.3.3. AÇÕES DURANTE O ABANDONO ........................................................... 62
6.3.4. SIMULADOS .............................................................................................. 63
6.3.5. AÇÕES PERMANENTES .......................................................................... 63
6.3.6. EXTRATO DA NBR 9077 – SAÍDAS DE EMERGÊNCIA........................... 63
6.4 TESTES ............................................................................................................. 65
CAPÍTULO 7. SISTEMAS FIXOS DE INUNDAÇÃO TOTAL COM AGENTES LIMPOS .67
7.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 68
7.2. REVISÃO DE CONCEITOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
................................................................................................................................. 69
7.2.1. COMBUSTÃO X FOGO ............................................................................. 69
7.2.2. COMBUSTÍVEL ......................................................................................... 70
7.2.3. CALOR ...................................................................................................... 71
7.2.4. OXIGÊNIO ................................................................................................. 71
7.3. REAÇÃO EM CADEIA ...................................................................................... 72
7.4. CLASSES DE INCÊNDIO ................................................................................. 72
7.5. AGENTE EXTINTOR LIMPO ............................................................................ 73
7.5.1. NORMAS E ORGANISMOS RELACIONADOS ......................................... 73
7.5.2. DEFINIÇÃO DE AGENTE EXTINTOR LIMPO ........................................... 74
7.5.2.1. FORMAS DE UTILIZAÇÃO .................................................................... 75
7.5.2.2. MECANISMOS DE EXTINÇÃO............................................................... 80
7.6. TOXICIDADE .................................................................................................... 81
7.7. TOXICIDADE DO PRODUTO EM ESTADO NATURAL ................................... 81
7.8. TOXICIDADE DOS SUBPRODUTOS DA DECOMPOSIÇÃO TÉRMICA ......... 82
7.9. MEIO AMBIENTE ............................................................................................. 83
7.9.1. NOVEC ...................................................................................................... 84

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SUMÁRIO

7.9.2. ONDE USAR E ONDE NÃO USAR ........................................................... 85


7.9.3. PROJETO E DIMENSIONAMENTO .......................................................... 85
7.10. MÉTODOS SIMPLIFICADOS – PRÉ-CALCULADO ....................................... 85
7.11. MÉTODO CALCULADO POR SOFTWARE ................................................... 88
7.12. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ................................................................... 89
7.13. EQUIPAMENTOS PARA SISTEMA FE-25TM .................................................. 91
7.14. TESTES .......................................................................................................... 92
CAPÍTULO 8. SISTEMA DE DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO............................93
8.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 94
8.2. NORMAS DE REFERÊNCIA ............................................................................ 94
8.3. REVISÃO DE CONCEITOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
................................................................................................................................. 95
8.3.1. PRODUTOS DA COMBUSTÃO ................................................................. 95
8.3.2. CURVA DO FOGO ..................................................................................... 97
8.4. SISTEMAS DE DETECÇÃO E ALARME CONTRA INCÊNDIO ....................... 98
8.5. SISTEMAS CONVENCIONAIS ......................................................................... 99
8.6. SISTEMAS ENDEREÇÁVEIS ANALÓGICOS (INTELIGENTES) ................... 101
8.7. COMPONENTES DO SISTEMA ..................................................................... 103
8.7.1. PAINEL DE CONTROLE (CENTRAL) ..................................................... 103
8.7.2. DETECTORES DE FUMAÇA PONTUAIS ............................................... 104
8.7.3. DETECTORES DE TEMPERATURA E TERMOVELOCIMÉTRICOS
PONTUAIS ........................................................................................................ 108
8.7.4. DETECTORES DE CHAMA ..................................................................... 109
8.7.5. DETECTORES LINEARES ...................................................................... 109
8.7.6. DETECTORES DE FUMAÇA POR ASPIRAÇÃO .................................... 110
8.7.7. ACIONADORES MANUAIS ..................................................................... 112
8.7.8. DISPOSITIVOS DE SAÍDA ...................................................................... 113
8.7.9. TUBULAÇÕES E FIAÇÃO....................................................................... 114
8.8. TESTES .......................................................................................................... 116
CAPÍTULO 9. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA ..........................................................117
9.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 118
9.2. EXIGÊNCIAS PARA O SISTEMA................................................................... 118
9.3. LOCAIS DE INSTALAÇÃO ............................................................................ 119
9.4. TIPOS DE ILUMINAÇÃO ................................................................................ 120
9.5. REQUISITOS BÁSICOS PARA O SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DE
EMERGÊNCIA ....................................................................................................... 120
9.6. FONTES DO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA ...................... 123
9.6.1. FONTES CENTRAIS................................................................................ 123
9.6.2. UNIDADES AUTÔNOMAS ...................................................................... 124
9.7. AUTONOMIA DO SISTEMA ........................................................................... 125
9.8. TESTES .......................................................................................................... 126
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................128

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Capítulo 1. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Ativa e Passiva Contra Incêndio em uma
Indústria

CAPÍTULO 1. DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ATIVA


E PASSIVA CONTRA INCÊNDIO EM UMA INDÚSTRIA

OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos de
dimensionamento dos equipamentos de proteção ativa e passiva contra incêndio em uma
área industrial por meio de um exercício prático.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Iniciar o dimensionamento dos equipamentos contra incêndio.

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Capítulo 1. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Ativa e Passiva Contra Incêndio em uma
Indústria

1.1. EXERCÍCIO
Considere a situação da seguinte indústria moveleira, da fábrica de móveis
PRÁVIDATODA.
Trata-se de 1 conjunto de 3 galpões, sendo um utilizado como depósito de matérias–
primas e produtos acabados (galpão 1). As matérias–primas são madeiras naturais.
O galpão 1 mede 20 x 40 m.
No galpão 2, de 20 x 40 m, estão os equipamentos de corte e montagem, em número
de 30. Os equipamentos foram sendo instalados ao longo dos anos, à medida da compra,
sendo necessário fazer-se um ziguezague para entrar e sair do setor de produção. Ao
longo do caminho de entrada e saída, há equipamentos que distam 0,80 m uns dos outros.
Esta movimentação em ziguezague também se observa no galpão 1, no qual as
matérias primas e produtos acabados são “arrumados” à medida que chegam ou são
produzidos. Entre pilhas de materiais há locais com distâncias de 0,70 m.
A iluminação de emergência existe, porém não funciona. Não há chuveiros
automáticos.
O galpão 1 comunica-se com o galpão 2 pela passagem A, com a rua pela passagem
B e com o galpão 3 pela passagem C. As passagens A e C são comunicações simples
(não há portas)
No galpão 3, de 25 x 20 m, encontram-se os escritórios da empresa.
A área 4 é um viveiro de plantas, cultivado pelo proprietário da empresa. Entre o
viveiro e o bloco 2 há uma porta simples e sobre ela está indicada a saída de emergência,
sendo a única assim sinalizada. A área é de 20 x 3,0 m.
Considere que os galpões 1, 2 e 3 têm paredes comuns (estruturas geminadas),
porém cada um com seu telhado próprio, constituindo-se em riscos isolados. As paredes
externas, de 1 tijolo de espessura, são construídas por tijolos cerâmicos de 8 furos, de 0,10
x 0,10 x 0,20 m.
As setas indicam os fluxos de produção, matéria-prima e produto acabado.
Pede-se:
1. Indicar as necessidades de proteção contra incêndios ativa e passiva desta
empresa, caso se tratasse de edificação nova,
1.1. Se considerasse a área única (a soma das áreas dos 3 galpões).
1.2. Se considerasse cada galpão de forma isolada.
2. Indicar as necessidades de proteção contra incêndios ativa e passiva desta
empresa, caso se tratasse de edificação anterior ao ano de 1983,
2.1. Se considerasse a área única (a soma das áreas dos 3 galpões).
2.2. Se considerasse cada galpão de forma isolada.
Considere somente o decreto, 63911/18, a IT 43/19 e a NR 23 (máximo 1 página
para os itens 1 e 2).
3. Comente as diferenças entre 1.2 e 1.1, e 2.2 e 2.1 (máximo 1 página).
4. Você e sua equipe foram contratados pelo proprietário da empresa para fazer um
diagnóstico das condições encontradas e recomendações. Apresentem um
relatório de diagnóstico e recomendações (máximo 2 páginas).

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Capítulo 1. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Ativa e Passiva Contra Incêndio em uma
Indústria

OBS: Considere somente os Decretos Estaduais de São Paulo 63911/18 e 46076/01,


as Instruções Técnicas (IT’s) do Corpo de Bombeiros de São Paulo e a NR 23,
disponibilizados na plataforma.
Assuma e justifique todos os dados que julgarem necessários.

Terreno vizinho

Rua
4 Estoque
A (1)
B
Produção (2)

Estacionamento Escritório
s (3) C
Rua

1.2. ROTEIRO
1. Determinar a classe de risco dos galpões (Tabelas 1 a 2) pág. 10 a 13 do Decreto
63911/18;
2. Verificar a carga de incêndio (Anexo A e Tabela B1 da IT14/01);
3. Determinar risco de incêndio (Tabela 3, Decreto 63911/18);
4. Determinar necessidades segundo Decreto 63911/18- Tabelas 4, 5, 6I.1.a 6J.2);
5. Repetir os procedimentos 1), 2), 3) e 4), utilizando o Decreto 63911/18, a IT 43/19 e a
NR23;
6. Verificar as necessidades estruturais dos galpões (Anexo A da IT 08/19);
7. Verificar as características das construções (comparar com o Anexo B da IT 08/19);
8. Verificar as necessidades e soluções, segundo a IT 09 /19;
9. Determinar a classificação do tipo de construção, segundo a Tabela 3 da IT11/19;
10. Dimensionar as saídas de emergência, segundo as Tabelas 4 a 6 da IT11/19.

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Capítulo 1. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Ativa e Passiva Contra Incêndio em uma
Indústria

1.3. RESOLUÇÃO
Quadro 1.1.

Resolução:

1) Somando as 3 áreas, temos: galpão 1, 800 m²; galpão 2, 800 m²; galpão 3, 500 m²;

e área 4, 60 m²; totalizando 2160 m².

2) Verificando na IT 14 Anexo A, encontramos, em “industrial”, “móveis” com uma

carga de incêndio de 600 MJ/m2. Supor para o depósito uma altura de empilhamento

de 2,0 metros, chegando-se, no anexo B, a 720MJ/m2.

3) Na tabela 1 do Decreto 63911/18, o galpão 1 é classificado como J3, o 2 como I2 e

o 3 como D1.

4) Na Tabela 3 do decreto 63911/18, os galpões são de médio risco quanto à carga

de incêndio.

5) Na tabela 4 do Decreto 63911/18, assumindo-se, por exemplo, que o prédio seja

térreo encontram-se as exigências para cada um dos galpões e para o conjunto para

antes de 1983.

6) Nas tabelas do decreto 63911/18, 5, 6I1 e 6J2, encontram-se as exigências para

cada um dos galpões. Para o conjunto (área total), utiliza-se novamente a tabela 6J2.

7) Repete-se o procedimento utilizando o Decreto 63911/18 e a IT 43/19.

8) Ao comparar-se as exigências, percebe-se que quanto maior a área (ou a altura),

maiores as exigências (adicionalmente alarme de incêndio e hidrantes) na legislação

relativa a construções até 1983, tornando-se mais rigorosas, também em função da

área e da altura, na legislação de 2001, e ainda mais rigorosas, independentemente

do ano de construção, na legislação de 2011.

9) Consultar o item 23.1.1.a da NR 23, consultar a tabela 3 do decreto 63911/18,

assumir risco de fogo médio, determinar na IT 21 a máxima distância a percorrer até

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Capítulo 1. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Ativa e Passiva Contra Incêndio em uma
Indústria

a unidade extintora (20 m) e o número de extintores que constituem uma unidade

extintora, lembrando que cada pavimento deverá ter no mínimo 2 extintores.

10) No Anexo A da IT 08/19, a partir das ocupações das áreas, determina-se os TRRF.

11) No Anexo B da IT 08/19 indica as características das construções.

12) No Anexo B IT 09/19, de acordo com o tipo de ocupação, indica área máxima que

pode ser compartimentada (assumindo-se construção térrea, por exemplo).

13) A IT 11/19, em seu Anexo A, indica 1 pessoa para cada 30 metros quadrados de

área no caso do depósito e 1 pessoa para cada 10 m2 no caso da área fabril, ou seja,

para o depósito com 800 m2, 26 pessoas, e para a área fabril, com 800 m2, 80 pessoas,

compatível com uma unidade de passagem, temos então, do anexo B, assumindo a

não existência de chuveiros de emergência e nem de detectores de fumaça, a

distância máxima a ser percorrida para encontrar uma saída de emergência de 28

metros. Estes 28 metros correspondem aos 40 m indicados para as ocupações I2 e

J3, reduzidos em 30%, conforme a nota b, abaixo da mesma tabela, supondo que não

se tenha ainda o arranjo físico (layout) definido. Já para o escritório, cuja área é de

500 m² da tabela 1 do Decreto 56819/2011, tem-se a classificação D1 e do anexo A da

IT 11/19 1 pessoas por 7m2 ou 72 pessoas, compatível com uma unidade de

passagem. Assumindo a não existência de chuveiros de emergência e nem de

detectores de fumaça, a distância máxima a ser percorrida para encontrar uma saída

de emergência é de 28 metros. Estes 28 metros correspondem aos 40 m indicados

para as ocupações D, reduzidos em 30%, conforme a nota b, abaixo da mesma tabela,

supondo que não se tenha ainda o arranjo físico (layout) definido.

14) Observar que, além da desorganização, falta de espaçamento entre os materiais

e equipamentos e mau funcionamento do sistema de iluminação, a saída de

emergência para a área 4 é na verdade uma armadilha (não há saída), o que contraria

o item 23.2 da NR 23.

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Capítulo 2. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Passiva Contra Incêndio em um Prédio

CAPÍTULO 2. DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO


PASSIVA CONTRA INCÊNDIO EM UM PRÉDIO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos de
dimensionamento dos equipamentos de proteção passiva contra incêndio em um prédio
por meio de um exercício prático.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Iniciar o dimensionamento dos equipamentos de proteção passiva contra
incêndio.

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Capítulo 2. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Passiva Contra Incêndio em um Prédio

2.1. EXERCÍCIO
Considere somente o Decreto Estadual 63911/18 de São Paulo, as Instruções
Técnicas (IT’s) do Corpo de Bombeiros de São Paulo e a NR 23, disponibilizados na
plataforma.
No terreno abaixo, de 61 x 25 m, já há um prédio de 20 andares, tendo cada andar
20 x 20 metros. A face lateral esquerda do prédio (fundos do prédio) dista 3,5 m da divisa
esquerda do terreno e está centralizada em relação ao eixo maior do terreno.
Pretende-se construir um segundo prédio de mesmas dimensões do primeiro e que
apresenta as seguintes características arquitetônicas:
a) Os prédios ficarão frente a frente, sendo que a distância entre os fundos do prédio novo
e a divisa do lado direito do terreno, é a mesma já descrita no primeiro parágrafo.
b) O novo prédio terá na face frontal 10 janelas por andar, de 1,0 metro de lado e 1,5
metro de altura. Nos 2 lados adjacentes, há 5 janelas por andar, de mesma dimensão,
igualmente espaçadas.
c) Na face traseira não há janelas. A fachada é lisa, sem ressaltos.
d) Haverá um restaurante no prédio novo, que atenderá não só a população dos prédios,
mas o público em geral também. Este restaurante será abastecido por uma cozinha
industrial, que ocupará 2 andares do prédio.
e) A menos do citado em d), os 2 prédios serão de escritórios.
f) O novo prédio será provido de um sistema de ar condicionado central e de rede
centralizada de comunicações e dados, de forma que os cabos de comunicação e
dados atravessarão, dentro de bandejas, todos as áreas de um mesmo andar e todos
os andares de um mesmo edifício.
1) Você e sua equipe foram contratados pelo proprietário da empresa para fazer um
diagnóstico do projeto arquitetônico do prédio novo e de apresentação de recomendações
de proteção passiva para os seguintes itens:
Pede-se, por escrito (2 páginas no máximo):
1.1) Cozinha, especificamente na área de dutos de coifas.
1.2) Dutos de ar condicionado.
1.3) Bandejas metálicas de cabos de dados que se intercomunicam (entre áreas de
um mesmo pavimento e entre pavimentos).
1.4) Fachada do prédio.
1.5) Distanciamento entre edifícios. Da forma como foi descrito, os prédios poderão
ser construídos no terreno existente? Abstraia necessidades de recuo ou outras exigências
de códigos de obra. Que tipo de sugestão vocês dariam para que a construção pudesse
ser feita?
1.6) Suponha agora que o terreno em questão fosse vizinho à indústria do exercício
da anterior, e que as 3 construções (a fábrica e mais os dois prédios) depois de terminadas
ficariam em um mesmo terreno. Desconsidere limitações relacionadas aos afastamentos.
Quais itens da fábrica deveriam ser especialmente verificados e se necessário modificados,
visando o aumento da proteção passiva? Justifique a sua resposta.

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Capítulo 2. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Passiva Contra Incêndio em um Prédio

1.7) Assuma que a estrutura dos telhados dos 3 galpões seja metálica e sem
nenhuma proteção contrafogo. Que sugestão você daria?
Assuma e justifique todos os dados que julgar necessários.

2.2. ROTEIRO

1. Determinar a classe de risco dos galpões (tabelas 1 a 2 do decreto 63911/18).


2. Verificar a carga de incêndio (anexo A da IT 14/19).
3. Determinar as necessidades solicitadas para a cozinha, segundo a IT 38/19.
4. Determinar as necessidades solicitadas, para os dutos de ar condicionado e bandejas,
segundo a IT 09/19.
5. Verificar as alternativas para fachada na IT 09/19.
6. Calcular o distanciamento entre edifícios, segundo a IT 07/19.
7. Comparar o valor de 6) com o valor do projeto.
8. Propor alternativas.
9. Para o item 6) solicitado no exercício, verificar a IT 08/19.
10. Apresentar sugestões, baseado no item 9), baseado no que foi visto na disciplina.

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Capítulo 2. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Passiva Contra Incêndio em um Prédio

2.3. RESOLUÇÃO

Quadro 2.1.

Resolução:

1) Da tabela 1 do decreto 63911/18, identificamos o prédio como D1, da tabela 2 que

é do tipo VI e depois de verificar a carga de incêndio (anexo A da IT14), temos, na

tabela 3, que o risco de carga de incêndio é médio.

2) Da IT 07 tabela 2, chega-se à classe de severidade II.

3) Assumindo 3,0 metros de altura por andar, calculando para 20 andares, a área

lateral do prédio é de (1 + 20) x 3 x 20 = 1260 m².

4) Considerando que a área de abertura é 10 x (1,0 x 1,5) x (20 + 1) = 315 m².

5) A relação de áreas é de 315 / 1260 = 0,25 ou seja 25% de aberturas.

6) A relação entre altura e largura é (20 + 1) x 3 / 20 = 3,15. Arredondaremos para 3,2.

7) Na tabela 3 do Anexo A-1 da IT 07, com os itens acima, obtém-se a = 1,42.

8) Portanto, como D = a x largura + b, sendo que assumiremos que no município em

questão exista Corpo de Bombeiros, portanto b = 1,5, ou seja, D = 1,42 x 20 + 1,5 =

29,9 m.

9) Com 29,9 m de distância entre os prédios, não seria possível a construção na

distância pretendida, sendo inclusive maior do que a dimensão do terreno.

10) Ao analisar-se as possibilidades decorrentes da proteção de estruturas (Anexo

B da IT 07), observa-se que mesmo se a distância fosse reduzida em 50%, não seria

possível executar a construção na distância prevista.

11) Uma alternativa, mantendo-se as características arquitetônicas do projeto é

diminuir a área de abertura, o que se consegue fazendo com que o prédio seja

construído a 180 graus da posição inicialmente prevista, pois na parede traseira não

há janelas. Há outras alternativas, como, por exemplo, a compartimentação

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Capítulo 2. Dimensionamento dos Equipamentos de Proteção Passiva Contra Incêndio em um Prédio

horizontal e vertical também são possíveis, implicando em uma redução da distância

entre as edificações.

12) Quanto à cozinha, devem ser observados os requisitos de item 5.2 da IT 38.

Também se deve observar que, em termos de segurança contra incêndios da

instalação, é crítica a manutenção da limpeza dos componentes e tubulações, pois

a existência e o acúmulo de gordura e resíduos, na presença de calor podem

facilmente transformar-se em focos de início de incêndio que, se não forem

controlados, tenderão a se alastrar por toda a rede de dutos.

13) No caso dos dutos de ar condicionado, bandejas elétricas e de dados, devem ser

observados, respectivamente os itens 5.3.3, 6.3.4 e 6.3.5 da IT 09.

14) Quanto à edificação vizinha (os 3 galpões), um dos aspectos mais importantes

diz respeito à resistência ao fogo da cobertura, pelo risco de propagação entre

cobertura e fachada, devendo-se observar o item 5.6 da IT 08 (a resistência ao fogo

da cobertura deve ser a mesma das estruturas principais da edificação).

15) Como possibilidades para aumentar o TRRF da estrutura do telhado, podem ser

citadas, por exemplo, a aplicação de pintura intumescente e de argamassa projetada.

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Capítulo 3. Tipos de Explosões

CAPÍTULO 3. TIPOS DE EXPLOSÕES

OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos de explosões e os
tipos, além de princípios de proteção.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Discutir os principais conceitos vinculados à ocorrência de explosões;
• Reconhecer os tipos de explosões;
• Diferenciar explosões físicas de químicas;
• Discutir ações de proteção de explosões de gases e vapores.

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Capítulo 3. Tipos de Explosões

3.1. INTRODUÇÃO
Há uma ampla gama de eventos relacionados a explosões.
O espectro deste tipo de ocorrência é extremamente variado e envolve situações
acidentais e intencionais.
Acidentais, como no caso de uma bexiga em uma festa de aniversário que estourou
ao encostar em uma superfície aquecida ou colidir contra um alfinete, ou um pneu de uma
bicicleta que arrebentou ao ser perfurado por um prego, ou uma roda de 3,0 metros de
diâmetro de caminhão fora de estrada que durante a pressurização se rompeu, um reator
químico que se desfez quando se perdeu o controle da reação, até uma caldeira que ao
explodir destruiu tudo e todos em um raio de 150 m à sua volta.
Envolve também eventos intencionais, como a remoção, utilizando-se explosivos, de
toneladas de material em uma frente de lavra de minério de ferro, ou a transformação de
energia química em mecânica dentro do cilindro de um motor a explosão, ou a demolição
de uma estrutura ou prédio utilizando-se de cargas explosivas, ou ainda a explosão de uma
bomba para extinguir um incêndio em um poço de petróleo. Percebe-se nestes casos que,
contrariamente ao que se supõe popularmente, a explosão em si não pode ser classificada
como algo indesejável ou ruim, podendo sim, ser um evento altamente desejável.

3.2. CONCEITOS
Explosões são ocorrências nas quais há uma súbita liberação de energia que se
materializa em um aumento de pressão associada à liberação de gases e que pode
eventualmente ser acompanhada de liberação de calor. Desta forma, pode-se afirmar que
em todas as explosões há um aumento súbito de pressão e que há explosões nas quais
não ocorre a liberação de calor.

Quadro 3.1

Qual é a definição de explosões?

RESPOSTA:

Explosões são ocorrências nas quais há uma súbita liberação de energia que se

materializa em um aumento de pressão associada à liberação de gases e que pode

eventualmente ser acompanhada de liberação de calor.

Quando ocorre o aumento súbito de pressão, pode haver ou não a projeção de


materiais, como no caso da explosão da frente de lavra ou da que ocorre dentro do cilindro
de um motor.

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Capítulo 3. Tipos de Explosões

3.3. TIPOS DE EXPLOSÕES


As explosões podem ser divididas em físicas, químicas, nucleares e elétricas. Estas
duas últimas, devido aos conhecimentos específicos necessários, não serão discutidas
neste texto.
Os efeitos de uma explosão variam enormemente com as características do que
explodiu, suas características intrínsecas e quantidades envolvidas, o que é verdadeiro
tanto para eventos acidentais quanto intencionais, se o ambiente é aberto ou fechado e da
existência e características de instalações próximas.
Por exemplo, um botijão de gás cuja explosão ocorra em um campo aberto
provavelmente produzirá efeitos menos danosos do que se o mesmo botijão explodir dentro
de uma instalação de envasamento e armazenamento de gás liquefeito de petróleo. Da
mesma maneira, se esta instalação for vizinha a uma região densamente habitada, os
efeitos da explosão poderão ser ainda mais nefastos.
No caso dos eventos acidentais e de ocorrências não planejadas nos eventos
intencionais, os efeitos poderão ser materiais, com danos a instalações e equipamentos,
ambientais, gerando danos ambientais, com reflexos nos ecossistemas, além da
possibilidade de ocorrências de incêndios, e das consequências sobre seres humanos,
com feridos e mortos.

3.3.1. EXPLOSÕES FÍSICAS


As explosões físicas decorrem de uma incapacidade do vaso que contém a
substância de resistir à pressão desta substância, sem que tenham ocorrido fenômenos
químicos.

Quadro 3.2

As explosões físicas decorrem de qual fenômeno?

RESPOSTA:

As explosões físicas decorrem de uma incapacidade do vaso que contém a

substância de resistir à pressão desta substância, sem que tenham ocorrido

fenômenos químicos.

Ocorre quando da dilatação da substância ou à mudança de seu estado físico como,


por exemplo, na transformação de líquido em vapor.
Assim, quando uma bexiga é enchida com a boca ou um pneu de bicicleta, com um
compressor de ar, e são enchidos com ar além de um determinado limite, tanto a bexiga
como o pneu simplesmente arrebentam.

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Capítulo 3. Tipos de Explosões

Da mesma maneira, um tanque que contenha uma determinada substância líquida


ou gasosa em seu interior e que seja exposto a uma elevação de temperatura terá um
aumento em sua pressão interna.
Caso a pressão nestas condições produza esforços maiores do que o vaso seja
capaz de resistir, ele romperá de forma explosiva.
Um exemplo deste tipo de situação é o que ocorre com tambores com produtos que
ficam expostos a altas temperaturas, como no caso de cargas expostas em caminhões.
Caso se trate de um produto volátil, por exemplo, haverá um equilíbrio entre a fase líquida
e a fase gasosa.
O aumento da temperatura fará com que haja dilatação da fase liquida e consequente
diminuição do volume “vazio”. O aquecimento também provocará um aumento na geração
de vapor. A combinação destes dois fatores provocará um aumento de pressão neste que
poderá resultar na ruptura do tambor.
A ruptura poderá ocorrer devido ao aumento da pressão ou à diminuição da
resistência do tanque ou reservatório.
A resistência mecânica poderá diminuir ou ser menor do que necessária devido a
diversos fatores.
A diminuição da resistência mecânica pode se dever:
• a um erro de projeto, seja no dimensionamento ou na especificação de
materiais;
• à diminuição de espessura, decorrente de corrosão ou;
• ao impacto, como a queda ou colisão do tanque contra alguma superfície ou
de alguma ferramenta, equipamento, veículo ou material contra o tanque.
• à diminuição da resistência do reservatório devido à exposição do tanque a
uma fonte de calor concentrado, como a chama de maçarico, uma operação
de solda ou o uso de uma lixadeira, ou ainda a fragilização, o que ocorre
quando o aço é exposto a temperaturas negativas.
Explosões físicas também ocorrem nas chamadas vaporizações brutais.
Neste caso um líquido entra em contato com outro, sendo que o segundo tem
densidade menor e se encontra a uma temperatura superior à de ebulição do primeiro
líquido.
Caso o primeiro seja despejado sobre o segundo, o que ocorreria, por exemplo, no
caso de um tanque aberto que contivesse um líquido em chamas e no qual se tentasse
controlar o fogo com a utilização de água, proveniente de um balde ou de uma mangueira,
o líquido de maior densidade, neste caso a água, afundaria e, pelo fato da temperatura ser
superior à sua de ebulição, vaporizaria instantaneamente.
Como o vapor d’água ocupa um volume 1700 vezes superior ao equivalente em
massa de água líquida, ao ocorrer a vaporização, o vapor emerge do interior do tanque de
forma explosiva, arrastando parte do líquido em chamas, podendo atingir pessoas,
instalações e o meio ambiente a distâncias consideráveis, tanto horizontal quanto
verticalmente, do local da ocorrência inicial.
Outro tipo de vaporização brutal, a explosão decorrente da expansão de vapor de
líquidos mantidos a temperaturas superiores às de ebulição nas condições do ambiente, o
chamado BLEVE, será tratado em um próximo capítulo.

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Capítulo 3. Tipos de Explosões

Há casos de explosões físicas decorrentes de má operação de equipamentos, como


as que podem ocorrer se a válvula de descarga de uma bomba de deslocamento positivo
em funcionamento for fechada.
Caso não exista nenhum dispositivo de proteção contra o fechamento da válvula ou
de limitação de pressão, esta última continuará subindo até que algo se rompa: talvez a
tubulação, ou uma válvula ou a própria bomba, sempre de forma explosiva, com
lançamento de partes do equipamento ou linha, além do material contido, com suas
características intrínsecas de temperatura, corrosividade e agressividade a pessoas, ao
meio ambiente e a outros equipamentos e instalações.
É importante frisar que os fenômenos descritos e suas eventuais consequências
catastróficas, não são de maneira nenhuma, restritos e exclusivos de ambientes industriais
ou situações que envolvam ambientes profissionais.
Basta citar os casos de aquecedores de água de acumulação de uso tanto comercial
quanto residencial que, ao explodirem, feriram e mataram pessoas.
Ou das inúmeras ocorrências de explosões de panelas de pressão, com graves
consequências em termos de ferimentos e lesões permanentes dos envolvidos e seus
parentes, inclusive crianças, quanto a danos de instalações e equipamentos.

3.3.2. EXPLOSÕES QUÍMICAS


Nas explosões químicas ocorre algum tipo de reação entre as substâncias existentes,
como, por exemplo, uma oxidação, uma reação exotérmica ou uma polimerização.
As explosões químicas podem ser homogêneas e heterogêneas.
Nas explosões homogêneas toda a massa de material reage simultaneamente, como
no caso de reações fotoquímicas ou de polimerizações. A velocidade da reação é função
da temperatura do material.
Já nas explosões heterogêneas, a reação se inicia em uma parte da massa e se
propaga pelo restante do material.
É o que acontece nas explosões que envolvem gases, vapores ou poeiras em
suspensão e que serão apresentadas em outros capítulos.
Quanto à velocidade de deslocamento da frente de reação, esta pode ser da ordem
de grandeza dos metros por segundo (deflagração) ou de quilômetros por segundo
(detonação) dependendo de características intrínsecas do material e outras relacionadas
à sua concentração no ambiente e homogeneização da mistura com o ar. No disparo de
uma arma de fogo, como por exemplo um revólver, as velocidades da frente de reação são
da ordem de grandeza de metros por segundo.
Nas detonações as pressões geradas são maiores do que nas deflagrações:
enquanto nas deflagrações os valores estão na faixa de 4 a 10 bars, no caso das
detonações os aumentos de pressão encontram-se na faixa de 20 a 40 bars.
É importante observar que na faixa de 0,15 bar, em seres humanos, há a
possibilidade de ruptura de tímpano e valores da ordem de 0,07 bar já provocam
arrancamentos de telhas e materiais semelhantes.

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Capítulo 3. Tipos de Explosões

Para que se tenha uma ideia dos efeitos das sobre pressões, no acidente que ocorreu
em 1974 em Flixborough e que está descrito em outro capítulo, as pressões geradas foram
da ordem de 2,5 bar no nível do solo no local da explosão, 1 bar a 150 m de distância e
0,5 bar a 240 m, com destruição total das instalações.
Nas explosões heterogêneas a combinação de elementos é a mesma que existe para
que ocorra uma combustão, ou seja, o encontro simultâneo de quantidades apropriadas de
combustível, comburente e calor.
O combustível pode ser um gás inflamável, o vapor de uma substância inflamável ou
uma poeira inflamável.
O comburente geralmente é o oxigênio existente no ar presente no ambiente.
O calor pode ser de fonte elétrica, química, mecânica ou solar.
Conforme citado, o calor, o comburente e o combustível devem se encontrar em
proporções adequadas.
A explosão só ocorrerá se a mistura entre comburente e combustível se encontrar
dentro da faixa de explosividade.
A faixa de explosividade ou de inflamabilidade é determinada por dois valores: o limite
inferior de explosividade ou de inflamabilidade e o limite superior de explosividade ou de
inflamabilidade.
Os dois limites anteriormente citados encontram-se respectivamente acima e abaixo
da relação estequiométrica, a condição na qual todas as moléculas de combustível têm
comburente suficiente para reagir.
Acima da proporção estequiométrica, quando houver mais combustível do que o
necessário, a mistura é dita rica. Quando o componente em excesso é o comburente, a
mistura é dita pobre.
Em proporções acima do limite superior explosividade ou abaixo do limite inferior de
explosividade, a explosão não ocorre, respectivamente por que o comburente disponível
não é suficiente ou o combustível disponível não é suficiente.
Há fatores que influenciam e alteram os limites de explosividade e que, portanto,
podem ampliar ou restringir a amplitude da faixa de explosividade.
A concentração de oxigênio, por exemplo, à medida que aumenta, desloca o limite
superior de explosividade e amplia a faixa de explosividade.
A pressão atmosférica, por sua vez, poderá aumentar ou diminuir o limite superior de
explosividade.
No caso de ambiente estar a pressões inferiores à atmosférica, tanto o limite superior
quanto o inferior de explosividade serão diminuídos.
O aumento da energia de ativação - o calor disponível para que a reação se inicie -
tende a ampliar a faixa de explosividade, diminuindo o limite inferior e aumentando o limite
superior de explosividade.
A temperatura ambiente poderá aumentar ou diminuir a faixa de explosividade,
conforme respectivamente aumente ou diminua.
A umidade relativa do ar tem o mesmo efeito de ampliação ou diminuição da faixa de
explosividade, conforme respectivamente diminua ou aumente.
Quando além da explosão há um incêndio, ou seja, além do efeito da sobrepressão
há um efeito térmico, o efeito da explosão é ainda mais devastador. Por esta razão, se

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Capítulo 3. Tipos de Explosões

comparadas as explosões de mesma magnitude, físicas e químicas, as que produzem


efeitos térmicos tendem a ter efeitos ainda mais destrutivos.

3.4. PREVENÇÃO DE UMA EXPLOSÃO


Prevenir uma explosão é tomar medidas para impedir que o combustível, o
comburente e a fonte de calor se encontrem simultaneamente.
Com relação ao combustível, a prevenção de explosões se refere, entre outras
medidas, a:
• Extração do ambiente gases ou vapores combustíveis.
• Eliminação de vazamentos de materiais sejam estes gases, vapores, líquidos ou
sólidos.
• Manutenção dos ambientes limpos com relação à presença de elementos
combustíveis, especialmente no caso de pós. A umectação dos materiais é uma
alternativa, desde que não degrade ou reaja com estes materiais ou com os
componentes dos equipamentos.
• Inspeção periódica de equipamentos e instalações.
• Detecção de vazamentos.
• Contenção de vazamentos (especificamente para líquidos).
• Treinamento dos envolvidos na atividade.

Quadro 3.3.

Quais são as principais medidas de prevenção de incêndios?

RESPOSTA:

• Extração do ambiente gases ou vapores combustíveis.

• Eliminação de vazamentos de materiais.

• Manutenção dos ambientes limpos com relação à presença de elementos

combustíveis, especialmente no caso de pós. A umectação dos materiais é

uma alternativa, desde que não degrade ou reaja com estes materiais ou com

os componentes dos equipamentos.

• Inspeção periódica de equipamentos e instalações.

• Detector de vazamentos.

• Contenção de vazamentos (especificamente para líquidos).

• Treinamento dos envolvidos na atividade.

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Capítulo 3. Tipos de Explosões

O item treinamento é de fundamental importância, pois com o conhecimento e


aplicação das necessidades relacionadas aos materiais, ao processo, à segurança do
processo e à segurança das pessoas e do meio ambiente, a possibilidade de criação de
situações potencialmente desastrosas é expressivamente diminuída.
Quanto ao comburente, a prevenção de explosões se refere aos procedimentos de
inertização, ou seja, tornar a atmosfera do ambiente inerte.
Isto pode significar reduzir o teor de oxigênio ou adicionar um outro gás, como, por
exemplo, o gás carbônico ou o nitrogênio em proporções tais que o oxigênio disponível não
seja suficiente para reagir com o combustível.
A inertização pode ainda ser utilizada como técnica de “varredura” de uma instalação,
removendo resquícios de materiais combustíveis em tubulações, tanques e equipamentos,
ou no preenchimento de espaços “vazios” de tanques, e também na transferência de
materiais líquidos ou na forma de pós.
Atenção especial deve ser dada aos meios de alimentação do gás inerte, para que
não se transforme em uma fonte de novos problemas, como no caso da geração de
eletricidade estática devido ao atrito da descarga de gás carbônico com o bocal plástico de
um extintor de incêndio. Explosões já ocorreram quando da utilização de extintores de gás
carbônico para a inertização de tanques de combustível.
No que se refere ao calor ou às fontes que podem produzir calor, deve-se ter em
mente que as fontes são bastante variadas e incluem:
• Trabalhos a quente
• Atrito
• Eletricidade estática
• Faíscas
• Arcos elétricos
• Reações exotérmicas
• Equipamentos e instalações inadequados para os ambientes
As medidas preventivas, da mesma forma, têm de abranger todas as possibilidades
de ocorrência ou presença dos fatores acima, o que incluiria:
1) Executar trabalhos a quente somente em ambientes, equipamentos e instalações
cujas atmosferas não sejam explosivas, após monitoramento. Observar que as condições
são dinâmicas, de forma que o que foi medido no início do trabalho poderá não ser
necessariamente verdadeiro durante ou ao final do mesmo. Lembrar que a explosividade
da atmosfera não é o único parâmetro a ser monitorado, sendo tão importante quanto este
o teor de oxigênio no ambiente e a presença de materiais agressivos à saúde dos
trabalhadores.
2) Manter equipamentos e instalações em bom estado de manutenção e de limpeza
eliminando pontos de atrito como mancais danificados ou o atrito entre superfícies, como
no caso de um transportador de correia se atritando contra material no piso ou na estrutura
do transportador.
3) Manter em bom estado o aterramento elétrico da instalação e equipamentos.

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Capítulo 3. Tipos de Explosões

4) Utilizar ferramentas, equipamentos e instalações apropriados para o ambiente,


como no caso de áreas classificadas. Observar que um simples martelo de aço, ao atingir
a cabeça de um prego, pode gerar uma faísca.
5) Segregar materiais que reajam entre si exotermicamente.
6) Impedir a presença de condições favoráveis à reação, como no caso de luz em
reações fotoquímicas.

3.5. PROTEÇÃO CONTRA EXPLOSÕES


Proteger contra uma explosão significa adotar medidas para que, caso a explosão
ocorra, as consequências serão minimizadas.
Uma das alternativas de proteção é dispor de tanques e instalações que resistam às
sobrepressões geradas no momento da explosão.
É o caso também de discos de ruptura em tanques ou a utilização de janelas ou
portas que, com um pequeno aumento de pressão, liberam a energia da explosão sem que
o vaso ou instalação sejam prejudicados.
Outra alternativa se refere aos projetos de instalações que prevejam espaços
abertos, de forma que a explosão se propague sem atingir pessoas, instalações e
equipamentos.
Outra possibilidade se refere à interposição de barreiras que não permitam a
transmissão da onda de choque pela instalação, preservando pessoas e equipamentos.
É importante observar que as 4 alternativas acima demandam um estudo detalhado
da disposição de máquinas e pessoas e toda a modificação deverá ser cuidadosamente e
criteriosamente analisada, caso contrário a proteção poderá deixar de existir.

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Capítulo 3. Tipos de Explosões

3.6. TESTES

1. Se em um ambiente houver uma nuvem de gás ou vapor inflamável, ar ou oxigênio e


uma fonte de ignição suficiente para que ocorra a inflamação, qual a outra condição
necessária para garantir que ocorra a inflamação?
a) Os componentes estejam todos juntos.
b) Os componentes estejam em um recipiente/ambiente fechado.
c) Os componentes estejam em um ambiente aberto.
d) A mistura inflamável esteja dentro dos limites de inflamabilidade (LSI e LSE).
e) O sistema não esteja aterrado.
Feedback: Quadro 3.2.

2. Nas explosões sempre haverá um resultado comum, qualquer que seja o tipo dela:
a) Geração de energia térmica.
b) Geração de onda de pressão.
c) Geração simultânea de energia térmica e onda de pressão.
d) Energia luminosa.
e) Geração de radiação.
Feedback: item 3.2. “Com a expansão rápida dos gases, há geração de ondas de

3. As explosões podem ser classificadas em 4 principais tipos. Assinale a alternativa


correta:
a) Físicas, químicas, orgânicas, elétricas.
b) Físicas, biológicas, nucleares e químicas.
c) Biológicas, orgânicas, físicas e elétricas.
d) Físicas, químicas, nucleares e elétricas.
e) Químicas, nucleares, biológicas e elétricas.
Feedback: item 3.3.

4. Qual é a principal semelhança entre uma inflamação comum e uma inflamação na


explosão?
a) O barulho.
b) O efeito destrutivo.
c) A velocidade de ocorrência da inflamação.
d) O efeito térmico.
e) O efeito da pressão gerada (onda de choque).
Feedback: Em ambos os casos há geração de calor, porém em velocidades distintas.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

CAPÍTULO 4. BLEVE - BOILING LIQUID EXPANDING VAPOUR EXPLOSION E


UVCE - UNCONFINED VAPOUR CLOUD EXPLOSION

OBJETIVOS DO ESTUDO:
Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos de UVCE e apresentar as
causas, mecanismos, efeitos, prevenção, proteção e exemplos de BLEVEs.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Discutir eventos caracterizados por BLEVE;
• Discutir eventos caracterizados por UVCE.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

4.1. BLEVE
A ocorrência de BLEVEs ao longo da história tem se materializado no grande número
de pessoas atingidas, entre mortos e feridos ou pessoas que perderam suas residências
ou empresas que perderam suas instalações e na magnitude da destruição que provocam,
direta ou indiretamente.
Diretamente pela liberação brutal de energia quando da ocorrência de um BLEVE,
que pode vir acompanhada de incêndios, e indiretamente pelos efeitos da destruição que
um BLEVE pode provocar, incluindo-se aí a explosão de outros equipamentos e materiais
presentes no local e a ocorrência de incêndios.
Um BLEVE geralmente é uma ocorrência catastrófica e, apesar de ser um tipo de
vaporização brutal, e como tal uma explosão física, já apresentada em outro capítulo, é
apresentado como um item destacado, devido à sua intensidade, tanto da ocorrência em
si, quanto da gravidade de suas consequências.

4.1.1. O QUE SIGNIFICA UM BLEVE?


BLEVE é a abreviatura das palavras inglesas Boiling Liquid Expanding Vapour
Explosion ou, em português, expansão explosiva do vapor de um líquido em ebulição. É
um fenômeno mundialmente estudado e a sua denominação é internacionalmente
conhecida, razão pela qual será mantida desta forma neste texto.
Os cenários são bastante variados, mas há elementos comuns que estão presentes
em todas as ocorrências de BLEVE.
Um gás liquefeito ou um líquido armazenado encontra-se em um recipiente ou tanque
fechado e recebe calor.

Quadro 4.1

Como ocorre o início de um BLEVE (expansão explosiva do vapor de um líquido em

ebulição)?

RESPOSTA:

Um gás liquefeito ou um líquido armazenado encontra-se em um recipiente ou

tanque fechado e recebe calor.

Como os acidentes mais frequentes que se convertem em BLEVEs envolvem gases


liquefeitos, é em uma ocorrência que envolve este tipo de material que a descrição a seguir
se baseia.
O calor pode ser proveniente de um incêndio, chama aberta ou da ignição de alguma
fonte nas proximidades do tanque.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

A fase líquida do produto liquefeito é aquecida até o ponto no qual a temperatura


do líquido seja superior à temperatura de ebulição nas condições ambientais externas ao
tanque.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

A fase gasosa ao ser aquecida, aumento de pressão.


Por causa do calor ou de algum impacto externo, eventualmente resultante de outra
explosão, acontece a diminuição da resistência mecânica do recipiente e, na presença do
aumento de pressão citado, ocorre a ruptura do vaso.
Neste mesmo instante, o líquido aquecido ou a fase líquida aquecida, em contato
com o ambiente externo, se vaporiza instantaneamente.

Para a mesma massa, o vapor ocupa um volume muitas vezes superior ao do liquido
correspondente, transformando esta vaporização em uma vaporização brutal e explosiva,
destruindo o recipiente e lançando suas partes, como se fossem mísseis, por vezes a
centenas de metros de distância.
Partes de vagões ferroviários de grande capacidade foram encontradas a mais de
700 metros do local de ocorrência do BLEVE.
Dependendo das características do material, caso se trate de material inflamável, o
BLEVE poderá ser acompanhado de uma bola de fogo (fire ball, em inglês).

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

A bola de fogo, por sua vez, poderá provocar outros incêndios e eventualmente
contribuir para a ocorrência de novos BLEVEs em tanques e recipientes vizinhos,
configurando um cenário verdadeiramente catastrófico.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

É importante observar, no entanto, que BLEVEs podem ocorrer tanto com materiais
inflamáveis quanto com materiais não inflamáveis.
Materiais não inflamáveis como cloro, ou inflamáveis como GLP, estireno ou cloreto
de vinila.
Um dos acidentes mais conhecidos relacionados a BLEVEs foi a explosão de um
depósito de botijões de GLP, na Cidade do México, em 1984.
Após um início de incêndio na instalação, botijões superaquecidos explodiram em
sequência na forma de BLEVE.
Estas explosões e o calor gerado por sua vez produziram novos BLEVEs, produzindo
novas explosões, que terminaram por atingir e destruir residências vizinhas.
Terminadas as explosões e controlado o incêndio, constatou-se que 500 pessoas
haviam morrido além da destruição das instalações e das casas vizinhas.

4.2. UVCE
Os cenários já foram retratados em filmes de ação: o vazamento de uma substância
em estado gasoso e que se espalha pelo ambiente.
A nuvem de gás se desloca pelo ambiente e a quantidade de material que vaza no
ambiente vai se tornando cada vez maior, até que ocorre o encontro da nuvem de gás com
uma fonte de calor. Aí ocorre a explosão.

Quadro 4.2

Como ocorre uma UVCE (expansão explosão de nuvem de vapor não confinada)?

RESPOSTA:

Ocorre o vazamento de uma substância em estado gasoso ou vapor proveniente

de um material líquido volátil e que se espalha pelo ambiente. A nuvem de gás se

desloca pelo ambiente e a quantidade de material que vaza no ambiente vai se

tornando cada vez maior, até que ocorre o encontro da nuvem de gás com uma

fonte de calor. Aí ocorre a explosão.

4.2.1. O QUE SIGNIFICA UMA UVCE?


UVCE é a abreviatura das palavras inglesas Unconfined Vapour Cloud Explosion ou,
em português, explosão de nuvem de vapor não confinada.
O material que dá origem a uma UVCE pode ser proveniente tanto do vazamento de
um gás ou vapor, quanto da vaporização de um material líquido volátil.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

No caso do gás ou do vapor, a origem da liberação destes materiais pode se dever:


ao excesso de pressurização do sistema ou à perda de controle de alguma reação química
ou parâmetro de processo (aumento excessivo de temperatura ou pressão, por exemplo)
ou à falta de estanqueidade de algum elemento do sistema.

Quadro 4.3

A origem da liberação de gás ou vapor se deve a quais fenômenos?

RESPOSTA:

• Ao excesso de pressurização do sistema;

• À perda de controle de alguma reação química ou parâmetro de

processo (aumento excessivo de temperatura ou pressão, por

exemplo);

• À falta de estanqueidade de algum elemento do sistema.

No que se refere aos elementos não estanques podem ser citados:


1) Equipamentos:
• Bombas;
• Tanques;
• Compressores;
• Trocadores de calor, etc.
2) Tubulações:
• Flanges mal apertadas;
• Juntas deterioradas;
• Corrosão em soldas ou tubulações, etc.
3) Equipamentos de segurança (válvulas de segurança e seus componentes).
4) Componentes de controle do processo, como, entre outros:
• Vazamentos em válvulas e conexões;
• Vazamentos em pontos de instrumentação (manômetros e termômetros);
• Fechamento incorreto de pontos de amostragem.
Para que a explosão ocorra, é necessário que a nuvem se encontre dentro da faixa
de explosividade, além da existência de uma fonte de calor com energia suficiente para
desencadear a reação explosiva, entre combustível e comburente.
Misturas muito ricas ou excessivamente pobres não explodem, devido
respectivamente ao excesso de combustível e ao excesso de comburente.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

A UVCE, pelo mecanismo descrito acima, ou seja, a presença simultânea de


combustível, comburente (dentro da faixa de explosividade) e calor, é uma explosão
química.
Quando se trata de um líquido, a existência do material que possa ser vaporizado no
ambiente geralmente se deve ao derramamento do material, o que pode ocorrer, por
exemplo, no caso de enchimento excessivo de reservatório ou do fechamento parcial de
pontos de coleta de amostra, além dos pontos já citados no caso de vazamentos de gases.
A nuvem pode ser introduzida em ambientes nos quais a pressão seja menor à do
ambiente externo, ou devido à existência de equipamentos que aspirem ar externo ao
ambiente, por exemplo, para refrigeração ou mesmo compressão de ar.
É o que acontece em ambientes nos quais haja ventiladores ou compressores ou
máquinas que se utilizem destes tipos de equipamentos para seu funcionamento. Nesta
situação, a nuvem de gás penetra no ambiente, encontra uma fonte de calor e ocorre a
explosão.
A energia e o calor liberados na explosão do ambiente interno farão com que a nuvem
externa de massa maior, venha a explodir, com efeitos geralmente devastadores.

Situações semelhantes ocorrem quando o gás ou vapor é mais denso que o ar.
Em situações deste tipo, a nuvem se desloca junto ao piso e, se porventura encontrar
uma depressão no piso, nela penetrará.
Depressões como valas, ralos, condutores de águas pluviais (“bocas de lobo”).
Este tipo de situação pode ocorrer, por exemplo, quando ocorre um vazamento de
gás liquefeito de petróleo (GLP).
O gás, mais pesado que o ar, desloca-se pelas partes baixas do ambiente.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

Caso o GLP penetre em uma tubulação de esgoto, esteja dentro da faixa de


explosividade e venha a encontrar uma fonte de calor com energia suficiente, a explosão
ou a combustão ocorrerá e a chama retrocederá por dentro da linha até encontrar a nuvem
maior ou talvez a própria fonte do vazamento.
A fonte de calor poderá ser um trabalho a quente (soldagem, uso de maçarico, ou
até a faísca proveniente do impacto de um martelo contra um prego) ou o acendimento de
um fósforo ou de uma lâmpada.

É possível perceber no exemplo do GLP que:


1) A fonte de calor pode estar bastante distante da fonte do vazamento e mesmo
assim a explosão ocorrerá.
2) A possibilidade deste tipo de acidente não é exclusiva de situações industriais,
sendo possível ocorrer também em ambientes domésticos.
Situações “não industriais” podem ser encontradas em galerias de acesso a
instalações de esgoto, telefonia ou energia, pela infiltração de gases inflamáveis, como,
por exemplo, o metano presente em redes de esgoto e em locais onde ocorra a
decomposição de materiais orgânicos.
Uma vez mais é necessário frisar que as situações que podem levar a explosões
podem dar-se em ambientes outros que não os exclusivamente industriais.
Como ilustração será descrito um dos casos mais conhecidos de UVCE, que ocorreu
em Flixborough, na Inglaterra, em 1974.
Naquela oportunidade ocorreu um vazamento de ciclohexano.
O material é altamente inflamável e explosivo.
O ciclohexano que vazou formou uma nuvem.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

Esta nuvem se deslocou por algumas centenas de metros pelas instalações até que
encontrou uma fonte de calor com energia suficiente para que a explosão ocorresse.
A instalação industrial foi completamente destruída e 28 pessoas faleceram.
Foram necessários 10 dias para que o incêndio resultante pudesse ser controlado.
Os danos se estenderam a cerca de 1800 imóveis, alguns dos quais localizados a
1500 metros do local do vazamento.
Estimativas feitas após o acidente indicaram que o diâmetro da nuvem formada era
de aproximadamente 150 metros e que correspondia a cerca de 40 toneladas de gás.
O vazamento ocorreu em função do rompimento de uma tubulação, que havia sido
incorretamente montada.
O acidente ocorreu num sábado, dia no qual a instalação contava com efetivo
reduzido. Estimou-se que o número de mortos poderia ter sido muito maior (cerca de 500
pessoas) caso o rompimento da tubulação tivesse ocorrido durante um dia de semana.
Pela magnitude das consequências citadas, o acidente de Flixborough é tido como
um marco no estudo dos chamados acidentes industriais ampliados.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

4.3. TESTES

1. Um BLEVE só ocorre com produtos inflamáveis.


a) Verdadeiro.
b) Falso.
Feedback: item 4.1.1. (pode ocorrer com não inflamáveis)

2. Um BLEVE precisa de um agente iniciador para ocorrer. Esse agente pode ser:
I - Uma outra explosão.
II - Um incêndio.
III - A chama de um fogão ou a parede de um forno aquecido.
a) Apenas I é verdadeira.
b) Apenas II e III são verdadeiras.
c) Apenas I e III são verdadeiras.
d) Apenas II é verdadeira
e) Todas são verdadeiras.
Feedback: item 4.1.1.

3. Para que ocorra um BLEVE pelo menos duas condições devem existir
simultaneamente. Quais são?
a) Líquido confinado na temperatura e pressão ambiente e reservatório íntegro.
b) Poça de líquido dentro de um dique de contenção.
c) Líquido confinado acima de sua temperatura de ebulição à pressão externa e
rompimento do reservatório.
d) Líquido em temperatura e pressão ambiente e rompimento do reservatório.
e) Líquido confinado acima de sua temperatura de ebulição a pressão normal e
reservatório íntegro.
Feedback: item 4.1.1.

4. Na ocorrência de um BLEVE, o principal efeito destrutivo é causado pela onda de


choque gerada pela expansão da evaporação brusca do líquido.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

Feedback: item 4.1.1.

5. Quando da ocorrência de um BLEVE de produto inflamável, deve-se apagá-la a


qualquer custo devido os danos causados pelos gases de combustão.
a) Verdadeiro.
b) Falso.
Feedback: item 4.1.1.

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Capítulo 4. Bleve – Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE- Unconfined Vapour Cloud
Explosion

6. Se ocorrer um vazamento em um depósito de líquido inflamável (gasolina), com


formação de uma nuvem de seus vapores, que tipo de explosão pode ocorrer?
a) BLEVE.
b) Física.
c) Vaporização instantânea.
d) UVCE.
e) Mista.
Feedback: item 4.2.

7. As UVCE ocorrem em ambiente fechado (confinado).


a) Verdadeiro.
b) Falso.
Feedback: UVCE (Explosão de nuvem de vapor não confinada).

8. Sendo as condições de ocorrência semelhantes, as UVCE produzem consequências


mais catastróficas que os BLEVE de material inflamável.
a) Verdadeiro.
b) Falso.
Feedback: item 4.2.

9. Quando identificado uma situação onde pode ocorrer uma UVCE, no mínimo 3 ações
imediatas devem ser feitas. Assinale a sequência que poderia evitar a ocorrência de
uma explosão:
a) Cortar o suprimento de combustível, isolar a área e evacuar a área.
b) Evacuar a área, sinalizar a área e cortar o suprimento de ar.
c) Cortar/isolar as fontes de energia existentes na área, cortar o suprimento de
combustível e evacuar a área.
d) Cortar o suprimento de ar na área, evacuar a área e cortar o suprimento de combustível.
e) Sinalizar a área, cortar o suprimento de combustível e cortar/isolar as fontes de energia
existentes na área.
Feedback: item 4.2.

10. No caso de existir uma nuvem de produto inflamável num ambiente aberto, dentro dos
limites de explosividade, ela entrar em contato com uma fonte de ignição e ocorrer a
explosão dessa nuvem, as consequências serão mais graves se:
a) A nuvem estiver num ambiente totalmente aberto, sem quaisquer obstáculos, como
num descampado, num pasto.
b) A nuvem explosiva estiver num local onde existam alguns edifícios, uma fábrica ou área
residencial.
Feedback: Quanto maior o número de estruturas e pessoas na área atingida, maiores
serão os danos.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

CAPÍTULO 5. EXPLOSÃO DE POEIRAS

OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos de explosão de poeiras.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

5.1. INTRODUÇÃO
Explosões em minas subterrâneas são relatadas com alguma frequência.
As situações geralmente ocorrem em minas de carvão e as notícias divulgadas pelos
órgãos de imprensa sempre dão conta de um elevado número de pessoas mortas e
desaparecidas. Situações deste tipo já aconteceram em diversos países, como por
exemplo, a China, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil.
Explosões em instalações de industrialização, armazenagem e movimentação de
alimentos, como grãos, rações e biscoitos, entre muitos exemplos, já foram relatadas,
geralmente associadas à ocorrência de mortes e a um elevado número de feridos e de
danos materiais de monta. Acidentes deste tipo acontecem em silos, tanques, túneis,
transportadores e em áreas de carga e descarga de materiais.
Situações deste tipo também já aconteceram em diversos países, como por exemplo,
Brasil, Alemanha, França e Estados Unidos.
Neste texto buscar-se-á responder entre outros pontos:
1) Qual a semelhança, além das mortes e destruição, entre as situações dos
parágrafos anteriores?
2) Como materiais aparentemente inofensivos podem se transformar em poderosos
explosivos?
3) Será que um quilograma de madeira pode explodir?

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

5.2. PÓ E POEIRA
Um material que seja suficientemente triturado, moído, ralado, lixado ou cortado,
tende a se transformar em um pó.
Como ordem de grandeza, pós têm dimensões inferiores a 500µm. Segundo a
Associação Nacional de Proteção contra Incêndios dos Estados Unidos (NFPA), pós têm
dimensão inferior a 420 µm.
Um pó é, portanto, do ponto de vista químico, o mesmo material do sólido que o
gerou.
Assim, pode-se, a partir de um pedaço de madeira que pese 1 Kgf, produzir 1 Kgf de
pó de madeira, por exemplo, a partir do lixamento ou da trituração da peça original.
É importante ressaltar que o pedaço original de madeira não tem a capacidade de
explodir.
O pó pode ser acondicionado dentro de um recipiente e ocupará um volume
correspondente.
A poeira, por sua vez, é o pó em suspensão em um ambiente.
O volume ocupado pela poeira varia de acordo as dimensões do ambiente, com a
geometria e a existência de obstáculos, além da quantidade de pó originalmente existente
material e da turbulência existente no ambiente.
A composição química da poeira não será necessariamente a do material que gerou
o pó, pois dependerá de gases e outros materiais que poderão estar presentes no
ambiente.

5.3. SUPERFÍCIE ESPECÍFICA


A capacidade de um material reagir quando na forma de uma poeira é
extraordinariamente maior do que a do material que gerou o pó.
Isto se explica pelo aumento exponencial das superfícies existentes para que o
material reaja. A relação entre área e massa é a superfície específica.

Quadro 5.1

Como se explica o aumento da capacidade de reagir da poeira, em relação ao material

que o originou?

RESPOSTA:

O aumento da capacidade de reagir da poeira se explica pelo aumento exponencial

das superfícies existentes para que o material reaja.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

Desta forma, se imaginarmos um material, um sólido, que possui uma massa M e


que seja, por simplificação, de forma cúbica, de lado “l”, a área será 6*l2 e a superfície
específica 6*l2/M.

Caso este cubo seja dividido pela metade, a massa total permanecerá a mesma,
porém, a área será 2* (2*l2 + 4*l*l/2) = 8*l2 e a superfície específica será 8*l2/M.
Se os dois “cubos” forem divididos pela metade, teremos como área total 4*(2*l2 +
4*l*l/4) = 12*l2 e a superfície específica será 12*l2/M.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

Caso os quatro sólidos sejam divididos pela metade, teremos como área total 8*(2*l2
+ 4*l*l/8) = 20*l2 e a superfície específica será 20*l2/M.
Nestas quatro situações, observa-se o aumento da superfície específica à medida
que o material é fracionado.
À medida que a superfície específica aumenta, a probabilidade de partículas do
material entrarem em contato com o oxigênio também aumenta.
Se este material estiver em suspensão, na forma de poeira, este contato será
altamente provável e muito íntimo. Entenda-se por íntimo, neste contexto, o fato de cada
partícula do material estar cercada por ar e o fato do ar estar entremeado entre todas as
partículas do material.

Caso a concentração do material esteja dentro da faixa de explosividade e haja uma


fonte de calor com energia capaz de iniciar o processo de combustão, lembrando que uma
combustão muito rápida é uma explosão, haverá grande probabilidade de ocorrência de
explosão.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

Quadro 5.2.

Quais são os fatores necessários para que a probabilidade de explosão seja grande?

RESPOSTA:

A concentração do material precisa estar dentro da faixa de explosividade e existir

uma fonte de calor com energia capaz de iniciar. Assim, haverá grande

probabilidade de ocorrência de explosão.

A fonte de calor poderá inclusive ser decorrente da deposição, por efeito


gravitacional, do pó existente no ambiente sobre uma superfície aquecida.
Isto se explica pelo fato das partículas mais pesadas que o ar tenderem a descer até
o ponto de encontrarem alguma superfície, que, no limite, será o próprio piso.
O pó poderá, por exemplo, ser de um material orgânico, como cereais, biscoitos, leite
em pó ou açúcar, de materiais empregados na indústria farmacêutica ou ainda carvão ou
alumínio.
Uma parte das partículas poderá se depositar sobre superfícies originalmente
destinadas à dissipação de calor, como, por exemplo, as aletas de um motor elétrico.
O pó depositado sobre superfícies destinadas à dissipação de calor limita ou impede
que o calor seja transferido do equipamento para o ambiente. Como resultado, a superfície
abaixo da camada de pó vai se aquecendo.
Quanto maior a camada de pó, mais intenso é este efeito isolante de calor e maiores
são as temperaturas atingidas.
Dependendo da temperatura existente, o pó poderá entrar em combustão,
transformando-se então na fonte de calor que propiciará a explosão da poeira existente no
ambiente.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

Estudos realizados nos Estados Unidos indicaram que, em cerca de 33% dos
acidentes envolvendo poeiras, a fonte de calor foi de origem mecânica, 12% de situações
que envolvessem chama aberta (soldagem, oxicorte, etc.).
É importante salientar, no caso dos trabalhos envolvendo chamas abertas, que
provavelmente uma parte dos envolvidos desconheciam (ou esqueceram) as
características potencialmente explosivas do ambiente no qual realizariam suas tarefas.
Dados de estudos alemães de 2004 indicavam em média a ocorrência de uma
explosão de poeiras por dia, ocorrendo em 25% dos casos em indústrias de alimentos e
de rações.

5.4. EXPLOSÃO PRIMÁRIA E EXPLOSÃO SECUNDÁRIA


A explosão que ocorre em um ambiente que contém poeiras combustíveis ocorre
geralmente em duas fases.
Em um primeiro momento ocorre a explosão de uma pequena quantidade de
material. Esta explosão, de pequeno poder destrutivo, é denominada explosão primária.
A explosão primária faz com que uma quantidade de pó depositado nas superfícies
do ambiente entre em suspensão, aumentando a quantidade de poeira existente no
ambiente.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

A quantidade total de poeira em suspensão, na presença do calor da primeira


explosão, possibilita uma segunda explosão, denominada de explosão secundária.
É importante observar que a explosão primária pode se dar pela presença e explosão
de outros materiais. Por exemplo, o vazamento e a explosão de um gás ou liquido,
proveniente de alguma infiltração, escape ou o derramamento destes materiais.
A explosão secundária gera, como regra geral, pressões e temperaturas elevadas e
costuma ser devastadora. O número de pessoas mortas e feridas costuma ser elevado e
os danos e prejuízos vultosos.
Independentemente de o fato da explosão ser primária (envolvendo o material em
suspensão) ou a explosão de outros materiais (explosões mistas ou combinadas, conforme
citado anteriormente) a explosão secundária ocorre da mesma forma, seja pelos aumentos
de turbulência e consequente quantidade de poeira no ambiente, seja pelos efeitos
devastadores que produz.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

Os relatos de explosões envolvendo poeiras sempre se referem a uma primeira


“pequena” explosão, em alguns casos, lembrando um estampido, seguido então pela
“grande” explosão, que pode se alastrar pela instalação como um todo, em grande
velocidade e da qual, por vezes, nada resta nem ninguém sobrevive.
Silos de concreto e metálicos, utilizados para o armazenamento de grãos, já foram
completamente destruídos por explosões deste tipo.
O mesmo ocorreu em minas de carvão e em instalações nas quais se manuseavam
pó de alumínio.
Da mesma maneira, explosões já ocorreram em instalações de manufatura de
farinhas, biscoitos, açúcares, assim como outros materiais, como celulose e policloreto de
vinila, apenas para citar alguns.

5.5. CLASSES DE EXPLOSÕES DE POEIRA


A classificação das intensidades das explosões se dá baseada na chamada lei
cúbica.
A lei cúbica indica que, de acordo com o material, há uma relação entre a velocidade
de aumento da pressão e a raiz cúbica do volume no qual a explosão ocorre e esta relação
é uma constante.
(dp/dt) max. V1/3 = Kst = cte.
A unidade de medida de Kst é bar.m/s.
Assim, há 3 classes de explosão de pó, de acordo com a faixa de Kst:
a) St1, para 0 < Kst < 200 bar.m/s.
b) St2, para 200 < Kst < 300 bar.m/s.
c) St3, para Kst > 300 bar.m/s.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

Os fatores necessários para que ocorra uma explosão de poeira se referem ao


material, à concentração e à dispersão no ambiente, à concentração de oxigênio existente
no ambiente e à presença de fontes de calor.

5.5.1. MATERIAL
Para que a explosão ocorra, o material deverá ser explosivo, além de encontrar-se
em dimensões apropriadas.
Materiais diferentes, mesmo que explosivos, têm comportamentos distintos
relacionados às explosões, seja no que tange a concentração, a energia mínima para
ignição, ou pela energia liberada (caracterizada simultaneamente pela máxima pressão
gerada e pela máxima velocidade de aumento de pressão).
O comportamento do material é influenciado, por sua vez, pelo teor de umidade do
mesmo e pela presença de materiais inertes (quanto maior a umidade ou a presença de
materiais inertes, mantidas as demais características, menor a probabilidade de explosão).
De uma maneira geral, quanto mais finamente particulado o material estiver, maior
será a probabilidade de que venha a explodir, e, caso venha a explodir, maiores serão os
danos, quanto menor for o tamanho das partículas, pela facilidade com que a explosão irá
se propagar ao longo do material e do ambiente.

5.5.2. CONCENTRAÇÃO NO AMBIENTE


Quanto maiores forem as concentrações do material no ambiente, maior a
probabilidade de que a faixa de explosividade venha a ser atingida.
O limite inferior de explosividade é experimentalmente determinado e utilizado como
valor de referência, observando-se que pequenas alterações no ambiente, por exemplo, a
turbulência, mantidas as demais constantes podem reduzi-lo substancialmente.
Deve-se observar que, apesar de existir um limite superior de explosividade para
cada material, este é experimentalmente determinado e não é de frequente aplicação
prática, pelo que se apresenta a seguir.
Devido às características construtivas e arquitetônicas dos ambientes, estas podem
influenciar e modificar outros parâmetros envolvidos, como a dispersão e a turbulência.
Quanto maior for a turbulência no ambiente, mais perfeita e íntima é a mistura do
material particulado com a atmosfera existente.
A existência de obstáculos pode favorecer tanto a dispersão quanto o aumento da
turbulência.
A presença de gases inflamáveis, por sua vez, pode alterar radicalmente a
probabilidade de ocorrência de explosão e do comportamento e desenvolvimento da
reação explosiva em si.
Além disto, a concentração de oxigênio no ambiente pode variar e, pela combinação
e variação desta última e dos itens anteriormente citados, valores superiores ao limite
superior experimentalmente determinado em si não podem ser utilizados como “limite de
segurança” para a operação da instalação.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

A adoção deste “limite de segurança” não deve ser feita, pois valores maiores do que
os experimentalmente determinados podem ocorrer em condições práticas, com a
ocorrência de explosões.

5.5.3. DISPERSÃO NO AMBIENTE


A dispersão se refere à maneira como o material se “espalha” pelo ambiente.
Quanto mais disperso o material estiver no ambiente, maior é a probabilidade de que
a explosão se propague ao longo do material em suspensão e ao longo do ambiente.

5.5.4. CONCENTRAÇÃO DE O2
Quanto maior for o teor de oxigênio no ambiente, menor o limite inferior de
explosividade e melhores e mais prováveis são as condições para que o material venha a
explodir e que a explosão se propague pelo material em suspensão.

5.5.5. CALOR
Quanto maior for a energia da fonte de calor, maior a probabilidade de ocorrência de
explosão.
É importante observar que, para um determinado conjunto de parâmetros existentes
no ambiente, se a energia for inferior a um certo valor, a explosão não ocorrerá.
Por analogia com o “triângulo do fogo”, o conjunto dos cinco componentes acima é
conhecido como o “pentágono das explosões”.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

5.6. MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA EXPLOSÃO DE POEIRAS


As principais medidas de prevenção podem se referir às fontes de calor, à presença
de oxigênio no ambiente e à existência do material particulado no ambiente.

Quadro 5.3

Quais são as principais medidas de prevenção contra explosões de poeiras?

RESPOSTA:

As principais medidas de prevenção podem se referir às fontes de calor, à presença

de oxigênio no ambiente e à existência do material particulado no ambiente.

Quanto às fontes de calor, as medidas se referem à eliminação destas fontes, ou à


utilização de fontes de calor com energias menores do que as mínimas necessárias para
a ignição da poeira em suspensão, ou ainda aos equipamentos especiais para áreas
classificadas (à prova de explosão, por exemplo).
No que se refere ao oxigênio, pode se inertizar o ambiente, introduzindo gases como
o nitrogênio, por exemplo.
A existência do material no ambiente pode ser controlada pelas condições de
manutenção e operação da instalação, evitando pontos de escape de materiais e
aprimoramento das operações de limpeza, limpeza esta que não deverá ser feita por meios
mecânicos (vassouras) por aumentar ainda mais a quantidade de poeira em suspensão.
O controle de umectação do ambiente e do material, sem prejudicar o material e os
equipamentos, é outra medida preventiva possível.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

5.7. MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA EXPLOSÃO DE POEIRAS


As medidas de proteção se referem a minimizar os efeitos da explosão.
Podem se referir à injeção de agentes inertes no ambiente, no qual se detectou o
início da explosão, detendo a evolução do processo.
Outra alternativa se refere à construção de equipamentos capazes de resistir à
explosão propriamente dita. Ou, dentro da mesma linha de raciocínio, a instalação de
barreiras que impeçam o avanço da onda de choque e da projeção de materiais.
É possível também a liberação da energia da explosão, sem comprometer a
integridade da instalação, o que se obtém, por exemplo, com a instalação de janelas, portas
e discos de ruptura. Estes elementos “abrem” e liberam a energia da explosão que se inicia
no interior, sem comprometer a integridade do equipamento e da instalação. Antigamente,
as janelas eram de vidro, o que se converte em um risco adicional, quando da abertura das
mesmas, pela transformação dos pedaços de vidro em projéteis cortantes e perfurantes.
Pode-se também, mediante a utilização de sensores e dispositivos automáticos,
isolar a área dentro do equipamento ou setor na qual a explosão ocorre e nela inserir um
gás inerte, suprimindo a explosão, impedindo que se alastre para outras partes do
equipamento, instalações ou equipamentos.

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Capítulo 5. Explosão de Poeiras

5.8. TESTES
1. Pó é o material particulado quando está em repouso sobre uma superfície.
a) Verdadeiro.
b) Falso.
Feedback: item 5.2.

2. Poeira é o material particulado quando está em suspensão no ambiente.


a) Verdadeiro.
b) Falso.
Feedback: item 5.2.

3. Pó é mais perigoso que poeira.


a) Verdadeiro.
b) Falso.
Feedback: item 5.3. O pó em suspensão no ar (poeira), ou nuvens de pós, são mais

4. A sensibilidade à inflamação de uma poeira depende:


a) Do tamanho e forma das partículas.
b) Da concentração no ar.
c) Do ambiente (fechado ou aberto).
d) Das propriedades intrínsecas do produto.
e) Da densidade óptica específica.
Feedback: item 5.5.1.

5. A consequência ou severidade de uma explosão de pó/poeira depende:


I - Do tamanho e forma das partículas.
II - Da concentração no ar.
III - Do ambiente (fechado ou aberto).
IV - Das propriedades intrínsecas do produto.
a) Apenas I e IV são verdadeiras.
b) Apenas I, II e III são verdadeiras.
c) Apenas I e III são verdadeiras.
d) Apenas II e IV são verdadeiras.
e) Todas são verdadeiras.
Feedback: item 5.5 e seus subitens.

6. No caso de pós, não existe limite inferior de explosividade.


a) Verdadeiro.
b) Falso.
Feedback: item 5.5.2.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

CAPÍTULO 6. BRIGADA CONTRA INCÊNDIO E PLANO DE EMERGÊNCIA

OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem como objetivo apresentar um resumo sobre treinamento e
característica de uma brigada contra incêndio e procedimentos de plano de emergência
em caso de incêndios.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Identificar os componentes básicos de uma brigada de incêndio;
• Descrever os principais procedimentos de respostas a emergências e
procedimentos de abandono em situações de emergência.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

6.1. BRIGADA DE INCÊNDIO

6.1.1. DOCUMENTOS BÁSICOS


As seguintes as normas que regem o assunto no Brasil e devem ser consultadas
para a formação de brigadas de incêndio:
NBR 14 276 – Programas de Brigadas de Incêndio. Norma Brasileira da Associação
Brasileira de Normas Técnicas.
NBR 15219 – Plano de Emergência Contra Incêndio - Requisitos
Instrução Técnica nº 17 – Brigadas de Incêndio – do Corpo de Bombeiros de São
Paulo ou suas equivalentes nos demais estados brasileiros.

6.1.2. PROGRAMA DE TREINAMENTO


Não mais vigente nos dias de hoje, a Circular 06/92 da Superintendência de Seguros
Privados (SUSEP) determinava que os brigadistas estivessem aptos a operar
adequadamente os equipamentos manuais de combate a incêndios disponibilizados pela
empresa. Esta é ainda a razão maior da existência de uma Brigada. Assim, se a empresa
disponibilizar somente extintores, eles necessitarão estar aptos a operá-los em resposta
aos princípios de incêndio. Se dispuser de extintores e hidrantes, a operar a ambos e assim
por diante.
A filosofia era que se ocorria um desconto pela existência de um equipamento manual
deveria existir um grupo de pessoas aptas a operá-los.
A NBR 14276 apresenta a capacitação dos brigadistas abrangendo tópicos (incêndio,
abandono e primeiros socorros) a serem desenvolvidos, segundo a “ocupação”, a qual
também serve de parâmetro para determinar a quantidade de brigadistas.
A IT-17, do Corpo de Bombeiros de São Paulo, toma como base a NBR 14 276 e
insere algumas alterações, em especial na carga horária dos treinamentos determinados
pela NBR.
Ambos os documentos obrigam a reciclagem a cada 12 meses ou quando alterar
50% dos componentes da Brigada. Antecedendo a reciclagem prática determinam uma
avaliação teórica dos brigadistas já formados.
Dos programas de treinamento mencionados por ambos os documentos, deverá ser
cumprido o da NBR, se não houver regulamentação oficial da cidade ou estado ou se a
regulamentação oficial indicar o cumprimento da NBR.
Caso exista uma regulamentação oficial, do estado, como em São Paulo, com a
Instrução Técnica 17, essa passa a ser a regulamentação a ser cumprida.

6.1.3. DIMENSIONAMENTO DA BRIGADA


A NBR e a IT consideram a população fixa (funcionários mais terceiros) para a
determinação do número de brigadistas, estabelecendo, em função da ocupação, quantos
deverão ser os brigadistas necessários por pavimento, dando números exatos de
brigadistas necessários quando a população fixa varia de 1 a 10 colaboradores.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

Para população com mais de 10 elementos, acrescenta-se mais 1 brigadista para


cada 20 pessoas em caso de risco baixo; 1 para cada 15, em caso de risco médio; e 1 para
cada 10 pessoas, em caso de risco alto.
A definição de “risco” se faz, normalmente, em função da carga de incêndio,
acompanhando a regulamentação dos Corpos de Bombeiro.
A leitura das regulamentações citadas permite a implantação da Brigada abrangendo
quase todos os aspectos necessários.

6.1.4. OUTROS ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS


Além do contido nas normas e regulamentações, é conveniente avaliar se a
edificação/risco será atendida convenientemente pelo socorro público. Por isso é bom
saber:
• Quando se pode dizer que o socorro público é eficiente?
• De que ele depende para ser eficiente?
• Como aferir de forma simplificada?
A análise dos seguintes tópicos nos permite efetuar essa avaliação:
A existência de um “hidrante” nas proximidades:
• Um bom hidrante é aquele próximo - até 150 metros (quantidade de mangueiras
normalmente transportada pelo socorro).
• Com água - 2000 lpm de vazão (capacidade mínima das bombas).
A “distância” a ser percorrida pelo socorro para efetuar o atendimento:
• Estudos estabeleceram uma curva tempo - resposta/perda patrimonial que
demonstra um grande aumento de perdas a partir dos 10 minutos, dos 10 aos 20
minutos a perda se completa, logo, uma demora do socorro público com mais de 20
minutos para se iniciar uma intervenção será inócua, pois praticamente não haverá
mais nada para ser salvo.
A capacidade desse socorro em:
• Salvar pessoas.
• Ventilar.
• Proteger salvados.
Regras Gerais a serem observadas após essa avaliação:
Hidrante
• Se não há hidrante (água): aumente a reserva de incêndio.
• Se o hidrante está longe: disponibilize mangueiras extras.
• Em muitos casos é possível solicitar à entidade responsável pelo serviço de
abastecimento de água, a instalação de um hidrante público, por vezes arcando com
os custos necessários.
Tempo-resposta
• Se atende bem e rápido: forme uma brigada para princípios de incêndio.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

• Se demorar ou não atende bem: treine e dimensione a brigada para suprir as


deficiências. Nesse caso é conveniente a aquisição de equipamentos de proteção
individual (EPIs) como capas e capacete com viseira, por exemplo.
Pode-se ainda treinar a brigada para tomar cuidado com o “meio ambiente”. O uso
da brigada para os procedimentos de abandono, apesar de indicado pela regulamentação,
não é a solução mais adequada (conforme se verá mais adiante).
Para os treinamentos é importante observar ainda:
• Não pode haver “sofrimento”. O brigadista é um colaborador voluntário que se
dispõe a aprender e agir em situações de emergência, sem nenhuma remuneração
extra. Se o treinamento provocar qualquer tipo de sofrimento, ele não voltará para a
reciclagem nem permanecerá como componente da brigada.
• A segurança, especialmente nos treinamentos práticos com fogo real, deve ser
primordial, mais importante até que o aprendizado. Prazer idem. De preferência
promova um churrasco após o treinamento.
• As roupas usadas no treinamento, inclusive íntimas, não podem ser sintéticas,
pois estas se reduzem na presença de calor, colando na pele.
• Como proteção mínima, deve-se usar camisas com manga comprida mais luvas.
Se possível também capacetes e proteção facial.
Alguns cuidados na seleção e “trato” com os brigadistas:
• Diferencie-os dos demais funcionários (através de botons, etc.).
• Manuseie-os regularmente, mas por pouco tempo, em seções de treinamento
curtas que não atrapalhem seu serviço normal. Seções de treinamento longas farão
com que as chefias tendam a não liberar seus funcionários para os treinamentos
seguintes. O tempo ideal de duração das seções de reciclagem é de até 00:30 h.
• Lembre-se da semana nacional de prevenção de incêndio (02 de julho).
• Faça “no mínimo” uma reciclagem prática anual.
Complementos existentes na NBR e IT:
• Detalha profissionais habilitados a serem instrutores.
• Detalha o “Certificado”.
• Determina documentos para a Portaria.
• Apresenta “Fluxograma de Ações”.
• Possui critérios para organização e seleção de candidatos.
• Indica a NBR 14277 - Campos para treinamento de combate a incêndio, como
documento complementar.
Bibliografia de apoio:
• Para a formação de brigada: apostilas do SENAI, SENAC.
• Livro “Manual de Prevenção e Combate a Incêndios” - ed. SENAC - Abel Batista
Camillo Jr.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

6.2. PROCEDIMENTOS DE RESPOSTA A EMERGÊNCIAS

6.2.1. OBJETIVO DOS PROCEDIMENTOS


Permitir uma resposta rápida e ordenada a situações de emergência, tendo como
objetivo maior salvaguardar a vida, o meio ambiente e o patrimônio.
O que seriam situações de emergência?
• Incêndios e Explosões (objetos do curso).
• Derramamentos/Vazamentos.
• Vazamentos de Gás/Líquidos Inflamáveis.
• Intoxicação Alimentar.
• Roubo/Assalto.
• Vendaval/Destelhamento.
• Desabamento.
• Distúrbios /Quebra-Quebra.
• Emergências Ambientais.
• Falta de Gás, Luz, Água e Enchente.
• (Greves, em regra, não caracterizam).

MODELO BÁSICO A SER SEGUIDO PARA A ELABORAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS


Tomar como base Organizações que lidam com o problema “emergência” no dia a
dia, como o Corpo de Bombeiros (a Polícia, a Defesa Civil).
Valer-se dos Requisitos Básicos Para Funcionamento dessas organizações.
Tomando-se como base os Corpos de Bombeiros teríamos:
• Comunicações;
• Pessoal;
• Quartéis (Pontos de Encontro);
• Equipamentos;
• Legislação (Normas/Inspeções);
• Água.
Para que possa atender convenientemente uma emergência, os Corpos de
Bombeiros necessitam apoiar-se em 6 requisitos: comunicações (para receber o chamado
e articular-se); pessoal (organizado e treinado); estações ou postos (adequadas e bem
localizadas); equipamentos/viaturas (construídos para a finalidade e adequadamente
mantidos); abastecimento de água e legislação (normas internas e públicas, como os
Códigos de Segurança Contra Incêndio e Emergências) que viabilizem suas ações.
Levando-se os conceitos para uma edificação ou risco, podemos traduzir essas
necessidades em: sistema de alarme e comunicações; um ponto de reunião ou
concentração desse pessoal (estação ou postos); pessoal treinado e organizado;
equipamentos de resposta e de suporte a essa resposta (concentrados e/ou espalhados);
reserva de água (quando se tratar de incêndio, objeto desta disciplina); e um sistema de

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

normas que permita a manutenção do conjunto de meios e a atuação das equipes de


resposta.
Nas edificações ou riscos, em especial nas indústrias, esses requisitos podem
assumir diversos níveis de importância, agregando maior ou menor possibilidade de
eficiência ao sistema.
PORQUE “REQUISITOS BÁSICOS”
Porque sua ausência ou insuficiência oneram os demais, podendo até inviabilizar o
serviço ou a resposta à emergência.

6.2.2. COMUNICAÇÕES
COMUNICAÇÕES
Usando a mesma ordem lógica da apresentação, poderíamos dizer que o primeiro
requisito a se apresentar numa emergência é o referente às “comunicações”. A emergência
necessita ser percebida, transmitida, e acionar todo o sistema de resposta.
Normalmente a emergência é percebida por pessoas, as quais dão (devem dar) o
alerta, através de um sistema de alarme ou um sistema de comunicações. Hodiernamente,
quase todos os riscos possuem no mínimo um sistema de alarme composto por “botoeiras”.
Riscos maiores, normalmente com melhores meios de proteção, podem possuir sistemas
de detecção. Alguns riscos ou edificações possuem como base de seu sistema de
acionamento das respostas às emergências, o sistema de telefonia normal, com reserva
de um ramal para a emergência. Alguns ainda possuem ambos os sistemas sobrepostos
(alarme mais telefonia), o que é, sem dúvida, algo mais confiável. A partir desse
acionamento, a resposta à emergência se desenvolve pelo acionamento do pessoal que
responderá à emergência e do eventual socorro público.
Deve haver um “Centro” de recepção/transmissão de comunicações que funcione,
como o Centro de Operações do Corpo de Bombeiros (COBOM). Normalmente as
empresas se valem da Portaria para esse fim, porque é o local em que há permanência
humana por 24 horas.
Treinamento e reciclagem constantes do pessoal de Portaria são fundamentais,
especialmente em Portarias cujo pessoal é terceirizado.
Os procedimentos devem estar escritos. Deve haver equipamentos de comunicações
eficientes (modernos e novos). Os procedimentos escritos devem conter, por exemplo, lista
de telefones essenciais.
É conveniente juntar os PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE PORTARIA em um só
documento e treinar os porteiros e vigias, no mínimo semestralmente. Esse treinamento
deverá se fazer de imediato caso haja substituição da equipe de portaria. A esse
procedimento devem-se anexar os procedimentos de SINAIS E ALARME. Para os sinais e
alarme, pode-se usar a sirene da empresa com toques convencionados. Apitos e buzinas
de ar possibilitam soluções empíricas.
Como prática útil, pode ser produzido um “quadro”, a ser afixado na portaria, de
“como chamar o Corpo de Bombeiros” passo a passo, mais como acionar o alarme, etc.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

É muito importante que os funcionários conheçam, perfeitamente, como acionar o


sistema de alarme. Para tanto, podemos usar quadros e painéis, jornais internos, etc. Essa
informação deve ser enfatizada na integração e reapresentada constantemente.
Aparelhos telefônicos devem conter etiquetas orientadoras com o número do telefone
de emergência.

6.2.3. PESSOAS A SEREM ACIONADAS


PESSOAL/ EQUIPE DE RESPOSTA
Nos Bombeiros, as guarnições são divididas e treinadas para as diversas finalidades
e seguem procedimentos operacionais padrão.
As equipes de resposta e demais pessoas a serem acionadas devem seguir
procedimentos escritos/treinados e realizar treinamentos, exercícios e simulados
constantemente.
Interfere diretamente no dimensionamento desse grupo e desse treinamento, a
capacidade de resposta do poder público, a qual deve ser aferida tomando-se como base
a distância do Posto de Bombeiros mais próximo, sua habilidade e equipagem. Quanto
mais próximo e de melhor qualidade for o Posto de Bombeiro, menor será a necessidade
de treinamento e vice-versa. Esse pessoal deve dispor de equipamentos de proteção
individual compatíveis.
A empresa que possui eletricista de plantão deve dar funções a esses profissionais,
como corte de energia do local afetado e guarnecimento da bomba de incêndio durante a
emergência.
É fundamental a existência de planos específicos, detalhados e treinados, de
resposta aos principais riscos, como as cabinas de pintura, depósitos, locais de
armazenamento de combustíveis, etc.
PESSOAL/ SUPORTE À VIDA
Deve haver pessoal treinado para suporte à vida (RCP/etc.). Apesar de ser um
treinamento obrigatório, não se deve confiar na atuação dos brigadistas, pois não raro os
mesmos não efetivam adequadamente os procedimentos treinados.. Quando há
necessidade de deslocamentos externos (hospitais e clínicas conveniadas), disponibilizar
itinerários impressos, de preferência treinando rotineiramente o deslocamento.
PESSOAL DE APOIO À RESPOSTA
O objetivo principal da resposta à emergência é o “restabelecimento das atividades
normais”. Por esse motivo, devem ser acionadas pessoas que interfiram nesse pronto
restabelecimento, tendo poder de decisão (compras, por exemplo). Para que essas
pessoas sejam acionadas, devem ser montadas listas que normalmente abrangem os
responsáveis pela produção e o(s) componente(s) da segurança e do serviço médico, mais
chefes, supervisores e pessoal de logística.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

6.2.4. EQUIPAMENTOS
VEÍCULOS/EQUIPAMENTOS
Devem existir meios de respostas dispostos no risco/edificação, quais sejam os
equipamentos necessários, como mangueiras, hidrantes, líquidos geradores (extrato) de
espuma, mais equipamentos complementares de proteção individual, salvatagem, etc.
Normalmente esses equipamentos são projetados para atender a regulamentação
pública ou securitária, mas devem sofrer os acréscimos decorrentes da capacidade de
resposta do socorro público, conforme tratado anteriormente.

6.2.5. PONTOS DE ENCONTRO (REUNIÃO)


INSTALAÇÕES FÍSICAS (PONTOS DE ENCONTRO)
Acionado o pessoal, ele deve ter capacidade de se reunir e articular em ponto(s) de
reunião, com boa disposição geográfica, onde existem meios complementares
devidamente armazenados e disponíveis e para onde seja retransmitida a informação do
local em que está ocorrendo a emergência e que tipo de emergência.

6.2.6. NORMAS INTERNAS


NORMAS INTERNAS (LEGISLAÇÃO)
A clara definição das responsabilidades e procedimentos administrativos necessários
para a manutenção do plano, como periodicidade e responsabilidade de execução dos
simulados, dos treinamentos, da atualização da lista de pessoas a serem acionadas, de
manutenção/atualização/adequação dos meios necessários para responder às
emergências, é parte fundamental do procedimento.
Adiante, exemplo de algumas atribuições a serem desempenhadas pelos setores de
segurança patrimonial, treinamento, segurança do trabalho:

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

Quadro 6.1.

O Procedimento (Plano) de Emergência deve conter uma distribuição de

responsabilidades para que permaneça sempre operante, como por exemplo:

• Responsabilidade da segurança patrimonial: manter a lista de pessoas a

serem acionadas atualizadas.

• Do treinamento: transmitir informações sobre sinais de alerta e alarme no

treinamento de integração de novos funcionários.

• Da segurança: operações de recuperação e reativação dos trabalhos

(salvatagem). Contato para consecução de planos de auxílio mútuo com os

vizinhos e órgãos públicos, trâmite com os órgãos públicos para saber de sua

adequação, etc.

ÁGUA
Deve existir com quantidade e deve estar próxima.

RELATÓRIOS
A empresa deve possuir roteiro para a elaboração de relatórios, seja de situação real,
seja de simulado. Esse roteiro pode prever número de cópias e trâmite.

6.2.7. RELATÓRIO
Em princípio, deve ser de responsabilidade do coordenador da resposta à
emergência. Deve possuir modelo ou roteiro (impresso) padrão para sua elaboração.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

6.2.8. EXEMPLO DE ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO DE


EMERGÊNCIA
A elaboração de relatório de emergência, de responsabilidade do Coordenador da
Resposta à Emergência, deve abranger os tópicos abaixo:
1- Denominação da Emergência e indicação do “local” onde a mesma ocorreu.
2- Numeração com número sequencial/ano, por situação de emergência.
3- Indicação de data e horário de início e término dos trabalhos, registrando-se as
várias fases (conhecimento da emergência, alarme, início da resposta,
acionamento do socorro público, chegada desse socorro, término das ações de
emergência, início e término das ações de recuperação, reinicio da produção
parcial/normal, etc.).
4- Descrição das causas apuradas.
5- Descrição dos trabalhos efetuados e pessoas envolvidas (inclusive órgãos
públicos, etc.).
6- Descrição dos meios utilizados para a resposta à emergência.
7- Descrição dos danos (com fotos), com arrolamento dos bens danificados.
8- Descrição dos danos pessoais e das vítimas.
9- Descrição de impacto ao meio ambiente.
10- Estimativa (em dólares americanos, por exemplo) dos prejuízos.
11- Críticas e sugestões.
Cópia do relatório deve seguir para o setor jurídico objetivando prevenir ou advertir a
administração sobre consequências futuras decorrentes do evento.
Destaque importante
Se houver exercício dos “procedimentos” ele “existe”.
Se houver textos e não houver exercícios “não existe”.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

6.3. PROCEDIMENTOS DE ABANDONO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

6.3.1. PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO


O roteiro abaixo permite a implantação de um efetivo procedimento de abandono de
edificações (riscos):
1. A ocupação ou edificação terá um abandono mais efetivo se realizar o abandono
por setores ou compartimentos ou andares (prédio elevado), ou seja, pelas
células em que estiver naturalmente fracionada e se essas células forem
treinadas previamente antes do abandono geral.
2. A determinação para que se inicie o abandono poderá ser feita através alerta de
qualquer elemento do setor, que perceba a presença de uma grave ameaça, em
especial a presença de calor, fumaça ou chamas. (Pode-se também restringir a
somente alguns elementos, após o alarme inicial, essa capacidade de determinar
o abandono).
3. Esse alerta a todos os componentes do setor se fará pelo acionamento de um
sinal, que será do conhecimento de toda a população.
4. Acionado o sinal, todos devem interromper suas atividades, imobilizando os
equipamentos que estiverem usando e deixarem o ambiente, dirigindo-se para
um local seguro e previamente conhecido, denominado ponto de reunião (ou
ponto de encontro).
5. Nesse ponto de reunião, as pessoas serão controladas para que se constate se
todos deixaram o local de risco ou não. Haverá uma pessoa encarregada desse
controle.
6. Como medida de segurança, haverá pessoa(s) designada(s) para dar uma busca
final no local que estiver sendo abandonado, de preferência um colaborador que
trabalhe no próprio ou próximo ao local.
7. Realizado o abandono, as pessoas somente poderão retornar ao local após
autorização das equipes responsáveis pela resposta às emergências.
8. A efetividade dos procedimentos de abandono se obterá pela realização de
simulados e críticas e correções dos procedimentos.
9. A todos será ensinado como se proteger caso fiquem bloqueados pela ação de
um incêndio.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

6.3.2. AÇÕES PRÉVIAS


Antes de se implantar um procedimento de abandono deve-se verificar:
• A existência e operacionalidade do sistema de alarme. Como sinal de alarme,
pode-se utilizar o alarme de incêndio (sempre que soar abandona-se) ou outro
diferenciado (sirene da fábrica, caso a mesma possua fonte de alimentação
autônoma) ou meios expeditos, como buzinas a ar, etc.
• Se há saídas e se elas estão bem dimensionadas (de acordo com a NBR 9077
e/ou leis municipais), especialmente no que diz respeito à distância a ser percorrida
para alcançá-las, e se possuem dimensões adequadas, se as maçanetas estão
corretas (trava antipânico para locais de reunião de público) e sentido correto de
abertura das portas (direção do fluxo de saída), e, ainda, se estão sinalizadas e se
possuem iluminação de emergência.
Obs.: A inexistência de sistema de alarme ou de saídas de acordo com as normas
não deve ser considerada elemento impeditivo para a elaboração de procedimentos de
abandono, pois até que se providenciem as correções, outros meios poderão ser utilizados,
como, por exemplo, “apitos”, para se dar o alarme, e de “janelas ou outras passagens”
como saídas. A inexistência de boas saídas e bons sistemas de alarme torna ainda maior
a necessidade de implantação de procedimentos de abandono treinados.
• Se o acesso às saídas é seguro e não possui gargalos (estreitamentos) e
obstáculos.
• Se existem ou não e se são necessárias áreas de refúgio.
• Se existe procedimento para pessoas que porventura fiquem bloqueadas.
• Se no local trabalham ou ocorre a presença de pessoas com restrições de
mobilidade ou deficiência auditiva ou visual que necessitem de auxílio para a
percepção do alarme ou deslocamento.
• Se há máquina ou processo crítico para ser desligado ou desativado e que exija
ação especial ou remota (distante).
• Se há fluxo de combustível/inflamável crítico para ser interrompido.
• Se há disponibilidade de local para ponto de reunião (PR) que não interfira no
acesso e trabalho das equipes de emergência e que seja seguro.
• Se a empresa está dividida em setores (células de pessoal) que permitam a
implantação do plano de abandono (em algumas situações podem ser necessários
novos arranjos).
Eventualmente, existindo dificuldade em se realizar o controle das pessoas que
saíram, essas células podem ser compostas por setores diminutos, com 5 a 10 pessoas,
em que todas se conheçam (a elaboração de listas para controle da saída de pessoas
costuma não funcionar, por sua necessidade de constante atualização, dentre outros).
Importante lembrar que a “segurança patrimonial” costuma interferir negativamente
nas saídas, trancando-as. Quando houver necessidade de se fechar saídas, deve-se
provê-las com quadro de chaves e efetuar treinamentos.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

6.3.3. AÇÕES DURANTE O ABANDONO


COLABORADOR
• Dá o alarme ou avisa a quem de direito para fazê-lo.
• Desliga (corta/fecha/imobiliza) seu equipamento (máquina/ferramenta, etc.) e sai
do setor conduzindo os visitantes que porventura tenha recebido.
• Dirige-se ao ponto de reunião.
• Dá ciência ao controlador.
• Somente retorna ao seu local de trabalho após receber autorização específica e
clara do controlador.
• Age conforme procedimento caso fique bloqueado.

CONTROLADOR DE PESSOAL
Função para a qual deve ser previsto elemento de reserva.
Toma as providências normais acima descritas e chegando ao ponto de reunião:
• Confere o pessoal de seu setor.
• Dá ciência da saída ou não de todo o pessoal de seu setor ao controlador geral
ou às equipes de resposta às emergências para que sejam ou não realizadas buscas.

ENCARREGADO DE BUSCAS
Função para a qual deve ser designado elemento reserva.
Desliga (corta/fecha/imobiliza) seu equipamento e antes de sair:
• Busca nos locais críticos pré-determinados (banheiros, almoxarifados isolados,
etc.) pela existência de pessoas que não tenham percebido o sinal de abandono
(alarme) ou que estejam com dificuldades para realizar o abandono.
• Realiza as demais ações conforme outros funcionários.
OBSERVAÇÃO: É conveniente que o controlador seja o chefe natural do setor e que
o encarregado de buscas seja um colaborador que trabalhe no próprio setor com
treinamento adicional para essas ações ou colaborador que exerça funções em locais
próximos a esses locais críticos.
Deve ser prevista ação especial caso existam funcionários com mobilidade reduzida
ou com deficiência auditiva ou visual, etc. Uma boa alternativa é a de se determinar uma
ou mais pessoas para guiar esses funcionários em situações de emergência.
Deve ser dada especial ênfase quanto à proibição de se retornar ao local
abandonado sem prévia autorização, pois essa vontade de retornar acomete perto de 30
% das pessoas, pelos mais variados motivos, dentre os quais o de ajudar ou avisar outra
pessoa.

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63

Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

6.3.4. SIMULADOS
Os simulados são essenciais para a efetividade dos planos de abandono. Um sistema
de abandono deve ser considerado inexistente caso não ocorram simulados periódicos.
Os simulados podem ter variação de complexidade tais como:
• Saída sem comparecimento ao ponto de reunião e com retorno imediato ao posto
de trabalho, objetivando exercícios mais rápidos.
• Saída de metade do pessoal (Idem).
• Existência ou não de aviso prévio.
• Variação de horário, com aproveitamento ou não dos horários naturais de
paradas para troca de turno, almoço, etc.
• Simulação de presença de fumaça e consequente progressão agachado ou de
cócoras, etc.
Após os simulados, deve ser sempre efetuada reunião para críticas com elaboração
de atas ou relatórios e com as consequentes correções nos procedimentos implantados.

6.3.5. AÇÕES PERMANENTES


• Deve ser implantado plano permanente de inspeção periódica de funcionamento
e alcance (audição) dos sistemas de alarme, sinalização e iluminação de emergência.
• Deve-se aproveitar as interrupções de energia elétrica para testar o
funcionamento do sistema de iluminação de emergência.
• Efetuara manutenção de adequabilidade dos locais designados como ponto de
reunião quanto a permanecerem seguros e não interferirem com a ação das equipes
de resposta às emergências.
• Inspeção das rotas de fuga e das saídas quanto à existência ou não de
obstruções, de sinalização e de iluminação de emergência.
• Deve-se permanecer atento para as implantações de novos processos industriais
(que podem gerar equipamentos críticos) e para a admissão de novos funcionários,
em especial se a empresa trabalhar com deficientes, programando-se treinamentos.
OBSERVAÇÃO: Os simulados são os maiores auxiliares dos procedimentos
permanentes para verificação de manutenção e adequabilidade dos elementos essenciais
à execução dos procedimentos de abandono.

6.3.6. EXTRATO DA NBR 9077 – SAÍDAS DE EMERGÊNCIA


LARGURA
Sua largura deve ser função do número de pessoas da ocupação.
Nas escadas, deve ser função do pavimento de maior população.
Deve ser de no mínimo 0,80 m, numa sala, e de duas unidades de passagem num
pavimento ou piso, considerando-se como unidade de passagem 0,55 m.
Cada unidade de passagem permite fluxo de 100 pessoas, sendo porta, e 60, sendo
escada, em ocupações industriais e de escritório (média).

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

POPULAÇÃO
Deve ser medida a população real.
Pode-se estimar 1/7 pessoas por metro quadrado para escritório e 1/10 para
ocupações industriais.
CAMINHAMENTO
Recomenda-se como distância máxima a ser percorrida, em edificações que não
sejam dotadas de chuveiro automático, 30 metros, quando existe somente uma saída; 40
metros, quando existam 2 saídas.
Quando existem chuveiros automáticos, essas distâncias máximas podem ser
maiores.

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65

Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

6.4 TESTES
1. Qual Norma da ABNT trata-se de Brigada de Incêndio:
a) NBR 14 250.
b) NBR 14 726.
c) NBR 14 200.
d) NBR 14 276.
e) NBR 14 672.
Feedback: item 6.1.1.

2. Quais são os cuidados que devemos ter na seleção dos brigadistas.


I - Diferencie-os dos demais funcionários.
II - Manuseie-os regularmente por muito tempo.
III - Lembre-se da semana nacional de prevenção de incêndio (02 de julho).
IV - Faça uma reciclagem prática a cada 2 anos.
a) As alternativas I e II são verdadeiras.
b) As alternativas II e IV são falsas.
c) As alternativas II e IV são verdadeiras.
d) As alternativas I, II e III são verdadeiras.
e) Todas as alternativas são verdadeiras.
Feedback: item 6.1.4.

3. Quais os procedimentos de abandono em situações de emergência que devemos tomar em


relação a ação prévia?
I - Se existem ou não e se são necessárias áreas de refúgio.
II - Se no local trabalham ou ocorre a presença de pessoas com restrições físicas.
III - Se há fluxo de combustível/inflamável crítico para ser interrompido.
IV - Se há disponibilidade de local para ponto de reunião (PR) que não interfira no acesso e
trabalho das equipes de emergência e que seja seguro.
a) Somente as alternativas I e II são verdadeiras.
b) Somente as alternativas I e III são verdadeiras.
c) Somente as alternativas III e IV são verdadeiras.
d) Somente I, II e IV são verdadeiras.
e) Todas as alternativas são verdadeiras.
Feedback: item 6.3.2.

4. Quais as variações de complexidade podem existir em um simulado:


I - ( ) Saída sem comparecimento ao ponto de reunião e com retorno imediato ao posto de
trabalho (objetivando exercícios mais rápidos).
II - ( ) Saída de todo o pessoal.
III - ( ) Existência ou não de aviso prévio.
IV - ( ) Variação de horário, com aproveitamento ou não dos horários naturais de paradas para
troca de turno, almoço, etc.
V - ( ) Simulação de presença de fumaça e consequente progressão agachado ou de cócoras,
etc.

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Capítulo 6. Brigada Contra Incêndio e Plano de Emergência

Assinale a alternativa correta:


a) V, F, V, V, V.
b) V, V, F, F, V.
c) F, F, V, V, V.
d) V, V, V, V, F.
e) V, V, V, V, V.
Feedback: item 6.3.4.

5. Quais são os requisitos básicos para o funcionamento de um Corpo de Bombeiros e que podem
servir de guia para a implantação dos procedimentos de emergência?
a) Comunicações, Pessoal, Quartéis (Pontos de Encontro), mas não estão inclusos equipamentos
e nem a legislação (normas/inspeções).
b) Apenas a água é um requisito básico para o funcionamento de um CB.
c) Legislação (Normas/Inspeções) é o único requisito básico para o funcionamento de um CB.
d) Comunicações, Pessoal, Quartéis (Pontos de Encontro), equipamentos, legislação
(normas/inspeções) e água.
e) Apenas Quartéis (Pontos de Encontro) e água são os únicos requisitos básicos para um CB.
Feedback: item 6.2.1.

6. O Procedimento (Plano) de Emergência deve conter uma distribuição de responsabilidades para


que permaneça sempre operante, como, por exemplo:
a) Responsabilidade da segurança patrimonial: manter a lista de pessoas a serem acionadas
atualizadas.
b) Do treinamento: transmitir informações sobre sinais de alerta, mas não é necessário transmitir
alarme no treinamento de integração de novos funcionários.
c) Da segurança: operações de recuperação e reativação dos trabalhos (salvatagem), mas não
necessita de contato para consecução de planos de auxílio mútuo com os vizinhos e órgãos
públicos, trâmite com os órgãos públicos para saber de sua adequação, etc.
d) Do treinamento: não transmitir informações sobre sinais de alerta, mas é necessário transmitir
alarme no treinamento de integração de novos funcionários.
e) N.d.a.
Feedback: Quadro 6.1.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

CAPÍTULO 7. SISTEMAS FIXOS DE INUNDAÇÃO TOTAL COM AGENTES LIMPOS

OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem por objetivo apresentar os Sistemas de extinção de incêndio por
inundação total com Agente extintor limpo, conceituar Agente extintor limpo e apresentar
os Equipamentos e critérios de escolha de um agente e sistema de Agente extintor limpo.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Conhecer os métodos de aplicação com agentes limpos;
• Identificar os mecanismos de extinção de agentes limpos;
• Diferenciar agentes Inertes de agentes Halocarbonos;
• Analisar a escolha do agente x toxicidade;
• Conhecer os cuidados de aplicação em áreas ocupadas por pessoas;
• Saber onde usar os agentes limpos;
• Identificar os componentes de um sistema de inundação total com agente extintor
limpo.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

7.1. INTRODUÇÃO
A ocorrência de incêndio em determinados locais, mesmo que de pequenas
proporções, pode ocasionar perdas materiais significativas, seja pela perda do
equipamento de elevado valor agregado contido naquele local, seja pela parada do
equipamento e interrupção da atividade ou prestação do serviço. É o caso de salas
contendo equipamentos eletrônicos sensíveis, cada vez mais comuns na atualidade, e
ambientes com conteúdo histórico insubstituível, tais como museus e bibliotecas. Em tais
áreas, os danos provocados pela escolha inadequada do agente extintor podem ser tão
catastróficos quanto os danos provocados pelo fogo.
Historicamente, para extinção de incêndios em tais riscos, utilizou-se inicialmente o
gás carbônico (CO2), com aplicação através do método de inundação total do ambiente, e
posteriormente o gás Halon 1301, que se tratava de um agente extintor muito efetivo e com
a vantagem de não provocar risco à vida como o CO2 (asfixia).

Quadro 7.1.

O método de extinção por inundação total consiste na introdução do agente

extintor em concentração pré-determinada na área a ser protegida, concentração

está suficiente para extinção do incêndio. A introdução é realizada com o emprego

de Sistema fixo apropriado compreendendo: cilindros contendo o agente extintor;

tubulações; e difusores de descarga do agente, distribuídos no risco a ser

protegido.

A descoberta, na década de 80, dos efeitos adversos dos Halons sobre a camada
de Ozônio conduziu ao estabelecimento de prazo para descontinuação do excelente
agente extintor Halon 1301 e a uma busca de produtos alternativos que pudessem
substituí-lo. A permissão para instalação de novos sistemas fixos contendo Halon 1301 já
se encerrou e o emprego de agentes limpos é uma necessidade.
Nas décadas seguintes, vários agentes extintores que foram estudados e propostos
pelas empresas foram aceitos pela comunidade técnica, bem como pelas associações de
proteção do meio ambiente e finalmente vieram a ser incorporados nas normalizações
internacionais como agentes extintores alternativos ao gás Halon.
Tais agentes extintores mereceram uma nova classificação dentro das normas e
passaram a serem denominados como AGENTES EXTINTORES LIMPOS (CLEAN
AGENTS), tendo sido desenvolvida toda uma normalização técnica para a aplicação dos
mesmos, da qual a NFPA 2001 é a precursora.
Apresentaremos a seguir os conceitos básicos que envolvem os princípios de
atuação, a escolha e a aplicação dos AGENTES EXTINTORES LIMPOS.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

7.2. REVISÃO DE CONCEITOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

7.2.1. COMBUSTÃO X FOGO


Combustão é a reação química exotérmica que ocorre quando uma substância é
combinada com o Oxigênio e ativada pelo calor. É uma reação oxidante na qual a somatória
das energias contidas nos elementos reagentes é maior que a energia total do elemento
resultante da reação. Assim, no balanço de energia final da reação química, ocorre a
liberação desta diferença de energia sob a forma de calor, luz e chamas.
A combustão pode, em casos especiais, ocorrer em atmosferas sem Oxigênio, na
presença de outros agentes oxidantes como o Cloro e o Flúor. Porém, estes casos são
raros e neste momento estamos preocupados com a combustão na qual o agente oxidante
é o Oxigênio. Isto porque na composição do ar podemos contar com aproximadamente
21% Oxigênio, 78% de Nitrogênio e 1% de outros elementos, o que torna o Oxigênio um
dos agentes oxidantes mais comuns.
O fogo é a parte visível da combustão e gera subprodutos que podem ser percebidos
pelos nossos sentidos ou por equipamentos de detecção, que são: fumaça, chamas e calor.
Para que exista a reação de combustão e, portanto, o fogo, os três elementos devem
estar presentes. Usualmente estes elementos são representados graficamente na forma
do que se convencionou chamar de TRIÂNGULO DO FOGO: Ver Figura 7.1.
Se retirarmos qualquer um destes componentes do triângulo, o fogo se extinguirá.
Os métodos de extinção de incêndio provocam, portanto, a retirada de um destes
elementos da reação.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Combustíveis
Halocarbono
s
Barreira Mecânica

Interferência Química

Calor Oxigênio

Resfriamento Supressão de O2-gases Inertes

Figura 7.1. Triângulo do Fogo.

7.2.2. COMBUSTÍVEL
Combustível é o elemento que reage com o Oxigênio produzindo a combustão,
portanto, o combustível é o agente redutor da reação de combustão. Isto significa que o
combustível tem a capacidade de perder elétrons para o agente oxidante, que por sua vez
irá receber estes elétrons.
A combustibilidade de um material depende de sua maior ou menor capacidade de
reagir com o Oxigênio na presença de calor e, portanto, da facilidade de ceder elétrons. O
combustível é o elemento que serve de campo de propagação para o fogo.
O método de extinção relacionado a este elemento denomina-se Barreira mecânica
e consiste na retirada do combustível de contato com os demais elementos, como no caso
de fechamento de válvulas de combustível, ou sistemas de espuma que provocam o
isolamento do combustível com relação ao O2.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

7.2.3. CALOR
O calor é o segundo elemento essencial à formação do fogo. É o elemento que dá
início ao incêndio e que lhe incentiva a propagação.
Definimos a seguir alguns conceitos importantes para a compreensão do calor como
elemento essencial da reação de combustão.
Ponto de Fulgor (Flash Point): é a temperatura na qual os combustíveis liberam
vapores em quantidade suficiente para formar uma mistura igniscível quando em contato
com uma fonte externa de calor. Entretanto, a chama não se mantém devido à insuficiência
na quantidade de vapores desprendidos.
Ponto de Combustão (Fire Point): é a temperatura na qual os gases desprendidos
dos combustíveis, ao entrarem em contato com uma fonte externa de calor, entram em
combustão e continuam a queimar, mesmo se retirada a fonte externa. Normalmente este
ponto é ligeiramente superior ao ponto de fulgor.
Ponto de Ignição (Ignition Temperature): é a temperatura na qual entram em
combustão apenas pelo contato com o Oxigênio do ar, independentemente de qualquer
fonte de calor. É também chamado de Ponto de Combustão Espontânea ou Ponto de
Autoignição.
O método de extinção consiste na remoção do calor da reação de combustão,
portanto, realiza o abaixamento da temperatura do material abaixo do ponto de combustão
do mesmo. Este método é denominado Resfriamento.
A eficiência do agente extintor que age por resfriamento depende da sua capacidade
de absorver calor específico e do seu calor latente, bem como da temperatura de ebulição.
A água tem sido o agente extintor mais comumente utilizado para resfriamento,
devido sua abundância na natureza e os valores elevados de seu calor específico e calor
latente e, portanto, elevada capacidade de absorção de calor.
Além disto, devido a sua forma líquida, a água pode ser facilmente conduzida e
aplicada sobre o fogo.
Os inconvenientes da água residem nos danos que podem ser provocados pela
mesma a muitos materiais por ocasião do combate ao fogo, bem como em sua
condutividade elétrica quando em jato sólido.

7.2.4. OXIGÊNIO
O Oxigênio é o terceiro elemento necessário à reação de combustão e realiza a ação
de comburente. É o responsável pela manutenção das chamas e intensificação da
combustão.
Em ambientes pobres de Oxigênio, o fogo não tem chamas e, nos ambientes ricos,
estas são intensas, brilhantes e com elevada temperatura.
A combustão só pode ocorrer, via de regra, na presença de Oxigênio com
concentração a 13% para as chamas e, no caso dos sólidos, como a madeira, com
concentrações de 4% a 5%.
O procedimento de diminuição dos níveis de Oxigênio abaixo da concentração
requerida pelos materiais para queimar é denominado Abafamento.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Como exemplo de abafamento, podemos citar o controle de pequenos incêndios com


tampas de vasilhas e panos. Os sistemas de extinção por inundação total com gás
carbônico ou com emprego de gases inertes como o Inergen são sem dúvida os mais
significativos.

7.3. REAÇÃO EM CADEIA


O quarto elemento componente da reação de combustão e que deve estar presente
para que a mesma tenha continuidade é a Reação em Cadeia.
Como dissemos no início, a reação de combustão é exotérmica e, portanto, auto
alimenta a combustão, pois a própria reação produz o calor que irá alimentar a continuidade
da mesma.
O mecanismo de extinção da reação química da combustão pela inibição da reação
em cadeia da combustão tem um papel importante nos agentes extintores limpos, tais
como o FE-25TM, FM 200TM e demais.
Embora os agentes limpos ativos tenham atualmente a parte mais importante do
mecanismo de extinção atribuídos ao Resfriamento, é certo que a inibição da reação em
cadeia é parte importante do mecanismo de extinção.
Este quarto elemento necessário à combustão transforma na verdade o triângulo em
quadrilátero do fogo.

7.4. CLASSES DE INCÊNDIO


Conforme apresentado na Tabela 7.1, podemos classificar os incêndios em cinco
classes. Os agentes limpos são efetivos nas três primeiras classes, isto é, A, B e C. Eles
não são recomendados para incêndios classes D e K.

Tabela 7.1. Classes de Incêndio.

Classe de Incêndio Descrição


Fogo em combustíveis sólidos orgânicos comuns, tais
A
como: madeira, tecidos, papel, borracha e muitos plásticos.
Fogo em líquidos inflamáveis, gasolina, óleos, graxas,
B
tintas, e solventes e gases inflamáveis.
C Fogo em equipamentos elétricos energizados.
Fogo em metais combustíveis, tais como: magnésio,
D
zircônio, sódio, lítio e potássio.
Fogo em riscos de cozinhas e coifas que envolvem
K
gorduras vegetais e/ou animais.

Os agentes extintores devem ser escolhidos considerando sua capacidade de


extinguir o tipo de incêndio esperado para a área a ser protegida, com base no conteúdo
da área de risco em questão.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Riscos com múltiplos produtos estocados, como no caso de Armazéns, devem ter
uma análise de produtos criteriosa para permitir a correta definição do agente extintor a ser
utilizado.
Apresentamos a seguir a Tabela 7.2 que resume em linhas gerais o agente extintor
a ser empregado versus a classe de incêndio.

Tabela 7.2. Classe de Incêndio x Agente extintor.

Água Gás Carbônico Pó Químico Agente Limpo

Classe A OK Inadequado OK OK

Classe B Inadequado OK OK OK

Classe C Inadequado OK OK OK

7.5. AGENTE EXTINTOR LIMPO

7.5.1. NORMAS E ORGANISMOS RELACIONADOS


As seguintes normas tratam de agentes extintores limpos:
• NFPA 2001: Standard on Clean Agent Fire Extinguishing System;
• CEA 4008: Guidelines for non-inert gases;
• CEA 14250: Non liquefied Inert gases and CO2;
• Protocolo de Montreal;
• Protocolo de Kyoto;
• EC Regulation 2037/2000.
Os seguintes organismos internacionais podem ser consultados sobre Agentes
extintores limpos:
• US-EPA: Environmental Protection Agency - USA;
• HARC: Halon Alternatives Research Corporation - USA;
• UL: Underwriters Laboratories - USA;
• FM: Factory Mutual - USA.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

No Brasil podemos consultar:


• CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente;
• ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

7.5.2. DEFINIÇÃO DE AGENTE EXTINTOR LIMPO


De acordo com a NFPA 2001, para ser considerado um agente extintor limpo, o
produto deve atender as seguintes condições:
• Possuir propriedades extintoras;
• Não ser tóxico às pessoas na concentração de projeto;
• Não deixar resíduos nem ser corrosivo após a aplicação;
• Não ser condutor de energia;
• Ser ambientalmente seguro;
• Ser tridimensional ou gasoso.

Na Tabela 7.3 a seguir, apresentamos a relação de todos os produtos aprovados


como agentes extintores limpos e incluídos na NFPA 2001, edição de 2004.

Tabela 7.3. Agentes Extintores Limpos Aprovados pela NFPA 2001.

Como podemos observar, existe uma infinidade de agentes extintores que podem
ser escolhidos para utilização em sistemas fixos de inundação total. A escolha de um ou
outro dependerá de análise técnico-financeira, bem como de fatores importantes para a
garantia de manutenção da confiabilidade do sistema.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Enumeramos a seguir tais fatores:


1. Adequação do agente extintor ao tipo de incêndio esperado;
2. Velocidade de extinção;
3. Toxicidade X Concentração de projeto;
4. Espaço de armazenamento;
5. Pressão de armazenamento X Efeitos da descarga;
6. Segurança ambiental;
7. Compatibilidade com materiais do risco protegido;
8. Disponibilidade do agente extintor no mercado nacional em solução de longo
termo através de canal de distribuição confiável e com homologação UL e FM ou
equivalente;
9. Disponibilidade de estação de recarga no mercado nacional, com homologação
de organismo confiável, preferencialmente UL;
10. Disponibilidade de equipamento para aplicação do agente extintor com
aprovação UL/FM ou equivalente;
11. Aspectos econômicos.
O mercado brasileiro vem apresentando até o momento boas alternativas com os
agentes: FE 25TM, FE 227TM, FE 13TM da DUPONT, FM 200TM da Great Lakes e Inergen da
Ansul. Outros agentes, como o Novec da 3M e o NAF SIII, também estão presentes no
mercado nacional em menor escala.

7.5.2.1. FORMAS DE UTILIZAÇÃO


Os agentes extintores limpos podem ser aplicados nos riscos de quatro formas
distintas dependendo do tipo de equipamento utilizado.
Apresentamos a seguir tais formas.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Agente Extintor Limpo Central de Detecção


Acionamento das Válvulas

Detecção

Difusor

Detecção
Descarga do Agente

Tubulação

Sinal elétrico Área protegida

Figura 7.2. Sistema fixo de inundação total.

Neste modo de aplicação (Fig. 7.2), o agente extintor é armazenado em cilindros


metálicos sob pressão e conduzido por uma tubulação fixa na edificação, desde os cilindros
até os difusores de descarga que são adequadamente localizados e dimensionados para
promover a inundação da área protegida com a concentração de projeto necessária para
promover a extinção.
A descarga da totalidade da massa contida nos cilindros deve ocorrer em 10 s para
os agentes halocarbonos e em 60 s para os agentes inertes.
A atuação automática do sistema é realizada pelo sistema de detecção de incêndio
que detecta o fogo e envia sinal ao solenóide atuador elétrico que comandará a abertura
do cilindro e a descarga do agente extintor.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Detecção
Detecção

Agente Extintor
Descarga do Agente Limpo

Difusor

Central Endereçável

Área protegida
Sinal elétrico

Figura 7.3. Sistema de inundação total modular.

Neste tipo de sistema (Fig. 7.3), o agente extintor é contido em cilindros/esferas de


aço que são normalmente instalados no teto e piso falso dentro da área protegida, sendo
que os atuadores e difusores de descarga são partes integrantes destas esferas.
O sistema de detecção de incêndio envia sinal elétrico para os atuadores de todas
as esferas que protegem o risco, que abrem simultaneamente e descarregam o agente
extintor na área protegida. A descarga do agente extintor deve ocorrer em 10 s no caso de
Halocarbonos.
Normalmente os sistemas modulares utilizam apenas agentes limpos de
Halocarbonos, pois estes requerem menor quantidade de agente que os agentes inertes,
viabilizando assim o uso de esferas modulares.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Agente Limpo

Tubulação

Risco protegido

Figura 7.4. Sistemas fixos de aplicação local.

Nos sistemas fixos de aplicação local (Fig. 7.4), o agente extintor que está
armazenado nos cilindros é conduzido pelas tubulações e é aplicado diretamente sobre ou
internamente ao risco protegido que pode ser um equipamento, gabinete ou painel.
Neste caso, a quantidade de agente extintor aplicado é reduzida com relação ao
método de inundação total.
As normas não são específicas com relação a este tipo de método de aplicação,
porém, existem fabricantes que desenvolveram equipamentos e soluções destinadas a
este fim.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

CLASSE A

CLASSE B

Figura 7.5. Extintores Portáteis.

Os agentes extintores limpos halocarbonados são adequados também à aplicação


através de extintores portáteis (Fig. 7.5), para incêndios classe A e B, e em equipamentos
energizados. Sua alta eficiência extintora e pequeno volume necessário de
armazenamento conduzem a extintores portáteis de alta eficiência e maior facilidade de
manuseio.
Os extintores de FE-36TM são um bom exemplo desta utilização.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

7.5.2.2. MECANISMOS DE EXTINÇÃO


Podemos classificar os agentes limpos quanto ao mecanismo de extinção em dois
tipos:
AGENTES INERTES
São aqueles que contêm como componente primário um ou mais dos seguintes
gases: Hélio, Neônio, Argônio ou Nitrogênio. Podem ser uma mistura de gases e conter
CO2 como componente secundário.
Estes agentes agem pelo princípio de abafamento, reduzindo a quantidade de O2 no
ambiente a 12%, portanto, eliminando a combustão em chamas.
São aplicados pelo método de inundação total em até 60 s, requerendo um elevado
volume de armazenamento, pois necessitam ser aplicados em concentrações elevadas,
cerca de 37% a 52% em volume para conduzirem a inertização do ambiente.
Devido ao elevado volume requerido para extinção, bem como a elevada pressão de
armazenamento e descarga, tais agentes extintores conduzem a um aumento significativo
da pressão da sala protegida que pode causar o colapso de forros, divisórias e até mesmo
paredes. Estes agentes extintores requerem, portanto, a instalação de “dampers” de
sobrepressão para alívio da pressão na sala protegida.
Exemplos destes agentes inertes são: Inergen, Argonite e Argotec.

AGENTES HALOCARBONOS
São aqueles que contêm como componente principal um ou mais dos seguintes
componentes orgânicos, contendo um ou mais dos seguintes elementos: Flúor, Cloro,
Bromo ou Iodo.
Estes agentes agem principalmente pelo princípio de resfriamento a nível molecular
e também secundariamente por inibição da reação em cadeia da combustão.
São aplicados pelo método de inundação total em concentrações baixas que variam
de acordo com o produto, mas que são da ordem de 4% a 8% em volume.
Portanto, requerem menor espaço para armazenamento e não conduzem a redução
significativa do Oxigênio da área protegida.
Exemplos destes agentes halocarbonos são: FE 25TM, FM 200TM, FE 227FM, FE 13TM,
NAF SIII e FE 36TM
Na Tabela 7.3, estão indicados todos os agentes limpos classificados pelo
mecanismo de atuação.

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81

Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

7.6. TOXICIDADE
Por se tratarem de agentes extintores que são aplicados no ambiente na forma
gasosa, a inalação é o principal meio de entrada do agente extintor no organismo.
Quando falamos em toxicidade de agentes limpos, devemos observar dois aspectos
distintos, a toxicidade do agente em seu estado natural e nas concentrações de projeto e
a toxicidade dos subprodutos da decomposição do agente extintor pela ação do fogo.

7.7. TOXICIDADE DO PRODUTO EM ESTADO NATURAL


A toxicidade de um agente extintor limpo em estado natural pode ser medida por dois
parâmetros:
• NOAEL - No observable adverse effect level
Este parâmetro mede a maior concentração que pode ser utilizada do agente sem
que nenhum efeito toxicológico ou fisiológico seja observado.
• LOAEL - Lowest observable adverse effect level
Este parâmetro mede a menor concentração para a qual os primeiros efeitos
toxicológicos e fisiológicos são observados.
De um modo geral, a NFPA 2001 recomenda que não ocorra a exposição
desnecessária de pessoas a agentes limpos, sejam eles inertes ou derivados de
halocarbono, por se tratarem de produtos químicos.
No capítulo 1.5, a NFPA 2001 estabelece que o tempo máximo de exposição a
qualquer agente limpo deve ser limitado a 5 min.
Áreas normalmente ocupadas podem ter agentes halocarbonos aplicados em
concentrações de projeto acima do NOAEL e até o LOAEL, desde que possam ser
abandonadas em até 5 min.
Agentes Inertes podem ser aplicados em áreas normalmente ocupadas em
concentrações de até 43% desde que a sala possa ser abandonada em até 5 min e em
concentrações entre 43% e 53% desde que a sala possa ser abandonada em até 3 min.
Acima de 53%, estes agentes não podem ser aplicados em áreas ocupadas.
Para maiores detalhes, ver itens 1.5.1.2 e 1.5.1.3 da NFPA 2001, observando bem o
conceito de área normalmente ocupada.
Ver também tabelas do referido capítulo.

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82

Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

7.8. TOXICIDADE DOS SUBPRODUTOS DA DECOMPOSIÇÃO TÉRMICA


Quando o agente extintor limpo halocarbonado entra em contato com superfícies
quentes e com apropriada elevação de temperatura do ambiente, ele se decompõe
gerando radicais livres de F, Cl, Br ou I, dependendo de sua composição química.
Estes radicais reagem com os elementos do ar gerando ácidos como o HF, HCl e
outros subprodutos. Tais subprodutos podem ser nocivos dependendo das concentrações
geradas.
De um modo geral, nas concentrações aplicadas dos agentes, a quantidade destes
subprodutos não atinge níveis prejudiciais à saúde ou aos componentes da sala (discos,
fitas, placas), porém, deve-se procurar limitar ao máximo a formação destes componentes,
através da diminuição do tempo de pré-combustão e de uma descarga rápida do agente
extintor.
O tempo de pré-combustão também é um fator importante para os agentes extintores
Inertes uma vez que possuem maiores tempos de pré-combustão, além de conduzirem a
incêndios de maiores proporções e, portanto, mais difíceis de serem controlados,
conduzem também a menores concentrações de O2 inicial no ambiente. Como a
quantidade de agente extintor é determinada a partir da concentração de O2 de 21%, caso
tenhamos uma concentração muito menor na sala no momento da introdução do agente,
poderemos ter redução de O2 maior que a projetada e, portanto, ambiente menos seguro.
Para controle do tempo de pré-combustão, é essencial que o sistema de extinção
esteja associado a um sistema de detecção eficiente e confiável que possa identificar a
existência do incêndio rapidamente e promover o comando do sistema de extinção.
Atualmente os sistemas de detecção incipiente ou por aspiração constituem o estado
da arte para aplicação em áreas de risco eletrônico sensível.
Apresentamos a seguir a tabela comparativa dos agentes extintores mais
empregados com LOAEL, NOAEL e Concentração de projeto.

Tabela 7.4. NOAEL X LOAEL X Concentração de projeto.

FE-25 FM200 / FE227 Inergen

NOAEL %
7,5 9 43

LOAEL %
10 10,5 52

CONC PROJ% 8 6,7 37


TEMPO ABANDONO
5 5 5
min

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83

Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Outro fator a ser considerado, que diz respeito à segurança de pessoas, é o fato de
que, durante a descarga do agente limpo, existe uma expansão brusca do mesmo no
momento da gaseificação junto ao difusor e a temperatura é muito baixa. Este fenômeno
pode causar queimaduras em pessoas que estejam manuseando os difusores ou muito
próximas a estes. O mesmo pode ocorrer junto aos cilindros em caso de descargas
acidentais. Cuidados especiais devem ser tomados por pessoas responsáveis pelo
manuseio do equipamento.
A redução da temperatura depende das dimensões da sala, mas de um modo geral
não é significativa para as descargas de sistemas de baixa pressão de halocarbonos,
sendo significativa para agentes Inertes de alta pressão.
A descarga do agente extintor irá causar muito ruído e um ambiente dotado de névoa
(fog) que logo se normalizará, uma vez completada a mesma.

7.9. MEIO AMBIENTE


A própria definição de agente extintor limpo requer que o mesmo seja
ambientalmente seguro.
Para avaliação da segurança parâmetros como vida média atmosférica e ODP
(Potencial de Depleção de Ozona) e Global Warming, são avaliados para cada agente
extintor.
É importante notar ainda que, para que um agente limpo seja admitido dentro das
normas como a NFPA 2001, ele passa por exaustivos testes em organismos de controle
do meio ambiente independentes, como o EPA e HARC.
Apresentamos a seguir algumas informações complementares sobre os principais
agentes limpos.

Tabela 7.5. Agentes limpos x Meio ambiente.

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84

Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

7.9.1. NOVEC
Uma alternativa recente para a extinção de incêndio por agentes limpos é o Novec.
O Fluido 3M Novec 1230 é um agente limpo utilizado para combate ao incêndio em áreas
fechadas, sensíveis e que contenham ativos valiosos, geralmente áreas onde é
imprescindível manter a continuidade das operações.
Novec é um fluído que representa uma próxima geração em substituição ao halon,
projetado para minimizar as preocupações com a segurança humana, desempenho e meio
ambiente. Diferentemente dos HFCs da primeira geração, o fluido NovecTM 1230 tem as
características-chave que definem um agente de combate a incêndio limpo e sustentável:
- Potencial 0 (zero) de agressão à camada de ozônio;
- Tempo de vida na atmosfera de apenas 5 dias;
- Potencial de aquecimento global igual a 1 (um);
- Uma grande margem de segurança para áreas ocupadas.

PROPRIEDADES AMBIENTAIS

Novec 1230 Halon 1301 HFC-227ea HFC-125

Potencial de Agressão à
Camada de Ozônio¹ 0 12 0 0

Potencial de Aquecimento
Global² 1 7140 3.220 3.500

Vida Útil na Atmosfera (Anos) 0,014 16 29 34,2


¹ World Meteorological Organization (WMO) 1998, Model-Derived Method
² Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) 2007 Method, 100-year ITH

MARGEM DE SEGURANÇA
Halon HFC-125
Novec 1230 HFC-227ea
1301
Concentração de Uso 4-6% 5% 7,5-8,7% 8,7-12,1%

NOAEL3 10%4 5% 9% 7,5%

Margem de Segurança 67-150% 0 3-20% 0

3 NOAEL para sensibilização cardíaca


4 NOAEL para toxicidade aguda, incluindo sensibilização cardíaca

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85

Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

7.9.2. ONDE USAR E ONDE NÃO USAR


Conforme já mencionado, os agentes extintores limpos devem ser aplicados em
riscos onde o valor agregado dos equipamentos ou os danos de uma interrupção de
operação possam ser graves e onde o conteúdo da sala não possibilite a aplicação de
agentes extintores base água.
Exemplos de locais em que os agentes limpos devem ser aplicados são:
• Data Centers, Call Centers;
• Salas de telecomunicação;
• Salas de controle de indústrias;
• Salas e subestações elétricas;
• Salas de equipamentos eletrônicos sensíveis tais como ressonância
magnética;
• Salas limpas;
• Salas cofre;
• Museus, bibliotecas e edifícios históricos.
Não se deve aplicar agentes extintores limpos em:
• Produtos químicos, tais como: nitrato de celulose, pólvora;
• Metais reativos, tais como: híbrido de sódio e alumínio;
• Peróxidos orgânicos e hidrazina.

7.9.3. PROJETO E DIMENSIONAMENTO


O projeto e dimensionamento de sistema de inundação total com agentes limpos
consiste em:
• Escolha do agente extintor;
• Determinação da concentração de projeto;
• Determinação da massa de agente extintor para proteção do risco;
• Determinação do número e localização dos cilindros;
• Determinação do diâmetro e traçado da tubulação que irá conduzir o agente
extintor;
• Determinação de locação do número de difusores que irão proteger o risco;
• Cálculo da furação dos difusores.

7.10. MÉTODOS SIMPLIFICADOS – PRÉ-CALCULADO


Existem métodos de dimensionamento simplificados, chamados pré-calculados, que
permitem a solução de sistemas simples com poucos difusores e de sistemas chamados
balanceados, que são aqueles que o traçado das tubulações é simétrico e que as vazões
entre os difusores não diferem de mais de 5%. Tais métodos de dimensionamento são
oferecidos pelos fabricantes de equipamentos em manuais específicos e em tabelas de
cálculo.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Importante observar que um método simplificado só pode ser aplicado a um


determinado agente extintor e a um determinado equipamento.
Tais métodos são homologados por organismos internacionais especializados, tais
como UL e FM.
A Fig. 7.6 a seguir representa um sistema pré-calculado de FE 227TM.
Através da aplicação dos fatores de comprimento da Fig. 7.9 e dos fatores de
singularidades, deve-se escolher o diâmetro da tubulação e calcular o TPD (Total Pressure
Drop) do trecho A e mantê-lo menor que 100.
Trata-se de um método de dimensionamento expedito das tubulações que só pode
ser aplicado a sistemas simples.

Figura. 7.6. Sistema Pré Calculado.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Figura 7.7. Fatores de perda de carga.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

7.11. MÉTODO CALCULADO POR SOFTWARE


Os métodos de dimensionamento de Sistemas de extinção por inundação total por
software são baseados em técnicas de dimensionamento de escoamento bifásico, em
regime turbulento rugoso. Trata-se de softwares desenvolvidos para aplicação específica
com o equipamento e agente extintor para os quais foram projetados. Também possuem
homologação por organismos internacionais especializados, tais como UL e FM.

Figura 7.8. Exemplo de sistema com traçado de tubulações mais sofisticado, que deve ser
dimensionado por software.

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PECE, 3o ciclo de 2020.
89

Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Figura 7.9. Exemplo de listagem final do dimensionamento por software.

O projeto e dimensionamento de sistemas de inundação total com agentes limpos


será objeto de curso específico.

7.12. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS


Naturalmente os equipamentos dos sistemas de inundação total com agentes limpos
dependem do agente extintor empregado, classe de pressão de trabalho do mesmo e dos
fabricantes.
De um modo geral, podemos dizer que os sistemas que empregam agentes de
halocarbonos utilizam sistemas de baixa pressão (da ordem de 25 bar) e seus
equipamentos e tubulações necessitam suportar menor pressão de trabalho e, portanto,
podem ser menos robustos. É o caso dos sistemas de extinção com FE 25TM e FM 200TM
que trabalham com cilindros com costura e tubulações de aço carbono ASTM A 53, sem
costura SCH 40.
Já os sistemas de extinção que empregam agentes inertes trabalham com alta
pressão (como no caso do Inergen que trabalha com alta pressão de 150 bar) e, portanto,
empregam cilindros sem costura e tubulações SCH 80.
Naturalmente sistemas com menor pressão de trabalho terão menor facilidade de
escoamento e terão hardware mais econômico.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Apresentamos nas Fig. 7.10 e 7.11 as pressões de trabalho para vários agentes
extintores.

Figura 7.10. Pressões de trabalho para halocarbonos.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

Figura 7.11. Pressões de trabalho para gases Inertes.

7.13. EQUIPAMENTOS PARA SISTEMA FE-25TM


Os equipamentos com pequenas modificações nas vedações e naturalmente no
dimensionamento podem ser empregados para ambos os agentes.
Trata-se de um sistema baixa pressão (25 bar a 21°C) que trabalha com
concentração de projeto de 7% a 8% em volume para riscos classe A e descarga em 10 s.

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Capítulo 7. Sistemas Fixos de Inundação Total com Agentes Limpos

7.14. TESTES
1. Os agentes limpos são:
a) Gases que substituíram o Halon 1301
b) São gases regulamentados pela EPA quanto sua aplicação.
c) São gases que podem ser tóxicos e nocivos se aplicados excessivamente.
d) As alternativas a) e b) estão corretas.
e) As alternativas a), b) e c) estão corretas.
Feedback: item 7.1.

2. Por que a reação de combustão pode formar um quadrilátero do fogo:


a) Por ser uma reação eendotérmica.
b) Porque o calor liberado retroalimenta o processo de combustão.
c) Porque é uma reação em cadeia e diminui a energia liberada no incêndio.
Feedback: item 7.2.1.

3. O método de cálculo simplificado pode ser aplicado:


a) Sempre.
b) Em sistemas balanceados e com vazões quaisquer.
c) Em sistemas balanceados e com vazões que não variem mais de 5% entre os
difusores.
d) Em sistemas balanceados e com vazões que não variem mais de 50% entre os
difusores.
Feedback: item 7.10.

4. O método de cálculo por software pode ser aplicado:


a) É recomendado somente quando a instalação é nova.
b) Aplica-se somente a gases inertes.
c) Proporciona melhor escolha de materiais e dimensiona as tubulações.
d) Somente aplicado em sistemas não balanceados.
Feedback: item 7.11.

5. Quais fatores de um agente extintor são relacionados à toxicidade do gás:


a) NOAEL e LOAEL.
b) Potencial de agressão à camada de ozônio e de efeito estufa.
c) Potencial de agressão à camada de ozônio, potencial de efeito estufa e vida útil na
atmosfera.
d) Todas as anteriores.
Feedback: Tabela 7.5.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

CAPÍTULO 8. SISTEMA DE DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem por objetivo introduzir os diversos tipos de detectores, sistemas
de detecção pontuais e especiais, bem como normas aplicáveis, apresentar os princípios
básicos de funcionamento dos sistemas de detecção e alarme e os componentes dos
sistemas e regras básicas de instalação.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Distinguir os diversos tipos de detectores de incêndio;
• Conhecer os princípios de funcionamento dos detectores;
• Definir os componentes de um sistema de detecção e alarme de incêndio;
• Distinguir entre sistemas convencionais e inteligentes;
• Conhecer os fatores que afetam a locação de detectores;
• Conhecer os fatores que afetam a locação de acionadores manuais;
• Conhecer os fatores que afetam a locação de avisadores audiovisual.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

8.1. INTRODUÇÃO
A função de um sistema de detecção e alarme de incêndio é detectar os produtos da
combustão através de sensores eletrônicos e emitir mensagens e avisos de alarme de
modo a propiciar o pronto combate ao incêndio, evitando assim perda de vidas e danos ao
patrimônio.
O estágio atual tecnológico destes sistemas, com emprego de processadores, tanto
nos painéis de controle como nos detectores, permite oferecer ao usuário uma variedade
de soluções de elevada confiabilidade.
Detectores dos fenômenos do fogo (fumaça, calor e chama) de elevada tecnologia e
sem partes “suspeitas” (tais como pastilhas radioativas), painéis de controle cada vez mais
“inteligentes” e que fornecem um maior número de informações sobre o estado do sistema,
bem como uma normalização técnica e certificação internacional mais desenvolvida,
tornaram tais sistemas em importantes aliados à proteção de vidas, patrimônio e
continuidade do negócio.
A seguir vamos apresentar os conceitos básicos de tais sistemas, bem como
discorrer sobre as diversas tecnologias existentes, fornecendo assim as primeiras noções
referentes a eles.

8.2. NORMAS DE REFERÊNCIA


As seguintes normas técnicas devem ser consultadas:
• NBR 17240: Sistemas de detecção e alarme de incêndio - projeto, instalação,
comissionamento e manutenção de sistemas de detecção e alarme de incêndio;
• NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão;
• NBR 11836: Detectores automáticos de fumaça para proteção contra incêndio;
• NBR 13848: Acionador manual para utilização em sistemas de detecção e alarme
de incêndio;
• NFPA 72: “National Fire Alarm Code”.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

8.3. REVISÃO DE CONCEITOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

8.3.1. PRODUTOS DA COMBUSTÃO


Combustão é a reação química exotérmica que ocorre quando uma substância é
combinada com o Oxigênio e ativada pelo calor. É uma reação oxidante na qual a somatória
das energias contidas nos elementos reagentes é maior que a energia total do elemento
resultante da reação. Assim, no balanço de energia final da reação química, ocorre a
liberação desta diferença de energia sob a forma de calor, luz e chamas.
A combustão pode, em casos especiais, ocorrer em atmosferas sem Oxigênio, na
presença de outros agentes oxidantes como o Cloro e o Flúor. Porém, estes casos são
raros e neste momento estamos preocupados com a combustão na qual o agente oxidante
é o Oxigênio. Isto porque, na composição do ar, podemos contar com aproximadamente
21% de Oxigênio, 78% de Nitrogênio e 1% de outros elementos, o que torna o Oxigênio
um dos agentes oxidantes mais comuns.
O fogo é a parte visível da combustão e gera subprodutos que podem ser percebidos
pelos nossos sentidos ou por equipamentos de detecção, que são: fumaça, chamas e calor.
Estes produtos afetam materiais e seres humanos, podendo afetar os últimos tanto
física como psicologicamente.
Os efeitos resultantes da inalação de gases e do ar aquecido, aliado à dificuldade de
visão provocada pela fumaça podem causar: incapacidade física de locomoção, dificuldade
de coordenação, dificuldade de julgamento, desorientação e pânico nos indivíduos.
Todos estes fatores podem ocasionar dificuldades para que as pessoas abandonem
o local do fogo e causar a morte por inalação de gases tóxicos ou por exposição ao calor.
Os sobreviventes de incêndios podem ter complicações pulmonares ou queimaduras que
os levam à morte, posteriormente.
Apresentamos a seguir os principais produtos da combustão, sob os quais se
baseiam os métodos de detecção.
GASES DE INCÊNDIO
Num incêndio, formam-se muitos tipos de gases, dependendo da natureza do
material atingido, temperaturas e quantidade de oxigênio disponível.
Os gases mais comuns, devido à presença de carbono na maioria dos materiais, são
os dióxidos de carbono, que se forma quando o suprimento de oxigênio é amplo, e o
monóxido de carbono, quando a atmosfera é pobre em oxigênio.
Outro fator a ser considerado é o da insuficiência de oxigênio no ambiente, devido
ao consumo do mesmo na reação da combustão. A insuficiência de oxigênio causa
diversos fenômenos no comportamento das pessoas. Desde falhas de julgamento e
cansaço até a perda de consciência e morte.
A concentração de oxigênio num incêndio cai abaixo de 7% em cerca de 20 minutos.
A morte por inalação de gases e ar quente é mais comum do que a morte por todos
os outros fatores que ocorrem no incêndio (queimaduras, quedas, ataques cardíacos, etc.).

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PECE, 3o ciclo de 2020.
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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

CHAMAS E CALOR
A reação de combustão é exotérmica e a energia por ela liberada apresenta-se em
duas formas: chamas e calor.
Nem sempre as chamas estão presentes na combustão, é o caso da combustão lenta
onde são produzidos apenas gases, calor e fumaça.
As consequências mais diretas da exposição às chamas são as queimaduras.
O calor fornece energia para a continuidade da reação de combustão e para a ignição
de materiais ainda não incendiados. O calor também facilita a convecção dos gases
combustíveis que são liberados no aquecimento dos materiais. Os efeitos fisiológicos do
calor no incêndio são: desidratação, exaustão, bloqueio do aparelho respiratório e morte.
FUMAÇA
A combustão incompleta de materiais orgânicos gera finas partículas mais densas
que o ar, que são envolvidas por gases quentes e vapores, e, que através de convecção,
as mantém em suspensão, formando a fumaça.
As partículas impedem a passagem da luz e obscurecem a visão, dificultando a
locomoção e o alcance das saídas. A inalação destas partículas é prejudicial às vias
respiratórias.
A densidade de fumaça no ambiente é medida pela porcentagem de obscurecimento
cuja unidade é % Obscurecimento por metro (%Obs/m) e que expressa a dificuldade de
visualizar à medida que nos afastamos do objeto, na presença de fumaça.

~.0064% ~6,4% obs/m


obs/mFigura 9.1. Obscurecimento.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

8.3.2. CURVA DO FOGO


A curva do fogo é elemento fundamental para compreensão do fenômeno da
combustão e escolha do tipo de detector a ser utilizado.
Apresentamos na Fig. 8.2 a Curva do fogo, onde é representado, no eixo X, o tempo
decorrido do incêndio, e, no eixo Y, a densidade de fumaça.
Podemos então claramente identificar três estágios distintos do desenvolvimento do
incêndio.
ESTÁGIO 1 - FUMAÇA INCIPIENTE
Caracteriza-se por densidade baixa de fumaça e pouca energia durante um intervalo
de tempo relativamente longo. De um modo geral, a fumaça não é perceptível a olho nu e
tem dificuldades para subir.
A taxa de obscurecimento varia de 0 a 0,64 %Obs/m.
Neste estágio de combustão, o único detector efetivo é o detector por aspiração que
tem capacidade para detectar a partir de 0,005 %Obs/m até 20 %Obs/m.
Na verdade, o detector por aspiração pode ser empregado em todo extensão da
curva do fogo devido a sua capacidade de juste e ampla faixa de regulagem.
ESTÁGIO 2 - FUMAÇA VISÍVEL
Neste estágio, as taxas de obscurecimento variam de 0,64 %Obs/m a 4,8 %Obs/m e
a fumaça tem energia para subir e se fazer visível.
Os detectores mais efetivos para esta faixa são os detectores de fumaça do tipo
óptico, iônico ou lineares.
ESTÁGIO 3 - CHAMAS
Neste estágio, a quantidade de energia é maior, a curva do fogo é mais acentuada e
as chamas se fazem presentes.
Os detectores mais adequados para esta fase são os detectores de chama que são
capazes de “enxergar” as radiações ultravioleta ou infravermelha da combustão.
Nesta fase, a densidade de fumaça varia de 4,8 %Obs/m a 9,6 %Obs/m.
ESTÁGIO 4 - CALOR
Esta fase caracteriza-se pela emissão de calor e corresponde a uma aceleração na
quantidade de energia desprendida pela combustão, bem como na maior quantidade de
fumaça.
Os detectores térmicos, termovelocimétricos e os “sprinklers” são os dispositivos de
detecção mais apropriados para esta fase.

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PECE, 3o ciclo de 2020.
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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

ESTÁGIO INCIPIENTE FUMAÇA CHAMA CALOR


SEM FUMAÇA VISÍVEL VISÍVEL INTENSO
O
ESTÁGIO1 ESTÁGIO 2 ESTÁGIO 3 ESTÁGIO 4
B
SPRINKLER
S LINEAR TÉRMICO
C
OPTICO
U
CHAMA
R
E
C IONICO

I
VESDA 88
M LaserPLUS

E
N
T
O

TEMPO

ALERTA AÇÃO FOGO 1 FOGO 2


Figura 8.2. Curva do Fogo.

Naturalmente o desenvolvimento da curva do fogo varia de acordo com os materiais,


alterando-se o tempo e densidades de fumaça para cada fase, mas de um modo geral o
comportamento e a ocorrência das diversas fases são similares.

8.4. SISTEMAS DE DETECÇÃO E ALARME CONTRA INCÊNDIO


Sistema de detecção e alarme de incêndio é um conjunto de componentes e circuitos
arranjados para monitorar e anunciar o estado de alarme de fogo ou estado de supervisão
destes componentes e iniciar a resposta imediata a estes sinais.
Um sistema de detecção e alarme contra incêndio é composto por um painel central,
dispositivos que geram sinais para o painel, informando sobre situações das áreas
supervisionadas pelo sistema, e dispositivos que geram sinais a partir de um comando do
painel. Uma configuração bastante similar à de um Controlador Lógico Programável (CLP).

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PECE, 3o ciclo de 2020.
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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

Dispositivos geradores de um sinal Dispositivos geradores de


de entrada – detectores de alguma ação na saída –
fumaça, acionadores manuais, etc. sirenes, acionamentos,
Painel central -
Processamento e
lógica de
operação

Figura 8.3. Diagrama esquemático de um sistema de detecção e alarme contra incêndio.

Há diferentes tipos e utilidades de dispositivos de entrada ou INICIALIZAÇÃO, de


painéis e de dispositivos de saída, cada um adequado a uma situação. Na lista de
dispositivos de inicialização, temos detectores de fumaça (iônicos, ópticos, lineares ou por
aspiração), detectores de temperatura (fixos ou termovelocimétricos), detectores de chama
(ultravioleta ou infravermelho), acionadores manuais ou módulos de supervisão.
Os dispositivos de sinalização são os avisadores audiovisuais, avisadores sonoros,
painéis remotos.
Os sistemas podem ser divididos basicamente em dois tipos: os convencionais e os
inteligentes.

8.5. SISTEMAS CONVENCIONAIS


São aqueles cujas condições de alarme, defeito ou estado normal são classificadas
por valores elétricos (diferencial de tensão na linha), não identificando individualmente cada
equipamento alarmado ou em falha e sim um grupo de dispositivos ligados à uma Central
de alarme.
A supervisão do circuito será realizada pela leitura de um resistor de fim de linha
(RFL) no caso de circuitos classe B e por um circuito interno ao painel de controle para
circuitos classe A.
Os dispositivos de inicialização (detectores e acionadores manuais) são agrupados
em ZONAS ou LINHAS de até 20 elementos para cada área.
Os sistemas convencionais oferecem uma sinalização luminosa, um LED, por
exemplo, para cada linha de detecção. Quando um detector estiver em situação de alarme,
este LED piscará e o local de instalação de todos os dispositivos conectados àquela linha,
estará disponível em uma etiqueta colada ao lado do LED. Não será possível identificar no
painel qual deles estará gerando aquela sinalização.
Apenas após uma verificação no local de instalação será possível identificar o
dispositivo alarmado, através de uma sinalização luminosa no próprio dispositivo.
Apresentamos a seguir exemplo de conexão de linha de detecção convencional.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

Vem do Dispositivo
painel de final de
central linha

Figura 8.4. Linha de detecção mostrando a conexão em paralelo dos detectores.

Na figura acima, verificamos que o fio positivo é conectado sem interrupções nas
diversas bases, porém o fio negativo é interrompido em cada base. A continuidade se dá
através do detector, quando ele está instalado.
A corrente consumida por cada detector é baixíssima, da ordem de μA. Uma corrente
de supervisão da fiação forma-se, então, através do dispositivo de fim de linha, que na
maioria das centrais é um resistor de valor em torno de 4,7 kΏ. Quando algum detector for
retirado de sua base ou a fiação for interrompida por qualquer motivo, esta corrente deixará
de circular e o painel central emitirá uma sinalização de falha naquela linha de detecção. A
corrente de supervisão circulante é em torno de 5 mA. Como a corrente circulante através
das linhas de detecção é limitada, a tensão varia conforme se exige mais ou menos a
corrente.
Os detectores convencionais, de endereçamento coletivo ou não microprocessados,
quando a quantidade de fumaça na câmera é suficiente para gerar uma sinalização de
alarme, modifica sua impedância na linha de detecção mostrada na figura, diminuindo-a a
um valor bem abaixo do dispositivo de final de linha (algo em torno de 1 kΏ), fazendo com
que a central identifique este aumento de corrente como uma sinalização de alarme. Uma
outra condição é possível quando há um curto circuito entre os fios positivo e negativo da
linha de detecção. Neste caso, a corrente irá subir a um valor limitado apenas pela
resistência da fiação, porém, o painel de controle tem, em cada saída, um circuito limitador
de corrente que não permite que este valor ultrapasse a 100 mA, na maioria dos painéis.
Neste caso, a sinalização do painel será de falha na linha.
Assim, os estados possíveis de uma linha detecção, que são abertos, normal, em
alarme e em curto circuito, são informados pelo painel de acordo com o nível de tensão
apresentado pelo circuito alimentador da linha, conforme tabela abaixo:

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

Tabela 8.1. Valores de tensão e corrente em uma linha de detecção convencional.


Situação da linha Nível de tensão Nível de corrente

Aberto antes do 1º detector Máximo – 24 Vcc Nulo


Normal 22 a 19 Vcc ≈ 5 mA
Em alarme 16 a 12 Vcc ≈ 25 mA
Em curto 0 Vcc Até 100 mA

Os valores da tabela acima não são padronizados, mas servem como referência.
Esta operação básica é verificada nos dispositivos (painéis e detectores) do tipo
convencional ou coletivo.

8.6. SISTEMAS ENDEREÇÁVEIS ANALÓGICOS (INTELIGENTES)


São aqueles sistemas nos quais a comunicação entre Central e os dispositivos de
campo é feita de forma constante e em tempo real, através de um trem de pulsos que é
gerado pela Central e respondido pelos componentes do “loop” de comunicação.
A supervisão dos componentes é feita pela leitura do estado dos mesmos pela
Central.
Em sistemas endereçáveis analógicos, o par de fios da linha de detecção (“Loop”)
torna-se um “bus” de comunicação entre os dispositivos de campo (detectores,
acionadores, etc.) e o painel de controle, visto que cada dispositivo possui um
microprocessador em seu circuito que permite, na pior das hipóteses, que cada dispositivo
possua um endereço numérico, armazenado em memória não volátil, que permitirá sua
identificação individual no painel central mesmo estando conectado ao mesmo par de fios,
ou linha de detecção, que outros semelhantes, porém, com endereços numéricos
diferentes.
Os sistemas do tipo inteligente possuem, devido à presença de microprocessadores
em seus circuitos, a característica de fornecer uma informação mais completa ao operador
do sistema. Na maioria das vezes, esta informação é fornecida através de textos,
programados pelo próprio usuário, em displays de cristal líquido (LCD’s). Os sistemas
inteligentes são também, na quase totalidade, endereçáveis, ou seja, fornecem um texto
explicativo de sua localização para cada dispositivo de entrada, mesmo os conectados no
mesmo par de fios ou linha de detecção.
Do exposto anteriormente, podemos ressaltar os seguintes conceitos:
• Linha de detecção – Par de fios, para a maioria dos painéis, nos quais são
conectados os dispositivos de entrada de um sistema de detecção.
• Linha de detecção convencional – Não fornece ao operador do sistema a
localização individual dos dispositivos nela instalados. Apresentam uma tensão
de ≈ 22 Vcc, corrente baixa e limitada pelo painel.

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102

Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

• “Loop” de detecção inteligente – Se comunica individualmente com cada


dispositivo instalado no par de fios devido à presença de microprocessadores em
cada um deles. Uma análise do sinal presente na fiação nos mostrará trens de
pulsos de comunicação entre os dispositivos e a central, não havendo mais uma
tensão estática na linha como nos painéis convencionais. Neste tipo de linha, não
é necessário interromper a fiação em cada dispositivo instalado nem utilizar os
dispositivos de final de linha. Como cada dispositivo se comunica com o painel
central, caso um deles deixe de se comunicar, o painel emitirá uma sinalização
individual de falha para aquele dispositivo.
• Sistema convencional – A sinalização dos eventos ocorridos no sistema é
transmitida ao operador, na maioria das vezes, através de sinalizações luminosas
com LEDs. Os textos explicativos das localizações dos dispositivos são feitos
através de etiquetas adesivas no painel frontal do sistema.
• Sistema inteligente – A sinalização é feita no painel central através de “displays”
com textos individuais para cada dispositivo instalado e é possível controlar cada
um deles individualmente. Além disso, facilidades de interfaces com
computadores e impressoras estão disponíveis na maioria deles.
Já com relação aos dispositivos de saída, não há tanta diferença entre os sistemas
convencionais e inteligentes com relação à interligação com o painel. Os sistemas
inteligentes nos permitem a elaboração de lógicas de acionamento muito mais sofisticadas,
com temporizações diversas para diferentes dispositivos e a mudança através, apenas, de
modificação de software. Nos sistemas convencionais, esta modificação deverá ser feita,
na maioria das vezes, através de hardware, mas do painel para fora é tudo a mesma coisa.
Normalmente, são circuitos que demandam correntes mais altas e torna-se mais difícil a
utilização de dispositivos microprocessados.
Na lista de dispositivos de saída, temos sirenes, sinalizadores visuais (do tipo flash,
por exemplo), acionamento de dispositivos de combate (válvulas, solenóides, cabeças de
comando elétrico, etc.), desligamentos de equipamentos (ventiladores, ar condicionado,
painéis de alimentação CA, equipamentos e máquinas, etc.) e acionamentos de
equipamentos de controle (exaustores, portas corta fogo, etc.). Todas estas ações podem
ser programadas no painel, via software ou hardware, de modo a acontecerem apenas com
alguns dispositivos específicos de entrada, temporizadas ou não. As grandes diferenças
entre os painéis centrais de controle e os CLP’s são a supervisão de todo o sistema, tanto
para os elementos de entrada como para os elementos de saída, como também a
capacidade de diferenciar entre uma situação de alarme e uma situação de falha.

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8.7. COMPONENTES DO SISTEMA

8.7.1. PAINEL DE CONTROLE (CENTRAL)


O Painel de Controle ou Central de incêndio, como usualmente denominado, é o
equipamento destinado a processar os sinais provenientes dos circuitos de detecção, a
convertê-los em indicações adequadas e a comandar e controlar os demais componentes
do sistema.
A Central deve ser localizada em locais de fácil acesso e, sempre que possível, sob
vigilância humana constante.
A área destinada à Central não deve estar próxima a materiais inflamáveis ou tóxicos.
A área, quando enclausurada, deve ser ventilada e protegida contra a penetração de
fumaça e gases.
Deve existir um caminho seguro de abandono desde a Central até área segura que
não deve exceder 25 m.
Muitas vezes, para atender esta norma, é necessário a instalação de painéis
repetidores, devido à Arquitetura do local protegido.
A alimentação elétrica deve ser a partir de circuito independente e a Central deve ser
dotada de baterias e carregador de baterias que garantam 24 horas de supervisão e 15
minutos de alarme geral.
As principais características dos equipamentos e instrumentos da Central são:
• Indicação sonora e visual de FOGO para cada circuito;
• Indicação sonora e visual de DEFEITO GERAL;
• Indicação sonora e visual de FUGA À TERRA;
• Indicação visual de DEFEITO para cada circuito de detecção, circuito de alarme
e circuitos auxiliares;
• Dispositivo de inibição do indicador sonoro da Central individual que possibilite,
contudo, a atuação de qualquer nova informação de FOGO ou DEFEITO,
permitindo sucessivas inibições;
• Dispositivos de testes de funcionamento da Central.

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Figura 8.5. Central de Alarme.

8.7.2. DETECTORES DE FUMAÇA PONTUAIS


Nos anos 40, quando pesquisava sobre detectores para gases utilizados na guerra,
o suíço Ernst Meili descobriu que sua engenhoca reagia à fumaça de seu cigarro. Após o
fim da guerra, ele fundou a maior empresa fabricante de detectores de fumaça pelo
processo de ionização.
O detector iônico utiliza uma pastilha radioativa (Amerício 241) em sua concepção,
que ioniza o ar dentro de uma câmera de amostra na qual se forma uma corrente elétrica
de íons. Esta corrente é comparada com outra, de uma câmera fechada, de referência.
Quando a fumaça invade a câmera de amostra, há uma diminuição desta corrente, que faz
com que amplificadores sensíveis detectem esta mudança e o detector entre em estado de
alarme. Desde então, pesquisas já fizeram evoluir muito o detector de fumaça. Hoje, os
detectores já não utilizam mais as temíveis pastilhas radioativas. A radioatividade destas
pastilhas não é tão alta a ponto de tornarem-se perigosas para o ser humano, mas ainda
assim são radioativas e devem obedecer a procedimentos específicos de descarte em
órgãos autorizados, o que complica bastante a sua utilização. Embora fossem em alguns
casos muito mais sensíveis que os sensores de outro tipo.
Atualmente, os detectores pontuais são, principalmente, do tipo óptico, nos quais
uma fonte de luz infravermelha e um sensor, isolados opticamente por um anteparo, são
as partes mais importantes de uma câmera de amostra.

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Câmera de amostra do
detector

Fumaça

Raios
emitidos Raios
refletidos

Sensor de luz infravermelha


Emissor de luz infravermelha

Anteparo

Figura 8.6. Câmera de amostra de um detector do tipo óptico.

Os dispositivos com mais tecnologia utilizam as informações obtidas dos sensores


como dados para um software de operação instalado em seu microcontrolador.
Com a informação de um nível de tensão proporcional à quantidade de fumaça
presente na câmera de amostra e de um nível de tensão proporcional à temperatura
ambiente, o software interno do detector se baseia em algoritmos programados para uma
operação que utiliza os conceitos de Lógica Fuzzi, podendo fazer com que o mesmo
detector possa ser instalado em locais com diferentes condições ambientais tais como
garagens, cozinhas, depósitos, museus, hospitais, CPD’s, hotéis, escritórios, tendo um
desempenho satisfatório em todos eles.
Cada um destes ambientes foi analisado e verificou-se o comportamento dos
detectores em cada um deles, em condições normais e em condições de fogo, levando-se
em consideração todas as influências típicas, tais como vapores, ventilação, temperatura,
umidade, etc., de modo a fazer com que o detector somente gere um sinal de alarme em
condições de fogo real e muito mais rápido que outros mais antigos. Estes são os
detectores denominados multicritério, ou seja, são sensíveis a mais de um fenômeno do
fogo. Porém, são ainda pontuais e passivos, ou seja, detectam a fumaça apenas quando
esta os atinge, no ponto em que estão instalados.

Figura 8.7. Detector de fumaça pontual.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

A norma brasileira prevê a utilização dos detectores pontuais de fumaça em locais


com interferências, tais como velocidade do ar ou número de trocas de ar do ambiente,
altura de instalação do detector, temperatura ambiente, obstáculos à movimentação da
fumaça, etc. Ela prevê que em condições consideradas normais cada detector supervisione
uma área de até 81 m2.
Esta área deverá ser considerada como um quadrado de 9 m de lado inscrito em um
círculo centrado no ponto de instalação do detector e com raio de, aproximadamente,
6,3 m. Utiliza-se a área do quadrado e não a do círculo, porque, no caso de supervisão de
uma área qualquer, deverá haver sobreposição destes círculos para que toda a área possa
ser supervisionada, não havendo pontos, entre os círculos, sem supervisão.
Dentro do círculo acima citado, podem ser inscritos quadrados de vários tamanhos,
adequando-se à área a ser supervisionada. As dimensões de dois lados paralelos do
quadrado podem ser diminuídas de forma a aumentar a dos outros dois lados, adequando-
se, assim, a um corredor mais comprido e mais estreito, por exemplo.

Figura 8.8. Área de atuação de detectores de fumaça.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

CONDIÇÕES PARA DEFINIÇÃO DE ÁREA DE DETECÇÃO:


- Área máxima de atuação: 81 m2, teto plano, sem ventilação, até 8 m²;
- Máxima distância de qualquer ponto ao detector é de 6,3 metros;
- Sofre influência da velocidade de ar e tipo de forro/teto;
- À medida que as interferências aumentam, a área supervisionada por cada
detector diminui e serão necessários mais detectores para supervisionar uma
mesma área;
- Altura da viga (parte inferior a laje) entre 21 cm e 60 cm, a área de cobertura de
cada detector reduz-se a dois terços do espaçamento original;
- Altura da viga maior ou igual a 61 cm, a área deverá se reduzir à metade.
À medida que as interferências aumentam, a área supervisionada por cada detector
diminui e serão necessários mais detectores para supervisionar uma mesma área. Por
exemplo, o número de trocas de ar por hora, que é o volume de ar insuflado na sala durante
uma hora, dividido pelo volume da sala, pode fazer com que a área supervisionada por um
detector de fumaça caia para até 10 m2.
A figura a seguir mostra a redução de área de atuação do detector com o número de
trocas de ar.
Entende-se por troca de ar, o coeficiente entre VOLUME DE AR CIRCULANTE NO
AMBIENTE (m3/h) e o VOLUME DO AMBIENTE (m3).

Figura 8.9. Trocas de ar x área de detecção.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

Quando da elaboração do projeto do sistema, todas estas variáveis deverão ser


estudadas e levadas em consideração. Caso surjam dúvidas devido a algum parâmetro,
um teste real de fumaça deverá ser executado. Um teste real de fumaça é provocar fumaça
através de métodos específicos, previstos na norma, observando o comportamento da
fumaça nas diferentes situações de temperatura, umidade e velocidade do ar a que estará
submetida, para assim determinar a quantidade e posicionamento dos detectores pontuais.

8.7.3. DETECTORES DE TEMPERATURA E TERMOVELOCIMÉTRICOS PONTUAIS


Há outros tipos de detectores de fenômenos do fogo além de fumaça. Há os
detectores sensíveis à temperatura. Os detectores sensíveis à temperatura podem ser do
tipo “temperatura fixa” ou “termovelocimétricos”. Os de temperatura fixa enviam ao painel
um sinal de alarme quando a temperatura ambiente atinge um valor máximo pré-
estabelecido. Há detectores ajustados para alarmarem em diversos valores de
temperatura. Os mais comuns são os de 57ºC.
Os modelos termovelocimétricos alarmam com a velocidade de aumento da
temperatura. Se houver um aumento de 10ºC em menos de um minuto, por exemplo, o
detector enviará um sinal de alarme ao painel central. Por exemplo, se a temperatura
ambiente aumentar de 20 para 30ºC em menos de 1 minuto, a sinalização de alarme
acontecerá. A norma prevê que os detectores pontuais de temperatura supervisionem uma
área de 36 m2.
A norma estabelece que os detectores de temperatura devam ter uma área de
atuação de 36 m2 para alturas até 5 m.

Figura 8.10. Área de atuação de detectores de temperatura.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

8.7.4. DETECTORES DE CHAMA


São dispositivos eletrônicos que tem a capacidade de detectar a radiação emitida
pela combustão.
Podem ser do tipo:
• Detecção da chama tremulante que possibilitam a detecção da luz visível;
• Detecção de radiação Ultravioleta;
• Detecção da radiação Infravermelha.
Devem ser locados de acordo com as instruções dos fabricantes e de modo a “ver”
a chama.
Os detectores de chama são utilizados quando este fenômeno é esperado antes de
haver fumaça ou aumento de temperatura. Normalmente são utilizados para a supervisão
de locais de armazenamento de líquidos combustíveis. Dependendo do material e,
consequentemente, do comprimento de onda da luz emitida pela chama, o detector poderá
ser especificado entre as sensíveis à luz infravermelha ou ultravioleta. Normalmente os
detectores de chama são utilizados quando o combate ao fogo deve ser imediato, com gás
extintor ou água.

8.7.5. DETECTORES LINEARES


Os detectores lineares de fumaça são dispositivos que trabalham com uma fonte
emissora e uma fonte de um feixe de luz infravermelha que quando interrompido por
partículas de fumaça provocam a detecção. Em geral, são empregados para proteção de
tetos altos em áreas de grande extensão.
Apresentamos na Fig. 8.12 os critérios para locação dos detectores lineares que, em
geral, cobrem uma área de 1500 m2 (15 m x 100 m).
Cuidados especiais devem ser tomados quando da locação dos mesmos para não
obstruir o cone de visão destes com elementos estruturais e pilhas de cargas (como, por
exemplo, em armazéns verticalizados).

Figura 8.11. Detectores lineares.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

Figura 8.12. Locação de detectores lineares.

8.7.6. DETECTORES DE FUMAÇA POR ASPIRAÇÃO


A tecnologia mais recente em detectores automáticos de fumaça é a tecnologia de
detecção por aspiração e análise do ar do ambiente (ou detecção de fumaça incipiente).
Este tipo de detecção de fumaça consiste de um analisador “laser”, que possui a
capacidade de contar e analisar partículas, podendo diferenciar uma partícula de poeira de
uma partícula de fumaça. Este detector é instalado em um local próximo à área a ser
monitorada e é interligado a uma rede de tubos de PVC, CPVC ou Cobre que possui uma
série de furos através dos quais o ar ambiente, com fumaça ou não, será sugado, filtrado
e analisado pelo detector a laser. O equipamento pode inclusive, determinar a quantidade
de fumaça na amostra de ar coletado em tempo real. Ao atingir o limiar pré-ajustado, o
equipamento acionará seus dispositivos de saída, de alerta ou de combate.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

A rede de tubos é mais facilmente instalada que os detectores pontuais e os


eletrodutos, não requer manutenção e o preço é menor que instalações elétricas com
tubulações metálicas. Cada furo da tubulação pode ser considerado como um detector
pontual. Para instalações em locais de difícil acesso, fumaças de difícil detecção, locais
com alta velocidade de ar, este tipo de sistema é o mais indicado.
A faixa de atuação destes detectores é muito ampla (de 0,005%Obs/m a 20%Obs/m).
Sendo que os mesmos podem ser ajustados por software para se adequar às
condições da área protegida.
Apresentamos na Fig. 8.13 a seguir o detalhe das tubulações de amostragem, com
os principais componentes do Sistema: Detector, tubulação de amostragem e orifícios
calibrados de amostragem.

Tubo de amostragem

VESDA 88
LaserPLUS

Figura 8.13. Detalhe esquemático das tubulações de amostragem.

O exemplo típico de utilização de detectores por aspiração é a proteção de áreas


destinadas a CPD’s e riscos eletrônicos sensíveis, que normalmente possuem grande
número de trocas de ar e são de difícil tratamento com detectores pontuais.
A locação de detectores primários para amostrar os retornos de ar condicionado
conduz a soluções bastante confiáveis e econômicas. Secundariamente, podemos realizar
a amostragem de ambientes com tubulações ao nível do teto para coletar amostra do
ambiente onde se encontram os equipamentos.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

Tubo secundário ao nível do


teto
VESDA® detector VESDA® detector
(primário) (secundário)

Ar condicionado

Tubo primário no
retorno do ar

Grelha de retorno

Figura 8.14. Exemplo de utilização de detector por aspiração.

8.7.7. ACIONADORES MANUAIS


São dispositivos destinados a atuação manual de um operador em caso de incêndio.
Devem ser localizados em locais de maior trânsito de pessoas em caso de
emergência, tais como: nas saídas de áreas de trabalho, lazer, em corredores, halls, saídas
de emergência para o exterior, etc.
Deve ser instalado a uma altura de 1,20 a 1,60 m do piso acabado na forma embutida
ou de sobrepor.
A distância máxima a ser percorrida por um operador, de qualquer ponto da área
protegida até o acionador manual mais próximo, não deve ultrapassar 30 m. Na separação
vertical, cada andar deve conter ao menos um acionador.

Figura 8.15. Tipos de acionadores manuais.

Podem ser do tipo alavanca, quebre o vidro, ou quebre o vidro e aperte o botão.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

8.7.8. DISPOSITIVOS DE SAÍDA


Os dispositivos de saída utilizados em sistemas de detecção e alarme contra incêndio
podem ter a finalidade de alerta, acionamento de dispositivos de combate e/ou controle e
desligamentos de outros equipamentos que poderiam prejudicar o combate ao incêndio.
Entre os dispositivos de alerta, estão as sirenes e flashes. Estes últimos são
utilizados por exigência de entidades de defesa de pessoas com algum tipo de deficiência
física, no caso, deficiência auditiva. A luminosidade mínima emitida e a frequência do flash
são parâmetros importantes neste caso.
A norma estabelece que os dispositivos avisadores devem ser vistos e ouvidos em
toda edificação.
A NFPA 72 estabelece que os dispositivos devem fornecer 15 dB acima do nível de
ruído local.
Apresentamos na Tabela 8.3 o nível de ruído para algumas atividades.

Tabela 8.3. O nível de ruído para algumas atividades.


Meio ambiente Nivel sonoro (dB) Caracteristicas
Fabrica (muito barulho) 95 Ruido elevado
Aeroporto (Cargas e descargas)
Maquinas de Jogos Dificuldade de conversação
90
Comboio (Cargas e descargas)
Tráfego (compacto)
Impressoras industriais (Jornais) 85
Estádio de Futebol
Restaurante (barulhento) 80 Nível de ruido médio
Comboio (Sala de espera)
Auditorio (barulho regular) 75 Falar mais alto para sermos ouvidos
Fabrica (barulho regular)
Armazem
Trafego (moderado) 70
Escritório
Loja / Hipermercado
Auditório (calmo) 65 Ambiente calmo
Area residencial
Restaurante (moderado)
Armazem (calmo) 60 Conversação normal
Escritório (calmo)
Lobby de hotel
55
Hospital / Igreja

Em média, o nível de ruído das edificações é de 65 dB, portanto, 80 dB é um nível


de projeto aceitável para os avisadores sonoros.
Porém, não podemos esquecer de realizar o cálculo de atenuação em função da
distância da fonte emissora, conforme regra a seguir.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

CADA VEZ QUE A DISTÂNCIA DUPLICA HÁ UMA ATENUAÇÃO DE 6 dB.

106 dB

1 metro

2 metros 100 dB

4 metros 94 dB

Figura 8.16. Atenuação.

Outros dispositivos de saída são os responsáveis pelo acionamento automático de


combate ao incêndio. Nesta lista, estão as cabeças de comando elétrico, os solenóides e
os dispositivos pirotécnicos.

8.7.9. TUBULAÇÕES E FIAÇÃO


FIAÇÃO
A fiação deve estar contida em eletrodutos metálicos, plásticos ou pode ser aparente
em forma de cabo blindado com resistência ao calor de acordo com a área de instalação e
o tempo necessário para suportar o calor do fogo.
Quando em condutos metálicos, os condutores podem ser de cobre, rígidos ou
flexíveis e ter isolação termoplástica resistente ao fogo com tensão de prova de 600 V a
70ºC e diâmetro mínimo de 0,60 mm, tipo antichama.
O dimensionamento é realizado considerando-se a máxima queda de tensão
admissível de 5% para circuitos de detecção e 10% para circuitos de alarme e auxiliares.
Quando a instalação for em condutos plásticos ou aparentes somente pode ser
utilizado cabo blindado com diâmetro mínimo de 0,60 mm para todos os condutores com
fio dreno.
As emendas devem ser evitadas e quando realizadas devem ser empregados
conectores apropriados e devem ser realizadas em caixas de passagem. Não são
permitidas emendas dos fios dentro de tubulações ou em locais de difícil acesso.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

CONDUTOS
A função dos condutos é fornecer proteção mecânica e, quando metálicos, blindagem
contra indução eletromagnética.
Portanto, os condutos podem ser aparentes, embutidos, metálicos, plásticos ou de
qualquer outro material que garanta efetiva proteção mecânica da fiação nele contida.
Os condutos devem ter dispositivos que impeçam a passagem de fumaça e de gases
quentes dentro deles e de uma área compartimentada para outra.
Sendo metálico, o conduto deve ter perfeita continuidade elétrica.
Sendo plástico ou de outro material não condutor, os condutos devem ser rígidos ou
flexíveis e toda fiação será de cabos blindados eletrostaticamente. A distância mínima entre
cabos ou fios em dutos metálicos e fiação de 110/220 Vac deve ser de 50 cm.
Os circuitos de detecção, acionadores manuais e monitoramento devem estar em
eletrodutos distintos dos circuitos de sirenes e comando em geral.

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Capítulo 8. Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

8.8. TESTES

1. Qual a principal função da detecção no estágio incipiente da combustão.


a) Detectar princípios de incêndio em materiais que não emitem fumaça.
b) Atuar antes para a proteção da vida dos usuários do edifício.
c) São sistemas exigidos pelo Corpo de Bombeiros em locais com materiais de grande
valor.
d) Atuar de maneira a se ganhar tempo, pela detecção prévia de princípios de incêndio,
auxiliando na tomada de decisão e nos procedimentos de combate a incêndio,
preservando bens e vidas.
e) Detectar fumaças emitidas em pequenas quantidades, evitando a perda plena do
edifício.
Feedback: item 8.7.6

2. A área de cobertura de um detector de fumaça depende de:


a) Renovação do ar do ambiente
b) Da posição de instalação e formato do teto;
c) Do tipo de fumaça;
d) Somente a) e b) estão corretas;
e) Alternativas a), b) e c) estão corretas.
Feedback: item 8.7.2.

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Capítulo 9. Iluminação de Emergência

CAPÍTULO 9. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA

OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos do sistema de
iluminação de emergência, seus principais requisitos de operação e os critérios de projeto.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Posicionar pontos de iluminação de emergência em uma edificação;
• Verificar se um sistema de iluminação de emergência existente é adequado;
• Analisar criticamente um projeto de iluminação de emergência.

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Capítulo 9. Iluminação de Emergência

9.1. INTRODUÇÃO
Os Sistemas de Prevenção e Combate a Incêndio de um edifício são estruturas
físicas destinadas a preservação da vida e do patrimônio contra as situações de risco de
incêndio e contra a evolução do fogo.
A seguir, destacam-se os objetivos e princípios para que os sistemas de prevenção
e combate a incêndio sejam concebidos.
[Princípios básicos que determinam o nível de segurança da vida ao fogo nas edificações
(Life Safety Code - NFPA 101):
(a) Prevenção de ignição;
(b) Descoberta do fogo;
(c) Controle de desenvolvimento do fogo;
(d) Proteção dos efeitos do fogo;
(e) Extinção do fogo;
(f) Provisão de refúgio ou evacuação da edificação;
(g) Reação do Pessoal; e
(h) Informação de segurança de fogo para ocupantes.
Pode-se relacionar as funções de um sistema de iluminação de emergência de uma
edificação aos aspectos abrangidos pelos tópicos dos itens d, f, g e h.
O sistema de iluminação de emergência tem como principal função possibilitar que
os usuários do edifício tenham condições, em situação de falta de energia elétrica ou em
situação de incêndio (situações de emergência), de serem orientados, auxiliados e de
serem protegidos dos efeitos de um incêndio.
Ou seja, a iluminação de emergência deve proporcionar condições aos usuários a se
protegerem dos efeitos do fogo (d), de encontrar locais de provisionamento ou de se
direcionarem para as rotas de fuga (f), de forma organizada e segura (g, h).

9.2. EXIGÊNCIAS PARA O SISTEMA


Antes de se estabelecer uma lista de exigências ao sistema de iluminação de
emergência, é preciso conhecer a definição de rota de fuga.
Rota de fuga é o caminho contínuo, devidamente protegido, a ser percorrido pelo
usuário em caso de incêndio de qualquer ponto da edificação com acesso à via pública.
Sendo assim, poderá haver mais de uma rota de fuga em uma edificação, desde que
as condições descritas sejam garantidas.
Tem-se como exemplo de rota de fuga as escadarias dos edifícios que são
compostas por paredes e portas resistentes ao fogo (portas corta-fogo - PCF), corrimãos
contínuos, iluminação permanente, proteção contra a invasão da fumaça e pontos de
descarga nos pavimentos com acesso à via pública.
Além da situação de incêndio e fuga do edifício, a iluminação de emergência também
deve contemplar situações que colocam em risco a operação de determinadas partes do
edifício, a segurança do patrimônio e de bens e ainda, possibilitar que a equipe de resgate
e combate ao incêndio possa atuar de forma mais segura.

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Capítulo 9. Iluminação de Emergência

Esta última condição envolve aspectos como a provisão de iluminação em áreas de


refúgio e a prevenção da equipe de combate a choques elétricos.
A seguir são apresentadas as exigências a serem cumpridas por um sistema de
iluminação de emergência:
• Sinalizar as rotas de fuga no momento do abandono;
• Manter a segurança patrimonial, permitindo a localização de estranhos nas áreas
de segurança;
• Garantir que pessoas sem condição de locomoção possam ser vistas e salvas
pelas equipes de intervenção;
• Garantir que atividades específicas não sejam interrompidas;
• Evitar acidentes ou atrasos na evacuação do edifício por falta de uma
iluminação adequada;
• Evitar acidentes por choque elétrico (equipe de intervenção).

9.3. LOCAIS DE INSTALAÇÃO


De acordo com os conceitos apresentados no item anterior, a iluminação de
emergência deverá estar presente nos seguintes locais:

Quadro 9.1

• Corredores;

• Escadas;

• Rampas;

• Saídas;

• Áreas de trabalho;

• Áreas técnicas;

• Áreas de primeiros socorros;

• Áreas de comércio e vendas.

Nota-se que, além das áreas destinadas a fuga do edifício, a iluminação de


emergência permite que atividades de importância na edificação não sejam interrompidas.
Isto não significa que estas atividades devem permanecer quando há uma situação de
incêndio, mas deve ser lembrado que o sistema de iluminação de emergência atua também
em situações de falta de energia elétrica.

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Capítulo 9. Iluminação de Emergência

Na falta da iluminação, algumas atividades podem expor os usuários a riscos de


acidentes, como o caso de uma sala de equipamentos e máquinas; de furtos, como o caixa
de uma loja; ou de vida, como em uma sala de cirurgia, pronto-socorro, etc.

9.4. TIPOS DE ILUMINAÇÃO


A iluminação de emergência é dividida em três categorias:
• Iluminação de balizamento: sinalização com símbolos/letras que indicam a rota
de saída.
• Iluminação auxiliar: prolongar o funcionamento da iluminação de trabalho do
local.
• Iluminação de ambiente ou aclaramento: iluminação suficiente para garantir a
saída das pessoas em caso de emergência.
Em uma edificação, é possível compor os três tipos de iluminação, distribuídas
segundo as necessidades dos usuários e de acordo com as atividades por eles realizadas.

Figura 9.1. Exemplos de Iluminação de balizamento.

9.5. REQUISITOS BÁSICOS PARA O SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA


Um sistema de iluminação destinado a segurança do edifício não pode proporcionar
situações que confundam os usuários ou os exponham a riscos além daqueles decorrentes
da situação de falta de energia e do incêndio, por isto, é primordial que os componentes
do sistema tenham atributos técnicos ajustados a estas necessidades.
Em uma situação de fuga, por exemplo, seria impossível saber prontamente por onde
ir se ao final de um corredor uma luminária provocasse grande ofuscamento ao usuário.
Ou ainda, se a iluminação não fosse suficiente para que todo caminho a ser percorrido
fosse identificado.
Outra situação é o risco da equipe de combate a choques elétricos durante a
operação de extintores, hidrantes ou exposição a ambientes e superfícies umedecidos.
Por estes e outros motivos, destacam-se os seguintes requisitos para as luminárias
do sistema de iluminação de emergência. Não obstante, é fundamental o conhecimento de
todos os itens da NBR 10.898.

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Capítulo 9. Iluminação de Emergência

• Distanciamento máximo entre luminárias na rota de fuga de 15 m;


• Luminárias devem ser resistentes ao calor 70o C durante 1h;
• O difusor das luminárias deve ser leitoso ou translúcido de maneira que evite
ofuscamento quando da instalação de lâmpadas incandescentes;
• O nível mínimo de iluminamento deve ser de 3 lux para áreas planas sem
obstáculos e de 5 lux para escadas ou áreas com obstáculos;
• O contraste provocado pela iluminação em um ambiente ou durante a passagem
de um ambiente a outro durante a fuga deve ser limitado na proporção 20:1,
Luminância máxima (Lmáx): Luminância Mínima (Lmín);
• De forma complementar, o posicionamento da luminária pode ser feito de maneira
que o acúmulo da fumaça não prejudique o seu fluxo luminoso, posicionando-a,
por exemplo, nas paredes como arandelas, na altura de 1,5 m a 2,20 m;
• As luminárias devem ter índice de proteção (IP) alto para a água(1), não permitindo
que ocorra entrada de água em suas partes internas durante o combate ao
incêndio;
• Os circuitos de luminárias de emergência devem ser independentes dos circuitos
normais da edificação;
• Não exceder 25 luminárias por circuito;
• Um curto-circuito em uma luminária não deve danificar o restante do sistema de
iluminação;
• A queda de tensão máxima permitida para os circuitos de iluminação é de 6%
para lâmpadas incandescentes e 10% para lâmpadas fluorescentes;
• A corrente máxima de cada circuito não pode exceder a 12 A;
• Critério de dimensionamento dos condutores é 4 A/mm2;
• Os circuitos elétricos destinados ao sistema não devem ter tensão superior a
30 V quando estiverem percorrendo as áreas de risco, com o objetivo de proteger
a equipe de intervenção de choques elétricos (2).

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Notas:
A seguir apresenta-se a Tabela 9.1 de classificação dos índices de proteção A e B.

Tabela 9.1. Índice de Proteção (IP) para materiais elétricos.


A. Proteção contra a penetração de sólidos B. Proteção contra o ingresso de líquidos
0: Sem proteção 0: Sem proteção
1: Protegido contra os corpos sólidos 1: Protegido contra quedas verticais de
superiores a 50 mm gotas d’água (condensação)
2: Protegido contra os corpos sólidos 2: Protegido contra gotas d’água até 15o da
superiores a 12,5 mm vertical
3: Protegido contra os corpos sólidos 3: Protegido contra gotas de chuva de até
superiores a 2,5 mm 60o da vertical
4: Protegido contra os corpos sólidos 4: Protegido contra projeção de água de
superiores a 1 mm todas as direções
5: Protegido contra jatos de água de todas
5: Protegido contra pó (sem deposição nociva)
as direções
6: Protegido contra a projeção de vagalhões
6: Totalmente protegido contra pó
de água

(1) Índice de Proteção IP-AB. Ex: IP-44, IP-54, IP22, etc.


O Código índice de proteção (IP) é utilizado para quantificar o grau de proteção
garantido pelo invólucro contra a penetração de sólidos estranhos (A) e penetração de
água (B).
(2) Segundo a instrução técnica IT 18/2004 do Corpo de Bombeiros do Estado de
São Paulo, item 5.5 e 5.6, tem-se:
• A tensão máxima de 30 V é válida para todas luminárias de balizamento e
somente para as luminárias de aclaramento ou auxiliares quando instaladas
abaixo de 2,5 m;
• Quando não for possível reduzir a tensão de alimentação das luminárias, podem
ser utilizados na alimentação um interruptor diferencial residual (IDR) de alta
sensibilidade (30 mA) e proteção por disjuntor termomagnético.

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Capítulo 9. Iluminação de Emergência

9.6. FONTES DO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA


9.6.1. FONTES CENTRAIS
As fontes centrais são fontes alternativas de energia elétrica à energia provida pela
concessionária. Elas podem ser compostas por grupos moto-geradores ou bancos de
baterias.
Como o sistema de iluminação de emergência deve operar durante uma situação de
incêndio, as centrais assim como os seus componentes devem permanecer em operação
durante um período equivalente aos demais sistemas de segurança e de
compartimentação ao fogo.
Além deste critério, a central de um sistema de iluminação de emergência deve ser
localizada e abrigada segundo as seguintes premissas:
• Ser localizada em locais exclusivos sem acesso ao público e fora de áreas de
risco;
• Ser protegida por paredes e portas resistentes 2 h ao fogo;
• Ser ventilada, com saída de ar para o exterior;
• Não oferecer riscos de explosão e acidentes em funcionamento;
• Ter fácil acesso e espaço para manutenção.

Figura 9.2. Situação de instalação irregular de uma central de baterias.

As centrais de baterias podem operar com tensões de 12 Vcc ou 24 Vcc, dependendo


da viabilidade técnica e econômica a ser estabelecida pelo projeto.
As baterias devem ter garantia de vida útil de pelo menos 4 anos de uso com perda
de capacidade máxima de 10% do valor exigido na instalação.
É importante conhecer que as baterias são especificadas pela capacidade descrita
por A.h (Ampére. Hora) para uma autonomia de 10 h, ou seja, uma bateria de 400 A.h
fornece 40 A por 10 h.
Mas se o sistema necessitar de uma corrente permanente de 100 A por 4 h não será
possível atendê-lo com a mesma bateria, é preciso consultar o catálogo do fabricante e

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Capítulo 9. Iluminação de Emergência

verificar a curva de descarga da bateria para especificá-la. Para este caso, utilizando-se a
tabela abaixo, como exemplo, tem-se a necessidade de instalar uma bateria de 500 A.h.

Tabela 9.2. Exemplos de Curvas de Descarga de Baterias.


TIPO (A.h) 30’ 1h 2h 3h 4h 5h 6h 8h 10h 20h
150 116,00 87,00 54,00 40,00 31,50 26,80 22,50 18,00 15,00 8,05
200 155,00 117,00 72,00 53,30 42,00 35,00 30,00 24,00 20,00 10,80
250 190,00 146,00 91,00 66,70 52,80 43,80 38,00 30,00 25,00 13,50
300 230,00 175,00 108,00 80,00 64,00 52,60 46,00 36,00 30,00 16,30
350 262,00 198,00 128,00 94,00 74,00 61,00 52,50 42,00 35,00 18,60
400 320,00 237,00 152,00 106,50 88,50 73,00 62,00 48,00 40,00 21,70
500 374,00 277,00 178,00 130,70 102,00 84,00 73,00 57,50 50,00 26,50
600 422,00 328,00 210,00 159,00 127,00 105,60 91,00 72,00 60,00 33,60
750 560,00 407,00 270,00 198,70 160,00 132,00 114,00 90,00 75,00 42,00
850 579,00 421,00 282,60 212,60 178,70 145,60 129,70 103,60 85,00 43,50
1000 720,00 548,00 340,00 265,00 210,00 176,00 152,00 120,00 100,00 56,00
Tensão Final por Elemento de 1,75 VPE (limite definido na NBR 10.898)
Exemplo: para atendimento de 4h em 100 A. Bateria: 500 A.h

9.6.2. UNIDADES AUTÔNOMAS


Como alternativa ao sistema alimentado por fontes centrais, o sistema de iluminação
de emergência pode ser composto por unidades autônomas, compostas por luminárias
providas de baterias recarregáveis.
Encontram-se blocos autônomos com baterias nas tensões de 6 Vcc, 12 Vcc e 24
Vcc, para as funções de aclaramento e balizamento.
Com a instalação de blocos autônomos, o adequado ajuste de sua autonomia e
posicionamento, é possível atender a todos os requisitos listados no item 5.
Para prover maior facilidade para testes e manutenção, deve-se prever a alimentação
dos blocos autônomos por um circuito elétrico 110/220 V independente.
Um cuidado a se tomar é a implantação de uma rotina de testes periódicos dos
blocos, mantendo-nos em condições de operação.

Figura 9.3. Exemplos de blocos autônomos.

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Capítulo 9. Iluminação de Emergência

9.7. AUTONOMIA DO SISTEMA


A autonomia de um sistema de iluminação de emergência deve ser compatível às
condições pelas quais os usuários estarão expostos na situação de falta de energia ou
incêndio. São aspectos relevantes para a escolha do tempo de autonomia da iluminação
de emergência:
• O percurso da rota de fuga;
• A permanência do usuário na edificação durante a fuga e a concentração de
pessoas nos locais;
• A familiarização do usuário com a edificação;
• O número de rotas de fuga;
• O tipo de atividade realizada na área atendida pelo sistema.
Desta forma, exige-se um mínimo de 1 hora de autonomia, podendo se estender a
até 4 horas.
Através da avaliação destes critérios, pode-se diferenciar, a título de ilustração, as
situações de fuga quando do alarme de incêndio entre um edifício residencial, onde os
ambientes internos e a rota de fuga são conhecidos pelos moradores, e um edifício de
grande afluência de público como um hospital ou shopping center, compostos por longos
corredores e variadas rotas de fuga.

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Capítulo 9. Iluminação de Emergência

9.8. TESTES
1. Quais das exigências abaixo os sistemas de iluminação de emergência devem
atender?
a) Operar só em ocorrência de incêndio do edifício.
b) Iluminar escadas e rotas de fuga exclusivamente.
c) Atividades específicas que não sejam ligadas ao abandono do edifício não são
previstas na NBR 10898.
d) A equipe de intervenção do Corpo de Bombeiros deve atuar prevenida dos perigos de
choque elétrico e o sistema de iluminação de emergência não precisa ter nenhum
requisito que garanta a segurança destes usuários.
e) N.d.a.
Feedback: item 9.2.

2. São locais que não obrigatoriamente devem ter iluminação de emergência:


a) Áreas para prestação de atendimento de primeiros socorros.
b) Antecâmaras,
c) Escadas, rampas e áreas técnicas.
d) Áreas de trabalho ou estudos.
e) Auditórios e salas com grande concentração de pessoas.
Feedback: item 9.3.

3. A central de um sistema de iluminação de emergência deve:


I - Ter porta-corta fogo.
II - Ter paredes resistentes ao fogo por 2h.
III - Ter fácil acesso para manutenção e ventilação externa.
IV – Ser obrigatoriamente isolada da edificação para não oferecer riscos.
a) Apenas as alternativas I e II são verdadeiras.
b) Apenas as alternativas I e III são verdadeiras.
c) Apenas as alternativas II e IV são verdadeiras.
d) Apenas as alternativas I, II e III são verdadeiras.
e) Apenas as alternativas I e II são verdadeiras.
Feedback: item 9.6.1.

4. Qual a autonomia apropriada de um sistema de iluminação de emergência para um


edifício residencial e um centro cirúrgico, respectivamente?
a) A autonomia depende do tempo utilizado para a fuga do edifício.
b) 4 h é o ideal para todas situações.
c) 1h para a iluminação de balizamento 4 h para iluminação de aclaramento.
d) 1 h para o residencial e acima de 4h para o centro cirúrgico, quando se considera a
iluminação auxiliar.
e) 1h é aceitável para as duas situações, não sendo necessário ter iluminação auxiliar em
nenhum dos casos.
Feedback: item 9.7.

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Capítulo 9. Iluminação de Emergência

5. Quais dos grupos abaixo não fazem parte dos usuários aos quais o sistema de
iluminação de emergência deve atender?
a) Funcionários de escritórios ou moradores do edifício.
b) Visitantes do edifício.
c) Corpo de bombeiros.
d) Gestores, equipe de manutenção e limpeza do edifício.
e) N.d.a.
Feedback: item 9.1.

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Bibliografia

BIBLIOGRAFIA

1. Fire protection Handbook da National fire protection association - NFPA

2. National Fire Protection Association - NFPA 101 - Life Safety Code

3. NBR 10898– Sistema de Iluminação de Emergência

4. Instrução Técnica IT07 Separação entre edificações – Decreto Estadual no.


63911/18/19 – Corpo de Bombeiros São Paulo. Demais ITs também referentes ao
mesmo Decreto:

5. Instrução Técnica IT08 – Resistência ao fogo dos elementos de construção

6. Instrução Técnica IT09 – Compartimentação horizontal e vertical

7.Instrução Técnica IT11/2011 – Saídas de emergência

8.Instrução Técnica IT14/2011 – Carga de incêndio nas edificações e áreas de risco

9.Instrução Técnica IT18/2011 – Iluminação de emergência

10.Instrução Técnica IT38/2011 – Segurança contra incêndio em cozinha profissional

11. Standard on Clean Agent Fire Extinguishing Systems – NFPA 2001

12.Los milagros de la ciência- Du Pont- Fluorocarbonos Du Pont, Du PontTM FE-

25TM Agente Extintor de Incêndios

13.Du Pont FE –Agentes Extintores Limpos – Agente Extintor Limpo FE-227

14. Du Pont FE –Agentes Extintores Limpos – Agente Extintor Limpo FE-13

15. NR 23 – Proteção contra incêndios - pode ser encontrada também no site do


Ministério do Trabalho e Emprego (www.mte.gov.br)

16. VDI-Guideline-2263 Dust Fires and Dust Explosions Hazards - Assessment -


Protective Measures, Beuth-Verlag GmbH, Berlin und Koln, May 1992

17. VDI-Guideline-2263 Dust Fires and Dust Explosions Hazards - Assessment -


Protective Measures, Test Methods for the Determination of the Safety
Characteristics of Dusts, Beuth-Verlag GmbH, Berlin and Cologne, May 1990
18. Bartknecht, W.: Explosion, Protection, Basics and Application, Springer-Verlag
1993.

19. Siwek, R., Cesana, Ch.: Assessment of the Fire & Explosion Hazard of
Combustible Products for Unit Operations, Proceedings of the International
Conference and Exhibition on Safety, Health and Loss Prevention in the Oil, Chemical
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Bibliografia

20. IEC: Electrical apparatus for use in the presence of ignitable dust. Part 2 Test
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explosion indices of combustible dust in air, International Organization for
Standardization, 1985.

22. Siwek, R., Cesana, Ch.: Safety Testing Equipment, Technical Safety Indices,
Kuhner AG, CH-4127 Birsfelden, May 1991.

23. Siwek, R., Cesana, Ch.: Ignition Behavior of Dusts: Meaning and Interpretation,
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24. Cesana, Ch., Siwek, R.: Mike 3 minimum ignition apparatus, Kuhner AG, CH-
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25. IEC: Electrical apparatus for use in the presence of combustible dust, Part 2: Test
Methods, Section 3: Method for determining minimum ignition energy of dust / air
mixtures (draft), 1992.

26. NBR 17240: Sistemas de detecção e alarme de incêndio - projeto, instalação,


comissionamento e manutenção de sistemas de detecção e alarme de incêndio.

27. RIPLEY, AMANDA – IMPENSÁVEL- Como e porque as pessoas sobrevivem a


desastres, Editora Globo.

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