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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA DA USP

PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA

eST-201/STR-201
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS E EXPLOSÕES
PARTE A

ALUNO

SÃO PAULO, 2023


EPUSP/PECE
CURSO:
ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO – EEST

MODALIDADE:
EAD SEMIPRESENCIAL

EDIÇÃO/ANO:
1/2023

CRÉDITOS:

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - EPUSP


DIRETOR:
Prof. Dr. REINALDO GIUDICI

Programa de Educação Continuada - PECE


Prof. Dr. WILSON SHIGUEMASA IRAMINA

Cursos de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho


COORDENADOR:
Prof. Dr. HOMERO DELBONI JUNIOR

ASSESSORA TÉCNICA/ADMINISTRATIVA:
Profª. Drª. MARIA RENATA MACHADO STELLIN

Equipe de Instrutores Multimídia à distância - IMAD (TUTORIA):


- Engº. de Segurança do Trabalho DIEGO DIEGUES FRANCISCA
- Engº.de Segurança do Trabalho FELIPE BAFFI DE CARVALHO
- Engª.de Segurança do Trabalho RENATA JULIANA LEMOS MARINHO

ASSESSOR DE NOVOS PROJETOS EDUCACIONAIS:


VICENTE TUCCI FILHO
PP – PROFESSOR PRESENCIAL- Material Didático
- DEIVES DE PAULA (Capítulos: 8, 9 e 10);
- RICARDO METZNER (Capítulos: 1- Parte I, 6, 7 e 12);
- ROSARIA ONO (Capítulos: 1- Parte II, 2, 3, 4, 5 e 11).

“Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo,
sem a prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais sobre este documento”
SUMÁRIO

SUMÁRIO

1.1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA .......................................................................................2


1.2. FOGO SOB O CONTROLE E SEM CONTROLE ......................................................................2
1.3. QUANDO O FOGO ESTÁ FORA DE CONTROLE ...................................................................3
1.4. FOGO COM E SEM PRESENÇA DE CHAMAS ........................................................................3
1.5. FOGO E EXPLOSÃO.................................................................................................................3
1.6. NEM TODAS AS EXPLOSÕES ENVOLVEM FOGO ................................................................4
1.7. TIPOS DE INCÊNDIOS ..............................................................................................................4
1.8. PERDAS HUMANAS QUE PODEM OCORRER EM INCÊNDIOS ............................................5
1.9. ASFIXIA .....................................................................................................................................6
1.10. INCÊNDIOS EM INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS .....................................................................7
1.10.1. OCORRÊNCIA DE INCÊNDIO EM INDÚSTRIA, EM 1995 NA REGIÃO DO ABCD
(SP) .......................................................................................................................................... 7
1.10.2. OCORRÊNCIA DE INCÊNDIO EM INDÚSTRIA, EM 1999 NA CIDADE DE SÃO
PAULO ..................................................................................................................................... 8
1.10.3. OCORRÊNCIA DE PRINCÍPIO DE INCÊNDIO EM 2001 NO VALE DO PARAÍBA
(SP) .......................................................................................................................................... 9
1.10.4. INCÊNDIO E EXPLOSÃO EM TANQUE.................................................................... 10
1.11. FAIXA DE EXPLOSIVIDADE .................................................................................................11
1.11.1. INCÊNDIO NA FAVELA DE VILA SOCÓ -CUBATÃO (SP) (1983)........................... 11
1.11.2. VAZAMENTO, INCÊNDIO E EXPLOSÃO DE USINA ÁTOMO ELÉTRICA
CHERNOBYL 1986 (EX- URSS) ............................................................................................ 11
1.11.3. INCÊNDIO EM DEPÓSITO DE ALIMENTOS NA REGIÃO DO ABC (SP) 2001 ....... 12
1.12. EXPLOSÕES EM SILOS .......................................................................................................12
1.13. INCÊNDIOS EM AERONAVES .............................................................................................13
1.14. INCÊNDIO DESTRUIÇÃO DO DIRIGÍVEL HINDENBURG (“ZEPPELIN”) NOVA JERSEY
1937 ................................................................................................................................................13
1.15. POUSO DE EMERGÊNCIA DE BOEING 707 NAS IMEDIAÇÕES DE ORLY (FRANÇA)
1973 ................................................................................................................................................14
1.16. COLISÃO DE AERONAVES – ILHAS CANÁRIAS ...............................................................15
1.17. QUEDA DE AERONAVE CONCORDE– PARIS 2000 ..........................................................15
1.18. INCÊNDIO EM TRENS E METRÔS .......................................................................................16
1.18.1. COLISÃO E DESCARRILAMENTO EM 1989 (CATTLET, VIRGINIA, EEUU) .......... 16
1.18.2. INCÊNDIO E EXPLOSÃO NA CORÉIA DO NORTE, EM 2004 ................................. 17
1.18.3. INCÊNDIO EM MATO GROSSO DO SUL, EM 2004......................................................17
1.19. INCÊNDIO EM LOCAIS PÚBLICOS......................................................................................17
1.19.1. CIDADE DE LONDRES (1666) .......................................................................................17
1.19.2. CHICAGO (1871) ............................................................................................................17
1.19.3. TEATRO IRAQUOIS - CHICAGO (1903) ........................................................................18
1.19.4. INCÊNDIO EM SÃO FRANCISCO (1906) ......................................................................18
1.19.5. INCÊNDIO NA DISCOTECA COCONUT GROVE, BOSTON (1942) .............................18

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
SUMÁRIO

1.19.6. DISCOTECA EM CHICAGO (2003) ................................................................................18


1.19.7. DISCOTECA EM NOVA YORK (2003) E BUENOS AIRES (2004) .................................19
1.19.8. SUPERMERCADO EM ASSUNÇÃO (2003) ...................................................................19
1.19.9 BOATE KISS – SANTA MARIA (RS) (2013) ....................................................................19
1.19.10 BOATE CLUB EXCLUSIV – BUCARESTE (ROMÊNIA) (2015).....................................20
1.20. INCÊNDIO EM RESIDÊNCIAS ..............................................................................................20
1.20.1. INCÊNDIO EM APARTAMENTO EM SALVADOR (1975) ..............................................20
1.20.2. INCÊNDIO EM RESIDÊNCIA EM SÃO PAULO (1972) ..................................................21
1.20.3. INCÊNDIO I EM APARTAMENTO EM SÃO PAULO (1987) ...........................................22
1.20.4. INCÊNDIO II EM APARTAMENTO EM SÃO PAULO (1987) ..........................................23
1.20.5 GRENFELL TOWER – LONDRES (2017) .......................................................................24
1.21. INCÊNDIOS EM ESCRITÓRIOS ...........................................................................................24
1.21.1. EDIFÍCIO ANDRAUS, SÃO PAULO (1972) ....................................................................24
1.21.2. EDIFÍCIO JOELMA, SÃO PAULO (1974) .......................................................................24
1.21.3. EDIFÍCIO GRANDE AVENIDA, SÃO PAULO (1981) ......................................................24
1.1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO ...........................................................28
1.1.1. SISTEMA GLOBAL DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO ...........................................28
1.1.2. OS REQUISITOS FUNCIONAIS NA SEGURANÇA DE UM EDIFÍCIO ............................30
1.1.3. MEDIDAS DE PROTEÇÃO PASSIVA E ATIVA ................................................................31
1.1.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS E EXIGÊNCIAS HUMANAS .................................33
1.2. COMPARTIMENTAÇÃO HORIZONTAL E VERTICAL DOS EDIFÍCIOS ...............................34
1.2.1. RESISTÊNCIA AO FOGO DAS VEDAÇÕES E DA ESTRUTURA ...................................35
1.2.2. DISTANCIAMENTO SEGURO ENTRE EDIFÍCIOS ..........................................................35
1.2.3. REVESTIMENTOS E ACABAMENTOS ............................................................................37
1.3. TESTES ...................................................................................................................................38
2.1. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO ......................41
2.2. AS NORMAS BRASILEIRAS ..................................................................................................41
2.2.1. PROCEDIMENTOS DE PROJETO E INSTALAÇÃO ........................................................41
2.2.2. MÉTODOS DE ENSAIO PARA AVALIAÇÃO DE PRODUTOS ........................................42
2.3. LEIS, DECRETOS E NORMAS GOVERNAMENTAIS ............................................................43
2.3.1. FEDERAIS ........................................................................................................................43
2.3.2. ESTADUAIS ......................................................................................................................44
2.3.3. MUNICIPAIS .....................................................................................................................45
2.4. EXIGÊNCIAS ESPECÍFICAS PARA O ESTADO DE SÃO PAULO .......................................45
2.4.1. O DECRETO ESTADUAL 63.911/2018 E SEUS COMPLEMENTOS ...............................47
Tipo.................................................................................................................................. 47
I ....................................................................................................................................... 47
II ...................................................................................................................................... 47
III ..................................................................................................................................... 47
IV ..................................................................................................................................... 47

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
SUMÁRIO

V ...................................................................................................................................... 47
VI ..................................................................................................................................... 47
2.4.2. LISTA DE NORMAS TÉCNICAS DE INTERESSE ...........................................................52

2.4.2.1. Procedimentos de projeto e instalação ................................................................. 52


2.4.2.2. Métodos de Ensaios ................................................................................................ 53
2.5. TESTES ...................................................................................................................................54
3.1. PRINCÍPIOS BÁSICOS ...........................................................................................................57
3.2. ROTAS DE FUGA....................................................................................................................58
3.3. DIMENSIONAMENTO..............................................................................................................59
3.3.1. LARGURAS MÍNIMAS ......................................................................................................60
3.3.2. CÁLCULO DE LOTAÇÃO .................................................................................................60
3.3.3. ROTAS HORIZONTAIS E VERTICAIS .............................................................................61
3.3.4. DEGRAUS E PATAMARES ..............................................................................................63
3.3.5. RAMPAS ...........................................................................................................................63
3.3.6. CORRIMÃOS E GUARDA-CORPOS ................................................................................64
3.3.7. DISTRIBUIÇÃO.................................................................................................................65
3.4.1. PROTEÇÃO PASSIVA ......................................................................................................66
3.4.2. PROTEÇÃO ATIVA...........................................................................................................66
3.4.3. ÁREAS DE REFÚGIO .......................................................................................................66
3.5. TIPOS DE ESCADAS ..............................................................................................................67
3.5.1. ESCADAS ABERTAS/ NÃO ENCLAUSURADAS .............................................................68
3.5.2. ESCADAS ENCLAUSURADAS PROTEGIDAS ................................................................68
3.5.3. ESCADAS ENCLAUSURADAS À PROVA-DE-FUMAÇA .................................................68
3.5.4. ESCADAS A PROVA DE FUMAÇA PRESSURIZADAS ...................................................70
3.5.5. ESCADAS EXTERNAS .....................................................................................................71
3.6. SINALIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA ..........................................................................................72
3.6.1. FUNÇÕES DA SINALIZAÇÃO ..........................................................................................72

3.6.1.1. Sinalização básica ................................................................................................... 72


3.6.1.2. Sinalização complementar ...................................................................................... 72
3.6.2. APLICAÇÃO......................................................................................................................73

3.6.2.1. Sinalização básica ................................................................................................... 73


3.6.2.2. Sinalização complementar ...................................................................................... 74
3.6.2.3. Materiais ................................................................................................................... 74
3.7. TESTES ...................................................................................................................................76
4.1. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA .........................................................................79
4.2. PRINCÍPIOS BÁSICOS ...........................................................................................................79
4.3. PARÂMETROS DE PROJETO ................................................................................................82
4.4. SISTEMAS NATURAIS DE CONTROLE DE MOVIMENTO DE FUMAÇA .............................82
4.5. SISTEMAS MECÂNICOS DE CONTROLE DE MOVIMENTO DE FUMAÇA ..........................85

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SUMÁRIO

4.5.1. DIFERENÇA DE PRESSÃO .............................................................................................86


4.5.2. SISTEMA EXCLUSIVO E NÃO-EXCLUSIVO ...................................................................87
4.5.3. CONTROLE DE FUMAÇA NOS PAVIMENTOS ...............................................................87
4.5.4. CONTROLE DE FUMAÇA NAS CIRCULAÇÕES VERTICAIS .........................................90
4.6. CONTROLE DE FUMAÇA NAS INSTRUÇÕES TÉCNICAS. ..................................................91
4.6.1. INSTRUÇÃO TÉCNICA NO 13/2019 – PRESSURIZAÇÃO DE ESCADAS DE
SEGURANÇA .............................................................................................................................91
4.6.2. – INSTRUÇÃO TÉCNICA NO 15/2019 – CONTROLE DE FUMAÇA ................................92
4.7. TESTES ...................................................................................................................................94
5.1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................................97
5.2. BRIGADAS DE INCÊNDIO ......................................................................................................98
5.2.1. ORGANIZAÇÃO......................................................................................................... 100
5.2.2. A GERÊNCIA DA BRIGADA DE INCÊNDIO ............................................................. 101
5.3. TREINAMENTO / EXERCÍCIO DE ABANDONO .................................................................. 102
5.3.1. PLANOS DE EMERGÊNCIA ...................................................................................... 105
5.4. TESTES ................................................................................................................................. 106
CAPÍTULO 6. ELEMENTOS CONSTITUINTES DO FOGO E EVENTOS REAIS ........................ 108
6.1. INCÊNDIO EM LOJAS ....................................................................................................... 109

6.1.1. Loja de Fogos de Artifício no Bairro de Pirituba em São Paulo (1995). ............... 109
6.1.2. Shopping Center em Osasco (SP) (1995) ............................................................... 109
6.1.3. Incêndio em Prédio de Banco em Los Angeles (EEUU) (1988) ............................. 109
6.2. INCÊNDIOS EM VEÍCULOS RODOVIÁRIOS.................................................................... 111

6.2.1. Incêndio em Automóveis Parados .......................................................................... 112


6.2.2. Colisão Frontal na Região do ABCD, em São Paulo (2004) .................................. 112
6.3. INCÊNDIOS EM TÚNEIS ................................................................................................... 113

6.3.1. Incêndio no Eurotunnel (1996) ................................................................................ 113


6.3.2. Túnel Montblanc (1999) ............................................................................................ 114
6.3.3. Túnel Tauern, Áustria (1999).................................................................................... 114
6.3.4. Túnel Gotthard, Suíça (2002) ................................................................................... 114
6.3.5. Incêndio no Túnel Kitzeinhorn, Áustria (2000) ....................................................... 114
6.4. INCÊNDIOS EM EMBARCAÇÕES .................................................................................... 115

6.4.1. Explosão em Embarcação Texas City (1947) ......................................................... 115


6.4.2. Incêndio e Explosão em Embarcação Istambul (Turquia) (1990) ......................... 115
6.5. INCÊNDIOS EM HOTEL .................................................................................................... 115
6.6. INCÊNDIOS E ACIDENTES EM ATIVIDADES DE LAZER ............................................... 116

6.6.1. Churrasco em São Paulo (1980) .............................................................................. 116


6.6.2. “Guerra de Espadas” no Interior Bahia (1991) ....................................................... 116
6.6.3. Festa Junina em São Paulo (1975) .......................................................................... 116

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SUMÁRIO

6.7. INCÊNDIOS FLORESTAIS ................................................................................................ 116

6.7.1. Incêndio Florestal Itatiaia (RJ) (2001) ..................................................................... 117


6.8. O QUE É NECESSÁRIO PARA HAVER FOGO ................................................................ 117
6.9. O QUE É NECESSÁRIO PARA EXTINGUIR O FOGO ..................................................... 118
6.10. TESTES ........................................................................................................................... 119
CAPÍTULO 7. TRANSMISSÃO DE CALOR E AS TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO ..... 121
7.1. FORMAS DE TRANSMISSÃO DE CALOR ....................................................................... 122
7.2. SEQUÊNCIA DE UM INCÊNDIO ....................................................................................... 123
7.3. SEQUÊNCIA DE UM COMBATE A UM INCÊNDIO .......................................................... 123
7.4. OS COMBUSTÍVEIS E SUAS TEMPERATURAS ............................................................. 123
7.5. PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS ....................................................... 125
7.6. CLASSES DE FOGO E TIPOS DE EXTINTORES ............................................................ 126
7.7. SPRINKLERS OU CHUVEIROS AUTOMÁTICOS............................................................. 127
7.8. DETECTORES................................................................................................................... 127
7.9. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA ...................................................................................... 127
7.10. INCÊNDIO REAL ............................................................................................................. 128
7.11. INCÊNDIO PADRÃO ....................................................................................................... 128
7.12. ROTAS DE FUGA E SAÍDAS DE EMERGÊNCIA ........................................................... 129
7.13. HIDRANTES .................................................................................................................... 129
7.14. DIQUES DE CONTENÇÃO.............................................................................................. 131
7.15. TESTES ........................................................................................................................... 132
CAPÍTULO 8. SISTEMAS DE EXTINTORES DE COMBATE CONTRA INCÊNDIO ................... 134
8.1. CONCEITUAÇÃO .............................................................................................................. 135
8.2. TIPOS DE AGENTES EXTINTORES, PRINCÍPIOS DE EXTINÇÃO E SISTEMAS DE
EXPULSÃO ............................................................................................................................... 135
8.3. CLASSIFICAÇÃO DOS FOGOS E DOS RISCOS ............................................................. 138
8.4. MARCAÇÃO NO QUADRO DE INSTRUÇÕES DOS EXTINTORES ................................ 138
8.5. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS DAS OCUPAÇÕES ....................................................... 140
8.6. CLASSIFICAÇÃO, CAPACIDADE EXTINTORA E DESEMPENHO DOS EXTINTORES . 143
8.7. REQUISITOS COM RELAÇÃO À INSTALAÇÃO............................................................... 144
8.8. SELEÇÃO DE EXTINTORES ............................................................................................ 145

8.8.1 Geral ........................................................................................................................... 145


8.8.2 Seleção por Risco...................................................................................................... 145
8.8.3 Seleção de Extintores para Fogos em Líquidos e Gases Inflamáveis
Pressurizados ..................................................................................................................... 146
8.9. DISTRIBUIÇÃO DOS EXTINTORES ................................................................................. 146

8.9.1 Geral ........................................................................................................................... 146


8.9.2 Capacidade Extintora e Distribuição para Risco Classe A .................................... 147
8.9.3 Capacidade Extintora e Distribuição para Risco Classe B .................................... 148

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SUMÁRIO

8.9.4 Capacidade Extintora e Distribuição para Risco Classe C .................................... 148


8.10. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE EXTINTORES PARA FOGOS
DE CLASSE A .......................................................................................................................... 149
8.11. MANUTENÇÃO DE EXTINTORES DE INCÊNDIO ......................................................... 150
8.12. TESTES ........................................................................................................................... 152
CAPÍTULO 9. SISTEMAS DE HIDRANTES E MANGOTINHOS ................................................. 154
9.1. CONCEITUAÇÃO .............................................................................................................. 155
9.2. COMPONENTES DOS SISTEMAS ................................................................................... 155

9.2.1. Mangueiras ................................................................................................................ 156


9.2.2. Tubulações ................................................................................................................ 156
9.2.3. Recalque Para O Corpo De Bombeiros .................................................................. 157
9.2.4. Esguicho.................................................................................................................... 158
9.2.5. Alarme ....................................................................................................................... 158
9.2.6. Abrigo ........................................................................................................................ 158
9.3. VÁLVULAS DE ABERTURA PARA HIDRANTES OU MANGOTINHOS ........................... 158
9.4. TIPOS DE SISTEMAS ....................................................................................................... 159
9.5. LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE HIDRANTE OU DE MANGOTINHOS: ....................... 160
9.6. DIMENSIONAMENTO ....................................................................................................... 160

9.6.1. Reserva De Incêndio ................................................................................................ 162


9.7. RESERVATÓRIOS ............................................................................................................ 162
9.8. BOMBAS DE INCÊNDIO ................................................................................................... 162
9.9. BOMBAS ACOPLADAS A MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA ................................ 165
9.10. BRIGADA DE INCÊNDIO ................................................................................................ 166
9.11. ACEITAÇÃO, VISTORIA E MANUTENÇÃO .................................................................... 166

9.11.1. Aceitação Do Sistema ............................................................................................ 166


9.11.2. Inspeção Visual....................................................................................................... 166
9.11.3. Ensaio De Estanqueidade ...................................................................................... 166
9.11.4. Ensaio De Funcionamento ..................................................................................... 166
9.11.5. Vistoria Periódica ................................................................................................... 167
9.11.6. Plano De Manutenção............................................................................................. 168
9.12. APLICABILIDADE DOS SISTEMAS ................................................................................ 169
9.13. TESTES ........................................................................................................................... 173
CAPÍTULO 10. SISTEMA DE CHUVEIROS AUTOMÁTICOS DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIO.... 175
10.1. CONCEITUAÇÃO ............................................................................................................ 176

10.1.1. Modelos De Chuveiros ........................................................................................... 176


10.1.2. Chuveiro Com Elemento Termo-Sensível Tipo Solda Eutética .......................... 177
10.1.3. Chuveiros Automáticos Com Elemento Termo-Sensível Tipo Ampola De Vidro
.............................................................................................................................................. 177

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SUMÁRIO

10.1.4. Chuveiros Convencionais Ou Spray ..................................................................... 177


10.2. ELEMENTOS DO SISTEMA ............................................................................................ 179

10.2.1. Suprimento De Água .............................................................................................. 179


10.3. A NORMA BRASILEIRA NBR 10897/2014 ...................................................................... 180
10.4. CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA ..................................................................................... 185
10.5. MATERIAIS E COMPONENTES UTILIZADOS NO SISTEMA ........................................ 186
10.6. TUBULAÇÕES AÉREAS ................................................................................................. 186
10.7. TUBULAÇÕES SUBTERRÂNEAS ................................................................................... 187
10.8. HIDRANTES E MANGOTINHOS ..................................................................................... 189
10.9. POSICIONAMENTO DOS CHUVEIROS EM RELAÇÃO AOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS ......................................................................................................................... 189
10.10. TETOS LISOS (CONFORME DEFINIDO NA NBR 10897) ............................................ 189
10.11. CRITÉRIOS DE PROJETO ............................................................................................ 191
10.12. MANUTENÇÃO DO SISTEMA....................................................................................... 191
10.13. TESTES ......................................................................................................................... 192
11.1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 195
11.2. ENSAIOS DE REAÇÃO AO FOGO ..................................................................................... 195
11.3. ENSAIOS DE RESISTÊNCIA AO FOGO ............................................................................ 199
11.4. ENSAIOS DE EQUIPAMENTOS, COMPONENTES E SISTEMAS ..................................... 203
11.5. AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS / ACEITAÇÃO DE INSTALAÇÕES ...................................... 204
11.6. QUALIDADE E PRODUTIVIDADE ...................................................................................... 205
11.7. AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA ...................... 207
11.8. PANORAMA DA CERTIFICAÇÃO ...................................................................................... 209
11.8.1. VANTAGENS DA CERTIFICAÇÃO .............................................................................. 211
11.8.2. O CAMINHO DA CERTIFICAÇÃO ................................................................................ 212
11.9. TESTES ............................................................................................................................... 214
CAPÍTULO 12. PAPEL DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO SISTEMA DE COMBATE A
INCÊNDIO ..................................................................................................................................... 216
12.1. O PAPEL DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA.............................................................. 217
12.2. SEGUROS ....................................................................................................................... 219
12.3. BOMBEIROS ................................................................................................................... 220
12.4. OBJETIVOS DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS ........................ 222
12.5. MEDIDAS DE PROTEÇÃO .............................................................................................. 223

12.5.1. Medidas De Proteção Ativas .................................................................................. 223


12.5.2. Medidas De Proteção Passivas ............................................................................. 223
12.6. CARGA DE INCÊNDIO .................................................................................................... 232
12.7. BRIGADAS DE COMBATE A INCÊNDIO ........................................................................ 234
12.8. ANÁLISE DE CAUSAS DE INCÊNDIOS E EXPLOSÕES .............................................. 236
12.9. TESTES ........................................................................................................................... 239

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SUMÁRIO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................................................. 241

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

OBJETIVOS DO ESTUDO
Proporcionar uma visão histórica sobre a utilização do fogo e apresentar exemplos
de situações de incêndio ocorridas em diferentes circunstâncias.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• A importância dos processos que envolvem fogo na vida das pessoas;
• A capacidade destrutiva associada ao fogo;
• A necessidade de observação e correção contínua das instalações e situações,
visando a não ocorrência de incêndios ou explosões.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA


Há milhares de anos os homens têm contato com o fogo e suas consequências.
A queda de um raio em uma árvore ou floresta, seguido de incêndio, ou a erupção
de um vulcão, seguida da eliminação de lava incandescente que, ao entrar em contato
com os mais variados materiais ou seres vivos causavam fogo e destruição ou ainda o
aquecimento de vegetação seca pelo sol, a ponto de se iniciarem as chamas, fizeram
parte das vidas dos ancestrais humanos.
O fogo era utilizado (faziam-se fogueiras) a partir dos fogos naturalmente obtidos
descritos anteriormente. A utilidade do fogo era enorme: afastava à noite animais
predadores das imediações, produzia calor, o que facilitava sobremaneira o conforto e a
sobrevivência, gerava luz, o que permitia atividades noturnas, desde o relato de suas
atividades no dia que se encerrava até preparação e o planejamento de suas armas para
caçadas no dia seguinte. Posteriormente passou-se a utilizar o fogo para cozinhar (até
então todos os alimentos, incluindo carnes, eram ingeridos crus). Como não se sabia
como produzir fogo, as fogueiras precisavam ser mantidas acesas, razão pela qual eram
continuamente abastecidas com madeira.
Por volta de 7000 a.C., talvez pela fricção de dois galhos secos ou pela produção
de faíscas devido ao choque entre duas pedras lascadas, iniciou-se a produção
intencional e premeditada de fogo pelo homem.
O domínio do processo de produção de fogo possibilitou o desenvolvimento, por
sua vez, de uma série de outras técnicas produtivas, como a fusão de metais e
fabricação de vidros, cerca de 1 a 3 séculos a.C., que possibilitaram a produção de uma
infinidade de utensílios, ferramentas e armas.
O fogo e sua imagem foram associados ao longo dos tempos à mitologia, às
religiões, culturas e diferentes manifestações artísticas, como figuras de linguagem,
poesias, pinturas e, mais recentemente, a fotografias e filmes. O fogo pode estar
paradoxalmente associado a imagens e mensagens antagônicas como “fogo da
purificação” ou “fogo dos infernos” ou ainda “chama eterna” ou “fogo das paixões”.

1.2. FOGO SOB O CONTROLE E SEM CONTROLE


O fogo sempre fascinou e fascina os seres humanos. Para se constatar isto basta
que se acompanhe o olhar atento de uma criança (ou mesmo de um adulto) a observar
uma fogueira ou lareira acesa.
Conforto, segurança, transformação e destruição de materiais sempre estiveram
presentes com o fogo sob controle. O conforto e a segurança estão presentes nos lares
de milhões e pessoas, nos últimos séculos do milênio anterior na iluminação pública, no
desenvolvimento dos meios de transporte e equipamentos produtivos. A transformação
de materiais se torna visível na simples fritura de um ovo. A destruição pode se referir
desde a própria modificação dos materiais combustíveis até a utilização das modernas
técnicas de incineração.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.3. QUANDO O FOGO ESTÁ FORA DE CONTROLE


Aquecimento, transformação de materiais, incêndios e perdas sempre estão
presentes quando o fogo está fora de controle. Fora de controle, o fogo inicialmente irá
aquecer o ambiente e seus materiais, chegando a um ponto nos quais estes materiais
poderão ser deformados e transformados, podendo vir a se converter em um incêndio.
Independentemente do grau de desenvolvimento que o fogo sem controle venha a atingir,
perdas ocorrerão.
As perdas podem ser materiais, ambientais, pessoais ou sociais.
Perdas materiais pelos produtos consumidos pelo fogo e utilizados para sua
extinção; ambientais pelas consequências ao meio ambiente como um todo, seja pelo
fogo, seja pelos processos para extingui-lo; pessoais, pelos ferimentos e vidas dos que
se encontram no local em que o fogo está fora de controle e daqueles que lá estão para
combatê-lo e, finalmente, sociais pelas consequências que um fogo fora de controle pode
produzir quando são destruídas residências, estabelecimentos comerciais e industriais e
até partes significativas de cidades inteiras.

1.4. FOGO COM E SEM PRESENÇA DE CHAMAS


Determinadas substâncias podem queimar em certas condições sem emitir chamas
visíveis. Como exemplos podem ser citados o carvão, o hidrogênio e o álcool metílico.

1.5. FOGO E EXPLOSÃO


Quando a velocidade de propagação da chama se torna muito elevada, tão elevada
que na prática torna-se quase que instantânea, configura-se uma explosão. Quando a
velocidade de propagação é da ordem de metros por segundo, esta explosão é uma
deflagração, ao passo que, quando a velocidade é da ordem de quilômetros por segundo,
tem-se uma detonação.
As detonações podem estar ligadas à utilização militar de algumas armas e
armamentos ou à utilização civil em explosões em frentes de lavra em minas para
extração de diferentes tipos de minério. Outra aplicação de explosões é o combate a
incêndios em poços de petróleo, como será comentado posteriormente.
Em nosso cotidiano, outra aplicação das detonações está dentro dos cilindros dos
motores a combustão interna. No caso dos motores ciclo Otto, a mistura ar e combustível
é injetada em uma câmara cuja parte baixa é um pistão, que, ao chegar ao ponto mais
alto de sua trajetória (mínimo volume) comprimiu ao máximo o volume da mistura. Neste
instante uma faísca, proveniente de uma vela de ignição, provoca a detonação da mistura
comprimida, empurrando o pistão para sua posição mais baixa. O movimento alternativo,
por meio de um sistema biela-manivela transforma-se em movimento circular que pode,
por exemplo, ser utilizado para movimentar um veículo.
As explosões descontroladas podem envolver fogo ou não.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.6. NEM TODAS AS EXPLOSÕES ENVOLVEM FOGO


As expansões descontroladas de fluídos (líquidos ou gases) estejam estes em
tanques, cilindros, mangueiras ou dutos podem originar explosões. É importante observar
que estas explosões podem ocorrer em qualquer sistema pressurizado, sejam os
materiais inflamáveis ou não. Como exemplos, basta imaginar as consequências da
ruptura de um cilindro que contenha nitrogênio (pressão interna entre 150 e 200 Kgf/cm²)
ou oxigênio (185 kgf/cm²), já que a relação entre pressão e volume se mantém, ou seja,
em caso de expansão descontrolada, o volume de gás expandir-se-á, entre 150 e 200
vezes, nos exemplos acima.
As causas mais frequentes deste tipo de ocorrência estão ligados à ruptura devido
a fatores externos (choques ou colisões) relacionados aos tanques, cilindros ou
reservatórios ou de seus acessórios (por exemplo, válvulas ou reguladores de pressão),
devido a fatores internos (enfraquecimento estrutural, por exemplo decorrente de
corrosão), excesso de pressão e excesso de temperatura (por exemplo no caso de
tambores contendo materiais que se expandem quando expostos ao calor ou a chamas
abertas ou faíscas).
O correto manuseio, armazenamento e manutenção, aliado ao afastamento destes
sistemas de fontes de calor e impacto, são, portanto, essenciais para que os sistemas
pressurizados não se transformem em causadores de acidentes que podem atingir
consequências catastróficas.

1.7. TIPOS DE INCÊNDIOS


Os tipos dos incêndios podem ser classificados de acordo com sua origem em
natural ou acidental.
Como naturais podem ser citados os resultantes do aquecimento solar de áreas
excessivamente secas, ou decorrentes da queda de um raio, ou ainda os decorrentes de
erupção vulcânica.
Como incêndios acidentais, aqueles nos quais há componentes fortuitos, não
intencionais e não premeditados, podem ser citados os que ocorrem em empresas
(indústria, comércio ou serviços), os que acontecem em residências e aqueles que
acontecem com ou em decorrência de meios de transporte (veículos rodoviários,
ferroviários, embarcações e aeronaves).
Um incêndio acidental pode ter sua origem em um evento natural (um raio que
atinja uma instalação não apropriadamente protegida por um sistema de proteção contra
descargas atmosféricas) ou em eventos estranhos às suas próprias naturezas (a queda
de um balão sobre o telhado de uma fábrica ou residência, por exemplo).
Há uma terceira categoria, a dos incêndios criminosos, aqueles que ocorreram de
maneira premeditada. A categoria é infelizmente enorme e inclui as mais variadas
motivações. Tratam-se desde incêndios provocados para recebimento fraudulento de
seguros, vinganças, tentativas de assassinato, tentativas de eliminação de provas (de
outros crimes), a combinação de todas anteriores e atentados terroristas.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.8. PERDAS HUMANAS QUE PODEM OCORRER EM INCÊNDIOS


As consequências da exposição de pessoas a temperaturas elevadas dependem de
uma série de fatores, tais como a temperatura, o tempo de exposição, as características
do material que está queimando, os meios de proteção, os meios de fuga além do estado
físico e psicológico da pessoa.
Como eventos mais frequentes podem ser citados:
a) a desidratação;
b) a exaustão;
c) a vermelhidão da pele;
d) as queimaduras mais profundas;
e) as deformações permanentes e desfigurações decorrentes das queimaduras;
f) e as amputações decorrentes das queimaduras.
As consequências das queimaduras, da desidratação e da exaustão podem ser
fatais.
De uma maneira geral, durante a ocorrência de um incêndio não se trata apenas de
as pessoas estarem expostas ao calor, mas também - e principalmente - a ambientes
onde há fumaça. Deve se observar que a velocidade de deslocamento da fumaça é muito
maior do que a do avanço das chamas, o que significa na prática que ambientes serão
invadidos pela fumaça muito antes do fogo propriamente dito atingir o ambiente.
No caso de presença de fumaça outros eventos podem ocorrer, como irritação dos
olhos, lacrimejamento, e, em caso de inalação, irritação das vias aéreas, podendo levar a
tosse e vômitos além de intoxicações e asfixia (por vezes fatais), dependendo do tipo de
material que está sendo queimado, dos gases que são gerados durante a queima, da
concentração de fumaça no ambiente, do tempo de exposição e das condições físicas e
psicológicas dos envolvidos.
Como exemplos de alguns produtos tóxicos gerados durante incêndios, podem ser
citados:
a) o monóxido de carbono (CO);
b) gases cianídricos,
c) gases clorados,
d) gases sulfurosos;
e) gases nitrogenados.
A presença de fumaça pode reduzir a visibilidade de forma dramática, podendo
levar, além da desorientação e do pânico, ao tumulto, atropelamento e esmagamento de
pessoas e à ocorrência de quedas e batidas, com possíveis lesões e fraturas. Esta última
situação pode ser agravada pela queda e desabamentos de materiais decorrentes da
evolução do próprio incêndio.
O pânico e o desespero também se combinam de forma trágica em outro tipo de
vítimas: as pessoas que, por não verem outros meios de fuga se atiram da altura onde
estiverem. A sobrevivência nestes casos é rara.
As sequelas psicológicas dos envolvidos em incêndios, sejam as vítimas ou os que
os combatem, costumam ser profundas e intensas. Os momentos de medo, a aflição, o
desespero, a sensação de perda (muitas vezes real, tanto pessoal quanto material) e a
sensação de impotência costumam acompanhar os envolvidos pelo resto de suas vidas.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.9. ASFIXIA
A asfixia é o processo, na maioria das vezes fatal, no qual o organismo deixa de
receber o suprimento mínimo de oxigênio necessário para que as funções vitais do
organismo humano possam se desenvolver.
O ar contém cerca de 21% de oxigênio. Concentrações de oxigênio entre 19 e 22%
são compatíveis com a respiração humana.
Uma vez inalado o ar é conduzido até os pulmões onde no nível alveolar ocorre a
troca gasosa no sangue circulante. O oxigênio liga-se à hemoglobina, formando a oxi-
hemoglobina, e é levado pelo sangue aos diferentes sítios celulares. Nas células o
oxigênio é “trocado” pelo gás carbônico. O gás carbônico liga-se à hemoglobina,
formando a carbo-hemoglobina, que é, da mesma forma que a oxi-hemoglobina, muito
instável, o que explica a “facilidade” da troca gasosa, novamente na interface alveolar,
sendo o gás carbônico então exalado.
A asfixia pode ser:
a) asfixia mecânica, caso em que algo obstrui ou impede a passagem de ar em
direção aos pulmões. Engasgamentos com ossos, dentaduras ou outros materiais,
enforcamentos e estrangulamentos são exemplos deste tipo de ocorrência;
b) asfixia simples, caso em que um gás toma o lugar do oxigênio no espaço no qual
a pessoa esteja respirando. É o que ocorre, por exemplo, em ambientes com atmosfera
rica em gás carbônico ou nitrogênio ou metano. Apesar dos 2 primeiros gases fazerem
parte do ar respirável, estes gases “ocupam” o lugar do oxigênio, de tal forma que não
ocorre a inalação de oxigênio. Situações deste tipo podem ocorrer em ambientes que
foram “limpos” de outras substâncias agressivas, principalmente inflamáveis, e que ao
final são lavados ou inundados com gases inertes. Outras situações que também
consomem oxigênio e podem por isto tornar as condições incompatíveis com a
manutenção da vida são as decorrentes de pintura em ambientes fechados (evaporação
de solventes) e de limpeza de tanques fechados (oxidação das chapas);
c) asfixia por substâncias irritantes, caso no qual a substância inalada de alguma
forma reage com o organismo impedindo a utilização do oxigênio. Ocorre tamanha
irritação no sistema respiratório da pessoa, que ela pode, por exemplo, acabar
desenvolvendo edema de glote e vir a óbito. Amônia e cloro são exemplos de
substâncias que podem provocar esse tipo de situação;
d) asfixiantes químicos, caso em que a substância se liga de forma estável à
hemoglobina, não possibilitando a troca gasosa. Gás cianídrico e monóxido de carbono
são exemplos deste tipo de substância. O monóxido de carbono forma com a
hemoglobina a carboxi-hemoglobina, altamente estável. O monóxido de carbono é
inodoro, insípido e incolor. Acidentes com pessoas em garagens fechadas, nas quais os
motores de veículos são mantidos em funcionamento, gerando monóxido de carbono,
são frequentes e fatais;
e) Inalação de substâncias narcóticas. Neste caso pode ocorrer tamanha depressão
do sistema nervoso que o sistema respiratório deixa de funcionar a contento. É o que
pode ocorrer, por exemplo, quando da inalação de clorofórmio, éter ou cloreto de metila.
É de fundamental importância observar que independentemente da natureza
qualquer uma das situações acima descritas pode ser fatal.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

Há diversos fatores que podem contribuir no agravamento das condições da vítima


em caso de asfixia, como por exemplo:
a) sua idade;
b) condição física;
c) limitação física (dificuldade em movimentar-se);
d) utilização de medicamentos (que podem diminuir ou alterar os reflexos ou
raciocínio);
e) utilização de drogas (lícitas ou ilícitas);
f) problemas cardiorrespiratórios pré-existentes;
g) limitações psicológicas;
h) ocorrência de medo e pânico.

1.10. INCÊNDIOS EM INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS


Os incêndios que ocorrem em instalações industriais têm de uma maneira geral,
dois grupos de causas mais frequentes. No primeiro grupo encontram-se as situações
que decorrem de descontroles de processo, como por exemplo, vazamentos,
transbordamentos, explosões de reatores, cilindros, recipientes ou linhas pressurizadas,
perdas de controle de reações exotérmicas (superaquecimento ou sub-resfriamento) e
contato entre substâncias que reagem exotermicamente.
No segundo grupo encontram-se as situações em que materiais inflamáveis são
postos em contato com fontes de calor que possibilitem a ignição dos materiais. As fontes
neste caso podem ser:
a) as resultantes de trabalhos a quente, como a utilização de lixadeira ou
equipamento de solda e até da utilização de um martelo e prego;
b) o acendimento de fósforos ou isqueiros;
c) o descarte impróprio de cigarros e fósforos acesos;
d) a descarga de eletricidade estática;
e) faíscas provenientes de condutores ou equipamentos elétricos.
É importante lembrar que além das causas acima, as descargas atmosféricas e as
quedas de balões podem ser causas de incêndios industriais, além da colisão de
veículos, descarrilamento de trens ou queda de aeronaves.

1.10.1. OCORRÊNCIA DE INCÊNDIO EM INDÚSTRIA, EM 1995 NA REGIÃO DO


ABCD (SP)
Uma indústria metalúrgica localizada no ABCD paulista contratou uma empreiteira
para serviço de manutenção na empresa.
Na metalúrgica, entre outras diversas atividades, era feita a pintura dos produtos
acabados. Para aplicação das tintas, além do setor de pintura, existia um setor de
preparo de tintas e almoxarifado específico para tintas e solventes. Os fundos deste
almoxarifado ficavam na lateral do prédio da indústria. Nesta parede havia uma janela,
para ventilação do almoxarifado de tintas.
O canteiro de obras da empreiteira foi instalado ao lado da área vizinha aos fundos
do setor de pintura. Na área imediatamente ao lado do setor foi montada a área de
soldagem da empreiteira.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

A presença de vapores inflamáveis, provenientes das tintas e vernizes


armazenados e preparados, fez com que, no momento em que as primeiras atividades no
setor de soldagem se iniciaram, ocorresse uma violenta explosão seguida de incêndio,
que resultou na morte de 2 trabalhadores (1 da empreiteira e um da empresa
metalúrgica) além de 3 feridos em estado grave.

Figura 1.1. Indústria Metalúrgica.

1.10.2. OCORRÊNCIA DE INCÊNDIO EM INDÚSTRIA, EM 1999 NA CIDADE DE SÃO


PAULO
Em uma fábrica têxtil, 2 eletricistas executavam um serviço de manutenção da
iluminação do setor de tecelagem, no forro do setor. Naquela área havia 25 teares, cada
um carregado com cerca de 1500 Kgf de fios sintéticos.
O forro era aglomerado de madeira, material este combustível.
O serviço foi encerrado às 16:00 horas da 6a feira, sendo que as atividades
produtivas seriam retomadas na 2a feira, às 06:00 horas.
Às 05:30 horas do sábado a equipe de segurança percebeu fumaça saindo pelas
portas do setor. Uma parte do forro estava em chamas e começava a desabar sobre os
teares.
O incêndio foi debelado em cerca de 15 minutos.
Cerca de 30% do forro ruiu e 2 teares foram atingidos, havendo perda completa das
cargas de fios e dos tecidos acabados.
Feita investigação após o incêndio, observou-se que um dos eletricistas era
fumante.
Apesar de inicialmente negar com veemência, por fim o eletricista admitiu que havia
fumado no forro no momento da execução do serviço. E que, ao terminar o cigarro
lançou-o de “qualquer jeito”. Ele não percebeu que o cigarro havia caído aceso sobre
uma das placas de forro, iniciando o incêndio.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.10.3. OCORRÊNCIA DE PRINCÍPIO DE INCÊNDIO EM 2001 NO VALE DO PARAÍBA


(SP)
Em um tanque em manutenção havia um andaime montado na parte externa.
Nos andares superiores soldadores trabalhavam na substituição e recuperação da
chaparia.
Havia uma intensa queda de fagulhas.
A área no piso, sob o andaime e nas suas vizinhanças, não estava isolada ou
sinalizada, sendo grande a circulação e movimentação de pessoas.
Dentre as pessoas que lá se movimentaram, encontrava-se um pintor que deveria
iniciar um pequeno “retoque” na lateral da parte inferior do tanque. Desconhecendo a
presença dos soldadores nos níveis acima, o pintor posicionou-se no nível mais baixo do
andaime e iniciou seu trabalho, portanto um pequeno recipiente com tinta.
O recipiente ficou atrás dele, enquanto ele começou a fazer seu trabalho.
Uma das fagulhas caiu no recipiente, que se incendiou. O incêndio foi rapidamente
controlado pela brigada de combate a incêndio.

Figura 1.2. Incêndio no Vale do Paraíba.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.10.4. INCÊNDIO E EXPLOSÃO EM TANQUE


Em um parque de tanques de armazenamento de combustíveis, em um dos
tanques seria feito um trabalho de solda do lado interno.
Como preparação para o trabalho, o tanque foi drenado.
Não foi feita, contudo, a lavagem interna do tanque, ficando um pequeno resíduo do
material.
Deste resíduo evaporava solvente.
Não foi feita a medição para controle de explosividade da atmosfera do tanque,
antes da entrada do soldador.
No momento em que a chama foi aberta, violenta explosão ocorreu.
O tanque vizinho também se incendiou.
Ao final da ocorrência, 2 trabalhadores mortos e 10 feridos graves.

Figura 1.3. Incêndio em Explosão em Tanque.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.11. FAIXA DE EXPLOSIVIDADE


É a faixa de concentração em um combustível na atmosfera, na qual ocorrerá a
combustão ou explosão. Ela é determinada a partir do cálculo estequiométrico,
considerando que todas as moléculas de combustível irão reagir com todas as moléculas
de ar.
A faixa de explosividade é definida, para cada combustível, por 2 valores:
1°) o limite inferior de inflamabilidade/explosividade, abaixo do qual a
combustão/explosão não ocorre pelo fato da mistura se pobre (há ar de mais para pouco
combustível).
2°) o limite superior de inflamabilidade/explosividade, acima do qual a
combustão/explosão não ocorre pelo fato a mistura ser excessivamente rica (há
combustível de mais para pouco ar).

1.11.1. INCÊNDIO NA FAVELA DE VILA SOCÓ -CUBATÃO (SP) (1983)


A favela de Vila Socó havia sido construída em volta (basicamente sobre) um duto
para transporte de gasolina de uma refinaria localizada na cidade de Cubatão.
Em uma determinada noite os moradores de Vila Socó acordaram assustados com
um forte cheiro no ar.
Alguns conseguiram identificar o odor de gasolina.
Outros não conseguiram. Como estava escuro, alguém resolveu acender a luz para
ver o que estava acontecendo.
A ocorrência de uma faísca desencadeou uma explosão, seguida de incêndio que
destruiu a maior parte dos barracos.
Dados oficiais indicam que faleceram neste incêndio 93 pessoas entre adultos e
crianças, sendo que os dados extraoficiais indicam 500 mortes.
Na investigação que se seguiu à tragédia constatou-se que a causa do vazamento
havia sido a corrosão do duto.

1.11.2. VAZAMENTO, INCÊNDIO E EXPLOSÃO DE USINA ÁTOMO ELÉTRICA


CHERNOBYL 1986 (EX- URSS)
Um teste em funcionamento no qual se simulavam condições de falha de
fornecimento de energia para o sistema de distribuição de energia elétrica estava em
curso. O teste envolvia riscos e o resultado do tempo de reação do sistema e do
comportamento geral da instalação já eram conhecidos, sendo, portanto, o teste em si
desnecessário, conforme se verificou posteriormente.
Durante o teste, um dos circuitos de refrigeração foi excessivamente pressurizado.
Acabou ocorrendo um vazamento.
Este vazamento, seguido de uma série de outros, levaram à perda de controle da
reação nuclear.
O reator acabou explodindo, seguindo-se de um incêndio.
No momento da explosão, uma quantidade enorme de material radioativo foi
lançada na atmosfera. Parte deste material depositou-se sobre o solo, rios e mares e
outra parte foi carregado pelos ventos até localidades distantes, tanto na antiga União
Soviética como na Europa e Escandinávia.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

Trinta e uma pessoas perderam a vida nas primeiras semanas de ocorrência, maior
parte por exposição à radiação ionizante.
Uma parcela da população da região na qual se localizava o reator, principalmente
crianças ou filhos de mães que estavam grávidas na época do acidente, é acompanhada
periodicamente com relação ao desenvolvimento de doenças, principalmente cânceres.

1.11.3. INCÊNDIO EM DEPÓSITO DE ALIMENTOS NA REGIÃO DO ABC (SP) 2001


Em um galpão industrial de 45.000 m², um incêndio em uma área de armazenagem
de alimentos, rapidamente se expandiu.
Os esforços dos membros da brigada de combate a incêndio, apesar dos
brigadistas tentarem controlar o foco inicial de fogo, não foram suficientes para deter o
crescimento e avanço das chamas.
O Corpo de Bombeiros foi acionado, atendendo prontamente o chamado.
A quantidade elevada de materiais estocados, no entanto, alimentava
continuamente o alastramento do incêndio.
Dois dos bombeiros designados para o combate adentraram as instalações do
galpão, buscando a melhor forma para ataque às chamas.
Devido à forte geração de calor, materiais começaram a cair do teto das prateleiras.
Os materiais no piso, adicionados à fumaça no local, tornaram a movimentação dos
2 policiais militares muito difícil. Parte destes materiais deve ter derrubado, direta ou
indiretamente, um ou os 2 homens, que, lamentavelmente faleceram no cumprimento do
dever. Seus corpos foram encontrados sob os escombros da estrutura, 2 dias após o final
do combate. Duas outras pessoas intoxicaram-se pela fumaça gerada.
A perícia posteriormente executada indicou a ocorrência de um curto-circuito nas
instalações elétricas sob o forro do galpão, como deflagrador do incêndio.

1.12. EXPLOSÕES EM SILOS


Nos silos de armazenamento de grãos, ou mesmo de materiais metálicos, a
existência de particulado finamente dividido, que apresenta uma grande superfície
específica (área de contato em relação à massa do material) o que facilita, na presença
de fontes de calor ou faísca, a ocorrência de explosões.
A limpeza das instalações é fundamental. O acúmulo de poeira é fonte primeira, na
presença de fontes de ignição, para a ocorrência de explosões.
As fontes de ignição podem ser, entre outras, um curto-circuito, o acúmulo e
descarga de eletricidade estática ou o atrito mecânico, por exemplo, em um transportador
de correia.
As causas das perdas de materiais devem ser prontamente corrigidas.
Se possível deve-se fazer a umectação dos materiais além do controle das
instalações de eletricidade e mecânicas de uma maneira geral e dos pontos de geração
de eletricidade estática em particular.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.13. INCÊNDIOS EM AERONAVES


Na história da aviação civil, os incêndios em aeronaves têm seu início geralmente
ligado às seguintes ocorrências:
a) Incêndios causados por materiais estranhos à aeronave (cigarros e inflamáveis);
b) Incêndios causados por materiais da aeronave (combustíveis, circuitos elétricos
e hidráulicos);
c) Colisões (no solo);
d) Aterrissagens de emergência;
e) Procedimentos de manutenção com geração de calor ou faísca na presença de
combustível;
f) Falta de aterramento da aeronave no momento do abastecimento.

1.14. INCÊNDIO DESTRUIÇÃO DO DIRIGÍVEL HINDENBURG (“ZEPPELIN”) NOVA


JERSEY 1937
O dirigível Hindenburg, orgulho da indústria aeronáutica e do governo alemães,
tinha dimensões extraordinárias, com seus 245 metros de comprimento e contendo no
balão 200.000 m3, correspondentes a 18 toneladas, de gás hidrogênio. O tecido do balão
havia sido recoberto com tinta anti-apodrecimento, anti-umidade e que aumentasse a
reflexão solar e a resistência mecânica.
O Hindenburg havia sido projetado para transportar passageiro s em voos
de longa distância e fazia parte, ainda como resquício das perdas alemãs
ocorridas na Primeira Grande Guerra mundial (1914-1918) e devido à ascensão
do governo nazista em 1933, de uma tática intimidatória dentro da geopolítica
então existente, de demonstração de superior idade técnica alemã.
No caso, da ocorrência aqui relatada, o voo vinha da Alemanha, estando a bordo 97
passageiros e 50 tripulantes.
O material que se utilizou na proteção do tecido do balão foi posteriormente
utilizado, devido às suas excepcionais qualidades energéticas, como combustível para
foguetes.
O Hindenburg preparava-se para atracar e posteriormente aterrissar. As cordas de
atracação foram lançadas ao solo. Havia chovido e o chão estava úmido.
Em um primeiro momento, as tensões elétricas entre a cabine do dirigível e a terra
se estabilizaram.
A existência de materiais de baixa condutividade elétrica entre a cabine e o balão,
carregado de eletricidade estática, não permitiu a equalização de tensões entre estes 2
elementos.
A elevada diferença de potenciais fez com que uma faísca saltasse entre os dois
componentes, iniciando um incêndio na superfície do balão, que por sua vez levou à
ruptura do balão, eclosão de um incêndio de proporções catastróficas e queda do
dirigível.
Trinta e sete pessoas faleceram.
O acidente fez com que a utilização de dirigíveis para transporte de passageiros e
para fins militares, fosse definitivamente abandonada.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

Figura 1.4. Incêndio do Dirigível Hindenburg.

1.15. POUSO DE EMERGÊNCIA DE BOEING 707 NAS IMEDIAÇÕES DE ORLY


(FRANÇA) 1973
O voo procedente do Rio de Janeiro encontrava-se em sua etapa final, com a
aeronave em procedimentos de aproximação do Aeroporto de Orly, em Paris.
Alguém utilizou o toalete, e apesar do aviso de não fumar, o fez e jogou o resto de
cigarro na lixeira.
Além do papel na lixeira, a presença de grande quantidade materiais plásticos,
utilizados no revestimento do toalete, propiciou o início e rápido alastramento das
chamas, com produção de grande quantidade de fumaça.
A fumaça altamente tóxica resultante da combustão dos materiais plásticos invadiu
a cabine, seguindo-se do espalhamento das chamas que consumiram os materiais
combustíveis presentes.
A aeronave teve de fazer um pouso de emergência em um campo de cebolas, nos
arredores da capital francesa.
Das 122 pessoas que faleceram, a absoluta maioria era formada por passageiros
que estavam sentados e com seus cintos de segurança apertados.
Destes todos morreram intoxicados.
Dos 16 sobreviventes, a maior parte era formada pelos tripulantes.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

Depois desde acidente, tornou-se obrigatória a colocação de detectores de fumaça


nos toaletes das aeronaves e a proibição do fumo nos toaletes.
No Brasil, fumar a bordo foi proibido.
Apesar da proibição, durante um voo de um nacional de uma aeronave pertencente
a uma empresa aérea brasileira, em 2002, o detector de fumaça em um toalete foi
acionado, enquanto um passageiro fumava.

1.16. COLISÃO DE AERONAVES – ILHAS CANÁRIAS


Na década de 1980, um Boeing 747 preparava-se para decolar, taxiando em
direção à cabeceira da pista.
Uma outra aeronave do mesmo tipo ultimava os procedimentos para a decolagem,
parada na cabeceira da pista, aguardando a autorização da torre de controle.
A má visibilidade decorrente da intensa neblina no local fez com que os pilotos dos
aviões não se enxergassem, o mesmo ocorrendo com a torre de controle. Houve falha na
comunicação entre a torre e os pilotos e precipitação do comandante da aeronave que se
preparava para decolar, que deu início ao procedimento de decolagem, acelerando a
aeronave, sem a autorização devida. O avião que se preparava para decolar estava
repleto de passageiros e combustível.
Os dois aviões colidiram no solo.
Após a colisão houve incêndio seguido de explosão.
No total 585 pessoas morreram.

1.17. QUEDA DE AERONAVE CONCORDE– PARIS 2000

A aeronave encontrava-se em procedimentos finais de decolagem já se deslocando


em velocidade pela pista.
Uma peça metálica encontrava-se na pista.
A peça havia se desprendido de uma outra aeronave que pouco antes havia
decolado. Esta aeronave chegou a seu destino, nos Estados Unidos, sem maiores
problemas.
Ao passar com a roda traseira sobre a peça, esta rompeu o pneu sendo lançados
fragmentos de pneu contra o tanque de combustível. A onda de choque fez com que o
tanque se rompesse. Outra parte do pneu colidiu contra o trem de pouso, rompendo
partes do circuito elétrico, que começaram a soltar faíscas. O combustível que vazou
entrou em contato com o circuito elétrico.
O combustível se incendiou.
O avião decolou em chamas.
O Concorde caiu e explodiu uma centena de metros depois de haver decolado.
Não houve sobreviventes entre as 115 pessoas a bordo, entre passageiros e
tripulantes.
Os voos dos demais Concorde em operação foram imediatamente suspensos.
Análises levaram a modificações estruturais na fuselagem e tanques de
combustível.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

Os voos foram retomados, porém a perda de confiança dos passageiros, fez com
que o número de assentos desocupados nos voos crescesse vertiginosamente,
inviabilizando economicamente a operação.
Os voos foram suspensos definitivamente, depois de 32 anos de existência de rotas
comerciais, sendo que um dos aviões foi enviado para um museu e os demais
desmontados.
Relatório apresentado pelas autoridades aeronáuticas francesas em 2004 indicou
que as falhas estruturais eram conhecidas desde 1979, com ocorrências de diversos
acidentes e quase acidentes semelhantes, sem que nada tivesse sido feito.
Como resultado do inquérito decorrente da queda, em 2010 o mecânico da
companhia do avião do qual a peça havia se desprendido foi condenado pela justiça
francesa a 15 meses de prisão. A companhia proprietária do avião, por sua vez, foi
condenada a pagar à Air France, proprietária do Concorde, entre multa e reparação, um
total de milhão e duzentos mil euros.

1.18. INCÊNDIO EM TRENS E METRÔS


Os incêndios em trens e metrôs geralmente estão associados a causas internas,
como cigarros, curtos-circuitos e vazamentos (de fluídos ou de carga) ou a causas
externas, como o atrito, colisão contra outras composições ou veículos ou colisão contra
edifícios ou estações e descarrilamento.
Quando o incêndio se inicia nos vagões de passageiro, relaciona-se
frequentemente a cigarros ou a curtos-circuitos. Quando a origem se localiza na
locomotiva, pode estar relacionado ao vazamento de combustível ou de fluídos
hidráulicos.
Segundo dados da Companhia de Tecnologia e Saneamento Básico do Estado de
São Paulo (CETESB), entre os anos de 1983 e 2003, do total de acidentes envolvendo
trens, 77% se relacionaram vazamento de combustíveis e 18% resultaram em incêndios
e explosões.

1.18.1. COLISÃO E DESCARRILAMENTO EM 1989 (CATTLET, VIRGINIA, EEUU)


Uma ocorrência na qual um carro de passeio estava em chamas, fez com que o
departamento de bombeiros fosse acionado.
O incêndio ocorria próximo a uma linha de estrada de ferro.
Uma das unidades do corpo de bombeiros buscava o local da ocorrência, do lado
oposto da linha férrea.
Ao localizar o local, o motorista do caminhão cruzou a linha férrea sem verificar a
existência de tráfego de alguma composição.
Naquele momento trafegava um trem de passageiros. A locomotiva colidiu contra a
lateral do carro de bombeiros.
O carro foi arrastado por uma centena de metros e incendiou-se.
A composição descarrilou e parte dela incendiou-se devido às chamas originadas
do caminhão em chamas.
Duas pessoas morreram e 60 pessoas se feriram.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.18.2. INCÊNDIO E EXPLOSÃO NA CORÉIA DO NORTE, EM 2004


Dois trens colidiram. Vagões de uma das composições continham explosivos.
A explosão atingiu uma cidade próxima.
Autoridades locais suspeitaram de sabotagem.
A destruição foi de tamanha monta que medicamentos e materiais foram enviados
por diversos países.

1.18.3. INCÊNDIO EM MATO GROSSO DO SUL, EM 2004


Um trem cargueiro que transportava açúcar, álcool e gasolina, descarrilou.
Os produtos vazaram e a carga se incendiou. Não houve feridos.

1.19. INCÊNDIO EM LOCAIS PÚBLICOS


As causas mais frequentemente associadas a inícios de incêndios em locais
públicos são cigarros, sobrecarga elétrica, equipamentos pirotécnicos e vazamentos de
gás.
Como exemplos de locais públicos podem ser citados teatros, cinemas, casas de
espetáculos, discotecas, centros comerciais e restaurantes.
Um dos principais problemas nestes locais de grande concentração de público
refere-se ao pânico em situações de emergência.
Há ainda uma série de agravantes, como a falta de materiais de combate a
incêndio, a existência de materiais de combate, porém sem condição apropriada de uso,
a existência de materiais inflamáveis, utilização de artefatos geradores de calor, fumaça e
fogo , a falta de rotas de fuga levando em conta o número de pessoas presentes, número
este por vezes superior à própria capacidade do estabelecimento, a falta de brigada de
incêndio treinada e por fim e infelizmente muito comum, a obstrução das rotas de fuga e
o bloqueio ou trancamento das saídas de emergência.

1.19.1. CIDADE DE LONDRES (1666)


Em 1666, um incêndio, provavelmente originado em uma padaria, durou 3 dias e
consumiu cerca de 13000 prédios.
Naquela época não havia serviço de bombeiros público e sim a contratação do
serviço de combate privado.
Os estabelecimentos contratantes do serviço de proteção tinham uma marca e
durante o incêndio o combate às chamas se realizava exclusivamente nestas
construções.

1.19.2. CHICAGO (1871)


Em 1871 um incêndio irrompeu em um estábulo, provavelmente devido ao
derrubamento de uma lamparina.
O clima seco, as altas temperaturas e a demora (mais de uma hora) em relatar-se a
ocorrência aos bombeiros, enquanto se tentava combater inutilmente o incêndio com
baldes, fizeram com que o fogo rapidamente se alastrasse pelas imediações e, em
seguida, por toda a cidade.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

O incêndio durou 27 horas, afetou 17450 edificações e deixou 90.000 pessoas sem
residência.
Devido à dimensão da tragédia, 6 companhias de seguro faliram.
Duzentas e cinquenta pessoas morreram.

1.19.3. TEATRO IRAQUOIS - CHICAGO (1903)


O teatro havia sido construído para ser e era conhecido como ser “à prova de fogo”.
O palco contava com um sistema de cortina de amianto que, em caso de princípio de
incêndio, isolaria o palco da plateia.
No final de 1903, em uma sessão vespertina, na qual havia uma grande quantidade
de senhoras e seus filhos, cerca de 1900 pessoas assistiam a um espetáculo.
A lotação era de 1724 lugares.
Uma cortina do cenário encostou em um holofote aceso e pegou fogo.
As chamas se alastraram pelo resto do cenário.
A cortina de amianto desceu, porém não completamente, ficando cerca de 3,5
metros acima do palco, permitindo que as chamas atingissem a plateia.
Quando o incêndio se iniciou funcionários do teatro gritaram para as crianças
ficarem em seus lugares. E foi nesta posição que uma parte morreu.
A maior parte das 27 portas de emergência estavam obstruídas ou trancadas.
Diversas delas eram de difícil operação. Algumas delas abriam para dentro.
A grande maioria dos 602 mortos se deveu ao pânico. Quinhentos e setenta e cinco
morreram na hora, pisoteados, esmagados, intoxicados, queimados ou tentando jogar-se
pelas janelas e balcões.
O incêndio em si foi debelado em 30 minutos.

1.19.4. INCÊNDIO EM SÃO FRANCISCO (1906)


Um terremoto de grande magnitude fez com que lâmpadas, lamparinas e fogões
tombassem e incendiassem os materiais à sua volta.
O incêndio durou 3 dias, sendo 300.000 construções afetadas. Quarteirões inteiros
foram dinamitados, para evitar que as chamas se alastrassem ainda mais.
Três mil pessoas morreram.

1.19.5. INCÊNDIO NA DISCOTECA COCONUT GROVE, BOSTON (1942)


Problemas nos circuitos elétricos iniciaram o incêndio, que se alastrou rapidamente
pelos revestimentos combustíveis existentes no local.
A maior parte dos 492 mortos deveu-se a sufocamento e pânico.

1.19.6. DISCOTECA EM CHICAGO (2003)


Neste caso específico não se tratou de um incêndio, mas do tumulto e pânico
resultantes da intervenção de um segurança na briga entre dois frequentadores. O
segurança utilizou um jato de gás de pimenta, o que produziu o pânico entre os demais
presentes.
Havia 2 vezes mais pessoas do que a lotação da sala.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

A maior parte das saídas de emergência e portas de emergência estava obstruída


ou bloqueada.
Vinte e uma pessoas faleceram e 50 ficaram feridas.

1.19.7. DISCOTECA EM NOVA YORK (2003) E BUENOS AIRES (2004)


Um conjunto de música utilizou material pirotécnico em ambiente fechado e com
teto constituído por material inflamável. O fogo alastrou-se pelo teto e paredes.
O pânico e o tumulto, de um número de pessoas superior ao da lotação do
estabelecimento, com rotas de fuga obstruídas e saídas de emergência travadas,
levaram a 51 mortos no caso de Nova York e cerca de 200 no caso de Buenos Aires, na
Em Buenos Aires, uma parte das vítimas era formada por crianças pequenas que
os pais haviam deixado no banheiro feminino, para poderem assistir ao espetáculo. Em
2012 o gerente da discoteca foi condenado a 10 anos de prisão, enquanto os líderes da
banda a penas entre 5 e 7 anos de detenção. O gerente faleceu de câncer, em 2014.

1.19.8. SUPERMERCADO EM ASSUNÇÃO (2003)


Um vazamento de gás, seguido de incêndio em um supermercado em Assunção
(Paraguai), provocou pânico. As pessoas encontraram rotas de fuga obstruídas e portas
de emergência trancadas.
Nas portas de emergência, desobstruídas, agentes de segurança internos da loja
impediam a saída do público, alegando ordens do proprietário, a fim de evitar furtos.
Cerca de 200 pessoas faleceram.
Em fevereiro de 2008 os proprietários do supermercado e um segurança foram
condenados pela justiça paraguaia a penas entre 5 e 12 anos de prisão. Em agosto do
mesmo ano o julgamento foi anulado e as penas foram todas revogadas. Novo
julgamento será requerido.

1.19.9 BOATE KISS – SANTA MARIA (RS) (2013)


Durante um espetáculo musical foram utilizados fogos pirotécnicos que atingiram o
revestimento acústico do palco. O material do revestimento era inflamável e ao entrar em
combustão liberou gases tóxicos.
Havia um único acesso para entrada e saída (não havia saídas de emergência)
insuficiente para a saída do público, e que foi inicialmente bloqueada pelos seguranças,
tornando a fuga ainda mais difícil, não havia iluminação de emergência, não havia
brigada ou sistema de alarme e havia superlotação, resultando em 242 mortes.
Em dezembro de 2021 os sócios da boate, um integrante da banda de música e o
produtor musical da banda foram condenados e, por determinação do Supremo Tribunal
Federal passaram a cumprir imediatamente as penas de prisão em regime fechado. Os
condenados permaneceram presos por 4 meses. O júri foi anulado em agosto de 2022. O
processo deverá ser retomado no Supremo Tribunal de Justiça.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.19.10 BOATE CLUB EXCLUSIV – BUCARESTE (ROMÊNIA) (2015)


Durante um espetáculo musical foram utilizados fogos pirotécnicos que atingiram o
revestimento acústico do palco. O material do revestimento era inflamável e ao entrar em
combustão liberou gases tóxicos.
Havia um único acesso para entrada e saída (não havia saídas de emergência)
insuficiente para a saída do público, não havia iluminação de emergência, não havia
brigada ou sistema de alarme e havia superlotação, resultando em 41 mortes e 155
feridos.
Este incêndio resultou na queda do primeiro-ministro romeno.

1.20. INCÊNDIO EM RESIDÊNCIAS


Nas residências, as causas mais comuns de princípio de incêndio relacionam-se a:
• Ocorrências na cozinha, envolvendo:
a) vazamento de gás, decorrente de apagamento de chama, esquecimento da boca
de gás aberta, abertura acidental da boca de gás e vazamento em mangueiras e
conexões ou;
b) superaquecimento de panelas e seus conteúdos esquecidos sobre o fogo ou
dentro do fogão, ou;
c) queima de materiais próximos ao forno e fogão acesos, como embalagens,
cortinas e tecidos e produtos inflamáveis, como álcool, e cera entre outros.
d) acendimento incorreto do forno, com possibilidade de explosão.
• Ocorrências na área de serviço, envolvendo:
a) ferro de passar roupa, esquecido, ligado sobre materiais ou superfícies
inflamáveis.
• Circuitos elétricos:
a) sobrecarga de circuitos.
• Fumo:
a) cigarros e charutos acesos e brasas de cachimbo que caem sobre camas ou
tapetes e carpetes.
• Velas:
a) velas acesas que caem por má fixação na base, impacto, ou que são carregadas
sem suporte e que queimam a mão de quem as transporta.
• Crianças
a) “brincadeiras” com fósforos, velas, lareiras, fogueiras, espiriteiras e similares.

1.20.1. INCÊNDIO EM APARTAMENTO EM SALVADOR (1975)


Uma senhora de 28 anos aquecia pela manhã um pote de cera em chama lenta em
seu fogão. A cera seria usada posteriormente para encerar o piso do apartamento. A
senhora vestia uma camisola de poliamida (“nylon”). A porta de acesso à área de serviço,
ao lado do fogão, estava fechada.
Durante alguns minutos a pessoa se afastou do local.
A cera se liquefez e começou a vazar pela emenda da lata.
A cera liquida teve contato com a chama e se incendiou.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

A senhora ao voltar à cozinha e constatar as chamas tomou a lata em suas mãos e


abriu a porta da área de serviço.
O súbito aumento na quantidade de ar fez com que as chamas fossem avivadas.
O fogo entrou em contato com a camisola.
O material da camisola fundiu-se sobre a pele causando-lhe extensas e profundas
queimaduras.
A senhora teve de ser submetida a 9 cirurgias plásticas e apesar destas, ficou
permanentemente com o ventre e os seios desfigurados.

Aquecimento Ignição com pouco oxigênio


Fogão Fogão

Área Área
de serviço de serviço

Lata de cera Lata de cera

Vista em planta Vista em planta

Combustão com pouco oxigênio Mais oxigênio


Fogão Fogão

Área
Área

de serviço de serviço

Ar
Lata de cera Lata de cera
Ar

Vista em planta
Vista em planta

Figura 1.5. Incêndio em apartamento em Salvador.

1.20.2. INCÊNDIO EM RESIDÊNCIA EM SÃO PAULO (1972)


Um garoto de 10 anos encontrava-se agachado “brincando” com fósforos e uma
embalagem plástica de álcool.
A brincadeira consistia em esguichar álcool sobre fósforos acesos e observar as
chamas formadas.
De repente as chamas retrocederam e penetraram no recipiente.
O recipiente explodiu e as chamas se espalharam pelo corpo do garoto.
As queimaduras foram tão intensas e extensas que foram necessários 10 meses de
internação.
A genitália do garoto ficou permanentemente deformada.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.20.3. INCÊNDIO I EM APARTAMENTO EM SÃO PAULO (1987)


Uma frigideira com óleo foi esquecida sobre uma boca de fogão acesa.
A coifa estava ligada.
O aquecimento fez com que o óleo se incendiasse.
A coifa, sem exaustão externa, aspirou às chamas.
As chamas entraram em contato com os armários de madeira da cozinha.
Os armários se incendiaram, tendo queimado a maior parte da cozinha.

Armários de madeira Armários de madeira


COIFA COIFA

Fogão Vista frontal- em elevação


Fogão Vista frontal- em elevação

Armários de madeira Armários de madeira


COIFA COIFA

Fogão Vista frontal- em elevação


Fogão Vista frontal- em elevação

Armários de madeira Armários de madeira


COIFA

Fogão Vista frontal- em elevação Vista frontal - em elevação


Fogão

Figura 1.6. Incêndio I em apartamento em São Paulo – Vista frontal.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.20.4. INCÊNDIO II EM APARTAMENTO EM SÃO PAULO (1987)


Uma senhora de 55 anos preparava seu almoço, em apartamento localizado no 4o
andar de um prédio de 21 andares, quando começou um incêndio na sala de visitas.
As chamas se iniciaram na parte traseira de uma estante.
Na estante estavam ligados, a uma única tomada elétrica, um televisor, um
videocassete, um aparelho de som, uma secretária eletrônica, um aparelho de fax e um
telefone sem fio. No momento do início do incêndio, todos os equipamentos estavam
ligados.
As chamas se propagaram primeiramente pela estrutura da estante e atingiram
cortinas que havia ao lado da estante.
As chamas se alastraram pelas cortinas e das cortinas passaram para o carpete.
Pelo carpete o fogo atingiu os demais cômodos.
O apartamento foi completamente destruído.
As chamas chegaram a destruir as persianas do apartamento localizado no 5o
andar.
Não houve vítimas.

Residência (5) Residência (5)


Vista em planta

Cortinas Cortinas
Estante
Estante
Estante

Residência (5) Residência (5)Carpete


Carpete
Vista em planta Vista em planta

Cortinas Cortinas
Estante

Estante

Residência (5) Residência (5)


Carpete Carpete
Vista em planta Vista em planta

Vista em planta
Vista em planta
Figura 1.7. Incêndio II em apartamento em São Paulo – Vista em planta.

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

1.20.5 GRENFELL TOWER – LONDRES (2017)


O prédio residencial havia passado por reforma na fachada, para ficar mais “bonito”
e energeticamente mais apropriado, sendo instalado um revestimento de alumínio com
uma camada de material inflamável além de ser deixado um vão entre o revestimento e a
estrutura do prédio. O incêndio, originado em geladeira localizada no 4º andar atingiu as
janelas e expandiu-se pelo material da fachada de forma extremamente rápida, matando
80 pessoas. O prédio não dispunha de sistema de chuveiros automáticos (sprinklers).

1.21. INCÊNDIOS EM ESCRITÓRIOS


Os incêndios em escritório são geralmente originados por cigarros acesos,
sobrecarga de circuitos elétricos ou equipamentos esquecidos ligados.

1.21.1. EDIFÍCIO ANDRAUS, SÃO PAULO (1972)


A sobrecarga elétrica em um circuito do 4o andar, além do acúmulo de materiais
combustíveis pelo piso, proporcionou as condições para que o fogo se alastrasse pelo
prédio como um todo.
Dezesseis pessoas morreram.

1.21.2. EDIFÍCIO JOELMA, SÃO PAULO (1974)


A sobrecarga elétrica em um circuito do 4o andar fez com que o incêndio se
iniciasse e tomasse conta do edifício.
Cento e oitenta e nove pessoas perderam a vida, sendo que 40 delas se jogaram
do alto do edifício em chamas.

1.21.3. EDIFÍCIO GRANDE AVENIDA, SÃO PAULO (1981)


O incêndio, o segundo na história deste edifício, começou no subsolo, por causa de
um curto circuito.
Dezenove pavimentos foram atingidos e 17 pessoas perderam a vida, além de 53
feridos.

Quadro 1.1

Você que é engenheiro (a) de segurança vai a um cinema assistir um filme com

seus filhos.

Além do filme, com o que você deveria se preocupar?

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

Quadro 1.2

Ao iniciarem-se os procedimentos de decolagem de uma aeronave comercial,

avisa-se que os passageiros sentados nas saídas de emergência poderão ser

convidados a manobrá-las e, se o passageiro não se sentir confortável ou apto para

realizá-lo poderá solicitar a mudança de assento à tripulação.

Em sua opinião quais são os fatores que levam a este desconforto ou inaptidão?

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CAPÍTULO 1. FOGO - UMA VISÃO HISTÓRICA (PARTE I)

Nota 1.1

Ao montar uma brigada de combate a incêndio, os aspectos do Quadro 1.2 são

importantes a considerar por um engenheiro de segurança? Por quê?

Resposta: Ao montar-se uma brigada de combate a incêndio, por mais que se

considere os aspectos físicos, os aspectos psicológicos são fundamentais,

visando o equilíbrio da pessoa e do grupo, em situação de emergência.

Pessoas com tendência a entrar em pânico ou desesperar-se, por melhores

que sejam suas condições físicas, não deveriam fazer parte de uma brigada de

combate a incêndio. Da mesma forma durante o treinamento deve-se levar em

conta o medo e pânico das pessoas em situações de emergência, principal, mas

não exclusivamente em ambientes com grande quantidade de pessoas de público

externo (que não faz parte da empresa), como edifícios comerciais, casas de

espetáculo e similares.

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO


(PARTE II)
ROSARIA ONO
OBJETIVOS DO ESTUDO
Conhecer os conceitos básicos da segurança contra incêndio e os elementos que a
compõe.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Distinguir os elementos que compõem o sistema global de segurança contra
incêndio.
• Reconhecer as principais medidas de prevenção e proteção contra incêndio de
uma edificação.

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

1.1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO


A segurança contra incêndio em edificações tem como objetivo garantir a
segurança da vida humana e a minimização das perdas materiais, além de reduzir os
prejuízos ambientais. Uma situação de incêndio no ambiente construído pode crescer,
envolvendo parte de uma edificação, inicialmente, e até se tornar uma catástrofe de
dimensões urbanas. Neste capítulo serão apresentados conceitos básicos e gerais de
segurança contra incêndio em edificações.

1.1.1. SISTEMA GLOBAL DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO1


O Sistema Global de Segurança contra Incêndio é definido por BERTO (1991)
como o conjunto de ações coerentes, que se originam do perfeito entendimento dos
objetivos da segurança contra incêndio que norteiam soluções definitivas e funcionais.
Estabelecê-lo para cada edifício é responsabilidade de todos os técnicos envolvidos na
fase de concepção do projeto, de construção e de uso / manutenção.
Pode-se agrupar as medidas a serem tomadas para segurança contra incêndio em:
medidas de prevenção e medidas de proteção. As medidas de prevenção são aquelas
que se destinam a evitar a ocorrência do início do incêndio, isto é, controlar o risco do
início do incêndio. Já as medidas de proteção são aquelas destinadas a proteger a vida
humana e os bens materiais dos efeitos nocivos do incêndio que já se desenvolve. Em
conjunto, essas medidas visam manter o risco de incêndio em níveis aceitáveis.
São oito os elementos que se agrupam no Sistema Global de Segurança contra
Incêndio (Berto, 1991), a saber:
1) O elemento precaução contra o início do incêndio é o único composto por
medidas de prevenção, que visam a controlar eventuais fontes de ignição e sua interação
com materiais combustíveis. Já os demais elementos que serão explanados a seguir, são
compostos por medidas de proteção, cada qual com suas características definidas.
2) Quanto ao elemento limitação do crescimento do incêndio, é composto por
medidas de proteção que visam a dificultar, ao máximo, o crescimento do foco do
incêndio, de forma que este não se espalhe pelo ambiente de origem, o que envolveria
atingir materiais combustíveis que estariam no local, e assim, a temperatura se elevaria
rapidamente.
3) O elemento extinção inicial do incêndio é composto por medidas de proteção que
visam a facilitar a extinção do foco do incêndio, de forma que ele não se generalize pelo
ambiente.
4) O elemento limitação da propagação do incêndio é composto por medidas de
proteção que visam a impedir o incêndio que cresceu, de se propagar para além do seu
ambiente de origem.
5) O elemento evacuação segura do edifício visa a assegurar a fuga dos usuários
do edifício de forma que todos possam sair com rapidez e em segurança. Esta
evacuação deverá ser processada a partir do momento em que ocorrer a inflamação
generalizada no ambiente de origem.
6) O elemento precaução contra a propagação é composto de medidas de proteção
que visam a dificultar a propagação do incêndio para outros edifícios próximos.
1
Fonte: Capítulo 3 da Dissertação de Mestrado intitulado “Parâmetros para o projeto arquitetônico sob o aspecto da
segurança contra incêndio” de VENEZIA (2004).

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

7) O elemento precaução contra o colapso estrutural visa a impedir a ruína parcial


ou total da edificação. As altas temperaturas, em função do tempo de exposição, afetam
as propriedades mecânicas dos elementos estruturais, podendo enfraquecê-los até que
provoquem a perda da estabilidade.
8) O elemento rapidez, eficiência e segurança das operações visa a assegurar as
intervenções externas para o combate ao incêndio e o resgate de eventuais vítimas. Tais
intervenções devem primar pela rapidez, eficiência e segurança daqueles que a realizam.
Devem ocorrer no estágio mais incipiente do incêndio, enquanto ainda não houver a
propagação dele pelo edifício. Mas mesmo após essa propagação ter acontecido,
continua a ser indispensável, para se evitar a perda de vidas humanas e o alastramento
do fogo por todo o edifício, evitando-se o risco de colapso estrutural.
As medidas que compõem este sistema podem, então, ser relativas aos aspectos
construtivos ou estarem relacionadas ao uso do edifício, e que, portanto são providas
durante as fases de operação e manutenção.
Para que um edifício seja seguro contra incêndio, deve-se de antemão saber quais
os objetivos dessa segurança e os requisitos funcionais a serem ali atendidos. Harmarthy
(1984), por exemplo, estabelece que “Um edifício seguro contra incêndio pode ser
definido como aquele em que há alta probabilidade de que todos os ocupantes
sobrevivam a um incêndio sem sofrer qualquer ferimento e no qual os danos à
propriedade serão confinados às vizinhanças ou imediatas ao local em que o fogo se
iniciou”.
Considerando, então, que a segurança está associada à probabilidade de risco de
ocorrência de determinados eventos que proporcionam perigo às pessoas e aos bens,
percebe-se que ela pode ser obtida através da isenção de tais riscos. Como a isenção
total de riscos, na prática, é algo quase impossível, pode-se entender que a segurança
contra incêndios deve se munir de um conjunto de medidas de prevenção e proteção.
O nível de segurança contra incêndio obtido para um edifício está diretamente
relacionado ao controle das categorias de risco, normalmente definidos em função do tipo
de atividade desenvolvido no local, tanto no processo produtivo como ao longo do uso.

Nota 1.2.

Os objetivos da segurança contra incêndio, quando relacionados às cinco

categorias de risco (inicio de incêndio, crescimento do incêndio, propagação do

incêndio, à vida humana, à propriedade), são divididos em gerais e específicos.

Os objetivos gerais referem-se à redução das perdas provocadas por

incêndios, isto é, perdas humanas, econômicas e sociais. Já os objetivos

específicos se relacionam com a obtenção de níveis adequados de segurança da

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

vida humana, de segurança da propriedade atingida e das adjacentes. Em geral, a

segurança à vida é o objetivo mais importante a ser alcançado.

1.1.2. OS REQUISITOS FUNCIONAIS NA SEGURANÇA DE UM EDIFÍCIO


Assim, segundo Berto (1998), os requisitos funcionais a serem atendidos por um
edifício seguro estão ligados à sequência de etapas de um incêndio, as quais se
desenvolvem no seguinte fluxo:
• Precaução contra o início do incêndio;
• Limitação do crescimento do incêndio;
• Extinção inicial do incêndio;
• Limitação da propagação do incêndio;
• Evacuação segura do edifício;
• Precaução contra a propagação do incêndio entre edifícios;
• Precaução contra o colapso estrutural;
• Rapidez, eficiência e segurança das operações de combate e resgate.

Estabelecida a sequência de etapas de um incêndio, pode-se considerar que os


requisitos funcionais atendidos pelo edifício consistem em:
• Dificultar a ocorrência do princípio de incêndio;
• Ocorrido o princípio do incêndio, dificultar a ocorrência da inflamação
generalizada dos materiais combustíveis presentes no ambiente;
• Possibilitar a extinção do incêndio no ambiente de origem, antes que a
inflamação generalizada ocorra;
• Instalada a inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio,
dificultar a propagação do mesmo para os outros ambientes;
• Permitir a fuga dos usuários do edifício;
• Dificultar a propagação do incêndio para edifícios adjacentes;
• Manter o edifício íntegro, sem danos estruturais, sem ruína parcial e/ou total;
• Permitir operações de combate ao fogo e de resgate/ salvamento de vítimas.

A Tabela 1.1 ilustra a relação entre as etapas de um incêndio e os requisitos


funcionais que devem ser atendidos por um edifício seguro:
A segurança contra incêndio deve ser considerada em todas as fases do processo
produtivo, assim como no uso do edifício,
Tudo o que for previsto em projeto deve ser considerado na fase de construção do
edifício, garantindo assim tanto a confiabilidade como a efetividade anteriormente
prevista. Deve-se, ainda, ressaltar que parte considerável dos problemas com relação à
proteção contra incêndio ocorre durante a fase de uso e operação do edifício e a solução
dos mesmos depende da caracterização do tipo de ocupação e do sistema de
manutenção preventiva e corretiva implementado no gerenciamento do edifício.

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

1.1.3. MEDIDAS DE PROTEÇÃO PASSIVA E ATIVA


As medidas de proteção contra incêndio relativas ao processo produtivo do edifício
podem ser divididas em duas categorias, a saber: medidas de proteção passiva e
medidas de proteção ativa.
As medidas de proteção passiva são aquelas cuja simples existência, e quando
incorporadas ao sistema construtivo, contribuem para a contenção do crescimento e da
propagação do incêndio. Os elementos do sistema global às quais estão vinculadas são:
• Compartimentação vertical (pisos resistentes ao fogo, selagem corta-fogo de
shafts, etc.);
• Compartimentação horizontal (paredes resistentes ao fogo, portas corta-fogo,
etc.);
• Resistência ao fogo da envoltória do edifício, bem como de seus elementos
estruturais;
• Provisão de rotas de fuga seguras e sinalização adequada;
• Provisão de meios de acesso dos equipamentos de combate a incêndio e
sinalização adequada;
• Controle da quantidade de materiais combustíveis incorporados aos elementos
construtivos;
• Controle das características de reação ao fogo dos materiais incorporados aos
elementos construtivos;
• Distanciamento seguro entre edifícios.

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

Tabela 1.1. Elementos do sistema global de segurança contra incêndio associados aos
requisitos funcionais que visam garantir os respectivos objetivos específicos.

Requisitos Funcionais dos Objetivos Específicos da Segurança


Elemento
Edifícios contra Incêndio
Precaução contra o início do Dificultar a ocorrência do Segurança da vida humana
incêndio princípio de incêndio Segurança da propriedade atingida
Dificultar a ocorrência da
Limitação do crescimento do Segurança da vida humana
inflamação generalizada no
incêndio Segurança da propriedade atingida
ambiente de origem
Facilitar a extinção do
incêndio antes da
Segurança da vida humana
Extinção inicial do incêndio ocorrência da inflamação
Segurança da propriedade atingida
generalizada no ambiente
de origem
Dificultar a propagação
Limitação da propagação do Segurança da vida humana
do incêndio para outros
incêndio Segurança da propriedade atingida
ambientes do edifício
Assegurar a fuga dos
Evacuação segura do edifício Segurança da vida humana
usuários do edifício
Dificultar a propagação Segurança da vida humana
Precaução contra a propagação
do incêndio para outros Segurança das propriedades
do incêndio entre edifícios
edifícios adjacentes
Segurança da vida humana
Precaução contra o colapso Não sofrer ruína parcial Segurança da propriedade atingida
estrutural ou total Segurança das propriedades
adjacentes
Segurança da vida humana
Rapidez, eficiência e segurança Facilitar as operações de
Segurança da propriedade atingida
das operações de combate e combate ao incêndio e de
Segurança das propriedades
resgate. resgate de vitimas
adjacentes

Fonte: (BERTO, 1998 pg.3)

As medidas de proteção passiva têm capacidade de influenciar: a) na especificação


dos materiais de acabamento e revestimento a serem utilizados nos espaços; b) na
geometria e na composição da fachada; c) no dimensionamento das vias de circulação
internas (vertical e horizontal); d) na forma de implantação do edifício no lote e, e) nas
condições dos acessos imediatos. Portanto, com um amplo conhecimento dessas
questões, o projeto arquitetônico pode antecipar a inclusão de aspectos de segurança
contra incêndio.
As medidas de proteção ativa, por sua vez, são aquelas que reagem a um estímulo
e que entram em ação quando acionadas automática ou manualmente. A estas estão
vinculados os seguintes elementos de sistema global:
• Sistema de proteção por extintores de incêndio;
• Sistema de proteção por hidrantes e mangotinhos;

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

• Sistema de proteção por chuveiros automáticos;


• Sistema de detecção e alarme de incêndio;
• Sistema de iluminação de emergência;
• Sistema do controle do movimento da fumaça;
• Sistema de comunicação de emergência.
As medidas de proteção ativa constituem-se basicamente das instalações prediais,
ou seja, de:
a) instalações hidráulicas destinadas ao combate do incêndio como os sistemas de
hidrantes/ mangotinhos e de chuveiros automáticos (sprinklers);
b) instalações elétricas, como aquelas destinadas à detecção e alarme de incêndio,
iluminação de emergência, bombas de incêndio, geradores;
c) dos equipamentos de controle mecânico de fumaça como ventiladores e
exaustores, entre outros.
Tais medidas também devem ser consideradas no projeto arquitetônico, pois
influenciam tanto na circulação interna do edifício como na distribuição de seus
ambientes.
Assim, no sistema global de segurança contra incêndio conta-se com a combinação
de um conjunto de medidas de proteção passiva e de proteção ativa para garantir a
segurança da edificação e de seus usuários.

1.1.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS E EXIGÊNCIAS HUMANAS


A ação contra o fogo pode ser orientada por três critérios:
• Garantir a incolumidade das pessoas;
• Assegurar a salvaguarda dos bens;
• Permitir a recuperação da edificação.
Incolumidade significa salvaguarda das vidas humanas contra o efeito fatal de todos
os riscos decorrentes de um incêndio (ROSSO, 1975, pg.9).
Tendo em vista que devemos garantir a incolumidade da população fixa e flutuante
da edificação, a questão fundamental a ser proposta é relativa ao tempo em que essa
condição deve ser mantida.
Isto envolve considerações a respeito da edificação e da sua localização, do
percurso do posto de bombeiros mais próximo até o local, das facilidades de acesso ao
próprio local. Temos assim um condicionamento ao trânsito e as características da rua ou
de logradouro em que a edificação se situa: largura, declividade, tipo e condição da
pavimentação, posteamento e redes aéreas, abastecimento de água para que ocorra
uma operação mais eficiente dos meios de combate e salvamento.
Durante este período, deve-se afastar o perigo de colapso estrutural da edificação e
de suas partes, ou seja, cada parte e componente da edificação deve manter intacta a
sua capacidade de atender às funções para as quais foram projetadas.
A legislação urbanística também tem que ser considerada, no que diz respeito à
transmissão do calor por convecção e radiação e da propagação direta do fogo aos
edifícios vizinhos; o que implica necessariamente na definição de medidas para limitar
esses efeitos, tais como: recuos laterais e de fundo, larguras de ruas, etc.
Internamente ao edifício, é necessário garantir a circulação vertical e horizontal
para permitir aos ocupantes o abandono do edifício para pontos onde possam aguardar,

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

sem risco, a intervenção de meios externos; ou em edifícios altos, deve-se prever locais
internos, onde seja possível garantir condições mínimas de sobrevivência até a extinção
do fogo.
Os acessos externos devem ser localizados em pontos ao alcance das escadas de
bombeiros, e este requisito envolve localização oportuna das escadas internas e de
acessos seguros à fachada.

1.2. COMPARTIMENTAÇÃO HORIZONTAL E VERTICAL DOS EDIFÍCIOS


A compartimentação visa subdividir o edifício em células capazes de suportar a
ação da queima dos materiais combustíveis nelas contidos, impedindo o alastramento do
fogo. A contenção do incêndio em seu ambiente de origem tende a facilitar as operações
de combate ao fogo. A compartimentação, adicionalmente, restringe a livre
movimentação da fumaça no interior do edifício. Desta forma, os objetivos que podem ser
alcançados com a compartimentação são:
• Conter o incêndio em seu ambiente de origem;
• Manter as rotas de fuga seguras contra os efeitos do incêndio;
• Facilitar as operações de combate ao incêndio.
A compartimentação é uma medida de proteção passiva que é subdividida em dois
tipos: compartimentação horizontal e compartimentação vertical.
A compartimentação horizontal se destina a impedir a propagação do incêndio entre
compartimentos do mesmo pavimento, de forma que uma grande área de pavimento não
seja afetada. A propagação do incêndio em grandes áreas de piso dificulta sobremaneira
o seu controle, aumentando o risco de propagação vertical do incêndio, de propagação
de incêndio para edifícios adjacentes e, consequentemente, o risco à propriedade e à
vida humana. A compartimentação horizontal pode ser obtida através dos seguintes
dispositivos:
• Paredes corta-fogo;
• Portas corta-fogo, nas aberturas das paredes corta-fogo destinadas à circulação
de pessoas e de equipamentos;
• Registros corta-fogo nos dutos de ventilação, dutos de exaustão, entre outros,
que transpassam as paredes corta-fogo;
• Selos corta-fogo, nas passagens de cabos elétricos e tubulações através das
paredes corta-fogo.
O afastamento horizontal entre as aberturas na fachada de setores
compartimentados do edifício também tem a função de impedir a propagação horizontal
do incêndio por meio de aberturas adjacentes.
A compartimentação vertical, por sua vez, se destina a impedir a propagação do
incêndio entre pavimentos. Para tanto, na sua implementação, deve-se garantir que o
incêndio não se propague pelas aberturas que comunicam os pavimentos, seja pelo
interior do edifício, seja pela sua fachada. Para isto são necessários:
• Entrepisos corta-fogo;
• Enclausuramento de escadas através de paredes e portas corta-fogo, já que a
caixa da escada intercomunica pavimentos;
• Registros corta-fogo nos dutos de ventilação, dutos de exaustão, entre outros,
que intercomunicam os pavimentos;

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

• Selos corta-fogo nas passagens de cabos elétricos e tubulações entre os


pavimentos;
• Resistência ao fogo na envoltória do edifício, onde se incluem as fachadas
cegas, as abas verticais e as abas horizontais. Estas duas últimas, separando
aberturas de pavimentos consecutivos e com adequada resistência ao fogo.

1.2.1. RESISTÊNCIA AO FOGO DAS VEDAÇÕES E DA ESTRUTURA


O efeito das altas temperaturas alcançadas nos incêndios sobre os componentes
de vedação (paredes, coberturas, lajes, portas e janelas, etc.) e a estrutura do edifício
pode ser sentido através da diminuição progressiva de sua capacidade de manter as
funções para as quais foram projetadas.
As estruturas e as vedações dos edifícios, em função dos materiais que as
constituem, devem ser dimensionadas de forma a possuírem resistência ao fogo
compatível com a magnitude do incêndio a que possam vir a ser submetidas.
Durante o processo de desenvolvimento do incêndio, pode ser alcançado, em
determinado momento, um ponto onde o limite último de tensão se iguala à tensão
aplicada, propiciando então a falência de elementos estruturais.
Os parâmetros técnicos para avaliação de resistência ao fogo de elementos
estruturais e de vedação são três: isolamento térmico, estanqueidade e
integridade/estabilidade. Estes parâmetros serão aprofundados nos capítulos 2 e 11.

1.2.2. DISTANCIAMENTO SEGURO ENTRE EDIFÍCIOS


Além do colapso do edifício, o pior fenômeno que se pode esperar na evolução do
incêndio é o da conflagração, quando vários edifícios são sucessivamente envolvidos no
incêndio. Nesta situação, as perdas se agigantam e a situação foge totalmente ao
controle.

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

Nota 1.3.

O distanciamento seguro entre edifícios depende de implantação do edifício no lote

e da composição das fachadas e da cobertura. Definindo-se essas questões,

verifica-se se a distância horizontal de suas fachadas, em relação a fachadas dos

edifícios adjacentes, é suficiente para evitar a propagação do incêndio. Em

seguida, o contrário pode ser feito; se a distância entre as fachadas não for

suficiente, recomenda-se reformular a situação da implantação ou a composição da

fachada. Caso a verificação da distância, a partir dos edifícios adjacentes, não

possa ser efetuada ou os lotes vizinhos não estiverem ocupados, a implantação do

edifício pode ser feita considerando-se, por exemplo: a distância mínima à divisa

do lote como o distanciamento seguro calculado, dividido por dois. No entanto,

soluções adequadas devem ser adotadas com base em documentos técnicos

reconhecidos pelas autoridades competentes e considerando-se as

regulamentações edilícias e de zoneamento do local.

A propagação do incêndio entre edifícios isolados pode ocorrer através dos


seguintes mecanismos:
a) Radiação térmica, emitida pelo edifício incendiado, através de: aberturas
existentes na fachada; da cobertura; chamas que saem pelas aberturas na fachada ou
pela cobertura; e ainda, chamas desenvolvidas pela própria fachada, quando esta for
composta por materiais combustíveis;
b) Convecção, caso os gases quentes emitidos pelas aberturas existentes na
fachada ou pela cobertura do edifício incendiado atinjam a fachada do edifício adjacente.
Considerando a exposição proveniente da fachada do edifício incendiado, o
distanciamento seguro entre edifícios deve ser dimensionado visando-se evitar a
ocorrência de propagação do incêndio por radiação térmica, uma vez que neste caso, os
distanciamentos poderão ser maiores que aqueles necessários para evitar a propagação
por convecção. Maiores informações sobre este tema podem ser encontradas na
Instrução Técnica No 07 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

1.2.3. REVESTIMENTOS E ACABAMENTOS


Os materiais de revestimento e acabamento que serão incorporados ao edifício,
contribuem decisivamente com o nível de segurança contra incêndio do projeto. Esses
materiais podem contribuir com o princípio de incêndio e com o desenvolvimento de
calor, chamas e fumaça, pois serão os primeiros materiais ignizados, devido à sua
exposição superficial. A escolha dos materiais de revestimento e acabamento deve ser
considerada tanto na fase de detalhamento do projeto arquitetônico de num novo edifício,
como em situações de reforma, quando ocorre a substituição desses materiais. É
necessário que o projetista conheça os critérios para seleção dos materiais que farão
parte do acabamento e do revestimento, seja de forro ou teto, do envoltório da fachada,
das paredes e divisórias de vedação, ou do piso, entre outros.
Os materiais de acabamento e revestimento são classificados de acordo com vários
critérios de avaliação, como: combustibilidade, facilidade de ignição, facilidade de
propagação de chamas, qualidade e quantidade de fumaça e quantidade de calor
desenvolvido. Esta questão é aprofundada em outros capítulos desta apostila, sob a
denominação de “reação ao fogo” (capítulos 2 e 11).
Além do controle de materiais de acabamento e revestimento, deve-se conhecer a
carga incêndio específica da edificação.
A carga incêndio é a soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas na
combustão completa de todos os materiais combustíveis em um espaço, inclusive os
revestimentos das paredes, divisória, pisos e tetos. (IT nº 14 do Corpo de Bombeiros do
Estado de São Paulo).
A carga incêndio específica é o valor da carga incêndio dividido pela área de piso
do espaço considerado, expresso em megajoule (MJ) por m2. (IT nº14 do Corpo de
Bombeiros do Estado de São Paulo).
Os fabricantes de material de construção devem estar aptos a fornecer
características de reação ao fogo, assim como a carga incêndio dos seus materiais ao
projetista.

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

1.3. TESTES

1. Assinale a alternativa correta:


a) As medidas de precaução / prevenção são aquelas que se destinam a evitar a
ocorrência do início do incêndio, isto é, controlar o risco do início do incêndio.
b) As medidas de prevenção são aquelas destinadas a proteger a vida humana e os
bens materiais dos efeitos nocivos do incêndio que já se desenvolve.
c) O elemento precaução contra o início do incêndio é o único composto por medidas
de proteção, que visam a controlar eventuais fontes de ignição e sua interação
com materiais combustíveis.
d) As medidas de precaução / prevenção não fazem parte do Sistema Global de
Segurança contra Incêndio definido por BERTO (1991) como o conjunto de ações
coerentes, que se originam do perfeito entendimento dos objetivos da segurança
contra incêndio que norteiam as soluções definitivas e funcionais.
e) N.d.a.

2. Assinale a afirmativa incorreta:


a) O elemento limitação do crescimento do incêndio é composto por medidas que
visam a dificultar, ao máximo, o crescimento do foco do incêndio, de forma que
este não se espalhe pelo ambiente de origem.
b) O elemento extinção inicial do incêndio é composto por medidas que visam a
facilitar a extinção do foco do incêndio, de forma que ele não se generalize pelo
ambiente.
c) O elemento limitação da propagação do incêndio é composto por medidas que
visam a impedir o incêndio que cresceu, de se propagar para além do seu
ambiente de origem.
d) O elemento evacuação segura do edifício visa a assegurar a fuga dos usuários do
edifício de forma que todos possam sair com rapidez e em segurança.
e) O elemento precaução contra a propagação entre edifícios visa a dificultar a
propagação do incêndio para outros ambientes do edifício.
f) O elemento precaução contra o colapso estrutural visa a impedir a ruína parcial ou
total da edificação.

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO (PARTE II)

3. As medidas de proteção contra incêndio, relativas ao processo produtivo do edifício,


podem ser divididas em duas categorias: medidas passivas e medidas ativas.
Assinale a alternativa correta:

I - As medidas de proteção ativa são aquelas não incorporadas ao sistema construtivo


e que reagem de maneira passiva ao desenvolvimento do incêndio, de modo a não
contribuírem com o crescimento e propagação do mesmo.
II - As medidas de proteção passiva são aquelas destinadas ao combate do início do
incêndio, as quais entram em ação quando acionadas automática ou manualmente.
III - As medidas de proteção ativa são aquelas destinadas ao combate do início do
incêndio, as quais entram em ação quando acionadas automática ou manualmente.
IV - As medidas de proteção passiva são aquelas incorporadas ao sistema construtivo
e que reagem de maneira passiva ao desenvolvimento do incêndio, de modo a não
contribuírem com o crescimento e propagação do mesmo.

a) Apenas a afirmativa I está errada.


b) Todas estão erradas.
c) Afirmativa III e IV estão corretas.
d) Todas estão corretas.
e) N.d.a.

4. Quais são os critérios gerais que orientam as ações contra o incêndio nas edificações?
Assinale a alternativa incorreta.
a) Garantir a incolumidade das pessoas;
b) Coibir o ato de fumar no seu interior;
c) Assegurar a salvaguarda dos bens;
d) Permitir a recuperação da edificação.
e) N.d.a.

5. Assinale a alternativa correta:


“A carga incêndio é ______________ das energias caloríficas possíveis de serem
liberadas na combustão _______________ dos materiais combustíveis existentes num
ambiente, incluindo os revestimentos das paredes, divisórias, pisos e tetos”.
a) a divisão / parcial.
b) o produto / parcial.
c) a soma / completa.
d) divisão / completa.
e) N.d.a.

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40
CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES


ONO
OBJETIVOS DO ESTUDO
Conhecer o papel das normas e regulamentações de segurança contra incêndio na
atuação profissional

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Diferenciar e hierarquizar normas e regulamentações, em função da instância e
do local de atuação específico.

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CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

2.1. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO


Para garantir que medidas mínimas sejam tomadas para a segurança contra
incêndio das pessoas e do patrimônio nas edificações, existem normas e
regulamentações tanto de âmbito público (internacional, federal, estadual e municipal)
como de âmbito privado (empresarial: empresas de risco e seguradoras).
Atualmente, nem todas elas são compatíveis entre si, porém todas têm sua
legitimidade e devem ser respeitadas.
No âmbito público, é possível destacar, essencialmente, dois grandes tipos de
exigências: aquelas instituídas por lei ou decreto (regulamentações) de diferentes
jurisdições (federal, estadual ou municipal) e as normas técnicas, tais como as normas
ISO (Organization for International Standardization) e EN (European Norm), de cunho
internacional, as normas NFPA (National Fire Protection Association) dos Estados
Unidoes, ou as normas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), nacionais.
No âmbito privado, temos as normas internas de grandes empresas de risco, como
a Petrobrás, que impõe normas de segurança para minimizar as consequências de falhas
em seu sistema, e aquelas relacionadas às empresas seguradoras que, para realizarem
o seguro de um empreendimento ou de um patrimônio, impõem que certas condições
construtivas e ou de manutenção pré-estabelecidas sejam garantidas.

2.2. AS NORMAS BRASILEIRAS


A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o fórum nacional para
discussão dos aspectos técnicos relativos a quase todos os campos de atividade humana
no Brasil, inclusive da construção civil, incluindo os aspectos da segurança contra
incêndio.
As normas específicas de segurança contra incêndio são elaboradas e revisadas
atualmente pelo Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio – CB-24 da ABNT.
Em função da interdisciplinaridade e da especificidade de alguns assuntos, as
normas podem também ser elaboradas em conjunto com outros Comitês Brasileiros da
ABNT, como o Comitê Brasileiro de Construção Civil – CB-02, por exemplo.

2.2.1. PROCEDIMENTOS DE PROJETO E INSTALAÇÃO


Seguem, abaixo, as principais normas brasileiras (ABNT) que estabelecem
procedimentos de projeto para instalação de sistemas de segurança contra incêndio:

• NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão.


• NBR 5419 (Partes1 a 4) – Proteção contra descargas atmosféricas.
• NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos.
• NBR 9077 – Saídas de emergência em edifícios.
• NBR 10897 – Sistemas de Proteção contra Incêndio por chuveiros automáticos.
• NBR 10898 – Sistema de iluminação de emergência.
• NBR 12693 - Sistemas de proteção por extintores de incêndio.
• NBR 16820 – Sistemas de sinalização de emergência.
• NBR 13714 – Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
42
CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

• NBR 14323 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e


concreto de edifícios em situação de incêndio
• NBR 14432 – Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de
edificações – Procedimento.
• NBR 14880 – Saídas de emergência em edifícios – Escadas de segurança –
Controle de fumaça por pressurização.
• NBR 14925 – Elementos construtivos envidraçados resistentes ao fogo para
compartimentação.
• NBR 15575 (Partes 1 a 6) – Edifícios habitacionais – Desempenho.
• NBR 16626 – Classificação da reação ao fogo de produtos de construção.
• NBR 17240– Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Projeto, instalação,
comissionamento e manutenção de sistemas de detecção e alarme de incêndio –
Requisitos.

2.2.2. MÉTODOS DE ENSAIO PARA AVALIAÇÃO DE PRODUTOS


Além disso, as condições de desempenho de sistemas construtivos e materiais de
acabamento devem ser verificadas segundo métodos de ensaio, também estabelecidas
em normas brasileiras (ABNT) como aqueles apresentados abaixo:

• NBR 5628 – Componentes construtivos estruturais – Determinação da


resistência ao fogo.
• NBR 6479 – Portas e vedadores – Determinação da resistência ao fogo –
Método de ensaio.
• NBR ISO 7240 – Sistemas de detecção e alarme de incêndio.
• NBR 9442 – Materiais de Construção – Determinação do índice de propagação
superficial de chama pelo método do painel radiante.
• NBR 110301 – Fios e cabos elétricos – Resistência ao fogo.
• NBR 10636 – Paredes divisórias sem função estrutural – Determinação da
resistência ao fogo – Método de ensaio.
• NBR 11742 – Porta corta-fogo para saída de emergência.
• NBR 16021 – Válvula e acessórios para hidrante – requisitos e métodos de
ensaio.
• NBR 16625 – Método de ensaio e de classificação da reação ao fogo de
cortinas – Avaliação das características de ignitabilidade.
• NBR 16870 – Abrigos para mangueiras de incêndio e acessórios – requisitos e
métodos de ensaio.
• NBR 16951 – Reação ao fogo de sistemas e revestimentos externos de
fachadas – Método de ensaio, classificação e aplicação dos resultados de
propagação do fogo nas superfícies das fachadas.
• NBR 16965 – Ensaio de resistência ao fogo de elementos construtivos –
diretrizes gerais.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
43
CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

2.3. LEIS, DECRETOS E NORMAS GOVERNAMENTAIS


Não existe, atualmente, nenhuma regulamentação ou norma que exerça o papel de
um código nacional de segurança contra incêndio no Brasil. Desta forma, além das
normas brasileiras que abordam temas específicos, algumas regulamentações
estabelecem o atendimento às exigências de segurança contra incêndio, como pode ser
visto a seguir.

2.3.1. FEDERAIS
A Norma Regulamentadora 23 do Ministério do Trabalho, publicada por meio da
Portaria GM n.º 3.214 de 08/06/1978 e conhecida como NR-23 - “Proteção contra
Incêndios”, tratava da segurança contra incêndio em ambientes de trabalho. No entanto,
o seu conteúdo foi substituído em 2011 (Portaria SIT n.º 221), com uma nova redação,
conforme apresentado no quadro a seguir, uma vez que o texto anterior era antigo e
apresentava alguns conceitos desatualizados e incompatíveis com outras normas e
regulamentações vigentes.

(Redação dada pela Portaria SIT n.º 221, de 06 de maio de 2011)


23.1 Todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em
conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis.
23.1.1 O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores informações sobre:
a) utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;
b) procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança;
c) dispositivos de alarme existentes.
23.2 Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em número suficiente e dispostas de modo
que aqueles que se encontrem nesses locais possam abandoná-los com rapidez e segurança, em
caso de emergência.
23.3 As aberturas, saídas e vias de passagem devem ser claramente assinaladas por meio de
placas ou sinais luminosos, indicando a direção da saída.
23.4 Nenhuma saída de emergência deverá ser fechada à chave ou presa durante a jornada de
trabalho.

23.5 As saídas de emergência podem ser equipadas com dispositivos de travamento que
permitam fácil abertura do interior do estabelecimento.

Adicionalmente, em 30 de março de 2017, foi aprovada, no âmbito federal, a Lei


No. 13.425, conhecida como “Lei Kiss”, que foi impulsionada pelo incêndio trágico na
Boate Kiss, ocorrida em janeiro de 2013. Esta lei “estabelece diretrizes gerais sobre
medidas de prevenção e combate a incêndio e a desastres em estabelecimentos,
edificações e áreas de reunião de público e dá outras providências”.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
44
CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

Segue excerto que resume o que significa esta lei:


“Antes do incêndio da Kiss, em 2007, a deputada Elcione Barbalho já havia apresentado um
projeto de lei para mudança das regras gerais sobre prevenção e combate de incêndios em
estabelecimentos, edificações e áreas de concentração de pessoas. Sua análise sempre
“caminhou em passos lentos” dentro das Comissões da Câmara dos Deputados. Ela chegou a ser
arquivada e desarquivada várias vezes. Mas, diante do que houve, a atenção dos parlamentares
foi atraída. Finalmente, passados quatro anos – talvez para disfarçar o fato de que ninguém ainda
foi penalizado pelo ocorrido – a ‘Lei Kiss’ sai do papel, mas divide opiniões.
A Lei 13.425/2017, apelidada de ‘Lei Kiss Federal’, foi promulgada pelo presidente da República,
Michel Temer, em trinta de março deste ano. No dia seguinte, ela foi publicada no Diário Oficial da
União. Desde então, tem gerado um sério debate entre profissionais, especialistas, conselhos,
familiares das vítimas e demais civis. Havia uma expectativa muito grande da comunidade técnica
pela edição de um Código Nacional de Prevenção de Incêndios, mas o caso não chegou nem
perto disso.
Aparentemente, quase tudo que essa nova lei estabelece já está previsto em outros instrumentos
legais e normativos. Ela não cita medidas práticas de prevenção de incêndios ou mesmo
menciona a Associação Brasileira de Normas Técnicas. Em verdade, permaneceram
regulamentações e exigências diferentes em cada estado, tanto para aprovação de projetos
quanto alvarás de funcionamento de estabelecimentos. Ou seja, não se alterou muita coisa
daquilo que já era exigido. O interessante é que as instruções técnicas de prevenção contra
incêndio e pânico, emitidas pelos respectivos Corpos de Bombeiros, têm como base as próprias
normas da ABNT.”
Fonte: https://engenharia360.com/lei-kiss-federal-entra-em-vigor-este-ano-e-divide-opinioes/

2.3.2. ESTADUAIS
As regulamentações estaduais de segurança contra incêndio estabelecem os
requisitos mínimos para garantia da segurança contra incêndio das edificações nos seus
respectivos estados, que são verificadas através da aprovação das plantas e ou de
fiscalização / vistorias pelo Corpo de Bombeiros estaduais.
Atualmente, a maioria dos estados brasileiros possui uma regulamentação estadual
desta natureza no país. Seguem, abaixo, alguns exemplos de regulamentação existente:
• Santa Catarina – Decreto Estadual 1.908 de 09.05.2022 – Regulamenta a Lei
No. 16.157 de 07/11/2013, que dispõe sobre as normas e requisitos mínimos para
prevenção e segurança contra incêndio e pânico e estabelece outras providências.
• São Paulo - Decreto Estadual 63.911 de 10.12.2018 – Regulamento de
Segurança contra Incêndio das Edificações e Áreas de Risco
• Rio de Janeiro - Decreto Estadual 42 de 17.12.2018 – Código de Segurança
contra Incêndio e Pânico
• Rio Grande do Sul – Lei Complementar 14.376 de 26.12.2013 – Estabelece
normas sobre segurança, prevenção e proteção contra incêndios nas edificações e
áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do Sul e dá outras
providências.
• Paraná – Portaria do Corpo de Bombeiros No 002/11 de 08.10.2011 – Código
de Segurança contra Incêndio e Pânico.
• Espírito Santo – Decreto Estadual 2423-R de 15.12.2009 – Código de
Segurança contra Incêndio e Pânico.
• Minas Gerais – Decreto 44.746 de 29.02.2008.
• Pará – Decreto Estadual 357 de 21.08.2007 – Regulamento de Segurança
contra Incêndio e Pânico das Edificações e áreas de Risco.

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45
CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

• Goiás – Lei 15.802 de 11.09.2006 – Código Estadual de Proteção contra


Incêndio, Explosão, Pânico e Desastres.
• Distrito Federal – Decreto 21.361de 21.07.2000 – Regulamento de Segurança
contra Incêndio e Pânico.

2.3.3. MUNICIPAIS
Alguns municípios brasileiros possuem sua própria regulamentação contra
incêndios específica, incorporada ou não ao Código de Obras do município, tendo uma
abrangência completa ou parcial da questão, muitas vezes complementada pela
regulamentação estadual.
Este último é o caso do Município do São Paulo, que dá ênfase às medidas
construtivas para garantir a segurança das pessoas no abandono do edifício no seu
Código de Obras e Edificações, deixando a cargo da regulamentação estadual as
questões relativas às instalações para combate ao fogo.

• São Paulo – Lei municipal 16.642, de 09.05.2017 e Decreto municipal 57.776,


de 07.07.2017 – Código de Obras e Edificações - Das condições de segurança de
uso e da circulação.

Exemplos de regulamentação de outros municípios são citados abaixo:


• Porto Alegre – Lei Complementar 420 de 01.09.1998 – Código de Proteção
contra Incêndio de Porto Alegre.
• Belo Horizonte – Lei 2.060 de 27.04.1972 – Estabelece normas de prevenção e
combate a incêndios na aprovação da construção de uso coletivo e autoriza a
celebração de convênio com o governo do estado de Minas Gerais e Decreto
11.998 de 21.03.2005 – Regulamenta normas de prevenção e combate a incêndios.
• Salvador – Lei 3.077 de 05.12.1979 – Estabelece normas de proteção contra
incêndio e pânico e Decreto municipal 5.876 de 19.03.1980 – Estabelece normas
de segurança contra incêndio e pânico.

2.4. EXIGÊNCIAS ESPECÍFICAS PARA O ESTADO DE SÃO PAULO


No Estado de São Paulo, a regulamentação vigente é o Decreto Estadual 63.911/18
que faz referência e é complementado pelas Instruções Técnicas (IT), que estabelecem
parâmetros para garantir o nível de segurança contra incêndio desejado.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

Quadro 2.1.

Este Decreto Estadual também regulamenta a ampliação das atribuições dos serviços do
Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, passando a fiscalizar as edificações,
conforme pode ser visto na transcrição a seguir, do artigo 6º, itens IV a VIII e item XIV:

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
47
CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

2.4.1. O DECRETO ESTADUAL 63.911/2018 E SEUS COMPLEMENTOS


A Tabela 2.1 é a reprodução parcial da Tabela 1 do Anexo do Decreto Estadual
63.911/2018 e apresenta a classificação das edificações e áreas de risco quanto à
ocupação. Observa-se, a título de exemplo, a classificação do uso residencial. Para a
classificação dos demais tipos de uso é necessário consultar o referido documento
técnico em sua íntegra.

Tabela 2.1. Classificação do uso residencial.


Grupo Ocupação / Uso Divisão Descrição Exemplos

Casas térreas ou assobradadas (isoladas e não


A-1 Habitação unifamiliar
isoladas) e condomínios horizontais

A Residencial A-2 Habitação multifamiliar Edifícios de apartamento em geral

Pensionatos, internatos, alojamentos, mosteiros,


A-3 Habitação coletiva
conventos. Capacidade máxima de 16 leitos

A Tabela 2.2. (Tabela 2 do Anexo do Decreto) classifica as edificações quanto a


sua altura e a Tabela 2.3 (Tabela 3 do referido Anexo), quanto à carga de incêndio
(quantidade de material combustível).

Tabela 2.2. Classificação das Edificações quanto à Altura.


Tipo Denominação Altura

I Edificação Térrea Um pavimento

II Edificação Baixa H  6,00 m

III Edificação de Baixa-Média Altura 6,00 m < H  12,00 m

IV Edificação de Média Altura 12,00 m < H  23,00 m

V Edificação Mediamente Alta 23,00 m < H  30,00 m

VI Edificação Alta Acima de 30,00 m

Tabela 2.3. Classificação das Edificações e áreas de risco quanto à carga de Incêndio.
Risco Carga de Incêndio MJ/m²
Baixo Até 300MJ/m²
Médio Entre 300 e 1.200MJ/m²
Alto Acima de 1.200MJ/m²

A Tabela 2.4 (Tabela 4 do Anexo do Decreto) faz exigências mínimas para


edificações existentes em função da altura e área construída, considerando a época de
construção/ aprovação da edificação, em três períodos distintos, quando estavam em
vigor as respectivas regulamentações apresentadas.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

Tabela 2.4. Exigências mínimas para edificações existentes.


ÁREA CONSTRUÍDA >
PERÍODO DE EXISTÊNCIA DA ÁREA CONSTRUÍDA < 750 m2
750 m2
EDIFICAÇÃO E ÁREAS DE RISCO E ALTURA < 12 m
e/ou ALTURA > 12 m
QUALQUER PERIODO ANTERIOR
Conforme ITCB 43 – Adaptação às Normas de Segurança contra
À VIGÊNCIA DO ATUAL
Incêndio – Edificações Existentes
REGULAMENTO
NOTAS GERAIS
a – Os riscos específicos devem atender às ITs respectivas e às regulamentações do SSCI;
b – As instalações elétricas e o sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) devem estar
em conformidade com as normas técnicas oficiais.

A Tabela 2.5 (Tabela 5 do referido Anexo) apresenta as exigências, por tipo de


ocupação, para novas edificações com área construída total de até 750m2 e até 12m de
altura, medida do piso do pavimento de saída até o piso do último pavimento ocupado.
Ficam isentas de qualquer tipo de exigência de proteção contra incêndio as
edificações classificadas como A-1, ou seja, unidades habitacionais unifamiliares. No
entanto, é importante ressaltar que quando se tratar de conjuntos habitacionais, de
unidades unifamiliares (casas térreas, isoladas ou geminadas, ou assobradadas) ou
multifamiliares (apartamentos), é necessário verificar a Instrução Técnica do Corpo de
Bombeiros e as disposições locais a respeito da instalação da rede de hidrantes urbanos
para combate ao fogo. Além disso, em condomínios horizontais ou verticais com controle
de acesso, é importante considerar as condições de acesso por meio dos portais (altura e
largura livres para passagem de veículos de bombeiros), assim como condições de
manobra nas vias internas, também recomendadas por Instrução Técnica. Também é
necessário lembrar que, além do atendimento às exigências da regulamentação técnica
estadual (corpo de bombeiros), no caso de edifícios habitacionais, existem os requisitos
determinados pela norma brasileira NBR 15575/2013 – Edificações habitacionais –
Desempenho, para todo tipo de edificação habitacional.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

Tabela 2.5. Exigências para edificações com área menor ou igual a 750 m2 e
altura inferior ou igual a 12,00m.

F H L
Medidas de Segurança A, D, F1, F2, I, J e
B C
contra Incêndio EeG F3, F4, H1, H4 e M3
F6, F7,
F9 F11
H6
H2, H3 e H5 L1
F8 e F10
Controle de Materiais de
- X - X5 - X5 - X - X
Acabamento

Saídas de Emergência X X X X X X X X X X

Iluminação de
X1 X² X1 X3 X3 X3 X1 X1 X1 -
Emergência
Sinalização de
X X X X X X X X X X
Emergência

Extintores X X X X X X X X X X

Brigada de Incêndio - - - X4 X4 X4 - X - X

Gerenciamento de Risco
- - - - - X - X - -
de Incêndio

Controle de Fumaça - - - - - X6 - - - -

NOTAS ESPECÍFICAS:
1 – Somente para as edificações com mais de dois pavimentos;
2 – Estão isentos os motéis que não possuam corredores internos de serviços;
3 - Para edificação com lotação superior a 50 pessoas ou edificações com mais de dois pavimentos;
4 – Exigido para lotação superior a 250 pessoas. Inclui Bombeiro Civil, quando exigido pela Parte 2 da IT-17;
5 – Somente para lotação superior a 250 pessoas, conforme IT-10;
6 – Somente para lotação superior a 500 pessoas, nos termos da edificação sem janelas da IT-15, podendo
ser substituído por chuveiros automáticos de resposta rápida com reserva de incêndio para 30 minutos.
NOTAS GENÉRICAS:
a – Para os Grupo K (Energia) e M (Especiais), ver tabelas específicas;
b – A Divisão G-5 (Hangares) prever sistema de drenagem de líquidos nos pisos para bacias de contenção à
distância. Não é permitido o armazenamento de líquidos combustíveis ou inflamáveis dentro dos hangares;
c – Para a Divisão L-1 (Explosivos), atender a IT-30;
d – Os subsolos das edificações devem ser compartimentados com PCF P-90 em relação aos demais pisos
contíguos. Para subsolos ocupados ver Tabela 7;
e – As instalações elétricas e o SPDA devem estar em conformidade com as normas técnicas oficiais;
f – Observar ainda as exigências para os riscos específicos das respectivas Instruções Técnicas;
g – Depósitos em áreas descobertas, observar as exigências da Tabela 6J;
h – No cômputo de pavimentos, desconsiderar os pavimentos de subsolo quando destinados a
estacionamento de veículos, vestiários e instalações sanitárias, áreas técnicas sem aproveitamento para
quaisquer atividades ou permanência humanas.
i – Os pavimentos ocupados devem possuir aberturas para o exterior (por exemplo: janelas, painéis de vidro,
etc.) ou controle de fumaça dimensionados conforme o disposto na IT-15;
j – Para edificações existentes, adaptações de controle de materiais de acabamento e revestimento, de saída
de emergência e controle de fumaça devem atender a IT-43.

Adicionalmente, o Anexo do Decreto também apresenta, em tabelas subsequentes,


as exigências (medidas de segurança contra incêndio) para edifícios com área superior a
750m2 ou altura superior a 12m, por tipo de ocupação, que devem ser consultadas caso a
caso.

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CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

Nesta apostila, a título de exemplo, apresenta-se a Tabela 2.6 (Tabela 6A do


referido Anexo), que estabelece as exigências para novos edifícios residenciais (Grupo
A), com área total superior a 750m2 ou altura superior a 12m.
Normalmente, cada uma das medidas de segurança contra incêndio leva ao
cumprimento dos requisitos de pelo menos uma Instrução Técnica do Corpo de
Bombeiros, relacionadas na Tabela 2.7.

Tabela 2.6. Edificações do Grupo A com área superior a 750 m² ou altura superior a 12,00 m.

Grupo de ocupação e
GRUPO A – RESIDENCIAL
uso
Divisão A-2 – A-3 e Condomínios Residenciais

Medidas de Segurança Classificação quanto à altura (em metros)


Tabela contra Incêndio do Grupo A
2.7. Edificações com
Térrea área H  6 a 750 6
superior H altura
m²< ou 12 < H  a23
12 superior 12,00 < H  30
23m. Acima de 30
Acesso de Viatura na
X X X X X X
Edificação
Segurança Estrutural contra
X X X X X X
Incêndio
Compartimentação Vertical X2 X2 X2
Controle de Materiais de
X X X
Acabamento
Saídas de Emergência X X X X X X1
Brigada de Incêndio X X X X X X
Iluminação de Emergência X X X X X X
Alarme de Incêndio X3 X3 X3 X3 X3 X
Sinalização de Emergência X X X X X X
Extintores X X X X X X
Hidrante e Mangotinhos X X X X X X

NOTAS ESPECÍFICAS:

1 – Deve haver Elevador de Emergência para altura maior que 80 m;


2 – Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça somente nos átrios;
3 – Pode ser substituído pelo sistema de interfone, desde que cada apartamento possua um ramal ligado à central, que deve ficar
numa portaria com vigilância humana 24 horas e tenha uma fonte autônoma, com duração mínima de 60 min.
NOTAS GENÉRICAS:

a – O pavimento superior da unidade duplex do último piso da edificação não será computado para a altura da edificação;

b – As instalações elétricas e o SPDA devem estar em conformidade com as normas técnicas oficiais;

c – Para subsolos ocupados ver Tabela 7;

d – Observar ainda as exigências para os riscos específicos das respectivas Instruções Técnicas. b – O sistema de alarme pode ser
substituído pelo sistema de interfone, desde que cada apartamento possua um ramal ligado à central, que deve ficar numa
portaria com vigilância humana 24 horas e tenha uma fonte autônoma, com duração mínima de 60 min.

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CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

Tabela 2.8. Lista de Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (última versão:
2019, exceto IT-42 publicado em 2020 - lista atualizada em 22/04/2023)

Instrução
Título
Técnica
01 Procedimentos Administrativos
02 Conceitos básicos de segurança contra incêndio
03 Terminologia de segurança contra incêndio
04 Símbolos gráficos para projeto de segurança contra incêndio
05 Segurança contra incêndio – Urbanística
06 Acesso de viatura na edificação e área de risco
07 Separação entre edificações
08 Resistência ao fogo dos elementos de construção
09 Compartimentação horizontal e compartimentação vertical
10 Controle de materiais de acabamento e revestimento
11 Saídas de emergência
12 Centros esportivos e de Exibição – Requisitos de segurança contra incêndio
13 Pressurização da escada de segurança
14 Carga de incêndio nas edificações e áreas de risco
15 Controle de fumaça
16 Plano de Emergência contra incêndio
17 Brigada de incêndio
18 Iluminação de emergência
19 Sistemas de detecção e alarme de incêndio
20 Sinalização de emergência
21 Sistema de proteção por extintores de incêndio
22 Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio
23 Sistema de chuveiros automáticos
24 Sistema de chuveiros automáticos para áreas de depósito
25 Segurança contra incêndio para líquidos combustíveis e inflamáveis
26 Sistema fixo de gases para combate a incêndio
27 Armazenamento em silos
28 Manipulação, armazenamento, comercialização e utilização de gás liquefeito de petróleo (GLP)
29 Comercialização, distribuição e utilização de gás natural
30 Fogos de artifício
31 Segurança contra incêndio para heliponto e heliporto
32 Produtos perigosos em edificação e área de risco
33 Cobertura de sapé, piaçava e similares
34 Hidrante urbano
35 Túnel rodoviário
36 Pátios de contêiner
37 Subestações elétricas
38 Segurança contra incêndio em cozinha profissional
39 Estabelecimentos destinados à restrição de liberdade
40 Edificações históricas, museus e instituições culturais com acervos museológicos
41 Inspeção visual em instalações elétricas de baixa tensão
42 Projeto Técnico Simplificado
43 Adaptação às normas de segurança contra incêndio – Edificações existentes
44 Proteção ao meio ambiente
45 Segurança contra incêndio para sistemas de transporte sobre trilhos

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52
CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

2.4.2. LISTA DE NORMAS TÉCNICAS DE INTERESSE


Atenção: As normas estão sujeitas a revisões periódicas. A lista a seguir, onde são
apresentadas as principais normas relacionadas à segurança contra incêndio, foi
atualizada em abril/2023:
2.4.2.1. Procedimentos de projeto e instalação
As normas abaixo relacionadas são aquelas que estabelecem condições mínimas
para projeto e instalação de sistemas de proteção contra incêndio em edificações.

NBR 5410/2004– Instalações elétricas de baixa tensão.


NBR 5419/ 2015 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas.
NBR 9050/2020 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos.
NBR 9077/2001 – Saídas de emergência em edifícios.
NBR 10897/2020 – Sistema de proteção contra Incêndio por chuveiros automáticos
- Requisitos.
NBR 10898/2023 – Sistema de iluminação de emergência.
NBR 12693/2021 - Sistemas de proteção por extintores de incêndio.
NBR 13103/2020 – Instalação de aparelhos a gás– Requisitos.
NBR 13523/2019 – Central de gás liquefeito de petróleo -GLP.
NBR 13714/2000 – Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a
incêndio.
NBR 14323/2013 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios em situação de incêndio.
NBR 14432/2001 – Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de
edificações – Procedimento.
NBR 14880/2014 – Saídas de emergência em edifícios – Escadas de segurança –
Controle de fumaça por pressurização.
NBR 15200/2012 – Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio.
NBR 15358/2020 – Rede de distribuição interna para gás combustível em
instalação de uso não residencial de até 400 kPa – Projeto e execução.
NBR 15526/2012 – Redes de distribuição interna para gases combustíveis em
instalações residências e comerciais – Projeto e execução.
NBR 15575/2021 – Edifícios habitacionais – Desempenho (partes 1, 3, 4, 5 e 6)
NBR 15575/2013 – Edifícios habitacionais – Desempenho (parte 2)
NBR 15923/2011 – Inspeção de rede de distribuição de gases combustíveis em
instalações residenciais e instalações de aparelhos a gás para uso residencial –
procedimento.
NBR 16626/2017 – Classificação de reação ao fogo de produtos da construção.
NBR 16820/2022 – Sistemas de Sinalização de Emergência – Projeto, requisitos e
métodos de ensaio
NBR 17240/2010 – Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Projeto,
instalação, comissionamento e manutenção de sistemas de detecção e alarme de
incêndio – Requisitos.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
53
CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

2.4.2.2. Métodos de Ensaios


A seguir são apresentados alguns exemplos de métodos de ensaio laboratoriais
para avaliação de desempenho de produtos, componentes e sistemas de proteção contra
incêndio.

NBR 5628/2022 – Componentes construtivos estruturais – Ensaio de resistência ao


fogo
NBR 16400/2022 – Chuveiros automáticos para controle e supressão de incêndios
– Requisitos e métodos de ensaio
NBR 6479/2022 – Portas e vedadores – Ensaio de resistência ao fogo
NBR 8660/2013 - Ensaio de reação ao fogo em pisos — Determinação do
comportamento com relação à queima utilizando uma fonte radiante de calor.
NBR 9442/2019 – Materiais de Construção – Determinação do índice de
propagação superficial de chama pelo método do painel radiante.
NBR 10636-1/2022 – Componentes construtivos não estruturais – Ensaio de
resistência ao fogo – Parte 1: Paredes e divisórias de compartimentação.
NBR 10636-2/2023 – Componentes construtivos não estruturais – Ensaio de
resistência ao fogo – Parte 1: Forros.
NBR 11861/1998 – Mangueira de incêndio – Requisitos e métodos de ensaio.
NBR 14349/1999 – União para mangueira de incêndio – Requisitos e métodos de
ensaio.
NBR 15808/2017 – Extintores de incêndio portáteis.
NBR 15247/2004 – Unidades de armazenagem segura – salas-cofre e cofres para
hardware – classificação e métodos de ensaio de resistência ao fogo.
NBR 16625/2017 – Método de ensaio e de classificação de reação ao fogo de
cortinas – Avaliação das características de ignitabilidade.
ASTM E 662/2018 – Standard test method for specific optical density of smoke
generated by solid materials.
ISO 1182/2020 – Reaction to fire tests for products – Non-combustibility test.
ISO 3008-1/2019 – Fire-resistance tests – Door and shutter assemblies – General
requirements.
ISO 3008-2/2023 – Fire resistance tests – Lift landing door assemblies.
ISO 3008-3/2021 – Fire resistance tests – Door and shutter assemblies horizontally
oriented.
BS EN 13823/2023 – Reaction to fire tests for building products – Building products
excluding floorings exposed to the thermal attack by a single burning item.
BS EN ISO 11925-2/2020 – Reaction to fire tests – Ignitability of building products
subjected to direct impingement of flame – Part 2: Single-flame source test.
NFPA 80 A/2019 – Recommended practice for protection of buildings from exterior
fire exposures.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
54
CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

2.5. TESTES

1. Assinale (V) Verdadeiro e (F) Falso nas afirmativas abaixo:


( ) A Associação Brasileira de Normas Técnicas é o fórum nacional para discussão
dos aspectos técnicos relativos a quase todos os campos de atividade humana,
inclusive da construção civil, incluindo os aspectos da segurança contra incêndio.
( ) As normas específicas de segurança contra incêndio são elaboradas, mas nem
sempre revisadas pelo Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio – CB-24 da
ABNT.
( ) Em função de interdisciplinaridade e ou especificidade de alguns assuntos, as
normas não podem ser elaboradas por outros Comitês Brasileiros da ABNT, como o
Comitê Brasileiro de Construção Civil – CB-02, por exemplo.
( ) Além das normas brasileiras que abordam temas específicos, algumas
regulamentações estabelecem o atendimento às exigências de segurança contra
incêndio.
( ) As regulamentações estaduais de segurança contra incêndio estabelecem os
requisitos mínimos para garantia da segurança contra incêndio das edificações no
estado, que são verificadas através da aprovação das plantas e ou de fiscalização /
vistorias pelo Corpo de Bombeiros estaduais.

2. Assinale a alternativa incorreta: Não existe, atualmente, nenhuma regulamentação ou


norma que exerça o papel de um código nacional de segurança contra incêndio. No
entanto, existem regulamentos específicos que devem ser observados, de acordo
com cada situação, que pode ser:
a) No âmbito federal, através das normas regulamentadoras (NRs) para segurança e
saúde nos locais de trabalho;
b) No âmbito municipal, através de regulamentações municipais como o código de
obras ou edificações;
c) No âmbito nacional, através das normas brasileiras;
d) No âmbito estadual, através de regulamentações dos corpos de bombeiros;
e) N.d.a.

3. Assinale a afirmativa correta quanto à classificação das edificações e áreas de risco


quanto à carga de incêndio.
a) A carga de Incêndio de até 300 MJ/m2 é considerada baixo risco.
b) A carga de Incêndio de até 300 MJ/m2 é considerada médio risco.
c) A carga de Incêndio entre 300 e 1200 MJ/m2 é considerada de alto risco.
d) A carga de Incêndio acima de 1200 MJ/m2 é considerada de médio risco.
e) N.d.a.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
55
CAPÍTULO 2. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

4. Assinale a alternativa correta:


“No Estado de São Paulo, a regulamentação vigente é o Decreto Estadual
63.911/2018 que _________ referência e é complementado pelas Instruções
Técnicas (IT), que ______________ parâmetros para garantir o nível de segurança
contra incêndio desejado.”
a) faz / não estabelecem
b) não faz / estabelecem
c) faz / estabelecem
d) não faz / não estabelecem
e) N.d.a.

5. Assinale a alternativa correta:


a) Nenhum município brasileiro possui regulamentação contra incêndios própria e
específica, incorporada ou não ao Código de Obras do município.
b) Não havendo legislação municipal que estabeleça as condições exigíveis de
segurança contra incêndio das edificações, a regulamentação estadual é
aplicada pelo Corpo de Bombeiros, em acordo com as autoridades locais através
de convênios.
c) Não havendo legislação municipal que estabeleça as condições exigíveis de
segurança contra incêndio das edificações, a regulamentação estadual não deve
ser aplicada pelo Corpo de Bombeiros.
d) Havendo legislação municipal que estabeleça as condições exigíveis de
segurança contra incêndio das edificações, a regulamentação estadual não é
aplicada pelo Corpo de Bombeiros, em nenhuma situação.
e) N.d.a.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
56
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA


ONO
OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos do projeto de
saídas de emergência e exemplificar sua aplicabilidade através do método de
dimensionamento estabelecido na norma brasileira NBR 9077/2001.2(*)

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Pré-dimensionar saídas de emergências (rotas de fuga verticais e horizontais);
• Verificar a conformidade de projetos de saída de emergência segundo os
preceitos de seu dimensionamento;
• Distinguir os tipos de escadas utilizados como rotas de fuga verticais e as
medidas que garantem a sua respectiva efetividade.

2
(*) A norma NBR 9077/2001 está em fase final de revisão, devendo passar para a fase de
consulta pública ainda em 2023, trazendo novos critérios de classificação de riscos e de
ocupação, assim como novo método para dimensionamento de saídas de emergência, caso a
nova proposta seja aprovada neste processo.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
57
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

3.1. PRINCÍPIOS BÁSICOS


As saídas de emergência são projetadas para garantir a saída dos ocupantes de
edifícios em situações de emergência, de forma segura e rápida, de qualquer ponto até
um local seguro, esse último normalmente representado por uma área livre e afastada do
edifício.

Quadro 3.1.

Um projeto adequado deve permitir que todos abandonem as áreas de risco num
período mínimo de tempo, através das saídas. Quanto maior o risco, mais fácil e rápido
deve ser o acesso até uma saída, pois, dependendo do tipo de construção, das
características dos ocupantes e dos sistemas de proteção existentes, o fogo e/ou a
fumaça podem impedir rapidamente a utilização das rotas de fuga. Para evitar tal
inconveniência, a provisão de rotas de saída independentes é fundamental, exceto onde
o edifício ou o ambiente em questão apresente dimensões tão pequenas ou são
arranjados de tal forma que uma segunda saída não aumentaria a segurança dos
ocupantes.
O projeto de saídas de emergência requer, dentre outros conhecimentos, o do
comportamento das pessoas numa situação de emergência, pois a reação humana varia
significativamente em função da capacidade física e mental dos ocupantes, do
treinamento para estas situações, assim como da familiaridade com o edifício em
questão.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
58
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

Além de permitir o abandono seguro dos edifícios pelos seus ocupantes, um bom
projeto de saídas de emergência deve, também, proporcionar às equipes de salvamento
e combate ao fogo, um fácil acesso ao interior do edifício. Disto pode depender o sucesso
das operações dessas equipes em salvar vidas e reduzir perdas patrimoniais.

3.2. ROTAS DE FUGA


Uma rota de fuga é um caminho contínuo de qualquer ponto do edifício até um local
seguro e consiste, basicamente, de 3 partes distintas: o acesso à saída, a saída em si e a
descarga.

Quadro 3.2.

A saída é a parte da rota de fuga separada do restante da área do edifício por


paredes, portas, piso e outros elementos que protegem os ocupantes dos efeitos do
incêndio. Essa saída é composta por rotas horizontais e verticais protegidas, que podem
ser corredores, antecâmaras, escadas e rampas protegidas. Tal proteção é definida pelas
características de desempenho ao fogo dos elementos estruturais e construtivos de
vedação e de acabamento interno que constituem a saída, além de sistemas ativos de
proteção instalados.
Todas as saídas devem terminar diretamente numa via pública ou em uma
descarga que dá acesso à via pública. Assim, a descarga é a porção da rota de fuga
entre o término da saída e a via pública e, quando existir, pode ser representada por
jardins internos ou externos, corredores e passagens através de áreas abertas ou outros
tipos de espaço no interior do lote do edifício que devem apresentar largura e dimensões
suficientes para o acesso ordenado dos ocupantes à via pública. No entanto, uma saída
para o exterior não é necessariamente uma saída para um local seguro se esta não
apresentar dispositivos e elementos de proteção, para que não haja exposição dos
ocupantes ao perigo direto do incêndio (exposição ao calor e às chamas através de
aberturas próximas ou queda de objetos provenientes do próprio edifício e de seus
componentes (elementos de fachada), decorrentes do incêndio ou de seu combate).

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
59
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

O pavimento de descarga deve ser devidamente sinalizado para orientação dos


ocupantes no interior da escada. Quando existir pavimentos inferiores ao nível da
descarga, as escadas que interligam pavimentos superiores não devem apresentar
continuidade com os pavimentos inferiores à descarga, pois os ocupantes que descem as
escadas podem passar despercebidamente pelo pavimento de saída e comprometer sua
própria segurança. Normas e regulamentações atuais exigem que todas as escadas de
uso comum que servem os pavimentos do edifício terminem no pavimento de descarga.
As portas que compõem as rotas de fuga devem abrir sempre em direção do fluxo
de saída das pessoas. As saídas de locais com grande concentração de público e outras
definidas em normas vigentes devem ser equipadas com barras anti-pânico. As portas
que acessam saídas protegidas (corredores protegidos, antecâmaras, escadas e áreas
de refúgio), devem apresentar características especiais (portas corta-fogo) e estar
constantemente fechadas para evitar sua contaminação pelo calor e a fumaça,
garantindo a compartimentação horizontal e vertical.
As barras anti-pânico são instaladas em tipos de ocupação onde existe uma grande
concentração de público como escolas, teatros e cinemas. Basicamente, estes
dispositivos são projetados para facilitar a abertura da porta através de uma simples
pressão sobre ela, não superior a 70 N na direção do fluxo de saída. Tais dispositivos são
constituídos de barras ou painéis que se estendem ao longo da largura da folha da porta
a uma altura entre 900mm e 1100mm do piso (NBR 11.785). As barras podem ser
instaladas em portas comuns ou em portas corta-fogo, sendo que neste último caso,
devem ser submetidas a testes de resistência ao fogo. São disponíveis para portas de
folha simples ou dupla, com diferentes mecanismos de montagem, que devem estar em
conformidade com as especificações da norma.

3.3. DIMENSIONAMENTO
O dimensionamento das partes que compõem as saídas depende da lotação das
edificações e é definida de acordo com a classe de ocupação do local (que está
relacionado ao seu risco) por normas e legislações.
Existem, a princípio, dois principais métodos de cálculo das larguras das saídas,
baseadas em duas características básicas preestabelecidas: a lotação e o tipo de
ocupação do edifício e de suas partes.
O método de cálculo pelo fluxo utiliza como conceito básico, a determinação de
um período máximo de tempo para evacuação de um edifício, dentro do qual todos
devem atingir um local seguro. Calcula-se, tradicionalmente, um fluxo de 60
pessoas/minuto através de uma largura de 560 mm.
O método de cálculo pela capacidade é baseado no pressuposto de que escadas
protegidas em número e dimensões suficientes devem ser providas para que estas
abriguem, adequadamente, todos os ocupantes no seu interior, sem a necessidade de
movimento ou fluxo para o exterior da escada no piso de descarga. Adota-se aqui que as
escadas são áreas totalmente seguras e podem abrigar pessoas por tempo considerável,
permitindo que se desloquem calmamente para a saída final do edifício (descarga).
Ambos os métodos podem ser aplicados num projeto de saídas eficiente e seguro,
dependendo das circunstâncias específicas. Nos locais onde um número significativo de
pessoas pode apresentar grande possibilidade de limitação física ou mental, temporária

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
60
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

ou permanente, o método do fluxo não é recomendado. Nestes casos, o método da


capacidade oferece um local para todos no interior de uma área segura (que pode ser
uma área de refúgio ou uma escada protegida).
Assim, o dimensionamento das saídas se baseia em dois fatores: larguras mínimas
e larguras de projeto obtidas pelo cálculo da população nos casos específicos, ambas
determinadas por normas e regulamentações.

3.3.1. LARGURAS MÍNIMAS


Existe uma unidade de largura padrão, largamente utilizada para cálculo de saídas
de 560 mm, determinada em estudos internacionais, e que corresponde à largura
aproximada de ombro-a-ombro de um adulto. Normalmente, duas unidades de largura
padrão, ou seja, 1120 mm correspondem à largura mínima de saídas na maioria das
situações.
A norma brasileira NBR 9077 utiliza o termo “unidade de passagem” para definir
uma largura padrão, com o valor de 55 cm para acessos e descargas, sendo que a
largura mínima das saídas deve ser de 1,10m, correspondente a duas unidades de
passagem, para ocupações em geral, havendo exceções em tipos de ocupações
especiais como hospitais, onde a largura mínima é de 2,20m.
As portas colocadas ao longo dos corredores ou no acesso das escadas também
devem atender às dimensões mínimas exigidas por normas. A norma brasileira NBR
9077 determina as seguintes condições de vão livre ou “luz” para as portas:
a) 80 cm para uma unidade de passagem;
b) 100 cm para duas unidades de passagem;
c) 150 cm, em duas folhas, para três unidades de passagem;
d) acima de 220 cm, instalação de folhas de porta com coluna central.
Complementarmente, a norma NBR 11.742 - Porta corta-fogo para saídas de
emergência - Especificação determina os seguintes limites (Tabela 3.1):

Tabela 3.1. Vão de luz de portas corta-fogo em saídas de emergência.


Vão de Luz Largura Altura
Mínimo 800 mm 2000 mm
Máximo 2200 mm 2300 mm
Para vãos de luz igual ou superior a 1200 mm, exige-se folha dupla.

3.3.2. CÁLCULO DE LOTAÇÃO


A norma brasileira NBR 9077 determina que seja obtida a lotação estimada da
edificação por pavimento, para o dimensionamento das saídas de emergência. Alguns
dos valores para o cálculo da lotação da Tabela 5 da norma são apresentados a seguir,
na Tabela 3.2:

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
61
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

Tabela 3.2. Exemplos de classificação de ocupação e sua densidade correspondente.


Ocupação m2/pessoa
Habitação Residencial 2 pessoas/dormitório
Comércio 3,00
Serviços 7,00
Bares e restaurantes 1,00
Prestação de serviços de educação 1,50
(Seguem demais tipos) :
Fonte: Reprodução parcial da Tabela 5 da norma NBR 9077.

Para o cálculo da população, feita por pavimento, leva-se em consideração a área


de cada pavimento, excluindo-se áreas específicas em alguns tipos de ocupação, que
devem ser consultadas no item 4.3.3 da norma.

3.3.3. ROTAS HORIZONTAIS E VERTICAIS


As rotas de fuga horizontais são constituídas de corredores e passagens e as rotas
verticais, de escadas e rampas.
Na norma brasileira NBR 9077, os espaços de circulação são definidos em função
do tipo de ocupação / lotação dos pavimentos do edifício e da largura mínima, de duas
unidades de passagem, já discutida anteriormente.
A largura de projeto das saídas é dada pela seguinte fórmula, na norma brasileira
NBR 9077:

N= P/C onde:

N: número de unidades de passagem de 0,55m.


P: população, conforme Tabela 5 da norma brasileira.
C: capacidade da unidade de passagem, conforme Tabela 5 da norma brasileira.

Na Tabela 5 da NBR 9077, a capacidade da Unidade de Passagem é dada em


função do tipo de ocupação. A seguir, apresenta-se uma reprodução da Tabela 1 da IT
11 que complementa o Decreto Estadual No 63.911/2018 (Estado de São Paulo), onde é
possível observar valores de capacidade de unidades de passagem muito similares aos
valores estabelecidos na norma NBR 9077.
A capacidade da unidade de passagem varia de acordo com o tipo de saída,
dividida em acessos/ descargas, escadas/rampas e portas. Os valores de
“acessos/descargas” são utilizados para o dimensionamento de rotas horizontais e os de
“escadas/rampas” para rotas verticais.
Assim, para o dimensionamento das rotas horizontais, estima-se a população (P)
de cada pavimento e se divide a mesma pela capacidade de unidade de passagem (C)
de “acessos/descargas” para a respectiva ocupação. Desta forma, obtém-se o número
de unidades de passagem (N), que é a quantidade de unidades de passagem
necessárias para o escoamento da população estimada. O N deve ser sempre um valor
arredondado para número inteiro superior ao valor fracional eventualmente obtido.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

Por exemplo, se a população for de 255 pessoas (P) e a capacidade de saída de


um corredor for de 100 (C), pela fórmula, o número de unidades de saída será 255/100,
ou seja, N=2,55 UP (unidades de passagem). Desta forma, o N deve ser arredondado
para 3,0. O que significa que o corredor necessitará ter uma largura total de 3 unidades
de saída (de 0,55m), ou seja, 3 unidades multiplicado pelo valor de 0,55m, totalizando
1,65m.

Tabela 3.3. Exemplo de densidade e capacidade de unidade de passagem por tipo de


ocupação (Reprodução parcial da Tabela 1 do anexo A da IT 11/2019).

Fonte: Tabela 1 do anexo A da Instrução Técnica n° 11/2019.

De maneira geral, a largura da via de escoamento vertical (escada ou rampa) deve


ser dimensionada em razão do pavimento de maior lotação dentre todos os pavimentos
do edifício considerado que se servem desta via de escoamento (vide detalhes no item
4.4 da norma NBR 9077), nunca podendo diminuir a sua largura ao longo de seu sentido
descendente.
As vias de escoamento vertical devem atender a exigências mínimas de segurança
determinadas pelo dimensionamento da largura, altura e inclinação dos degraus, da

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

largura dos patamares, da altura e disposição dos corrimãos e guarda-corpos. Esses


requisitos devem ser atentamente considerados para garantir a segurança dos ocupantes
na circulação por este meio, tanto no dia-a-dia como numa situação de emergência.

3.3.4. DEGRAUS E PATAMARES


Os espaços de circulação coletiva podem apresentar desníveis em situações
variadas, que podem ser vencidas por sequências de degraus e patamares. Em qualquer
circunstância, estes espaços devem proporcionar condições adequadas de circulação
entre estes desníveis, que são atendidas através do dimensionamento adequado de
altura e largura de degraus, de patamares, do número de degraus por lance, das
características do piso, etc.
Para se obter degraus e patamares que proporcionem segurança no seu uso
normal e de emergência é necessário que sejam projetados e executados de modo que
todos os degraus de um lance tenham dimensões uniformes e que os patamares sejam
localizados em altura intermediária entre dois desníveis. Um descompasso no ritmo
descendente, principalmente em situações onde há uma altura de mais de dois
pavimentos a ser vencida, pode provocar acidentes (tropeços e atropelamentos) durante
o escoamento de pessoas.
A norma NBR 9077 estabelece regras básicas para o dimensionamento de degraus
e patamares, conforme pode ser visto a seguir.

Tabela 3.4. Condições de Dimensionamento de Degraus e Patamares.


NBR 9077
Altura (h): 0,16m < h < 0,18m
Piso (b): 0,63 m < (2h+b) < 0,64m
Degraus
Saliência > 1,5 cm (bocel)
Deve ter 3 degraus contínuos, no mínimo
p (piso) = (2h + b) n+b onde n é um número inteiro
Patamares p > largura de escada na mudança de direção
Patamar intermediário quando desnível > 3,7m

3.3.5. RAMPAS
As rampas são também utilizadas para vencer desníveis e especialmente
satisfatórias para o acesso aos edifícios e a circulação no seu interior por pessoas com
alguma deficiência física temporária ou permanente, quando bem projetadas. Isto implica
em adequação de sua inclinação e colocação de patamares intermediários, etc.
As exigências mínimas determinadas nas normas brasileiras NBR 9077 e NBR
9050 são em relação à:
• Declividade ou inclinação: < 8,33% (NBR 9050);
• Colocação de patamares intermediários;
• Instalação de pisos antiderrapantes duráveis;
• Colocação de corrimãos duplos e guarda-corpos.

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CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

Em caso de contradições entre as exigências definidas nas diferentes normas, sempre se


deve adotar a mais rigorosa.
3.3.6. CORRIMÃOS E GUARDA-CORPOS
Corrimãos e guarda-corpos devem ser instalados ao longo das rotas de fuga, toda
vez que houver algum desnível no piso de circulação coletiva vertical ou horizontal, seja
este vencido por rampa ou por degraus de escada, a fim de proporcionar pontos de apoio
para os usuários.
Os corrimãos devem ser projetados e instalados de modo a permitir que sejam
agarrados fácil e confortavelmente. Devem, também, permitir o deslocamento contínuo
da mão ao longo de toda sua extensão, se prolongando por 30 cm do seu início e término
(NBR 9077 e NBR 9050 – vide Figura 3.1)).
Guarda-corpos devem ser instalados em locais que apresentam desnível como
escadas, rampas, terraços, balcões e mezaninos, e que não são isolados de áreas
adjacentes por paredes. Os guarda-corpos se constituem de obstáculos de proteção
contra quedas (Figura 3.2), tendo altura mínima de 1,05m ao longo de patamares de
áreas internas e 1,30m em escadas e patamares em áreas externas que servem a alturas
superiores a 12,0m acima do solo. Estas barreiras físicas devem apresentar condições de
suporte a cargas horizontais e verticais de pessoas em circulação normal e de
emergência que são estabelecidas na norma brasileira NBR 9077. Observa-se que as
“longarinas” não são recomendadas, pois possibilitam a “escalada” do guarda-corpo.

Figura 3.1. Detalhamento de corrimãos

< 15cm

Balaustres

Longarinas Grade ou tela Alvenaria < 15cm


Figura 3.2. - Exemplos de guarda-corpos (NBR 9077)

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65
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

3.3.7. DISTRIBUIÇÃO
As saídas devem estar bem distribuídas de modo que os ocupantes possam
alcançá-las rapidamente de qualquer ponto da área considerada e, caso uma delas seja
eventualmente inutilizada (pela fumaça/ fogo, por exemplo) as demais devem se manter
intactas e disponíveis / acessíveis aos ocupantes.
O número e a disposição das saídas num edifício são definidos por fatores como a
distância a percorrer até uma saída de pavimento, a proteção da área por chuveiros
automáticos ou não, o tipo de ocupação e o número de pavimentos (altura) do edifício.
Por exemplo, o número de saídas está relacionado, na norma brasileira NBR 9077,
ao nível de risco da edificação, às distâncias máximas que podem ser percorridas até
uma saída e a existência de sistemas de chuveiros automáticos, conforme Tabela 3.5
abaixo:

Tabela 3.5. Distâncias máxima a serem percorridas.

Tipo de Grupo de Sem chuveiros automáticos Com chuveiros automáticos


edificação
Ocupação
Saída única + de uma saída Saída única + de uma saída

X Qualquer 10, 00 m 20,00 m 25,00 m 35,00 m

Y Qualquer 20,00 m 30,00 m 35,00 m 45,00 m

Z C, D, E, F, G-3, G-3, G-5, H, I 30,00 m 40,00 m 45,0 m 55,0 m

A, B, G-1, G-2, J 40,00 m 50,00 m 55,00 m 65,00 m

Fonte: Tabela 6 da NBR 9077

A classificação dos tipos de edificação da tabela acima, em X, Y ou Z é dada pelo


nível de compartimentação vertical da edificação, assim como o nível de resistência ao
fogo do sistema construtivo empregado. Em geral, as edificações ordinárias se
classificam como do tipo Z (estrutura em concreto armado com fechamento em alvenaria
resistente ao fogo).
A distância a percorrer deve ser medida do ponto mais remoto do compartimento ou
da área considerada até a saída, considerando o percurso real mais crítico observado no
projeto e não uma distância imaginária em linha reta. Conceitualmente, a distância a
percorrer pode ser acrescida em 50% quando o edifício é protegido por um sistema de
chuveiros automáticos, porém, este valor pode variar de acordo com a norma ou
regulamentação observada. Esse acréscimo leva em consideração a alta probabilidade
de um incêndio ser contido pelo acionamento dos chuveiros automáticos, tendo seu
desenvolvimento retardado, permitindo que os ocupantes do edifício tenham mais tempo
para a fuga, portanto, possam percorrer distâncias maiores.

3.4. PROTEÇÃO DAS ROTAS DE FUGA


As rotas de fuga que dão acesso a uma saída devem apresentar proteção contra os
efeitos do incêndio condizente com o risco de uso e da ocupação do local, representadas
por medidas de proteção ativa e passiva.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
66
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

3.4.1. PROTEÇÃO PASSIVA


As medidas de proteção passiva se encontram basicamente nos aspectos
arquitetônicos, do sistema construtivo e de acabamento da edificação, podendo ser
constituídas, essencialmente, pelo projeto de rota de fuga, pela compartimentação
(horizontal e vertical) e pelo controle dos materiais utilizados no acabamento de interiores
e no isolamento termo acústico dos ambientes.
Conceitualmente, tais medidas são destinadas à diminuição da probabilidade de
ocorrência de um início de incêndio, ao impedimento do seu rápido desenvolvimento
através do controle dos tipos de materiais encontrados (reação ao fogo) e através de
barreiras à expansão da fumaça, do calor e das chamas nos ambientes e nas rotas de
fuga protegidas (resistência ao fogo / compartimentação).
O cumprimento de algumas dessas medidas é exigido por normas e
regulamentações.
A norma brasileira NBR 9077 determina que as escadas protegidas sejam
constituídas de material incombustível com resistência ao fogo mínima de 120 minutos
(escada enclausurada protegida) e máxima de 480 minutos (escada enclausurada à
prova de fumaça), portas P-30 e patamares revestidos com material Classe A (NBR
9442).
É interessante comparar os requisitos acima com aqueles estabelecidos nas
Instruções Técnicas específicas do Corpo de Bombeiros (IT No 8, 9 e 10).

3.4.2. PROTEÇÃO ATIVA


As medidas de proteção ativa são igualmente importantes para garantia de
segurança dos ocupantes das edificações em situações de incêndio, exercendo papel
fundamental sob diferentes aspectos como: rápida detecção e aviso (sistemas de
detecção e alarme de incêndio), orientação visual (sistema de iluminação de emergência)
e sonora (sistema de comunicação de emergência) e contenção do incêndio e de seus
efeitos (sistemas de extinção de incêndio e de controle de fumaça).

3.4.3. ÁREAS DE REFÚGIO


O conceito de área de refúgio é definido no item 4.10 da NBR 9077/2001, assim
como os requisitos construtivos e a aplicação deste requisito nas edificações. Área de
refúgio é, segundo o item 4.10.1.1 da Norma, “parte de um pavimento separada do
restante por paredes corta-fogo e portas corta-fogo, tendo acesso direto, cada uma delas,
a uma escada de emergência” (vide Figura 3.3).

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
67
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

Figura 3.3. Planta esquemática de área de refúgio.


Fonte: NBR 9077, p.21.

Esta área deve ter resistência ao fogo de 4 horas e seria obrigatória em edifícios
institucionais H-2 (asilos, orfanatos, abrigos geriátricos, etc.) e H-3 (hospitais e
assemelhados), com altura superior a 6,0m e em edifícios H-1 (hospitais veterinários e
assemelhados), H-2 e E (uso educacional e afins), quando tiver dimensão em planta
superior a 5000 m2. É compreensível a exigência para edifícios dos grupos H-2 e H-3,
porém, não para os edifícios do grupo H-1. O item 4.10.1.3 da mesma norma estabelece
que as larguras das saídas de emergência podem ser reduzidas em 50% quando houver
áreas de refúgio na edificação. No entanto, não há clareza no texto quanto às dimensões
mínimas para as áreas de refúgio em função de algum parâmetro como área ou
população, nem sobre a necessidade destas áreas serem de uso exclusivo para esta
finalidade. Também não há definição da necessidade de condições de suporte de vida
para o caso de edifícios hospitalares, nem sobre a necessidade de atendimento aos
requisitos mínimos de proteção contra incêndio (sistemas de extintores, alarmes,
hidrantes, iluminação de emergência, comunicação de emergência, etc.) destas áreas.
Tal situação dificulta o dimensionamento e a instalação das áreas de refúgio.

3.5. TIPOS DE ESCADAS


A denominação dada aos vários tipos de escada difere de acordo com as normas e
regulamentações que definem seu uso. Aqui será adotada a terminologia utilizada pela
norma brasileira NBR 9077.
Além das escadas apresentadas a seguir, a referida norma brasileira define o uso
também das escadas com lances curvos e lances mistos para utilização para saída de
emergência, ainda que de modo restrito, somente em alguns tipos de ocupação e
proibidos para escadas à prova de fumaça.
A utilização de escadas com lances curvos ou mistos não são desejáveis em
função dos problemas que estas podem causar no fluxo de saídas dos ocupantes dos
edifícios, pois a diminuição da largura e/ou variação nos lances de escadas causa uma
desaceleração no fluxo, que pode ter como consequência maior, acidentes no uso.

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68
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

3.5.1. ESCADAS ABERTAS/ NÃO ENCLAUSURADAS


Também denominada escada comum, faz parte da rota de fuga e se comunica
diretamente com os demais ambientes de circulação horizontal, portanto, não é isolada
por paredes resistentes ao fogo ou portas corta-fogo. Entretanto, deve ser constituída de
elementos estruturais com resistência ao fogo de 120 minutos, no mínimo. Neste caso, o
local seguro fica fora do edifício e, portanto, a distância máxima a percorrer deve ser
considerada até a saída do edifício.
São, normalmente, admitidas somente em edificações de pequeno porte (até 9 ou
12 metros de altura, dependendo do tipo de ocupação) onde a evacuação pode ser
garantida antes do comprometimento das escadas pelos efeitos do incêndio.

3.5.2. ESCADAS ENCLAUSURADAS PROTEGIDAS


Este tipo de escada é envolvido por uma caixa constituída de paredes resistentes
ao fogo e com acesso para outros ambientes por meio de portas corta-fogo, e apresenta
aberturas para ventilação e iluminação voltadas diretamente para o exterior em todos os
pavimentos e no topo da escada (Figura 3.4).
São, em geral, escadas encontradas em edifícios de pequeno porte (em geral, até
12 metros), com exceção dos edifícios de apartamentos residenciais, onde se pode
encontrar este tipo de escada em construções de porte médio (até 30 metros de altura).

Paredes
resistentes ao
fogo (RF>120)

Paredes Porta Corta-Fogo


resistentes ao (P90)
fogo (RF>120)
Figura 3.4. Exemplo de escada enclausurada protegida.

3.5.3. ESCADAS ENCLAUSURADAS À PROVA-DE-FUMAÇA


Esta escada é uma escada do tipo enclausurada antecedida de antecâmara
enclausurada, balcão ou terraço, com ventilação natural, cuja função é a dispersão do
calor e da fumaça do incêndio que venha a se infiltrar neste ambiente, impedindo sua
penetração e contaminação na escada.
Este tipo de escada, enclausurada à prova de fumaça, é exigido para a maioria dos
edifícios com mais de 12 metros de altura, exceto nos edifícios residenciais, onde se
admite alturas maiores com escadas enclausuradas protegias, conforme comentário no
item anterior.

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69
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

A antecâmara enclausurada deve apresentar um sistema de ventilação / exaustão


natural por dois dutos (um com tomada de ar na base e outro com saída no topo)
servindo todos os pavimentos, segundo a norma NBR 9077 (Figura 3.5).
O sistema de escadas com antecâmaras com dutos de ventilação natural sofre
grande influência das condições atmosféricas, do efeito chaminé e do próprio calor
gerado numa situação de incêndio, que podem, rapidamente, comprometer seu
desempenho, prejudicando o uso da escada para o abandono do edifício e para as ações
para combate ao fogo. Tal sistema se torna mais vulnerável proporcionalmente à sua
altura.

Porta Corta-Fogo
(P90)

≥d

L≥1,5 d

Antecâmara
Dutos de ventilação:
entrada e saída

Paredes resistentes Porta Corta-Fogo


ao fogo (RF>120) (P90)
Figura 3.5. Escada com antecâmara provida de dois dutos de ventilação.

Portanto, o sistema de escadas à prova de fumaça mais recomendado é aquele


com a antecâmara em forma de balcão ou terraço, também denominada vestíbulo (Figura
3.6), onde se garante uma ventilação de grandes proporções através do contato direto
com o exterior. No entanto, tal tipo de situação é raramente encontrado nos edifícios, por
duas razões básicas: a primeira é a dificuldade de se projetar escadas com vestíbulo
voltado para o exterior pois acaba por ocupar grande área nas fachadas; a segunda é a
dificuldade de circulação e de manutenção deste vestíbulo no dia-a-dia (mais susceptível
às intempéries).
O balcão ou terraço pode, se mal planejado, prejudicar a maximização do uso da
fachada do edifício, pois, além de tudo, não devem existir outras grandes aberturas
próximas, pelas quais podem-se transmitir os efeitos do incêndio.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

Abertura direta para o exterior com


área ≥ 50% da superfície de L

≥d
d

L≥1,5 d

vestíbulo
Paredes resistentes Porta Corta-Fogo
ao fogo (RF>120) (P90)
Figura 3.6. Escada com vestíbulo do tipo terraço ou balcão.

3.5.4. ESCADAS A PROVA DE FUMAÇA PRESSURIZADAS


Este tipo de escada, ao contrário dos tipos anteriormente apresentados e que são
integralmente constituídos de elementos de proteção passiva, conta com um elemento de
proteção ativa, que é o sistema de pressurização do ar do interior da escada por meios
mecânicos (ventiladores).
A escada pressurizada, segundo a norma NBR 9077, deve ser projetada de acordo
com as determinações da norma BS 5588: Parte 4. No entanto, existe a norma brasileira
NBR 14.880 – Saídas de emergência em edifícios – Escada de segurança – Controle de
fumaça por pressurização, em vigor desde 2002 (a versão atual é de 2014).
No capítulo seguinte desta apostila, apresentam-se, resumidamente, os princípios
básicos adotados para o projeto de pressurização de escadas. As normas brasileiras
citadas já determinam alguns parâmetros para o projeto de escadas pressurizadas,
reduzindo as opções aos projetistas dadas na norma inglesa.
Os parâmetros definidos na norma brasileira são as seguintes:
• As antecâmaras são dispensadas na maioria dos casos;
• Recomenda-se adotar o sistema de pressurização de dois estágios;
• Deve-se garantir o funcionamento do sistema por fonte de alimentação
alternativa por, pelo menos, 4 horas.
Sistemas de pressurização devem ser adequadamente projetados para cada tipo
de edifício e fielmente executados (inclusive a construção da caixa de escadas resistente
ao fogo e a instalação de portas corta-fogo), de tal modo que seu funcionamento seja
efetivo. Além disso, é essencial a prática de um sistema de manutenção preventiva e
corretiva para que a escada apresente desempenho satisfatório quando requerido,
conforme a NBR 14880.

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CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

3.5.5. ESCADAS EXTERNAS


Este tipo de escada não é normalizado pela norma NBR 9077/2001, mas era
admitido no Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo (1992), nas
seguintes condições:
• Limitada a altura máxima de 27 metros;
• Com aberturas para ventilação natural correspondente a pelo menos 50% do
seu perímetro;
• As faces abertas fiquem distanciadas de qualquer outra abertura na mesma
edificação em, pelo menos, 5 metros;

Tal tipo de escada (vide Figura 3.6) foi muito utilizado na adaptação às condições
de segurança de edifícios construídos anteriormente a 1975, ano do surgimento do
primeiro código de obras que regulamentava as medidas de segurança contra incêndio
no município de São Paulo. E eram aceitas como rota de fuga vertical também em
edifícios novos pelo Código de Obras Municipal de 1992, não mais em vigor.

Porta Corta-Fogo
(P90)

>5m
>5m

Faces abertas

Edificação
vizinha no
>3m Limite do lote mesmo lote

Figura 3.7. Exemplo de escada externa.

Atualmente, a construção e uso deste tipo de escada é permitido para edifícios


novos na Instrução Técnica 11/2019 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo,
onde são denominadas Escadas Abertas Externas (AE), com distâncias mínimas de
proteção de aberturas próximas, de acordo com a altura da edificação, conforme pode
ser verificado nas ilustrações a seguir, e no item 5.7.13 desta instrução técnica:

Figura 3.8. Escada aberta externa


Fonte: Figuras 20 e 21 da IT 11/2019

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CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

3.6. SINALIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA


A sinalização de segurança contra incêndio tem como finalidade propiciar
informações aos ocupantes do edifício com o intuito de restringir o risco de ocorrência de
incêndios e indicar ações apropriadas a serem adotadas em caso de emergência. As
recomendações e os conceitos aqui apresentados fazem parte da norma NBR
16820/2022 – Sistemas de Sinalização de Emergência – Projeto, requisitos e métodos de
ensaio.

3.6.1. FUNÇÕES DA SINALIZAÇÃO


A sinalização de segurança contra incêndio possui duas funções básicas distintas,
sendo uma delas o de reduzir o risco de ocorrência de incêndio, alertando para os riscos
potenciais e a outra, considerando que o incêndio tenha ocorrido, visa garantir que sejam
adotadas ações adequadas à situação de risco.
3.6.1.1. Sinalização básica
Este tipo de sinalização deve ser dividido em cinco categorias, de acordo com sua
função:
a) sinalização de proibição, cuja função é coibir ações capazes de conduzir ao
início do incêndio ou ao seu agravamento;
b) sinalização de alerta, cuja função é alertar para áreas e materiais com potencial
de risco;
c) sinalização de orientação e salvamento, cuja função é indicar as rotas de fuga e
as ações necessárias ao seu acesso;
d) sinalização de equipamentos de combate a incêndio, cuja função é indicar a
localização de equipamentos de proteção contra incêndios disponíveis.
3.6.1.2. Sinalização complementar
A sinalização complementar é composta por faixas de cor ou mensagens, devendo
ser empregada nas seguintes condições:
a) indicação continuada das rotas de saída;
b) indicação de obstáculos e riscos de utilização das rotas de saída, como pilares,
arestas de paredes, vigas etc.;
c) mensagens escritas específicas que acompanham a sinalização básica, onde for
necessária a complementação da mensagem dada pelo símbolo
d) indicação de agente extintor, que indicam o tipo de agente extintor e suas
aplicações;
e) indicação de lotação máxima do recinto e de sistemas de segurança contra
incêndio;
f) plano de fuga, para orientar, informar e instruir o usuário da edificação para
procedimentos adotados em situações de emergência.

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73
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

3.6.2. APLICAÇÃO
3.6.2.1. Sinalização básica
Os diversos tipos de sinalização de segurança contra incêndio devem ser
instalados em função das características específicas de uso e dos riscos, bem como em
função das necessidades básicas para a garantia da segurança contra incêndio nas
edificações. Os procedimentos de projeto e instalação são definidos na norma brasileira
NBR 16820/2022 – Sistema de Sinalização de emergência. De acordo com esta norma
brasileira, as sinalizações de orientação e salvamento, assim como a de equipamentos
de combate e alarme devem apresentar efeito fotoluminescente comprovado.
Todos os tipos de sinalização devem ser instalados em local visível, em dimensões
e cores adequadas para sua leitura à distância, conforme critérios definidos na norma
NBR 16820/2022 – Sistema de Sinalização de emergência.
A altura de instalação das sinalizações básicas e complementares são definidas de
acordo com as situações específicas de projeto, sendo classificadas em três alturas a
saber: a) nível superior (1,80m do piso acabado); b) nível intermediário (1,20 a 1,60m do
piso acabado) e c) nível inferior (0,25 a 0,50m do piso acabado).

Tabela 3.9. Resumo das exigências de instalação das sinalizações básicas.


Tipo Altura Localização Distanciamento entre
sinalizações
Proibição > 1,80 m do piso + de um ponto ao longo do < 15 m
acabado à base inferior perímetro da área de risco
da sinalização
Alerta > 1,80 m do piso à base Próximo ao risco isolado (1 < 15 m
inferior da sinalização sinalização) ou ao longo da área
de risco generalizado (+ 1
sinalização)
Orientação e > 1,80 m do piso (geral); Ao longo das rotas de fuga (+ 1 < 15 m
Salvamento < 10cm acima da verga sinalização)
da porta (saída) ou na
porta, centralizada a >
1,80 m do piso acabado.
Equipamentos > 1,80 m do piso Imediatamente acima do Instalar sinalização
de combate acabado. equipamento. adicional, quando
houver dificuldade de
visualização direta do
equipamento,
conforme estabelecido
na norma.

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CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

3.6.2.2. Sinalização complementar


As mensagens específicas que acompanham a sinalização básica devem se situar
imediatamente adjacente à sinalização que complementa, devendo estar no idioma
português. Caso exista a necessidade de se utilizar um segundo idioma, este nunca deve
substituir o idioma original, mas ser incluso adicionalmente.
A sinalização de indicação continuada das rotas de fuga deve ser implantada sobre
o piso acabado ou sobre as paredes das rotas de saída. O espaçamento da instalação
deve atender aos critérios estabelecidos da norma NBR 16820.
A sinalização de indicação de obstáculos ou de riscos na circulação das rotas de
saída deve ser implantada toda vez que houver desnível de piso, rebaixo de teto ou
outras saliências resultantes de elementos construtivos ou equipamentos que reduzam a
largura das rotas ou impeçam o seu uso.

3.6.2.3. Materiais
A sinalização pode ser confeccionada em placas, chapas ou películas a serem
afixadas posteriormente nos locais ou pode ser pintada diretamente sobre a superfície da
área a ser sinalizada. Assim, o material que compõe pode ser rígido ou flexível, desde
que atenda as exigências da norma quanto à resistência mecânica, uniformidade de
superfície, resistência à lavagem e resistência à luz, conforme a norma NBR 16820.

A seguir apresentam-se alguns exemplos da sinalização básica:

Figura 3.9. Exemplos de sinalização básica.


Sinalização de Proibição
Código Símbolo Significado Forma e cor Aplicação

Símbolo: circular
Fundo: branca Todo local onde o fumo
P-1 Proibido fumar Pictograma: preta possa aumentar o risco
Faixa circular e barra de incêndio
diametral: vermelha

Sinalização de Alerta
Código Símbolo Significado Forma e cor Aplicação

Símbolo: triangular Próximo a materiais ou


Cuidado, risco de Fundo: amarela áreas com presença de
A-2 incêndio Pictograma: preta produtos altamente
Faixa triangular: preta inflamáveis

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CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

Sinalização de orientação e salvamento


Código Símbolo Significado Forma e cor Aplicação

Indicação do sentido
(esquerda ou direita) de
uma saída de
emergência,
S-1 especialmente para ser
fixado em colunas
Dimensões mínimas:
L = 1,5H.

Indicação do sentido
Símbolo: retangular (esquerda ou direita) de
Fundo: verde uma saída de
S-2 Saída de emergência
Pictograma: emergência
fotoluminescente Dimensões mínimas:
L = 2,0 H

Indicação de uma saída


de emergência a ser
S-3 afixada acima da porta,
para indicar o seu
acesso

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CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

3.7. TESTES

1. Assinale a afirmativa correta. No projeto de saídas de emergência devem ser


consideradas as seguintes questões básicas:
a) A influência das características de ocupação do local; a influência da arquitetura e
do sistema construtivo; a influência dos materiais de acabamento, decoração e
mobiliário; não precisando levar em consideração a influência dos equipamentos e
sistemas de proteção contra incêndio.
b) A influência das características de ocupação do local; a influência da arquitetura e
do sistema construtivo; a influência dos materiais de acabamento não precisa ser
considerada bem como a decoração e mobiliário;
c) A influência das características de ocupação do local; a influência da arquitetura e
do sistema construtivo; a influência dos materiais de acabamento, decoração e
mobiliário; a influência dos equipamentos e sistemas de proteção contra incêndio.
d) A influência das características de ocupação do local não é levada em
consideração, somente a influência da arquitetura e do sistema construtivo;
e) N.d.a.

2. Assinale a afirmativa correta. Uma rota de fuga é um caminho contínuo de qualquer


ponto do edifício até um local seguro e consiste, basicamente, de:
a) 2 partes distintas: a saída em si e a descarga.
b) 1 parte distinta: o acesso à saída.
c) 3 partes distintas: o acesso à saída, a saída em si e a descarga.
d) 1 parte distinta: a saída em si.
e) N.d.a.

3. Assinale a afirmativa correta:


a) A saída é a parte da rota de fuga separada do restante da área do edifício por
paredes, portas, piso e outros elementos que protegem os ocupantes dos efeitos do
incêndio, e restringem-se as rotas verticais.
b) A saída é a parte da rota de fuga separada do restante da área do edifício por
paredes, portas, piso e outros elementos que protegem os ocupantes dos efeitos do
incêndio. É composta por rotas horizontais e verticais protegidas, que podem ser
corredores, antecâmaras, escadas e rampas protegidos.
c) A saída é a parte da rota de fuga integrante a área do edifício. É composta somente
por corredores e escadas.
d) A saída é a parte da rota de fuga separada do restante da área do edifício por
paredes, portas, piso e outros elementos que protegem os ocupantes dos efeitos do
incêndio. É composta por rotas horizontais e verticais protegidas, que podem ser
corredores, mas nunca antecâmaras e rampas.
e) N.d.a.

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77
CAPÍTULO 3. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

4. Assinale (V) verdadeiro e (F) falso nas alternativas abaixo:


a) ( ) O método de cálculo pelo fluxo utiliza como conceito básico, a determinação de
um período mínimo de tempo para evacuação de um edifício, dentro do qual todos
devem atingir um local seguro. Calcula-se, tradicionalmente, um fluxo de 60
pessoas/minuto através de uma largura de 560 mm.
b) ( ) O método de cálculo pela capacidade é baseado no pressuposto de que
escadas em número e dimensões suficientes devem ser providas para que estas
abriguem, adequadamente, todos os ocupantes no seu interior, sem a necessidade
de movimento ou fluxo para o exterior da escada no piso de descarga. Adota-se
aqui que as escadas são áreas totalmente seguras e podem abrigar pessoas por
tempo indeterminado, permitindo que se desloquem calmamente para a saída final
do edifício (descarga).
c) ( ) Ambos os métodos (método de cálculo pelo fluxo e o método de cálculo pela
capacidade) podem ser aplicados para um projeto de saídas eficientes, mas não
são totalmente seguras.
d) ( ) Nos locais onde um número significativo de pessoas pode apresentar grande
possibilidade de limitação física ou mental, temporária ou permanente, o método do
fluxo é recomendado. Nestes casos, o método do fluxo oferece um local para todos
no interior de uma área segura (que pode ser uma área de refúgio ou uma escada).

5. Assinale a alternativa incorreta. As rotas de fuga verticais em edifícios altos:


a) Podem ser compostas por rampas, desde que protegidas dos efeitos do incêndio
(calor, gases quentes e fumaça) por paredes e portas corta-fogo.
b) Podem ter escadas comuns, não enclausuradas ou simplesmente enclausuradas.
c) Podem ter elevadores, desde que estejam protegidas dos efeitos do incêndio, fonte
alternativa de energia e operação por comando interno.
d) Devem ter escadas à prova de fumaça, isto é, enclausuradas e providas de
antecâmara com ventilação por dutos ou providas de pressurização.
e) N.d.a.

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA


ROSARIA ONO
OBJETIVOS DO ESTUDO

Este capítulo tem como objetivo apresentar os princípios básicos de projetos de


controle de movimento da fumaça e exemplificar sua aplicabilidade através dos métodos
abordados pelas normas NBR, NFPA e BS, além das Instruções Técnicas do Corpo de
Bombeiros do Estado de São Paulo.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:

• Compreender os conceitos básicos dos sistemas de controle de movimento de


fumaça no interior de edificações;
• Entender dos princípios básicos de funcionamento desses sistemas;
• Distinguir os principais tipos de sistemas de controle de movimento de fumaça.

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79
CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

4.1. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA


Qualquer tipo de incêndio pode produzir fumaça que, se não for controlada, pode se
espalhar rapidamente pelo interior do edifício, colocando em risco a vida humana e
comprometendo os bens materiais. Um sistema de controle de fumaça deve ser projetado
essencialmente para impedir o fluxo da fumaça em direção às rotas de fuga e áreas de
refúgio.

Quadro 4.1

O sistema de controle de fumaça deve se manter operante durante todo o período


de evacuação das áreas protegidas. Os sistemas devem ser projetados para ocupações
e arquiteturas específicos. Adicionalmente, o projeto destes sistemas deve estar
compatível com os demais sistemas de segurança do edifício, de modo que venha a
complementá-los.
Assim, os objetivos dos sistemas de controle de movimentação de fumaça são:
a) garantir aos ambientes as condições aceitáveis para a realização da evacuação
segura durante o período necessário para esta operação;
b) controlar e reduzir o deslocamento da fumaça do incêndio;
c) oferecer condições para que os bombeiros possam atuar nas operações de
localização e salvamento de pessoas assim como de combate ao incêndio;
d) contribuir para a redução das perdas patrimoniais.

4.2. PRINCÍPIOS BÁSICOS


Normalmente, a fumaça segue o fluxo de movimentação do ar no interior da
edificação. Apesar das chamas ficarem contidas num compartimento resistente ao fogo, a
fumaça pode se propagar rapidamente para áreas adjacentes através de aberturas como
vãos, shafts, dutos e portas abertas (Figuras 4.1 e 4.2). Os principais fatores que
permitem a propagação da fumaça para os outros compartimentos que não de origem do
incêndio são:

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

a) efeito chaminé, em função da diferença entre temperatura interna antes e


durante o incêndio e a temperatura externa;
b) condições atmosféricas, particularmente ventos;
c) sistemas mecânicos de ventilação e ar condicionado.
Os fatores indicados acima causam diferenças de pressão entre ambientes que
podem propiciar a propagação da fumaça. E o movimento da fumaça pode ser controlado
através da alteração dessas diferenças de pressão.
Componentes e elementos construtivos como paredes, pisos, portas, dampers e
escadas a prova de fumaça podem ser utilizados em conjunto com sistemas
centralizados de ar-condicionado para auxiliar no controle do movimento da fumaça. Um
projeto arquitetônico global adequado e uma boa execução são essenciais para o
controle do movimento da fumaça no interior de edificações.

Figura 4.1. Aberturas em piso sem e com proteção por selagem corta-fogo para
contenção da fumaça.

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

Figura 4.2. Exemplo de selagem corta-fogo de shaft de tubulação vertical.

Quadro 4.2.

O primeiro princípio é conhecido como ventilação e exaustão natural ou


mecânica, utilizado para retardar a rápida propagação da fumaça do ponto onde ela é
gerada para os ambientes adjacentes. O segundo é o da pressurização, e tem como
princípio o estabelecimento de uma maior pressão nos espaços adjacentes às zonas
ocupadas pela fumaça, fazendo com que a fumaça não entre em ambientes que se
deseja proteger, como as rotas de fuga e áreas de refúgio.

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

O terceiro princípio, o controle através do fluxo de ar, pode ser utilizado para
impedir o movimento da fumaça de um espaço para outro por meio das aberturas de
comunicação. Este princípio é muito utilizado no controle através das portas abertas. O
fluxo de ar que passa através de uma abertura para uma área comprometida pela fumaça
pode ter uma velocidade tal que não permita que a fumaça deixe o local e se espalhe
para outros ambientes, através das próprias aberturas. Como a quantidade de ar
necessária para este controle é grande, o fluxo de ar não é o método mais prático de
controle de movimento de fumaça.

4.3. PARÂMETROS DE PROJETO


Os critérios para projeto devem estar contemplados nos códigos e nas
regulamentações de segurança contra incêndio e nas normas a que estes fazem
referência. No entanto, também deve haver um estudo cuidadoso para determinar se o
resultado é um sistema realmente efetivo. Se necessário, o projeto deve procurar
soluções alternativas, equivalências ou alterações aos códigos e regulamentações. Isto
inclui um melhor entendimento com órgãos regulamentadores, do desempenho desejado
para o sistema e os procedimentos dos testes de aceitação.
Atualmente, o controle de movimento de fumaça é exigido para proteção das
escadas de emergência, pelas normas brasileiras NBR 9077 e NBR 14880, e instruções
técnicas correspondentes. Além destas, uma instrução técnica do Corpo de Bombeiros
do Estado de São Paulo também estabelece o controle de movimentação de fumaça para
outros ambientes mais complexos (Decreto Estadual No 63.911/2018 e IT-15: Controle
de Fumaça).

4.4. SISTEMAS NATURAIS DE CONTROLE DE MOVIMENTO DE FUMAÇA


Os sistemas naturais de controle de fumaça são compostos, basicamente, por duas
medidas construtivas combinadas:
• Aberturas para exaustão natural da fumaça
• Barreiras para contenção da propagação da fumaça
As aberturas para exaustão natural da fumaça devem estar localizadas próximas à
região onde a fumaça tende a se acumular, portanto, rente ao teto. O tipo de abertura
deve ser determinado de acordo com as características das áreas a serem protegidas
pelo sistema e do próprio edifício como um todo.
Por exemplo, edifícios de grande área com pouca compartimentação,
essencialmente de caráter industrial, onde grandes áreas de piso contínuo são
necessárias para operacionalização das atividades e dos processos, devem apresentar
aberturas contínuas ou individuais para exaustão de fumaça em toda sua área que são,
normalmente, aberturas no teto ou na lateral (aberturas zenitais), como pode ser visto
nas figuras 4.3 e 4.4 a seguir.

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

SELO DE NEOPRENE

TAMPO METALICO

ISOLAMENTO TERMICO

FUSIVEL TERMICO
ACIONADOR MANUAL

Figura 4.3. Abertura para exaustão natural zenital.

FORRO
INCOMBUSTÍVEL

PAINEL SÓLIDO OU VIDRO


TEMPERADO EM POSI ÇÃO
ABERTA

ACIONADOR DA
ABERTURA

Figura 4.4. Abertura para exaustão natural lateral.

Tais aberturas para exaustão são necessárias para garantir a acessibilidade de


equipes de combate ao local de origem do incêndio, assim como para evitar a rápida
expansão da fumaça por toda a área / compartimento. Associadas a estas aberturas, é
importante a presença de barreiras para contenção da expansão horizontal da fumaça,
também conhecidas como abas verticais mostradas na figura abaixo.

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

ABA DE CONTENÇAO

Figura 4.5. Edificação com e sem aberturas zenitais e abas para controle da fumaça

Tais abas devem ser constituídas de material incombustível e com propriedades


térmicas para manterem sua função de barreira pelo menos até que se garanta a
evacuação segura dos ocupantes daquela área.
Este sistema é apresentado com detalhes na norma NFPA 204 M, que é um guia
para projeto de sistemas de exaustão de emergência da fumaça do incêndio em edifícios
de um só pavimento, tendo propostas para situações com ou sem instalação de sistema
de chuveiros automáticos. Também pode ser aplicado para o último pavimento de
edifícios com mais de um pavimento.
Normalmente, as aberturas para exaustão podem ter dois tipos de operação, ou
seja, abertos mecanicamente ou pelo efeito da gravidade.
Todos os sistemas devem ser assistidos por manutenção periódica de caráter
preventivo e corretivo, que garantam o seu funcionamento em caso de incêndio.
As aberturas para exaustão acionadas mecanicamente (através de alavancas ou
sistemas pneumáticos) são normalmente providas de dispositivos de acionamento
manual que permitem inspeção / manutenção, assim como a troca de componentes de
atuação como dispositivos termossensores, cilindros de gás, etc.
As aberturas acionadas pelo efeito da gravidade não permitem inspeções para
verificação de funcionamento, pois este tipo de abertura é normalmente coberto por
painéis termoplásticos que amolecem e caem com o calor, permitindo a exaustão de
gases quentes e fumaça. Assim, neste tipo de sistema, o funcionamento das aberturas
deve ser garantido principalmente pela não-interferência de objetos e materiais
depositados em suas proximidades.
Sistemas naturais de controle / exaustão ainda podem ser implantados em outras
situações, como as permitidas no Building Standard Law (Código de Obras) do Japão,
para ambientes de escritórios, escolas, etc. consistindo, basicamente, de aberturas
localizadas próximas ao teto, ao longo de toda a extensão da fachada (Figura 4.6), para

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

retirada do calor e de gases quentes por exaustão natural do ambiente do incêndio,


geralmente acionados manualmente.

Figura 4.6.Exemplos de abertura lateral

A exaustão natural também pode ser uma medida para garantia de segurança de
pavimentos enterrados (Figura 4.7), permitindo maior tempo para abandono do local
pelos ocupantes e para a entrada de equipes de combate.

PAREDE
PAREDE EXTERNA
EXTERNA

GRELHA
GRELHA
PAV.TERREO PAV.TERREO

PAV. ENTERRADO PAV. ENTERRADO

Figura 4.7. Aberturas para exaustão natural de pavimentos enterrados.

4.5. SISTEMAS MECÂNICOS DE CONTROLE DE MOVIMENTO DE FUMAÇA


Um sistema mecânico de controle de movimento da fumaça pode consistir apenas
de exaustão mecânica associada ou não a abas de contenção e compartimentação, até
um sistema de pressurização complexo, com insuflação (pressurização) e exaustão de
ar. A utilização de um sistema em particular ou a combinação de vários depende das
exigências das regulamentações locais, do tipo de edifício considerado, assim como do
tipo de ocupação específica e o nível de segurança requerido para os seus ocupantes.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

Nota 4.1

A integridade de qualquer sistema deve ser garantida através da:

a) confiabilidade das fontes de alimentação (energia);

b) proteção contra fogo dos sistemas de controles e do sistema de

monitoração;

c) qualidade dos materiais e equipamentos empregados em sua construção;

d) manutenção periódica do sistema.

4.5.1. DIFERENÇA DE PRESSÃO


A diferença de pressão que surge com o uso de sistemas de exaustão e de
pressurização deve ser calculada e monitorada de tal forma que não dificulte a abertura
nem o fechamento das intercomunicações entre ambientes para a evacuação dos
ocupantes dos edifícios.
A tabela a seguir apresenta valores máximos de diferença de pressão junto às
portas que possibilitam a sua abertura, com o sistema de pressurização ativado. Estes
valores estão baseados na força máxima de 133 N estipulada para abertura de portas
que integram rotas de fuga na norma norte-americana NFPA 101 - Life Safety Code.

Tabela 4.1. Diferença de pressão máxima junto a uma porta (em Pa).
Força da mola da Largura da abertura da porta (cm)
porta (N) 80 90 100 110 120
26,4 11,25 10 9,25 8,5 7,75
35,2 10,25 9,25 8,5 7,75 7,0
44 9,25 8,5 7,5 7,0 6,5
52,8 8,5 7,5 6,75 6,25 5,75
61,6 7,5 6,75 6,0 5,5 5,24

Neste caso, considerou-se uma altura de porta de 2,10 m, uma distância entre a
maçaneta e o trinco da porta de 7,6 cm, para uma porta simples com eixo de abertura
unilateral na vertical. Para o cálculo para outras dimensões ou outros tipos de porta, com
diferentes acessórios como barra antipânico, consultar a publicação “Design of Smoke
Control System for Building” da ASHRAE. Muitas molas de porta requerem menos força
no início do ciclo de abertura do que para a abertura total. A resistência da abertura pode
resultar da soma da força da pressão da mola e a força da pressurização na fase inicial
do ciclo de abertura - que deve ser detalhe de extrema consideração no projeto.

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

4.5.2. SISTEMA EXCLUSIVO E NÃO-EXCLUSIVO


Os sistemas mecânicos podem ser do tipo exclusivo ou não exclusivo. O sistema
exclusivo tem como objetivo somente o controle da fumaça e fica separado dos sistemas
de ventilação e refrigeração de ar e seus equipamentos, não funcionando sob condições
normais de operação do edifício. Quando ativado, o sistema exclusivo opera
especificamente para controlar o movimento da fumaça. O sistema não exclusivo é
aquele que compartilha seus componentes com outros sistemas, como o de ventilação e
ar condicionado. A ativação do sistema de controle causa uma alteração no seu modo de
operação normal para obter o efetivo controle do movimento da fumaça.
Na tabela a seguir apresentam-se as vantagens e desvantagens dos dois sistemas
de operação do controle de movimento da fumaça.

Tabela 4.2. Vantagens e desvantagens do sistema exclusivo e não-exclusivo.


Sistema Vantagens Desvantagens
Exclusivo • Alterações dos controles durante • Pode ter um custo mais alto;
uma manutenção do sistema tem • Falhas nos seus componentes podem
poucas chances de acontecer; passar desapercebidos pois não afetam
• A operação e o controle costuma a operação normal do edifício.
ser simples;
• São menos influenciados por
alterações em outros sistemas do
edifício.
Não- • Falhas nos seus componentes • O sistema pode se tornar muito
dificilmente passam desapercebidos complexo;
exclusivo
pois afetam o sistema como um todo; • Alterações feitas inadvertidamente no
• Os equipamentos podem ter sistema como um todo pode afetar o
menor custo; desempenho do sistema de controle de
• Não é necessário espaço movimento de fumaça;
adicional para sua instalação. • Modificações nos controles podem
afetar a operacionalidade do controle de
movimento de fumaça que podem ocorrer
com maior frequência.

4.5.3. CONTROLE DE FUMAÇA NOS PAVIMENTOS


O controle do movimento da fumaça ainda pode ser realizado de duas maneiras:
através da proteção de circulações verticais ou da proteção de pavimentos. A primeira
ainda se subdivide em proteção através da pressurização de escadas e elevadores e, a
segunda, em compartimentos e da circulação horizontal.
O sistema mais simples de controle nos pavimentos consiste apenas de uma
exaustão mecânica localizada, acionada em função da presença da fumaça no
compartimento ou na área onde o sistema está presente.
Tal sistema pode ser instalado em condições semelhantes aos do sistema de
exaustão natural, visto anteriormente, em combinação com abas verticais de contenção,
a fim de evitar o rápido alastramento da fumaça em ambientes fechados e de pé-direito
limitado.
Em grandes espaços como átrios e circulação de shopping centers, palcos e/ou
plateia de teatros, etc. onde se estima uma grande concentração de público, são
necessárias providências específicas para controle de movimento de fumaça. Estas são

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

determinadas por normas como a NFPA 92B – Smoke Management Systems in Hall,
Atria and Large Areas, ou na IT-15 Controle de Fumaça, e visam garantir, por um tempo
maior, a fuga segura de seus ocupantes.
Outro sistema, mais complexo, depende da diferença de pressão produzida por
insufladores de ar no interior do edifício, para conter a expansão da fumaça do incêndio,
impedindo a sua entrada em ambientes / compartimentos / pavimentos não afetados pelo
incêndio. Este sistema, denominado de pressurização, pode compor, assim, um sistema
de controle por zonas no interior do edifício.

Figura 4.8. Exemplo de palco de teatro com e sem sistema de controle de movimentação
de fumaça.

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

Fumaça

Ambiente livre
de fumaça

Ambiente
com fumaça

Figura 4.9. Exemplo de átrio com e sem sistema de controle de movimentação de


fumaça para os pavimentos.

Aberturas para
exaustão da
fumaça

Fumaça

Ambiente livre
de fumaça

Ambiente
com fumaça

Figura 4.10. Exemplo de átrio com sistema de controle de movimentação de fumaça.

Alguns edifícios podem ser subdivididos em uma certa quantidade de zonas de


controle de fumaça, que podem ser compartimentadas / isoladas por paredes, pisos e
portas para inibir a entrada e movimento da fumaça. Estas zonas podem se compor de
um ou mais pavimentos, ou de um ou mais ambientes num mesmo pavimento, conforme
pode ser visto na figura a seguir.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

Figura 4.11 Sistema de controle de fumaça por pavimento ou ambiente (NFPA92A)

As zonas de controle devem ser mantidas em dimensões tão menores quanto


possíveis para que sua evacuação seja rápida e a obtenção da quantidade de ar
requerida para a pressurização das áreas adjacentes seja viável.
Quando há um incêndio, todas as zonas livres de fumaça podem ser pressurizadas
como mostrado em (a), (c) ou (e) da figura 4.11 acima. Porém, este sistema necessita de
grande quantidade de ar insuflado do exterior.
Alternativamente, pode-se pressurizar apenas as zonas adjacentes à zona com
fumaça - o que limitaria a quantidade de ar insuflado necessária, como pode ser visto na
(b) e (d) da mesma figura. No entanto, a desvantagem deste sistema é que pode ocorrer
a infiltração da fumaça para as zonas não pressurizadas através de dutos verticais.
O sistema de zonas de controle de fumaça deve ser ativado por um sistema de
detecção e alarme de incêndio, sendo que o sistema de acionamento e funcionamento do
primeiro deve estar combinado com o segundo, de modo que não haja conflito entre os
mesmos. Isto é, a cobertura de um sistema de detecção de alarme deve ser a mesma do
sistema de pressurização, para não comprometer o desempenho do sistema como um
todo.

4.5.4. CONTROLE DE FUMAÇA NAS CIRCULAÇÕES VERTICAIS


O método mais comum de controle mecânico do movimento de fumaça em caixa de
escadas é o da pressurização.
O objetivo da pressurização de caixas de escadas é garantir um ambiente
sustentável no seu interior na eventualidade de um incêndio, durante o movimento de
abandono do edifício por seus usuários. Um segundo objetivo é oferecer ao bombeiro

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

uma área segura próxima à área do incêndio. A norma brasileira NBR 14880 estabelece
os parâmetros para o projeto de sistema de pressurização de escadas de emergência. A
Instrução Técnica correspondente, no Estado de São Paulo, é a IT N o13.

4.6. CONTROLE DE FUMAÇA NAS INSTRUÇÕES TÉCNICAS.

4.6.1. INSTRUÇÃO TÉCNICA NO 13/2019 – PRESSURIZAÇÃO DE ESCADAS DE


SEGURANÇA
Segundo a referida Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros do Estado de São
Paulo, nos princípios gerais da pressurização de escadas:
a) Considera-se um espaço pressurizado quando este receber um suprimento contínuo de ar
que possibilite manter um diferencial de pressão entre este espaço e os adjacentes,
preservando-se um fluxo de ar através de uma ou várias trajetórias de escape que
conduzem o ar para o exterior da edificação;
b) Para a finalidade prevista na IT, o diferencial de pressão deve ser mantido em nível
adequado para impedir a entrada de fumaça no interior da escada;
c) O método estabelecido na IT também se aplica às escadas de segurança com pavimentos
abaixo do piso de descarga.

O sistema de pressurização pode ser projetado, segundo esta IT, tendo um ou dois
estágios. O sistema de 1 estágio é aquele que opera somente em situação de
emergência (pressão de 50 Pa) e o sistema de 2 estágios incorpora um nível baixo de
pressurização para o funcionamento contínuo do sistema (15 Pa), com previsão de um
nível maior de pressurização que entra em funcionamento numa situação de emergência
(50 Pa). É recomendável a adoção do sistema de dois estágios, pois este permite a
renovação do ar constante na escada e exige um nível mínimo de proteção permanente
no seu interior. Este sistema também permite detectar quando a pressurização não está
operando.
São elementos básicos de um sistema de pressurização:
a) sistema de acionamento e alarme, que aciona a pressurização em situação de
emergência;
b) ar externo suprido mecanicamente, para garantir a manutenção da pressurização
interna à escada;
c) trajetória de escape do ar, para permitir a regulagem da pressurização, evitando-
se a sobre pressão excessiva;
d) fonte de energia garantida, para suprimento do sistema mecânico de
pressurização em situação de emergência.
Para obtenção dos níveis de pressurização no interior dos espaços pressurizados,
devem ser avaliadas as perdas de carga localizadas em todos os componentes de
captação e distribuição do sistema (dutos, venezianas, grelhas, joelhos, dampers, saídas
dos motoventiladores, rugosidades das superfícies internas dos dutos etc.) na
determinação da capacidade de vazão e pressão dos motoventiladores.
Para as edificações residenciais com altura superior a 120 m e para as demais
ocupações com altura superior a 90 m, a IT 13 exige a instalação de uma antecâmara de
segurança em cada pavimento, para acesso à escada pressurizada. Deve ser garantido
um diferencial de pressão entre a antecâmara de segurança e o interior da escada

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
92
CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

pressurizada, obtendo-se, assim, um gradiente de pressão no sentido do interior da


escada pressurizada para a antecâmara de segurança, para maior proteção dos usuários
da escada. Esta antecâmara deve ter as dimensões mínimas estipuladas na IT 11 e as
condições adequadas de compartimentação com portas corta-fogo e paredes resistentes
ao fogo.
Para a instalação dos equipamentos devidamente dimensionados, cuidados devem
ser tomados, principalmente em relação ao ponto de captação de ar para a
pressurização. É essencial que o suprimento de ar usado para pressurização nunca
esteja em local sujeito a risco de contaminação pela fumaça proveniente de um incêndio
no edifício. Medidas para minimizar a influência da ação dos ventos sobre o sistema de
pressurização (como a tomada e a saída de ar) também devem ser adotadas.
Todos os equipamentos que compõem o sistema de pressurização devem ser
submetidos a um processo de manutenção periódica, que inclui: o sistema de detecção e
alarme de incêndio utilizado para o acionamento, o mecanismo de comutação, o grupo
motoventilador, as correias de interligação, dutos (sucção e/ou pressurização) e suas
ancoragens, os sistemas para o fornecimento de energia em situação de emergência,
portas corta-fogo, os dispositivos do sistema de alívio de pressão automático. Os
cuidados com esses equipamentos devem ser incluídos no programa de manutenção
periódica do edifício e os registros de manutenção devem estar sempre disponíveis.

4.6.2. – INSTRUÇÃO TÉCNICA NO 15/2019 – CONTROLE DE FUMAÇA


A Instrução Técnica Nº 15 /2019 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo é
composta de 8 partes, a saber:
• Parte 1 – Regras gerais;
• Parte 2 – Conceitos, definições e componentes do sistema;
• Parte 3 – Controle de fumaça natural em edificações industriais, comerciais e
depósitos;
• Parte 4 – Controle de fumaça natural em demais ocupações;
• Parte 5 – Controle de fumaça mecânico;
• Parte 6 – Controle de fumaça em rotas de fuga horizontais protegidas e
subsolos;
• Parte 7 - Átrios;
• Parte 8 - Aspectos de segurança.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
93
CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

É possível verificar que esta Instrução Técnica tenta abordar as diferentes


situações onde deve existir o controle de movimento da fumaça assim como os diferentes
métodos de controle, que consideram o controle por meios naturais e mecânicos. A
tabela abaixo apresenta as combinações admitidas pela referida IT:

Tabela 4.3. Combinações permitidas pela IT 15.


Extração de Fumaça Introdução de Ar Limpo

Natural Natural

Mecânica Natural

Mecânica Mecânica

A aplicação da IT 15, de forma genérica, enfoca os espaços amplos, de grandes


volumes como depósitos e indústrias, e espaços de efeito arquitetônico como átrios, e
rotas de fuga horizontais protegidas e subsolos. Além disso, esta Instrução Técnica
estabelece exigências particulares e específicas para proteção de rotas de fuga de
edificações elevadas (com mais de 60m de altura) e para edificações sem janelas.
Todas estas situações exigem cuidados especiais, no que tange à restrição do
movimento da fumaça de incêndio no interior dos edifícios, devido aos seus efeitos
danosos.
Em alguns casos, esta Instrução Técnica admite, para o dimensionamento do
sistema de controle de fumaça em átrios, além de demonstrações por álgebra detalhado
na própria instrução, o uso de modelos em escala física reduzida e modelos
computacionais, tendo como referência a norma NFPA 92 B.
Os princípios básicos que regem os métodos de controle de fumaça são os
descritos anteriormente, cabendo a adequação às exigências específicas estabelecidas
pelas respectivas partes desta Instrução Técnica em função das características de cada
projeto.
Um projeto de sistema de controle de movimento de fumaça de incêndio para os
espaços estabelecidos na IT 15 requer a assistência de um projetista com habilitação em
engenharia mecânica para o seu dimensionamento adequado.

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

4.7. TESTES

1. Assinale a alternativa correta. “Os objetivos do sistema de controle de movimentação


da fumaça são”:
a) Garantir aos ambientes as condições ótimas para salvaguardar os bens
patrimoniais.
b) Aumentar o deslocamento da fumaça do incêndio no interior dos ambientes.
c) Diminuir as condições de trabalho dos bombeiros.
d) Garantir condições aceitáveis para a realização do abandono do edifício durante o
período necessário para esta operação.
e) N.d.a.

2. Assinale a alternativa incorreta. “Os principais fatores que propiciam a propagação da


fumaça são: ”
a) O efeito chaminé.
b) As condições meteorológicas locais.
c) A densidade óptica da fumaça.
d) A existência e funcionamento de sistemas mecânicos de ventilação e ar-
condicionado.
e) N.d.a.

3. Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso.


a) ( ) Os sistemas de controle de fumaça podem consistir de meios naturais e
mecânicos de controle sendo que a eficiência de cada um destes depende das
condições específicas de projeto das mesmas.
b) ( ) Os sistemas naturais de controle de fumaça podem ser utilizados em edifícios
de poucos pavimentos e grandes áreas, como galpões industriais, com
ventilação/exaustão lateral e zenital.
c) ( ) Os sistemas mecânicos de controle de fumaça não são recomendados para
edifícios de grande altura, onde condições adversas podem interferir no controle
por meios naturais.
d) ( ) Abas verticais são úteis para a compartimentação horizontal de ambientes,
porém não são eficientes para a contenção da fumaça.
e) ( ) A exaustão natural é amplamente utilizada para eliminação de gases quentes
de estacionamentos de automóveis em edifícios enterrados.

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CAPÍTULO 4. CONTROLE DO MOVIMENTO DA FUMAÇA

4. Assinale a alternativa correta.

a) O sistema mecânico de controle de fumaça não necessita de manutenção periódica


para se garantir seu funcionamento adequado.
b) O sistema natural de controle de fumaça tem seu funcionamento garantido em
qualquer circunstância atmosférica, para qualquer tipo de edificação.
c) O funcionamento do sistema mecânico de controle de fumaça depende de vários
fatores, tais como a manutenção periódica, a garantia de fonte alternativa de
energia e a proteção dos equipamentos que o compõe, da ação do incêndio.
d) Quanto maior a diferença de pressão no sistema de pressurização de rotas de fuga,
em relação aos ambientes adjacentes, maior a facilidade de uso destas pelos
ocupantes.
e) N.d.a.

5. Assinale a alternativa correta. “O objetivo da pressurização de escadas é garantir um


ambiente sustentável no ______________na eventualidade de um incêndio e oferecer ao
____________ uma área segura próxima à área do incêndio. No pavimento do incêndio,
a pressurização deve manter uma diferença de pressão, com a porta de acesso
_________, tal que a infiltração de fumaça seja reduzida”.
a) Pavimento/ usuário / aberta.
b) Interior da caixa de escada/ bombeiro / fechada.
c) Pavimento / bombeiro / aberta.
d) Ambiente / usuário / fechada.
e) N.d.a.

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO


ONO
OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos de planos de
abandono e a necessidade de sua prática nos edifícios. Além disso, são discutidas as
funções dos bombeiros profissionais civis e das brigadas de incêndio, assim como as
suas responsabilidades na segurança contra incêndio dos edifícios e de seus ocupantes.

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

5.1. INTRODUÇÃO
O objetivo dos planos de abandono é assegurar uma utilização eficiente e segura
das rotas de fuga disponíveis. Os treinamentos adequadamente planejados garantem a
evacuação ordenada, sob controle e evita o pânico. Ordem e controle são os objetivos
principais dos treinamentos de abandono. A rapidez na evacuação é desejável, mas não
é prioritária, pois deve prevalecer a manutenção da ordem e disciplina.
A utilidade de treinamento de evacuação e onde estes devem existir dependem das
características da ocupação, sendo mais efetivos em edifícios onde os ocupantes estão
habituados a se movimentar sob disciplina e controle. Por exemplo, as escolas oferecem
a possibilidade de um treinamento mais desenvolvido do que qualquer outro tipo de
ocupação.
Nos edifícios onde a lotação é variável e não existem elementos disciplinadores,
como hotéis ou lojas/shopping centers, treinamentos periódicos são impossíveis de
serem realizados com todos os seus ocupantes. Nestes casos, os treinamentos devem
ser limitados aos funcionários que podem ser orientados quanto aos procedimentos
adequados a serem tomados e treinados para orientar os ocupantes eventuais (hóspedes
e visitantes) do edifício em caso de incêndio. Em outros tipos de ocupação como
hospitais, os funcionários devem ser treinados baseados em procedimentos específicos
para o caso de incêndio e tais treinamentos são recomendados também para todos os
tipos de ocupação, independentemente de haver treinamento de abandono para todos os
ocupantes ou não.
Os treinamentos de abandono devem ser conduzidos periodicamente e devem ser
planejados com a cooperação das autoridades locais. O treinamento deve ser realizado
com uma frequência tal que familiarize todos os ocupantes com os procedimentos e para
que este se torne uma condição de rotina.
A responsabilidade do plano e condução dos treinamentos deve ser de pessoas
com competência, devidamente qualificadas. Ênfase deve ser dada sempre à evacuação
realizada com disciplina e não à velocidade.
O exercício deve incluir procedimentos que garantam a participação de todos os
ocupantes do edifício. Se um exercício é considerado meramente rotineiro, do qual
algumas pessoas podem ser excluídas, corre-se o risco de o mesmo falhar no caso de
um incêndio real. Os exercícios devem ser realizados em datas e horários não esperados
e sob condições variadas que simulem situações incomuns que podem ocorrer no caso
de incêndio.
O incêndio é sempre inesperado. Se um exercício é sempre realizado do mesmo
modo, na mesma hora, irá perder muito de seu valor e, quando um incêndio ocorrer, não
será possível seguir exatamente os procedimentos do exercício aos quais os ocupantes
se acostumaram, podendo levar à confusão e, eventualmente, a consequências mais
graves.
Os exercícios devem ser planejados para simular uma situação real de incêndio.
Não basta, para isso, realizar o exercício em horários diferentes, mas também simular
situações onde diferentes saídas devem ser utilizadas, assumindo, por exemplo, que uma
das escadas foi inutilizada devido à presença do fogo ou da fumaça, obrigando os
ocupantes a utilizar rotas de fuga alternativas. Os exercícios devem, assim, ser

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

planejados para que os ocupantes se familiarizem com todas as saídas disponíveis,


especialmente, com aquelas que são pouco utilizadas durante uma situação normal.

5.2. BRIGADAS DE INCÊNDIO


Muitos incêndios podem ser evitados ou controlados antes que causem sérios
danos. Uma brigada de incêndio que faz parte de uma equipe de emergência pode
reduzir significativamente o potencial de perdas por incêndio numa empresa.
A brigada de emergência é definida na norma ABNT- NBR 14276/2020 – “Brigada
de incêndio e emergência – requisitos e procedimento” como: grupo organizado de
pessoas, voluntárias ou indicadas, treinado e capacitado para atuar na prevenção,
abandono e combate ao princípio de incêndio, abandono de área, prevenção de
acidentes e p primeiros socorros, dentro de uma área preestabelecida na edificação,
planta ou evento. Tanto a NBR 14276 como a IT17 – Brigada de Incêndio estabelecem
condições mínimas para formação de brigadas de incêndio.
As atribuições específicas dos brigadistas de emergência são as seguintes,
segundo a norma brasileira:
a) Proteção, promovendo a remoção de pessoas, o isolamento de áreas e os
bloqueios de energias, se necessário;
b) Controle direto no local da emergência, por meio do uso de técnicas e
equipamentos necessários para o atendimento, conforme procedimentos estabelecidos
no plano de emergências da planta e/ou no treinamento específico recebido.
A composição da brigada deve atender aos critérios estabelecidos na norma
brasileira, em relação às condições mínimas a serem atendidas pelos candidatos, assim
como ao número mínimo de pessoas, dimensionado de acordo com o tipo de ocupação /
uso e a população fixa / flutuante. A norma ainda determina um treinamento em 4 níveis,
iniciando do Nível Fundamental (04 horas), Nível Básico (16 horas); Nível Intermediário
(32 horas, no mínimo, mais complementos) e Nível Avançado (64 horas, no mínimo, mais
complementos) para formação de brigadistas, assim como uma reciclagem periódica a
cada 12 meses.
A brigada de incêndio deve ser estruturada com os seguintes membros:
• Brigadistas: responsáveis pelas ações de controle e atendimento direto no local
da emergência, sob a coordenação dos líderes da brigada de emergência;
• Líder: brigadista responsável técnico pela execução dos procedimentos de
atendimento no local da emergência, que deve ter o conhecimento das técnicas e dos
recursos disponíveis na planta e dos recursos externos de apoio;
• Coordenador: responsável pelo atendimento na planta, no caso de ocorrência ou
simulado, até a chegada do serviço público de emergência que passar a assumir o
comando das operações, quando de sua competência.
A norma NBR 14276 estabelece as atribuições dos componentes da brigada como
segue:
O Coordenador de emergência deve:
a) formar e assumir o comando global da situação na direção do Grupo de Controle
de Emergências da planta;
b) conhecer os procedimentos descritos no plano de emergência da planta;

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

c) verificar e determinar, se necessário, o abandono de área interna ou externa da


planta, considerando a melhor rota de fuga e os pontos de encontro de acordo com o
plano de emergências e/ou as condições locais e momentâneas da ocorrência;
d) coordenar as ações do Grupo de Apoio Permanente e do Grupo de Apoio
Técnico;
e) transmitir as informações necessárias para o serviço público de atendimento;
f) solicitar a disponibilização dos recursos materiais e humanos complementares
para os agentes do serviço público de atendimento;
g) convocar a brigada de emergência e instruir os líderes da brigada;
h) solicitar apoio para aquisição de recursos externos para o controle da
emergência;
i) efetuar e garantir o registro permanente de acontecimentos para efeito de
relatórios;
j) declarar o final da emergência após o término ou controle da situação de risco,
exceto quando estiver presente o serviço público de emergência;
k) Efetuar a avaliação para emitir recomendações de melhoria contínua.

O líder da brigada de emergência deve:


a) conhecer os procedimentos descritos no plano de emergência da planta;
b) avaliar a segurança no local da emergência e solicitar o corte de energias, caso
necessário;
c)providenciar as comunicações conforme o nível de emergência estabelecido no
plano de emergência;
d)orientar e comandar a brigada de emergência no local da emergência;
e) ordenar a alocação e o uso de recursos internos;
f) ordenar os procedimentos e as táticas a serem utilizados para o controle de
emergências;
g) ordenar a interrupção da operação de atendimento da emergência, quando da
existência de riscos
h) da integridade física dos brigadistas;
i) manter atualizadas as escalas das equipes de brigada de emergência.

Os brigadistas de emergência têm as seguintes atribuições:


a) proteção, promovendo a remoção de pessoas, o isolamento de áreas e os
bloqueios de energias, se necessário;
b) controle direto no local da emergência por meio do uso de técnicas e
equipamentos necessários para o atendimento, conforme procedimentos estabelecidos
no plano de emergências da planta e/ou no treinamento específico recebido.

Adicionalmente, existe a figura do bombeiro civil, estabelecido pela norma ABNT


NBR 14608/2021 – Bombeiro civil – requisitos e procedimentos. A referida norma define o
bombeiro civil como: “bombeiro capacitado para atuação em serviços de prevenção e de
atendimento de emergências em edificações, plantas e/ou instalações privadas ou
públicas, de acordo com a legislação vigente.” Adicionalmente, a norma ressalta que
“bombeiro civil exerce, em caráter habitual, função remunerada e exclusiva de prevenção

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

e combate a incêndio, como empregado contratado diretamente por empresas privadas


ou públicas, sociedades de economia mista ou empresas especializadas em prestação
de serviços de combate a incêndios”. Nesta mesma norma, define-se bombeiro, de forma
genérica, como: “profissional que presta serviços de prevenção e atendimento de
emergências, atuando na proteção da vida, do meio ambiente e do patrimônio”.
Compreende-se que o bombeiro civil deve exercer exclusivamente sua atividade e deve
possuir capacitação comprovada para o exercício da profissão.
A presença do bombeiro civil é exigida, pela norma, em quase todos os tipos de
ocupação, sendo isentos em locais onde o grau de risco é classificado como baixo ou
médio e o seu número é proporcional à área construída da edificação. Exige-se a
presença deste tipo de profissional em turnos, com cobertura de 24 horas diárias.
As atividades básicas dos bombeiros profissionais civis incluem:
a) Ações de prevenção:
• Conhecer o plano de emergência contra incêndio da planta;
• Identificar os perigos e avaliar os riscos existentes;
• Inspecionar periodicamente os equipamentos de combate a incêndio;
• Inspecionar periodicamente as rotas de fuga, incluindo a sua liberação e
sinalização;
• Participar de exercícios simulados;
• Registrar suas atividades diárias e relatar formalmente as irregularidades
encontradas, com propostas de medidas corretivas adequadas e posterior
verificação da execução;
• Apresentar, quando aplicável, sugestões para melhoria das condições de
segurança contra incêndio e acidentes;
• Participar das atividades de avaliação, liberação e acompanhamento de
atividades de risco compatíveis com sua formação;
b) Ações de emergência: Aplicar os procedimentos básicos estabelecidos no Plano
de Emergência contra Incêndio da planta que deve estar de acordo com a norma ABNT
NBR 15219/2020.

5.2.1. ORGANIZAÇÃO
A organização, estrutura, filiação e liderança de uma brigada podem variar. Muitas
empresas, por exemplo, estabelecem que uma brigada de incêndio deve consistir de
voluntários que deixam seu local de trabalho ao som de um alarme de incêndio, pegam
seus equipamentos para o combate e se dirigem ao incêndio. Quando o corpo de
bombeiros público chega ao local, a brigada passa a acompanhar e apoiar o serviço
deste.
Em algumas empresas, especialmente naquelas com risco alto ou a uma distância
considerável de um posto de bombeiros, pode necessitar de um corpo de bombeiros
próprio. Os empregados podem trabalhar tempo integral e exclusivo como membro da
brigada e ficarem responsáveis pelo combate ao fogo, a manutenção de seus
equipamentos, treinamento dos empregados na utilização de extintores e técnicas de
evacuação, planejamento pré-incêndio das várias áreas dos edifícios da empresa e,
também, pela condução de inspeções periódicas das instalações.

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

Em muitos casos, a brigada é parte de uma equipe de emergência maior que inclui
também o pessoal de segurança patrimonial, de emergências médicas, de controle de
produtos perigosos e de controle de radiação.
A maneira com que a empresa organiza seus empregados para o combate ao fogo
dependerá das muitas variáveis como: a disponibilidade e o potencial da assistência de
origem externa à empresa; a proximidade de postos de bombeiros; a existência e o
potencial de perigo ao pessoal e à propriedade; a frequência de ocorrência das
emergências; das configurações dos edifícios envolvidos; da existência de pessoal
qualificado para treinar e participar da organização da empresa para emergências, assim
como outros fatores particulares de cada empresa.

5.2.2. A GERÊNCIA DA BRIGADA DE INCÊNDIO


Cada brigada tem sua própria estrutura administrativa. Esta estrutura deve diferir
em função da filosofia de trabalho da organização, o tipo de empresa e o tipo de atividade
realizada. Geralmente, existe um nível de diretoria executiva responsável pelas políticas
de segurança da empresa que determinam o nível de segurança contra incêndio
necessário e o risco que a empresa pode assumir. Níveis de administração intermediárias
se reportam a esta diretoria executiva e são responsáveis pelo desenvolvimento, pela
implementação e avaliação de programas que vão de encontro aos objetivos fixados pela
diretoria executiva.
A prevenção e o controle de perdas por incêndio ficam sob responsabilidade do
gerente da administração de nível intermediário. Em grandes empresas, este indivíduo
pode ser responsável somente pela proteção contra incêndio ou, em empresas de
pequeno porte, por áreas como a segurança patrimonial, a segurança no trabalho e das
instalações. Este gerente é geralmente responsável pela determinação da organização,
estrutura e tamanho da brigada de incêndio, pela sua formação e treinamento, através da
seleção e supervisão das atividades do chefe da brigada. Adicionalmente, este gerente
revisa, com o chefe da brigada, os planejamentos pré-incêndio e de evacuação, planos
de ajuda mútua, de operação de salvados e da proteção contra incêndio de materiais
perigosos.
O chefe da brigada é um membro da gerência da linha hierárquica da empresa e
suas responsabilidades incluem: seleção e designação de pessoal qualificado na brigada
para garantir uma proteção adequada de todas as áreas da empresa em todos os turnos
de trabalho, incluindo períodos de paralisação da empresa; garantia de proteção durante
períodos de inoperação, programada ou não, de sistemas de extinção automática;
supervisão, inspeção, manutenção e substituição de equipamentos da brigada;
desenvolvimento de programas de treinamento para a brigada; críticas e avaliações
sistemáticas das operações da brigada.
O pessoal da brigada deve ser selecionado com base em seu conhecimento sobre
combate ao fogo, os processos produtivos da empresa e sua distribuição; deve estar
sempre pronto a abandonar rapidamente seu posto de trabalho e a retornar somente
quando a situação de emergência não mais existir; deve estar fisicamente apto a
desempenhar as atividades da brigada e a participar de sessões de simulações e
treinamentos.

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

5.3. TREINAMENTO / EXERCÍCIO DE ABANDONO


A norma ABNT NBR 14276 – Programa de brigada de incêndio, assim como a IT 17
– Brigada de incêndio, determinam que os exercícios simulados de abandono devem ser
realizados a cada 6 meses, no mínimo, no estabelecimento ou local de trabalho com a
participação de toda a população. Imediatamente após o simulado, deve ser realizada
uma reunião para avaliação e correção das falhas ocorridas. No entanto, nenhuma norma
determina o procedimento que deve ser adotado para o exercício de abandono, em
função das especificidades dos diferentes tipos de ocupação / uso das edificações.
Na maioria das situações é possível determinar um abandono total e simultâneo do
edifício envolvido pelo incêndio, porém, existem casos particulares onde este tipo de
procedimento pode gerar um grande congestionamento nas saídas de emergência, como
em certas situações de escadas em edifícios de grande altura. Portanto, procedimentos
particularizados devem ser preparados para cada situação e a brigada de incêndio, assim
como toda população, deve ser instruída sobre esses procedimentos.
Seguem, na Tabela 5.1 as recomendações de treinamento e exercício de abandono
por tipo de ocupação segundo a norma NFPA 101 – Life Safety Code.

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

Tabela 5.1 - Treinamento / exercício de abandono (NFPA 101)


Tipo de Outros Requisitos
Exigência Mínima Frequência
ocupação
Podem ser instruídas também no
Número adequado
manuseio de extintores portáteis.
de responsáveis
Reunião de Anúncios de localização de saídas e
durante o uso; ----
Público procedimentos, antes de qualquer
treinadas e
programa não contínuo, como em
instruídas.
teatros, auditórios, cinemas.
O exercício não deve incluir a extinção
2 exercícios durante do incêndio ou sua tentativa.
Professores são os
primeiras duas Os instrutores e funcionários devem ser
responsáveis por
semanas do período treinados para o combate inicial do fogo
Educacional cada classe +
de aulas e 8 por extintores. No entanto, a evacuação
monitores de
exercícios adicionais dos alunos é prioritária.
classe
durante o ano letivo. Campanha educativa: “Learn not to
burn”.
Incluir alarme e simulação do incêndio,
Hospitais e Envolver
Pelo menos 12 porém, sem envolver movimentação de
outros enfermeiros,
exercícios para cada pacientes enfermos e acamados para
estabeleci- médicos, pessoal
turno do plantão, no áreas seguras.
mentos de de manutenção e
ano. Se executados entre 21:00 ~ 6:00, o
saúde administrativo.
alarme pode ser outro que não sonoro.
Devem ser instruídos para utilização de
Treinamento
extintores e outros equipamentos
Presença de periódico
manuais de extinção.
Detenção e responsáveis coordenado e
Novos funcionários devem ser treinados
Correção durante as 24 envolvendo pessoal
imediatamente após sua contratação, na
horas. da instituição e do
extinção. Os demais devem ser
corpo de bombeiros.
reciclados anualmente.
Incluir checagem e exercício de
Mensal operação e manutenção de
Treinamento de equipamentos de combate e primeiros
todos os socorros, alarme e
funcionários instruções/procedimentos.
Hotel
Constante (diagrama Um diagrama deve ser colocado próximo
Instruções aos do pavimento com ou de maneira exigida pelas autoridades,
hóspedes sinalização da rota para cada quarto, refletindo as
de fuga nos quartos) condições reais de arranjo do pavimento
e indicando as saídas.
Todos os residentes devem se dirigir
12 vezes ao ano para um ponto de encontro especificado
Responsáveis e
Asilos para cada turno de no plano.
residentes
supervisores Todos devem ser instruídos sobre todas
as saídas disponíveis.
Comerciais Funcionários devem ser instruídos sobre
Classe A + a utilização de extintores de incêndio.
2800m2/+3 O conteúdo e frequência dos exercícios
----- ----
pav. devem ser determinados pela autoridade
Classe B 280 competente.
~ 2800 m2
Serviços Funcionários devem ser instruídos sobre
+ 500 pessoas a utilização de extintores de incêndio.
ou + 100 Periódico, onde for O conteúdo e frequência dos exercícios
-----
pessoas sobre possível. devem ser determinados pelas
ou sob o nível autoridades competentes.
da rua

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

Quadro 5.1.

Durante uma emergência, as responsabilidades da brigada podem incluir qualquer

uma das seguintes, onde estas podem ser realizadas com segurança:

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

5.3.1. PLANOS DE EMERGÊNCIA


Planos de emergência específicos devem ser elaborados em alguns casos, para
assegurar, além da segurança dos ocupantes de uma área, a proteção dos bens
envolvidos, de forma a impedir que os danos atinjam proporções catastróficas. Nestes
casos, o plano não só envolve a brigada de incêndio, mas também toda uma equipe com
funções específicas e especializadas.
Os principais requisitos para elaboração de um plano de emergência podem ser
encontrados na norma brasileira ABNT NBR 15219/2020 – Plano de emergência –
Requisitos e procedimentos.
Um exemplo típico deste tipo de situação é o de um incêndio num museu de arte
em edifício histórico, onde além da preocupação com os visitantes, deve haver um
cuidado especial com os bens de valor inestimáveis (as obras de arte e o edifício), no seu
resgate e manuseio durante e após o incêndio, para reduzir os potenciais danos diretos e
indiretos. Muitas vezes, o corpo de bombeiros não possui informação suficiente para lidar
com situações específicas e deve ser assessorado por uma equipe que conhece os
riscos envolvidos. Incêndios em plantas químicas, petroquímicas, nucleares, museus,
hospitais, dentre outros, são casos onde equipes especializadas pertencentes ao local
sinistrado devem ser rapidamente acionadas e possuírem um plano emergencial de ação
específico para diminuir os danos causados pelo incêndio e pelo seu combate.

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

5.4. TESTES

1. Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso nas afirmativas abaixo:


a) ( ) Os treinamentos de abandono devem ser conduzidos periodicamente e devem
ser planejados com a cooperação das autoridades locais. O treinamento deve ser
realizado com uma frequência tal que familiarize todos os ocupantes dos
procedimentos e para que este se torne uma condição de rotina.
b) ( ) A responsabilidade do plano e condução dos treinamentos deve ser de pessoas
com competência, devidamente qualificadas para conduzir o exercício. Ênfase
deve ser dada sempre à evacuação realizada com disciplina e não à velocidade.
c) ( ) O exercício deve incluir procedimentos que garantam a participação de todos
os ocupantes do edifício e ser realizado em momentos esperados por todos, sem
surpresas.

2. Assinale a afirmativa correta:


a) Uma brigada de incêndio que faz parte de uma equipe de emergência não pode
reduzir significativamente o potencial de perdas por incêndio numa empresa.
b) A composição da brigada de incêndio deve atender aos critérios estabelecidos pela
empresa onde ela vai ser formada.
c) A norma ABNT- NBR 14276 – Programa de brigada de incêndio determina um
treinamento de, no mínimo, 16 horas para formação de brigadistas, assim como
uma reciclagem periódica a cada 12 meses ou quando houver alteração de mais
de 50% dos seus membros.

3. Assinale a alternativa correta. “O chefe da brigada é um membro da gerência da linha


hierárquica da empresa e suas responsabilidades incluem”:
I- Seleção e designação de pessoal qualificado na brigada para garantir uma proteção
adequada de todas as áreas da empresa em todos os turnos de trabalho, incluindo
períodos de paralisação da empresa;
II- Garantia de proteção durante períodos de inoperação, programada ou não, de
sistemas de extinção automática;
III- Supervisão, inspeção, manutenção e substituição de equipamentos da brigada;
IV- Desenvolvimento de programas de treinamento para a brigada; críticas e
avaliações sistemáticas das operações da brigada.
a) A afirmativa I é falsa.
b) As afirmativas I e II são falsas.
c) Somente a afirmativa III é verdadeira.
d) Todas as afirmativas estão corretas.
e) N.d.a.

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CAPÍTULO 5. PLANOS DE ABANDONO

4. Assinale a afirmativa correta. “As responsabilidades da brigada podem incluir”:


a) Treinamento, mas não um planejamento pré-incêndio.
b) Inspeções periódicas dos equipamentos de proteção contra incêndio e dos pontos
de risco de incêndio.
c) Treinamento do pessoal na utilização dos extintores, mas não na evacuação.
d) As afirmativas “a” e “b” estão corretas.
e) N.d.a.

5. Assinale a afirmativa correta. “O pessoal da brigada ______________baseado em seu


conhecimento sobre combate ao fogo, os processos produtivos da empresa e sua
distribuição. __________ sempre prontos a abandonar rapidamente seu posto de
trabalho e a retornar somente quando a situação de emergência não mais existir,
deve estar fisicamente apto a desempenhar as atividades da brigada e a participar de
sessões de simulações e treinamentos”.
a) Poderá ser selecionada / Devem estar.
b) Deve ser selecionada/ Devem estar.
c) Não deve ser selecionada/ Não devem estar.
d) Poderá ser selecionada /Não devem estar.
e) N.d.a.

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CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

CAPÍTULO 6. ELEMENTOS CONSTITUINTES DO FOGO E EVENTOS REAIS


RICARDO METZNER
OBJETIVOS DO ESTUDO
Proporcionar uma visão sobre incêndios ocorridos em algumas situações
específicas e apresentar os conceitos básicos relacionados ao fogo e à transmissão de
calor.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Entender a capacidade destrutiva associada ao fogo;
• Definir a necessidade de observação e correção continua das instalações e
situações, visando a não ocorrência de incêndios ou explosões;
• Identificar os elementos que possibilitem a existência do fogo e à transmissão
do calor.

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CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

6.1. INCÊNDIO EM LOJAS


Os incêndios em lojas geralmente estão ligados às sobrecargas elétricas e a
vazamentos de gás (caso de lanchonetes e praças de alimentação).

6.1.1. Loja de Fogos de Artifício no Bairro de Pirituba em São Paulo (1995).


O incêndio iniciou-se por problemas elétricos.
Trinta e três casas foram destruídas e 15 pessoas faleceram.

6.1.2. Shopping Center em Osasco (SP) (1995)


Vazamento de GLP na praça de alimentação e posterior explosão.
Trezentas pessoas ficaram feridas e 41 perderam a vida.

6.1.3. Incêndio em Prédio de Banco em Los Angeles (EEUU) (1988)


O prédio, de 62 andares, dispunha de um completo sistema de combate a
incêndios, que incluía um sistema de sprinklers. Em média circulavam pelo edifício cerca
de 4000 pessoas por dia. No momento da ocorrência havia 50 pessoas.
Devido a serviços complementares na rede de hidrantes, o sistema, incluindo a
rede de sprinklers, foi desativado às 22:22 horas. Não havia sistema de sprinklers, ele
seria instalado em uma fase seguinte da reforma do prédio.
Às 22:25 horas iniciou-se um incêndio no 12o andar. Todos alarmes e detectores
foram ignorados pela central de segurança.
Às 22:36 um segurança foi verificar o que ocorria.
Ao chegar ao andar, no momento em que as portas se abriram, foi atingido pelas
chamas que tomavam o andar e veio a falecer no local.
O incêndio atingiu até o 16o andar.
A fachada do edifício, principalmente constituída por vidros, tornou-se uma
condição perigosa adicional para os bombeiros: os vidros rompiam e os pedaços caíam
sobre as equipes e equipamentos, ferindo as pessoas e rompendo mangueiras de
combate a incêndio.
Trinta e cinco pessoas se feriram das quais 14 bombeiros.
O controle de exposição dos bombeiros no combate era feito pelos cilindros de ar
de seus equipamentos de respiração autônoma, sendo de no máximo 30 minutos. Isto
também tornou -se um agravante em termos de risco e pelo acentuado desgaste físico de
deslocar-se dos andares em chamas até o piso.
A perícia indicou posteriormente que o início do fogo se deveu a problemas
elétricos na instalação.
Os prejuízos foram de US$200 milhões, sem incluir os lucros cessantes devido ao
fechamento do edifício.

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110
CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

Quadro 6.1.

Você engenheiro (a) de segurança é responsável por um serviço de manutenção na

rede de sprinklers, que implicará em sua desativação temporária, porém a instalação na

qual o sistema está instalado continuará a operar normalmente. Que tipo de providências

você tomaria?

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111
CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

6.2. INCÊNDIOS EM VEÍCULOS RODOVIÁRIOS


Os incêndios em veículos são causados, na grande maioria das vezes por
vazamentos de combustíveis (álcool, gasolina, diesel e gás), de fluídos (de freio e de
direção hidráulica), curtos-circuitos e incêndios iniciados dentro das cabines, por cigarros
ou superfícies quentes, ou ainda pelo vazamento ou incêndio da carga transportada.
O derramamento ou perda da carga e de combustível podem também advir da
colisão, tombamento ou capotamento dos veículos.
Segundo dados da Companhia Estadual de Saneamento Básico de São Paulo
(CETESB) 44% das ocorrências atendidas entre os anos de 1983 e 2003 foram ligadas a
derramamentos de sólidos ou líquidos inflamáveis.
Dados de 2002 do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
indicam a ocorrência, em média de 7 incêndios por dia envolvendo veículos, no Estado
de São Paulo. Importante observar que estes dados se referem apenas às ocorrências
efetivamente atendidas pelo Corpo de Bombeiros, ou seja, o número total deve ser bem
maior.

Quadro 6.2.

Você engenheiro (a) de segurança é responsável pelo transporte de cargas que

será feito em um caminhão. Que tipo de providências você tomaria?

__________________________________________________________________________________________________
eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
112
CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

6.2.1. Incêndio em Automóveis Parados


No início da década de 1990, veículos fabricados por uma montadora no Brasil,
incendiavam-se poucos minutos após terem sido desligados.
O número de ocorrências foi tão grande que foi criada uma associação das vítimas
de incêndio daquele determinado veículo.
Posteriormente constatou-se que no momento do desligamento, ocorria um
vazamento de fluído do sistema de direção. O material caía sobre o coletor do cano de
escapamento. O coletor estava quente e o incêndio se iniciava.
Na maior parte das vezes houve perda total do veículo envolvido.

6.2.2. Colisão Frontal na Região do ABCD, em São Paulo (2004)


O motorista de um caminhão carregado com pranchas de madeira perdeu o
controle do veículo quando fazia uma curva.
A carga caiu sobre um automóvel que vinha no sentido contrário.
O caminhão colidiu frontalmente contra um outro automóvel, que se incendiou. O
fogo atingiu os 3 veículos e mais um outro automóvel.
Ao final do incêndio, 4 veículos destruídos e 3 pessoas mortas.

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113
CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

6.3. INCÊNDIOS EM TÚNEIS


As causas dos incêndios em túneis são similares às dos incêndios em automóveis,
podendo ser estendidas também aos trens, ou seja, referem-se ao incêndio do veículo ou
composição, ao incêndio de sua carga ou ao incêndio de sua carga derramada.
As consequências, no entanto, podem ser enormemente maiores, pois podem
envolver não só os veículos diretamente vinculados ao acidente e sim todos os veículos e
pessoas presentes no interior do túnel.
Os maiores problemas relacionados a incêndios em túneis referem-se às grandes
temperaturas geradas durante o incêndio, à concentração de fumaça e a eventual
presença de materiais tóxicos, seja proveniente da carga ou como resultado de sua
combustão.
A Instrução Técnica 35 (IT 35) do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado
de São Paulo trata especificamente sobre túneis e preconiza no interior dos túneis a
existência de meios de:
a) comunicação,
b) detecção de princípio de incêndio;
c) identificação da localização do princípio de incêndio;
d) ventilação para insuflação de ar ou extração de fumos;
e) fuga para as pessoas;
f) meios de combate a incêndio;
g) acesso para os bombeiros combaterem incêndios no interior dos túneis.

6.3.1. Incêndio no Eurotunnel (1996)


O Eurotunnel, com 50 Km de extensão localiza-se sob o Canal da Mancha e une a
Inglaterra e a França. É constituído por 3 túneis paralelos, sendo o central de 4,8 m de
diâmetro para serviço e os laterais com 7,6 m de diâmetro. Os túneis estão a
profundidades entre 45 e 75 metros abaixo do leito do canal.
Um trem misto (carga e passageiros) entrou no túnel pelo lado francês. Foi
detectada a presença de chamas na carga e, seguindo o procedimento operacional então
existente, o combate deveria ser executado na saída, do lado inglês.
A composição prosseguiu, até que por problemas mecânicos parou 20 Km após o
início do túnel.
Trinta e três passageiros foram retirados do trem pela equipe francesa e o combate
foi feito por bombeiros dos 2 países. A temperatura era tão elevada que o tempo máximo
de exposição dos bombeiros era de 8 minutos.
A alta temperatura fez com o revestimento do teto se desprendesse e o material no
piso transformou-se em uma espessa camada de materiais arenosos, que dificultavam
ainda mais o deslocamento dos bombeiros.
O incêndio foi debelado catorze horas e meia após o início, restando ao final 8
vagões destruídos, 200 metros de revestimento destruído e mais outros 200 metros de
revestimento comprometido.
O túnel afetado permaneceu completamente interditado por 15 dias e parcialmente
por mais 45 dias.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

6.3.2. Túnel Montblanc (1999)


O túnel Montblanc com cerca de 1000 metros de comprimento, foi inaugurado em
1965 e liga a França e a Itália.
Em 1999 possuía mão dupla, ou seja, em um mesmo túnel havia veículos
trafegando em sentidos opostos.
Um caminhão colidiu frontalmente contra um carro de passageiros, que se
incendiou.
No total, 39 pessoas morreram. Antes deste acidente, pelo menos 15 outros
acidentes semelhantes, porém de menores consequências, já haviam ocorrido.

6.3.3. Túnel Tauern, Áustria (1999)


Um caminhão colidiu contra a traseira de um veículo leve.
Ambos se incendiaram e diversas explosões ocorreram em série.
Doze pessoas perderam a vida.

6.3.4. Túnel Gotthard, Suíça (2002)


Dentro do túnel, com cerca de 10 Km de comprimento, dois caminhões colidiram
(colisão traseira).
Os dois veículos se incendiaram.
Dez pessoas faleceram.

6.3.5. Incêndio no Túnel Kitzeinhorn, Áustria (2000)


O túnel ferroviário havia sido projetado como “à prova de fogo” e por isto não
contava com meios para combate a incêndios, sejam hidrantes, extintores ou brigada de
combate a incêndio.
Na cabine do condutor um aquecedor de ambientes superaqueceu e pegou fogo.
As chamas atingiram as mangueiras do circuito hidráulico da composição e o
incêndio tomou conta da composição que acabou parando no meio do túnel.
Cinquenta pessoas morreram. Somente 12 pessoas sobreviveram.

Nota 6.1.

Você engenheiro (a) de segurança escolheria que tipo de ventiladores, de

insuflação ou de extração, em caso de incêndio, para a segurança dentro de um túnel?

Por que?

Resposta: os ventiladores devem poder funcionar extraindo ou insuflando

(invertendo-se a rotação). A extração ou insuflação dependerá da posição relativa

do acidente em relação à entrada do túnel.

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CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

6.4. INCÊNDIOS EM EMBARCAÇÕES


Os incêndios em embarcações relacionam-se ao combustível ou ao material
transportado, ao descontrole em alguma operação, incluindo carga e descarga ou à
colisão da embarcação.

6.4.1. Explosão em Embarcação Texas City (1947)


Uma embarcação carregada de nitrato de amônia, que seria utilizado como matéria-
prima na fabricação de fertilizantes, incendiou-se quando descarregava sua carga no
porto da cidade de Texas City. O incêndio alastrou-se e os bombeiros combateram o fogo
no porão de carga. Durante o combate, parte da carga de nitrato de amônia entrou em
contato com o combustível da embarcação, gerando violenta explosão.
Quatrocentas e sessenta e oito pessoas faleceram incluindo todo o pessoal do
corpo de bombeiros da cidade.
A combinação entre nitrato e óleo combustível foi a matéria-prima utilizada para a
fabricação dos explosivos utilizados no atentado terrorista em Oklahoma em 1996.
Entre os anos de 2002, 2003 e 2004 diversos roubos de carga de nitrato de amônia
ocorreram em todo o mundo.

6.4.2. Incêndio e Explosão em Embarcação Istambul (Turquia) (1990)


Um cargueiro atracado no porto encontrava-se em manutenção. Em um dos
tanques, previamente esvaziado, iniciava-se um serviço de solda.
Apesar de esvaziado, o tanque não havia sido lavado e inertizado assim como não
havia sido verificado se a atmosfera era ou não inerte com relação à concentração de
combustíveis.
No momento em que o serviço se iniciou principiou o incêndio, seguido
posteriormente de explosões e do derramamento de cerca de 100.000 litros de
combustível no mar.
Duas pessoas faleceram e 30 ficaram feridas, das quais 24 eram bombeiros.

6.5. INCÊNDIOS EM HOTEL


No que se refere aos hóspedes, o princípio de incêndios está relacionado a cigarros
e similares em camas, materiais em contato com superfícies aquecidas (secar roupas
sobre luminárias ou passar roupa no quarto).
Quando se consideram as atividades desenvolvidas no hotel, os locais mais
comuns de início de incêndios são a cozinha e a lavanderia.

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CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

6.6. INCÊNDIOS E ACIDENTES EM ATIVIDADES DE LAZER


Algumas atividades podem produzir acidentes sérios tanto do ponto de vista
pessoal, quanto material e ambiental. Neste contexto enquadram-se os balões (proibidos
por lei), os fogos de artifício, as fogueiras e as churrasqueiras.

6.6.1. Churrasco em São Paulo (1980)


Uma menina de 5 anos observava atentamente um adulto que estava a preparar
um churrasco.
A garota ficou especialmente fascinada no momento em que o adulto esguichou um
pouco de álcool sobre as brasas de carvão e as chamas se tornam vivas.
Na primeira oportunidade que teve, a menina repetiu o gesto, porém, por um tempo
mais prolongado, permitindo assim que a chama retornasse para o interior da
embalagem.
A embalagem explodiu queimando o rosto e o peito da criança.
O rosto da garota ficou permanentemente deformado.

6.6.2. “Guerra de Espadas” no Interior Bahia (1991)


Um rapaz de 22 anos preparava a sua “espada” para a “guerra de espadas”,
tradicional na região.
A espada é um fogo de artifício montado em um tubo e constituído por limalha de
ferro e pólvora.
No momento da preparação o rapaz estava socando a pólvora no interior do tubo. A
pólvora explodiu.
O rapaz teve a sua mão direita arrancada.

6.6.3. Festa Junina em São Paulo (1975)


Uma garota de 10 anos de idade tinha no bolso dianteiro da calça uma caixa de
biribas (conhecidas também como biribinhas ou estalo ou traque).
A caixa explodiu e houve princípio de incêndio.
A perna da menina ficou permanentemente deformada, com limitação de
movimentos, pois as articulações do joelho e do fêmur também foram atingidas.

6.7. INCÊNDIOS FLORESTAIS


Determinadas situações de natureza meteorológica facilitam a ocorrência de
incêndios florestais, como a seca e as descargas atmosféricas (raios).
As ações humanas, no entanto, são as grandes desencadeadoras deste tipo de
incêndio.
Fósforos e cigarros lançados acesos, balões, fogueiras acesas e queimadas são
exemplos deste tipo de ações.

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CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

6.7.1. Incêndio Florestal Itatiaia (RJ) (2001)


Uma fogueira acesa iniciou um incêndio que destruiu cerca de 600 hectares de
vegetação nativa no Parque Nacional de Itatiaia. A baixa umidade relativa do ar e,
portanto, a vegetação seca contribui para o rápido espalhamento das chamas.

6.8. O QUE É NECESSÁRIO PARA HAVER FOGO


O fogo é uma reação química de oxidação na qual uma substância (o combustível)
queima na presença de calor e de uma substância comburente (o agente oxidante,
geralmente o oxigênio, presente no ar), que em determinadas condições se mantém até
que um ou mais dos elementos anteriores sejam consumidos ou extintos. Este processo
de manutenção do fogo é a chamada reação em cadeia.
A reação em cadeia torna a queima autossustentável. Neste estágio, o calor
irradiado pelas chamas atinge o combustível, que se decompõe em partículas menores.
Estas partículas se combinam com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para
o combustível, formando um ciclo contínuo.
O combustível, comburente e calor formam o chamado triângulo do fogo ao passo
Triângulo do fogo
que os 4 (combustível, comburente, calor e reação em cadeia) compõem o chamado
tetraedro do fogo.

Comburente Combustível

Calor

Figura 6.1. Triângulo do Fogo.

Nem toda oxidação é uma combustão, porém a combustão é uma reação de


oxidação. Tetraedro do fogo
R
ALO
C

Figura 6.2. Tetraedro do Fogo.

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CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

Como exemplo de combustíveis, podem ser citados os sólidos, como carvão,


madeira e tecidos, os líquidos, como gasolina e álcool e os gasosos, como, por exemplo,
gás liquefeito de petróleo (GLP) e gás natural.
A maior parte das combustões se mantém com até cerca de 14% de oxigênio de
concentração, podendo, em casos excepcionais, as chamadas combustões lentas, nas
quais não há chamas visíveis, há geração de fumaça e as temperaturas atingidas são
menores se comparadas a uma combustão com teores de oxigênio maiores, manter-se
em concentrações de até 4% no ambiente, ao passo que a respiração humana necessita
de no mínimo 19%.
As fontes de calor podem ser as provenientes do aquecimento solar, de processos
químicos exotérmicos, de circuitos elétricos e suas descargas, de reações biológicas ou
de origem mecânica.
O calor de origem mecânica pode advir do atrito nos mancais, do atrito entre uma
correia e uma superfície, do atrito entre uma correia transportadora e o material que se
deposita sob o transportador, da falta de lubrificação, do excesso de carga sobre o
equipamento ou ainda da geração de uma faísca (uma simples martelada, por exemplo).
O calor de origem elétrica por sua vez pode ser gerado em descargas atmosféricas
(raios), descargas acidentais, arcos elétricos, descargas de eletricidade estática,
aquecimento de equipamentos ou ainda sobrecarga de circuitos.

6.9. O QUE É NECESSÁRIO PARA EXTINGUIR O FOGO


Há basicamente 4 maneiras de extinguir-se o fogo.
Pode-se remover ou reduzir a quantidade de combustível.
É possível reduzir a quantidade de comburente (abafamento).
Pode-se reduzir a fonte de calor (esfriamento).
Por fim pode se interferir, mediante a adição de inibidores químicos, no
desenvolvimento da reação em cadeia.
No caso específico de incêndios em instalações produtoras de petróleo, uma das
formas de se combater o fogo é, utilizando-se explosivos, provocar uma explosão
controlada no interior das chamas. A explosão, ao ocorrer, consome o oxigênio, que
deixa de alimentar o incêndio, que se extingue.

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CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

6.10. TESTES

1. Os maiores problemas relacionados a incêndios em túneis referem-se às


_______________________ geradas durante o incêndio, à concentração de fumaça
e a eventual presença de materiais tóxicos, seja proveniente da carga ou como
resultado de sua combustão.
a) Pequenas temperaturas.
b) Temperaturas amenas.
c) Grandes temperaturas.
d) Temperaturas muito baixas.
e) N.d.a.

2. Assinale a alternativa correta:


“A maior parte das combustões se mantém com até cerca de ____ de oxigênio de
concentração no ambiente, ao passo que a respiração humana necessita de no
mínimo ____”.
a) 10% / 50%
b) 14% / 19%
c) 12% / 40%
d) 14% / 14%
e) N.d.a.

3. Assinale a afirmativa correta:


I- As fontes de calor podem ser as provenientes do aquecimento solar, de processos
químicos exotérmicos, de circuitos elétricos e suas descargas, mas não podem ser
provenientes de reações biológicas ou de origem mecânica.
II- O calor de origem mecânica pode advir do atrito nos mancais, do atrito entre uma
correia e uma superfície, do atrito entre uma correia transportadora e o material que se
deposita sob o transportador, da falta de lubrificação, do excesso de carga sobre o
equipamento ou ainda da geração de uma faísca (uma simples martelada, por
exemplo).
III- O calor de origem elétrica por sua vez pode ser gerado em descargas atmosféricas
(raios), descargas acidentais, arcos elétricos, descargas de eletricidade estática,
aquecimento de equipamentos ou ainda sobrecarga de circuitos
a) Afirmativa I está errada.
b) Afirmativa II e III estão erradas.
c) Afirmativa I e II estão certas.
d) Todas estão certas.
e) N.d.a.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 6. Elementos Constituintes do Fogo e Eventos Reais

4. Assinale a afirmativa incorreta com base na seguinte pergunta:


“O que é necessário para extinguir o fogo? ”
a) Pode-se remover ou reduzir a quantidade de combustível.
b) É possível aumentar a quantidade de comburente (abafamento).
c) Pode-se reduzir a fonte de calor (esfriamento).
d) Por fim pode se interferir, mediante a adição de inibidores químicos, no
desenvolvimento da reação em cadeia.
e) N.d.a.

5. Assinale a alternativa correta. “No caso específico de incêndios em instalações


produtoras de petróleo, uma das formas de se combater o fogo é,
__________explosivos, provocar uma explosão controlada no interior das chamas. A
explosão, ao ocorrer, _________o oxigênio, que deixa de alimentar o incêndio, que se
extingue”.
a) não fazer uso de / consome.
b) utilizando-se / não consome.
c) utilizando-se / consome.
d) não fazer uso de / não consome.
e) N.d.a.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

CAPÍTULO 7. TRANSMISSÃO DE CALOR E AS TÉCNICAS DE COMBATE A


INCÊNDIO
TZNER
OBJETIVOS DO ESTUDO
Proporcionar uma visão sobre meios de transmissão de calor, as técnicas de
combate a incêndios.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Conhecer os meios de transmissão de calor.
• Conhecer as classes de fogo e os meios de extinção de incêndios.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

7.1. FORMAS DE TRANSMISSÃO DE CALOR


Há 3 maneiras de transmissão de calor.
Condução
1) A condução, na qual o calor se transmite através de um material. Por exemplo,
uma barra metálica tendo um de seus lados exposto ao calor, gradualmente fará com que
o lado oposto se aqueça.

Q
T1 TO

Figura 7.8. Condução.

2) A convecção, na qual o aumento de temperatura provoca uma diminuição de


densidade em um fluído. Este fluído mais quente e mais leve sobe até as regiões mais
elevadas, ao passo que o fluído mais frio desce. Como exemplos de fluído podem ser
Convecção
citados o próprio ar, a água e outros materiais, como por exemplo, gases ou
combustíveis.

TO

Q
T1

Figura 7.2. Convecção.

3) A irradiação, que depende, em primeira aproximação, da diferença de


temperatura entre os corpos, especificamente a diferença entre as temperaturas elevadas
à 4a potência.
Irradiação
• f(T14- T04)

Q
T1 TO

Figura 7.3. Irradiação.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

7.2. SEQUÊNCIA DE UM INCÊNDIO


Um incêndio depois de iniciado passa à fase de deflagração, em que o fogo
consome cada vez mais materiais e a temperatura no ambiente vai subindo chegando-se
então à fase de incêndio generalizado, quando a maior parte dos materiais presentes
entra em combustão.
Combatendo-se o incêndio ou permitindo que os combustíveis sejam consumidos
até o fim pelas chamas, o fogo entra em fase de extinção.
A operação de rescaldo visa não permitir que os materiais voltem a queimar.

7.3. SEQUÊNCIA DE UM COMBATE A UM INCÊNDIO


A fase inicial de uma operação de combate refere-se à detecção do incêndio, a
partir da qual o combate inicial deverá ser iniciado. O tempo corre contra a operação,
sendo que os primeiros 5 minutos iniciais para controlar a situação, são fundamentais.
Caso este controle não seja possível, meios externos de combate serão necessários.
Terminado o combate, o rescaldo deverá ser executado.
Quanto mais tempo se demora a detecção e o combate inicial, maiores são as
perdas. As perdas podem ser materiais, ambientais, econômicas, humanas ou sociais.

Temperatura de inflamação
7.4. OS COMBUSTÍVEIS E SUAS TEMPERATURAS
A temperatura de inflamação ou “flash point” é aquela na qual a substância libera
Flashparapoint
vapores combustíveis suficientes formar mistura que se inflama na presença de
fonte de ignição e se extingue na ausência desta.

Figura 7.4. Temperatura de inflamação Flash Point.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

Temperatura de combustão
A temperatura de combustão ou “fire point” é temperatura mínima na qual a
substância libera vapores combustíveis, suficientes para formar mistura que se inflama na
Fire Point
presença de fonte externa sendo que a combustão se mantém mesmo sem a presença
de fonte externa de ignição.

Figura 7.5. Temperatura de Combustão Fire Point.


Temperatura de ignição
A temperatura de ignição ou “Ignition Point” é a temperatura mínima a partir da qual
Ignition
a substância libera vapores combustíveis Point
suficientes para formar mistura que se inflama
sem a presença de fonte externa de ignição.

Figura 7.6. Temperatura de Ignição Ignition Point.

Líquidos inflamáveis são aqueles com temperatura de fulgor abaixo de 70o C e


líquidos combustíveis são aqueles com temperatura de fulgor acima de 70o C. De acordo
com a temperatura de fulgor e temperaturas de ebulição, os inflamáveis dividem-se em
categorias de IA, IB e IC. Os combustíveis são classificados em classes II, IIA, e IIB de
acordo com a temperatura de fulgor.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

7.5. PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS


Como medida de prevenção básica, deve-se evitar o contato simultâneo dos
combustíveis, do comburente (geralmente o oxigênio presente no ar), ambos em
proporções que estejam dentro da faixa de inflamabilidade, com fontes de calor que
tenham energia suficiente para iniciar a combustão.
Porém deve-se buscar evitar a propagação do incêndio, através de medidas de
proteção, e dispor dos meios para o combate inicial do incêndio.
Passa-se aos procedimentos de abandono seguro dos ocupantes e busca-se
restringir a ocorrência ao seu ambiente de origem, dificultando a sua propagação.
Devem-se garantir os meios para acesso dos bombeiros, que combaterão o
incêndio, visando restringir o incêndio ao prédio e garantir a integridade do mesmo.
As causas mais comuns relacionadas a acidentes durante a ocorrência de
incêndios referem-se a:
a) não saber o que fazer;
b) fazer o que não sabe;
c) saber e não fazer;
d) desconhecimento;
e) desobediência;
f) demora em dar-se o alarme;
g) demora em chamar os bombeiros;
h) obstrução dos equipamentos de combate;
i) obstrução das rotas de fuga;
j) obstrução das vias de acesso das viaturas dos bombeiros;
k) falta de treinamento da brigada;
l) equipamento (s) de combate a incêndio não funciona (m) direito.

Restringir ao prédio Integridade do prédio

Combate Propagação Abandono


Inicial
Evitar

Acesso
Combustível Calor
operações
bombeiros

Combate

Ar
Restringir ao
ambiente

Figura 7.7. Prevenção de Incêndios.

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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

7.6. CLASSES DE FOGO E TIPOS DE EXTINTORES


As classes de fogo referem-se ao tipo do combustível e de suas características de
queima e de geração ou não de resíduos de combustão e também se referem aos
extintores utilizados para combater incêndios das respectivas categorias ou combinações
destes.
São 4 as classes de fogo:
Classe A: materiais sólidos, como, por exemplo, papel, tecidos, madeira, carvão e
pneus.
Classe B: materiais líquidos como, por exemplo, gasolina, óleo diesel, álcool óleos
comestíveis e óleos lubrificantes.
Classe C: equipamentos elétricos energizados.
Classe D: materiais pirofóricos, como por exemplo, magnésio, zircônio ou titânio.
Classe K: óleos e gorduras utilizados em cozinhas
Os extintores de espuma são utilizados para combater incêndios de classes A e B.
Os extintores de dióxido de carbono podem ser utilizados em classes B e C e no
início de fogos de classe A
Extintores de água são utilizados em incêndios de classe A e não deverá nunca ser
utilizada em incêndios de classe C, enquanto os equipamentos estiverem energizados,
devido ao risco de eletroplessão.
Extintores de pó químico seco são utilizados em incêndios das classes B e C.
Como exemplos de materiais empregados em combates a incêndios de classe D,
podem ser citados areia e limalha de ferro, sendo fundamental saber-se quais os meios
apropriados de extinção para aquela determinada substância pirofórica.
Misturas gasosas específicas, utilizadas em incêndios classe C como, por exemplo,
etileno cloro propano e trifluor metano ou nitrogênio, argônio e gás carbônico
(comercialmente os produtos FM 200 e FE13). Estes produtos substituíram outros
anteriormente utilizados, como por exemplo, o gás Halon, por este ser agressivo à
camada de ozônio.
Extintores à base e fosfato monoamônico são capazes de combater incêndios das
classes A, B e C.
O agente extintor de classe K é geralmente à base de potássio que, quando em
contato com as chamas, reage e forma sobre o foco de incêndio uma camada
saponificada, que resulta no abafamento do fogo.
Há sistemas de extinção fixos, a base de dióxido de carbono, misturas gasosas
específicas ou ainda de geração de espuma (este último empregado em combate a
incêndios em tanques e reservatórios).

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

7.7. SPRINKLERS OU CHUVEIROS AUTOMÁTICOS


São instalações fixas, constituídas de redes de tubulações e os chuveiros
automáticos propriamente ditos.
Os chuveiros são dotados de uma ampola termossensível que, quando exposta a
uma determinada temperatura se rompe, abrindo a válvula e possibilitando a saída da
água. Há ampolas e elementos termossensíveis para diferentes faixas de temperatura, de
acordo com o local e condições de utilização dos sprinklers.
Sprinklers ou chuveiros
Para o bom funcionamento do sistema é imprescindível a manutenção de no
mínimo 0,5 metro livre abaixo do sprinkler, para que água possa sair e formar um leque
automáticos
sobre a área onde ocorre o incêndio.

Sprinkler

Leque

Material em chamas

Figura 7.8. Sprinklers ou chuveiros automáticos.

7.8. DETECTORES
Os detectores podem ser térmicos (identificam aumentos de temperatura no recinto
onde estão instalados), de fumaça (identificam a mudança nas condições de materiais
em suspensão, resultantes da combustão, na atmosfera o recinto) de gás (identificam a
mudança na concentração de um determinado gás na atmosfera do recinto) e de chama
(identificam as radiações provenientes das chamas).
A correta instalação dos detectores é fundamental para o seu bom funcionamento,
devendo-se ficar atento à existência de correntes de ar que possam desviar o fluxo de
gases da área de ação dos detectores, ou da interferência de barreiras físicas que tornem
os detectores inoperantes.

7.9. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA


Há 3 tipos de iluminação de emergência:
Iluminação de emergência auxiliar: É empregada em condições nas quais as
operações não podem ser interrompidas, como, por exemplo, durante cirurgias,
atividades em aeroportos ou no metrô;
Iluminação de ambiente ou aclaramento: visa garantir a saída segura de todas as
pessoas do local em caso de emergência;
Iluminação de balizamento ou de sinalização: é um sistema composto por
símbolos iluminado que indicam a rota de fuga em caso de emergência.

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128
Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

7.10. INCÊNDIO REAL


Em um incêndio real a temperatura sobe inicialmente de maneira lenta.
Os combustíveis vão sendo consumidos e o calor gerado possibilita a combustão
de mais e mais combustíveis, até que o calor no ambiente seja suficiente para inflamar os
demais materiais. A partir do momento em que os combustíveis sejam consumidos,
inicia-se a fase de extinção.

Figura 7.9. Gráfico de um incêndio Real.

7.11. INCÊNDIO PADRÃO


Uma das maiores dificuldades dos projetistas de sistemas de proteção e combate a
incêndio ao longo dos tempos foi identificar um modelo matemático que permitisse
simular a evolução do aumento de temperatura ao longo do tempo em um incêndio real.
O modelo abaixo, desenvolvido para o incêndio do tipo celulósico (o mais comum
dentro de uma residência, escritório ou comércio em geral), possibilita não só determinar
as temperaturas, mas também expor de maneira controlada materiais e a partir daí
observar o comportamento destes em caso de incêndios.

A fórmula é

g=o + 345 log (8t+1),


Sendo:
t é o tempo, expresso em minutos;
o é a temperatura do ambiente antes do início do aquecimento em graus Celsius,
geralmente tomada igual a 20º C;
g é a temperatura dos gases, em graus Celsius no instante t.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
129
Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

Temperatura dos gases de combustão


o
C
1200
800
400
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
minutos

Figura 7.9. Gráfico da Temperatura dos gases de combustão.

Pelo gráfico verifica-se que passados 5 minutos do início de incêndio, a


temperatura é de aproximadamente 500° C.

7.12. ROTAS DE FUGA E SAÍDAS DE EMERGÊNCIA


As rotas de fuga devem estar bem sinalizadas, livres e desobstruídas.
As portas de emergência devem possuir barras antipânico e abrir sempre para fora,
ou seja, no sentido de saída das pessoas daquele ambiente. Caso abram para dentro,
em situação de emergência, as portas ficarão travadas pelas pessoas que desejam sair e
que provavelmente morrerão esmagadas.
Caso haja escadas na rota de fuga, a largura dos degraus deverá ser constante
(não existência de degraus em curva, nos quais há diferença na largura dos degraus).
As portas de emergência nunca deverão ser trancadas, mesmo em horários fora de
expediente.

7.13. HIDRANTES
O dimensionamento do sistema de hidrantes deverá ser feito considerando-se
sempre os pontos mais desfavoráveis, ou seja, no ponto de menor pressão (mais distante
da bomba ou mais próximo da caixa d’água elevada) a pressão deverá ser a mínima de
projeto, com a vazão requerida.
Os sistemas de hidrante podem ser pressurizados (utilizam-se de bombas para o
combate ao incêndio) ou por gravidade (a pressão no ponto de combate se obtém pela
diferença de cota entre altura da caixa e o ponto de combate ao incêndio). Nos sistemas
pressurizados utiliza-se uma bomba de pequeno porte (bomba jockey) que mantém o
sistema constantemente pressurizado.
Quando ocorrem pequenas quedas de pressão, a bomba é acionada e pressuriza
novamente a linha, desligando-se em seguida. Quando uma válvula de um hidrante é
aberta, a pressão no sistema cai, a bomba pequena começa a funcionar e passado um
tempo, na medida em que não consiga pressurizar novamente o sistema, a bomba de
combate, de maior porte, começa automaticamente a funcionar.
Quanto às caixas d’água, o volume d’água armazenado deve levar em conta não só
o sistema de hidrantes, mas também as necessidades do sistema de sprinklers.

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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

Os sistemas de hidrantes pressurizados devem possuir alimentação elétrica


independente, ou seja, um circuito independente da instalação deve ser de uso exclusivo
do sistema. Também devem ser previstos meios auxiliares de alimentação, como por
exemplo, geradores ou a existência de motobombas acionadas por motor à explosão.
Em caso de manutenção do sistema, é fundamental que se seccionem e bloqueiem
todas as fontes de alimentação, além de prover meios auxiliares de combate enquanto o
sistema estiver desabilitado.

Sistema pressurizado Sistema pressurizado Reservatório


Reservatório
Reservatório Reservatório
Bomba Bomba
Jockey Jockey

Temporizador Temporizador

Bomba principal Bomba principal


Sistema pressurizado Sistema perde pressão
Hidrante fechado
Hidrante fechado

Sistema pressurizado Reservatório


Sistema pressurizado Reservatório
Reservatório Reservatório
Bomba Bomba
Jockey Jockey

Temporizador Temporizador

Bomba principal Sistema despressurizado Bomba principal Sistema despressurizado


Hidrante aberto Hidrante aberto
Alimentação: bombeiros Instante inicial

Sistema pressurizado Reservatório


Sistema pressurizado Reservatório
Reservatório Reservatório
Bomba Bomba
Jockey Jockey

Temporizador Temporizador

Bomba principal Sistema despressurizado Bomba principal


Sistema pressurizado
Hidrante aberto
Hidrante fechado
Instante posterior

Figura 7.11. Sistema Pressurizado.

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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

7.14. DIQUES DE CONTENÇÃO


O papel dos diques de contenção é fundamental quando ocorrem vazamentos. Ao
construir-se um dique de contenção, no entanto, devem se prever certos elementos de
segurança. Por exemplo, a instalação de um dreno para águas pluviais (normalmente
fechado), meios de bombeamento do material que vazou, existência de extintores interna
e externamente ao dique, hidrantes, sistema de proteção contra descargas atmosféricas.
O volume do dique deve ser compatível com o volume dos tanques nele contidos
sendo que os tanques devem estar eletricamente aterrados, assim como os veículos que
os abastecem ou que deles se abasteçam.

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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

7.15. TESTES

1. “A temperatura de combustão ou “fire point” é temperatura __________na qual a


substância libera vapores combustíveis, suficientes para formar mistura que se
inflama na presença de fonte externa sendo que a combustão se mantém mesmo
sem a presença de fonte _________de ignição.”
a) máxima /interna.
b) máxima /externa.
c) mínima / interna.
d) mínima /externa.
e) N.d.a.

2. Com relação à Prevenção de incêndios e as afirmações abaixo, assinale a alternativa


correta.
I - Que como medida de prevenção básica, deve-se evitar o contato dos combustíveis
com o calor. Porém deve-se buscar evitar a propagação do incêndio e dispor dos
meios para o combate inicial do incêndio.
II - Os procedimentos de abandono seguro dos ocupantes e busca-se restringir a
ocorrência ao seu ambiente de origem, dificultando a sua propagação.
III - Deve-se garantir os meios para acesso dos bombeiros, que combaterão o
incêndio, visando restringir o incêndio ao prédio e garantir a integridade do mesmo.
a) Todas as afirmativas estão corretas
b) Todas as afirmativas são falsas.
c) Somente a I está correta.
d) Apenas a II é falsa.
e) N.d.a.

3. Com relação aos Sprinklers ou chuveiros automáticos podemos dizer:


I - São instalações fixas, constituídas de redes de tubulações e os chuveiros
automáticos propriamente ditos.
II - Os chuveiros são dotados de uma ampola termossensível que, quando exposta a
uma determinada temperatura se rompe, abrindo a válvula e possibilitando a saída da
água. Há ampolas e elementos termossensíveis para diferentes faixas de temperatura,
de acordo com o local e condições de utilização dos sprinklers.
III - Para o bom funcionamento do sistema é imprescindível a manutenção de no
mínimo 2,0 metros livre acima do sprinkler, para que água possa sair e formar um
leque sobre a área onde ocorre o incêndio.
a) A afirmativa III é falsa.
b) As afirmativas I e II são falsas.
c) Todas as afirmativas são falsas.
d) Todas as afirmativas são corretas.
e) N.d.a.

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Capítulo 7. Transmissão de Calor e as Técnicas de Combate a Incêndio

4. Quais são os tipos de Iluminação de emergência empregados?


a) A iluminação de emergência auxiliar que é empregada em condições nas quais as
operações podem ser interrompidas.
b) A iluminação de ambiente ou aclaramento: visa garantir a saída segura de todas as
pessoas do local em caso de emergência.
c) A iluminação de balizamento ou de sinalização: é um sistema composto por vias
através de rampas que indicam a rota de fuga em caso de emergência.
d) As afirmativas “a” e “c” estão corretas.
e) N.d.a.

5. “O dimensionamento do sistema de hidrantes deverá ser feito considerando-se sempre


os pontos ________desfavoráveis. Ou seja, no ponto de menor pressão (mais
distante da bomba ou mais próximo da caixa d’água elevada) a pressão deverá ser a
__________de projeto, com a vazão requerida.”
a) menos / máxima.
b) menos / mínima.
c) mais / mínima.
d) mais / máxima.
e) N.d.a.

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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

CAPÍTULO 8. SISTEMAS DE EXTINTORES DE COMBATE CONTRA INCÊNDIO


JOSÉ CARLOS TOMINA
OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar alguns conceitos e informações técnicas que possibilitem avaliar as
condições de instalação e funcionamento dos sistemas de extintores de incêndio, tendo-
se como referência a norma brasileira NBR-12963 “Sistemas de proteção por extintores
de incêndio”.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Avaliar a adequação dos sistemas instalados;
• Verificar as condições de funcionamento dos sistemas;
• Implementar a manutenção dos sistemas.

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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

8.1. CONCEITUAÇÃO
A provisão de extintores de incêndio nos edifícios se justifica pela necessidade de
efetuar o combate ao incêndio imediatamente após o seu surgimento e pelo fato
comprovado de que a grande maioria dos incêndios tem origem a partir de pequenos
focos. Destaca-se assim, a importância de se contar com equipamentos de combate
apropriados para o uso pelos próprios usuários do edifício e que primem pela facilidade
de manuseio, de forma a poderem ser utilizados a partir de um treinamento básico. Além
disso, os preparativos necessários para o seu uso não devem consumir um tempo
significativo, para que sua utilização não se inviabilize em função do crescimento do
incêndio.
Segundo a norma brasileira NBR 12693/2013 - “Sistemas de proteção por
extintores de incêndio - Procedimento”, na qual esta apostila está baseada, os extintores
de incêndio são divididos em duas categorias: portáteis e sobre-rodas. O extintor portátil
é definido como sendo um aparelho de acionamento manual, constituído de recipiente e
dispositivos de funcionamento, contendo agente extintor destinado a debelar princípios
de incêndio, sendo que sua massa total (agente + recipiente + dispositivos de
funcionamento) não pode ultrapassar a 20 kg. O extintor sobre-rodas é definido como
sendo um aparelho de acionamento manual, apoiado sobre rodas, constituído de
recipiente e de dispositivos de funcionamento e de locomoção, contendo agente extintor
destinado a debelar princípios de incêndios, cuja massa total não poderá ultrapassar a
250 kg.

8.2. TIPOS DE AGENTES EXTINTORES, PRINCÍPIOS DE EXTINÇÃO E SISTEMAS DE


EXPULSÃO
O fogo ou a combustão dos materiais corresponde a uma reação de oxirredução
exotérmica, acompanhada de chamas ou incandescências, que se desenvolve
independentemente da causa que a provocou, em que o agente oxidante é o oxigênio do
ar ou o oxigênio liberado, progressivamente, por decomposição química da própria
substância que sofre a combustão.

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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

Quadro 8.1

Os quatro componentes da combustão são: oxigênio, combustível, calor e reação

em cadeia. Se qualquer um dos quatro componentes não estiver presente, a combustão

não pode se desenvolver. Se qualquer um for retirado, a combustão cessa.

A partir daí, ficam definidos quatro princípios de extinção do fogo:

Na Tabela 8.1 a seguir estão apresentados os princípios de extinção do fogo que


correspondem aos agentes extintores atualmente utilizados no Brasil.

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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

Tabela 8.1 Classificação dos extintores segundo o agente extintor, princípio de


extinção e sistema de expulsão.
Sistema de expulsão
Princípio de Pressuriza
Agente Extintor Auto- Auto- Pressurizaç
Extinção ção
geração expulsão ão direta
indireta
Água Resfriamento X X
Espuma Resfriamento
X X
mecânica Abafamento
Pó químico B/C Reação química,
Pó químico abafamento (para X X
A/B/C fogo classe A)
Reação química,
Pó Químico D abafamento X
Resfriamento
Resfriamento
CO2 X X (1)
Abafamento
Reação química,
Hidrocarbonetos
abafamento (para X
Halogenados
fogo classe A)
(1) Aplicável em ambientes de baixa temperatura

De acordo com o método de expulsão do agente extintor, os extintores são


classificados como:
a) de auto-geração, quando a pressão necessária à expulsão do agente é provida
pela reação química do próprio agente extintor.
b) de auto-expulsão, quando o agente extintor é mantido no recipiente do extintor
na forma de gás liquefeito.
c) de pressurização direta, quando o agente extintor é mantido sob pressão, no
recipiente, com uso de nitrogênio, gás carbônico ou ar comprimido, que se constitui em
agente propelente.
d) de pressurização indireta, quando o agente propelente é mantido em uma
ampola separada e só ingressa no recipiente onde está o agente extintor, para o combate
ao fogo.

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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

8.3. CLASSIFICAÇÃO DOS FOGOS E DOS RISCOS


A natureza do fogo, em função do material combustível, está compreendida numa
das quatro classes:
Fogo classe A - fogo envolvendo materiais combustíveis sólidos, tais como
madeira, tecidos, papéis, borrachas, plásticos termoestáveis e outras fibras orgânicas,
que queimam em superfície e profundidade, deixando resíduos;
Fogo classe B - fogo envolvendo líquidos e/ou gases inflamáveis ou combustíveis,
plásticos e graxas que se liquefazem por ação do calor e queimam somente em
superfície;
Fogo classe C - fogo envolvendo equipamentos e instalações elétricas
energizadas;
Fogo classe D - fogo em metais combustíveis, tais como magnésio, titânio,
zircônio, sódio, potássio e lítio.
De acordo com a natureza do fogo, os agentes extintores devem ser selecionados
dentre os constantes da Tabela 8.2 a seguir.

Tabela 8.2 Seleção do Agente Extintor Segundo a Classificação do Fogo.


Classe Agente extintor de fogo
Classe Agente Extintor
de Fogo Água Espuma Gás Pó Pó Halogenados
mecânica Carbônico B/C A/B/C
A (A) (A) (NR) (NR) (A) (NR)
B (P) (A) (A) (A) (A) (A)
C (P) (P) (A) (A) (A) (A)
D Deve ser verificada a compatibilidade entre o metal combustível e agente extintor
NOTA:(A) Adequação à classe de fogo
(NR) Não recomendado à classe de fogo
(P) Proibido à classe de fogo

8.4. MARCAÇÃO NO QUADRO DE INSTRUÇÕES DOS EXTINTORES


No quadro de instruções, devem constar bem legíveis e de maneira indelével no
mínimo as seguintes indicações:
a) Extintor de incêndio, citando o agente extintor e o número desta Norma;
b) Classes de fogo representadas por um conjunto de símbolos gráficos;
c) Razão social do fabricante;
d) Faixa de temperatura de operação;
e) Nome do agente extintor; quando tratar-se de pó para extinção, citar a base
química e o teor de produtos inibidores, quando tratar-se de espuma mecânica, citar o
tipo de LGE e dosagem, bem como a carga nominal, expressa em quilogramas ou litros;
f) Grau de capacidade extintora;

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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

g) Para extintor recarregável, pnc e gás expelente (não é necessário declarar o gás
utilizado na mistura para detecção de vazamento); no caso de extintor de pressurização
indireta, também a massa ou pressão do gás expelente;
h) Identificação do extintor;
i) A frase “recarregar imediatamente após o uso”, ou “descartar após o uso e após
o vencimento da validade”, respectivamente para extintores recarregáveis e descartáveis;
j) A frase “extintor descartável” e sua validade expressa em no máximo semestre e
ano, para extintores descartáveis;
k) Instruções de operação, expressas através de símbolos gráficos e texto, com
altura das letras não inferior a 4 mm para recipientes com diâmetro externo até 120 mm e
6 mm para recipientes com diâmetro externo maiores, em sequência numérica, onde
cada símbolo gráfico pode conter até duas instruções, descrevendo as ações necessárias
recomendadas para a operação do extintor;
l) A frase “para outras informações, consultar informações ao usuário”;
m) Advertências relativas a algum risco especial devem estar especificadas;
n) A massa aproximada do extintor completo, expressa em quilogramas, exceto
para os extintores com carga de CO2.

Somente as indicações de b), f), k) e m) devem estar localizadas na parte frontal do


extintor em relação à sua posição de instalação; para extintores descartáveis, também a
indicação de j). A marca do extintor também pode estar localizada na parte frontal, desde
que não distraia a interpretação das outras indicações.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

a) Classe A b) Classe B c) Classe C

Figura 8.1. - Símbolos gráficos para as classes de fogo

8.5. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS DAS OCUPAÇÕES


Risco baixo:
Edificações e áreas de risco com carga de incêndio específica até 300 MJ/m2 e
líquidos combustíveis com volume menor que 3,6 L

Risco médio:
Edificações e áreas de risco com carga de incêndio específica acima de 300 MJ/m2
a 1 200 MJ/m2 e líquidos combustíveis com volume igual a 3,6 L até 18 L

Risco alto:
Edificações e áreas de risco com carga de incêndio específica acima de 1 200
2
MJ/m e líquidos combustíveis com volume maior que 18 L.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

Tabela 8.3. - Cargas de incêndio específicas por ocupação


Carga de incêndio
Ocupação / Uso Descrição específica (q)
MJ/ m2
Alojamentos estudantis 300
Apartamentos 300
Residencial
Casas térreas ou sobrados 300
Pensionatos 300
Hotéis 500
Serviços de hospedagem Motéis 500
Apart-hotéis 500
Açougue 40
Antiguidades 700
Aparelhos eletrodomésticos 300
Aparelhos eletrônicos 400
Armarinhos 600
Armas 300
Comercial varejista, Loja
Artigos de bijuterias, metal ou vidro 300
Artigos de cera 2 100
Artigos de couro, borracha,
esportivos 800
Automóveis 200
Bebidas destiladas 700

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

Tabela 8.3 - (continuação)


Ocupação/Uso Descrição Carga de incêndio
específica (q)
MJ/ m2
Brinquedos 500
Comercial varejista, Loja Calçados 500
Couro, artigos de 700
Drogarias (incluindo
depósitos) 1 000
Esportes, artigos de 800
Ferragens 300
Floricultura 80
Galeria de quadros 200
Joalheria 300
Livrarias 1 000
Lojas de departamentos
ou centro de compras 800
(shoppings)
Materiais de construção 800
Máquinas de costura ou de
escritório 300
Materiais fotográficos 300
Móveis 400
Papelarias 700
Perfumarias 400
Produtos têxteis 600
Relojoarias 600
Supermercados 400
Tapetes 800
Tintas e vernizes 1 000
Verduras frescas 200
Vinhos 200
Vulcanização 1 000
Agências bancárias 300
Serviços profissionais, Agências de correios 400
pessoais e técnicos Centrais telefônicas 200
Cabeleireiros 200
Copiadora 400
Encadernadoras 1 000
Escritórios 700
Estúdios de rádio ou
300
televisão ou de fotografia
Laboratórios químicos 500
Laboratórios (outros) 300
Lavanderias 300
Oficinas elétricas 600
Oficinas hidráulicas ou
mecânicas 200
Pinturas 500
Processamento de dados 400
Academias de ginástica e
Educacional e cultura similares 300
física Pré-escolas e similares 300
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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

8.6. CLASSIFICAÇÃO, CAPACIDADE EXTINTORA E DESEMPENHO DOS


EXTINTORES
Os extintores especificados na NBR 12693 são classificados para o uso em classes
A, B e C e conforme sua eficiência relativa de extinção em ensaios laboratoriais.
As classificações em graus de capacidade extintora, o ensaio de condutividade
elétrica, e os requisitos dos extintores conforme a carga de agente extintor, estão
estabelecidas na ABNT NBR 15808 e ABNT NBR 15809, conforme segue.

Classe A – Ensaio de fogo em engradado de Madeira

O extintor de incêndio deve extinguir o fogo do engradado de madeira


correspondente a um dos graus da Tabela 8.4 sem apresentar reignição, com chama
visível, após 10 minutos do início da descarga do extintor. O engradado deve apresentar
perda de massa entre 55 % e 40 % de sua massa inicial, conforme especificado em
ensaio.

Tabela 8.4. - Dimensões do engradado de madeira

Dimensões dos elementos


Quantidade de madeira Arranjo dos
de mm elementos de
Grau/Classe elementos madeira no
de madeira Seção ± 1 Comprimento ± engradado
mm 1%

1-A 50 45 x 45 500 10 camadas de 5


2-A 78 45 x 45 600 13 camadas de 6
3-A 98 45 x 45 750 14 camadas de 7
4-A 120 45 x 45 850 15 camadas de 8
6-A 153 45 x 45 1 000 17 camadas de 9
10-A 209 45 x 45 1 220 19 camadas de 11
10 camadas de 15 e
20-A 160 45 x 90 1 500 1 camada superior
de 10
10 camadas de 18 e
30-A 192 45x90 1850 1 camada superior
de 12
10 camadas de 21 e
40-A 224 45x90 2200 1 camada superior
de 14
NOTA: Capacidades extintoras 30A e 40A são específicas para extintores sobre
rodas.

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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

Classe B – Ensaio de fogo em líquido inflamável

O extintor de incêndio deve extinguir o fogo do recipiente de um dos graus


conforme especificado na Tabela 8.5 a seguir, conforme especificado em ensaio.

Tabela 8.5. - Dimensão do recipiente, materiais e arranjo

Grau/Clas Tempo Área interna Espessura Dimensional das Volume


se mínimo do recipiente da chapa cantoneiras de aproximado de
de reforço líquido
descarga Tolerância ± mm inflamável
0,5 % mm
s L
m2

1-B 8 0,25 6,4 38,1 x 38,1 x 4,8 12,5


2-B 8 0,45 6,4 38,1 x 38,1 x 4,8 23,5
5-B 8 1,15 6,4 38,1 x 38,1 x 4,8 58,5
10-B 8 2,30 6,4 38,1 x 38,1 x 4,8 117
20-B 8 4,65 6,4 38,1 x 38,1 x 6,4 245
30-B 11 6,95 12,7 38,1 x 38,1 x 6,4 360
40-B 13 9,30 12,7 38,1 x 38,1 x 6,4 475
60-B 17 13,95 12,7 38,1 x 38,1 x 6,4 720
80-B 20 18,60 12,7 38,1 x 38,1 x 6,4 950
120-B 26 27,85 12,7 38,1 x 38,1 x 6,4 1 420
160-B 31 37,20 12,7 38,1 x 38,1 x 6,4 1 895
240-B 40 55,75 12,7 38,1 x 38,1 x 6,4 2 840
320-B 48 74,30 12,7 38,1 x 38,1 x 6,4 3 790
480-B 63 111,50 12,7 38,1 x 38,1 x 6,4 5 680
640-B 75 148,60 12,7 38,1 x 38,1 x 6,4 7 570
NOTA: a quantidade de líquido inflamável a ser usada em cada ensaio deve ser determinada
pela profundidade real, conforme medidas do recipiente e não pelos volumes indicados.

8.7. REQUISITOS COM RELAÇÃO À INSTALAÇÃO


Os extintores devem ser mantidos com sua carga completa e em condições de
operação e instalados nos locais designados.
Os extintores devem estar em locais facilmente acessíveis e prontamente
disponíveis numa ocorrência de incêndio. Preferencialmente, devem estar localizados
nos caminhos normais de passagem, incluindo saídas das áreas, não podendo ser
instalados em escadas.
Os abrigos de extintores não podem estar fechados à chave e devem ter uma
superfície transparente que possibilite a visualização do extintor no seu interior.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
145
Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

NOTA: Quando instalados em locais sujeitos ao vandalismo, os abrigos podem


estar fechados a chave, desde que existam meios que permitam o rápido acesso ao
equipamento em situação de emergência.

Os extintores não podem estar obstruídos e devem estar visíveis e sinalizados


conforme ABNT NBR 13434-1.
Os extintores portáteis devem ser instalados em suportes ou em abrigos. Os
extintores sobre rodas instalados em locais sujeitos a intempéries devem estar protegidos
em abrigos.
Os extintores instalados em condições onde podem ocorrer danos físicos devem
estar protegidos contra impactos.
Os extintores portáteis devem ser instalados nas seguintes condições:

a) Sua alça deve estar no máximo a 1,60 m do piso; ou


b) O fundo deve estar no mínimo a 0,10 m do piso, mesmo que apoiado em suporte.

Quando instalado no local designado, o quadro de instruções deve estar localizado


na parte frontal do extintor em relação à sua posição de instalação.
Os extintores não devem ser instalados em áreas com temperaturas fora da faixa
de operação, ou onde possam estar expostos a temperaturas elevadas provenientes de
fontes de calor.
Deve haver no mínimo um extintor de incêndio distante a não mais de 5 m da porta
de acesso da entrada principal da edificação, entrada do pavimento ou entrada da área
de risco.
Para proteção de locais fechados, tais como: salas elétricas, compartimentos de
geradores, salas de máquinas, entre outros, os extintores devem ser instalados no lado
externo, próximo à entrada destes locais, respeitando-se as distâncias máximas a serem
percorridas para alcançar os mesmos.

8.8. SELEÇÃO DE EXTINTORES

8.8.1 Geral
A seleção de extintores para uma dada situação deve ser determinada pela
característica e tamanho do fogo esperado, tipo de construção e sua ocupação, risco a
ser protegido, as condições de temperatura do ambiente, e outros fatores. A quantidade,
capacidade extintora, instalação e limitações de uso dos extintores devem atender aos
requisitos especificados na NBR 12693.

8.8.2 Seleção por Risco


Os extintores devem ser selecionados para fogo da classe específica do risco a ser
protegido.
Para a proteção de fogo classe A, devem ser selecionados extintores com grau de
capacidade extintora A adequado.
Para a proteção de fogo classe B, devem ser selecionados extintores com grau de
capacidade extintora B adequado.
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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
146
Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

Para a proteção de fogo classe B envolvendo gases inflamáveis, devem ser


selecionados somente extintores com carga de pó.
Para a proteção de fogo classe C, devem ser selecionados extintores que atendam
ao ensaio de condutividade elétrica.
Os extintores de incêndio sobre rodas devem ser instalados para a proteção de
áreas de alto risco onde seja necessária alta vazão de agente extintor, maior tempo de
descarga e alcance de jato e maior quantidade de agente extintor, tais como: postos de
abastecimento de combustíveis ou inflamáveis, helipontos, heliportos, subestação elétrica
e outros locais onde houver manipulação e/ou armazenamento de explosivos, inflamáveis
ou combustíveis cujos reservatórios não estejam enterrados.
Os extintores sobre rodas são complementares aos extintores portáteis requeridos
para a edificação ou área de risco.
Somente são admitidos extintores sobre rodas nos cálculos das unidades extintoras,
quando estes puderem acessar, qualquer parte da área a ser protegida, sem
impedimentos de portas, soleiras, degraus no piso, materiais, equipamentos ou outras
obstruções, não podendo, ainda, protegerem pavimentos diferentes de sua instalação.

8.8.3 Seleção de Extintores para Fogos em Líquidos e Gases Inflamáveis


Pressurizados
No combate a fogos envolvendo líquidos e gases inflamáveis pressurizados, devem
ser utilizados extintores com carga de pó, já que extintores contendo outros agentes não
são eficientes no combate a esse tipo de risco. A seleção de extintores para esse tipo de
risco deve ser feita com base nas especificações de seus respectivos fabricantes. As
ABNT NBR 15808 e ABNT NBR 15809 não são aplicáveis a esse tipo de risco.
Os extintores para risco de fogos classe B tridimensionais em movimento, como
líquidos inflamáveis vertendo, escorrendo ou gotejando, devem ser selecionados com
base nas especificações dos fabricantes de extintores de incêndio. As ABNT NBR 15808
e ABNT NBR 15809 não são aplicáveis a esse tipo de risco. A instalação de sistema fixo
deve ser considerada quando aplicável.

8.9. DISTRIBUIÇÃO DOS EXTINTORES


8.9.1 Geral

A capacidade extintora mínima de cada tipo de extintor portátil, para que se


constitua uma “unidade extintora”, deve ser:
Carga d’água: extintor com capacidade extintora de no mínimo 2-A;
Carga de espuma mecânica: extintor com capacidade extintora de no mínimo 2-
A:10-B;
Carga de dióxido de carbono (CO2): extintor com capacidade extintora de no
mínimo 5-B:C;
Carga de pó BC: extintor com capacidade extintora de no mínimo 20-B:C;
Carga de pó ABC: extintor com capacidade extintora de no mínimo 2-A:20-B:C;
Carga de halogenado: extintor com capacidade extintora de no mínimo 5-B:C.
Cada pavimento deve possuir no mínimo duas unidades extintoras, sendo uma para
incêndio classe A e outra para incêndio classe B e classe C. É permitida a instalação de
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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
147
Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

duas unidades extintoras de pó ABC, com capacidade extintora de no mínimo 2-A: 20-B:
C.
NOTA: Em edificações ou risco com área construída inferior a 50 m2 pode ser
instalada apenas uma única unidade extintora de pó ABC.
A capacidade extintora mínima de cada tipo de extintor sobre rodas, para que se
constitua uma “unidade extintora”, deve ser:
- Carga d’água: extintor com capacidade extintora de no mínimo 10-A;
- Carga de espuma mecânica: extintor com capacidade extintora de no mínimo 6-
A:40-B;
- Carga de dióxido de carbono (CO2): extintor com capacidade extintora de no
mínimo 10-B:C;
- Carga de pó BC: extintor com capacidade extintora de no mínimo 80-B:C;
- Carga de pó ABC: extintor com capacidade extintora de no mínimo 6-A: 80-B:C.
Extintores adicionais podem ser instalados para prover maior proteção para riscos
especiais, podendo inclusive ter capacidade extintora inferior ao especificado nas
Tabelas 1 e 2, desde que não sejam considerados na proteção mínima requerida.
Considerações devem ser dadas à armazenagem elevada de produtos, outros riscos que
requeiram extintores com um adequado alcance vertical do jato e as demais
especificações dos fabricantes.
Os extintores devem ser previstos para a proteção do conteúdo da edificação ou
área de risco e de suas respectivas estruturas, quando construídas de material
combustível.
A proteção do conteúdo da edificação ou da área de risco e de suas respectivas
estruturas deve ser realizada por extintores para fogos classes A, B ou C, conforme
necessário.

8.9.2 Capacidade Extintora e Distribuição para Risco Classe A

Os extintores para as diferentes classes de risco devem ser selecionados e


distribuídos no local de acordo com a Tabela a seguir.

Tabela 8.6. - Risco classe A


Distância máxima a ser
Capacidade
Classe de risco percorrida
extintora mínima
(m)
Baixo 2-A 25

Médio 3-A 20

Alto 4-A* 15
* Dois extintores com carga d’água de capacidade extintora 2-A, quando
instalados um ao lado do outro, podem ser utilizados em substituição a um
extintor 4-A.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

Os requisitos de proteção podem ser atendidos com extintores de capacidade


extintora maior, contanto que a distância a ser percorrida atenda aos requisitos da Tabela
anterior.

8.9.3 Capacidade Extintora e Distribuição para Risco Classe B


Os extintores para as diferentes classes de risco devem ser selecionados e
distribuídos de acordo com a Tabela a seguir.

Tabela 8.7. - Risco classe B


Capacidade Distância máxima a ser
Classe de risco
extintora mínima percorrida m
Baixo 20-B 15

Médio 40-B 15

Alto 80-B 15
NOTA: Para fogos em líquidos e gases inflamáveis pressurizados devem
ser utilizados extintores com carga de pó.

Extintores com capacidade extintora inferior às designadas para o risco baixo


podem ser utilizados, mas não devem ser considerados para atender aos requisitos da
Tabela anterior.
Para atender à capacidade extintora mínima da Tabela anterior, não pode ser
utilizada a soma de extintores de menor capacidade extintora, exceto no caso de
extintores com carga de espuma mecânica, onde se pode utilizar o somatório de até dois
extintores.
Os requisitos de proteção podem ser atendidos com extintores de capacidade
extintora maior, contanto que a distância a ser percorrida atenda aos requisitos da Tabela
anterior.
Para líquidos inflamáveis em profundidade superior a 6 mm e com superfície aberta,
como em tanques de armazenamento ou de tratamento térmico e submersão, o extintor
classe B deve ter capacidade extintora mínima na proporção de 20-B por metro quadrado
de área máxima de fogo estimada, ou de 10-B quando o extintor for do tipo espuma
mecânica
A proteção com sistemas fixos pode ser complementar ao sistema de combate por
extintores.
Riscos dispersos e muito separados devem ser protegidos individualmente.
Extintores próximos ao risco devem ser cuidadosamente distribuídos e de fácil acesso,
para que não haja risco ao operador.

8.9.4 Capacidade Extintora e Distribuição para Risco Classe C


Risco classe C envolve risco elétrico diretamente ao equipamento ou equipamentos
circundantes.
Os extintores para risco classe C devem ser distribuídos com base na proteção do
risco principal da edificação ou da área de risco, ou seja, acompanhando-se a mesma
distribuição dos riscos classe A ou B. Sempre que possível, deve-se instalar estes
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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

extintores da classe C próximos a riscos especiais mantendo-se uma distância segura


para o operador, tais como: casa de caldeira, casa de bombas, casa de força elétrica,
casa de máquinas, galeria de transmissão, incinerador, elevador (casa de máquinas),
ponte rolante, escada rolante (casa de máquinas), quadro de redução para baixa tensão,
transformadores, contêineres de telefonia, gases ou líquidos combustíveis ou inflamáveis
e outros riscos semelhantes.
NOTA: Para fogos da Classe D a determinação do tipo e quantidade de agente
extintor deve ser baseada no material combustível específico, sua configuração, área a
ser protegida bem como as recomendações do fabricante do agente extintor. A distância
máxima a ser percorrida para a classe D é de 20 m.

8.10. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE EXTINTORES PARA


FOGOS DE CLASSE A
A planta da Figura 8.2 se refere a uma ocupação Industrial de Têxteis em geral
(tecidos), a qual segundo a Tabela A.1 da NBR 12693 corresponde à Carga de Incêndio
700 MJ/m², enquadrando-se como risco médio.
O material combustível presente no risco identifica a natureza do fogo como classe
A. Considerando-se que na Tabela 1 do item 7.2.1 da NBR 12693/2013 estabelece para
Classe de risco médio a Capacidade Extintora Mínima de 3 A e a distância máxima a
percorrer de 20 m para se alcançar um extintor, então poderemos escolher:

a) extintores portáteis de Pó ABC de 4 kg a 6 kg, Água ou Espuma Mecânica acima


de 10 litros, de acordo com a Tabela 6, item 9.1.1 da NBR 15808 ou
b) extintores sobre-rodas de Água ou Espuma Mecânica até 50 litros.

Em face da geometria do edifício, para o cumprimento da distância máxima a


percorrer de 20 m, torna-se necessário utilizar 3 extintores com Capacidade Extintora de
3A, no mínimo, conforme apresentado na Figura 8.2.
O projetista pode em função de dispor de extintores com capacidades extintoras
diferentes daquelas calculadas, poderá adotar outra solução satisfatória, desde que
respeite a capacidade extintora mínima de 3 A e a distância máxima a percorrer de 20 m
para se alcançar um extintor.

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150
Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

Figura 8.2. - Planta de uma indústria de têxteis em geral

8.11. MANUTENÇÃO DE EXTINTORES DE INCÊNDIO

Os extintores de incêndio devem ser mantidos atendendo-se as especificações das


normas:
• NBR 12962/2016 - Inspeção, Manutenção e recarga em extintores de incêndio;

NOTA: Para extintores antigos sem capacidade extintora, ou seja, que não
possuem capacidade extintora declarada pelos seus respectivos fabricantes, a NBR
12693 estabelece que poderá ser utilizada a Tabela 8.8 para continuar se estimando a
capacidade extintora equivalente destes extintores. Porém, tais extintores classificados
de acordo com esta Tabela, somente poderão continuar sendo utilizados em projetos
aprovados anteriormente à publicação da ABNT NBR 12693:1993.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

Tabela 8.8. Classificação dos extintores segundo o agente extintor, carga nominal e
capacidade extintora equivalente
Extintor portátil Extintor sobre rodas
Agente Carga Capacidade extintora Carga Capacidade
extintor equivalente extintora
equivalente
10 L 2A 75 L 10A
Água 150 L 20A
09 L 2A:10B
Espuma
mecânica
4,0 kg 2B 10 kg 5B
Gás carbônico 6,0 kg 2B 25 kg 10B
(CO2) 30 kg 10B
50 kg 10B
1 kg 2B 20 kg 20B
Pó à base de 2 kg 2B 50 kg 30B
bicarbonato de 4 kg 10B 100 kg 40B
sódio 6 kig 10B
8 kg 10B
12 kg 20B

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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

8.12. TESTES

1. A extinção do fogo com extintores de espuma mecânica se dá através de:

a) Simplesmente por resfriamento


b) Por diluição do líquido em chamas
c) Por reação química
d) Por resfriamento e abafamento
e) Por reação química e resfriamento

2. Nos fogos classe A, os agentes extintores água, espuma mecânica e dióxido de


carbono podem ser classificados, respectivamente, como:

a) Adequado, inadequado, adequado.


b) Inadequado, adequado, não recomendado.
c) Adequado, adequado, não recomendado.
d) Não recomendado, adequado, adequado.
e) Adequado, adequado, inadequado.

3. As classes de fogo que sempre serão encontradas nos escritórios são:

a) A, B e C
b) A, B, C e D
c) AeB
d) AeC
e) AeD

4. Com relação à instalação dos extintores, qual afirmação está incorreta:

a) Ficarem em contato direto com o piso.


b) Permanecerem protegidos de intempéries e danos físicos.
c) Não ficarem instalados em escadas.
d) Não ficarem em temperaturas maiores que a faixa de operação.
e) Não ficarem facilmente visíveis para evitar vandalismo.

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Capítulo 8. Sistemas de Extintores de Combate Contra Incêndios

5. Para um baixo risco, classe A, qual deve ser a capacidade extintora mínima e a
distância máxima a ser percorrida, respectivamente:

a) 3-A e 25m
b) 2-A e 20m
c) 4-A e 25m
d) 2-A e 25m
e) 3-A e 20m

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

CAPÍTULO 9. SISTEMAS DE HIDRANTES E MANGOTINHOS


MINA
OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar alguns conceitos e informações técnicas que possibilitem avaliar as
condições de instalação e funcionamento dos sistemas de hidrantes e mangotinhos,
tendo-se como referência a norma brasileira NBR13714 “Sistemas de hidrantes e de
mangotinhos para combate a incêndio”.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Avaliar a adequação dos sistemas instalados;
• Verificar as condições de funcionamento dos sistemas;
• Implementar a manutenção dos sistemas.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

9.1. CONCEITUAÇÃO
Os sistemas de hidrantes e de mangotinhos são medidas básicas de proteção
contra incêndio, acionados manualmente e instalados nos edifícios para serem utilizados
pelos próprios ocupantes (que estejam devidamente habilitados) em situações de
emergência.
São destinados a princípios de incêndio e dimensionados para descarregar uma
quantidade de água adequada ao risco que visam proteger, sendo os mangotinhos
destinados a riscos leves e os hidrantes a riscos leves, médios e pesados. Os dois
sistemas requerem brigada de incêndio que possua habilitação compatível com as
características de cada um e com as técnicas de combate a incêndio específicas do risco
que está sendo protegido.
Destinam-se à proteção dos bens materiais contidos na área onde estão instalados
e indiretamente, também, protegem vidas humanas, uma vez que, controlam o incêndio
em seu estágio inicial, evitando que se desenvolva e comprometa a segurança dos
ocupantes de todo edifício.
O sistema de mangotinhos descarrega água em quantidade inferior ao sistema de
hidrantes, porém em quantidade adequada ao risco da área onde está instalado. Pode
ser utilizado com maior facilidade e rapidez e por apenas uma pessoa treinada. Além
disso, é possível utilizá-lo para combater fogos em líquidos inflamáveis e para
resfriamento de tanques com líquidos inflamáveis ou com gás, uma vez que, são dotados
de esguichos reguláveis que proporcionam descarga de água nebulizada.
São indispensáveis mesmo nos locais equipados com sistemas automáticos de
extinção de incêndio, como por exemplo: sistemas de chuveiros automáticos (sprinklers)
pois servirão como meios auxiliares ou complementares na extinção de incêndios. São
exigidos obrigatoriamente nos edifícios residenciais, comerciais e industriais.

9.2. COMPONENTES DOS SISTEMAS


O sistema de hidrantes compõe-se basicamente de: um reservatório de água
elevado ou em reservatório não elevado com uma bomba de recalque e uma tubulação
fixa que alimenta pontos terminais que são os hidrantes propriamente ditos. Os pontos de
hidrantes são distribuídos de maneira uniforme e estratégica para que toda a área
protegida fique ao alcance dos jatos de água, considerando-se as mangueiras de
incêndio com comprimento de no máximo 30 metros, desenvolvidas ao longo de seu
caminhamento real na área protegida.
O ponto de hidrante compreende uma tomada de água equipada com uma válvula
angular para controle de vazão de água dotada de uma conexão de saída tipo engate
rápido, para possibilitar a conexão das mangueiras. Constitui-se basicamente de dois
lances de 15 metros de mangueira de 40 mm (1 1/2”) ou 65 mm (2 1/2”) de diâmetro; um
esguicho agulheta ou de neblina/ jato compacto; uma chave de mangueira para facilitar
as manobras das uniões e um abrigo metálico ou de fibra de vidro para acondicionar os
equipamentos. As tomadas de água podem ser instaladas no interior do abrigo,
entretanto, nestes casos, as dimensões do abrigo deverão propiciar fácil manobra do
hidrante.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

O sistema de mangotinhos possui basicamente a mesma configuração do sistema


de hidrantes tendo duas diferenças fundamentais, que lhe conferem maior praticidade e
rapidez na sua operação, quais sejam: mangueiras semi-rígidas de 25mm (1”), podendo
ou não estarem enrolada sem carretéis, e esguichos reguláveis.
Os sistemas de combate a incêndio estão divididos em sistemas de mangotinhos
(tipo 1) e sistemas de hidrantes (tipos 2 e 3), conforme especificados na Tabela 9.1. A
seguir, são apresentados de forma mais detalhada, os componentes principais dos
sistemas de hidrantes e de mangotinhos.

Quadro 9.1.

9.2.1. Mangueiras
As mangueiras de incêndio para uso de hidrantes devem atender às condições da
NBR 11861 e para os sistemas de mangotinhos devem atender às condições da NBR
16642/2017 – Conjunto de mangueira semirrígida e acessórios para combate a incêndio.
O comprimento total das mangueiras deve ser suficiente para vencer todos os
desvios e obstáculos que existem, considerando também toda a influência que a
ocupação final é capaz de exercer, não excedendo os limites estabelecidos na Tabela
9.1. Para sistemas de hidrantes, deve-se preferencialmente, utilizar lances de
mangueiras de 15 metros. As uniões entre mangueiras de incêndio devem ser conforme
NBR 14349.

9.2.2. Tubulações
A tubulação do sistema não deve ter diâmetro nominal inferior a DN65 (2½”). Para
sistemas tipo 1, poderá ser utilizada tubulação com diâmetro nominal DN50 (2”) desde
que comprovado tecnicamente o desempenho hidráulico dos componentes e do sistema,
e aprovado pelo Órgão Competente.
A tubulação aparente do sistema deve ser em cor vermelha.
Todo e qualquer material previsto ou instalado deve ser capaz de resistir ao efeito
do calor, mantendo seu funcionamento normal. Não sendo possível garantir esta

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

condição, meios de proteção necessários devem ser prescritos pelo projetista, em todos
os seus detalhes.
A tubulação deve ser fixada nos elementos estruturais da edificação através de
suportes metálicos, conforme norma NBR 10897, rígidos e espaçados a no máximo 4 m,
de modo que cada ponto de fixação resista a cinco vezes a massa do tubo cheio de água
mais 100 kg.
Os materiais termoplásticos, na forma de tubos e conexões, somente devem ser
utilizados enterrados e fora da projeção da planta da edificação, satisfazendo a todos os
requisitos de resistência à pressão interna e a esforços mecânicos necessários ao
funcionamento da instalação.
Os tubos de aço devem ser conforme a NBR 5580, NBR 5587 ou NBR 5590. As
conexões de ferro maleável devem ser conforme a NBR 6925 ou NBR 6943. As
conexões de aço devem ser conforme ASTM A 234. Os tubos de cobre devem ser
conforme a NBR 13206. As conexões de cobre devem ser conforme a NBR 11720. Os
tubos de PVC devem ser conforme NBR 5647. As conexões de PVC devem ser conforme
NBR 10351.

9.2.3. Recalque Para O Corpo De Bombeiros


Todos os sistemas devem ser dotados de dispositivo de recalque, consistindo em
um prolongamento de mesmo diâmetro da tubulação principal, com diâmetro mínimo
DN50 (2“) e máximo de DN100 (4"), cujos engates são compatíveis aos utilizados pelo
Corpo de Bombeiros local.
Quando o dispositivo de recalque estiver situado no passeio, este deverá ser
enterrado em caixa de alvenaria, com fundo permeável ou dreno, tampa articulada e
requadro em ferro fundido, identificada pela palavra “INCÊNDIO”, com dimensões de 0,40
m x 0,60 m, afastada a 0,50 m da guia do passeio; a introdução tem que estar voltada
para cima em ângulo de 45° e posicionada, no máximo, a 0,15 m de profundidade em
relação ao piso do passeio, conforme a Figura 9.1; o volante de manobra da válvula deve
estar situado a no máximo 0,50 m do nível do piso acabado. Tal válvula deve ser do tipo
gaveta ou esfera, permitindo o fluxo de água nos dois sentidos e instalada de forma a
garantir seu adequado manuseio.

Figura 9.1 Dispositivo de recalque no passeio.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
158
Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

9.2.4. Esguicho
Estes dispositivos são para lançamento de água através de mangueiras, sendo
reguláveis, possibilitando a emissão do jato compacto ou neblina, ou não-reguláveis,
possibilitando somente a emissão de jato compacto. Até que haja Norma Brasileira
pertinente, devem ser construídos em latão ligas C-37700, C-46400 e C48500 da ASTM
B283 para forjados ou C-83600, C-83800, C-84800 e C-86400 da ASTM B 584, liga 864
da ASTM B30, para fundidos, ou em bronze ASTM B 62, para fundidos. Outros materiais
podem ser utilizados desde que comprovado a sua adequação técnica e aprovado pelo
Órgão competente.
O alcance do jato compacto produzido por qualquer sistema não deve ser inferior a
8 m, medido da saída do esguicho ao ponto de queda do jato. Para esguicho regulável,
esta condição é verificada na posição de jato compacto.

9.2.5. Alarme
Todo sistema deve ser dotado de alarme audiovisual, indicativo do uso de qualquer
ponto de hidrante ou mangotinho, que é acionado automaticamente através de
pressostato ou chave de fluxo.

9.2.6. Abrigo
As mangueiras de incêndio devem ser acondicionadas dentro dos abrigos: em
ziguezague ou aduchadas conforme especificado na NBR 12779, sendo que as
mangueiras semi-rígidas podem ser acondicionadas enroladas, com ou sem o uso de
carretéis axiais ou em forma de oito permitindo sua utilização com facilidade e rapidez.

9.3. VÁLVULAS DE ABERTURA PARA HIDRANTES OU MANGOTINHOS


As válvulas dos hidrantes devem ser do tipo angulares de diâmetro DN65 (2½”).
Poderá ser utilizada, para os hidrantes, válvula angular com diâmetro DN40 (1½”) para
sistemas que utilizem mangueiras de 40mm, desde que comprovado seu desempenho
para esta aplicação e para mangotinhos as válvulas devem ser do tipo abertura rápida,
de passagem plena e diâmetro mínimo DN25 (1”).
As válvulas devem atender às condições da NBR16021/2011 – Válvulas e
acessórios para hidrantes.
Na ausência de normas brasileiras aplicáveis às válvulas, é recomendável que
atendam aos requisitos da norma BS 5041 parte 1.

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

Quadro 9.2.

9.4. TIPOS DE SISTEMAS


Os tipos de sistemas previstos são dados na Tabela 9.1.

Tabela 9.1. Tipos de sistemas.


Mangueiras Vazão
Diâmetro Comprimento
Tipo Esguicho Saídas (l/min)
(mm) Máximo (m)

1 Regulável 25 ou 32 30 1 801) ou 100 2)


Jato Compacto
2 16mm ou Regulável 40 30 2 300
Jato Compacto
3 25mm ou Regulável 65 30 2 900
NOTA:
1) os diâmetros dos esguichos e das mangueiras são nominais;
2) as vazões correspondem a cada saída.

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160
Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

9.5. LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE HIDRANTE OU DE MANGOTINHOS:


Os hidrantes ou mangotinhos devem ser distribuídos de tal forma que qualquer
ponto da área a ser protegida seja alcançado por um (sistema tipo 1) ou dois (sistemas
tipos 2 e 3) esguichos, considerando-se o comprimento da (s) mangueira (s) e seu trajeto
real e desconsiderando-se o alcance do jato de água, e posicionados:
a) nas proximidades das portas externas e/ou acessos à área a ser protegida, a não
mais de 5 m.
b) em posições centrais nas áreas protegidas.
c) fora das escadas ou antecâmaras de fumaça.
d) de 1,0 m a 1,5 m do piso.
Nos hidrantes externos, quando afastados de no mínimo 15 m ou uma vez e meia a
altura da parede externa da edificação a ser protegida, poderão ser utilizados até 60m de
mangueira (preferencialmente em lances de 15 metros), desde que devidamente
dimensionados hidraulicamente. Recomenda-se que sejam utilizadas mangueiras de 65
mm de diâmetro para redução da perda de carga do sistema e o último lance de 40 mm
para facilitar seu manuseio.
Todos os pontos de hidrantes ou de mangotinhos devem receber sinalização
conforme NBR 13435, de modo a permitir sua rápida localização.

9.6. DIMENSIONAMENTO
Em qualquer edificação, o dimensionamento deve consistir na determinação do
caminhamento das tubulações, dos diâmetros, dos acessórios e dos suportes,
necessários e suficientes para garantir o funcionamento dos sistemas previstos nesta
Norma.
Para o dimensionamento, deve ser considerado o uso simultâneo dos dois jatos de
água mais desfavoráveis hidraulicamente (aqueles que proporcionam menor pressão
dinâmica no esguicho) para qualquer tipo de sistema especificado, considerando-se no
mínimo as vazões obtidas conforme tabela 9.1.
NOTA: independentemente do procedimento de dimensionamento estabelecido,
recomenda-se a utilização de esguichos reguláveis em função da melhor efetividade no
combate, mesmo que não proporcione as vazões requeridas por esta Norma.
Recomenda-se que o sistema seja dimensionado de forma que a pressão máxima
de trabalho, em qualquer ponto do sistema, não ultrapasse 1.000 kPa. Situações que
requeiram pressões superiores à estipulada serão aceitas desde que comprovada a
adequação técnica dos componentes empregados.
O cálculo hidráulico das tubulações deve ser executado por métodos adequados
para este fim, sendo que os resultados alcançados têm que satisfazer a uma das
seguintes equações apresentadas abaixo:
a) Colebrook (“Fórmula Universal”)

L v2
hf = f
D 2g

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

Onde:
hf = perda de carga, em mca.
f = fator de atrito.
L = comprimento virtual da tubulação (tubos + conexões), em m.
D = diâmetro interno, em m.
v = velocidade do fluido, em m/s.
g = aceleração da gravidade, em m/s2.

b) Hazen Williams

J = 605  1,85Q  C − 1,85  d r − 4,85  105

Onde:
J = perda de carga por atrito, em kPa/m.
Q = vazão, em L/min.
C = fator de Hazen Williams (vide Tabela 9.2).
d = diâmetro interno do tubo, em mm.

Tabela 9.2. Fator “C” de Hazen Willians.


Tipo de tubo Fator “C”
Ferro fundido ou dúctil sem revestimento interno 100
Aço preto (sistema de tubo seco) 100
Aço preto (sistema de tubo molhado) 120
Galvanizado 120
Plástico 150
Ferro fundido ou dúctil com revestimento interno de cimento 140
Cobre 150
NOTA: os valores do fator “C” de Hazen Willians são válidos para tubos novos

V = Q/A; para da área deve ser considerado o diâmetro interno da tubulação.


Onde:
V = velocidade da água (m/s) (A velocidade máxima da água na tubulação não
deve ser superior a 5 m/s.
Q = vazão de água (m3/s).
A = área interna da tubulação (m2).

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

9.6.1. Reserva De Incêndio


A reserva de incêndio deve ser prevista para permitir o primeiro combate, durante
determinado tempo. Após este tempo considera-se que o Corpo de Bombeiros mais
próximo atuará no combate, utilizando a rede pública, caminhões tanque ou fontes
naturais.
Para qualquer sistema de hidrante ou de mangotinho, o volume mínimo de água da
reserva de incêndio deve ser determinado conforme indicado:

V = Qt

Onde:
Q = vazão de duas saídas do sistema aplicado, conforme tabela 9.1 (l/min).
t = tempo; 60 min. para sistemas tipos 1 e 2; e 30 min. para sistema tipo 3.
V = volume da reserva em litros.

9.7. RESERVATÓRIOS
Devem ser previstos reservatórios elevados, ao nível do solo, semienterrados ou
subterrâneos.
Quando o reservatório atender a outros abastecimentos, as tomadas de água
destes devem ser instaladas de modo a garantir o volume que reserve a capacidade
efetiva para o combate. A capacidade efetiva do reservatório deve ser mantida
permanentemente.
O reservatório deve ser construído de maneira que possibilite sua limpeza sem
interrupção total do suprimento de água do sistema, ou seja, mantendo pelo menos 50%
da reserva de incêndio (reservatório com 2 células interligadas) e deve ser em concreto
armado ou metálico, obedecendo aos requisitos acima. Poderão ser utilizados
reservatórios confeccionados com outros materiais, desde que se garanta as
resistências: ao fogo, mecânicas e intempéries.

9.8. BOMBAS DE INCÊNDIO


As bombas utilizadas devem ser do tipo centrífugas acionadas por motor elétrico ou
a combustão e devem abastecer exclusivamente o sistema.
A automatização das bombas principal ou de reforço deve ser executada de
maneira que após a partida do motor, seu desligamento seja somente manual no seu
próprio painel de comando, localizado na casa de bombas. Pelo menos um acionamento
manual para as bombas principal ou de reforço deve ser instalado em um ponto seguro
da edificação e que permita fácil acesso. O funcionamento automático é iniciado pela
simples abertura de qualquer ponto de hidrante da instalação.
Quando for necessário, manter a rede do sistema de hidrantes ou de mangotinhos
devidamente pressurizada, em uma faixa pré-estabelecida e para compensar pequenas
perdas de pressão, uma bomba de pressurização (Jockey) deve ser instalada, tal bomba
deverá ter vazão máxima de 20 l/min. A pressão máxima de operação da bomba de
pressurização (Jockey) instalada no sistema deve ser igual à pressão da bomba principal,

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

medida sem vazão (shut-off). Recomenda-se que o diferencial de pressão entre os


acionamentos sequenciais das bombas seja de aproximadamente 100 kPa. Não é
recomendada a instalação de bombas de incêndio com pressões superiores a 1 MPa.
A automatização das bombas principal ou de reforço deve ser executada de
maneira que após a partida do motor, seu desligamento seja somente manual no seu
próprio painel de comando, localizado na casa de bombas. Pelo menos um acionamento
manual para as bombas principal ou de reforço deve ser instalado em um ponto seguro
da edificação e que permita fácil acesso. O funcionamento automático é iniciado pela
simples abertura de qualquer ponto de hidrante da instalação. As automatizações da
bomba de pressurização (Jockey) para ligá-la e desligá-la automaticamente e da bomba
principal para somente ligá-la automaticamente devem ser feitas através de pressostatos
instalados conforme apresentado na Figura 9.2 e ligados nos painéis de comando e
chaves de partida dos motores de cada bomba.

Figura 9.2. Cavalete de automatização das bombas principal e de pressurização


(Jockey).

Um painel de sinalização das bombas principal ou de reforço, elétrica ou de


combustão interna deve ser instalado onde haja vigilância permanente, dotado de uma
botoeira para ligar manualmente tais bombas, possuindo sinalização ótica e acústica,
indicando pelo menos os dos seguintes eventos:
Bomba Elétrica:
a) painel energizado;
b) bomba em funcionamento;
c) falta de fase;
d) falta de energia no comando de partida.
Bomba de Combustão Interna:
a) painel energizado;
b) bomba em funcionamento;
c) baixa carga da bateria;
d) chave seletora na posição manual ou painel desligado.

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

A bomba de pressurização (Jockey) pode ser sinalizada apenas com recurso ótico,
indicando bomba em funcionamento.
A alimentação elétrica das bombas de incêndio deve ser independente do consumo
geral, de forma a permitir o desligamento geral da energia elétrica, sem prejuízo do
funcionamento do motor da bomba de incêndio (ver Figura 9.3).

Figura 9.3. Esquema de ligação elétrica para acionamento da bomba de incêndio.

As chaves elétricas de alimentação das bombas de incêndio devem ser sinalizadas


com a inscrição “ALIMENTAÇÃO DA BOMBA DE INCÊNDIO - NÃO DESLIGUE”.
Nos casos em que houver necessidade de instalação de bomba de reforço, o
funcionamento desta bomba deverá ser automático através de chave de alarme e fluxo,
com retardo, e a instalação deverá ser conforme esquematizado na Figura 9.4.

Figura 9.4. Esquema de instalação de bomba de reforço abastecendo os pontos de


hidrantes/mangotinhos mais desfavoráveis hidraulicamente.

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

Para se evitar o superaquecimento da bomba principal, quando estiver funcionando


sem vazão, um fluxo contínuo de água deve ser previsto, através de uma tubulação de
6mm ou placa de orifício de 6 mm, derivada da voluta da bomba e com retorno
preferencialmente, para o reservatório ou tanque de escorva. Vide Figura 9.5.

Figura 9.5. Arrefecimento da bomba principal elétrica.

9.9. BOMBAS ACOPLADAS A MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA


O motor a combustão deve ser instalado em ambiente cuja temperatura não seja,
em qualquer hipótese, inferior à mínima recomendada pelo fabricante, ou dotado de
sistema de pré-aquecimento permanentemente ligado. O tanque de combustível do motor
deve ser montado de acordo com as especificações do fabricante e deve conter um
volume de combustível suficiente para manter o conjunto moto-bomba, operando a plena
carga durante o tempo de no mínimo duas vezes o tempo de funcionamento dos
abastecimentos de água, para cada sistema existente na edificação. Deve ser instalado
sob o tanque, uma bacia de contenção com volume mínimo de 1,5 vezes a capacidade
do tanque de combustível.
Um painel de comando deve ser instalado no interior da casa de bombas, indicando
bomba em funcionamento e sistema automático desligado (chave seletora na posição
manual). As baterias do motor a explosão, localizadas na casa de bombas, devem ser
mantidas carregadas por um sistema de flutuação automática, por meio de um
carregador duplo de baterias, capaz de carregar uma bateria descarregada em até 24 h.

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

9.10. BRIGADA DE INCÊNDIO


A formação da Brigada de incêndio, necessária para operar um sistema de
hidrantes e de mangotinhos, deve ser conforme NBR 14276.

9.11. ACEITAÇÃO, VISTORIA E MANUTENÇÃO


9.11.1. Aceitação Do Sistema
Após todos os serviços de execução da instalação, a aceitação do sistema é feita
por profissional habilitado e se destina a verificar os parâmetros principais de
desempenho dos sistemas projetados para a edificação. É composta de: inspeção visual
(verificação da conformidade dos equipamentos e acessórios instalados), ensaio de
estanqueidade das tubulações dos sistemas e dos reservatórios, e ensaio de
funcionamento. Previamente, é preciso garantir que todos os pontos de hidrantes e/ou
mangotinhos estão instalados em conformidade ao projeto e que as tubulações foram
executadas conforme as indicações das plantas.

9.11.2. Inspeção Visual


Na inspeção os questionamentos a seguir devem ser respondidos:
a) o posicionamento dos pontos de hidrantes e/ou mangotinhos corresponde às
indicações das plantas?
b) a reserva de incêndio está armazenada convenientemente e no volume
adequado?
c) os pontos de hidrantes e/ou mangotinhos estão montados com todos os
materiais e acessórios previstos, e totalmente desobstruídos?
d) os pontos de hidrantes e/ou mangotinhos mais favoráveis e mais desfavoráveis
hidraulicamente correspondem àqueles indicados no projeto?
e) caso a edificação tenha dois ou mais sistemas, estes podem ser prontamente
identificados, quanto às suas características de funcionamento e finalidades?

9.11.3. Ensaio De Estanqueidade


O sistema deve ser ensaiado sob pressão hidrostática equivalente a 1,5 vez a
pressão máxima de trabalho, ou 1500 kPa no mínimo, durante 2 h. Não são tolerados
quaisquer vazamentos no sistema.

9.11.4. Ensaio De Funcionamento


Testar a automatização do (s) sistema (s) de hidrantes e/ou mangotinhos no
cavalete de automatização das bombas principal e de pressurização (Jockey) (figura 9.2),
verificando: as pressões de regulagem dos pressostatos (liga e desliga) da bomba de
pressurização (Jockey) e (liga) da bomba principal e o acionamento dos alarmes sonoros
e/ou óticos. Também deve ser testada a partida automática da (s) bomba (s) acionada (s)
por grupo gerador de emergência, especificado para entrar em funcionamento ou
prontidão se ocorrer a falta de energia no (s) motor (es) principal (ais). Testar o
funcionamento das bombas principal ou de reforço, ligando-a através do acionamento

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

manual especificado em B.1.7 e desligando-a no seu próprio painel de comando


especificado em B.1.6. Caso a automatização das bombas principal ou de reforço seja
realizada através de chave de fluxo, também deverá ser testada a sua operação.
Ensaiar os 2 (dois) pontos de hidrantes e/ou mangotinhos mais desfavoráveis
hidraulicamente, medindo-se a pressão dinâmica na ponta dos respectivos esguichos,
com auxílio de um tubo de Pitot ou outro equipamento adequado e, consequentemente,
determinando suas vazões. Ainda, neste ensaio, deve ser determinada a pressão de
descarga das bombas principal ou de reforço e, caso esta esteja instalada em condição
de sucção negativa, deverá também ser determinada a pressão na sua sucção,
utilizando-se, para tanto, um manômetro e um manovacuômetro instalados para cada
situação. As pressões obtidas nos esguichos e junto a bomba deverão ser iguais ou
superiores as correspondentes pressões teóricas apresentadas no projeto do sistema.

9.11.5. Vistoria Periódica


Compõe o conjunto de atividades a serem desempenhadas, em um período
máximo de três meses, pelo pessoal da brigada da edificação ou por pessoal
especialmente treinado, e visa garantir que o sistema esteja inteiramente ativo e em
estado de prontidão para imediata utilização. Nenhuma das tarefas pode afetar a
capacidade de extinção ou alcance de combate do sistema instalado, uma vez que a
vistoria é, em geral, uma inspeção visual, além da identificação do pessoal envolvido com
a preservação e a utilização do sistema.
Para a Brigada de incêndio, devem-se relatar:
a) número de elementos treinados;
b) número de vigias diurnos;
c) número de vigias noturnos;
d) bombeiro (s) profissional (ais);
e) data do último exercício da Brigada;
f) número de operários (empregados) residentes na proximidade do risco.
Para a instalação, deve-se efetuar o seguinte questionário:
a) os hidrantes ou os mangotinhos estão desobstruídos e sinalizados?
b) as válvulas funcionam normalmente?
c) os engates estão em condições de uso?
d) as válvulas de controle seccional são mantidas abertas?
e) as válvulas angulares dos hidrantes e as válvulas de abertura rápida dos
mangotinhos são mantidas fechadas?
f) as mangueiras estão acondicionadas adequadamente e prontas para o uso?
g) as mangueiras e demais pertences estão guardados em seus abrigos?
h) os esguichos reguláveis do sistema tipo 1 estão acoplados nas mangueiras?
i) os abrigos estão secos e desobstruídos?
j) o nível da água está no máximo possível?
l) o cavalete de automatização das bombas está em condições de uso?
m) a automatização do sistema está em conformidade com o especificado?
Nota: As bombas de incêndio e todos os seus acessórios bem como os dispositivos
de alarme têm que ser postos em funcionamento quinzenalmente, por um período

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

mínimo de 15 minutos, exceto para os alarmes sonoros que poderem ser bloqueados
logo após sua ativação.

9.11.6. Plano De Manutenção


É o roteiro de inspeção e verificações a que deve ser submetido o sistema,
destinado a garantir a melhor preservação de todos os componentes da instalação,
constando também as providências a serem tomadas para execução da manutenção
preventiva naqueles componentes que, sabidamente, estão sujeitos a apresentar
problemas de funcionamento. O plano de manutenção prevê as tarefas que a Brigada
tem que executar, de forma que seja mínima a possibilidade de ocorrer alguma falha de
qualquer dos componentes do sistema da edificação, uma vez colocado em
funcionamento. O tempo necessário para a execução de um plano é dependente da
característica dos componentes utilizados na execução das instalações, das atividades
necessárias de cada componente para que se garanta a sua preservação e dos prazos
mínimos para manutenção preventiva dos materiais e equipamentos instalados, assim
como da corretiva, não devendo ultrapassar o prazo máximo de um ano.
O plano de manutenção tem como objetivo garantir que:
a) todas as válvulas angulares e de abertura rápida tenham sido abertas totalmente
de forma normal e manualmente e, ao serem fechadas, tenha sido verificada a vedação
completa, garantindo o bom estado do corpo da válvula com relação à corrosão;
b) todas as válvulas de controle seccional tenham sido manobradas sem nenhuma
anormalidade, inclusive com relação a vazamentos no corpo, castelo ou juntas;
c) todas as mangueiras de incêndio tenham sido inspecionadas, mantidas e
acondicionadas conforme NBR 12779;
d) todos os esguichos tenham sido usados e sua capacidade de manobra
verificada;
e) a integridade física dos abrigos tenha sido garantida;
f) todas as tubulações estejam pintadas sem qualquer dano, inclusive com relação
aos suportes empregados;
g) a sinalização utilizada nos pontos de hidrantes e/ ou mangotinhos esteja
conforme o especificado;
h) os dispositivos de controle da pressão usados no interior das tubulações tenham
sido verificados quanto à sua eficácia e ao seu funcionamento;
i) o funcionamento de todos os instrumentos e medidores instalados tenham sido
verificados;
j) todas as interligações elétricas tenham sido inspecionadas e limpas, removendo
oxidações;
l) as gaxetas dos motores/bombas tenham sido verificadas, reguladas ou
substituídas, recebendo a lubrificação adequada e demais cuidados, conforme instruções
dos fabricantes;
m) o (s) quadro (s) de comando e de alarme tenha (m) sido totalmente
inspecionado (s), atestando seu pleno funcionamento.

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

9.12. APLICABILIDADE DOS SISTEMAS


As edificações com área construída superior a 750 m² e/ou altura superior a 12 m,
devem ser protegidas por sistemas de mangotinhos ou de hidrantes conforme
estabelecido na Tabela 9.3.

Tabela 9.3. Classificação dos edifícios e aplicabilidade dos sistemas.


Ocupação /
Grupo Sistema Divisão Descrição Exemplos
Uso
Habitações Edifícios de apartamentos em geral.
A Residencial 11) A-1
multifamiliares
Hotéis, motéis, pensões,
Hotéis e
B-1 hospedarias, albergues, casas de
assemelhados
Serviços de cômodos).
Hotéis e assemelhados com cozinha
2)
B Hospedagem 1 B-2 Hotéis residenciais própria nos apartamentos (incluem-
se apart-hotéis, hotéis residenciais).
Armarinhos, tabacarias, mercearias,
fruteiras, butiques e outros.
Comércio em geral, de
Edifícios de lojas, lojas de
C-1 pequeno, médio e
departamentos, magazines, galerias
Comercial grande portes
C 2 comerciais, supermercados em
varejista
geral, mercados e outros.
Centros de compras em geral
C-2 Centros Comerciais
(shopping centers).
Escritórios administrativos ou
técnicos, consultórios, instituições
financeiras, agências bancárias,
lavanderias, reparação e
Serviços
manutenção de aparelhos
profissionais, -
Locais para prestação eletrodomésticos, pintura de
D pessoais e 12)
de serviços letreiros, repartições públicas,
técnicos
cabeleireiros, laboratórios de
análises clínicas sem internação,
centros profissionais e outros.

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

Escolas em geral, locais de ensino,


inclusive de artes marciais e
ginástica, esportes coletivos,
Educacional e - Escolas em geral saunas, casas de fisioterapias,
2)
E cultura física 1 escola para excepcionais, creches,
escolas maternais, jardins de
infância e outros.
Locais onde há
F-1 objetos de valor Museus, galerias de arte.
inestimável
Igrejas, sinagogas, templos e
F-2 Templos e auditórios
auditórios em geral.
Estádios, ginásios e piscinas
2)
1 F-3 Centros esportivos cobertas com arquibancadas, arenas
em geral.
Boates e clubes noturnos em geral,
Locais de
salões de baile, restaurantes
reunião de F-4 Clubes sociais
dançantes, clubes sociais e
público
assemelhados.
Restaurantes, lanchonetes, bares,
F F-5 Locais para refeições
cafés, refeitórios, cantinas e outros.
Estações rodoferroviárias,
Estações e terminais
F-6 aeroportos, estações de transbordo
de passageiros
e outros.
Locais para produção Teatros em geral, cinemas, óperas,
3)
2 F-7 e apresentação de auditórios de estúdios de rádio e
artes cênicas televisão e outros.
Locais para pesquisa Arquivos, bibliotecas e
F-8
e consulta assemelhados.
Garagens com ou
sem: acesso de
público, Garagens automáticas, coletivas,
Serviços
G 2 - abastecimento de oficinas, borracharias, postos de
automotivos
combustível, serviços combustíveis, rodoviárias, etc.
de manutenção e
reparo

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

Hospitais, clínicas e consultórios


veterinários e assemelhados (inclui-
se alojamento com ou sem
adestramento), asilos, orfanatos,
abrigos geriátricos, reformatórios
sem celas, hospitais, casas de
Serviços de saúde, prontos-socorros, clínicas
H saúde e 12) - com internação, ambulatórios e
institucionais postos de atendimento de urgência,
Hospitais em geral
postos de saúde e puericultura,
quartéis, centrais de polícia,
delegacias distritais, postos policiais,
hospitais psiquiátricos,
reformatórios, prisões em geral e
instituições assemelhadas.
Atividades que manipulam e/ou
Locais onde as depositam os materiais classificados
atividades exercidas e como de baixo risco de incêndio, tais
I-1 os materiais utilizados como fábricas em geral, onde os
Baixo e/ou depositados materiais utilizados não são
risco apresentam baixo combustíveis e os processos não
potencial de incêndio. envolvem a utilização intensiva de
materiais combustíveis.
Atividades que manipulam e/ou
Locais onde as
depositam os materiais classificados
atividades exercidas e
como de médio risco de incêndio,
os materiais utilizados
Industrial, I-2 tais como marcenarias, fábricas de
e/ou depositados
atacadista e 2 Médio caixas, de colchões, subestações,
apresentam médio
I depósitos risco lavanderias a seco, estúdios de TV,
potencial de incêndio.
impressoras, fábrica de doces,
Depósitos sem
heliportos, oficinas de conserto de
conteúdo específico
veículos e outros.

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

Fábricas e depósitos de explosivos,


gases e líquidos inflamáveis,
Locais onde há alto materiais oxidantes e outros
I-3 risco de incêndio pela definidos pelas normas brasileiras,
3 Alto existência de tais como destilarias, refinarias
risco quantidade suficiente (exceto petróleo, terminais e bases
de materiais perigosos de distribuição de derivados e
petroquímicos) e elevadores de
grãos, tintas, borrachas e outros.

Figura 9.6. SISTEMA TIPO 1 Mangotinho com ponto de tomada de água para
mangueira de 40 mm.

Figura 9.7. SISTEMA TIPO 2 Hidrante duplo com mangueira semi-rígida acoplada.

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Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

9.13. TESTES

1. Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso nas afirmativas abaixo:


a) ( ) Os sistemas de hidrantes e de mangotinhos são destinados a princípios de
incêndio e dimensionados para descarregar uma quantidade de água adequada ao risco
que visam proteger, sendo os mangotinhos destinados a riscos leves e os hidrantes a
riscos leves, médios e pesados.
b) ( ) São indispensáveis mesmo nos locais equipados com sistemas automáticos de
extinção de incêndio, como por exemplo: sistemas de chuveiros automáticos (sprinklers)
pois servirão como meios auxiliares ou complementares na extinção de incêndios.
c) ( ) Sistemas de hidrantes e mangotinhos são exigidos obrigatoriamente em todos
edifícios com área superior a 750 m² e altura superior a 12 m, exceto edifícios
residenciais multifamiliares, comerciais e industriais.
d) ( ) O sistema de hidrantes compõe-se basicamente de: um reservatório de água
elevado ou em reservatório elevado com uma bomba de recalque e uma tubulação fixa
que alimenta pontos terminais que são os hidrantes propriamente ditos.
e) ( ) Os componentes das instalações devem ser previstos em normas técnicas ou em
especificações, mas não necessariamente reconhecidas e aceitas pelos órgãos oficiais.

2. Assinale a alternativa correta. “A Vistoria periódica compõe o conjunto de atividades a


serem desempenhadas, em um período máximo de ___________, pelo pessoal da
brigada da edificação ou por pessoal especialmente treinado, e visa garantir que o
sistema esteja inteiramente ativo e em estado de prontidão para imediata utilização”.
a) três meses.
b) dois meses.
c) quatro meses.
d) um mês.
e) N.d.a.

3. Assinale a alternativa correta. Quando o reservatório atender a outros abastecimentos,


as tomadas de água destes devem ser instaladas de modo a garantir o volume que
reserve a capacidade efetiva para o combate. A capacidade efetiva do reservatório deve
ser mantida:
a) permanentemente.
b) alternadamente.
c) se necessário.
d) as alternativas “b” e “c” estão corretas.
e) N.d.a.

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174
Capítulo 9. Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos

4. Assinale a alternativa correta:


“O alcance do jato compacto produzido por qualquer sistema não deve ser inferior a
______, medido da saída do esguicho a ponto de queda do jato. Para esguicho regulável,
esta condição é verificada na posição de jato compacto”.
a) 5 m.
b) 15 m.
c) 9 m.
d) 8 m.
e) N.d.a.

5. Assinale a alternativa correta. “O reservatório deve ser construído de maneira que


possibilite sua limpeza sem interrupção total do suprimento de água do sistema, ou seja,
mantendo pelo menos ______da reserva de incêndio (reservatório com__________
interligadas) e deve ser em concreto armado ou metálico, obedecendo aos requisitos
acima.”
a) 50% / 3 células.
b) 10% / 2 células.
c) 50% / 2 células.
d) 10% / 3 células.
e) N.d.a.

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175
Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

CAPÍTULO 10. SISTEMA DE CHUVEIROS AUTOMÁTICOS DE EXTINÇÃO DE


INCÊNDIO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar alguns conceitos e informações técnicas que possibilitem avaliar as
condições de instalação e funcionamento dos sistemas de chuveiros automáticos de
extinção de incêndio, tendo-se como referência a norma brasileira NBR 10897”Proteção
contra incêndio por chuveiro automático”.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Avaliar a adequação dos sistemas instalados;
• Verificar as condições de funcionamento dos sistemas;
• Implementar a manutenção dos sistemas.

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176
Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

10.1. CONCEITUAÇÃO
Quando se pensa em proteção contra incêndio de edificações que possuem um
risco considerável de ocorrência e desenvolvimento de incêndio e a água for o agente
extintor mais adequado, pode-se dizer que o sistema de chuveiros automáticos é
normalmente a medida de proteção ativa contra incêndio mais eficaz e segura.
Segundo estatísticas, nos incêndios ocorridos em locais protegidos por este
sistema, em 94% dos casos eles foram totalmente eficazes. Nos 6% restantes, em que
não tiveram um desempenho favorável, os motivos foram falhas de abastecimento de
água ou projeto inadequado. Em seis de cada dez casos não foi necessária a intervenção
humana e, nos restantes, o fogo foi mantido sobre controle até a chegada do Corpo de
Bombeiros.

Quadro 10.1.

Deve ser entendido, fundamentalmente, como um sistema de proteção contra


incêndio da edificação juntamente com seus bens materiais. No entanto, pode ser
considerado indiretamente, como um sistema de proteção da vida humana, uma vez que,
combate ao incêndio em seu estágio inicial, evitando assim que se propague na
edificação além do local de sua origem.
Este sistema automático de extinção de incêndio tem conquistado um extenso
campo de aplicação, abrangendo edificações industriais, comerciais e, até mesmo,
residenciais em alguns países.

10.1.1. Modelos De Chuveiros


Os chuveiros devem atender aos requisitos estabelecidos nas normas brasileiras
NBR 16400:2015. Além disso, eles devem ser portadores de marca de conformidade de
entidades também reconhecidas internacionalmente. Os chuveiros podem ser do tipo
automático ou aberto, isto é, providos ou não com elemento termossensível.

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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

10.1.2. Chuveiro Com Elemento Termo-Sensível Tipo Solda Eutética


Este tipo de chuveiro automático opera quando ocorre a fusão do elemento
termossensível que consiste em uma liga de metal que possui um pré-determinado ponto
de fusão. Várias combinações de alavancas, suportes e elos de ligação ou outros
membros soldados são usados para reduzir a força de ação sobre a solda para que o
chuveiro seja mantido fechado com a menor quantidade de metal e solda no elemento
termossensível, reduzindo assim o tempo de sua operação.
As soldas usadas em chuveiros automáticos são ligas de ótimo grau de fusibilidade,
compostas principalmente de estanho, chumbo, cádmio e bismuto, que têm pontos de
fusão definidos precisamente. Ligas de dois ou mais metais podem ter um ponto de fusão
que é mais baixo do que o ponto de fusão de cada metal individualmente, as quais são
chamadas ligas eutéticas.

10.1.3. Chuveiros Automáticos Com Elemento Termo-Sensível Tipo Ampola De


Vidro
Este tipo de chuveiro automático tem como elemento termossensível uma ampola
de vidro. A pequena ampola de vidro especial contém um líquido que não enche
completamente a ampola, restando uma pequena bolha de ar em seu interior. Assim que
o líquido é expandido pelo calor, a bolha de ar é comprimida e finalmente absorvida pelo
líquido. Assim que a bolha desaparece, a pressão aumenta rapidamente e o bulbo
explode liberando a válvula ou tampão.
A temperatura exata de operação depende das características e quantidade do
líquido, tamanho do bulbo e da bolha de ar, resistência do vidro, esforços de montagem,
etc.

10.1.4. Chuveiros Convencionais Ou Spray


Os chuveiros, modelo Spray, têm geralmente uma aparência similar aos chuveiros
de modelo convencional, utilizando o mesmo tipo de estrutura e ligação ou outros
mecanismos de desarme. A diferença essencial está no defletor do chuveiro, cuja função
é distribuir água de forma adequada na área de cobertura do chuveiro automático. Além
disso, o defletor permite que quantidades diferentes de água sejam lançadas para cima
ou para baixo em relação ao plano horizontal estabelecido por ele. Se 40% a 60% da
água for descarregada diretamente para baixo o chuveiro é modelo convencional e se
80% a 100% da água for descarregada diretamente para baixo o chuveiro é modelo
spray.
Alguns modelos de chuveiros são ilustrados na Figura 10.1.
As formas de descarga normais de água dos chuveiros modelos convencional e
spray são mostrados na Figura 10.2.
Estão apresentadas na Tabela 10.1 as áreas de cobertura de cada chuveiro
automático, o coeficiente de descarga e seu risco de aplicação, de acordo com o
diâmetro nominal do orifício de descarga do chuveiro automático.

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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

Figura 10.1. Exemplos de alguns modelos de chuveiros automáticos.

Modelo convencional Modelo spray

Figura 10.2. Formas de descarga de água dos chuveiros automáticos.

Tabela 10.1. Características dos Chuveiros Automáticos.


Diâmetro nominal do Área de cobertura (m2) Coeficiente de descarga Classes de Risco*
orifício (mm) (K)
10 20 57 A
15 12 80 AeB
20 9 115 C
* As classes de risco estão definidas na norma NBR 10897.

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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

10.2. ELEMENTOS DO SISTEMA

Quadro 10.2.

10.2.1. Suprimento De Água


É de vital importância que todo Sistema de Chuveiro Automático tenha um
suprimento de água confiável, com pressão adequada e capacidade suficiente para
atender ao sistema.
A definição do suprimento de água necessário ao Sistema de Chuveiros
Automáticos não é simples, uma vez que, não se sabe o número de chuveiros que irá
operar, exceto em sistemas onde está previsto que todos os chuveiros descarregarão
água na área do incêndio.
A NFPA mostra que em 93% dos incêndios em edifícios providos de Sistema de
Chuveiros Automáticos, vinte ou menos chuveiros foram abertos. A experiência mostra
que com um suprimento adequado de água a porcentagem de desempenho insatisfatório
é extremamente pequena.
A resposta para o requisito de fornecimento de água para qualquer sistema
particular se baseia principalmente na determinação de experimentos em escala real.
Onde o efeito de resfriamento de descarga de água dos chuveiros é maior do que o calor
liberado pelo fogo, os chuveiros podem controlar o incêndio. Quando a situação oposta
ocorre, como de suprimento de água deficiente, os chuveiros não controlam o incêndio e
o sistema falha.
Onde todas as condições são favoráveis, o controle de incêndio deveria ser
alcançado através da operação de um pequeno número de chuveiros. Entretanto,
conforme as variações das diferentes classes de ocupação e das características
construtivas das edificações pode aumentar o número de chuveiros afetados pelo fogo,
portanto o reservatório de água e o conjunto de bombeamento devem ser dimensionados
prevendo tais situações.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

Todo sistema de chuveiros deve ter pelo menos um suprimento de água exclusivo e
de operação automática. O Sistema de Chuveiros pode ser suprido com água de uma ou
mais fontes, tais como:
a) Reservatório elevado;
b) Reservatório com fundo elevado ou com fundo ao nível do solo, semienterrado
ou subterrâneo, piscinas, açudes, represas, rios, lagos, lagoas com uma ou mais bombas
de incêndio;
c) Tanque de pressão.
Teoricamente, uma única fonte de suprimento de água seria necessária para uma
proteção satisfatória. Entretanto, ela poderá estar algumas vezes, temporariamente, em
manutenção. Poderá ocorrer também que a sua pressão ou capacidade seja insuficiente
durante uma emergência. Portanto, um suprimento secundário se faz necessário,
dependendo da capacidade e segurança do abastecimento principal, do valor e
importância da propriedade, do tipo de ocupação, das características construtivas da
edificação e dos materiais armazenados.

10.3. A NORMA BRASILEIRA NBR 10897/2014


Segundo a Norma Brasileira NBR 10897/2014 - Proteção contra Incêndio por
Chuveiro Automático - Procedimento, os Abastecimentos de Água de um Sistema de
Chuveiros podem ser simples ou duplos:
a) Abastecimento de água simples
• Tanque de pressão, somente nos casos de riscos leve e ordinário Grupo 1;
• Reservatório Elevado, para qualquer classe de risco, desde que atenda aos
requisitos de volume, vazão e pressão requeridos para cada caso;
• Reservatório com fundo elevado ou com fundo ao nível do solo, semienterrado
ou subterrâneo, piscinas, açudes, represas, rios, lagos ou lagoas, com bomba
elétrica ou bomba diesel, para qualquer classe de risco, desde que atenda aos
requisitos de volume, vazão e pressão requeridos para cada caso.
b) Abastecimento de água duplo
b-1) Para riscos leve e ordinário
• Tanque de pressão e reservatório elevado, somente em casos de riscos leve e
ordinário do Grupo 1;
• Tanque de pressão e reservatório com fundo elevado ou com fundo ao nível do
solo, semienterrado ou subterrâneo, ou com outras fontes de água;
• Reservatório elevado e reservatório com fundo elevado ou com fundo ao nível
do solo, semienterrado ou subterrâneo ou com outras fontes de água, com uma
bomba elétrica ou uma bomba diesel;
• Reservatório com fundo elevado ou com fundo ao nível do solo, semienterrado
ou subterrâneo ou outras fontes de água com uma bomba elétrica e uma bomba
diesel;
• Reservatório com fundo elevado ou com fundo ao nível do solo, semienterrado
ou subterrâneo, ou outras fontes de água com duas bombas elétricas ou duas
bombas diesel;

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

• Reservatório com fundo elevado ou com fundo ao nível do solo, semienterrado


ou subterrâneo, ou outras fontes de água com três bombas elétricas e/ou diesel,
das quais duas bombas trabalhando simultaneamente, atendam à demanda do
sistema de chuveiros;
• Dois reservatórios elevados.
b.2) Para riscos extraordinário e pesado
São aceitáveis as mesmas condições para os riscos leve e ordinário, exceto
aquelas onde o tanque de pressão forma um dos abastecimentos de água.
Bombas
As bombas devem ser dos tipos:
a) Centrífuga horizontal de sucção frontal;
b) Centrífuga horizontal de carcaça bipartida;
c) Centrífuga e/ou turbina vertical.
As bombas devem ser diretamente acopladas por meio de luva elástica a motores
elétricos ou motores diesel, sem interposição de correias ou correntes.
Devem ser dotadas de dispositivo para partida automática pela queda de pressão
hidráulica na rede do sistema de chuveiros.
O sistema utilizado para a automatização da bomba, deve ser executado de
maneira que, após a partida do motor, o desligamento seja obtido somente por controle
manual.
Deve ser instalada uma bomba de pressurização (JOCKEY), para manter a rede do
sistema sob uma pressão hidráulica pré-estabelecida, compensando pequenos e
eventuais vazamentos na canalização e evitando a operação indevida da bomba
principal.
O controle para partida e parada automática da bomba “JOCKEY”, bem como o de
partida automática da bomba principal são feitos através de pressostatos instalados na
linha de descarga da bomba principal e ligados nos comandos das chaves de partida dos
motores daquelas bombas.
A bomba de pressurização “JOCKEY” deve manter a rede do sistema de chuveiros
sob uma pressão imediatamente superior à pressão máxima da bomba principal, sem
vazão, e sua demanda nominal, é de aproximadamente 20 l/min.
No caso das bombas acionadas por motores diesel, o conjunto deve ser instalado
em local protegido por chuveiros.
A bomba deve operar na sua capacidade nominal dentro de 30 segundos após a
partida.
A partida automática da bomba deve ocorrer quando a pressão na tubulação geral
baixar a um valor nunca inferior a 80% da pressão da mesma, sem vazão.

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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

Figura 10.3. Curvas características das bombas.

Válvula de Governo e Alarme


A válvula de governo e alarme é na realidade uma válvula de retenção com uma
série de dispositivos destinados a controle, manutenção e testes do sistema (Figura
10.4), tais como:
• Válvula de drenagem de 1, 1/2”ou 2”, para esvaziar o sistema e reabastecer os
chuveiros atingidos pelo fogo;
• Manômetros à montante e à jusante da retenção;
• Linha de alarme, para ligar o pressostato e alarme hidromecânico (com câmara
de retardação, quando necessário).
Ao ser aberto um ou mais chuveiros, a pressão da água de alimentação abaixo da
retenção impele-a para cima. Por sua vez, com a subida, a válvula é aberta dando
passagem à água para os chuveiros que operaram e para o circuito de alarme.
Para reposição da válvula de controle, é necessário fechar a válvula de corte
principal, localizada à montante da válvula de controle.

Rede de Distribuição dos Chuveiros Automáticos


A rede de chuveiros automáticos a partir da válvula de governo e alarme (VGA) se
constitui em outro elemento do sistema.
A Figura 10.5 mostra os componentes desta rede e suas respectivas funções.

a) Ramais
São as ramificações onde são instalados os chuveiros diretamente, ou em tubos
horizontais com 60 cm de comprimento máximo.

b) Sub-Gerais
São as tubulações que alimentam os ramais.

c) Geral

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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

É a tubulação que alimenta os sub-gerais.

d) Subidas ou Descidas
São os tubos em posição vertical, subindo ou descendo conforme o sentido de
circulação da água, ou fazendo as ligações entre as redes de chuveiros dos diversos
níveis ou pavimentos, ou ligando os sub-gerais aos ramais, ou ainda, ligando chuveiros
individuais dos ramais, quando o comprimento do tubo excede a 30 cm.

e) Subida Principal
É o tubo que liga a rede de suprimento dos abastecimentos de água aos gerais e
onde são instaladas as válvulas de governo e alarme (VGA) que controlam e indicam a
operação do sistema.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

1) Válvula de gaveta
2) Manômetro do Abastecimento
3) Guia da Contra Sede
4) Sede
5) Disco
6) Contra Sede
7) Placa da Frente
8) Pressostato de Alarme Elétrico
9) Manômetro da Instalação
10) Motor de Alarme
11) Válvula de Teste
12) Válvula de Drenagem
13) Válvula Silenciadora do Alarme
14) Bujão de Drenagem
15) Válvula de Retenção e Alarme
Figura 10.4. Válvula de Governo e Alarme.
16) Tudo de Drenagem

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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

Figura 10.5. Rede de Distribuição.

10.4. CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA


Conforme as disposições contidas na norma brasileira NBR 10897 há cinco tipos de
sistema de chuveiros automáticos:
a) sistema de tubo molhado, compreendendo uma rede de tubulação fixa
permanentemente com água sob pressão, em cujos ramais são instalados os chuveiros
automáticos;
b) sistema de tubo seco, compreendendo uma rede de tubulação fixa
permanentemente seca, mantida sob pressão de ar comprimido ou nitrogênio, em cujos
ramais são instalados os chuveiros automáticos;
c) sistema de ação prévia, compreendendo uma rede de tubulação seca contendo
ar que pode ou não estar sob pressão, em cujos ramais são instalados os chuveiros
automáticos e na mesma área protegida por este sistema é instalado um sistema de
detecção de incêndio, que deverá entrar em operação antecipadamente aos chuveiros
automáticos, provocando a abertura de uma válvula especial que controla a entrada de
água na rede de tubulação onde estão instalados os chuveiros automáticos;

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

d) sistema dilúvio, compreendendo uma rede de tubulação seca em cujos ramais


estão instalados chuveiros abertos e na mesma área protegida por este sistema é
instalado um sistema de detecção de incêndio que deverá provocar a abertura de uma
válvula dilúvio que controla a entrada de água na rede de tubulação onde estão
instalados os chuveiros abertos, e
e) sistema combinado de tubo seco e ação prévia, compreendendo um sistema
similar ao de ação prévia, cuja rede de tubulação seca pressurizada estão instalados os
chuveiros automáticos, um sistema de detecção de incêndio aciona, simultaneamente, a
abertura de uma válvula de tubo seco que controla a entrada de água na tubulação e a
abertura de válvulas de alívio de ar, as quais estão instaladas nos extremos das
tubulações gerais do sistema, facilitando o enchimento com água de toda a tubulação
onde estão instalados os chuveiros automáticos.
A grande maioria dos sistemas de chuveiros automáticos é do tipo tubo molhado
por serem mais simples e estarem constantemente pressurizados com água, podendo
descarregar água instantaneamente quando os chuveiros automáticos forem afetados
pelos gases quentes produzidos num incêndio.
O sistema do tipo tubo seco destina-se a locais onde a temperatura ambiente é
baixa, podendo causar congelamento da água no interior da tubulação. Em virtude de a
tubulação estar vazia ocorre um pequeno retardo na descarga de água através do (s)
chuveiro (s) automático (s) afetado pelo fogo. Para suprir esta deficiência nos locais onde
este retardo possa ser significativo, adota-se o sistema se ação prévia ou combinado de
tubo seco e ação prévia, no entanto, há a necessidade de instalar conjuntamente um
sistema de detecção automática que tem a função de reconhecer antecipadamente um
princípio de incêndio e iniciar o processo de funcionamento do sistema de chuveiros
automáticos, como explicado anteriormente.
O sistema dilúvio destina-se a proteger locais onde o risco de propagação rápida do
fogo é alto e não há tempo suficiente para esperar a abertura sequencial dos chuveiros
automáticos. Nestes casos opta-se por sistemas que possuem chuveiros abertos e que
no momento de um incêndio, descarregarão água de forma simultânea em toda a área
protegida.

10.5. MATERIAIS E COMPONENTES UTILIZADOS NO SISTEMA


As tubulações empregadas nos Sistemas de Chuveiros Automáticos deverão ter
requisitos de qualidade para condução de fluídos, que atendam normas das seguintes
entidades:
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas;
DIN - Deutsch Industrie Normen;
ASTM - American Society for Testing Institute;
API - American Petroleum Institute;
BS - British Standard.

10.6. TUBULAÇÕES AÉREAS


a) Tubos
Os tubos a serem aplicados deverão ser dos materiais abaixo especificados:

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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

• Aço carbono com ou sem costura;


• Aço preto,
• Aço galvanizado,
• Cobre e suas ligas sem costura.

b) Conexões
As conexões a serem aplicadas deverão ser dos materiais e normas abaixo
especificadas:
• Ferro fundido,
• Aço carbono,
• Cobre e bronze.

c) Flange
Será empregado conforme normas ANSI, B.16.1 (Classe 125), ANSI B.16.5 (Classe
150), DIN e PN 10.

d) Juntas mecânicas
Serão empregadas com sulco laminado. Quando forem empregadas com sulco
usinado, os tubos deverão ter parede nunca inferior a Schedule 30 em diâmetros
nominais de 200 mm, inclusive.

e) Luvas e buchas de redução


As buchas de redução poderão ser usadas com cabeça sextavada diretamente nas
conexões. Nos ramais não será permitido o uso de luvas para emendar tubos de mesmo
diâmetro “nominal”.

10.7. TUBULAÇÕES SUBTERRÂNEAS


As tubulações subterrâneas deverão ser de ferro fundido centrifugado, com ou sem
revestimento interno de cimento, podendo ser, também, de aço carbono, desde que
convenientemente protegidas externamente contra corrosão.
Poderão ser empregadas também, tubulações de PVC rígido, cimento amianto e
poliéster reforçado com fibra de vidro, desde que tenham desempenho equivalente às
tubulações acima.

a) Tubos
Os tubos deverão ser dos materiais abaixo especificados:
• Ferro fundido,
• Aço carbono com ou sem costura,
• Aço galvanizado,
• PVC rígido,
• Cimento amianto,
• Poliéster reforçado com fibra de vidro.

b) Conexões
As conexões a serem aplicadas deverão ser dos materiais abaixo especificados:

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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

• Ferro fundido,
• Aço galvanizado.
c) Ancoragem
A ancoragem é uma etapa importante na execução da tubulação subterrânea. Elas
deverão ser empregadas em todas as mudanças de direção e fins de linha de uma
canalização de ferro fundido com juntas elásticas JE e juntas mecânicas JM, deverão ser
ancoradas por abraçadeiras com tirantes de ferro e/ou por blocos de concreto. Nas juntas
soldadas, flangeadas e travadas estas ancoragens não serão necessárias.

d) Suportes
Os suportes são empregados para prender a tubulação do sistema de chuveiros
aos elementos estruturais do edifício. O apoio disponível por muitas formas de
construção de teto é inadequado para suportar a carga da tubulação de chuveiros.
Os suportes são fabricados somente com materiais ferrosos e devem ser capazes
de suportar cinco vezes a massa do tubo cheio de água mais 100 kg por ponto de
fixação. Alguns exemplos estão apresentados na Figura 10.6.

e) Válvulas
Válvulas tipo borboleta, gaveta e globo são empregadas em diversos pontos do
sistema, com o objetivo de controle seccional, manutenção e testes do sistema.

f) Pressostatos com Dispositivos de Regulagem


São empregados no controle da partida automática das bombas de incêndio, bem
como, da partida e parada automática das bombas “JOCKEY”.

Figura 10.6. Suportes de Fixação.

g) Manômetros
São empregados abaixo e acima das válvulas de retenção e alarme, abaixo das
válvulas de dilúvio, na sucção positiva das bombas de incêndio, na descarga das bombas

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Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

“JOCKEY” e no conjunto de pressostatos para controle da partida automática das


bombas de incêndio, bem como, da partida e parada automáticas das bombas
“JOCKEY”.
h) Manovacuômetros
São aplicados na sucção negativa das bombas de incêndio.
Tomada de recalque para uso exclusivo do Corpo de Bombeiros.
É um dispositivo que possibilita o recalque da água nos sistemas de chuveiros por
meio de fontes externas. Deve possuir duas entradas de água de 63 mm de diâmetro,
providas de adaptadores e tampões de engate rápido do tipo utilizado pelo Corpo de
Bombeiros. Em riscos leves admite-se uma entrada. Devem ser dotadas de válvula de
retenção. Existindo franco e fácil acesso aos hidrantes externos, estes podem substituir a
tomada de recalque.

10.8. HIDRANTES E MANGOTINHOS


Somente poderão ser conectados aos Sistemas de Tubulação Molhada, desde que,
a tubulação de abastecimento dos pontos de hidrantes seja conectada antes das válvulas
de governo e alarme (VGA) dos sistemas de chuveiros automáticos.

10.9. POSICIONAMENTO DOS CHUVEIROS EM RELAÇÃO AOS ELEMENTOS


ESTRUTURAIS
A distância das paredes aos chuveiros não deve exceder da metade da distância
entre os chuveiros nos ramais ou entre os ramais.
Em ocupações de risco leve com dependências de, no máximo 75 m2 de área, a
distância entre a parede e o chuveiro pode chegar até 2,70 m, desde que seja respeitada
a área máxima de cobertura permitida por chuveiro.

• Colunas
Para quaisquer tipos de ocupações de risco, a distância mínima entre colunas e
chuveiros deve ser de 0,30 m.
Para ocupações de risco leve ou ordinário, a distância entre a face das colunas e
chuveiros pode chegar até 2,30 m, desde que seja respeitada a área máxima de
cobertura permitida por este chuveiro.
Para ocupações de risco extraordinário ou pesado, a distância máxima entre a linha
de centro das colunas e chuveiros pode chegar até 1,80 m, desde que seja respeitada a
área máxima de cobertura permitida por chuveiro.

• Vigas
Para quaisquer tipos de ocupações de risco, as posições dos chuveiros e de seus
respectivos defletores em relação as vigas e dutos devem obedecer a Tabela 10.2, ver
Figura 10.7.

10.10. TETOS LISOS (CONFORME DEFINIDO NA NBR 10897)


Em teto de material combustível o defletor do chuveiro deve ser localizado de 0,025
m a 0,25 m abaixo do mesmo.

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190
Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

Em teto incombustível o defletor do chuveiro deve ser localizado de 0,025 m a 0,30


m abaixo do mesmo.
O elemento termossensível do chuveiro deve ser localizado abaixo do mesmo.
Quando o chuveiro estiver localizado abaixo de vigas o defletor do mesmo deve
situar-se de 0,025 m a 0,10 m abaixo de tetos combustíveis ou não mais do que 0,41 m
abaixo de tetos combustíveis.

Tabela 10.2. Posições dos chuveiros e respectivos defletores.


Distância do Chuveiro Máxima distância do defletor
à face lateral da viga do chuveiro acima da face inferior da viga
(m) (m)
Até 0,30 -
De 0,31 a 0,60 0,025
De 0,61 a 0,75 0,050
De 0,76 a 0,90 0,080
De 0,91 a 1,05 0,10
De 1,06 a 1,20 0,15
De 1,21 a 1,35 0,18
De 1,36 a 1,50 0,23
De 1,51 a 1,65 0,28
De 1,66 a 1,80 0,35

Figura 10.7. Posição dos chuveiros em relação a vigas ou dutos.

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191
Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

10.11. CRITÉRIOS DE PROJETO


Determinação da classe de risco de ocupação
Leve,
Ordinário Grupo I, II ou III,
Extraordinário Grupo I ou II.
Configuração da rede de distribuição
Ramificado (com alimentação central ou lateral),
Anel,
Grid.

10.12. MANUTENÇÃO DO SISTEMA


O sistema de chuveiros automáticos de extinção de incêndio deve ser mantido
atendendo-se às especificações contidas no Anexo C (informativo) - Inspeção
Rotineira e Manutenção dos Sistemas de Chuveiros da NBR 10897/2014.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
192
Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

10.13. TESTES

1. Como podem ser os chuveiros para a extinção de incêndio:


a) Elétricos.
b) Somente automático com o elemento termossensível.
c) Elétricos ou automáticos.
d) Automáticos ou abertos, providos ou não com elemento termossensível.
e) N.d.a.

2. “As soldas utilizadas em chuveiros automáticos são ligas de __________grau de


fusibilidade, compostas principalmente de estanho, chumbo, cádmio e bismuto, que têm
pontos de fusão definidos precisamente. Ligas de dois ou mais metais podem ter um
ponto de fusão que é mais ______ do que o ponto de fusão de cada metal
individualmente, as quais são chamadas ligas eutéticas”.
a) baixo / alto.
b) baixo / baixo.
c) ótimo / baixo.
d) ótimo /alto.
e) N.d.a.

3. A bomba acionada por motores diesel deve operar na sua capacidade normal dentro
de quantos segundos após a partida?
a) Dentro de 10 segundos.
b) Dentro de 5 segundos.
c) Dentro de 1 minuto.
d) Dentro de 30 segundos.
e) N.d.a.

4. Qual é o tipo de chuveiro automático mais utilizado:


a) Sistema combinado de tubo e seco e ação prévia.
b) Sistema de tubo seco.
c) Sistema de tubo molhado.
d) Sistema de dilúvio.
e) N.d.a.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
193
Capítulo 10. Sistemas de Chuveiros Automáticos de Extinção de Incêndio

5. Qual desses não é um tipo de sistema de chuveiros automáticos?

a) Sistema de tubo molhado


b) Sistema de tubo seco
c) Sistema de ação prévia
d) Sistema dilúvio
e) N.d.a.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
194
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

CAPÍTULO 11. CERTIFICAÇÃO, TESTES E ENSAIOS


ONO
OBJETIVOS DO ESTUDO
Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos de avaliação de
conformidade de materiais e sistemas de proteção contra incêndio e os testes e ensaios
de certificação relativos a esta área, além de conhecer os principais testes e ensaios
laboratoriais realizados para avaliação dos materiais e produtos da área de segurança
contra incêndio.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Ter uma visão geral sobre o panorama da conformidade de produtos e
serviços de segurança contra incêndio, assim como do sistema de avaliação
de conformidade e certificação, voluntária e compulsória.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
195
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

11.1. INTRODUÇÃO
Os ensaios, testes e o sistema de certificação são importantes para garantia da
qualidade de qualquer produto disponibilizado no mercado. No caso de materiais,
produtos, sistemas e serviços relacionados à segurança do usuário / consumidor, tais
elementos são essenciais, pois, uma série de produtos que compõem o sistema de
prevenção e proteção contra incêndio deve ter suas condições mínimas de segurança de
uso e eficiência comprovados. Para tanto, existem os ensaios e os sistemas de avaliação
de conformidade dos produtos, assim como as certificações compulsórias e voluntárias.
É importante lembrar que, em qualquer situação, os produtos disponibilizados no
mercado devem garantir a segurança e a saúde do consumidor, dentro dos preceitos
definidos no Código do Consumidor – Lei N° 8.078 de 11/09/90, que determina que todos
os produtos devem estar de acordo com o estabelecido nas normas técnicas brasileiras
correlatas.
Neste capítulo, são apresentadas as questões relacionadas à avaliação de
conformidade dos produtos no Brasil, assim como os principais tipos de ensaios
realizados em produtos e sistemas de proteção contra incêndio.

11.2. ENSAIOS DE REAÇÃO AO FOGO


BERTO (1998) esclarece a necessidade de ensaios de reação ao fogo de materiais
incorporados à construção e contidos no edifício da seguinte forma:

Quadro 11.1.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
196
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

Os principais ensaios de reação ao fogo também são discutidos por MITIDIERI


&ONO (1998), sendo que alguns já são adotados para determinação do comportamento
ao fogo dos produtos utilizados nos revestimentos e acabamentos de ambientes. Estes
podem ser exigidos por regulamentações de corpos de bombeiros, como acontece
Regulamentação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (Decreto 63.911/2018
e IT 10 – Controle de materiais de acabamento e revestimento).
Por exemplo, na regulamentação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo,
exige-se o controle dos materiais de acabamento e revestimento, em razão da ocupação
e uso e em função da posição desses materiais, que podem estar no piso, parede /
divisória, teto/forro ou cobertura, conforme Tabela 11.1.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
197
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

Tabela 11.1. Classe dos materiais por classes de ocupação.


Classificação do Material de Acabamento e Revestimento
Classe de Ocupação Permitido
Piso Parede e divisórias Teto e forro
Residencial A2, A3 e I, II-A, III-A, IV-A I, II-A, III-A ou IV-A I, II-A ou III-A
Condomínios ou V-A
B, D, E, G, H. I1, J1 e I, II-A, III-A ou IV-A I, II-A ou III-A I ou II-A
J2
C, F, I2, I3, J3, J4, L1, I, II-A, III-A ou IV-A I ou II-A I ou II-A
M2 e M3

Os ensaios para determinação das propriedades dos materiais quanto à reação ao


fogo, neste caso são os abaixo listados, que resultam na classificação apresentada na
Tabela 11.2, especificamente para materiais de acabamento e revestimento, exceto
revestimento de pisos:
• ABNT NBR 9442 – Materiais de Construção – Determinação do índice de
propagação superficial de chama pelo método do painel radiante;
• ASTM E 662 – Standard test method for specific optical density of smoke
generated by solid materials;
• ISO 1182 – Buildings materials – Non-combustibility test;
• UBC 26-3 (Uniform Building Code Standard) – Room fire test standard for
interior of foam plastic systems.

Além destes, a classificação de materiais inclui, adicionalmente, os seguintes


métodos de ensaio, conforme a finalidade de uso do material:
• ABNT NBR 8660 - Ensaio de reação ao fogo em pisos — Determinação do
comportamento com relação à queima utilizando uma fonte radiante de calor.
• BS EN 13823 – Reaction to fire tests for building products – Building products
excluding floorings exposed to the thermal attack by a single burning item.
• BS EN ISO 11925-2 – Reaction to fire tests – Ignitability of building products
subjected to direct impingement of flame – Part 2: Single-flame source test.

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CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

Tabela 11.2. Classificação dos materiais exceto revestimento de piso (Tabela


A.2 da IT 10/2019).
Método de Ensaio
ISO 1182 NBR 9442 ASTM 662
Classe
Incombustível -- --
I

A Combustível Ip ≤ 25 (Classe A) Dm ≤ 450

II
B Combustível Ip ≤ 25 (Classe A) Dm > 450

A Combustível 25 < Ip ≤ 75 (classe Dm ≤ 450


B)
III
B Combustível 25 < Ip ≤ 75 (classe Dm > 450
B)
A Combustível 75 < Ip ≤ 150 Dm ≤ 450
(classe C)
IV
B Combustível 75 < Ip ≤ 150 Dm > 450
(classe C)
A Combustível 150 < Ip ≤ 400 Dm ≤ 450
(classe D)
V
B Combustível 150 < Ip ≤ 400 Dm > 450
(classe D)

VI Combustível Ip > 400 (classe E)

Ip: índice médio de propagação superficial de chama.


Dm: densidade ótica específica máxima de fumaça para ensaios com chama e sem chama.

O material deverá ser aprovado em ensaio segundo a norma UBC 26-3 na


impossibilidade de classificação de materiais conforme a NBR 9442.
Além disso, as Tabelas A.1 e A3, respectivamente, classificam os materiais de
revestimento de piso e os materiais especiais que não podem ser caracterizados através
da NBR 9442 exceto revestimentos de piso.
A norma ABNT NBR 9442 prescreve o método para determinar o índice de
propagação superficial de chama em materiais de revestimento e propõe a seguinte
classificação em função do índice obtido: Classe A (0<Ip<25), Classe B (26< Ip< 75),
Classe C (76< Ip< 150), Classe D (151< Ip< 400) e Classe E (Ip>400).
A norma ABNT NBR 8660 prescreve o método para determinação da densidade
crítica de fluxo de energia térmica de revestimentos de piso expostos à energia radiante e
propõe a classificação do material em três classes, de acordo com o valor médio obtido
da densidade crítica de fluxo de energia (χ), conforme disposto a seguir: Classe I (χ >0,5
w/cm2), Classe II (0,25 w/cm2< χ < 0,5 w/cm2) e Classe III (χ < 0,25 w/cm2).

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
199
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

Tabela 11.3. Classificação dos materiais por tipo de ocupação.

Ocupação Saída Acesso das Saídas Outros Espaços

Paredes* Pisos Paredes Pisos Paredes Pisos

Educacional A I ou II A ou B I ou II A, B ou C -

Tratamento de A I A I A -
saúde

Residencial A I A ou B I ou II A, B ou C -

Locais de reunião A - A ou B - A, B ou C -

Comércio e serviços A ou B - A ou B - A, B ou C -

Indústria e depósito A ou B - A, B ou C - A, B ou C -

11.3. ENSAIOS DE RESISTÊNCIA AO FOGO


A resistência ao fogo dos materiais de vedação (paredes e pisos) e dos sistemas
estruturais que constituem o edifício é exigida pelas normas e regulamentações de
segurança contra incêndio, como forma de garantir a contenção do incêndio em áreas
reduzidas (compartimentação), assim como para prevenir o colapso da estrutura.
BERTO (1998) esclarece as condições básicas para atendimento à determinação
da resistência ao fogo, como segue:

__________________________________________________________________________________________________
eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
200
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

Quadro 11.2.

Para que se consiga determinar a resistência ao fogo dos elementos de

compartimentação, deve-se inicialmente, adotar uma maneira de simular as

condições existentes na fase da inflamação generalizada, em termos de

temperatura média e de duração da fase de inflamação generalizada.

A partir de experimentos em escala real, realizados no National Bureau of

Standards (USA) e no British Fire Prevention Committee (GB), a partir da década

de 20, chegou-se a uma elevação padronizada de temperatura em função do

tempo, segundo uma curva logarítmica dada pela seguinte expressão:

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
201
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
202
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

De acordo com os métodos de ensaio de resistência ao fogo, o protótipo para ser


representativo do elemento construtivo, deve incluir todos os tipos de juntas previstas, os
modos de fixação e apoio, os vínculos, os materiais e acabamentos, que reproduzam as
condições de uso. Além disso, o protótipo deve ter as dimensões reais de utilização e,
somente quando isto não for possível, admitem-se dimensões menores, porém não
inferiores a 2,5 m de altura e 2,5 m de largura. Isto posto, é necessário considerar
cuidadosamente eventuais extrapolações de resultados de ensaio para elementos de
compartimentação de porte avantajado: para os elementos sem função estrutural, deve-
se prever, nestas situações, a incorporação de componentes estruturais visando impedir
a perda da integridade.
Os métodos de ensaio de resistência ao fogo atualmente adotados no Brasil,
aplicáveis aos elementos e componentes de compartimentação e os estruturais são:
• ABNT NBR 5628 - Componentes construtivos estruturais - Ensaio de resistência
ao fogo.
• NBR 10636-1 – Componentes construtivos não estruturais – Ensaio de
resistência ao fogo – Parte 1: Paredes e divisórias de compartimentação.
• NBR 10636-2 – Componentes construtivos não estruturais – Ensaio de
resistência ao fogo – Parte 1: Forros.
• NBR 6479 - Portas e vedações – Ensaio de resistência ao fogo.
Temperatura

raliz ão
ada
gennfelama ç
I

Tempo
inicial crescimento decaimento
Figura 11.1. Curva típica de desenvolvimento de incêndio.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

Temperatura

Tempo

Figura 11.2. Curva-padrão de elevação de temperatura para ensaios de resistência ao


fogo.

Termopares (sensores
de temperatura)

Interior do
Forno
Aquecido

Elemento sob
avaliação (parede)

Forno de Ensaio
Figura 11.3. Esquema simplificado do forno (em corte) de ensaio de resistência ao fogo.

11.4. ENSAIOS DE EQUIPAMENTOS, COMPONENTES E SISTEMAS


Os ensaios de equipamentos e seus componentes têm como finalidade básica
determinar se estes apresentam o desempenho mínimo estabelecido em norma,
garantindo, desta forma, a segurança dos seus usuários e dos ambientes ocupados pelos
mesmos.
Os principais sistemas de proteção contra incêndio que devem ter seus
componentes testados podem ser classificados em:
• Sistemas de alarme manual de incêndio;
• Sistemas de detecção e alarme automáticos de incêndio;
• Sistemas de extinção manual de incêndio;
• Sistemas de extinção automática de incêndio;
• Sistemas de iluminação e sinalização de emergência.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
204
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

Os componentes que fazem parte destes sistemas, sejam mecânicos, elétricos ou


hidráulicos, devem ser testados, assim como o seu conjunto, segundo parâmetros
estabelecidos por normas brasileiras e, na ausência das mesmas, normas internacionais
reconhecidas.
Seguem, abaixo, as principais normas brasileiras que determinam métodos de
ensaio para avaliação de desempenho de componentes e sistemas de proteção contra
incêndio:
• NBR 15808 – Extintores de incêndios portáteis.
• NBR 15809 – Extintores de incêndios sobre rodas.
• NBR 11861- Mangueira de incêndio – Requisitos e métodos de ensaio.
• NBR 14349 – União para mangueiras de incêndio – Requisitos e métodos de
ensaio.
• NBR ISO/TS 7240-9 – Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Parte 9:
Ensaios de fogo para detectores de incêndio.

Algumas normas brasileiras que determinam procedimentos para dimensionamento


e execução de sistemas também contemplam questões relativas à avaliação de
desempenho de seus componentes. Desta forma, são enumeradas, a seguir, exemplos
de tais normas:
• NBR 10898 – Sistema de iluminação de emergência.
• NBR 10897 – Sistema de proteção contra incêndio por chuveiros automáticos -
Requisitos.
• NBR 13714 – Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a
incêndio.
• NBR 16981 – Proteção contra incêndio em áreas de armazenamento em geral,
por meio de sistema de chuveiros automáticos - requisitos.
• NBR 12615 – Sistema de combate a incêndio por espuma – espuma de baixa
expansão.
• NBR 12232 – Execução de sistemas fixos automáticos de proteção contra
incêndio com gás carbônico em transformadores e reatores de potência contendo
óleo isolante.
• NBR ISO 7240 – Sistemas de detecção e alarme de incêndio

É possível concluir que muitos componentes e sistemas ainda não são


contemplados pelas normas brasileiras, apresentando, assim, pontos vulneráveis à
proteção do consumidor / usuário.

11.5. AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS / ACEITAÇÃO DE INSTALAÇÕES


Deve-se ressaltar que não basta a obtenção da garantia de componentes
individuais de sistemas mais complexos, como os detectores de fumaça de um sistema
de detecção e alarme automático de incêndio ou dos bicos aspersores de um sistema de
chuveiro automático ou da mangueira de um sistema de hidrantes. É necessário, neste
caso, se ter condições de avaliar também o desempenho do sistema como um todo e
devidamente instalado.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
205
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

Atualmente, poucas normas brasileiras de sistemas de proteção contra incêndio


apresentam procedimentos para testes de aceitação e manutenção periódica. Estes
procedimentos são muito importantes para garantir o bom desempenho dos sistemas de
proteção contra incêndio quando são requisitados.
Dentre as normas específicas de manutenção, podem ser citadas:
• NBR 12962 – Extintores de incêndio – Inspeção e manutenção.
• NBR 12779 – Mangueira de incêndio - Inspeção, manutenção e cuidados.
• NBR 17240 – Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Projeto, instalação,
comissionamento e manutenção de sistemas de detecção e alarme de incêndio –
requisitos;
• NBR 16906 – Corta-chamas – Requisitos de seleção, instalação, especificação
e manutenção.

11.6. QUALIDADE E PRODUTIVIDADE


Por Alfredo Lobo (Diretor da Qualidade do Inmetro)
(Fonte: http://hdl.handle.net/10926/760) acessado em 29/04/2015.
Qualidade e produtividade, fatores chave para a competitividade, sempre foram
preocupação dos setores produtivos, em maior ou menor escala em diferentes setores,
em especial nos países com economia aberta.
A qualidade observou diferentes abordagens ao longo do tempo, sendo até hoje
fator chave de sucesso para as empresas. Com o acirramento da competição, como
consequência da economia globalizada, a questão da adequada abordagem no trato da
qualidade passou a ser uma questão de sobrevivência no mundo empresarial. Ao longo
do tempo, desde a fase de produção artesanal até os dias de hoje, a qualidade observou,
pelo menos, quatro diferentes abordagens.
A fase da produção artesanal caracterizou-se pela total aproximação entre o
produtor e o consumidor. A interação plena entre o produtor e o consumidor propiciava
que este passasse diretamente para o produtor suas expectativas. Até hoje, os produtos
produzidos naquele período são conhecidos como "melhores" ou de "mais qualidade", do
que os atualmente produzidos.
A fase da revolução industrial provocou grandes mudanças em termos de
abordagem da qualidade. O aumento da escalada da produção introduziu o chamado
controle da qualidade. Inicialmente com foco na inspeção do produto final, o controle da
qualidade observou uma série de aperfeiçoamentos. A inspeção em diferentes etapas do
processo produtivo, o controle estatístico da qualidade, as cartas de controle, dentre
outros, se destacaram. De qualquer forma, o controle da qualidade tinha ênfase na
detecção de defeitos. O distanciamento entre quem produzia e quem consumia e a
segmentação do controle da qualidade, como consequência da produção seriada,
diluíram a responsabilidade pela qualidade e problemas com qualidade dos produtos
surgiram com maior intensidade.
A exploração espacial, os programas nucleares e mais recentemente a exploração
de petróleo em águas profundas, cujas instalações demandam maior confiabilidade
provocaram uma nova e importante mudança na abordagem da questão da qualidade
nas empresas. Estudos demonstraram que a maior parte dos problemas de qualidade

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
206
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

tinham origem em falhas gerenciais e não técnicas. Essa constatação deu origem aos
chamados sistemas de gestão da qualidade, que associam ações de controle que, como
anteriormente mencionado, têm ênfase na detecção de defeitos, com ações de
administração da qualidade, que têm ênfase na prevenção de defeitos.
Pré-qualificar os fornecedores, analisar criticamente os projetos, elaborar e
qualificar os procedimentos de execução e de inspeção, treinar e qualificar pessoal,
calibrar os instrumentos de medir, identificar expectativas e avaliar o grau de satisfação
dos clientes, dentre outras, são ações típicas de prevenção de defeitos, ou de
administração da qualidade.
A base normativa hoje mais utilizada para a implantação de sistemas de gestão da
qualidade é a norma ISO 9001:2008. Diante da necessidade de implantar sistemas de
gestão da qualidade, os países, em especial os desenvolvidos, começaram a estabelecer
normas nacionais de gestão da qualidade. Tal fato causou transtornos para as empresas
exportadoras, que tinham que implantar sistemas de gestão da qualidade com base em
diferentes bases normativas, para atender diferentes países. O mérito da ISO 9000 foi
exatamente unir as diferentes bases normativas em uma única, hoje universalmente
aceita.
No Brasil, a partir do início da década de 90, vem sendo observado um grande
movimento em prol da melhoria da qualidade de produtos e serviços. A criação pelo
Governo Federal do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade, a abertura
econômica, que expôs as empresas brasileiras a um ambiente de grande competição, a
evolução do cidadão brasileiro enquanto consumidor, que passou a exercer mais
plenamente seus direitos e deveres, e a estabilização da moeda foram fatores indutores e
decisivos para esse movimento.
Nesse período qualidade deixou de ser preocupação exclusiva dos técnicos, para
ser de todos, mais em particular do gerente. O conceito atual é de que qualidade é
adequação ao uso, cujos requisitos devem estar pré-estabelecidos.
O mercado globalizado vem demandando novas abordagens em termos da questão
da qualidade. Uma adequada gestão pela qualidade, que tem decisiva contribuição para
alavancas a competitividade, passou a ser decisiva para a sobrevivência das empresas,
no ambiente de grande competição hoje observado.
Surgem as chamadas barreiras não tarifárias, ou barreiras técnicas, estabelecidas
através da promulgação de normas, regulamentos ou procedimentos de avaliação da
conformidade. O fato é que o espaço para dificultar o acesso a mercados através do
estabelecimento de tarifas acabou para a grande maioria dos países, passando estes a
fazê-lo através das barreiras técnicas.
Por avaliação da conformidade entende-se a implementação de uma sistemática,
com regras pré-estabelecidas e devidamente acompanhadas e avaliadas, que propicie
adequado grau de confiança de que um produto, processo ou serviço atende aos
requisitos de uma norma ou regulamento técnico. O mecanismo de avaliação da
conformidade mais comumente utilizado e conhecido é a certificação. A certificação
caracteriza-se pela existência de uma terceira parte independente entre o produtor e o
consumidor. A declaração de primeira parte ou declaração do fornecedor, cuja
implantação no Brasil já vem sendo processada é também, muito praticada nos Estados
Unidos da América e na Europa.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
207
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

O grande desafio da avaliação da conformidade é sua utilização como regulador de


mercados. A adoção de programas de avaliação da conformidade, obedecendo a práticas
internacionais, propiciará o reconhecimento mútuo entre programas de diferentes países,
permitindo um natural fluxo de produtos, sem o ônus da repetição dos ensaios e
avaliações nos países compradores.
Hoje, no Brasil, existem 45 programas de avaliação da conformidade de produtos
de caráter compulsório e 82 de caráter voluntário. As estruturas de credenciamento de
organismos de avaliação da conformidade e de laboratórios de calibração e de ensaios,
coordenadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial -
Inmetro, são as únicas da América Latina reconhecidas internacionalmente, o que
representa uma vantagem competitiva para as empresas brasileiras.
A ampliação do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, atendendo às
necessidades das empresas brasileiras, é um desafio.
A adoção de adequadas práticas de gestão da qualidade, normalização, metrologia
e avaliação da conformidade, representam um diferencial na economia globalizada e,
portanto, de fundamental importância para alavancas os esforços exportador brasileiro.

11.7. AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA


Guilherme A.Witte Cruz Machado (Assessor Técnico da Divisão de Avaliação da Conformidade do
Inmetro)
(Fonte: http://hdl.handle.net/10926/867) acessada em 29/04/2015.

O processo acelerado de globalização atual, embora necessário e imprescindível


para as relações de comércio internacionais, traz aspectos estratégicos que devem
ser permanentemente avaliados.
Em termos industriais, o processo de globalização é tangido pelos grandes
conglomerados industriais, sediados quase sempre nas maiores potências industriais do
planeta, que, vendo se esgotar os seus mercados tradicionais, voltam-se para outros
mercados, desenvolvendo estratégias que objetivam fundamentalmente o aumento das
escalas de produção e o acesso a recursos, particularmente matérias primas e mão-de-
obra a baixos custos, procurando assim, garantir uma constante melhoria da
competitividade e presença crescente no mercado.
Um dos indícios dessa estratégia são as fusões, até há pouco tempo
inimagináveis, de grandes grupos empresariais, antes absolutamente antagônicos,
buscando também ganhos de escala, principalmente nas áreas de projeto e
comercialização.
Outro indício, este de natureza geopolítica e econômica, foi o desaparecimento de
barreiras políticas importantes, levando a uma maior liberação das economias nacionais e
suas aberturas para o exterior. Nações se reuniram em grandes blocos econômicos -
União Europeia, Mercosul (Mercado Comum do Sul), ALCA (Área de Livre Comércio
das Américas) e Apec (Asia Pacific Economic Cooperation), entre outros - e
repensaram suas relações comerciais, como caminho de sobrevivência, ampliando a
concorrência e o intercâmbio comercial.
Na verdade, o processo de globalização é, por natureza, ao mesmo tempo
includente e excludente. Includente, porque traz para o contexto mundial, países até

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
208
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

então não participantes da produção de inúmeros itens. Excludente, porque a distribuição


das oportunidades e encargos de produção cabe preferencialmente àqueles países que
reúnem as melhores condições de infraestrutura para a obtenção de maiores níveis de
competitividade.
Sem sombra de dúvida, entre os fatores imprescindíveis, o conhecimento científico e
tecnológico é o insumo principal para o sucesso econômico consistente e auto
sustentável e que, no cenário que se descortina, estará cada vez mais apoiado no
desenvolvimento tecnológico com base no conhecimento científico e na capacidade
tecnológica e industrial, ou seja, o país que não tiver competência científica e capacidade
tecnológica e industrial, ainda que disponha do capital, da mão-de-obra e das matérias-
primas, estará condenado a gravitar em torno dos países mais competentes.
Urge, portanto, que os países procurem, cada vez mais, alcançar suficiência
tecnológica e industrial que torne possível desenvolver os níveis de qualidade e
competitividade, garantindo a permanência e/ou inserção no âmbito das nações que
lideram o processo de globalização.
Neste contexto de qualidade e competitividade, onde a questão técnica torna-se,
também, uma questão estratégica, se situa o tema denominado Avaliação da
Conformidade.
A expressão avaliação da conformidade está definida como o exame sistemático
do grau de atendimento por parte de um produto, processo ou serviço a requisitos
especificados.
Esta definição, bastante simples, traz embutida um extenso, complexo e poderoso
instrumento estratégico para o desenvolvimento das economias nacionais; tanto que a
própria Organização Mundial do Comércio - OMC, tem a sua própria definição para a
expressão avaliação da conformidade: qualquer atividade com objetivo de determinar,
direta ou indiretamente, o atendimento a requisitos aplicáveis.
Para as exportações, onde diversos países utilizam barreiras tecnológicas, em
substituição às barreiras tarifárias, como forma de protecionismo ao comércio internacional,
a avaliação da conformidade atua como ferramenta estratégica nas relações econômicas,
facilitando, ou dificultando, o livre comércio entre países e blocos econômicos.
Portanto, a estratégia competitiva para a participação de um país no comércio
internacional tem que, obrigatoriamente, considerar a infraestrutura tecnológica disponível
na área de avaliação da conformidade, fator decisivo na aceleração ou redução da
velocidade do desenvolvimento econômico, facilitando ou impedindo a participação destes
países em mercados internacionais.
Sendo assim, os maiores riscos decorrem da infraestrutura técnica, governamental e
privada, necessária para implementação eficiente de um sistema de avaliação da
conformidade. Se por um lado uma ágil e correta infraestrutura técnica governamental e
uma ampla infraestrutura técnica privada podem ser forças propulsoras para a
solidificação deste sistema, por outro lado a ausência desta infraestrutura pode obstruir
o desenvolvimento desta atividade.
Além disso, devido à dificuldade de adoção de um sistema mundial unificado, e
fundamental a harmonização das práticas em avaliação da conformidade, levando-se em
consideração as particularidades de cada sistemática nacional, pois esta harmonização
possibilitará o estabelecimento dos denominados Acordos de Reconhecimento Mútuo

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
209
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

como forma de minimizar os impactos das barreiras tecnológicas e incrementar o fluxo de


comercio internacional.
Em um enfoque progressivo, as práticas de avaliação da conformidade não devem
ser tratadas somente como obstáculos tecnológicos a serem superados, mas, também,
como um mecanismo de melhora qualitativa e quantitativa do comercio interno de um
país, inserindo-o, de forma eficiente e estruturada, na nova ordem econômica mundial.
Para as empresas, a avaliação da conformidade induz à busca contínua da
melhoria da qualidade. As empresas que se engajam neste movimento, orientam-se para
assegurar a qualidade dos seus produtos, processos ou serviços, beneficiando-se com a
melhoria da produtividade e aumento da competitividade, e tornando' a concorrência mais
justa, na medida em que indica, claramente, os produtos, processos ou serviços que
atendem aos requisitos especificados.
Para o Estado Regulador, a adoção da avaliação da conformidade, no âmbito
compulsório, e uma ferramenta que fortalece o poder regulatório das instituições públicas,
sendo um instrumento eficiente de proteção à saúde e segurança do consumidor e ao
meio ambiente. A avaliação da conformidade instrumentaliza as atividades
regulamentadoras estabelecidas pelos órgãos reguladores.
Logo, internamente aos países, a cultura em avaliação da conformidade deve ser
espalhada pelos setores nacionais, governamental e privado, incentivando a
percepção da sociedade para a importância do tema e para as oportunidades a serem
conquistadas.
No Brasil, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial -
Inmetro, agência executiva do Governo Federal, e o gestor do Sistema Brasileiro de
Avaliação da Conformidade - SBAC, obedecendo às políticas públicas estabelecidas
pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Conmetro,
que por sua vez e tecnicamente assessorado pelo Comitê Brasileiro de Avaliação da
Conformidade - CBAC.
Na área de avaliação da conformidade, o Inmetro é o único credenciador oficial do
Estado Brasileiro, seguindo a tendência internacional atual de apenas um credenciador por
país ou economia. O Inmetro é reconhecido internacionalmente como o organismo de
credenciamento brasileiro e o único que possui este reconhecimento na América
Latina.

11.8. PANORAMA DA CERTIFICAÇÃO


Fonte: http://www.cipanet.com.br/materia_capa.asp?id=6&n=3#.

Atributo indispensável à elevação do nível de qualidade dos produtos, o tema


certificação tornou-se diferencial competitivo para o mercado.
Estar alinhada ao mercado global e atender às exigências nacionais e
internacionais, promovendo o diferencial competitivo para evitar, com isso, a perda de
produtos e o aumento do custo da produção. Assim vai se desenhando a estratégia
mercadológica das empresas que buscam a certificação, que irá influenciar diretamente
no aumento da satisfação do cliente e, portanto, facilitar a venda de seus produtos e sua
introdução em novos mercados, já que são projetados e fabricados para satisfazer as
expectativas do consumidor.

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CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

No Brasil, a história da certificação teve início na década de 1950, com a criação da


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para os extintores de incêndio.
Posteriormente, seguindo a tendência mundial, outras certificações foram sendo criadas,
principalmente as relacionadas com a segurança e a saúde dos usuários. No final da
década de 1980, com a publicação da série de normas ISO 9000 pela International
Organization for Standardization (ISO), houve grande expansão das certificações. A
sociedade, de modo geral, passou a se conscientizar da necessidade de exigir produtos
com qualidade. Ainda no final da década de 1980 e início da década de 1990,
aproveitando o poder de compra de grandes empresas como Petrobras, Grupo
Eletrobrás, entre outras, criou-se a certificação de sistemas de qualidade com base nas
normas da série ISO 9000. O Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial
(Inmetro) teve papel importante nesse processo, certificando produtos que apresentavam
maior impacto na segurança das pessoas e das instalações. Na metade da década de
1990, o Inmetro, como entidade acreditadora, credencia laboratórios, organismos de
certificação de produtos e de sistemas e define os produtos que estarão sujeitos à
certificação compulsória.
Certificação, segundo a ABNT, é um conjunto de atividades desenvolvidas por um
organismo, independentemente da relação comercial, com o objetivo de atestar
publicamente, por escrito, que determinado produto, processo ou serviço está em
conformidade com os requisitos especificados. Esses requisitos podem ser nacionais ou
internacionais. As atividades de certificação envolvem análise de documentação,
auditorias/inspeções na empresa, coleta e ensaios de produtos – no mercado e/ou na
fábrica – com o objetivo de avaliar a conformidade e sua manutenção. Não se pode
pensar na certificação como uma ação isolada e pontual, mas sim como um processo
que se inicia a partir da necessidade de exigir qualidade para se manter no mercado
competitivo.
O engenheiro Fabian Nicolas Yaksic Feraudy, presidente do Comitê Brasileiro de
Avaliação da Conformidade (CBAC), explica que os critérios a ser utilizados para
determinar se um produto estará sujeito à certificação compulsória são os seguintes:
impacto que os produtos tenham sobre o meio ambiente, a saúde e a segurança dos
consumidores; o risco potencial de um produto de ocorrência de falha e do impacto
causado por sua eventual ocorrência, minimizando ou eliminando problemas de
desempenho que possam causar ao consumidor; impedir práticas desleais de
comercialização no mercado interno; impacto do produto na balança comercial.
Já a certificação voluntária é vista como uma decisão dos fabricantes para
apresentar seus produtos com um diferencial de qualidade a seus consumidores.
A Avaliação da Conformidade desses produtos, sistemas e serviços, tanto no
campo voluntário como no compulsório, pode ser feita por meio de um dos seguintes
mecanismos:
• Certificação – é o processo de maior abrangência, para avaliação de qualquer
material, produto, instalação, processo, sistema ou organismo para os quais a avaliação
de conformidade é aplicada;
• Declaração do fornecedor – é o processo pelo qual um fornecedor, sob condições
preestabelecidas, dá garantia escrita de que um produto, processo ou serviço está em
conformidade com os requisitos especificados;

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211
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

• Etiquetagem – é um mecanismo em que através de ensaios é determinada e


informada ao consumidor, uma característica do produto, especialmente relacionada ao
seu desempenho;
• Inspeção – é mecanismo muito utilizado para avaliar serviços após sua execução,
e pode incluir ensaio de produtos, materiais, instalações, plantas, processos,
procedimentos de trabalho ou serviços e visa determinar a conformidade em relação aos
critérios estabelecidos por regulamentos, normas ou especificações;
• Ensaios – consiste na determinação de uma ou mais características de uma
amostra do produto, processo ou serviço, de acordo com um procedimento especificado.

11.8.1. VANTAGENS DA CERTIFICAÇÃO


Em se tratando de vantagens ao se obter a certificação, Nicolas explica que no
Brasil ainda não há uma cultura de se exigir produtos que atendam às normas técnicas
relativas ao desempenho e à qualidade, pois no momento da compra os consumidores
estão mais preocupados com o preço e não com as normas técnicas, ou seja, acabam
adquirindo produtos pirateados ou contrabandeados, expondo o usuário a riscos e
também comprometendo as instalações. Com a aquisição de produtos contrabandeados,
a arrecadação de impostos e a balança comercial ficam prejudicadas. “Para isso, o
Programa de Avaliação da Conformidade visa oferecer à sociedade produtos seguros e
com qualidade, alavancar as exportações e fortalecer o mercado interno. Com a
participação da iniciativa privada, do governo, dos agentes reguladores e dos organismos
credenciados no Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, as vantagens são
evidentes tanto para a sociedade quanto para o País”, avalia.
Para Guy Ladovact, gerente de certificação da ABNT, a diferença mais significativa
está no fato de os programas voluntários, justamente por não ser obrigatório, exigirem
grande comprometimento por parte das empresas, demonstrando assim sua boa
reputação e transformando-se numa poderosa ferramenta de marketing. Cátia MacCord,
gerente executiva do Centro Brasileiro de Construção em Aço (CBCA) e secretária de
mercado e economia do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), a vantagem da
certificação compulsória exigida para áreas sensíveis do cotidiano é assegurar ao usuário
a qualidade do produto e a conformidade com as normas técnicas, uma vez que o
mesmo é submetido a testes rigorosos antes de ser comercializado. Segundo ela, a
certificação voluntária traduz saudável percepção dos empresários de que as coisas
estão mudando e que o mercado, com suas exigências, age como expressão da vontade
da sociedade. Atender a essas exigências faz parte da estratégia competitiva da
empresa, alinhando-se à tendência mundial.
Para o mercado, ainda que a questão da certificação seja um tabu a ser quebrado
por alguns setores, a pressão mercadológica faz com que o tema passe a ser discutido
com maior intensidade e visto com bons olhos, uma vez que a certificação garante a
excelência dos produtos. “O mercado, com exceção de alguns poucos setores,
desconhece o Programa de Avaliação da Conformidade e as vantagens que ele oferece e
pode vir a oferecer, motivo pelo qual um dos temas do PBAC é a educação e a
conscientização dos diferentes segmentos da sociedade para a Avaliação da
Conformidade e sua importância”, reforça Nicolas.

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212
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

Na visão dos especialistas, são necessárias ações de mobilização e


conscientização dos setores privados e públicos para os benefícios das atividades de
normalização e certificação, uma vez que essa prática já é consolidada nos países
desenvolvidos. “A questão é que o usuário se sente mais seguro ao saber que a
certificação compulsória significa que o produto passou por ensaios, como também gosta
de saber que é cada vez maior a oferta de produtos ensaiados no mercado. Ele interpreta
a certificação como um símbolo de cidadania e respeito aos direitos de consumidor e de
prevenção aos efeitos nocivos da concorrência desleal”, explica Cátia. Quanto aos
fabricantes, a gerente executiva do CBCA reforça que há ainda uma parcela que enxerga
na certificação um encarecimento nos custos, entretanto cresce o número daqueles que
veem no certificado uma agregação de valor e um diferencial que distingue seu produto
na disputa da clientela.
Na mesma linha de pensamento, Nicolas acredita que a certificação compulsória
tem contribuído significativamente para coibir a concorrência desleal, evitando que sejam
comercializados produtos que não atendam aos requisitos estabelecidos pelas normas
técnicas. Para ele, ainda é necessário que haja uma fiscalização sistemática pelos
órgãos competentes para manter a credibilidade do processo, além, é claro, da
necessidade de se fazer uma campanha de conscientização do mercado sobre a
importância da Avaliação da Conformidade. “Nos casos para os quais existe atualmente a
certificação compulsória, compradores atacadistas e varejistas adquirem somente
produtos com a marca de conformidade, com o símbolo do Inmetro e do organismo
certificador acreditado, pois sabem que a fiscalização poderá apreender a mercadoria e
que estarão ainda sujeitos a penalidades. Os fabricantes hoje em dia são os maiores
interessados na Avaliação da Conformidade porque sabem que com isso evitarão uma
concorrência desleal”, diz.

11.8.2. O CAMINHO DA CERTIFICAÇÃO


Para qualquer mecanismo de Avaliação da Conformidade é necessário primeiro
possuir normas brasileiras NBR. Depois deve ser definida a prioridade por parte do
regulador (Inmetro, Ministério ou agência reguladora). Após a definição da prioridade,
emite-se um documento legal, como uma Portaria – no caso Inmetro, em que são
estabelecidos os tipos de produtos que estarão sujeitos à avaliação da conformidade, os
prazos a partir dos quais será exigida a Avaliação da Conformidade aos fabricantes,
importadores, atacadistas e varejistas e as normas técnicas NBR a que os produtos
deverão atender.
A Avaliação da Conformidade é realizada pelo organismo de certificação
credenciado pelo Inmetro, auxiliado pelos laboratórios de ensaios. No caso do Inmetro,
com todos os interessados (regulador, produtores, laboratórios de ensaios credenciados
e organismos certificadores) se elabora o Regulamento de Avaliação da Conformidade
(RAC), no qual são estabelecidos todos os procedimentos para a Avaliação da
Conformidade. Na certificação compulsória existe a fiscalização por parte do regulador.
Já na certificação voluntária a relação é somente com o organismo certificador, e com
este são estabelecidos os procedimentos, a norma técnica a ser utilizada, o laboratório e
os custos envolvidos.

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213
CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

Em relação ao investimento, o custo varia de produto para produto, pois é incluído


no processo o custo do organismo certificador, seja para avaliação da fábrica, seja para
análise da documentação e definição das famílias de produtos. O custo do laboratório
também varia muito, pois a quantidade e a complexidade dos ensaios dependem dos
requisitos estabelecidos pela norma técnica específica.
É importante frisar que para todo Programa de Avaliação da Conformidade é
fundamental a utilização de normas técnicas brasileiras NBR atualizadas. De modo geral,
a cada cinco anos a norma deve ser revisada. Nas relações comerciais também é
importante que a base das normas brasileiras seja elaborada conforme os padrões
internacionais atualizados, para facilitar a aceitação e a avaliação do produto a partir
desses modelos. A norma técnica elaborada e revisada insere no texto avanços
tecnológicos, exigências que devem ser atendidas para a melhoria da segurança do
produto e/ou das instalações. Todo regulamento precisa citar a norma com base na qual
se realizará a Avaliação da Conformidade.
Se um produto é definido pelo regulador como sujeito ao Programa de Avaliação da
Conformidade Compulsório, as empresas fabricantes e as importadoras,
independentemente de seu porte e situação, estão obrigadas a aderir ao programa, caso
contrário, não poderão comercializar seus produtos. Não existe nenhuma restrição para
que uma empresa participe do programa, a não ser atender ao documento legal, ou seja,
ao RAC, e cumprir as prescrições do organismo certificador acreditado ou designado.
Os organismos certificadores ao outorgar a marca da conformidade estão definindo
os produtos que poderão ser comercializados.

Informações adicionais podem ser encontradas no:


http://www.inmetro.gov.br/qualidade/pbac.asp

Lista de produtos com certificação compulsória:


http://rweb01s.inmetro.gov.br/qualidade/rtepac/compulsorios.asp

Lista de produtos com certificação voluntária:


http://ftp.inmetro.gov.br/qualidade/rtepac/voluntarios.asp

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CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

11.9. TESTES

1. Assinale a alternativa correta. Os ensaios, testes e certificações de produtos


objetivam:
a) Satisfazer os fabricantes, quanto à qualidade de seus produtos.
b) Medir a satisfação dos clientes quanto aos produtos avaliados.
c) Avaliar as condições dos produtos em relação às condições de segurança e saúde
mínimas, definidas por normas e regulamentações.
d) Avaliar as exigências de consumidores quanto aos requisitos estéticos dos produtos.
e) N.d.a.

2. Assinale a alternativa incorreta:


“Os critérios utilizados para determinar se um produto estará sujeito à certificação
compulsória são os seguintes”:
a) Impacto que os produtos tenham sobre o meio ambiente, a saúde e a segurança dos
consumidores.
b) O risco potencial de um produto de ocorrência de falha e do impacto causado por sua
eventual ocorrência, minimizando ou eliminando problemas de desempenho que
possam causar ao consumidor.
c) Impedir práticas desleais de comercialização no mercado interno.
d) Impacto do produto na balança comercial.
e) N.d.a.

3. Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso:


a) ( ) Certificação é um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo,
independentemente da relação comercial, com o objetivo de atestar publicamente, por
escrito, que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os
requisitos especificados.
b) ( ) A certificação voluntária é vista como uma decisão dos fabricantes para apresentar
seus produtos com um diferencial de qualidade a seus consumidores.
c) ( ) A expressão avaliação de conformidade está definida como o exame sistemático
do grau de atendimento por parte de um produto, processo ou serviço a requisitos
especificados.
d) ( ) A certificação compulsória não existe na área da segurança contra incêndio.

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CAPÍTULO 11. certificação, testes e ensaios

4. Assinale a alternativa correta:


“Na área de avaliação de conformidade, __________ é o único credenciador oficial do
Estado Brasileiro, seguinte a tendência _______________ atual de apenas um
credenciador por país ou economia“:
a) o IPEM / nacional.
b) a ABNT / internacional.
c) o INMETRO / internacional.
d) a ABNT / nacional.
e) N.d.a.

5. Assinale a alternativa correta. “As barreiras _________ são normalmente constituídas


de barreiras _________, estabelecidas por _________, regulamentos ou
procedimentos de avaliação da conformidade. O espaço para _______ o acesso a
mercados através do estabelecimento de tarifas acabou para a grande maioria dos
países, passando estes a fazê-lo através das barreiras técnicas”.
a) tarifárias / técnicas / lei / facilitar.
b) não tarifárias / técnicas / normas / dificultar.
c) econômicas / não técnicas / normas / facilitar.
d) sociais / tarifárias / lei / dificultar.
e) N.d.a.

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

CAPÍTULO 12. PAPEL DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO SISTEMA DE


COMBATE A INCÊNDIO
RICARDO METZNER
OBJETIVOS DO ESTUDO
Proporcionar uma visão sobre o papel da engenharia de segurança nos sistemas
de combate a incêndios, seguros e normas do corpo de bombeiros.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Identificar a importância da atuação da engenharia de segurança do trabalho
nos sistemas de prevenção e combate a incêndios.
• Identificar os elementos básicos considerados na elaboração de apólices de
seguros contra incêndio.
• Identificar normas do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São
Paulo.

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217
Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

12.1. O PAPEL DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA


Os engenheiros e engenheiras de segurança desempenham papéis fundamentais
nas seguintes áreas:
• Projeto de instalações.
• Acompanhamento de instalações de equipamentos e sistemas.
• Acompanhamento de testes.
• Conscientização dos usuários com relação a ordem, limpeza e desobstrução,
no que se refere a:
a) armazenamentos
b) rotas de fuga
c) equipamentos de combate a incêndios.

A lei federal 13425 de 30 de março de 2017, conhecida como “lei Kiss” estabelece a
responsabilidade dos engenheiros e arquitetos nos projetos, cálculos e instalações,
inclusive nos que são relacionados à prevenção de incêndios e estabelece que as
exigências determinadas pelos corpos de bombeiros estaduais sejam atendidas para
efeito dos trâmites e fiscalizações realizadas pelos poderes municipais.
Cabe observar que por serem estaduais, as exigências dos corpos de bombeiro
podem mudar, da mesma maneira que de um município para outro, mesmo que
localizados em um mesmo estado.
A norma regulamentadora (NR) 23, de 06 de maio de 2011, Proteção contra
Incêndios da portaria 3214 cita que todas as empresas em caso de incêndio deverão
possuir:
• Medidas de proteção contra incêndios.
• Medidas de proteção de acordo com a legislação estadual e normas técnicas
aplicáveis.
• Saídas suficientes para rápida retirada do pessoal.
• Equipamento de combate inicial.
• Pessoal treinado para o uso correto dos equipamentos.
Ao se constatar o início de um incêndio, o alarme deverá ser acionado, os
bombeiros avisados, a energia elétrica desligada (desde que não implique em riscos
maiores) e iniciar-se o ataque.
A norma regulamentadora (NR) 16, Atividades e operações perigosas, estabelece
as áreas de risco nos locais de armazenamento e manuseio de combustíveis, inflamáveis
e paióis e, de acordo com o risco, a máxima quantidade de embalagens de líquidos
inflamáveis que podem ser armazenadas.
A norma regulamentadora (NR) 19, Explosivos, estabelece, entre outros itens, as
distâncias de segurança dos armazéns de explosivos e as máximas velocidades de
deslocamento nas imediações destes armazéns.
A norma regulamentadora (NR) 20, Líquidos Combustíveis e Inflamáveis,
estabelece por sua vez, em função do volume de substâncias inflamáveis e combustíveis
existentes na instalação, entre outras exigências, a capacitação dos trabalhadores, a
necessidade de análise de risco, o controle das fontes de ignição, além da necessidade
de aterramento.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
218
Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Por fim, a norma regulamentadora (NR) 10, Instalações e serviços em eletricidade,


estabelece a necessidade de que os circuitos e instalações elétricas disponham de:
• Dispositivos de proteção contra sobrecorrente e sobretensão.
• Sistema de proteção contra descargas atmosféricas.
• Proteção contrafogo das instalações com risco de incêndio.
• Aterramento elétrico para descarga de eletricidade estática.

Quadro 12.1.

Você engenheiro (a) de segurança foi convidado (a) a discutir sobre um

desenvolvimento de um sistema de segurança nas válvulas de um sistema de caminhão

tanque. A ideia do grupo e desenvolver um sistema que não permita abrir as válvulas na

hora errada. No momento discute-se o que seria “hora errada”. Com base no que foi

apresentado na disciplina, que tipo de sugestão você poderia dar?

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
219
Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Quadro 12.2.

Qual a importância da manutenção de largura constante nos degraus das escadas

que façam parte das rotas de fuga?

12.2. SEGUROS
A Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil (TSIB) até o ano de 2005 estabelecia os
parâmetros da atividade de seguro contra incêndio no Brasil. Apesar de sua aplicação
não ser mais obrigatória, ainda é considerada na elaboração dos estudos de seguros
pelas companhias seguradoras.
A taxação é baseada na localização da edificação, a sua classe de ocupação, a
classe de construção da edificação e do isolamento de riscos.
A ocupação é definida a partir de 13 classes (1 a 13).
A uma determinada atividade corresponde uma rubrica e à rubrica corresponde um
código de ocupação de risco. Ao código de risco por sua vez corresponde uma classe de
ocupação. Por exemplo, um frigorífico corresponde à rubrica 244 e à rubrica 244
corresponde a classe 04.
O parâmetro localização da edificação é definido em 4 classes de cidade (de 1 a 4)
levando em conta o sistema de comunicação, condições de acesso, largura das ruas,
topografia, existência e eficiência do Corpo de Bombeiros, abastecimento de água e

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
220
Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

existência de hidrantes públicos. Como exemplos, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador
são classe 1, Americana, Belém e Taubaté são classe 2, Aracaju, Avaré e Itu são classe
3 e da classe 4 fazem parte as cidades que não constam nas outras 3 classes.
Há 4 classes de construção (de 1 a 4), sendo a 1 a melhor classe de construção
(superior) e a 4 a inferior. Leva-se em consideração os materiais do telhado, de
sustentação (estrutura do telhado), do forro, das paredes externas, da estrutura (pilares e
vigas), do piso, da instalação elétrica, entre outros, sendo que a pior avaliação de
qualquer um dos itens considerados caracteriza toda a construção.
Por exemplo, se em uma determinada construção as paredes externas forem de
alvenaria, a classe é 1, se o forro for de material incombustível, a classe é 1, porém se o
telhado for de material combustível, a classe será 4 e a de toda a construção também
será classe 4.
Com relação ao isolamento de risco, estes serão considerados isolados, quando
existir uma parede perfeita, ou seja, constituída de concreto armado ou alvenaria, que
inclua inclusive a divisão dos telhados e que não existam aberturas, salvo as estritamente
necessárias para passagem de tubulação ou ter aberturas protegidas por porta corta-fogo
ou se existir parede corta-fogo, neste caso com espessura mínima de 25 cm de alvenaria,
ou 15 cm de concreto, devendo ultrapassar no mínimo o nível do telhado em 30 cm. A
existência de espaços desocupados vizinhos à edificação também caracteriza riscos
isolados.
Quanto maiores forem as medidas de prevenção, menor é o prêmio. Quanto maior
o risco, maior o prêmio.
Prêmio é a quantia que o segurado paga para que o risco seja aceito pela
companhia seguradora. O valor pelo qual o bem (neste caso a edificação e
eventualmente seu conteúdo, lucros cessantes, etc.) é segurado, se chama importância
segurada e pode corresponder ao valor total ou parcial do bem. A seguradora assume a
cobertura financeira decorrente da materialização do risco de uma ocorrência fortuita,
imprevisível e, portanto, acidental (eventos “certos” ou eventos fraudulentos não são
cobertos por seguro).

12.3. BOMBEIROS
Faz parte das atribuições legais dos Bombeiros no Estado de São Paulo a
autorização para execução de projetos. Para análise os Bombeiros baseiam-se no
decreto – lei 63911/2018 e em suas 45 instruções técnicas (IT). Estas instruções estão
disponíveis na página da internet do corpo de bombeiros (www.ccb.polmil.sp.gov.br/).
Posteriormente são feitas visitas de inspeção e teste de equipamentos. Ao final, se
aprovada, o Corpo de Bombeiros emite o Auto de Verificação do Corpo de Bombeiros
(AVCB), com validade de 1 a 5 anos (6 meses a 3 anos para locais de reunião pública).
Para edificações com áreas menores a 750 m2, que tenham no máximo 3
pavimentos e que atendam as demais exigências constantes da IT42/2018, é emitido o o
AVCB por meio de um processo técnico simplificado. Tendo a edificação área menor do
que 750 m2 e não havendo o armazenamento de gases e líquidos inflamáveis em
quantidades superiores às especificadas ou outras caracterísiticas relacionadas ao tipo
atividade, ao porte da atividade ou a o número de pessoas envolvidas na atividade,

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
221
Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

conformeo o item 5.2 da IT42/2018, o CLCB será emitido e a edificação será vistoriada
por amostragem.
Os bombeiros consideram a classe de ocupação da edificação, a carga de incêndio
a altura a lotação, e a presença de equipamentos especiais como por exemplo caldeiras
ou tanques de armazenamento de materiais inflamáveis. Ou seja, consideram, o que se
faz, como se faz, com o que se faz, o quanto se tem estocado e quantas pessoas há no
local.
No Estado de São Paulo, a lei estadual complementar 1257 de 6 de janeiro de 2015
estabeleceu poder de polícia aos bombeiros, ou seja, os bombeiros podem entrar e
vistoriar um imóvel, para verificar se as medidas de prevenção e proteção contra
incêndios estão sendo cumpridas, independentemente de terem sido convidados ou
autorizados a entrar no imóvel pelo seu proprietário ou ocupante, podendo tomar as
medidas cabíveis, como advertência, multa ou mesmo a cassação do AVCB/CLCB

INSTRUÇÕES TÉCNICAS
ASSUNTO
01 Procedimentos Administrativos
02 Conceitos Básicos de Proteção Contra Incêndio
03 Terminologia de Proteção Contra Incêndio
04 Símbolos Gráficos para Projeto de Segurança Contra Incêndio
05 Segurança Contra Incêndio -Urbanística
06 Acesso de Viatura na Edificação e Área de Risco
07 Separação entre Edificações
08 Segurança Estrutural nas Edificações – Resistência ao fogo dos elementos de
construção.
09 Compartimentação Horizontal e Compartimentação Vertical
10 Controle de Materiais de Acabamento e Revestimento
11 Saídas de Emergência
12 Centros Esportivos e de Exibição – Requisitos de Segurança contra Incêndio
13 Pressurização de Escada de Segurança
14 Carga de Incêndio nas Edificações e Áreas de Risco
15 Controle de Fumaça
16 Plano de Emergência contra Incêndio
17 Brigada de Incêndio
18 Iluminação de Emergência
19 Sistemas de Detecção e Alarme de Incêndio
20 Sinalização de Emergência
21 Sistemas de Proteção por Extintores de Incêndio
22 Sistema de Hidrantes e de Mangotinhos para Combate a Incêndio
23 Sistema de Chuveiros Automáticos
24 Sistema de Chuveiros Automáticos para áreas de depósitos
25 Sistema de Resfriamento para Líquidos e Gases Inflamáveis e Combustíveis
26 Sistema Fixo de Gases para Combate a Incêndio
27 Armazenamento em silos
28 Manipulação, Armazenamento, Comercialização e Utilização de GLP
29 Comercialização, Distribuição e Utilização de Gás Natural
30 Fogos de Artifício
31 Segurança contra incêndio para heliponto e heliporto

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

32 Produtos perigosos em edificação e área de risco


33 Cobertura de Sapé, Piaçava e Similares
34 Hidrante Urbano
35 Túnel Rodoviário
36 Pátios de Contêineres
37 Subestações Elétricas
38 Proteção Contra Incêndios em Cozinhas Profissionais
39 Estabelecimentos destinados a restrição de liberdade
40 Edificações históricas, museus e instituições culturais com acervos museológicos
41 Inspeção visual em instalações elétricas de baixa tensão
42 Projeto Técnico Simplificado
43 Adaptação às normas de Segurança contra Incêndio - Edificações existentes
44 Proteção ao meio ambiente
45 Segurança contra incêndios em transporte sobre trilhos

12.4. OBJETIVOS DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS


Os objetivos de um sistema de proteção contra incêndios são:
• prioritariamente, a segurança das pessoas (que se encontram no interior do
edifício).
• restringir o surgimento de incêndios e prevenir sua propagação, por todo o
edifício.
• proteção do conteúdo e a estrutura do edifício.
• viabilizar o atendimento a emergências
• minimizar os danos materiais e ambientais
Para que estes objetivos sejam atingidos as seguintes medidas de segurança
contra incêndio são necessárias:
• o gerenciamento de risco de incêndio e planos de emrgência
• controle e natureza dos materiais (contidos na edificação e constituintes da
mesma).
• a compartimentação interna e seus materiais (resistência ao fogo).
• o dimensionamento do distanciamento entre as edificações.
• o acesso aos equipamentos de combate a incêndio dos bombeiros
• o dimensionamento da proteção e resistência ao fogo da estrutura da
edificação.
• o dimensionamento dos sistema de detecção e alarme.
• o dimensionamento dos dispositivos para controle do movimento de fumaça.
• o dimensionamento dos sistemas de chuveiros automáticos.
• o dimensionamento dos sistemas manuais para combate a incêndio, como
hidrantes, mangotinhos e extintores
• o dimensionamento das rotas de escape, inclusive elevador de emergência,
quando cabível.
• o controle das fontes de ignição e riscos de incêndio, inclusive o sistema de
proteção contra descargas atmosféricas (SPDA).
• o acesso aos equipamentos de combate a incêndio.
• o treinamento de brigadistas ou equivalentes, para combater o princípio de
incêndio.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

• o treinamento do pessoal de brigadistas ou equivalentes, para coordenar o


abandono seguro da edificação e do treinamento de abandono em si, por parte
de toda a população que se encontre em seu interior.
• o gerenciamento e manutenção dos sistemas instalados.
• Evitar o início do incêndio e minimizar os danos ao meio ambiente ao patrimônio
decorrentes do incêndio.
Na cidade de São Paulo, a prefeitura do município com seu Código de Obras e
Edificações (Lei 16642/2017), sob fiscalização do Departamento de Controle de Uso de
Imóveis (SEGUR, antigo CONTRU), legisla sobre a matéria, fazendo parte das
exigências o AVCB ou CLCB, para que se emita o Auto de Verificação de Segurança
(AVS). O SEGUR exige outros itens, como por exemplo a acessibilidade a portadores de
deficiências físicas, medidas específicas quando da existência de tanques e materiais
inflamáveis, registro fiscalização e de elevadores e exigências para locais de reuniões e
eventos temporários.

Tinturaria
Tanque
de óleo
Tecelagem

Casa de
caldeiras
Estoque fios

Estoqueprodutos acabados

Figura 12.10. Exemplo de layout de instalação em uma indústria têxtil, com identificação
de áreas e equipamentos e indicação de dimensões e distâncias.

12.5. MEDIDAS DE PROTEÇÃO


12.5.1. Medidas De Proteção Ativas
As medidas de proteção ativas são os sistemas de detecção e de alarme, os
sistemas de extinção manual, os sistemas de extinção automática, os extintores de
incêndio, os hidrantes e mangotinhos e os sistemas de chuveiros automáticos.

12.5.2. Medidas De Proteção Passivas


As medidas de proteção passiva referem-se a ao controle de materiais, à existência
de meios de escape, à compartimentação (horizontal e vertical), à proteção estrutural da
edificação e à separação entre edificações.
Os objetivos da compartimentação são a contenção do fogo em seu ambiente de
origem, a manutenção de rotas de fuga seguras contra os efeitos do incêndio e facilitar as
operações de resgate e combate ao incêndio.

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

As paredes corta-fogo devem sob ação do fogo apresentar resistência mecânica e


estabilidade, estanqueidade à propagação das chamas, isolamento térmico (a face não
exposta o fogo pode atingir no máximo 140 o C) e que no caso de separação de
edificações seja portante, ou seja estruturalmente independente dos prédios.
A compartimentação horizontal é a separação de áreas existentes em um mesmo
nível, de maneira que se ocorrer um incêndio em uma das áreas, não se propagará
imediatamente à outra área vizinha.

Como exemplos de medidas de compartimentação horizontal, podem ser citadas:


• paredes corta fogo de compartimentação de áreas.
• portas e vedadores corta fogo nas paredes de compartimentação de áreas.
• selagem corta fogo nas passagens das instalações prediais existentes nas
paredes de compartimentação.
• registros corta-fogo nas tubulações de ventilação e de ar condicionado que
transpassam as paredes de compartimentação.
• paredes corta-fogo de isolamento de risco entre unidades autônomas .
• paredes corta-fogo entre unidades autônomas e áreas comuns.
Compartimentação horizontal
• portas corta-fogo de ingresso nas unidades autônomas.

A Compartimentação
Compartimentação horizontal B horizontal

Compartimentação
A B Compartimentação horizontal
horizontal
A B
Vista lateral
Vista lateral

A B A B

Vista lateral Vista lateral


Figura 12.11a. Compartimentação Horizontal – Vista lateral.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Compartimentação horizontal
1,0
2,0

0,9
Porta corta-fogo

2,0 1,0

Vista em planta (metros)


Figura 12.2b. Compartimentação Horizontal – Vista em planta (metros).

A compartimentação vertical é a separação de áreas existentes em níveis distintos,


de maneira que se ocorrer um incêndio em um dos níveis, não se propagará
imediatamente à outra área acima ou abaixo.
Como exemplos de medidas de compartimentação horizontal, podem ser citadas:
• paredes corta fogo de compartimentação de áreas.
• portas e vedadores corta fogo nas paredes de compartimentação de áreas.
• enclausuramento dos dutos (“shafts”) por meio de paredes corta-fogo.
• enclausuramento das escadas por meio de paredes e portas corta-fogo.
• selagem corta fogo dos dutos (“shafts”) na altura dos pisos e/ou entrepisos.
• paredes resistentes ao fogo na envoltória da edificação.
• parapeitos ou abas resistentes ao fogo, separando aberturas de pavimentos
consecutivos.
• registros corta fogo nas aberturas em cada pavimento dos dutos de ventilação e
de ar condicionado.

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio
Compartimentação vertical
Compartimentação vertical

B B

A vertical Compartimentação
Compartimentação C A
vertical
Frente Lateral Lateral
Frente

B B

Compartimentação vertical
A A

CompartimentaçãoLateral
vertical
Frente Lateral Frente
0,9 m

B
B
A
A

Frente Lateral Frente Lateral


Figura 12.12. Compartimentação Vertical.
Com relação aos elementos estruturais, é importante observar que os aços
convencionais a cerca de 500o C perdem cerca de 50% de sua resistência mecânica.
O concreto por sua vez lasca a temperaturas da mesma ordem de grandeza. Caso
a estrutura seja de concreto armado, a armadura poderá ficar exposta.
O vidro por sua vez, em temperaturas da ordem de 100 a 150 o C, por não
conseguir dilatar-se de maneira homogênea, rompe-se .
A fim de estudar o comportamento dos materiais expostos ao fogo, são
desenvolvidos modelos matemáticos, tabelas e executados testes de laboratório.
O Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF) é um dos resultados que são
obtidos nas pesquisas e ensaios. O TRRF é o tempo de resistência ao fogo dos
elementos construtivos da edificação. O TRRF também pode ser calculado pelo tempo
equivalente.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
227
Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Segundo a IT08 (Resistência ao fogo dos elementos construtivos), o tempo


equivalente obtem-se a partir da seguinte fórmula:

t eq = q fi   n   s  K  W  30 minutos

• teq – tempo equivalente (minutos).


• q fi – carga de incêndio (MJ/m²).
•  n =  n1   n 2   n3 – coeficiente adimensional que leva em conta a presença de
medidas de proteção ativa da edificação, determinado conforme a tabela 12.2.
Brigada de incêndio (profissional ou não).
•  s =  s1   s 2 – coeficiente de segurança que depende do risco de incêndio e
das consequências do colapso da edificação, determinado conforme tabelas
12.3 e 12.4.
• K – fator determinado conforme tabela 12.1.
  Av 
4

0,3
 90 0,4 −  
6   A f  
• W =   0,62 +   0,5
  
H  A A
1 + 12,51 + 10 v  h 
  Af  Af 
 
H – altura do compartimento (m).
Av – área de ventilação vertical – janelas (m²).
Ah - área de ventilação horizontal – piso (m²)
Av – área de piso (m²)

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Tabela 12.1. fator K

ρ c λ (J/m² s1/2 °C) K (min m²/ MJ)


ρ c λ  2500 0,040
720  ρ c λ  2500 0,055
ρ c λ  720 0,070
ρ – massa específica do elemento de vedação do compartimento (kg/m³)
c – calor específico do elemento de vedação do compartimento (MJ/kg°C)
λ – condutividade térmica do elemento de vedação (W/m°C)
Obs.: Não computar forros e revestimentos que possam ser destruídos pela ação do incêndio.
Fonte: Instrução Técnica N° 8 - Resistência ao fogo dos elementos construtivos

Tabela 12.2. Fatores das medidas de segurança contra incêndio


Valores de  n1   n 2   n3
Existência de chuveiros Existência de detecção
Brigada contra incêndio (  n 2 )
automáticos (  n1 ) automática (  n3 )
Não profissional Profissional
0,6 0,9
0,9 O,6
Na ausência de algum meio de proteção, deve ser adotado o respectivo n igual a 1.
Fonte: Instrução Técnica N° 8 - Resistência ao fogo dos elementos construtivos

Tabela 12.9. Características da edificação


Valores de  s1
Área do Altura da edificação (h)
compartimento Térreo h ≤ 12m 12m < h ≤ 23m h > 23m
≤ 750 1,00 1,00 1,25 1,50
≤ 2.500 1,00 1,30 1,50 2,00
≤ 5.000 1,05 1,45 1,75 2,50
≤ 10.000 1,10 1,55 - -
≤ 20.000 1,20 1,65 - -
Fonte: Instrução Técnica N° 8 - Resistência ao fogo dos elementos construtivos

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Tabela 12.4. Risco de ativação

Valores de  s 2 Risco de ativação do


Exemplos de ocupação
incêndio
Biblioteca, correio, escola,
galeria de arte, igreja,
museu, livraria, frigorífico,
0,85 Pequena
escritório, venda de
acessórios de automóveis,
depósitos em geral.
Cinema, consultório,
médico, farmácia, hotel,
hospital, laboratório
fotográfico, indústria de
papel, oficina elétrica ou
1,00 Normal
mecânica, residência,
restaurante, teatro,
depósitos de produtos
farmacêuticos, bebidas
alcoólicas.
Montagem de automóveis,
1,20 Média
hangar, indústria mecânica.
Laboratório, químico,
1,45 Alta oficina de pintura de
automóveis.
Fonte: Instrução Técnica N° 8 - Resistência ao fogo dos elementos construtivos

Quanto à separação entre edificações, objetiva que o fogo não atinja (e se


propague) nas edificações vizinhas, seja horizontal ou verticalmente.
Os parâmetros utilizados na IT07 (Separação entre edificações ) são área de face,
a área envidraçada, a carga de incêndio, altura e a compartimentação.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
Separação entre edificações Separação entre edificações
Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio
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Separação entre edificações


Separação entre edificações
Edifício expositor Edifício em exposição Edifício expositor Edifício em exposição

Edifício expositor Edifício em exposição


Separação entre edificações Separação entre
Edifício expositor edificações
Edifício em exposição

Edifício expositor Edifício em exposição


Edifício expositor Edifício em exposição

Figura 12.13a. Separação entre Edificações.

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Separação entre edificações
Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Separação
Separação entre edificações
A B entre edificações

Vista Lateral

Separação
CA entre Bedificações
Separação
A entreBedificações

Vista Lateral Vista Lateral

A B A B

Vista Lateral Lateral


Figura 12.4b. Separação entre Edificações – Vista Lateral

Com relação aos materiais de acabamento e revestimento estes devem ser


criteriosamente controlados, especialmente em áreas superiores a 750 m2 ou edificações
com mais de 12,0 metros de altura, sejam os materiais empregados no piso, paredes,
divisórias, teto, forro e cobertura. Os materiais são classificados de acordo com a
capacidade de propagar chama e de produzir fumaça.

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

12.6. CARGA DE INCÊNDIO


A carga de incêndio é a soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas
pela combustão completa de todos os materiais combustíveis em um espaço, inclusive os
revestimentos das paredes, divisórias, pisos e tetos. Como exemplo, 1Kg de madeira
gera 19,0 MJ.
A carga de incêndio específica é resultado da divisão da carga de incêndio pela
área do piso do espaço considerado, expresso em megajoules (MJ) por metro quadrado
(m2). O anexo A da IT 14 (Carga de incêndio em edificações) apresenta tabelas de
atividades e as respectivas cargas de incêndio específicas. O anexo B apresenta a tabela
Exemplo: classe de ocupação
em MJ/Kg de materiais para depósitos a cada 500 m 2 de área de armazenagem.
Em seguida será apresentado um pequeno exemplo da aplicação das tabelas das
ITs.

Tabela 12.10a. Classe de Ocupação.

Grupo Ocupação/Uso Divisão Descrição Exemplos

Casas térreas ou assobradadas (isoladas e


A-1 Habitação unifamiliar
não isoladas) e condomínios horizontais

A Residencial A-2 Habitação multifamiliar Edifícios de apartamento em geral

Pensionatos, internatos, alojamentos,


A-3 Habitação coletiva mosteiros, conventos, residências geriátricas.
Capacidade máxima de 16 leitos

Fonte: Decreto Estadual 63911/18

Exemplo: classe de ocupação


Fonte: Decreto Estadual 46076/01
Tabela 12.5b. Classe de Ocupação.

Grupo Ocupação/Uso Divisão Descrição Exemplos

Atividades que manipulam materiais com


Locais onde as atividades baixo risco de incêndio, tais como fábricas em
exercidas e os materiais geral, onde os processos não envolvem a
utilizados apresentam baixo utilização intensiva de materiais combustíveis
I-1 potencial de incêndio. (aço; aparelhos de rádio e som; armas; artigos
Locais onde a carga de de metal; gesso; esculturas de pedra;
incêndio não chega a ferramentas; fotogravuras; jóias; relógios;
2
300MJ/m sabão; serralheria; suco de frutas; louças;
metais; máquinas)

Locais onde as atividades


Atividades que manipulam materiais com
I Indústria exercidas e os materiais
médio risco de incêndio, tais como: artigos de
utilizados apresentam
vidro; automóveis, bebidas destiladas;
I-2 médio potencial de
instrumentos musicais; móveis; alimentos
incêndio. Locais com carga
marcenarias, fábricas de caixas e
de incêndio entre 300 a
2 assemelhados
1.200MJ/m

Fabricaçãoindustriais
Atividades de explosivos,
queatividades
envolvam
Locais onde há alto risco de
industriais que envolvam líquidos e gases
incêndio. Locais com carga inflamáveis, materiais oxidantes,
I-3 inflamáveis, materiais oxidantes, destilarias,
de incêndio superior a ceras, espuma
refinarias, sintética,
ceras, espuma grãos,
sintética, elevadores
1.200 MJ/m² tintas, borracha, processamento de
de grãos, tintas, borracha e assemelhados
lixo
Fonte: Decreto Estadual 46076/01 Fonte: Decreto Estadual 63911/18

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Exemplo:altura
Tabela 12.5c. Altura.
CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES QUANTO À ALTURA

Tipo Denominação Altura

I Edificação Térrea Um pavimento

II Edificação Baixa H  6,00 m

Exemplo: risco de incêndio


V Edificação Mediamente Alta 23,00 m < H  30,00 m

VI Edificação Alta Acima de 30,00 m

Fonte: Decreto Estadual 63911/18


Fonte: Decreto Estadual 46076/01
Tabela 12.5d.
CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES RiscoDE
E ÁREAS deRISCO
Incêndio.
QUANTO À CARGA DE INCÊNDIO

Risco Carga de Incêndio MJ/m²

Baixo até 300MJ/m²

Médio Entre 300 e 1.200MJ/m²

Alto Acima de 1.200MJ/m²

Fonte: Decreto Estadual 63911/18

Fonte: Decreto Estadual 46076/01

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Tabela 12.5e. Exigências de “H” e “S” (H<12,0 m e S<750 m²).

Fonte: Decreto Estadual 63911/18

12.7. BRIGADAS DE COMBATE A INCÊNDIO


O tema está contemplado na IT 17 (Brigadas de incêndio) e na norma NBR 14276.
O número de componentes da brigada é função da atividade desenvolvida no
prédio, do número de andares, da população fixa no pavimento, das medidas de
prevenção e emergência existentes. A brigada deve contar com os meios apropriados
para combater um princípio de incêndio, além de ser periodicamente treinada em campo
e participando de simulados. Nos simulados de abandono a participação e a disciplina de
todos é fundamental.

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Como informação complementar da formação da brigada, deve estar afixado


próximo as entradas da edificação um memorial em que se apontam os riscos em
potencial da edificação, a população fixa e a flutuante, os meios de escape, os planos de
ajuda mútua, a distância e localização das unidades do Corpo de Bombeiros e hospitais.
As ações preventivas da brigada de combate a incêndio devem incluir avaliação de
riscos, a inspeção geral de equipamentos de combate, a inspeção de rotas de fuga, o
relato de encaminhamento de quaisquer irregularidades, a orientação às populações fixa
e flutuante e preparação e participação em simulados.
Os simulados parciais devem ser realizados a cada 3 meses e os totais a cada 6
meses. É fundamental o controle do horário e tempo de abandono, observando-se ainda
o comportamento da brigada e da população, além de falhas operacionais e de
equipamentos e se possível a participação das equipes do plano de auxílio mútuo.
Deve-se ter especial atenção ao comportamento da população, pois as causas
mais frequentes de acidentes se relacionam justamente ao comportamento das pessoas,
como por exemplo: ocorrência de pânico, de tumulto, desobediência da ordem de
abandono do local, retorno ao local e utilização de elevadores.
Quando da ocorrência de uma emergência, a brigada deverá ser capaz de
identificar a situação, combater o início de incêndio, acionar o alarme, promover o
abandono da área, cortar o fornecimento de energia elétrica, acionar e recepcionar o
Corpo de Bombeiros e proporcionar os primeiros socorros.

Nota 12.1.

Você engenheiro (a) de segurança percebe que o comportamento de um brigadista

foi inadequado no último simulado: ele se descontrolou e começou a gritar com os

demais participantes. O que você faz?

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
236
Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

12.8. ANÁLISE DE CAUSAS DE INCÊNDIOS E EXPLOSÕES


As ocorrências envolvendo incêndios e explosões, muitas delas trágicas, são fontes
inestimáveis de aprendizagem para que não sejam repetidas.
Representam uma oportunidade de aperfeiçoamento e a possibilidade de
reconhecimento de boas práticas.
A pesquisa e o aprimoramento técnico permitem o estabelecimento de novos
requisitos, que irão refletir-se em novas normas, em uma fiscalização mais rigorosa, em
uma melhor qualidade dos materiais empregados, na disseminação de campanhas de
conscientização, formação e educação e no desenvolvimento de equipamentos e
técnicas de combate mais eficientes.

Pesquisa e aprimoramento técnico

História
Desenvolvimento tecnológico
Necessidades
Equipamentos e tecnologias
Regulamentos
Qualidade dos materiais
Aplicação
Normas
Fiscalização
Equipamentos de combate
Educação
Utilização
Técnicas de combate

Figura 12.14. Pesquisa e aprimoramento técnico.

Algumas normas técnicas que tratam dos temas relacionados à prevenção e


combate a incêndio encontram-se na Associação Brasileira de Normas Técnicas e
encontram-se listadas a seguir.

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eST -201 Proteção Contra Incêndios e Explosões – Parte A / PECE, 2o ciclo de 2023.
237
Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

Normas ABNT

• NBR 6125 – Chuveiros automáticos para extinção de incêndio – Métodos de


ensaio.
• NBR 6135 – Chuveiros automáticos para extinção de incêndio – Especificações.
• NBR 6479 – Portas e vedadores – Determinação de resistência ao fogo.
• NBR 7532 – Identificadores de extintores de incêndio – Dimensões e cores.
• NBR 8222 – Execução de sistemas de proteção contra incêndio, em
transformadores e reatores de potência por drenagem e agitação do óleo isolante.
• NBR 8654 – Pó para extinção de incêndio – Determinação da massa específica
aparente.
• NBR 8655 – Pó para extinção de incêndio – Determinação do teor de
bicarbonato.
• NBR 8656 – Pó para extinção de incêndio – Determinação da fluidez.
• NBR 8657 – Pó para extinção de incêndio – Determinação do teor de umidade.
• NBR 8658 – Pó para extinção de incêndio – Verificação do efeito de
temperatura elevada.
• NBR 8659 – Pó para extinção de incêndio – Verificação da tendência à
aglomeração.
• NBR 8660 – Revestimento de piso – Determinação da densidade crítica de fluxo
de energia térmica.
• NBR 8674 – Execução de sistemas fixos automáticos de proteção contra
incêndio com água nebulizada para transformadores e reatores de potência.
• NBR 9441 – Execução de sistemas de detecção e alarme de incêndio.
• NBR 9442 – Materiais de construção – Determinação do índice de propagação
superficial de chama pelo método painel radiante.
• NBR 9443 – Determinação classe A – Ensaio de fogo em engradado de
madeira.
• NBR 9444 – Determinação classe B – Ensaio de fogo em líquido inflamável.
• NBR 9654 – Indicadores de pressão para extintores de incêndio.
• NBR 9694 – Pó para extinção de incêndio – Verificação da propriedade
extintora.
• NBR 9695 – Pó para extinção de incêndio.
• NBR 9696 – Pó para extinção de incêndio – Análise granulométrica.
• NBR 9697 – Pó para extinção de incêndio – Verificação do envelhecimento.
• NBR 10636 – Paredes divisórias sem função estrutural – Determinação da
resistência ao fogo.
• NBR 10720 – Prevenção e proteção contra incêndio em instalações
aeroportuárias.
• NBR 10721 – Extintores de incêndio com carga de pó.
• NBR 10897 – Proteção contra incêndio por chuveiro.
• NBR 10898 – Sistema de iluminação de emergência.
• NBR 11711 – Porta e vedadores corta-fogo com núcleo de madeira para
isolamento de riscos de ambientes comerciais e industriais.
• NBR 11715 – Extintores de incêndio com carga d’água.
• NBR 11716 – Extintores de incêndio com carga de gás.
• NBR 11742 – Porta corta-fogo para saída de emergência.
• NBR 11751 – Extintores de incêndio com carga para espuma mecânica.

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

• NBR 11762 – Extintores de incêndios portáteis de hidrocarbonetos


halogenados.
• NBR 11785 – Barra antipânico.
• NBR 11830 – Líquido gerador de espuma de película aquosa (AFFF) a 6% para
uso aeronáutico.
• NBR 11836 – Detectores automáticos de fumaça para proteção contra incêndio.
• NBR 11861 – Mangueira de incêndio.
• NBR 11863 – Carga para extintor de incêndio à base de espuma química e
carga liquida.
• NBR 11983 – Pó para extinção de incêndio – Determinação da tensão elétrica
de ruptura.
• NBR 11984 – Pó para extinção de incêndio – Determinação do teor de fósforo.
• NBR 11985 – Pó para extinção de incêndio – Determinação do teor de cloreto.
• NBR 11986 – Pó para extinção de incêndio – Determinação do teor de amônia.
• NBR 11987 – Pó para extinção de incêndio – Determinação do teor de
hidroscopicidade.
• NBR 11988 – Pó para extinção de incêndio – Determinação do teor de sódio.
• NBR 11989 – Pó para extinção de incêndio – Determinação do teor de potássio.
• NBR 12098 – Mangueira de incêndio – Determinação sob pressão hidrostática.
• NBR 12099 – Mangueira de incêndio – Aderência entre reforço têxtil e
revestimento polimérico.
• NBR 12100 – Mangueira de incêndio – Resistência a abrasão.
• NBR 12232 – Execução de sistemas fixos automáticos de proteção contra
incêndio com gás carbônico (CO2) por inundação total para transformadores e
reatores de potência contendo óleo isolante.
• NBR 12252 – Tática de salvamento e combate a incêndios em aeroportos.
• NBR 12285 – Proteção contra incêndio em depósitos de combustíveis de
aviação.
• NBR 12615 – Sistemas de combate a incêndio por espuma.
• NBR 12693 – Sistemas de proteção por extintores de incêndio.
• NBR 12779 – Inspeção, manutenção e cuidados em mangueiras de incêndio.
• NBR 12962 – Inspeção, manutenção e recarga em extintores de incêndio.
• NBR 12992 – Extintor de incêndio classe C – Ensaio de condutividade elétrica.
• NBR 13231 – Proteção contra incêndio em subestação elétrica de geração,
transmissão e distribuição.
• NBR 13434 – Sinalização de segurança contra incêndio e pânico – Formas,
dimensões e cores.
• NBR 13435 – Sinalização de segurança contra incêndio e pânico.
• NBR 13436 – Líquido gerador de espuma de película aquosa (AFFF) a 3% para
uso aeronáutico.
• NBR 13437 – Símbolos gráficos para sinalização contra incêndio e pânico.
• NBR 13485 – Manutenção de terceiro nível (vistoria) em extintores de incêndio.
• NBR 13714 – Instalações hidráulicas contra incêndio, sob comando, por
mangotinho.

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Capítulo 12. Papel da Engenharia de Segurança no Sistema de Combate a Incêndio

12.9. TESTES

1. Assinale a alternativa correta. “Faz parte das atribuições legais dos Bombeiros no
Estado de São Paulo a autorização para execução de projetos. Para análise os
Bombeiros baseiam-se no decreto – lei 63911/2018 e em suas _____ instruções
técnicas (IT)”.
a) 30.
b) 45.
c) 40.
d) 56.
e) N.d.a.

2. Assinale a alternativa incorreta:


“Os objetivos de um sistema de proteção contra incêndios são:”
a) A segurança das pessoas (que se encontram no exterior do edifício).
b) Prevenção da propagação, por todo o edifício.
c) Proteção do conteúdo e a estrutura do edifício.
d) Minimizar os danos materiais.
e) N.d.a .

3. “A compartimentação horizontal é a separação de áreas existentes em


um______________, de maneira que se ocorrer um incêndio em uma das áreas,
_____________imediatamente à outra área vizinha.”
a) outro nível / se propagará.
b) mesmo nível / não se propagará.
c) outro nível / não se propagará.
d) mesmo nível / se propagará.
e) N.d.a.

4. Assinale a alternativa correta. “Com relação aos elementos estruturais, é importante


observar que os aços convencionais a cerca de 500 o C perdem cerca de_______ de
sua resistência mecânica.”
a) 100%.
b) 50%.
c) 10%.
d) 5%.
e) N.d.a.

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5. Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso:


a) ( ) A carga de incêndio é a soma das energias caloríficas possíveis de serem
liberadas pela combustão completa de todos os materiais combustíveis em um
espaço, inclusive os revestimentos das paredes, divisórias, pisos e tetos.
b) ( ) A carga de incêndio específica é resultado da divisão da carga de incêndio
pela área do piso do espaço considerado, expresso em megajoules (MJ) por metro
quadrado (m2).
c) ( ) A brigada deve contar com os meios apropriados para combater um princípio
de incêndio, é treinada em campo uma vez tendo que participar de um simulado
opcional.
d) ( ) Nos simulados de abandono a participação e a disciplina de todos é opcional.
e) ( ) Deve-se ter especial atenção ao comportamento da população, pois as causas
mais frequentes de acidentes se relacionam justamente ao comportamento das
pessoas, como por exemplo: ocorrência de pânico, de tumulto, desobediência da
ordem de abandono do local, retorno ao local e utilização de elevadores.

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Bibliografia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BERTO, A. F. Gestão da segurança contra incêndio em edificações. In
Questões Atuais de segurança contra incêndio (apostila). Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo. São Paulo, 1998.

BERTO, A. F. Medidas de proteção contra incêndio: aspectos fundamentais a


serem considerados no projeto arquitetônico dos edifícios. Dissertação (mestrado) –
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991.

HARMATHY, T.Z. Fundamentals of designing building for safety. Ottawa,


NRCC, 1984.

ROSSO, T. Incêndios e Arquitetura. São Paulo, FAUUSP, 1975.

VENEZIA, A.P.P.G. Parâmetros para o projeto arquitetônico sob o aspecto da


segurança contra incêndio. São Paulo, 2004. Dissertação (Mestrado) – Instituto de
Pesquisa Tecnológicas do Estado de São Paulo.

BERTO, Antonio Fernando. Questões Atuais de Segurança contra Incêndio nas


Edificações. (Capítulos Reação ao Fogo e Compartimentação). Apostila. Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, São Paulo, 1998.

MITIDIERI, M.L.; ONO, R. Comportamento ao fogo de materiais de construção


– a necessidade de uma metodologia para sua classificação. In: Anais do Seminário
Internacional de Arquitetura e Urbanismo, Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da
Arquitetura e do Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1998

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