Você está na página 1de 37

1

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3

2 BIOSSEGURANÇA ........................................................................................ 4

2.1 Biossegurança e a lei ............................................................................... 9

2.2 Princípios de Biossegurança .................................................................. 10

2.3 Barreiras de contenção .......................................................................... 12

3 USO DAS PRECAUÇÕES-PADRÃO | VIA DE TRANSMISSÃO DE


MICRORGANISMOS .................................................................................................... 14

3.1 Fluxo de transmissão de microrganismos e assistência à saúde ........... 15

3.2 Precauções e prevenção de transmissão de microrganismos no ambiente


de assistência à saúde .............................................................................................. 16

3.3 Vias de transmissão de microrganismos ................................................ 22

4 RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE ................................................... 23

4.1 Classificação de RSS ............................................................................. 26

4.2 Manejo dos diferentes tipos de resíduos ................................................ 28

4.3 Elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de


Saúde 30

5 ACIDENTES COM MATERIAL BIOLÓGICO ............................................... 31

5.1 Fatores de risco para ocorrência de infecção ........................................ 32

5.2 Cuidados ao manusear material perfurocortante e biológico ................. 32

5.3 Procedimentos recomendados pós-exposição a material biológico ....... 33

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 36


1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para
que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a
pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual,
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida
e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

3
2 BIOSSEGURANÇA

Fonte: br.linkedin.com

A biossegurança é definida como “um conjunto de ações voltadas para a


prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa,
produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que possam
comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos
trabalhos desenvolvidos” aplicado a qualquer local que possa trazer riscos ao ser
humano (HINRICHSEN, 2018).
Outros conceitos referem-se ao ambiente com ações que visem “à segurança no
manejo de produtos e técnicas biológicas”, ou à prevenção de acidentes em ambientes
ocupacionais por meio do “conjunto de medidas técnicas administrativas, educacionais,
médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes em ambientes
biotecnológicos” (HINRICHSEN, 2018).
A biossegurança, portanto, relaciona-se à tecnologia, aos riscos e ao homem. Em
consequência, o risco biológico será sempre uma resultante de diversos fatores e
portanto, seu controle depende de ações em várias áreas, priorizando-se o
desenvolvimento e a divulgação de informações, além da adoção de procedimentos
correspondentes às boas práticas de segurança para profissionais, pacientes e meio
ambiente. Figura 1: Relações da biossegurança e conceitos.
4
Fonte: Hinrichsen, 2018

Conforme Hinrichsen (2018) a biossegurança pode ser vista:

• Como módulo, porque não tem identidade própria, não sendo, portanto, uma
ciência, mas sim, uma interdisciplinaridade que se expressa nas matrizes
curriculares dos seus cursos e programas, e esses conhecimentos diversos
oferecem à biossegurança uma diversidade de opções pedagógicas, que a
tornam extremamente atrativa;
• Como processo, porque é uma ação educativa, representada por um sistema de
ensino-aprendizagem, uma atividade que foca a aquisição de conteúdos e
habilidades, com o objetivo de preservação da saúde do Homem, das plantas,
dos animais e do meio ambiente;
• Como conduta, como um somatório de conhecimentos, hábitos, comportamentos
e sentimentos, que devem ser incorporados ao homem, para que este
desenvolva, de maneira segura, sua atividade, estando incorporado à
comunicação e à percepção do risco nos diversos segmentos sociais;
A partir do enfoque interdisciplinar, da sua atração curricular e do seu poder de
mídia/imagem, a biossegurança passou a ter interfaces no gerenciamento de riscos e
controle de infecções com os ambientes ocupacionais antes apenas monitorados pela
engenharia de segurança, medicina do trabalho, saúde do trabalhador e, até mesmo, da
infecção relacionada à assistência à saúde/comissões de controle de infecções
relacionadas à assistência à saúde/infecções hospitalares atuando de modo conjunto, e,
em muitos casos, incorporando essas outras atividades.

5
O ambiente hospitalar é considerado complexo, sendo composto por pessoas,
soluções, equipamentos, material contaminado com variados microrganismos, papéis, o
que favorece a ocorrência de acidentes. Para o perfeito funcionamento destes
ambientes, é necessário ter disciplina, ética, adesão às normas e legislação, pois a
ausência desses fatores em um ambiente extremamente hostil, tornam-se vulneráveis
aos riscos que o permeia.
A avaliação de risco incorpora ações que objetivam o reconhecimento ou a
identificação dos agentes biológicos e a probabilidade do dano proveniente destes, por
vários critérios, que dizem respeito não só ao agente biológico manipulado, mas também
ao tipo de ensaio realizado e ao próprio trabalhador. Assim, os agentes biológicos que
afetam o homem, os animais e as plantas são distribuídos em classes de risco, que são
definidos como o grau de risco associado ao agente biológico manipulado
(STAPENHORST, 2018).
De acordo com as Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material
Biológico, elaborado em 2004 pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do
Ministério da Saúde, os tipos de agentes biológicos são classificados em 5 classes,
sendo elas:
Classe de risco 1: (baixo risco individual e para a coletividade): inclui os agentes
biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos
sadios. Exemplo: Lactobacillus sp.
Classe de risco 2: (moderado risco individual e limitado risco para a
comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos
animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio
ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes.
Exemplo: Schistosoma mansoni.
Classe de risco 3: (alto risco individual e moderado risco para a comunidade):
inclui os agentes biológicos que têm capacidade de transmissão por via respiratória e
causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem,
medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na
comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa para pessoa.
Exemplo: Bacillus anthracis.

6
Classe de risco 4: (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes
biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão
desconhecida. Até o momento, não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz
contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças humanas e animais de alta
gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente.
Essa classe inclui, principalmente, os vírus. Exemplo: Vírus Ebola.
Classe de risco especial: Classe de risco especial (alto risco de causar doença
animal grave e de disseminação no meio ambiente): inclui agentes biológicos de doença
animal não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de
importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção
de alimentos. Exemplo: Achatina (caramujo-gigante-africano trazido para o Brasil para
produção e comercialização de escargot).
Dessa forma, para a manipulação dos microrganismos pertencentes a cada uma
das classes, devem ser atendidos os requisitos de segurança, conforme o nível de
contenção necessário, denominados Níveis de Biossegurança. Assim, de acordo com
suas características e sua capacitação para manipular microrganismos de risco 1, 2, 3
ou 4, os laboratórios são designados como nível 1 de biossegurança ou proteção básica
(P1), nível 2 de biossegurança básica (P2), nível 3 de biossegurança de contenção (P3)
e nível 4 de biossegurança de contenção máxima (P4), respectivamente Os quatro níveis
de biossegurança (NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4) estão em ordem crescente conforme o
maior grau de contenção e complexidade do nível de proteção (BRANDALISE, 2019).

Nível de Biossegurança 1
Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco 1),
que, normalmente, não causam doenças em seres humanos ou em animais de
laboratório:
➢ trabalho que envolva agentes bem caracterizados e conhecidos por não
provocarem doenças;
➢ trabalho em bancadas abertas;
➢ o laboratório não fica separado das demais dependências do edifício;
➢ é necessário o uso de EPIs (equipamento de proteção individual): jaleco, óculos
e luvas.
Nível de Biossegurança 2
7
Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco 2)
que sejam capazes de causar doenças em seres humanos ou em animais de laboratório,
sem apresentar risco grave aos trabalhadores, à comunidade ou ao ambiente. Trata-se
de agentes não transmissíveis pelo ar. Há tratamento efetivo e medidas preventivas
disponíveis, dessa forma, o risco de contaminação é pequeno. Especificações
estabelecidas para o NB-1 e mais:
➢ fazer uso de autoclave;
➢ trabalhar em cabine de segurança biológica;
➢ restringir o acesso ao laboratório, pois este deve ser limitado durante os
procedimentos operacionais;
➢ usar proteção facial, aventais e luvas.

Nível de Biossegurança 3
Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco 3)
que na maioria das vezes causam doenças em seres humanos, ou em animais, e podem
representar risco se forem disseminados na comunidade, mas, usualmente, existem
medidas de tratamento e prevenção:
➢ necessário que haja contenção para impedir a transmissão pelo ar;
➢ toda manipulação deverá ser realizada em cabine de segurança;
➢ todos os resíduos e outros materiais devem ser descontaminados ou
autoclavados antes de sair do laboratório;
➢ o acesso ao espaço é controlado;
➢ é importante ter sistemas de ventilação.

Nível de Biossegurança 4
Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco 4)
que causam doenças graves ou letais para seres humanos e animais, que são de fácil
transmissão por contato individual casual. Não existem medidas preventivas e de
tratamento para esses agentes:
➢ deve haver nível máximo de segurança;
➢ a instalação precisa ser construída em um prédio separado ou em uma
zona completamente isolada;
➢ ter cabines de segurança biológica ou com um macacão individual

8
suprido com pressão de ar positivo;
➢ controlar, de forma rigorosa, o acesso ao local;

2.1 Biossegurança e a lei

A biossegurança no Brasil está formatada legalmente para os processos


envolvendo organismos geneticamente modificados, de acordo com a Lei de
Biossegurança – 8.974 de 5 de janeiro de 1995 –, cujo art. 1º estabelece:

Art. 1º. Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de


fiscalização no uso das técnicas de engenharia genética na construção, cultivo,
manipulação, transporte, comercialização, consumo, liberação e descarte de
organismo geneticamente modificado (OGM), visando a proteger a vida e a
saúde do homem, dos animais e das plantas, bem como o meio ambiente
(BRASIL, 1995).

A figura 2 mostra as interfaces da biossegurança no gerenciamento de riscos e


controle de infecções.

Fonte: Hinrichsen, 2018

9
O órgão regulador dessa lei é a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio), integrada por profissionais de diversos ministérios e indústrias
biotecnológicas. Exemplo típico de discussão legal da biossegurança são os alimentos
transgênicos, produtos da engenharia genética, uma poderosa ferramenta para a
manipulação de genes, nascida em 1970 com Stanley Cohen e Herbert Boyer, que
introduziram um gene de sapo no DNA de uma bactéria. A partir daí, a humanidade
começou a presenciar o nascimento de uma tecnologia fantástica, principalmente pela
sua capacidade infinita de criação de novas formas de vida e bens de consumo.
No Brasil, essa lei vem sendo bastante discutida entre aqueles que a defendem e
aqueles que a rejeitam, embora sejam os argumentos de ambos os lados. Seus
defensores apregoam que a ciência não pode ser cerceada, que esses novos produtos
podem ser a salvação de muitas populações miseráveis no mundo e que alguns países,
como EUA, Espanha, Argentina, entre outros, já os vêm consumindo há algum tempo,
e, até o momento, nenhum agravo à saúde foi observado. Já os seus críticos apresentam
possíveis efeitos adversos dessa manipulação genética, como processos alergênicos,
resistência a antibióticos, agravos à biodiversidade planetária, entre outros. Essa mesma
corrente defende a rotulagem desses alimentos como um instrumento de proteção ao
consumidor (HINRICHSEN, 2018).

2.2 Princípios de Biossegurança

A biossegurança diz respeito a um conjunto de normas técnicas e equipamentos


que visam à prevenção da exposição dos profissionais da saúde, dos laboratórios e do
meio ambiente a agentes químicos e biológicos. Assim, os princípios gerais da
biossegurança envolvem:
➢ análise de riscos;
➢ uso de equipamentos de segurança;
➢ técnicas e práticas de laboratório;
➢ estrutura física dos ambientes de trabalho;
➢ descarte apropriado de resíduos;
➢ gestão administrativa dos locais de trabalho em saúde.

10
Nesse contexto, a análise de riscos é um aspecto fundamental da biossegurança,
de forma que, após analisar os riscos que a prática clínica de um estabelecimento pode
oferecer será possível pensar nas medidas de biossegurança que devem ser adotadas.
Os tipos de risco se dividem em biológicos, bioquímicos, químicos, físicos, acidentais e
ergonômicos (STAPENHORST, et al 2018).
Risco de acidente: É quando há um evento negativo e indesejável, causando
lesão pessoal ou dano material. Alguns exemplos são queimaduras, cortes e
perfurações.
Risco ergonômico: Quando há qualquer fator interferente na característica
psicomorfológica do trabalhador, afetando sua saúde. Por exemplo, transporte manual
de peso, movimento repetitivo, postura inadequada que pode gerar doença relacionada
ao trabalho.
Risco físico: Está relacionado a diversas formas de energia que o trabalhador
está submetido, como pressões anormais, temperatura extrema, ruído, vibrações,
radiações ionizantes, ultrassom.
Risco químico: É a exposição a agentes ou substâncias químicas presentes no
ambiente ou processo de trabalho que possam penetrar no organismo por via
respiratória, ser absorvido pela pele ou mesmo por ingestão.
Risco biológico: Está associado ao manuseio ou contato com materiais
biológicos, ou animais infectados com agentes biológicos que possam produzir efeitos
nocivos sobre os seres humanos, animais e meio ambiente.
A partir da identificação dos riscos apresentados no local de trabalho, pode-se
analisar as medidas de biossegurança cabíveis. Entre essas medidas, os equipamentos
de segurança agem como barreiras primárias de contenção de microrganismos,
promovendo uma barreira entre o profissional e o paciente, visando à proteção de
ambos. Esses equipamentos são classificados como equipamentos de proteção
individual (EPI) e coletiva (EPC).
Os EPIs visam à proteção da saúde do trabalhador e sua utilização é indicada
durante o atendimento aos pacientes, enquanto o profissional estiver em seu local de
trabalho. Alguns exemplos de EPIs são: luvas, jalecos, máscaras, toucas, lençóis
descartáveis, propé e óculos de proteção. No caso dos EPCs, temos esterilizadores,
estufas, autoclaves, kit de primeiros socorros, extintor de incêndio, material para

11
descarte, incluindo caixas amarelas para perfurocortantes, capelas de exaustão química,
entre outros (STAPENHORST, et al 2018).
No caso da estrutura física do local de trabalho, devem ser seguidas uma série
de normas sobre o ambiente de trabalho, em que a estrutura do estabelecimento deve
ser elaborada com a participação de especialistas, para garantir a segurança dos
trabalhadores e dos pacientes. A Anvisa possui um manual com diversas
recomendações sobre a estrutura de um local de serviços de estética, que abordam as
instalações elétricas e sanitárias, bem como as instalações de água, esgoto e as normas
sobre os diversos ambientes no local (STAPENHORST, et al 2018).

O descarte de resíduos é de extrema importância quando se trata de produtos


químicos e materiais biológicos que podem contaminar o meio ambiente. Assim,
o descarte apropriado deve seguir normas com bases científicas, técnicas,
normativas e legais no sentido de minimizar o risco de contaminação local e do
meio ambiente, bem como no sentido de diminuir a produção de resíduos. No
Brasil, devido às condições precárias do gerenciamento de resíduos, são
causados diversos problemas, como contaminação da água, do solo e da
atmosfera, que acabam afetando a saúde da população e dos profissionais de
saúde. Os resíduos gerados pelo serviço em saúde devem ser devidamente
encaminhados, coletados e transportados até o local de finalização, respeitando
a classificação adequada de acordo com a Anvisa e com o Conama, em que o
uso de latas de lixos e sacos plásticos apropriados são imprescindíveis
(STAPENHORST, et al 2018).

Por fim, a gestão administrativa dos locais de saúde é fundamental para que os
princípios citados acima sejam cumpridos. Esse setor é responsável pelo levantamento
dos agentes químicos e biológicos manipulados no estabelecimento, bem como das
rotinas e técnicas utilizadas, do gerenciamento de resíduos e da infraestrutura do local.
A gestão administrativa também deve identificar os riscos que o serviço apresenta e
avaliar o nível de contenção e as ações de biossegurança que devem ser realizadas.

2.3 Barreiras de contenção

Destinam-se à proteção dos profissionais da saúde contra os agentes


contaminantes por meio do uso adequado de EPIs, EPCs e também da adoção das boas
práticas de laboratório (BPLs) e da vacinação correta. O uso dos EPIs e EPCs promovem
a redução ou a eliminação da exposição da equipe de trabalho, de outras pessoas e do
meio ambiente àqueles agentes potencialmente perigosos (ZAVALHIA, 2019).
12
Existe uma norma do Ministério do Trabalho e Emprego, a Norma
Regulamentadora nº 6 (NR-6), que estabelece que o empregador tem o dever de adquirir
e fornecer os EPIs ao trabalhador, orientá-lo e treiná-lo para o seu uso correto,
armazenamento e conservação, além de realizar periodicamente a higienização e a
manutenção e, em caso de dano e/ou extravio, realizar a substituição dele. Veja a seguir
os EPIs conhecidos e utilizados (ZAVALHIA, 2019).
➢ Avental/jaleco: deve ser utilizado por todos os profissionais em ambiente de saúde.
Recomenda-se que seja confeccionado em algodão, com manga longa, punho
sanfonado, na altura dos joelhos e utilizado sempre fechado/abotoado. É
recomendado que esse avental não seja utilizado fora do ambiente de trabalho nem
guardado ou lavado junto com roupas pessoais.
➢ Luvas: devem ser utilizadas por todos os profissionais em ambientes de saúde que
manipulem amostras biológicas e reagentes e que trabalhem com lavagem de
materiais, manipulação de resíduos de saúde, transporte e estocagem de produtos
químicos ou em qualquer atividade com risco conhecido e atendimento ao paciente.
Essas luvas sempre devem ser descartadas corretamente, após o uso ou
manipulação de algum agente biológico, ou quando sua integridade estiver
comprometida. Sua fabricação pode ser em diferentes materiais e a escolha de
cada uma, deve atender às atividades a serem desenvolvidas.
➢ Máscaras e respiradores: são utilizados para promover a proteção de boca e nariz
contra respingos e/ou inalação de partículas em aerossol e substâncias químicas
que sejam voláteis e tóxicas.
➢ Óculos de proteção: são utilizados para proteger os olhos contra respingos de
material biológico, substâncias químicas e outras partículas.
➢ Sapatos: o uso de sapatos é recomendado para evitar respingos de substâncias ou
materiais biológicos, derramamento de líquidos e impacto de objetos diversos,
cacos vidros e materiais perfurocortantes, protegendo assim a saúde do
profissional. Importante saliente que estes, devem ser fechados, não podendo ser
utilizados chinelos, sandálias e outros calçados que sejam abertos.
➢ Cabelos: recomenda-se que os profissionais da saúde mantenham seus cabelos
presos, evitando que entre em contato com algum material no momento de
trabalho, evitando acidentes.

13
➢ Touca: nos ambientes hospitalares e laboratoriais, além de ser recomendado que
os cabelos fiquem presos, conforme o tipo de atividade a ser desenvolvida, os
cabelos necessitam também ser protegidos por toucas. As toucas protegem os
cabelos de possíveis agentes contaminantes que possam existir no local e evitam
que os cabelos contaminem uma área estéril.
Os EPCs têm o propósito de proteger o Meio ambiente, saúde e a integridade dos
indivíduos de determinada área. O seu uso pode ser em rotinas, ou em situações
emergenciais, logo, estes devem ser instalados em locais de fácil acesso e devidamente
sinalizados. Os principais EPCs são:
➢ autoclaves;
➢ cabine de segurança química;
➢ capelas de segurança biológica;
➢ chuveiros de emergência;
➢ estufas;
➢ extintores de incêndio;
➢ kit de primeiros socorros;
➢ lava-olhos.

3 USO DAS PRECAUÇÕES-PADRÃO | VIA DE TRANSMISSÃO DE


MICRORGANISMOS

Fonte: rioenfermagem.com

Na assistência à saúde, os profissionais de equipes multiprofissionais aplicam


diariamente medidas que buscam protegê-los de riscos ocupacionais relacionados a
infecções, assim como protegem os pacientes e outros. Assim, os profissionais da área
da saúde (PAS) devem ter conhecimentos não só das precauções básicas de proteção,
14
mas também das adicionais, aplicadas a pacientes infectados e/ou colonizados por
determinados microrganismos e que, por isso, precisam de “isolamentos” para evitar a
transmissão de microrganismos entre pessoas e no ambiente (HINRICHSEN, 2018).

Desde os anos 1970, vários têm sido os manuais para precauções e isolamentos
em hospitais publicados pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC),
com o objetivo de sistematizar práticas assistenciais seguras. As diversas
orientações relacionadas à proteção de pessoas e/ou de ambiente contra
processos infecciosos em unidades de saúde/hospitais variam, inclusive com a
descrição de categorias de isolamentos, identificadas por cores, segundo riscos
nas atividades de assistência (se estrito ou absoluto/blood precautions,
respiratório, protetor, entérico, pele e ferida, efusão e sangue) (HINRICHSEN,
2018).

No fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, com a epidemia de vírus da
imunodeficiência humana/síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV/AIDS), foram
publicadas as precauções universais que preconizavam a aplicação de medidas para
sangue e fluidos corporais a todos os pacientes, independente do estado infeccioso, não
sendo, porém, aplicáveis para fezes, secreções nasais, escarro, suor, lágrima, urina ou
vômitos, exceto se estes estivessem contaminados com sangue. Também foi acrescida
a necessidade do uso de equipamento de proteção individual (EPI) pelos PAS em
situação de exposição de mucosa. A higienização das mãos, uma prática antiga e pouco
adotada pelos PAS de modo habitual em todas as situações, também foi recomendada
logo após a retirada de luvas, além das indicações específicas sobre o manuseio de
agulhas e outros dispositivos perfurocortantes, focadas na exposição ocupacional a
patógenos transmitidos pelo sangue nos serviços de saúde (HINRICHSEN, 2018).

3.1 Fluxo de transmissão de microrganismos e assistência à saúde

Na prevenção da transmissão de microrganismos e aquisição de infecções, é


fundamental que se compreenda a via de transmissão deles, desde o início do contágio
e os elementos que o ocasionam, o que possibilita identificar os pontos nos quais é
possível atuar para impedir que a transmissão ocorra.
Na cadeia epidemiológica de transmissão de microrganismos no ambiente
hospitalar, é fundamental que ela se complete quando o agente infeccioso atinge o
hospedeiro suscetível, lembrando que o resultado da interação do hospedeiro com o
15
agente infeccioso varia. A partir daí, após a exposição a um microrganismo patogênico,
vários desfechos poderão ocorrer, como contaminação, doença/infecção ou
colonização. É muito importante que se tenha atenção às pessoas que têm contato com
agentes infecciosos e tornam-se colonizadas de maneira transitória ou permanente,
podendo permanecer assintomáticas durante todo o período em que albergar o agente
infeccioso adquirido. A relevância desse grupo na cadeia epidemiológica se deve ao fato
de essas pessoas passarem a ser reservatórios de agentes patogênicos nos serviços de
saúde/hospitais, fato este de grande impacto quando os microrganismos são bactérias
multirresistentes (HINRICHSEN, 2018).
Segundo Hinrichsen, (2018) a cadeia epidemiológica de transmissão de
microrganismos no ambiente hospitalar é composta por:
➢ Agente infeccioso (bactérias, vírus, fungos, protozoários, parasitas, príons)
➢ Fonte (pessoas, água, ar, soluções medicamentosas, equipamentos, mobílias)
➢ Porta de saída (excreção, secreções, gotículas, outros fluidos)
➢ Modo de transmissão (por contato direto/indireto, gotículas, aérea)
➢ Porta de entrada (tratos gastrintestinais, urinário, respiratório, pele não íntegra,
mucosas)
➢ Hospedeiro suscetível (imunossuprimidos, idosos, recém-nascidos, queimados,
cirúrgicos).

3.2 Precauções e prevenção de transmissão de microrganismos no ambiente de


assistência à saúde

O objetivo das precauções (padrão e específicas) consiste na prevenção da


transmissão de microrganismos a partir de pacientes/pessoas infectados e/ou
colonizados por patógenos para outros pacientes, visitantes, entre outros.
Define-se como contaminação a presença de microrganismos em superfícies sem
invasão tecidual ou relação de parasitismo, podendo ocorrer tanto em objetos
inanimados como em humanos, através da microbiota transitória da mão. A colonização
é o crescimento de um microrganismo em superfície epitelial do hospedeiro, sem
expressão clínica ou imunológica, através da microbiota humana normal. A infecção são
os danos resultantes de invasão e multiplicação microbiana no hospedeiro, ocorrendo a
16
interação imunológica. A ocorrência de sinais e sintomas caracteriza a doença ou
síndrome clínica infecciosa (HINRICHSEN, 2018).
A transmissão de microrganismos nos serviços de saúde/hospitais pode ser
prevenida e/ou controlada por precauções-padrão (PP) e/ou precauções específicas
(PE).
PRECAUÇÕES-PADRÃO

As PP (básicas) são consideradas como procedimentos que devem ser adotados


em estabelecimentos de saúde durante a assistência a qualquer paciente com processo
infeccioso e/ou com suspeita de contaminação (incluindo manipulação de objetos,
artigos, equipamentos, sangue e fluidos corpóreos), com o objetivo de reduzir o risco de
transmissão de microrganismos fontes de infecção, sejam eles conhecidos ou não.
Devem ser aplicadas em todos os pacientes, independentemente do diagnóstico e/ou
estado infeccioso, e durante a permanência no serviço de saúde/hospital.
São consideradas PP a higienização das mãos com água, sabão e o uso de EPI:
máscaras, luvas, avental, óculos protetores ou escudo facial. As vacinas também são
consideradas PP. Para que essas medidas sejam efetivas e aplicadas por todos os
profissionais, os serviços de saúde/hospitais devem implementar ações que viabilizem o
uso rotineiro das PP, como:
➢ Suporte administrativo: previsão de recursos financeiros, humanos e de
infraestrutura que possibilitem assistências seguras, com
monitoramento/feedback da adesão, avaliação e correção de falhas que
contribuam para a transmissão de microrganismos;
➢ Políticas e procedimentos: descrição clara sobre como aplicar na prática as
medidas das PP, que devem estar acessíveis a todos os PAS;
➢ Educação: adesão às políticas e aos procedimentos de práticas seguras de todos
os PAS, pacientes, familiares e visitantes;
➢ Cultura institucional de segurança: compromisso compartilhado pela liderança e
pelos profissionais com a qualidade e segurança do paciente e dos PAS.

PRECAUÇÕES ESPECÍFICAS

17
As PE são medidas adicionais que devem ser aplicadas junto com as PP, e
baseiam-se no modo de transmissão dos agentes etiológicos epidemiologicamente
relevantes. São denominadas segundo as vias de transmissão: por aerossóis, por
gotículas e por contato. Têm como objetivo proteger PAS e pacientes, interrompendo a
transmissão de microrganismos em caso de suspeita e/ou diagnóstico (HINRICHSEN,
2018).
Quando aplicadas as precauções (PP e/ou PE), o uso de EPI é essencial. São
considerados EPI: máscaras, luvas, avental e óculos de proteção, que devem estar junto
à higienização das mãos.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


Luvas
Trata-se de um dos EPI’s importantes, pois protegem a parte do corpo com maior
risco de exposição, que são as mãos. Devem ser utilizadas sempre que se entrar em
contato com sangue, fluidos corporais, secreções, excreções, produtos de saúde
contaminados, mucosas e pele não intacta. As luvas utilizadas nos diversos
procedimentos assistenciais são classificadas como cirúrgicas e de procedimentos
(HINRICHSEN, 2018).
As luvas cirúrgicas são feitas de látex, esterilizadas, descartáveis, e devem ser
utilizadas em procedimentos críticos. Mesmo as luvas de melhor qualidade não estão
livres de sofrer desgastes, microfuros e rasgos durante a cirurgia. Por isso, uma das
principais alternativas é o uso de luvas duplas, cuja eficácia vem sendo comprovada.
As luvas de procedimentos não críticos têm como objetivo dar proteção ao
trabalhador, não sendo necessário que sejam estéreis, mas limpas e trocadas entre um
paciente e outro, entre um procedimento e outro, e imediatamente retiradas após o uso.
As luvas de procedimentos estão indicadas durante atividades assistenciais
(punções, infusões, transfusões, extração, aspiração, recebimento de material
contaminado com espécimes do paciente, retirada dos campos cirúrgicos) em que as
mãos entrarão em contato direto com sangue e outros fluidos orgânicos do cliente, ou
quando houver algum risco de exposição a estes (HINRICHSEN, 2018).
A substituição das luvas por instrumentos de preensão, como pinça de Cheron,
deverá ser recomendada para separar papéis, luvas, compressas e roupas do hamper,

18
ou para apanhar materiais que caem no chão. O fechamento do hamper e de cestos de
materiais descartáveis ou lixo com técnica de isolamento tocando no lado externo destes
dispensa o uso de luvas (HINRICHSEN, 2018).
A sequência de colocação dos itens dos EPI consiste em: higienizar as mãos,
vestir o avental; colocar a máscara; colocar os óculos ou protetor facial; higienizar as
mãos; calçar as luvas. A sequência de retirada dos itens dos EPI consiste em: retirar as
luvas; higienizar as mãos; retirar o avental; retirar os óculos; retirar a máscara; higienizar
as mãos (HINRICHSEN, 2018).

MÁSCARAS, PROTETORES OCULARES E PROTETOR DE FACE


Devem ser usados quando houver riscos de aspersão de fluidos corpóreos para
o profissional durante os diversos procedimentos, como intubação traqueal, aspiração
traqueal com sistema aberto, retirada de drenos, retirada de cateter vesical, punções
arteriais e proximidade com pacientes incontinentes e/ou confusos (HINRICHSEN,
2018).
As máscaras podem ser do tipo cirúrgico (descartáveis), devendo ser trocadas a
cada 2 h, ou do tipo respirador-N95/PFF2, com eficácia de filtragem de, no mínimo,
95,1%, que tem capacidade de impedir o acesso do bacilo às vias respiratórias, sendo
desprezível a possibilidade de aerossolização das partículas aderidas. Esta máscara é
recomendada para casos de contato com tuberculose (TB) e deve ser usada ao se entrar
no quarto do paciente, durante o ato cirúrgico, em casos suspeitos ou confirmados de
tuberculose, ou quando forem realizadas necropsias (HINRICHSEN, 2018).
Antes de colocar a máscara (bem ajustada ao nariz e à boca), deve-se
sistematicamente higienizar as mãos. Enquanto o profissional estiver usando-a, não se
deve tocá-la nem guardá-la no bolso ou pendurá-la no pescoço após o uso, trocando-a
sempre que estiver úmida. Cada vez que retornar ao quarto privativo, o profissional
deverá usar uma nova máscara.
A proteção ocular tem sido recomendada para proteger especialmente os
trabalhadores, com o objetivo de evitar o contato direto da mucosa ocular com sangue e
outros fluidos do paciente. Porém, a sua utilização generalizada em centro cirúrgico tem
encontrado resistência, em função de diminuição visual do campo operatório,
embaçamento devido ao escape de respiração da máscara para dentro do visor
(HINRICHSEN, 2018).
19
AVENTAL
Trata-se de um EPI que deve ser utilizado durante procedimentos e/ou atividades
em que possa ocorrer contato da roupa com sangue/fluidos corporais e secreções.
O avental para procedimentos de risco ocupacional não precisa ser estéril, mas
tem que estar limpo, longo e de mangas compridas, para proteger roupas e superfícies
corporais sempre que houver risco de contaminação. Ele deve ser colocado e retirado
dentro do quarto ou na antessala; após usá-lo, deve-se descartá-lo em local apropriado,
higienizando-se as mãos em seguida (HINRICHSEN, 2018).
Os aventais não deverão ser pendurados para uso posterior, e não é
recomendado utilizar o mesmo avental de um paciente para outro durante os
procedimentos.
Em centros cirúrgicos, dependendo do tipo de cirurgia ou tempo de duração,
poderão estar indicados os aventais estéreis, compridos até os pés, totalmente
impermeáveis ou com reforço localizado na parte anterior do tronco e nos antebraços,
além de botas impermeáveis ou sapatos protegidos (HINRICHSEN, 2018).

GORRO
É importante saber que os cabelos soltos dispersam muitas partículas
carreadoras de bactérias, e a maioria não é espécie patogênica. Entretanto,
Staphylococcus aureus têm sido encontrados nos cabelos de algumas pessoas do staff
cirúrgico, especialmente nos pelos do nariz.
Embora as evidências científicas sobre a efetividade do gorro na prevenção de
infecções sejam poucas, no mínimo previne a queda de cabelos dentro da ferida. Este
equipamento não se usa rotineiramente como parte da paramentação, exceto em
situações que se exigem precauções com sangue e outros fluidos corpóreos, com risco
de esses fluidos atingirem os cabelos do profissional.
Quando indicado o seu uso, o gorro deve cobrir completamente os cabelos e não
deve ser tocado com as mãos contaminadas. Ao ser retirado, é preciso puxá-lo pela
parte superior central e descartá-lo no lixo (HINRICHSEN, 2018).

SITUAÇÕES DE RISCOS DE TRANSMISSÃO DE MICRORGANISMOS


ROUPAS E VESTIMENTAS CIRÚRGICAS

20
O risco de transmissão de microrganismos por meio de roupas usadas é
negligenciável se estas forem transportadas, manuseadas e lavadas de maneira
adequada.
Em salas de cirurgia, deve-se usar máscara que cubra inteiramente a boca e o
nariz quando der entrada no ambiente, se a cirurgia estiver por começar, em andamento,
ou se houver material cirúrgico exposto. Além disso, deve-se utilizar a máscara durante
toda a cirurgia, gorros que cubram por completo os cabelos da cabeça e face.
É preciso também usar luvas estéreis após a escovação das mãos e dos
antebraços, as quais devem ser colocadas após vestir o capote estéril. Os capotes e as
vestimentas cirúrgicas são barreiras efetivas, caso sejam molhados ou contaminados
(material que resista à penetração de líquidos). Deve-se trocar as vestimentas que se
apresentem sujas, contaminadas por sangue ou material potencialmente contaminante
(HINRICHSEN, 2018).

JALECO (AVENTAL BRANCO)


O jaleco ou avental é uma vestimenta de proteção recomendada para ser usada
dentro da área técnica/assistencial, com o objetivo de proteger a pele e as roupas do
profissional nas diversas atividades laboratoriais (coleta de amostras, manuseio de
material biológico ou químico) e no contato com superfícies, objetos e equipamentos do
laboratório que podem estar contaminados (HINRICHSEN, 2018).
O uso do jaleco tem sido recomendado em áreas técnicas/assistenciais. Ele não
pode ser usado em locais como elevadores, copas, refeitórios, toaletes e locais públicos,
principalmente durante deslocamentos entre ruas. Deve ser deixado no ambiente
técnico, em cabides ou vestiários específicos e, quando transportado, em bolsas/sacos
plásticos. Pode, entretanto, ser usado em áreas comuns quando estiverem sendo
transportados materiais biológicos, químicos, estéreis e/ou resíduos (HINRICHSEN,
2018).
Os jalecos devem ser usados limpos, e sua lavagem precisa obedecer a uma
periodicidade estabelecida, observando-se que, diante de sujidades com material
contaminado, não é viável usa-los. Além disso, recomenda-se que não sejam levados
para outros locais (incluindo casa). Segundo legislações, é recomendado que a
instituição ou empresa providencie a higienização das vestimentas utilizadas em
ambientes contaminados.
21
MOBILIÁRIO/MÓVEIS
Todos os móveis devem ser limpos e desinfectados com álcool a 70%, pois há
relatos de bactérias (Enterococcus sp. e Acinetobacter) que, mesmo na ausência de
matéria orgânica, sobrevivem por longo tempo no ambiente.

EQUIPAMENTOS
Todos os equipamentos devem ser processados de acordo com as normas
existentes. Estetoscópios, termômetros e esfigmomanômetros devem ser de uso
exclusivo dos pacientes sob precauções.

TALHERES, PRATOS, COPOS


Podem ser descartáveis. Quando não forem, podem ser higienizados com água
quente e detergentes usados nas máquinas de lavar, o que é suficiente para a sua
descontaminação. Outra opção é a sanitização dos utensílios com hipoclorito de sódio a
0,02%.

3.3 Vias de transmissão de microrganismos

As vias de transmissão de patógenos altamente transmissíveis ou de importância


epidemiológica, para os quais são necessárias precauções além das PP, são: pelo ar,
por gotículas e por contato direto ou indireto, na figura 3 podemos visualizar os modos
de transmissão pode contato direto e indireto.

22
Fonte: hospitalsantalucinda.com.br

4 RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Todos os resíduos gerados nas diversas unidades devem ser acondicionados em


saco branco leitoso resistente. Os artigos perfurocortantes devem ser descartados em
recipientes de paredes rígidas, que devem estar disponíveis em locais apropriados, de
preferência não sobre áreas que possam estar molhadas ou úmidas.

Os materiais perfurocortantes devem ser descartados separadamente, no local


de sua geração, imediatamente após o uso ou necessidade de descarte, em
recipientes rígidos, resistentes a ruptura e vazamento, com tampa, devidamente
identificados. É expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para
o seu reaproveitamento. As agulhas descartáveis devem ser desprezadas
juntamente com as seringas, sendo proibido reencapá-las ou retirá-las
manualmente (HINRICHSEN, 2018).

O volume dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a


produção diária do tipo de resíduo. Segundo a norma NBR 13.853/97, da ABNT/RDC-
306, de 2004, os recipientes devem ser descartados quando o preenchimento alcançar
2/3 de sua capacidade, ou o nível de preenchimento ficar a 5 cm de distância da sua
borda, sendo proibido o esvaziamento ou reaproveitamento (HINRICHSEN, 2018). A
figura 4 demostra como devem ser separados os resíduos.

23
Fonte: realbrasil.com.br

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), buscando a aprimorar,


atualizar e complementar os procedimentos da Resolução nº 283, de 2001, criou, em
2005, uma nova resolução relativa ao gerenciamento de RSS. Essa resolução busca a
minimizar riscos de acidentes de trabalho e a geração de resíduos. Nesse sentido, o
CONAMA prioriza ações preventivas e corretivas, de forma a minimizar, os danos à
saúde pública e ao meio ambiente. Vê-se, ainda, a necessidade de ações integradas
entre os órgãos municipais, estaduais e federais de meio ambiente, além dos de saúde
e de limpeza urbana. Portanto, visando à regulamentação do gerenciamento de RSS, foi
criada e Resolução 358.
Conforme França, (2020) essa resolução se aplica a todos os geradores de RSS,
os quais, para efeito desse regulamento, são definidos como todos os serviços
relacionados ao atendimento à saúde humana ou animal, inclusive:

➢ Serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo;


➢ Laboratórios analíticos de produtos para saúde;
➢ Necrotérios, funerárias e serviços onde sejam realizadas atividades de
embalsamamento;
➢ Serviços de medicina legal;
➢ Drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação;

24
➢ Estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde;
➢ Centros de controle de zoonoses;
➢ Distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuídores e
➢ produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;
➢ Unidades móveis de atendimento à saúde;
➢ Serviços de acupuntura;
➢ Serviços de tatuagem, entre outros.

É importante ressaltar que essa resolução não se aplica a fontes radioativas


seladas, as quais precisam seguir as determinações da Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN), nem às indústrias de produtos para a saúde, que devem seguir as
condições específicas do seu licenciamento ambiental. Assim, todos os geradores de
RSS necessitam, obrigatoriamente, responsabilizar-se pelos resíduos, desde a geração
até a disposição final, de maneira a atender aos requisitos ambientais, de saúde pública
e de saúde ocupacional (FRANÇA, 2020).

25
4.1 Classificação de RSS

Fonte: Adaptada – ABNT, NBR n. 7.500/2000.

Considerando que a segregação de resíduos no local e no momento de sua


geração permite reduzir o volume de resíduos que necessitam de manejo diferenciado,
o CONAMA (2005), propõe a classificação de resíduos da seguinte forma:
Grupo A: resíduos com possível presença de agentes biológicos. Nessa
classificação, os resíduos se dividem em:
▪ A1: culturas de microrganismos, resíduos de fabricação de produtos biológicos,
vacinas, resíduos de laboratórios de manipulação genética, resíduos de
atendimento a pessoas ou animais possivelmente infectados por agentes que
proporcionem elevado risco individual e elevado risco para a comunidade
(Classe de risco 4), bolsas de sangue rejeitadas por contaminação ou má
conservação, sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos

26
corpóreos ou materiais utilizados na assistência à saúde que contenham sangue
ou líquidos corpóreos.
▪ A2: resíduos de animais submetidos à inoculação de microrganismos ou
portadores de microrganismos de relevância epidemiológica.
▪ A3: peças anatômicas de seres humanos e produto de fecundação sem sinais
vitais com peso inferior a 500g e tamanho menor que 25cm, ou idade gestacional
menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e que não
tenham sido requisitados pelo paciente ou por familiares.
▪ A4: kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, filtros de ar e gases de
área contaminada, sobras de amostras de laboratório contendo fezes, urinas e
secreções de pacientes que não sejam suspeitos de conter agentes de Classe
de Risco 4, nem diferentes microrganismos com relevância epidemiológica,
resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro
tipo de procedimento, materiais de assistência à saúde que não contenham
sangue ou líquidos corpóreos livres, peças anatômicas e diversos resíduos
provenientes de procedimentos cirúrgicos, resíduos de animais não submetidos
à inoculação de microrganismos e bolsas transfusionais vazias.
▪ A5: órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes e demais
materiais de atenção à saúde com suspeita de contaminação por príons.
Grupo B: resíduos com substâncias químicas que podem apresentar risco à
saúde pública ou ao meio ambiente. Esses resíduos dizem respeito a produtos
hormonais e antimicrobianos, citostáticos, antineoplásicos, imunossupressores,
digitálicos, imunomoduladores, antirretrovirais, quando descartados por serviços de
saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos, resíduos
e insumos farmacêuticos, resíduos de sanitizadores e desinfetantes.
Os resíduos contendo metais pesados, reagentes para laboratórios e recipientes
contaminados por eles, efluentes de processadores de imagem, efluentes de
equipamentos automatizados de análises clínicas e demais produtos considerados
perigosos conforme a classificação da Norma Brasileira (NBR) 10.004 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (2004) (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).
Grupo C: materiais de atividades que contenham radionuclídeos em quantidades
superiores aos limites especificados pela CNEN e cuja reutilização é imprópria. Entre

27
eles, enquadram-se os materiais que contêm radionuclídeos e aqueles resultantes de
laboratórios de ensino e pesquisa da área da saúde, de laboratórios de análises clínicas
e de serviços de medicina nuclear e radioterapia.
Grupo D: resíduos equiparados com resíduos domiciliares, que não apresentam
risco biológico, químico ou radiológico. Nesse grupo, enquadram-se o papel de uso
sanitário, as fraldas, os absorventes higiênicos, os restos alimentares de pacientes, o
material utilizado em assepsia e o equipo de soro, as sobras de alimentos, o resto
alimentar de refeitório, os resíduos das áreas administrativas, os resíduos de varrição,
as flores, as podas e os jardins e também os resíduos de gesso.
Grupo E: materiais perfurocortantes ou escarificantes. São materiais como
lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas,
pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, tubos capilares, micropipetas, lâminas
e lamínulas, espátulas, todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas,
tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

4.2 Manejo dos diferentes tipos de resíduos

Conforme a Resolução 358, os RSS devem ser processados diferentemente, de


acordo com a sua classificação. Assim, os resíduos pertencentes ao Grupo A1 e A2
necessitam ser tratados de forma a reduzir a carga microbiana e, após, precisam ser
encaminhados para aterro sanitário licenciado ou outro local, que também tenha licença,
onde o Grupo A2 também pode ser encaminhado para sepultamento em cemitério de
animais. Os resíduos do Grupo A3, quando não houver requisição pelo paciente ou
familiares e/ou não tenham mais valor científico ou legal, podem ser encaminhados para
o sepultamento em cemitério ou para o tratamento térmico de incineração ou cremação
(FRANÇA, 2020).
Já os resíduos do Grupo A4 podem ser encaminhados para o local de disposição
final licenciado sem tratamento prévio, de forma que a exigência quanto ao tratamento
fique a critério dos órgãos municipais e estaduais. Os resíduos do Grupo A5, por outro
lado, devem ser submetidos a tratamento específico orientado pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA). De forma geral, nenhum dos resíduos do Grupo A pode

28
ser reciclado, reutilizado ou reaproveitado, nem mesmo para a alimentação animal
(FRANÇA, 2020).
Os resíduos do Grupo B que apresentarem periculosidade e que não forem
submetidos a processos de reutilização, recuperação ou reciclagem devem ser
submetidos a tratamento e disposição final específicos. Para isso, as características
desses resíduos estão contidas na Ficha de Informações de Segurança de Produtos
Químicos (FISPQ). Esse tipo de resíduo, quando está no estado sólido e quando não é
tratado, deve ser disposto em aterro de resíduos perigosos de Classe I. Já os resíduos
no estado líquido não devem ser encaminhados para disposição final em aterros.
Por outro lado, os resíduos do Grupo B que não apresentam periculosidade não
necessitam de tratamento prévio e, quando estão em estado sólido, podem ter a sua
disposição final em aterro licenciado, enquanto aqueles que estão no estado líquido
podem ser lançados na rede pública de esgoto, desde que concordem com as diretrizes
dos órgãos ambientais, dos gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes
(FRANÇA, 2020).
É importante destacar que os materiais resultantes das atividades geradoras de
RSS que contiverem radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção
da norma CNEN-NE-6.02 são considerados rejeitos radioativos (Grupo C), os quais
devem obedecer às exigências da CNEN. Esses rejeitos só são conhecidos como
resíduos depois de decorrer o tempo de decaimento necessário para atingir o limite de
eliminação. A partir desse momento, esses materiais passam a ser conceituados
resíduos biológicos, químicos ou comuns, e seu manejo deve ser feito conforme essa
categoria.
Os resíduos comuns (Grupo D), quando não forem passíveis de processo de
reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser encaminhados para o aterro
sanitário de resíduos sólidos urbanos licenciados. Caso contrário, devem atender às
normas legais de higienização e descontaminação e a Resolução CONAMA 275, de
2001.
Por fim, os resíduos do Grupo E precisam ter tratamento específico conforme a
contaminação biológica, química ou radiológica. Eles podem ser acondicionados em
coletores estanques, rígidos e hígidos, resistentes à ruptura, à punctura, ao corte ou à

29
escarificação e seu manejo deve ser realizado de acordo com as orientações relativas
ao tipo de contaminação presente (FRANÇA, 2020).

4.3 Elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

De acordo com a Resolução 358, todos os geradores de RSS devem elaborar e


implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), o
qual deve estar de acordo com a legislação vigente e com as normas de vigilância
sanitária. Para os efeitos dessa resolução, o PGRSS é considerado o documento
integrante do processo de licenciamento ambiental, conforme os princípios de não
geração de resíduos e de minimização da geração de resíduos. Esse documento aponta
e descreve as ações relativas ao manejo de RSS, incluindo os aspectos da geração, da
segregação, do acondicionamento, da coleta, do armazenamento, do transporte, da
reciclagem, do tratamento e da disposição final. Devem constar, ainda, as ações de
proteção à saúde pública e ao meio ambiente (FRANÇA, 2020).

O PGRSS é, portanto, como um manual documentado, no qual são descritos


todos os procedimentos relativos ao gerenciamento de resíduos de uma
instituição, incluindo os programas de treinamento e os indicadores de eficácia
do plano. Ainda, o PGRSS é um documento em que a avaliação e os ajustes
devem ser constantes com base nos indicadores. Tanto a Resolução 222, de
2018, da ANVISA, como a Resolução 358, de 2005, do CONAMA, têm por
finalidade a ação preventiva, portanto, o PGRSS é um plano que visa à saúde e
à segurança relativa aos RSS para todos os envolvidos direta e indiretamente,
por meio de medidas preventivas (FRANÇA, 2020).

No PGRSS, devem constar, ainda, todos os resíduos que não estejam


contemplados na Resolução 358. Além disso, seu gerenciamento deve seguir as
orientações específicas conforme a legislação vigente.
De acordo com, França (2020) o plano deve estar disponível para o órgão
ambiental competente, o qual pode solicitar informações adicionais ao PGRSS. Esse
órgão irá fixar os prazos para a regularização dos serviços e deverá apresentar o PGRSS
devidamente implantado. Esse documento deve ser elaborado por um profissional de
nível superior, que seja habilitado pelo seu conselho de classe e que apresente a
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), o Certificado de Responsabilidade
Técnica ou outro documento similar.

30
5 ACIDENTES COM MATERIAL BIOLÓGICO

Fonte: www.ebserh.gov.br

A exposição a material biológico potencialmente contaminado pode resultar em


infecção por patógenos como o vírus da imunodeficiência humana e os vírus das
hepatites B e C. Os acidentes ocorrem habitualmente através de ferimentos com
agulhas, material ou instrumentos cortantes ou a partir do contato direto da mucosa
ocular, nasal, oral e pele não íntegra com sangue ou materiais orgânicos contaminados,
sendo, portanto, potencialmente preveníveis (FILHO, 2017).
Caracterizam-se pelo contato de mucosas e pele não íntegra ou acidente
percutâneo com sangue, ou qualquer outro material biológico potencialmente infectante,
como sêmen, secreção vaginal, nasal e saliva, líquor, líquido sinovial, peritoneal,
pericárdico e amniótico.
As exposições ocupacionais podem ser percutâneas: lesões provocadas por
instrumentos perfurantes e/ou cortantes (agulhas, bisturi, vidrarias), em mucosas:
respingos em olhos, nariz, boca e genitália, e em pele não-íntegra: dermatites.

31
5.1 Fatores de risco para ocorrência de infecção

A ocorrência da infecção depende da patogenicidade do agente infeccioso, do


volume e o material biológico envolvido, da carga viral/bacteriana da fonte de infecção,
da forma de exposição e da susceptibilidade do profissional de saúde (FILHO, et al
2017).
O sangue é o fluido corpóreo, que contém a concentração mais alta de agentes
patogênicos, como do vírus da hepatite B e é o veículo de transmissão mais importante
em estabelecimentos de saúde. O HBsAg (antígeno de superfície da hepatite B) também
é encontrado em vários outros fluidos corpóreos, incluindo o sêmen, secreção vaginal,
leite materno, líquido cefalorraquidiano, líquido sinovial, lavados nasofaríngeos e saliva.
O contágio do vírus HIV, se dá pelo contato com sangue, líquido orgânico
contendo sangue visível e líquidos orgânicos potencialmente infectados. Fezes,
secreção nasal, saliva, escarro, suor, lágrima, urina e vômitos, se não conterem sangue,
são consideradas não-infectantes. Para Hepatite B e C os materiais biológicos como
escarro, suor, lágrima, urina, e vômitos são considerados não-infectantes.

5.2 Cuidados ao manusear material perfurocortante e biológico

Fonte: santacasasorocaba.com.br/acidentes-perfurocortantes/

É necessária muita atenção durante a realização de procedimentos invasivos,


sendo totalmente contraindicado o uso dos dedos como anteparo durante a realização

32
de procedimentos que envolvam material pérfurocortante, nunca reencapar, entortar,
quebrar ou desconectar agulhas de seringas. Deve-se proceder sempre com o descarte
de agulhas, scalp, lâminas de bisturi e vidrarias, mesmo que estéreis, em recipientes
rígidos, utilizando EPIs próprios para o procedimento, sapatos fechados de couro ou
material sintético (FILHO, et al 2017).

5.3 Procedimentos recomendados pós-exposição a material biológico

Fonte: prefeitura.sp.gov.br

Após exposição em pele íntegra, lavar o local com água e sabão ou solução
antisséptica com detergente abundantemente. O contato com pele íntegra minimiza a
situação de risco. Nas exposições de mucosas, deve-se lavar exaustivamente com água
ou solução salina fisiológica, se o acidente for percutâneo, lavar imediatamente o local
com água e sabão ou solução antisséptica com detergente.
A avaliação do acidente deve ser realizada imediatamente após o fato e,
inicialmente, basear-se em uma adequada anamnese, caracterização da paciente fonte,
análise do risco, notificação do acidente e orientação de manejo e medidas de cuidado
com o local exposto.

33
A exposição ocupacional a material biológico deve ser avaliada quanto ao
potencial de transmissão de HIV, HBV e HCV com base no tipo de exposição, tipo e
quantidade de fluido e tecido, situação sorológica da fonte, situação sorológica do
acidentado e susceptibilidade do profissional exposto (FILHO, et al 2017).
Sempre que possível, o paciente-fonte deverá ser avaliado quanto à infecção pelo
HIV, Hepatite B e C, no momento da ocorrência do acidente. Caso a fonte seja
conhecida, mas sem informação de seu status sorológico, é necessária realização de
exames diagnósticos. Em caso de recusa ou impossibilidade de realizar os testes,
considerar o diagnóstico médico, sintomas e história de situação de risco para aquisição
de HIV, HBC e HCV.

O profissional de saúde deve desenvolver um sentido de responsabilidade com


relação à sua própria segurança e à segurança de seu paciente. Para tal, é
necessário obter conhecimentos específicos acerca de como podem ocorrer os
acidentes de trabalho, bem como ser responsável pela manutenção da
segurança do ambiente através das ações educativas. São responsáveis
também, em casos de acidentes com materiais perfuro cortantes, pelo registro
do acidente, devendo ainda levar em consideração as condições do paciente,
bem como deve ser realizado acompanhamento sorológico (Anti-HIV, Ag Hbs,
Anti-HBS, Anti-HCV) deste e do funcionário que se acidentou, com
acompanhamento após 2 e 6 meses da ocorrência do acidente (FILHO, et al
2017).

Quando a fonte é desconhecida levar em conta a probabilidade clínica e


epidemiológica de infecção pelo HBV, HCV, HIV, através da prevalência de infecção
naquela população, local onde o material perfurante foi encontrado e no procedimento
ao qual ele esteve associado.
Quando não houver informações sobre a fonte, realizar quimioprofilaxia, que deve
ser tratada como emergência médica, sendo iniciada o mais precocemente possível,
quando indicada, idealmente até duas horas após o acidente e, no máximo, até 72 horas.
A duração da quimioprofilaxia é de 28 dias (FILHO, et al 2017).
Diante de uma intercorrência, atentar sempre para a verificação da caderneta de
imunização da pessoa exposta ao risco, para a vacinação para hepatite B, e realizar
comprovação através do Anti-HBs e realização de sorologia do acidentado para HIV,
HBV e HCV.
A conduta com relação ao paciente acidentado será definida de acordo com os
resultados de cada pessoa, no caso de um paciente-fonte HIV positivo, prosseguir com
análise do acidente e indicação de quimioprofilaxia antirretroviral. No caso de paciente-
34
fonte HIV negativo não está indicada a quimioprofilaxia antirretroviral. Em paciente-fonte
com situação sorológica desconhecida, realizar o teste para o vírus HIV, HBV e HCV
(FILHO, et al 2017).
Quando indicada, a Profilaxia Pós-Exposição deverá ser iniciada o mais rápido
possível. Mulheres em idade fértil deverão realizar o teste de gravidez, principalmente
as que não sabem informar sobre a possibilidade de gestação em curso.

35
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANVISA, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Cartilha de Proteção Respiratória


contra Agentes Biológicos para Trabalhadores da Saúde. 1° Edição, Brasília, DF,
2009.
ANVISA, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. RDC N° 50. Regulamento Técnico
para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília, DF, 21 de fevereiro de 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10004: resíduos
sólidos: classificação. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10004: resíduos


sólidos: classificação. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

BRANDALISE. M. Resolução 358/2005 da CONAMA, 2019.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 358, de 29 de abril de


2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de
saúde e dá outras providências. Brasília, DF, 2005.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 358, de 29 de abril de


2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de
saúde e dá outras providências. Brasília, DF, 2005.
BRASIL. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Presidência da República Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília, DF, 2005.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 275, de 25 de abril
de 2001. Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser
adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas
informativas para a coleta seletiva. Brasília, DF, 2001.
FILHO, S. M. S. Manual de biossegurança enfermagem. Centro Universitário
Cesmac, Maceió, AL, 2017.
FRANÇA. F. S. Resolução 358/2005 da CONAMA, 2020.
HINRICHSEN, S. L. Biossegurança e Controle de Infecções - Risco Sanitário
Hospitalar. Editora Guanabara Koogan, 3° Edição: Rio de Janeiro, RJ, 2018.
PRADO, M. F. do, MARAN, E. Desafio ao uso das preparações alcoólicas para
higienização das mãos nos serviços de saúde. Esc. Anna Nery. Paranavaí, PR,
2014.
SANCHES, ANA PAULA MHIRDAUI et al. Resíduos de Serviços de Saúde:
conhecimento de enfermeiros da Atenção Básica. Rev. Bras. Enferm. São Carlos,
SP, 2017.
36
STAPENHORST, Amanda et al. Biossegurança. Minha Biblioteca, Grupo A, 2018.
T., CUSTÓDIO, I. L., OLIVEIRA, S. C. de. Fatores de risco para doenças
cardiovasculares em profissionais de enfermagem: estratégias de promoção da
saúde. Rev. Bras. Enferm., Fortaleza, CE, 2014.
TIPPLE, A. F. V., PIRES, F. V., GUADAGNIN, S. V. T., MELO, D. de S. O
monitoramento de processos físicos de esterilização em hospitais do interior do estado
de Goiás. Rev. Esc. Enferm USP, São Paulo, SP, 2011.
UJVARI, S. C. A história da disseminação dos microrganismos. Estudos avançados-
USP, São Paulo, SP, 2008.
UVA, A. S., SERRANHEIRA, F. Trabalho e Saúde/ (Doença): o desafio sistemático da
prevenção dos riscos profissionais e o esquecimento reiterado da promoção da saúde.
Rev. Bras. Med.Trab. São Paulo, SP, 2013.
VALGOI, V. Biossegurança na unidade de terapia intensiva: a utilização das
medidas de precaução pelos profissionais da saúde. Lajeado, RS, 2012.
XAVIER, A. M., MORO, J. T., HEILBRON, P. F. Estrutura da matéria, segurança e
proteção radiológica, instrumentação: Efeitos biológicos das radiações
ionizantes e princípios básicos de segurança e proteção radiológica.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2014.
ZAVALHIA, L. S. Medidas de biossegurança. SAGAH, 2019.

37

Você também pode gostar