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Biossegurança e

Primeiros Socorros
Material Teórico
Biossegurança II

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Solange de Fátima Azevedo Dias

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin

Revisão Técnica:
Prof.ª Esp. Fernanda Teixeira Borges
Biossegurança II

• Introdução;
• Bioética;
• Processo de Descontaminação em Saúde.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Identificar e utilizar a Legislação de Segurança do Trabalho.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Biossegurança II

Introdução
Foi em 1994 que uma equipe formada pela EMBRAPA, a Fundação Osvaldo
Cruz (Fiocruz) e a Associação Brasileira de Empresas de Biotecnologia (ABRABI) e
algumas de empresas privadas terminou um estudo que cominou na Lei de Biosse-
gurança que regula todos os aspectos da manipulação e uso de Organismos Geneti-
camente Modificados (OGM) no Brasil.

O principal objetivo da Biossegurança é prevenir, minimizar e evitar os riscos


potenciais da Biotecnologia e Segurança humana, tanto em processos genéticos,
como em organismos infecciosos.

A Biossegurança é um ramo muito vasto, utilizado em vários segmentos, como


em Ecologia, na Agricultura, na Engenharia Genética, na Medicina e em outros.

A Biossegurança é um termo usado para designar a segurança em atividades que se


relacionam aos seres vivos, como Laboratórios, Clínicas, Hospitais e Locais de Pesquisa.

Os riscos que os Profissionais da Saúde e os clientes/pacientes podem correr


podem ser físicos, biológicos e químicos. A Norma que Regulamenta (NR) a Segu-
rança e Saúde no Trabalho em Serviço de Saúde é a NR-32. Essa Norma estabele-
ce as medidas de segurança e saúde aos trabalhadores da área da Saúde (BRASIL,
2016, p. 813).

Deve-se entender por Área da Saúde, também, os Salões de Beleza e Estética e


que os problemas de Saúde não se restringem apenas aos Profissionais, mas tam-
bém aos clientes.

A maioria das doenças desse ramo da Saúde, que ocorre na pele e unhas, ad-
vém de problemas causados por ineficácia de esterilização de instrumentos, falta de
higiene, falta de informação sobre segurança pelo profissional e uso incorreto de
substâncias químicas.

No caso de atividades laborais relacionados à estética corporal, o contato do


esteticista com a pele do cliente pode levar ou trazer micro-organismos causadores
de doenças infectocontagiosas, como tuberculose, brucelose, malária e outras.

O trabalhador em Salões de Estética pode ser contaminado de forma biológica


por via cutânea (pele), percutânea (através de ferimentos ou lesões), com agulhas;
seringas, por meio de secreções oculares ou ainda por via oral (saliva) e vias respi-
ratórias (espirros).

Essas formas de contaminação são chamadas de biorriscos.

Os contaminantes podem ser físicos, químicos e biológicos. Os físicos podem ser


objetos de vidro, metais, madeira ou plástico. A figura acessada pelo link a seguir,
ilustra alguns instrumentos que podem estar contaminados com agentes biológicos.
Explor

Materiais metáilcos. Disponível em: https://goo.gl/irhaxB.

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1. Contaminantes físicos: vidros, metais, madeira ou qualquer tipo de mate-
rial palpável ou objeto que possa causar dano ao consumidor;
2. Contaminantes químicos: são as toxinas naturais, vegetais ou animais,
(toxinas paralisantes, neurotóxicas, amnésicas e diarreicas, ciguatoxinas),
toxinas microbianas (toxinas e micotoxinas), metabólitos tóxicos de origem
microbiana (histaminas e tetrodotoxinas), contaminantes inorgânicos tóxi-
cos, anabolizantes, antibióticos, herbicidas, pesticidas, aditivos e coadju-
vantes alimentares tóxicos, tintas, lubrificantes, desinfetantes e produtos
químicos de limpeza, desinfetantes etc.;
3. Contaminantes biológicos: bactérias, vírus, parasitos patogênicos e
protozoários.

A NR-32 classifica agentes patogênicos que podem ou não transmitir problemas


de Saúde ao trabalhador:
• Classe 1: Agentes que não apresentam riscos para o manipulador, nem para
a comunidade (por exemplo, E. coli, B. subtilis);
• Classes 2: Apresentam risco moderado para o manipulador e fraco para
a comunidade e há sempre um tratamento preventivo (por exemplo: bac-
térias, vírus – EBV, herpes e fungos – Candida albicans; parasitas –
Plasmodium, Schistosoma);
• Classe 3: São os agentes que apresentam risco grave para o manipulador e
moderado para a comunidade e, às vezes, sem tratamento (por exemplo: bac-
térias – Bacillus anthracis, Brucella, Chlamy diapsittaci, Mycobacterium
tuberculosis; vírus – hepatites B e C, HTLV 1 e 2, HIV, febre amarela, dengue;
fungos – Blastomy cesdermatiolis, Histoplasma; parasitos - Echinococcus,
Leishmania, Toxoplasma gondii, Trypanosoma cruzi) (NR-32, p. 813-32).

Por esses problemas de contaminação, a NR-32 estabelece que o Profissional


da Saúde:
• É obrigado a tomar vacina contra tétano, difteria, hepatite B e outras;
• Deve passar por capacitações/orientações, para estar sempre atualizado com os
procedimentos de Segurança do Trabalho quanto às maneiras de contaminação;
• Deve respeitar as regras de segurança e utilização dos EPIs necessários à profis-
são (avental de algodão com mangas longas, luvas de látex descartáveis, másca-
ras, óculos de proteção e toucas para proteção dos cabelos);
• Deve ter conhecimento da Legislação brasileira de Biossegurança, especial-
mente das Normas de Biossegurança emitidas pela Comissão Técnica Nacio-
nal de Biossegurança;
• Deve ter conhecimento dos riscos pelo manipulador.

O Profissional de Estética pode executar procedimentos não invasivos (sem in-


tervenção cirúrgica).

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UNIDADE Biossegurança II

Os trabalhadores dos laboratórios clínicos também estão expostos a materiais


potencialmente contaminados, pois constantemente entram em contato com flui-
dos biológicos e tecidos.

Além do risco de autocontaminação, ainda existe o risco de contaminação cru-


zada de equipamentos e materiais. A contaminação cruzada é a transferência de
microrganismos patogênicos de um material ou equipamento contaminado para
outro, direta ou indiretamente.

O Quadro 1 ilustra esses procedimentos:


1. Limpeza de pele (rosto, mãos); o profissional deve usar os EPIs obrigató-
rios, pois os órgãos superiores entram em contato com a pele do paciente;
2. Drenagem linfática (estimulação das glândulas linfáticas). Nesse caso, não
há a necessidade de EPIs, no máximo, de máscara;
3. Estimulação russa são eletrodos ligados a um aparelho, que liberam estí-
mulos elétricos, fazendo com que os músculos sejam enrijecidos. Como
o contato no corpo do paciente é mecânico, não há necessidade de EPIs;
4. Bronzeamento artificial é feito em câmaras ou em camas, que emitem
Raios Ultravioletas (UV); o EPI deve ser usado pelo paciente.

Procurar um Salão de Beleza ou Clínica Estética pode parecer um ato rotineiro,


no entanto, pode ocorrer de nem todos os procedimentos que ocorrem nesses lo-
cais serem inócuos.

Algumas técnicas podem ser maléficas à saúde e podem causar vários problemas
graves. A Vigilância Sanitária Municipal é o órgão que realiza a regulamentação e a
fiscalização dos estabelecimentos de beleza, como Salões e Clínicas Estéticas.

A Lei Nacional 12.592/12 reconhece os profissionais de beleza e torna obriga-


tório o seguimento das normas da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sani-
tária) para a higiene desses locais, como a esterilização de materiais usados nesses
estabelecimentos (tesouras, alicates, navalhas e lâminas de barbear).

Essas esterilizações devem ser executadas por autoclaves, que são muito mais
eficientes, pois utilizam vapor sob pressão e dessa forma, conseguem eliminar
até vírus.

A ANVISA determina, também, a utilização de papel descartável sobre macas


e camas impermeáveis, toalhas individuais, seringas e agulhas descartáveis, e os
locais devem ser bem ventilados e sempre limpos.

Nos Salões de Beleza e ou Clínicas de Estética devem ser fixados, em local de


visibilidade do cliente/paciente:
1. O certificado de qualificação dos profissionais;
2. Os produtos utilizados:

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a) Devem conter rótulo com nome do produto, marca, nº de lote, prazo
de validade, conteúdo, país de origem, fabricante/importador; compo-
sição, finalidade de uso e nº de registro no órgão competente do Minis-
tério da Saúde;
b) Se forem manipulados em Farmácias, só podem ser utilizados quando
devidamente prescritos por médico;
3. Manter o Manual de Instrução dos aparelhos, notificação de isenção de regis-
tro no órgão competente do Ministério da Saúde e registro de Manutenção
preventiva e corretiva do aparelho, conforme orientação do fabricante.

Quadro 1 – Tipos de EPIs necessários às atividades


Procedimento Ilustração EPIs (Profissional) EPIs (paciente)

Luvas, máscara, óculos


Limpeza de pele -
de proteção

Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images

Drenagem linfática - -

Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images

Estimulação russa - -

Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images

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UNIDADE Biossegurança II

Procedimento Ilustração EPIs (Profissional) EPIs (paciente)

Bronzeamento artificial - Óculos de proteção

Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images

De acordo com a publicação do Ministério da Saúde, Diretrizes Gerais para o


Trabalho em Contenção com Material Biológico, o manuseio dos agentes bioló-
gicos deve ser realizado de acordo requisitos crescentes de segurança que foram
agrupados em quatro níveis de Biossegurança (NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4). O maior
nível corresponde ao maior grau de contenção e complexidade do nível de prote-
ção. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, ou a CTNBio, é a respon-
sável por estabelecer normas, analisar riscos e definir os níveis de biossegurança,
além de classificar os organismos geneticamente modificados (OGMs), manipulados
em laboratórios.

O agente biológico de maior classe de risco determina o nível de Biossegurança


exigido para o laboratório. Quando ele não é conhecido, deve ser estimado o nível
de biossegurança por análise prévia do risco.

Nível I: para manipulação de microorganismos classe I, representa nível bási-


co de contenção. Deve apresentar bancadas em local aberto, aplicação das boas
práticas laboratoriais, utilização de equipamentos de proteção e adequação das
instalações. O profissional de laboratório deverá ter treinamento específico e ser
supervisionado por um profissional capacitado.

São procedimentos padrão (ou de boas práticas laboratoriais) em um laboratório


NB-1:
• O acesso ao laboratório deve depender de autorização, não deve ser permitido
acesso a crianças e animais.
• Todos os procedimentos (técnicos ou administrativos) devem estar descritos e
disponíveis para acesso e conhecimento dos técnicos.
• Deve-se lavar as mãos antes e após a manipulação de agentes de risco e antes
da saída do laboratório.
• É proibido comer, beber, fumar e aplicar cosméticos (maquiagem, cremes, den-
tre outros) nas áreas de trabalho do laboratório.
• Deve-se evitar o uso de adereços (brincos, pulseiras, relógio, dentre outros)
no laboratório.

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• É proibido pipetar com a boca ou levar qualquer objeto à boca no laboratório,
a pipetagem deve ser realizada com dispositivo apropriado, nunca com a boca.
• Os materiais perfurocortantes devem ser manuseados com cuidado e a ban-
cada deve ser descontaminada ao final do trabalho ou sempre que ocorrer
derramamento de material biológico.
• A limpeza e a organização do laboratório devem ser mantidas.
• É proibido alimentar-se ou manter plantas que não sejam objetos de estudo
no laboratório.
• Materiais e reagentes devem ser estocados em instalações apropriadas no
laboratório.
• O laboratório deve ter, sempre em local disponível, um kit de primeiros socorros.
• Todos os resíduos devem ser descartados de acordo com o Plano de Gerencia-
mento de Resíduos da instituição.
• Agulhas usadas não devem ser dobradas, quebradas, reutilizadas, recapeadas,
removidas das seringas ou manipuladas antes de serem desprezadas. Todo
material perfurocortante deve ser descartado em recipiente de paredes rígidas,
resistente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa, do tipo Descarpack,
devidamente identificado. Ele deve estar localizado próximo à área de trabalho.
• É proibido o esvaziamento desses recipientes e seu reaproveitamento.
• Vidrarias quebradas não devem ser manipuladas diretamente com a mão, devem
ser removidas com uma vassoura e uma pá de lixo ou com pinças e descartadas
em recipientes para descarte de perfurocortantes ou outro recipiente adequado.
• Deve ser organizado um plano de contingência e emergência, além de um
programa de vigilância em saúde (epidemiológica, sanitária, ambiental e saúde
do trabalhador).

Equipamentos de proteção individual, como luvas, avental, uniforme ou jaleco,


são requeridos durante o trabalho. O avental deve ter mangas compridas ajustadas
nos punhos e não deve ser usado fora da área laboratorial. É obrigatório o uso de
calçados fechados, óculos de segurança e protetores faciais sempre que os proce-
dimentos assim o exigirem.

O laboratório deve possuir dispositivos de emergência para lavagem dos olhos,


além de chuveiros de emergência.

Nível II: para a manipulação de microorganismos de classe II. Os procedimentos


especiais do NB-2 incluem:
• Os técnicos e as equipes de apoio do laboratório devem receber treinamentos
anuais sobre os riscos potenciais associados aos trabalhos desenvolvidos, bem
como treinamentos sempre que houver mudança de procedimento.
• O trabalho no laboratório deve ser supervisionado por profissional de nível su-
perior com conhecimento e experiência comprovada na área de Biossegurança.

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UNIDADE Biossegurança II

• O acesso ao laboratório deve ser restrito a profissionais autorizados por


responsável.
• Pessoas imunocomprometidas ou imunodeprimidas não devem ser permiti-
das no laboratório.
• O emblema internacional indicando risco biológico, o(s) agente(s) manipulado(s),
o nível de biossegurança, as imunizações necessárias, o tipo de EPI (equipa-
mento de proteção individual), o nome e o contato do profissional responsável
deve ser afixado nas portas dos recintos onde se manuseiam microorganismos
pertencentes à classe de risco 2.
• Todos os materiais e resíduos devem ser descontaminados, preferencialmente
esterilizados, antes de serem reutilizados ou descartados.

No laboratório, devem ser utilizados os EPIs adequados, conforme descrito no


NB-1. Devem ser utilizadas cabines de segurança biológicas para microorganismos
de classe de risco I ou II. Em procedimentos potencialmente geradores de aerossóis
e gotículas, provenientes de materiais biológicos, deve ser utilizada a proteção para
o rosto (máscaras, protetor facial, óculos de proteção, entre outras).

Uma autoclave deve estar disponível, no interior ou próximo ao laboratório, para


permitir a descontaminação dos materiais utilizados e resíduos gerados antes de sua
reutilização ou descarte.

Autoclave: equipamento utilizado para esterilizar materiais contaminados por meio de


Explor

alta temperatura.

Nível III: É um laboratório de contenção e com controle de acesso para manipu-


lação de microorganismos de classe de risco III. Os laboratórios pertencentes a este
grupo devem ser registrados junto a autoridades sanitárias nacionais.

Exige a intensificação dos programas de segurança estabelecidas para o NB-2, além


da existência obrigatória de dispositivos de segurança e do uso de CSB classe II ou III,
com filtro HEPA (alta eficiência na separação de partículas), o que impede a dissemina-
ção de microorganismos pelo ar.

Nível IV: Laboratório de contenção com acesso restrito e controlado. Unidade


de manipulação de germes patogênicos de classe de risco IV. Utilização de cabine
de segurança biológica, contenção de pressão negativa, roupas especiais com pres-
são positiva, entrada por vestíbulo de dupla saída, cabinas de exaustão externa com
filtros especiais e autoclave de duas extremidades. Área interna contendo cabine de
fluxo laminar de Tipo A (saída de ar no próprio ambiente; e de Tipo B (sistema de
filtro e saída com exaustor para o exterior, a fim de minimizar riscos com aerossóis).

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O laboratório NB-4 deve ser uma edificação construída separadamente ou estar
localizado em uma zona completamente isolada. Deve possuir características espe-
cíficas quanto ao projeto para prevenção da disseminação de microorganismos no
meio ambiente. São laboratórios de contenção máxima e só devem funcionar com
autorização das autoridades sanitárias.

Cabine de segurança biológica (CSB): equipamento de contenção física para agentes in-
Explor

fecciosos, protege o material e o profissional durante a manipulação de materiais infectantes


ou durante a manipulação de cultura de células. Podem ser de classes I, II ou III.

A maior parte dos laboratórios clínicos, de diagnóstico, ensino e pesquisa possuem


nível de biossegurança até III. Os procedimentos-padrão e as instalações laboratoriais
são mais intensos e rigorosos para os laboratórios com nível de biossegurança III e IV
e podem ser encontrados no link a seguir.

Ministério da Saúde - Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológico.
Explor

Disponível em: http://bit.ly/2PQu1So.

Bioética
A Bioética surgiu na década de 1970, quando um pesquisador americano, pre-
ocupado com o rumo dos avanços científicos, como a Biotecnologia, propôs um
novo ramo dentro da Ciência, a Bioética, que significa a Ética da vida.

A Bioética deve ter como princípio que ninguém é detentor de todos os saberes.

Um ser humano pode ser capaz de tomar decisões que podem por em risco sua
vida. Um médico, que tem a função de salvar pessoas, também pode cometer erros
e causar males irreversíveis à pacientes, ou até causar a morte!

Dessa forma, deve haver limites para as ações humanas, independente de seu
conhecimento técnico e científico.

Um paciente com uma doença grave terminal tem o direito de se recusar, por
exemplo, a fazer uma cirurgia. O médico deve ouvi-lo e também à família para au-
xiliar na decisão, no entanto, não pode operá-lo sem o consentimento do paciente
e ou dos responsáveis.

O médico tem a função de utilizar todos os procedimentos para manter a vida


do ser humano, porém, não pode definir, por questão ética, o procedimento a
ser seguido, sem ouvir os envolvidos.

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UNIDADE Biossegurança II

A Bioética deve seguir alguns princípios:


• 1º Beneficência/ não maleficência: significa fazer o bem/evitar o mal.
O Profissional da Saúde deve considerar que o paciente é um ser único,
individual, que tem particularidades, crença, pensamentos, desejos e ex-
pectativas. Utilizando esses dados, deve oferecer um tratamento/procedi-
mento o mais próximo possível do que o esperado pelo cliente, ou seja,
a saúde;
• 2º Liberdade de decisão” sobre sua vida: O profissional deve considerar a
autonomia do ser humano, garantida pela Declaração Universal dos Direitos
Humanos, e o Código de Defesa do Consumidor, que garante a proteção às
pessoas que buscam Serviços de Saúde. Para que o cliente tenha autonomia de
decisão, é dever do profissional colocar à disposição as informações, instruções,
procedimentos e processos clínicos a serem executados, para que o paciente
tenha condições e liberdade para decidir;
• 3º Justiça ou igualdade de tratamento: para o Estado, todo cidadão tem os
mesmos direitos, respeitando a imparcialidade do direto de cada um. É antiéti-
co agir com protecionismo e com qualquer tipo de discriminação profissional/
paciente e paciente/profissional.

Processo de Descontaminação em Saúde


O Profissional da Saúde pode ser exposto a riscos de saúde comuns e específi-
cos de sua atividade laboral. Dessa forma, os riscos para os Profissionais de Saúde
podem ser muito graves.

Com isso, é preciso ter como regra principal o cuidado com os ambientes conta-
minados. Em Clínicas Estéticas pode ocorrer transmissão de infecções por práticas
sem os devidos cuidados com a higiene de mãos e desinfecção do ambiente e de
materiais utilizados nos procedimentos estéticos.

Par evitar a contaminação dos ambientes laborais é necessário seguir rigorosa-


mente algumas regras de segurança.

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Regras de Segurança Pessoal
Quadro 2
Parte do corpo Procedimentos Indicação Como
Técnica de lavagem das mãos:
1. Retirar anéis, pulseiras
e relógio;
2. Abrir a torneira e molhar as mãos
sem encostar-se à pia;
3. Colocar nas mãos aproximadamente
· Ao iniciar o turno de trabalho;
3 a 5 ml de sabão. O sabão deve ser,
· Após ir ao banheiro;
de preferência, líquido
· Antes e depois das refeições;
Com água e sabão e hipoalergênico;
· Antes do preparo de alimentos;
4. Ensaboar as mãos, friccionando-as
· Antes do preparo e da
por aproximadamente 15 segundos.
manipulação de medicamentos.
5. Friccionar a palma, o dorso das
mãos com movimentos circulares,
Higienização espaços interdigitais, articulações,
das Mãos polegar e extremidades dos dedos
(o uso de escovas deverá ser feito
com atenção).
Após ter lavado com água e sabão e
não ter nenhuma sujidade visível a
olho nu:
· Entrar em contato com paciente;
· Após contato com o paciente; Veja o vídeo explicativo sobre lavagem
Solução alcoolica · Antes de realizar e manipular de mãos. Acesse em:
dispositivos invasivos; https://youtu.be/cTVF21ZSEGg.
· Antes de vestir luvas;
· Ao mudar de ambiente;
· Após contato com materiais de
uso profissional.
Assessórios (anéis,
brincos, colares, Não é indicado - -
pulseiras)
Nunca sair vestido com
Avental avental fora do ambiente - -
de trabalho.
Cosméticos Não é indicado - -
Os mesmos procedimentos para a
Antebraços - - lavagem de mãos. Disponível em:
https://goo.gl/ZqPYNx.
Não é indicada a utilização
Lente de contato - -
em laboratórios
Unhas Sempre curtas e limpas - -

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UNIDADE Biossegurança II

Regras de Segurança de Materiais e Ambiente Laboral


Descontaminação
É o processo de redução dos micro-organismos de materiais e superfícies, tor-
nando-os seguro para o manuseio.

O profissional imerge o material utilizado em procedimento em uma substân-


cia desinfetante, na qual deve permanecer por no mínimo 15 minutos. Após esse
período, o material deve ser lavado mecanicamente com sabão e água abundante.

Após essa fase, leva os instrumentos à estufa com temperatura entre 100 e
120ºC e armazena em embalagem estéril.

Desinfecção
É um processo que pode ser físico ou químico de destruição de microrganis-
mos, exceto os esporulados. O processo físico é feito utilizando água à tempera-
tura não inferior à 60ºC. Coloca-se o material a ser desinfetado na água quente,
durante pelo menos 2 minutos.

O processo químico consiste em lavar o material com produtos desinfetantes,


como amônios quaternários, fenóis simples e detergentes, formaldeídos, compostos
à base de cloro, Álcool 70%, compostos duplos fenólicos, iodóforos, glutaraldeído à
2% ou 3,2% (deixar o material imerso por 10 horas) e Óxido de Etileno.

Esterilização
É o processo de destruição de todos os microrganismos, inclusive os esporos. Pode
ser feita com altas temperatura (altoclave), germicidas químicos, óxido de etileno, radia-
ção e outros.

Gerenciamento de Resíduos de Saúde (RSS)


Segundo a ANVISA, o gerenciamento dos RSS é todo procedimento de gestão,
planejamento e implementação com bases científicas e técnicas, normas legais,
utilizado para diminuir a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados
um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalha-
dores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente
(ANVISA, 2004, p. 3).

No Brasil, o regulamentando de resíduos da área da Saúde são feitos pela As-


sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e
pelos governos Estaduais e Municipais, com legislações próprias e específicas sobre
o gerenciamento dos resíduos de serviços de Saúde, estabelecendo normas para o
seu manejo.

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Por isso, trataremos aqui somente do gerenciamento de resíduos até a porta
do Estabelecimento, deixando ao encargo das Políticas Públicas o gerenciamento
a partir da coleta por Empresas especializadas.

Existem 5 classificações de RSS, são elas: A (potencialmente infectantes, des-


cartados em sacos brancos), B (resíduos químicos, descartados em galões coletores
específicos e devidamente identificados), C (resíduos radioativos, descartados de ma-
neira específica de acordo com a substância radioativa e seu radioisótopo), D (resíduos
comuns, descartados em lixo preto) e E (resíduos perfurocortantes (descartados em
coletor específico).

Os RSS dos laboratórios de análises clínicas pertencem às classes A, B, D e E.

A seguir, um resumo das classificações.

O profissional de saúde que produzir resíduos oriundos de suas atividades na


área da saúde deve:
1. Elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saú-
de – PGRSS;
2. Estabelecer diretrizes de manejo, coleta e transporte dos RSS;
3. Separar os resíduos no momento e local de sua geração; não misturar resí-
duos de diferentes procedimentos (alimentos, vidros, metais, farmacêuticos
e biológicos);
4. Acondicionar os RSS em sacos ou recipientes resistentes, que evitem vaza-
mentos e acidentes com materiais cortantes ou pontiagudos;
5. Providenciar que os recipientes que acondicionem os sacos de RSS sejam
de Material Plástico, com tampa com abertura sem o toque das mãos;
6. Identificar esses recipientes;
7. Providenciar que a coleta do recipiente seja executada, periodicamente,
no final da manhã, final da tarde e final de noite, ou sempre que hou-
ver necessidade;
8. Ter curso de Gerenciamento de Risco no Transporte de RSS se for o res-
ponsável pela coleta e, obrigatoriamente; usar luvas de PVC;
9. Providenciar que o RSS tenha destino final de acordo com as particula-
ridades de cada atividade de Saúde, obedecendo a critérios técnicos de
construção e operação, e com licenciamento ambiental de acordo com a
Resolução CONAMA nº.237/97.

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UNIDADE Biossegurança II

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Higienização das Mãos em Serviços de Saúde
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Higienização das Mãos em
Serviços de Saúde. Brasília, 2000.
Limpeza, desinfecção de artigos e áreas hospitalares e antissepsia
Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Limpeza, desinfecção
de artigos e áreas hospitalares e antissepsia. São Paulo: APEHIC, 1999.
Biossegurança e Saúde Pública
Biossegurança e Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 6, dez /2005.
Resolução nº 5 de 5/8/1993
CONSELHO Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução nº 5 de 5/8/1993.
Dispõe sobre o plano de gerenciamento, tratamento e destinação final de resíduos
sólidos de serviços de saúde, portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários.
Recomendações práticas em processos de esterilização em estabelecimentos de saúde. Parte I: Esterilização
a calor
MINISTÉRIO da Saúde. Recomendações práticas em processos de esterilização em
estabelecimentos de saúde. Parte I: Esterilização a calor. Campinas: Komedi, 2000.
Biossegurança na estética: Equipamentos de Proteção Individual – E. P. I.
SCHMIDLIM, K. C. S. Biossegurança na estética: Equipamentos de Proteção Individual
– E. P. I. São Paulo: Personalité, 2011.
REVISTA Personalité
REVISTA Personalité, São Paulo, ano VIII, n. 44, 2006.
Segurança e Medicina do Trabalho – Normas Regulamentadoras
Segurança e Medicina do Trabalho – Normas Regulamentadoras. 18.ed. São Paulo
Saraiva, 2016.
Diretrizes gerais para o trabalho em contenção com material biológico
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Diretrizes gerais para o trabalho em contenção com material biológico / Ministério da
Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos – Brasília: Ministério
da Saúde, 2004. 60 p.: il. Série A. Normas e Manuais Técnicos.

20
Referências
BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MET). Equipamentos de
proteção individual (EPI). Norma regulamentadora 6 – NR 6. São Paulo.

COMISSÃO DE BIOSSEGURANÇA DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ.


Biossegurança. 2003.

COSTA, M. A. F. Segurança química em biotecnologia: uma abordagem crítica. In:


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