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ORIGEM DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL E NO MUNDO

PINHEIRO, Sirleno Itamar Barbosa


Graduando Ciência e Tecnologia/Engenharia Civil – UFERSA/Angicos

RESUMO

O presente artigo apresenta a origem do saneamento básico no mundo e também no Brasil, mostrando
como se deu o processo de desenvolvimento de técnicas que buscassem melhorar o estilo de vida das
pessoas com relação a saúde e bem-estar. Frisando que o saneamento está relacionado diretamente as
doenças infecciosas e patológicas como também podendo ser responsável pela prevenção das mesmas
quando se tem as condições adequadas para combater com eficiência os riscos que estamos expostos.
Também abordará de forma direta quais poderiam ser as medidas tomadas para buscar melhorar o
saneamento nas cidades de acordo com a legislação, além de fazer uma crítica aos poderes e
organizações públicas que tem o poder nas mãos para mudar a situação em que todo o mundo se
encontra, através da falta de salubridade nos recursos por todos utilizados.
Palavras-Chave: Saneamento Básico. Evolução. Legislação. Atualidade.

ABSTRACT

This article presents the origin of basic sanitation in the world and also in Brazil, showing how the
process of developing techniques that sought to improve the lifestyle of people with respect to health
and well-being was given. Stressing that sanitation is directly related to infectious and pathological
diseases as well as being able to be responsible for preventing them when they have the appropriate
conditions to effectively combat the risks that we are exposed to. It will also address in a direct way the
measures taken to seek to improve sanitation in cities in accordance with legislation, and to make a
critique of the powers and public organizations that have the power in their hands to change the situation
in which the whole world It is, through the lack of wholesomeness in the resources used by all.

Key words: basic sanitation. Evolution. Legislation. Today.

INTRODUÇÃO

Não é de hoje que fatores relacionados ao saneamento básico atinge pessoas no mundo,
isso por decorrência dos males que podem surgir quando não há um tratamento e destino
adequado para os resíduos por nós produzidos. O saneamento básico possui uma história que
vem desde os tempos da idade antiga, onde já se havia preocupações quanto ao tratamento da
água, o descarte de fezes e etc.
A preocupação com a qualidade da água consumida e a destinação do esgoto foi
ganhando visibilidade ao longo do tempo com a evolução dos conhecimentos acerca dos efeitos
que prejudicam a população e que as ausências de cuidados com estes elementos poderiam
causar ao homem e ao meio ambiente.

Com a aceleração do crescimento populacional, o consumo excessivo elevou-se e


consequentemente aumentou a produção de resíduos e descartes de forma errada. Dessa forma
se viu a necessidade de analisar a possível escassez de recursos essenciais para a humanidade.
A ineficácia dos serviços de saneamento básico atinge diretamente a área da saúde pública e de
degradação do meio ambiente. A ausência do saneamento básico e a precariedade dos serviços
contribuem para a proliferação de doenças infecciosas e patológicas. A falta de saneamento
também pode ser uma das principais causas de degradação ambiental das bacias hidrográficas
e principalmente daquelas onde estão situados nos grandes centros urbanos. Tal carência
permite a dispersão de doenças por vias hídrica, acarretando diversos impactos negativos em
campos como educação, trabalho, economia, biodiversidade, disponibilidade hídrica e outros.

O presente artigo abordará de forma sucinta o histórico do saneamento básico no mundo


e também como se deu o surgimento do mesmo no Brasil, mostrando a relação existente entre
o saneamento com a saúde e bem-estar da humanidade. Assim, o capítulo a seguir trará um
breve histórico sobre o surgimento do saneamento no mundo.

BREVE HISTÓRICO SOBRE SANEAMENTO BÁSICO NO MUNDO

Saneamento básico pode ser definido como controle de todos os fatores do meio físico
em que o homem pode exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social podendo
caracterizar um conjunto de ações socioeconômicas com intuito de atingir a salubridade
ambiental (BRASIL, 2006).

Segundo SAKER (2007):

“O saneamento básico é o serviço público que abrange todas as tarefas


mencionadas abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana,
manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas e,
ainda, questão cultural, ambiental, sanitária, estritamente ligadas à saúde
pública, problema de desenvolvimento ligado à economia, além de corolário
dos direitos humanos, essencial à sadia qualidade de vida.”
O surgimento do saneamento no mundo foi notado nos povos antigos, quando os
mesmos desenvolveram técnicas de irrigação, condução e armazenamento de água, o que era
considerado muito sofisticados para a época. No Egito Antigo, a água era armazenada por longo
períodos de tempo pois esperavam com que as impurezas da água ficassem depositadas no
fundo do recipiente. Eles tentavam purificar a água dessa forma mais não sabiam que elementos
patogênicos eram imperceptíveis ao olho humano o que deixavam os mesmos expostos a
doenças (CAVINATTO 1992).

CAVINATTO (1992), afirma também que alguns meios de purificação da água foram
descobertos por expedições arqueológicas através de inscrições e gravuras nos túmulos.
Baseados no processo da capilaridade, utilizado por egípcios, japoneses e também chineses, a
água passava de uma vasilha para a outra por meio de tiras de tecido, que removiam as
impurezas aparentemente.

Com o passar dos anos as técnicas foram se aprimorando e o saneamento foi se


desenvolvendo em diferentes culturas espalhadas pelo mundo. Técnicas importantes foram
desenvolvidas como por exemplo no caso da irrigação, construção de diques, canalizações
superficiais e subterrâneas. Surgiu também preocupações com medidas sanitárias onde o tratado
de Hipócrates “Ares, Águas e Lugares” continha informações pertinentes sobre a relação entre
o ambiente e a saúde. Na Grécia, medida importante que pode ser citada era quando enterravam
as fezes ou as afastavam para longe das residências. Em Roma as ruas tinham encanamentos
que serviam as fontes públicas e os lares de cidadãos ricos que pagavam pelo privilégio, porém,
os esgotos sanitários deixavam a desejar pois as doenças de veiculação hídrica sempre estavam
presentes (SALVIANNO, 2018).

Do século V d.C. ao século XV d.C., a agua se encaixa como elemento vital para o
desenvolvimento econômico. Daí surge o primeiro texto no ano de 1425, contendo
ensinamentos de hidráulica, saneamento e gestão das águas e textos que falavam sobre a cólera,
lepra e tifo mais precisamente no século XIV onde metade da população da Europa foi
infectada.

No período considerado como Idade Moderna, a hidrologia entra em cena desenvolvendo


metodologia de medição de velocidades das águas, estabelecendo que os rios, fontes e águas
subterrâneas dependem das chuvas (SALVIANNO, 2018).

No período da Idade Contemporânea, com a Revolução Francesa, iniciou-se uma


intensificação relacionado aos direitos do cidadão, tendo os problemas relacionados a saúde,
como prioridades acarretando numa elevação da expectativa de vida e diminuição das taxas de
mortalidade. Porém, nem tudo foi benefícios pois houve um aumento populacional o que
culminou com o aumento da produção de resíduos. Esse período de evolução possibilitou a
execução em larga escala de sistemas de abastecimentos de água e esgoto sanitário
(SENATRAN, 2016).

Atualmente, dados revelam que 60% da população mundial não tem acesso a instalações
sanitárias ideais segundo a Organização Mundial de Saúde (BRASIL, 2006).

BREVE HISTÓRICO SOBRE SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

O primeiro momento que se pode definir como saneamento no Brasil se deu no ano de
1561, quando Estácio de Sá mandou escavar um poço com intuito de abastecer a cidade do Rio
de Janeiro. Já o primeiro chafariz foi construído em 1744. No período colonial onde ações de
saneamento eram feitas de forma individual e por quem possuía condições financeiras
consideráveis, resumindo-se à drenagem de terrenos e instalação de chafarizes. No período
inicial do saneamento no Brasil, diversos obstáculos impediram o desenvolvimento dessa área,
tais como falta de planejamento adequado, o volume insuficiente de investimentos, deficiência
na gestão das companhias de saneamento e, a baixa qualidade técnica dos projetos e a
dificuldade para obter financiamentos e licenças para as obras (BARROS, 2018).

A tabela a seguir vai expor o panorama em que se enquadrou o saneamento básico no


Brasil entre o Século XIX e XXI, podendo ser observada a evolução do saneamento e
fortalecimento gradativo das questões ambientais, além dos aspectos referentes a legislação
para o controle de qualidade da água destinado a todos os setores sociais e privados.

Tabela 1 - Evolução histórica do setor de saneamento no Brasil.


PERÍODO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Estruturação das ações de saneamento sob o
MEADOS DO SÉCULO paradigma do higienismo, isto é, como uma ação de
XIX ATÉ INÍCIO DO saúde, contribuindo para a redução da
SÉCULO XX morbimortalidade por doenças infecciosas,
parasitárias e até mesmo não infecciosas. Organização
dos sistemas de saneamento como resposta a situações
epidêmica, mesmo antes da identificação dos agentes
causadores das doenças.
Intensa agitação política em torno da questão sanitária,
com a saúde ocupando lugar central na agenda
pública: saúde pública em bases científicas modernas
a partir das pesquisas de Oswaldo Cruz. Incremento
no número de cidades com abastecimento de água e da
INÍCIO DO SÉCULO XX mudança na orientação do uso da tecnologia em
ATÉ A DÉCADA DE 30 sistemas de esgotos, com a opção pelo sistema
separador absoluto, em um processo marcado pelo
trabalho de Saturnino de Brito, que defendia planos
estreitamente relacionados com as exigências
sanitárias (visão higienista).

Elaboração do Código das Águas (1934), que


representou o primeiro instrumento de controle do uso
de recursos hídricos no Brasil, estabelecendo o
DÉCADAS DE 30 E 40 abastecimento público como prioritário. Coordenação
das ações de saneamento (sem prioridade) e
assistência médica (predominante) essencialmente
pelo setor de saúde.
Surgimento de iniciativas para estabelecer as
primeiras classificações e os primeiro parâmetros
físicos, químicos e bacteriológicos definidores da
DÉCADAS DE 50 E 60 qualidade das águas, por meio de legislações estaduais
e em âmbito nacional. Permanência da dificuldade em
relacionar os benefícios do saneamento com a saúde,
restando dúvidas inclusive quanto à sua existência
efetiva.
Predomínio da visão de que avanços nas áreas de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário nos
países em desenvolvimento resultariam na redução
das taxas de mortalidade, embora ausentes dos
programas de atenção primária à saúde. Consolidação
DÉCADA DE 70 do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA), com
ênfase no incremento dos índices de atendimento por
sistemas de abastecimento de água. Inserção da
preocupação ambiental na agenda pública brasileira,
com a consolidação dos conceitos de Ecologia e Meio
Ambiente e a criação da Secretaria Especial de Meio
Ambiente (SEMA) em 1973.
Formulação mais rigorosa dos mecanismos
responsáveis pelo comprometimento das condições de
saúde da população, na ausência de condições
DÉCADA DE 80 adequadas de saneamento básico (água e esgoto).
Instauração de uma série de instrumentos legais de
âmbito nacional definidores de políticas e ações do
governo brasileiro, como a Política Nacional do Meio
Ambiente (Lei 6.938/81). Revisão técnica das
legislações pertinentes aos padrões de qualidade das
águas.
Ênfase no conceito de desenvolvimento sustentável e
de preservação e conservação do meio ambiente e
DÉCADA DE 90 ATÉ O particularmente dos recursos hídricos, refletindo
INÍCIO DO SÉCULO XXI diretamente no planejamento das ações de
saneamento. Instituição da Política e do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Lei
9.433/97). Incremento da avaliação dos efeitos e
consequências de atividades de saneamento que
importem impacto ao meio ambiente. Instituição de
diretrizes nacionais para o saneamento básico (Lei
11.445/07).
Fonte: Soares, Bernardes e Cordeiro Netto (2002)

O Brasil é um país com a infraestrutura atrasada quando se fala no quesito saneamento


básico e por isso temos como um dos maiores desafios dos governantes tentar desenvolver tal
área. Os últimos dados do Ministério das Cidades, através do Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento – SNIS – base 2015, mostram o Brasil ainda distante de cumprir suas metas
básicas de levar água tratada, coleta e tratamento de esgotos a todos os brasileiros.

Figura 1: Saneamento Básico inexistente.


FONTE: https://www.saneamentobasico.com.br/o-saneamento-basico-no-brasil-por-hiram-
sartori/

Existem números apontando que somente em 2015 a coleta de esgotos chegou a mais
da metade da população brasileira – 50,3% da população com acesso, mas apenas 42,6% dos
esgotos gerados no país são tratados (AEGEA, 2017).

Tido como grande problema no Brasil, o saneamento básico apesar de ser um direito de
todos garantido pela Constituição e definido pela Lei nº 11.445/2007, através de dados que
comprovam a realidade do país, mostra uma nação que precisa correr um longo caminho para
se ter saúde de qualidade que atenda o estado de bem-estar das pessoas. Estima-se que o país
para atingir um nível de saneamento ideal demoraria cerca de 20 a 30 anos e gastaria 500 bilhões
de reais.

Figura 1 – Córrego Poluído


FONTE: https://www.saneamentobasico.com.br/o-saneamento-basico-no-brasil-por-hiram-sartori/

Se tal investimento acontecesse acarretaria em melhorias na educação, expansão do


turismo, valorização de imóveis, preservação dos recursos hídricos e o principal: traz saúde e
qualidade de vida para as pessoas. Caso não ocorra, consequências negativas poderiam surgir
para prejudicar a população. Essa é a real realidade (SARTORI, 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

É imprescindível para a humanidade serviços de saneamento básico, tanto no combate


e prevenção de doenças, quanto na preservação ambiental. O desenvolvimento ao longo dos
anos em todo mundo mostra que os aspectos ambientais nas ações de saneamento têm
importância significativa promovendo avanços quanto em termos de legislação, porém é
preciso criar condições para que os serviços de saneamento sejam implementados e sejam
acessíveis a todos. No mundo, com toda a capacidade e poder aquisitivo das grandes potências
mundiais, poderiam a mesma investir mais no serviço que traria mais benefícios e para aqueles
países considerados pobres, se fazia necessário a ajuda de todos.
Seria uma espécie de universalização dos serviços, sendo necessário que se
estabelecesse um equilíbrio entre os aspectos ecológicos, econômicos e sociais, de tal forma
que as necessidades básicas de cada indivíduo pudessem ser satisfeitas, sem consumismo ou
desperdícios, e que todos tenham oportunidades iguais de desenvolvimento de seus próprios
potenciais e tenham consciência de sua corresponsabilidade na preservação dos recursos
naturais e na prevenção de doenças.

Já em relação ao Brasil, com tudo o que ocorre na atualidade, com escândalos


envolvendo corrupção fraudes em diversos setores para beneficiar algumas empresas, a questão
do saneamento básico não está em primeiro lugar na lista dos problemas para serem resolvidos.

Num país que em diversas regiões não existe nem 50% de saneamento atendendo as
pessoas, a falta de investimento põe a população à mercê das doenças, seria necessária muita
força de vontade por parte dos órgãos públicos para levar a quem precisa tudo o que é de direito.
O Brasil não é diferente do restante do mundo e passa por epidemias constantemente, como por
exemplo a dengue e outras tantas doenças, sendo necessário ações de prevenção urgentemente.

Assim, o que podemos fazer mesmo que seja uma realidade distante é esperar que
melhorias aconteçam para que não só no Brasil, mas todo o resto do mundo tenham saúde de
qualidade e nível de bem-estar.
REFERÊNCIAS

AEGEA. Documentário sobre saneamento básico revela um Brasil esquecido. Disponível


em: http://www.aegea.com.br/2017/01/documentario-sobre-saneamento-basico-revela-um-
brasil-esquecido/. Acesso em: 08 jul. 2018.

BARROS, Rodrigo. BLOG, SANEAMENTO BÁSICO: CONHEÇA A HISTÓRIA DO


SANEAMENTO BÁSICO E DO TRATAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO. Disponível em:
<http://www.eosconsultores.com.br/historia-saneamento-basico-e-tratamento-de-agua-e-
esgoto/>. Acesso em: 08 jul. 2018.

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 3. ed. rev. Brasília:


FUNASA, 2006. Disponível em: Acesso em: 06 jul. 2018.

CAVINATTO, V. M. Saneamento básico: fonte de saúde e bem-estar. São Paulo: Ed.


Moderna, 1992.

SAKER, João Paulo Pellegrini. Saneamento Básico e Desenvolvimento . 2007. 141 p.


Dissertação (Dissertação de mestrado em Direito Político e Econômico)- Mackenzie,
Universidade Presbiteriana, São Paulo, 2007. Disponível em:
<http://livros01.livrosgratis.com.br/cp061777.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2018.

SALVIANNO, Francisco de Assis. O saneamento básico na história da humanidade .


Disponível em:
<http://www.senado.leg.br/comissoes/ci/ap/AP20091130_FranciscodeAssisSalvianodeSousa.
pdf>. Acesso em: 06 jul. 2018.

SANETRAN. Evolução do saneamento no mundo e importância da gestão de resíduos


sólidos . 2016. Disponível em: <http://sanetran.com.br/evolucao-do-saneamento-no-mundo-e-
a-gestao-de-residuos-solidos/>. Acesso em: 08 jul. 2018.

SOARES, S. R. A.; BERNARDES, R. S.; CORDEIRO NETTO, O. M. Relações entre


saneamento, saúde pública e meio ambiente: elementos para formulação de um modelo de
planejamento em saneamento. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18 (6):1713-1724, nov,
2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v18n6/13268.pdf.. Acesso: 08 Jul 2018.

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