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PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância
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a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
3
Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Um abraço,
4
Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!..
CAPÍTULO 01
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E AS
IMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS PARA A CRIANÇA NA ADOÇÃO E NA
SEPARAÇÃO DOS PAIS
Risco e Proteção___________________________________________ 18
Implicações da Separação dos Pais para a Criança______________ 19
Recapitulando_____________________________________________ 27
CAPÍTULO 02
NECESSIDADES ESPECIAIS DO IDOSO E VIOLAÇÕES SOFRIDAS
CAPÍTULO 03
ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI, INSTITUCIONALIZAÇÃO
E SUAS IMPLICAÇÕES PSICOLÓGIAS
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A Psicologia está cada vez mais presente no âmbito do judiciá-
rio, e sua importância é notória, haja vista que, assim como o Direito, a
Psicologia lida com questões humanas, e nesse sentido, o estudo psi-
cossocial, bem como os pareceres, laudos técnicos e relatórios formam
um conjunto integrado com as leis para uma melhor aplicação do direito
e resolução de questões que envolvem os lados emocional, sentimental,
psicológico, moral e social das pessoas. É essa integração que traz maior
importância às questões humanas, que vão além da aplicação da letra
fria da lei.
É com o apoio de uma equipe interprofissional, formada por as-
sistentes sociais, psicólogos, advogados e todo o aparato do judiciário,
que questões que envolvem divórcio, guarda, tutela, adoção, aplicação
de medidas de proteção e socioeducativas são avaliadas e aplicadas, de
forma a minimizar os seus efeitos negativos. É por estas e diversas ou-
tras razões que o apoio que a Psicologia dá ao Direito é imprescindível na
Justiça da Infância, Juventude e Idoso, bem como nas ações de família.
Nesse sentido, no decorrer desse módulo, serão abordados te-
mas como o desenvolvimento humano e, logo em seguida, os temas que
são corriqueiros nas varas da infância e juventude e do idoso, e que ca-
recem de atenção multidisciplinar, por serem temas que vão além de um
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
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DESENVOLVIMENTO DA
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longo de todo o ciclo de vida.
Assim, o estudo do desenvolvimento humano envolve três
principais aspectos: o físico, o cognitivo e o psicossocial. O desenvolvi-
mento físico se reflete no crescimento do corpo e do cérebro, incluindo
os padrões de mudança nas capacidades sensoriais, motoras e saú-
de. O desenvolvimento cognitivo envolve as habilidades mentais, como
aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento e criativida-
de. Já o desenvolvimento psicossocial é caracterizado pela mudança
nas emoções, personalidade e relações sociais.
Nesse sentido, ainda segundo Papalia, no período pré-natal
(da concepção ao nascimento), no que diz respeito ao desenvolvimento
físico, ocorre a formação de estruturas e os órgãos corporais básicos,
inicia-se o crescimento do cérebro e o crescimento físico. Já no que diz
respeito ao desenvolvimento cognitivo, nesse período desenvolvem-se
as capacidades de aprender e lembrar, bem como as de responder aos
instintos sensoriais. Já em relação ao desenvolvimento psicossocial, o
feto já responde à voz da mãe desenvolvendo preferência por ela (PA-
PALIA, 2013 p. 40).
Quanto à primeira infância, período compreendido entre o nas-
cimento até os 3 anos de idade, todos os sentidos e sistemas corporais
funcionam em graus variados, o cérebro aumenta em complexidade e o
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
vimento do superego.
A quarta fase diz respeito à fase da latência, período 6 anos
até a puberdade, fase considerada de relativa tranquilidade emocional
e de exploração social e intelectual. Segundo Freud, nessa fase há um
redirecionamento da energia sexual para outras áreas da vida.
Já a quinta e última fase corresponde à fase genital, período
compreendido dos 12/13 anos até a vida adulta, período caracterizado
pela puberdade e volta dos impulsos sexuais que passam a ser dire-
cionados a outras pessoas fora do contexto familiar e, a partir disso,
começam as relações interpessoais (PAPALIA, 2013).
Apesar de algumas teorias de Freud não serem mais cientifi-
camente aceitas, ele percebeu a importância da psiquê no desenvolvi-
mento humano, bem como a importância do estudo dos sentimentos,
emoções, desejos e inconsciente.
Já segundo Erik Erikson (1950 – 1982), o desenvolvimento
abrange oito estágios, cada estágio corresponde a uma crise de perso-
nalidade e ao desenvolvimento de uma virtude que é responsável pelo
êxito de cada estágio da vida. Sua teoria é importante, pois, envolve
aspectos sociais e culturais no desenvolvimento. Nesse sentido, os es-
tágios do desenvolvimento humano para Erik Erikson são:
Estágios da Confiança básica versus Desconfiança: período
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do nascimento aos 12-18 meses, caracteriza-se pelo desenvolvimento
do senso de segurança, e tem como virtude a esperança (PAPALIA,
2013).
Autonomia versus Vergonha e dúvida: vai dos 12-18 meses
aos 3 anos de idade, período em que a criança desenvolve a indepen-
dência e autossuficiência em relação à vergonha e à dúvida, e possui
como virtude a vontade (PAPALIA, 2013).
Iniciativa versus Culpa: período entre os 3 anos até os 6 anos
de idade, a criança passa a experimentar novas atividades, pois, de-
senvolveu sua capacidade de iniciativa e não é dominada pela culpa, a
virtude desse período é o propósito (PAPALIA, 2013).
Produtividade versus Inferioridade: vai dos 6 anos até a puber-
dade, a criança passa a aprender novas habilidades e a se inserir na
cultura, e começa a enfrentar desafios como os sentimentos de inferio-
ridade, a virtude dessa fase é a habilidade (PAPALIA, 2013).
Identidade versus Confusão de identidade: período entre a pu-
berdade até a fase adulta jovem, corresponde à fase de indagações e
busca de respostas sobre o eu, a virtude é a fidelidade.
Generatividade versus Estagnação: fase da vida adulta inter-
mediária, o adulto vive um período de preocupação com a próxima ge-
ração ou sente um empobrecimento pessoal, a virtude ativada nessa
ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabe-
lece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo
ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição
de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha. Dá origem, portanto, a uma
relação jurídica de parentesco civil entre adotante e adotado (DINIZ, 2008,
p.506).
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ilegítimos, naturais, incestuosos, espúrios ou adotivos. Filho é simples-
mente “filho”” (DIAS, 2015, p.55).
A lei n° 8.069/1990 - ECA é a responsável por disciplinar o ins-
tituto da adoção e, em consonância com a Constituição, dispõe que a
“adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos
e deveres, inclusive sucessórios” (art.41).
A adoção configura para a criança o sonho de ter um lar, al-
guém que possa cuidar, proteger, educar e amar. Para o adotante repre-
senta a constituição de uma família.
No entanto, antes da tão sonhada família, a criança ou ado-
lescente vive em acolhimentos institucionais, seja por que teve que ser
retirada de sua família natural, seja porque foi abandonada. Essa situa-
ção de abrigo, que deveria ser temporária, perpassa o tempo, podendo
chegar até a maioridade, momento pelo qual o adolescente, ainda não
adotado, teme veementemente, haja vista que por não poder ficar mais
na instituição de acolhimento, não tem para onde ir.
A separação dos pais causa um abalo psicológico muito gran-
de na criança que foi retirada de sua família natural, razão pela qual, em
um primeiro momento, a criança pode apresentar resistência diante dos
pais adotivos, em contrapartida também pode apresentar ansiedade e
desejo de integrar uma família sadia e acolhedora.
RISCO E PROTEÇÃO
Fatores de risco e proteção que envolvem crianças, adoles-
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ções de risco dentro do seu contexto social, haja vista que seus pais
estão sempre ocupados e elas são deixadas sozinhas em casa, razão
pela qual podem apresentar exposição a substâncias químicas, ansie-
dade e depressão (PAPALIA, 2013, p. 45).
Por fim, levando em consideração os três aspectos do desen-
volvimento, quais sejam, biológico, psicossocial e cognitivo, podemos
destacar como fatores de risco biológico a prematuridade, desnutrição,
baixo peso, lesões cerebrais e atraso no desenvolvimento. No que tan-
ge ao fator psicossocial, os fatores de risco são: família desestruturada,
o desemprego, a pobreza, a dificuldade de acesso à saúde e à educa-
ção. E, quanto ao aspecto cognitivo, os fatores de risco estão ligados
aos pais, pais com desordens afetivas, antissociais, violentos, viciados,
tornam crianças vulneráveis a situações de risco, que acarretam proble-
mas de atenção, linguagem, memória, etc.
Já no que se refere aos fatores de proteção, podemos destacar
características individuais da própria criança ou adolescente, ligadas à
autoestima, valores, personalidade e visão de mundo. Os sentidos de
família estão ligados ao deveres de cuidar, educar, proteger e amar,
bem como de dar educação, alimentação e acesso à saúde a crianças
e adolescentes. São famílias estruturadas por adultos responsáveis e
desligados ou afastados do vício de álcool ou drogas e sem muitos con-
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No mesmo sentido, o Código Civil conceitua a entidade familiar
como a união estável entre o homem e a mulher (inclui-se pessoas do
mesmo sexo), configurada na convivência pública, contínua e duradou-
ra e estabelecida com o objetivo de constituir família (art. 1.723).
Complementando o entendimento acima, a lei n° 8.069/90 –
Estatuto da Criança e do Adolescente, considera família a comunidade
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (família na-
tural), ou seja, pai, mãe e filho(s), ou pai e filho e mãe e filho. Bem como
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade
do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou o
adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade, sen-
do essa considerada família extensa (art.25, e parágrafo único).
O Estatuto também traz o conceito da família substituta, que é
aquela formada mediante guarda, tutela ou adoção, art.28.
Analisando todo o ordenamento jurídico brasileiro, que trata
das questões familiares como a Constituição, Código Civil e o Estatuto
da Criança e do Adolescente, podemos chegar à conclusão de que,
apesar dos esforços da jurisprudência, o Direito engatinha no sentido
de se ajustar à realidade vigente, haja vista que a família possui forma-
tações diversas, sendo difícil definir o conceito de família nos tempos
atuais, sem incidir num “vício de lógica”, como elenca Maria Berenice
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[...] cônjuges não casados que habitam a mesma casa, o casamento experi-
mental ou a convivência temporária antes da tomada de decisão de oficializar
o casamento, os casais homossexuais, as famílias recasadas, os cônjuges
que moram em casas diferentes e as pessoas que vivem com parentes que
exigem cuidados são todas construções de vida familiar baseadas, principal-
mente, nos sentimentos subjetivos nutridos pelas pessoas envolvidas (DES-
SEN, 2010, 211).
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Separação e Divórcio
Apesar de ser considerada a mesma coisa, separação e divór-
cio não se confundem. O casamento termina de várias maneiras, com
a morte, pela nulidade ou anulação do casamento, pelo divórcio e pela
separação (art. 1.571, III e IV do Código Civil), porém, somente se dis-
solve pela morte ou pelo divórcio, conforme dispõe o artigo 1.571, § 1°
também do Código Civil.
Ou seja, a decisão de não ser mais um casal que acarreta a
separação, geralmente, ocorre antes da solicitação de divórcio, mas
não é requisito para tal, quando duas pessoas decidem em se separar
significa que o relacionamento acabou, porém, apenas com o divórcio é
que elas se tornam separadas civilmente e judicialmente.
Em que pese a separação ser fruto de uma decisão de adul-
tos, e juridicamente parecer apenas o fim de um contrato matrimonial,
conforme a Psicologia, a separação gera efeitos emocionais, que acar-
retam desestabilização da família, ocasionando um efeito cascata nos
demais membros da família, principalmente entre os menores.
As principais dificuldades do casal em processo de divórcio e,
consequentemente, a busca pelas varas da infância, juventude e família
se dá pela disputa de guarda, requerimento de pensão alimentícia, re-
gulamentação de visitas, reconhecimento de paternidade, entre outros.
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Tanto o Direito, quanto a Psicologia, reconhecem a influência e
a importância do contexto familiar no desenvolvimento de pessoas em
formação, ambos reconhecem que as implicações da separação para
a criança não se reduzem a um sofrimento momentâneo, mas pode
causar efeitos psicológicos e emocionais pelo resto da vida, haja vista
que o divórcio, muitas vezes, ocasiona a falta de convívio com o genitor
que sai de casa, seja ele o pai ou a mãe, além de mudar o cotidiano das
crianças. Nesse sentido Barreto (2013) explica:
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Figura 1- Gráfico de divórcios e responsáveis pela guarda do filho me-
nor, do ano de 2017.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Serrana - SP Pro-
va: Psicólogo
O Estatuto da Criança e do Adolescente determina que as medi-
das específicas de proteção à criança e ao adolescente sejam apli-
cadas sempre que seus direitos sejam violados ou ameaçados. A
intervenção precoce das autoridades competentes, nesses casos,
deve ser efetuada
A) somente quando for solicitada pelo Conselho Tutelar.
B) a pedido dos familiares ou dos responsáveis pelo jovem ou criança
C) após o acolhimento da criança ou adolescente em um abrigo.
D) atendendo a um pedido expedido por uma autoridade judiciária.
E) logo que a situação de violação ou perigo seja conhecida.
QUESTÃO 2
Ano: 2016 Banca: FAURGS Órgão: TJ-RS Prova: Psicólogo Judi-
ciário
Técnicos e cuidadores que atuam em serviços de acolhimento,
QUESTÃO 3
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: TJ-BA Prova: Analista Judiciário -
Psicologia
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Durante a avaliação de um casal que requereu a habilitação para
adoção, o psicólogo apurou que a requerente estava fazendo um
tratamento à base de hormônios com vistas a uma nova tentativa
de reprodução assistida e que ela eo marido depositavam muita
esperança naquele procedimento. Assim, o psicólogo deu um pa-
recer pela inabilitação temporária do casal e agendou entrevista
de:
A) anamnese, com o objetivo de fazer um levantamento detalhado da
história do desenvolvimento de cada um dos cônjuges;
B) advertência, com o objetivo de admoestar os postulantes pela judi-
cialização de questões emocionais e conjugais;
C) diagnóstico, com o objetivo de investigar possíveis fatores ansiogêni-
cos que possam contribuir para a infertilidade da requerente;
D) devolução, para comunicar aos requerentes o resultado da avalia-
ção, ajudando-os a compreender as conclusões do processo naquele
momento;
E) motivação, para estimular os pretendentes a refletir sobre as vanta-
gens da filiação adotiva.
QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: MPE-AL Prova: Psicólogo
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QUESTÃO 5
Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: DPE-SP Prova: Psicólogo
A separação conjugal, muitas vezes, é um processo desgastante,
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que traz para o casal e para seus filhos sofrimento emocional de-
corrente dos conflitos conjugais que levaram à separação. A me-
diação familiar tem se mostrado um método que traz benefícios
às partes. Neste contexto, o psicólogo deverá considerar em sua
prática:
I. A mediação permite que as partes envolvidas possam pensar por
si mesmas para chegarem a um acordo, assumindo suas vidas e
decisões, comprometendo-se a cumprir o que foi acordado.
II. A mediação pode ser utilizada em todos os casos de separação
conjugal.
III. Nos casos de separação conjugal, a mediação sempre será rea-
lizada com o casal, não podendo ser ampliada ao grupo familiar.
IV. Um dos objetivos da mediação familiar, na separação conjugal,
é levar as partes à reflexão sobre a situação dos filhos em comum,
buscando a solução que seja menos prejudicial ao bem-estar de-
les.
V. A atuação do psicólogo na mediação familiar visa tão somente
avaliação psicológica das partes e à produção de relatório que au-
xilie o profissional do direito na condução da mediação do conflito.
Está correto o que se afirma APENAS em
A) I, II e III.
TREINO INÉDITO
Mesmo com o passar dos tempos, o divórcio dos pais ainda é fonte de
desenvolvimento de estresse, podendo gerar danos aos filhos a depen-
der da maneira que for discutido e apresentado. Dessa forma, assinale
a alternativa correta, acerca dos sinais mais comuns, resultantes do
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divórcio para os filhos.
A) Redução do interesse por brincadeiras;
B) Angústia;
C) Agressividade;
D) Todas as alternativas estão corretas.
NA MÍDIA
NA PRÁTICA
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NECESSIDADES ESPECIAIS
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
DO IDOSO E
VIOLAÇÕES SOFRIDAS PELO
IDOSO E PELA CRIANÇA
AS NECESSIDADES ESPECIAIS DOS IDOSOS
Antes de discutirmos sobre as necessidades especiais dos ido-
sos é importante esclarecer o critério etário.
Nos termos da lei n° 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) conside-
ra-se idosa a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos.
Porém, a questão do idoso corresponde melhor a um critério
biológico e social, do que a um parâmetro etário, como ressalta Cama-
rano:
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a idade cronológica é o critério universal de classificação para a ca-
tegoria idoso é correr o risco de afirmar que indivíduos de diferentes
lugares e diferentes épocas são homogêneos (CAMARANO, 2004, p.5).
dos que embora sofram algum tipo ou vários tipos de doença, continuam a
dar conta das tarefas da vida cotidiana;
e o dos que são dependentes por terem enfermidades físicas, mentais inca-
pacitantes e, sobretudo, por sofrerem essas enfermidades num contexto de
pobreza pessoal e familiar. (BRASIL, 2014, p.30)
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estão estritamente ligadas à capacidade de alimentar-se, vestir-se,
tomar banho, levantar-se, caminhar, ou seja, capacidade de realizar ati-
vidades diárias. Além das dificuldades com essas tarefas, esse grupo
também pode apresentar dificuldades para lidar com dinheiro (BRASIL.
2014, p.32).
Morais (2012, p.10), quando da representação do Brasil na Or-
ganização Pan-Americana da Saúde, classificou que a independência e
a autonomia estão estritamente relacionadas à harmonia e ao funciona-
mento dos seguintes sistemas funcionais principais: cognição, humor,
mobilidade e comunicação.
A cognição é a “capacidade mental de compreender e resolver
os problemas do cotidiano” (MORAIS, 2012, P.10), está ligada à capaci-
dade de conhecimento, percepção memória, raciocínio e etc.
Humor é a motivação em realizar atividades do cotidiano, está
relacionado ao ânimo e reflete no grau de disposição.
A mobilidade é a capacidade de deslocamento; e comunicação
é a capacidade de externar a mensagem como forma de estabelecer re-
lacionamentos, trocar informações entre outras coisas (MORAIS, 2012,
P.11).
A parcela da população idosa que mais sofre com as impli-
cações características do terceiro grupo, são os pobres, pois, esses
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humanos fundamentais de toda criança e adolescente, com o objetivo
de proteger a criança de forma integral. Nesse sentido a Constituição
dispõe, em seu art. 227, que é dever da família, da sociedade e do
Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o cumprimento dos seus diretos fundamentais e o respeito a
sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Assim, em consonância com a Constituição e com os Docu-
mentos Internacionais, a legislação especial que tutela os direitos infan-
tojuvenis – Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, prevê
a articulação de todo um sistema legal de proteção jurídica, que atua
tanto na prevenção da violação de direitos, quanto na responsabiliza-
ção, seja ela criminal ou administrativa, dos responsáveis pela conduta
violadora.
O Estatuto determina que “é dever da família, da comunida-
de, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com abso-
luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária (art.4).
Também no sentido de proteção aos direitos humanos, e em
consonância com a Constituição Federal, a lei 10.741/2003 – Estatuto
O que é Violência?
Segundo Minayo (2006), a violência consiste no uso da força,
do poder e de privilégios para dominar, submeter e provocar danos a
outros: indivíduos, grupos e coletividades.
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Formas de violência contra a Criança
Seja por ação ou omissão das instituições, família, comunida-
de, sociedade e Estado, a criança e o adolescente sofrem constante-
mente devido a violação dos seus direitos.
O Ministério da Saúde, através da Portaria n° 737/2001, reco-
nhece a violência como questão de saúde pública, segundo a portaria,
o grupo de crianças, adolescentes e jovens, é o principal em vítimas de
violência doméstica.
Além disso, também segundo o Ministério da Saúde, acidentes
e violência são as principais causas de morbimortalidade da população
infantojuvenil.
Nesse sentido, a portaria identifica como acidentes domésti-
cos “quedas, queimaduras, intoxicações, afogamentos e outras lesões”
(BRASIL, 2001, online), que para o Direito tratam-se de violência decor-
rente de negligência. Já em relação às violências domésticas, a portaria
elenca maus tratos físicos, abusos sexual e psicológico, negligência e
abandono e como violência extradomiciliar a exploração do trabalho in-
fantojuvenil e exploração sexual, além de outras originadas na escola,
na comunidade, nos conflitos com a polícia, especialmente caracteriza-
dos pelas agressões físicas e homicídios. A portaria também destaca a
violência auto infligida, como a tentativa de suicídio.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
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A Violência Interpessoal é um reflexo da violência estrutural
e social.
Dentre as formas de violência elencadas pelo Ministério dos
Direitos Humanos, destaca-se a Violência Intrafamiliar, que correspon-
de à “toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade
física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento
de outro membro da família” (BRASIL, 2017, p.14).
Infelizmente, é no seio familiar, lugar que deveria ser de prote-
ção e acolhimento, onde ocorre mais da metade dos casos de violên-
cia contra a criança. Na maioria dos casos, os supostos violadores são
familiares de primeiro grau, e as violações ocorrem na casa da própria
vítima, nesse sentido, estão os dados abaixo explicitados na figura 2:
38
e/ou psicológico à vítima – implica, de um lado uma transgressão do poder/
dever de proteção do adulto e, de outro, uma coisificação da infância, istoé,
uma negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados
como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento (GUER-
RA, 1998, p. 32-33).
violência física;
violência psicológica;
violência sexual;
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esmurrar, queimar, bater, agredir, morder, cortar, estrangular, amarrar,
arrastar, abandonar em lugares desconhecidos, arrancar a roupa, além
dos danos físicos decorrentes de negligência, como a falta de cuidados
com a alimentação, doença, higiene, entre outros.
Maus tratos durante a primeira infância, decorrente de violên-
cia física, como a síndrome do bebê sacudido, pode causar lesão ce-
rebral, paralisia, atraso cognitivo, déficit de crescimento não orgânico,
cegueira, estado vegetativo e até a morte.
A violência sexual, quanto à conceituação de pode ser desta-
cada no artigo 2° da lei n° 12.845 de agosto de 2013, que conceitua o
termo como sendo “qualquer forma de atividade sexual não consentida”.
Pode ocasionar em abalos psicológico e emocional, depres-
são, nível de autoestima baixo, comportamento perturbado, crianças
que sofreram abusos ainda podem apresentar comportamento sexual
precoce, podem ser raivosas e tendem a não confiar nas pessoas.
O Código Penal dispõe que constranger alguém, mediante vio-
lência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou praticar ou permitir
que com ele se pratique ato libidinoso, constitui estupro. Além disso,
praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a prati-
car, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia
própria ou de outrem também constitui tipo penal.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
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palmente àqueles que dependem de cuidados especiais.
O abuso contra a pessoa idosa é um problema da sociedade,
os idosos são desvalorizados e tratados como inúteis e sem função
social, o que ocasiona no idoso a depressão, o isolamento e, em muitos
casos, o desejo de morte.
A organização Mundial da Saúde define a violência contra pes-
soa idosa da seguinte forma:
41
Figura 4 - Tipos de Violência Contra o Idoso
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[...] Entre os principais obstáculos que os profissionais enfrentam estão: a
negação por parte da pessoa idosa de que na família existe o maltrato, em-
bora haja sinais ou sintomas de abuso, e oposição por parte da vítima a que
se faça algum tipo de intervenção no seu ambiente, uma vez identificado o
maltrato (BRASIL, 2014, P. 65).
46
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: MPE-AL Prova: Psicólogo
A idosa Etelvina, acamada há vários anos, está sendo processada
por sua inquilina Isabel. O magistrado da Vara competente intimou
a idosa para audiência em Juízo.
Sobre a conduta do juiz, de acordo com as prerrogativas contidas
no Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/0.3), assinale a afirmativa cor-
reta
A) Está correta, em estrita obediência aos princípios previstos na Cons-
tituição Federal, que preveem a ampla defesa e o contraditório.
B) Está correta, desde que a idosa seja assistida e acompanhada no ato
por um defensor público.
C) Está correta, sob a condição de que a Sra. Etelvina compareça à
audiência acompanhada por advogado.
D) Está errada, pois a presença da idosa só é obrigatória na oitiva que
é realizada na presença do promotor público.
E) Está errada, pois é vedado exigir o comparecimento de idoso enfer-
mo perante órgão público, devendo ser realizado contato em sua resi-
QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: MPE-PE Prova: Analista Ministerial
- Pedagogia
Em concordância ao instituído no Estatuto do Idoso, destinado a
regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou
superior a 60 anos, especialistas afirmam que
A) o desenvolvimento da afetividade é elemento primordial para o pro-
longamento da vida das pessoas com idade avançada, pois permite um
equilíbrio entre os aspectos físicos e psicológicos do idoso.
B) o envelhecimento saudável depende fundamentalmente da interação
entre os fatores biológicos e ambientais, pois deles surgem o maior nú-
mero de doenças degenerativas.
C) para um melhor desenvolvimento de pessoas com idades mais avan-
çadas, é necessário a disponibilidade de recursos médicos e psicológi-
cos que forneçam atividades biopsicomotoras.
D) o desenvolvimento e a manutenção de padrões efetivos de envelhe-
cimento não somente dependem de determinantes de natureza genéti-
co-biológica, mas também são influenciados por fatores socioculturais.
E) as habilidades intelectuais, como a capacidade de articular o pensa-
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mento lógico, dependem essencialmente de exercícios que estimulem a
memória, prevenindo o declínio das capacidades adaptativas
QUESTÃO 3
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: Psicólogo Judi-
ciário
Um adolescente de 16 anos cometeu um ato infracional de gravi-
dade significativa, com alto grau de violência, e foi detido em fla-
grante. Após o ocorrido, foi internado em unidade socioeducativa.
Nessa situação, é correto afirmar que
A) a internação seria legal no prazo de até 180 dias, desde que envol-
vesse atividades pedagógicas.
B) a internação, nesse caso, foi ilegal, pois o jovem não havia sido jul-
gado nem tido oportunidade de defesa.
C) a internação seria legal se fosse feita a pedido do Conselho Tutelar,
no prazo de 10 dias do flagrante.
D) o prazo máximo de internação legal, nessas circunstâncias, seria de
45 dias, sem possibilidade de prorrogação.
E) qualquer medida que envolvesse internação seria ilegal, pois o jo-
vem, por ser menor de idade, é infrator, não criminoso.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
QUESTÃO 4
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: Psicólogo Judi-
ciário
Isabel da Silva Kahn Marin (2002), ao discutir a relação entre ado-
lescência e violência na sociedade contemporânea, destaca o pa-
pel, nesse fenômeno,
A) da dificuldade dos adultos de se mostrarem como representantes da
autoridade e da lei frente à adolescência.
B) da natureza intrinsecamente violenta dos rituais de passagem da
adolescência para a vida adulta, observados em nossos dias.
C) da influência da cultura da violência divulgada e incentivada de modo
exaustivo pelos meios de comunicação.
D) da necessidade de afirmação do jovem pela destruição do velho,
característica do consumismo do século XXI.
E) do investimento da mulher em projetos pessoais que deixam em se-
gundo plano a saúde emocional da família.
QUESTÃO 5
Ano: 2017 Banca: IBFC Órgão: TJ-PE Prova: Analista Judiciário -
Psicólogo
Para SANTOS (2004, apud BRANDÃO) “(...) a temática da infância
48
passa a ser tratada num duplo registro: de um lado, a defesa do
‘menor abandonado’ - defesa do abandono e da pobreza aos quais
foi lançado – e de outro a defesa da sociedade contra o ‘menor cri-
minoso ou delinquente’, portador de uma ameaça potencial à co-
letividade. “ (p. 217). De acordo com o autor, assinale a alternativa
INCORRETA no que diz respeito às formas de intervenção técnica:
A) O adolescente sendo responsabilizado pela prática de ato infracional
perde o direito de medidas de proteção
B) Antecedendo a audiência judicial, a confecção de estudos é vista
como uma forma de intervenção técnica para auxiliar o Juiz em sua
tomada de decisão
C) O encaminhamento às instituições da rede é uma forma de interven-
ção
D) É possível intervir no acompanhamento dos adolescentes na deter-
minação de medidas socioeducativas
E) O adolescente pode ser entrevistado pela equipe técnica, antes de
ser levado à audiência com o Juiz.
Atualmente, ainda ocorrem vários tipos de maus tratos contra aos ido-
TREINO INÉDITO
NA MÍDIA
NA PRÁTICA
51
ADOLESCENTES EM
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
52
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissio-
nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e às convivên-
cias familiar e comunitária (art. 227, da CF).
Dada a importância da família no desenvolvimento da pessoa
humana, levando em consideração o que preconiza o Estatuto, deve ser
dada prevalência às medidas que mantenham, reintegrem na família
natural ou extensa ou, se isso não for possível, que promovam a inte-
gração da criança ou o adolescenteem família adotiva.
Entende-se por família natural: genitor e genitora ou qualquer
deles e seus descendentes; por família extensa aquela que se estende
para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por
parentes próximos com os quais a criança ou o adolescente convive e
mantém vínculos de afinidade e afetividade, como por exemplo, avós,
tios e primos; e por família substituta, a família constituída mediante
tutela, guarda ou adoção.
Ocorre que algumas crianças ou adolescentes vão parar em
acolhimentos institucionais justamente pelo fato dessas famílias natu-
rais ou extensas não terem obedecido o dever legal de sustento, guar-
da, educação dos filhos (art. 22 do ECA). Além de não os colocarem a
salvo de negligência, maus tratos, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
53
Não confundir Medidas de Proteção (art. 101) com Medida So-
cioeducativa (art. 112). A medida de proteção, como o próprio nome diz,
tem a intenção de proteger a criança e o adolescente contra lesão ou
ameaça aos seus direitos. Já a medida socioeducativa é aplicável ao
adolescente quando este pratica ato infracional. Nesse sentido, confira
abaixo na figura 7:
54
É importante frisar que, na aplicação das medidas de proteção,
leva-se em conta os princípios que as regem, que estão dispostos no
art.100, parágrafo único, incisos I ao XII do ECA, elencados no quadro
I abaixo:
55
Intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamen-
te pelas autoridades e instituições, cuja ação seja indispensável à efe-
tiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente;
Proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessá-
ria e adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescen-
te se encontram no momento em que a decisão é tomada;
Responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de
modo que os pais assumam os seus deveres com a criança e o ado-
lescente;
56
pensão ou destituição do Poder Familiar (art.161 §1°,); realizar estudo
social ou perícia para os casos de concessão de guarda e adoção (no
art. 167); e subsidiar, mediante juntada de seus relatórios, a audiência
e, consequentemente, a decisão judicial (art.186, §4°). A equipe inter-
profissional contribui para uma avaliação mais ampla da situação.
É sabido que em demandas judiciais que envolvem família,
criança e adolescente, é de extrema importância a participação de uma
equipe de psicólogos e assistentes sociais, haja vista que a letra da lei é
fria e sua aplicação sem levar em consideração os contextos emocional,
psicológico e social dos indivíduos, a equipe interprofissional é respon-
sável por humanizar o judiciário.
“Se o pai ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos. Nesse sentido, cabe ao juiz, me-
57
Institucionalização
Como vimos acima, a institucionalização é uma medida excep-
cional, de proteção à criança e ao adolescente, aplicada quando os di-
reitos que lhes são reconhecidos por meio da Constituição e da norma
estatutária forem ameaçados ou violados, por falta, omissão, ou abuso
dos pais ou responsável.
Assim verificada a hipótese de falta, omissão ou abuso dos
pais ou responsável, a autoridade competente, poderá determinar o
cumprimento das medidas dispostas no art. 101 do ECA, quais sejam:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de res-
ponsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de
ensino fundamental; IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e
do adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em pro-
grama oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoó-
latras e toxicômanos; VII - acolhimento institucional; VIII - inclusão em
programa de acolhimento familiar; IX - colocação em família substituta.
Entende-se por autoridade competente o Conselho Tutelar nos
casos de aplicação dos incisos I ao VI, ou o Poder Judiciário no caso
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
dos incisos VII, VIII e IX, quais sejam: acolhimento institucional, inclusão
em programa de acolhimento familiar e colocação em família substituta.
Acolhimento familiar, como o próprio nome diz, é quando a
criança e o adolescente que necessitam ser afastados do convívio fami-
liar, são acolhidos em residências de famílias capacitadas e cadastra-
das para esse fim, até que seja encontrada uma solução permanente.
Acolhimento Institucional
Compreende-se por Acolhimento Institucional o acolhimento
“provisório” da criança ou do adolescente, de 0 a 18 anos, em entidade
de atendimento, quando verificada a necessidade de afastamento da
criança ou adolescente do convívio familiar, ou quando as crianças são
encontradas em situações de vulnerabilidade e risco, como as que se
encontram em situação de rua. Nesse sentido, vejamos o julgamento
abaixo:
58
reintegração do menor à família de origem, em razão da negligência e maus-
-tratos a que estava submetido o menos, impõe-se a manutenção da senten-
ça de procedência da medida protetiva de acolhimento institucional. NEGA-
RAM PROVIMENTO AO APELO (Apelação Cível N° 70079425955. Oitiva
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS. Relator: Rui Portanova. Julgado
em 22.11.2018).
(TJ-RS – AC:700079425955 RS, Relator: Rui Portanova, Data de Julgamen-
to:22.11.2018, Oitiva Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do
dia 26.11.20118).
59
Claro que ninguém questiona que o ideal é crianças e adolescentes cres-
cerem junto a quem os trouxe ao mundo. Mas é chegada a hora de acabar
com a visão romanticamente idealizada da família. O filho não é uma “coisa”,
um objeto de propriedade da família biológica. Quando a convivência com
a família natural se revela impossível ou é desaconselhável, melhor atende
ao seu interesse - quando a família não o deseja, ou não pode tê-lo consigo
- ser entregue aos cuidados de quem sonha ter um filho. A celeridade deste
processo é o que garante a convivência familiar, direito constitucionalmente
preservado com absoluta prioridade (CF 227). Para esse fim - e infelizmente
- não se presta a legislação e nem todos os esforços do Conselho Federal
de Justiça, que nada mais fazem do que burocratizar e emperrar o direito à
adoção de quem teve a desdita de não ser acolhido no seio de sua família
biológica (2016, p. 789).
anteriormente praticadas.
Assim, o que ocorre é que essas crianças acabam sendo man-
tidas por anos nessas instituições de acolhimento, ou ficam alternando
de instituições, devido a agressividade, mau comportamento e até mes-
mo fuga para as ruas.
Ou seja, a criança só é incluída no cadastro nacional de ado-
ção quando restarem frustradas todas as tentativas de reintegração da
criança em sua família natural ou extensa, razão pela qual passam anos
em instituições de acolhimento à espera de uma família, mesmo a lei
dispondo que a institucionalização deveria ser exercida em caráter tem-
porário, por no máximo dois anos (art.19, §2° do ECA), mas o que ocor-
re é justamente o inverso. Como critica Maria Berenice Dias:
60
tam cumprir as medidas impostas pelo Conselho Tutelar e conseguem,
com isso, retomar a convivência com os filhos, isso ocorre quando, por
exemplo, os pais se comprometem a matricular os filhos na escola, a
deixar os vícios e a proteger os filhos do trabalho infantil.
Ressalta-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente, por
intermédio dos órgãos integrantes do sistema legal de proteção jurídica,
tais como, Conselho Tutelar, Ministério Público, Vara da Infância e Ju-
ventude, estão sempre atuando em prol da garantia dos direitos infan-
tojuvenis, porém, nem sempre os objetivos da lei são alcançados, o que
leva a doutrina a criticar o processo de adoção, como acima transcrito,
no texto de Maria Berenice Dias.
61
Segundo pesquisa realizada por Ayres, Coutinho, Sá e Alber-
naz as crianças e os adolescentes abrigados podem apresentar carac-
terísticas ditas psicológicas, tais como, “depressão, insegurança, infe-
rioridade intelectual, tornando-os um grupo que poderia ser identificado
por esses comportamentos” (2010, p.5).
Na mesma pesquisa foi constatado que, as crianças institu-
cionalizadas são carentes de afeto, razão pela qual algumas podem se
apegar facilmente a quem lhes dá atenção e outras podem evitar rela-
ções por temer um novo abandono.
No entanto, Ayres, Coutinho, Sá e Albernaz (2010) alertam
para o fato de que há muitas crianças que não apresentam esses “sin-
tomas” ao serem institucionalizadas, há crianças que se sentem alivia-
das por terem sido resgatadas das situações de risco e outras podem
demonstrar resistência.
O que se verifica é que as implicações variam de criança para
criança, do contexto anterior a institucionalização, da idade, da perso-
nalidade, entre outras implicações.
Segundo os especialistas ainda há muito que se investigar
acerca dos efeitos psicossociais que a institucionalização acarreta à
criança e ao adolescente, mas já se sabe que os traumas ocorridos
durante a infância causam efeitos pelo resto da vida, afetando suas
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
62
fo único do art.2 do ECA.
A fixação de imputabilidade até os 18 anos tem sido muito cri-
ticada pela população, debate-se a questão psicológica do adolescente
em conflito com a lei, questionando o seu grau de maturidade para as
práticas dos atos infracionais, ou seja, boa parte da população defende
a imputabilidade para adolescentes na faixa de idade entre dezesseis
e dezoito anos, por entender que estes são plenamente capazes de
responder por suas faltas.
Porém, é preciso avaliar a questão da imputabilidade de forma
mais ampla e contextualizá-la, aplicando os entendimentos sociais e
psicológicos do adolescente.
O legislador acredita que nessa faixa etária ainda é uma fase
de aprendizado, de educação e de formação de caráter, é menos difí-
cil ressocializar um adolescente aplicando as medidas socioeducativas
voltadas para essa finalidade quando comparado ao adulto.
A respeito desse tema, o Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente, criado em 1991 pela lei n° 8.242, órgão Fe-
deral com atuação a nível nacional, que integra o conjunto de atribui-
ções da Presidência da República, emitiu uma nota destacando a ine-
xistência de dados que comprovem que a diminuição da maioridade
penal reduz os índices de criminalidade infantojuvenil e adverte que, o
64
tra defasado e sem nenhuma estrutura para comportar seres humanos.
A medida de internação não pode, em hipótese nenhuma, ex-
ceder o período máximo de três anos, razão pela qual atingido esse
limite, o adolescente deve ser liberado, e só é aplicada mediante preen-
chimento de três requisitos, art.122, quais sejam:
66
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Direito de Famí-
lia. São Paulo: Saraiva.
67
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: DPE-RO Prova: Analista da Defenso-
ria Pública - Analista em Psicologia
Jonas, adolescente de dezesseis anos, apreendido em flagrante
ato infracional de furto, que, ao ser encaminhado à autoridade po-
licial competente, revelou que estava em descumprimento de me-
dida socioeducativa decorrente de outro ato infracional, cometi-
do anteriormente, por posse de pequena quantidade de drogas. O
adolescente afirmou que o furto foi para sustentar o seu consumo
ilícito. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente:
A) Jonas será privado de sua liberdade unicamente por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente;
B) a apreensão de Jonas e o local onde ele poderá ser recolhido serão
comunicados à autoridade judiciária competente e à sua família, num
prazo de quarenta e oito horas;
C) caso seja determinada a internação de Jonas antes da sentença, ela
deve ter o prazo máximo de quinze dias;
D) entre as garantias asseguradas ao Jonas, está a igualdade na rela-
ção processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
QUESTÃO 2
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: Psicólogo Judi-
ciário
Isabel da Silva Kahn Marin (2002), ao discutir a relação entre ado-
lescência e violência na sociedade contemporânea, destaca o pa-
pel, nesse fenômeno,
A) da dificuldade dos adultos de se mostrarem como representantes da
autoridade e da lei frente à adolescência.
B) da natureza intrinsecamente violenta dos rituais de passagem da
adolescência para a vida adulta, observados em nossos dias.
C) da influência da cultura da violência divulgada e incentivada de modo
exaustivo pelos meios de comunicação.
D) da necessidade de afirmação do jovem pela destruição do velho,
característica do consumismo do século XXI.
E) do investimento da mulher em projetos pessoais que deixam em se-
68
gundo plano a saúde emocional da família.
QUESTÃO 3
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: TJ-BA Prova: Analista Judiciário -
Psicologia
Verifica-se hoje um clamor de grande parte da sociedade brasileira
pela redução da maioridade penal, sendo o tema alvo de diversas
propostas em tramitação no Congresso Nacional. Os argumentos
contra a redução da maioridade penal defendem que:
A) é preciso separar o adolescente infrator com menor discernimento
daquele capaz de compreender o caráter criminoso de sua conduta;
B) o Estado tem sua responsabilidade na produção da violência quando
fracassa na garantia dos direitos fundamentais de crianças e adoles-
centes;
C) adolescentes são inimputáveis de acordo com o ECA e por isso não
podem ser alvo de punições quando praticam atos infracionais;
D) a compreensão das condutas do sujeito deve priorizar uma perspec-
tiva individualista, sem reducionismos sociais simplistas;
E) crimes hediondos e reincidências demandam intervenções na esfera
da saúde mental em lugar da aplicação de medidas socioeducativas.
QUESTÃO 5
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: Analista Judiciário
- Psicologia
Com relação ao profissional de psicologia que atua com crianças e
adolescentes em situações de abuso sexual, julgue o item a seguir.
A atenção psicossocial é operacionalizada com o objetivo de es-
truturar ações de atendimento e de proteção à criança e ao ado-
lescente e devem ser realizadas após o afastamento desses indiví-
duos do contexto de vulnerabilização.
( ) Certo
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
( ) Errado
TREINO INÉDITO
NA MÍDIA
NA PRÁTICA
72
Consta-se que são muitas as implicações no âmbito da infân-
cia, adolescência e velhice, que são comuns na sociedade e que envol-
vem questões psicossociais e jurídicas.
Apesar de todos os avanços, tanto na Psicologia, quanto no
Direito, verifica-se que muita coisa ainda precisa ser feita para erradicar
as violações aos direitos da criança e do adolescente e do idoso, po-
rém, é importante reconhecer e aplicar os meios de garantia que temos
a nossa disposição, com o fim de também compormos esse sistema,
que convoca não só a responsabilidade do Estado, mas a nossa, como
membros da sociedade e comunidade em que vivemos.
73
GABARITOS
CAPÍTULO 01
Questões de concursos
01 02 03 04 05
E D D B E
TREINO INÉDITO
Gabarito: D
74
CAPÍTULO 02
Questões de concursos
01 02 03 04 05
E D D A A
TREINO INÉDITO
Gabarito: E
Questões de concursos
01 02 03 04 05
D A B B E
TREINO INÉDITO
Gabarito: D
75
Justificativa: A letra D é a alternativa correta, tendo em vista o disposto
pelo artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente:
76
ALVARENGA, Lidia Levy de; BITTENCOURT, Maria Inês Garcia de
Freitas. A delicada construção de um vínculo de filiação: o pa-
pel do psicólogo em processos de adoção. Pensando fam. Dispo-
nível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1679-494X2013000100005&lng=pt&nrm=iso. acesso em: 15 de
novembro de 2019.