Você está na página 1de 81

1

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

2
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância
R. Maria Matos, nº 345 - Loja 05
Centro, Cel. Fabriciano - MG, 35170-111
www.graduacao.faculdadeunica.com.br | 0800 724 2300

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO.


Material Didático: Ayeska Machado
Processo Criativo: Pedro Henrique Coelho Fernandes
Diagramação: Heitor Gomes Andrade

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira, Gerente Geral: Riane Lopes,
Gerente de Expansão: Ribana Reis, Gerente Comercial e Marketing: João Victor Nogueira

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

3
Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.


Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa
jornada!
Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção
de novos conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

4
Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!..

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professoras: Joana Áurea Barbosa


Lais da Silva Gomes
O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profissional.
A Constituição Federal colocou a criança, o adolescente e o idoso em
papéis de destaque. Reconheceu a criança e o adolescente como sujei-
tos de direitos, que merecem atenção especial e instituiu o princípio da
proteção integral como inerente, não só para a criança e adolescente,
como também para o idoso, assim como o respeito e a garantia dos
direitos fundamentais a todo ser humano. Razão pela qual se faz neces-
sária a presença da Psicologia no Direito, para trazer a humanização e
a proteção integral que a constituição propõe. Nesse sentido, neste mó-
dulo serão abordados os temas de maior destaque no âmbito da Justiça
da Infância, Juventude e Idoso, como as implicações da adoção para a
criança, as implicações do divórcio, da institucionalização e da violência
sofrida por crianças, adolescente e idosos.

Justiça; Implicações; Psicossocial.


Apresentação do módulo __________________________________ 10

CAPÍTULO 01
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E AS
IMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS PARA A CRIANÇA NA ADOÇÃO E NA
SEPARAÇÃO DOS PAIS

Desenvolvimento da Criança e do Adolescente_________________ 11

Implicações Psicossociais da Adoção__________________________ 16

Risco e Proteção___________________________________________ 18
Implicações da Separação dos Pais para a Criança______________ 19

Recapitulando_____________________________________________ 27

CAPÍTULO 02
NECESSIDADES ESPECIAIS DO IDOSO E VIOLAÇÕES SOFRIDAS

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


PELO IDOSO E PELA CRIANÇA

As Necessidades Especiais dos Idosos_________________________ 32


Formas de Violência ao Menor e ao Idoso______________________ 34
Recapitulando_____________________________________________ 47

CAPÍTULO 03
ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI, INSTITUCIONALIZAÇÃO
E SUAS IMPLICAÇÕES PSICOLÓGIAS

Institucionalização e Consequências para o Desenvolvimento Psi-


cossocial de Crianças e Adolescentes_________________________ 52
Adolescentes em Conflito com a Lei___________________________ 62
Recapitulando_____________________________________________ 68
Considerações Finais_______________________________________ 73
Fechando a Unidade_______________________________________ 74
Referências_______________________________________________ 77

9
A Psicologia está cada vez mais presente no âmbito do judiciá-
rio, e sua importância é notória, haja vista que, assim como o Direito, a
Psicologia lida com questões humanas, e nesse sentido, o estudo psi-
cossocial, bem como os pareceres, laudos técnicos e relatórios formam
um conjunto integrado com as leis para uma melhor aplicação do direito
e resolução de questões que envolvem os lados emocional, sentimental,
psicológico, moral e social das pessoas. É essa integração que traz maior
importância às questões humanas, que vão além da aplicação da letra
fria da lei.
É com o apoio de uma equipe interprofissional, formada por as-
sistentes sociais, psicólogos, advogados e todo o aparato do judiciário,
que questões que envolvem divórcio, guarda, tutela, adoção, aplicação
de medidas de proteção e socioeducativas são avaliadas e aplicadas, de
forma a minimizar os seus efeitos negativos. É por estas e diversas ou-
tras razões que o apoio que a Psicologia dá ao Direito é imprescindível na
Justiça da Infância, Juventude e Idoso, bem como nas ações de família.
Nesse sentido, no decorrer desse módulo, serão abordados te-
mas como o desenvolvimento humano e, logo em seguida, os temas que
são corriqueiros nas varas da infância e juventude e do idoso, e que ca-
recem de atenção multidisciplinar, por serem temas que vão além de um
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

mero litígio, haja vista envolverem sentimentos, emoções e suas impli-


cações no desenvolvimento da criança, do adolescente e do idoso, bem
como em seus comportamentos e relações sociais ao longo da vida.
Dito isto, nos dedicaremos, em primeiro plano, ao estudo sobre
o desenvolvimento da criança e do adolescente, abordando as caracte-
rísticas dos três principais aspectos do desenvolvimento humano: bioló-
gico, cognitivo e psicossocial e suas influências em cada fase da vida.
Logo em seguida, iremos nos aprofundar nas implicações psi-
cossociais da adoção, abordando as dificuldades enfrentadas pela ado-
ção. No mesmo capítulo, serão abordados os aspectos de risco e de pro-
teção para a criança e o adolescente, bem como sobre as implicações
psicossociais da separação para os mesmos, abordando o conceito de
família no ordenamento jurídico brasileiro.
Posteriormente, no capítulo dois, destacaremos as necessida-
des especiais dos idosos e, logo em seguida, as violências sofridas tanto
pelas crianças e adolescentes, quanto pelos idosos, e as consequências
que essas violências acarretam na vida da população infantojuvenil e da
população idosa.
Por fim, nos atentaremos às implicações sociais da instituciona-
lização para o adolescente e sobre os adolescentes em conflito com a lei.

10
DESENVOLVIMENTO DA

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE E AS
IMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS
PARA A CRIANÇA NA ADOÇÃO E
NA SEPARAÇÃO DOS PAIS
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Para os cientistas do desenvolvimento, o desenvolvimento hu-


mano é um processo que dura a vida toda. Assim, em cada fase da vida
surgem características pertinentes a ela. Com o avanço da tecnologia
ficou mais fácil responder questões que outrora eram difíceis sobre o
desenvolvimento humano. Muito se sabe, mas muito ainda será desco-
berto.
Segundo Papalia (2013), o estudo científico do desenvolvimen-
to humano compreende o estudo das transformações e estabilidade ao

11
longo de todo o ciclo de vida.
Assim, o estudo do desenvolvimento humano envolve três
principais aspectos: o físico, o cognitivo e o psicossocial. O desenvolvi-
mento físico se reflete no crescimento do corpo e do cérebro, incluindo
os padrões de mudança nas capacidades sensoriais, motoras e saú-
de. O desenvolvimento cognitivo envolve as habilidades mentais, como
aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento e criativida-
de. Já o desenvolvimento psicossocial é caracterizado pela mudança
nas emoções, personalidade e relações sociais.
Nesse sentido, ainda segundo Papalia, no período pré-natal
(da concepção ao nascimento), no que diz respeito ao desenvolvimento
físico, ocorre a formação de estruturas e os órgãos corporais básicos,
inicia-se o crescimento do cérebro e o crescimento físico. Já no que diz
respeito ao desenvolvimento cognitivo, nesse período desenvolvem-se
as capacidades de aprender e lembrar, bem como as de responder aos
instintos sensoriais. Já em relação ao desenvolvimento psicossocial, o
feto já responde à voz da mãe desenvolvendo preferência por ela (PA-
PALIA, 2013 p. 40).
Quanto à primeira infância, período compreendido entre o nas-
cimento até os 3 anos de idade, todos os sentidos e sistemas corporais
funcionam em graus variados, o cérebro aumenta em complexidade e o
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

crescimento físico com as habilidades motoras têm crescimento rápido.


Quanto ao desenvolvimento cognitivo, as capacidades de aprender e
lembrar são aguçadas, no segundo ano de vida a criança já desenvolve
a capacidade de resolver problemas e de compreender e se comuni-
car. Quanto ao desenvolvimento psicossocial, formam-se os vínculos
afetivos com os pais e familiares, se desenvolve a autoconsciência, a
criança passa a ser mais autônoma e aumenta-se o interesse por outras
crianças (PAPALIA, 2013 p. 40).
Na segunda infância, período compreendido entre a idade de 3
a 6 anos, quanto ao desenvolvimento físico, o crescimento é constante,
o apetite diminui e se tornam comuns os distúrbios de sono, aprimoram-
-se as habilidades motoras e gerais e aumenta a força física. Quanto ao
desenvolvimento cognitivo, o pensamento é considerado egocêntrico,
a imaturidade faz a criança ter algumas ideias ilógicas sobre o mundo,
aprimoram-se a memória e a linguagem, a inteligência torna-se mais
previsível. Já quanto ao desenvolvimento psicossocial, aumenta a inde-
pendência, iniciativa e autocontrole, desenvolve-se a identidade de gê-
nero, o brincar torna-se mais social, são comuns o altruísmo, agressão
e temor e a família é o foco social (PAPALIA, 2013 p. 40).
Em relação à terceira infância, idade compreendida de 6 a 11
anos, quanto ao desenvolvimento físico, o crescimento torna-se mais
12
lento, aumenta a força física, e de modo geral, a saúde é melhor do
que em qualquer outra fase da vida. Quanto ao desenvolvimento cog-
nitivo, diminui o egocentrismo, as crianças começam a pensar com ló-
gica, aumentam as habilidades de linguagem e memória, e é a fase
que algumas crianças começam a demonstrar talentos especiais. Já em
relação ao desenvolvimento psicossocial o autoconceito torna-se mais
complexo afetando a autoestima, e os colegas assumem importância
fundamental (PAPALIA, 2013 p. 40).
Quanto à adolescência, período em que Papalia classifica dos
11 até aproximadamente os 20 anos, quanto ao desenvolvimento físico,
as mudanças são rápidas e profundas, ocorre a maturidade reprodutiva,
e surgem os principais riscos para a saúde, decorrentes de questões
comportamentais. No que tange ao desenvolvimento cognitivo, o pen-
samento imaturo ainda persiste em algumas atitudes e comportamentos
e a educação concentra-se na preparação para a faculdade e a profis-
são. Já em relação ao desenvolvimento psicossocial torna-se central
a busca pela identidade, incluindo a sexual, o relacionamento com os
pais geralmente é bom, mas a influência tanto positiva, quanto negativa,
advém dos colegas (PAPALIA, 2013 p. 41).
Papalia (2013) ainda identifica como fatores influentes no de-
senvolvimento a hereditariedade, ambiente e maturação. A heredita-

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


riedade corresponde a características herdadas dos pais. O ambiente,
compreendido por comunidade e contexto social também interfere no
desenvolvimento, pois, adquire-se ao longo da vida, por influência ex-
ternas, educação, amizade, trabalho, valores, crença, entre outros. E a
maturação envolve questões relacionadas ao corpo e ao cérebro.
Além disso, outros fatores também podem influenciar o desen-
volvimento de cada indivíduo, entre os quais a família em que a criança
foi criada, se natural (genitor e genitora, qualquer deles e seus des-
cendentes), ou família extensa (avós, primos, tios), bem como o nível
socioeconômico, já que isso afeta a escolaridade, a assistência médica,
vizinhança e cultura, e as relações interpessoais.
Teorias sobre o Desenvolvimento Humano:
Quanto à perspectiva psicanalista, destacamos dois cientistas:
Sigmund Freud (1856-1939) e Erik Erikson (1950 – 1982), enquanto um
se volta para o estudo do inconsciente, o outro enfatiza as influências
sociais sobre a personalidade e o desenvolvimento.
Para Sigmund Freud, o desenvolvimento está ligado a forças
inconscientes, que influenciam o comportamento humano. Nesse sen-
tido, segundo a teoria do desenvolvimento psicossexual de Freud, os
impulsos biológicos devem ser direcionados para serem possibilitados
à convivência em sociedade.
13
Assim, ele dividiu a personalidade em três componentes da
psiquê: o id, o ego e o superego. O id, está ligado ao prazer e satisfa-
ção. O ego, representa a razão e está ligado ao princípio da realidade e
controla os impulsos do id. Já o superego envolve a consciência e está
vinculado a valores, crenças, deveres e proibições, um articula com o
outro para solucionar suas demandas internas e externas (PAPALIA,
2013).
Com isso ele apontou 5 fases do desenvolvimento psicosse-
xual: fase oral, anal, fálica, latência e genital (PAPALIA, 2013).
A chamada fase oral, corresponde ao período do nascimento
aos 12-18 meses de vida, período em que as percepções e expressões
envolvem a boca, órgão que também é o responsável pelo prazer, prin-
cipalmente o prazer pela amamentação/alimentação.
A segunda fase, corresponde a idade de 12-18 meses aos 3
anos de idade, é a fase anal, período em que a criança adquire controle
sobre a eliminação das fezes e urina.
A terceira fase, é chamada de fase fálica, período de 3 a 6 anos
de idade, fase em que começam a ser percebidos os órgãos genitais e
que podem ser desenvolvidos apegos sexuais pelas mães e as meninas
pelos pais, os chamados Complexo de Édipo e Complexo de Electra,
respectivamente, esse período também é caracterizado pelo desenvol-
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

vimento do superego.
A quarta fase diz respeito à fase da latência, período 6 anos
até a puberdade, fase considerada de relativa tranquilidade emocional
e de exploração social e intelectual. Segundo Freud, nessa fase há um
redirecionamento da energia sexual para outras áreas da vida.
Já a quinta e última fase corresponde à fase genital, período
compreendido dos 12/13 anos até a vida adulta, período caracterizado
pela puberdade e volta dos impulsos sexuais que passam a ser dire-
cionados a outras pessoas fora do contexto familiar e, a partir disso,
começam as relações interpessoais (PAPALIA, 2013).
Apesar de algumas teorias de Freud não serem mais cientifi-
camente aceitas, ele percebeu a importância da psiquê no desenvolvi-
mento humano, bem como a importância do estudo dos sentimentos,
emoções, desejos e inconsciente.
Já segundo Erik Erikson (1950 – 1982), o desenvolvimento
abrange oito estágios, cada estágio corresponde a uma crise de perso-
nalidade e ao desenvolvimento de uma virtude que é responsável pelo
êxito de cada estágio da vida. Sua teoria é importante, pois, envolve
aspectos sociais e culturais no desenvolvimento. Nesse sentido, os es-
tágios do desenvolvimento humano para Erik Erikson são:
Estágios da Confiança básica versus Desconfiança: período
14
do nascimento aos 12-18 meses, caracteriza-se pelo desenvolvimento
do senso de segurança, e tem como virtude a esperança (PAPALIA,
2013).
Autonomia versus Vergonha e dúvida: vai dos 12-18 meses
aos 3 anos de idade, período em que a criança desenvolve a indepen-
dência e autossuficiência em relação à vergonha e à dúvida, e possui
como virtude a vontade (PAPALIA, 2013).
Iniciativa versus Culpa: período entre os 3 anos até os 6 anos
de idade, a criança passa a experimentar novas atividades, pois, de-
senvolveu sua capacidade de iniciativa e não é dominada pela culpa, a
virtude desse período é o propósito (PAPALIA, 2013).
Produtividade versus Inferioridade: vai dos 6 anos até a puber-
dade, a criança passa a aprender novas habilidades e a se inserir na
cultura, e começa a enfrentar desafios como os sentimentos de inferio-
ridade, a virtude dessa fase é a habilidade (PAPALIA, 2013).
Identidade versus Confusão de identidade: período entre a pu-
berdade até a fase adulta jovem, corresponde à fase de indagações e
busca de respostas sobre o eu, a virtude é a fidelidade.
Generatividade versus Estagnação: fase da vida adulta inter-
mediária, o adulto vive um período de preocupação com a próxima ge-
ração ou sente um empobrecimento pessoal, a virtude ativada nessa

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


fase é o cuidado (PAPALIA, 2013).
Integridade versus Desespero: vida adulta tardia, o idoso se
aceita e aceita sua vida, bem como a morte, ou se desespera com es-
ses fatos, virtude sabedoria (PAPALIA, 2013).
Há muitas outras teorias sobre o desenvolvimento, como as
teorias sobre as perspectivas da aprendizagem, em que o desenvolvi-
mento é resultado da aprendizagem e da experiência, os principais no-
mes são Watson e Skinner e Bandura. Além disso, há a teoria de Piaget
sobre a perspectiva cognitiva, voltada aos processos mentais, além da
teoria de Vygotsky, voltada ao aspecto sociocultural.
Percebe-se que o desenvolvimento humano não está ape-
nas vinculado a aspectos físicos de crescimento e aprendizagem, mas
também a aspectos psicológicos, emocionais e sociais. Bem como in-
terferências externas da família, comunidade, sociedade cultura e ins-
tituições. Nesse sentido podemos destacar os sete princípios do de-
senvolvimento do ciclo da vida de Paul B. Baltes (1936-2006), seus
conceitos são amplamente aceitos pelos cientistas do desenvolvimento
e servirão para uma melhor compreensão dos temas que serão aborda-
dos ao longo desse módulo.
Para Baltes, o desenvolvimento é vitalício, nenhum período
da vida é mais ou menos importante que o outro; o desenvolvimento
15
é multidimensional, pois, envolve aspectos biológicos, psicológicos e
sociais; é multidirecional, haja vista que ao longo da vida o indivíduo
cresce e se desenvolve em suas habilidades enquanto outras podem
ser minimizadas ao longo de seu desenvolvimento, em alguns indiví-
duos a habilidade de aprender pode declinar, já em outros pode crescer
e, assim, sucessivamente; o desenvolvimento sofre influências relati-
vas de mudanças biológicas e culturais sobre o ciclo da vida, pois, ao
longo da vida mudanças biológicas ocorrem e, com a idade, aspectos
sensoriais, de força e coordenação, tornam-se mais fracos, porém, com
apoio cultural de relacionamento, bem como a inserção em ambientes
adequados, ajudam a compensar; o desenvolvimento envolve mudança
na alocação de recursos, pois, ao longo do tempo as pessoas escolhem
maneiras diferentes de investir seus recursos de tempo, energia, dinhei-
ro e etc.; o desenvolvimento revela plasticidade, haja vista que capa-
cidades, como a memória e a força podem ser aperfeiçoadas, mesmo
em idade avançada; e, por fim, o desenvolvimento é influenciado pelo
contexto social e cultural (PAPALIA, 2013, p.51).
Nesse sentido, poderemos entender melhor as implicações
que fatores como a adoção, separação dos pais, contexto social, vio-
lência, pobreza e demais tópicos desse módulo podem impactar a vida
de crianças, adolescentes e idosos.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

IMPLICAÇÕES PSICOSSOCIAIS DA ADOÇÃO


A adoção constitui a ação de gerar um filho por intermédio de
um sentimento que extrapola os limites da consanguinidade. No mesmo
sentido caminha Maria Helena Diniz ao descrever que adoção constitui:

ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabe-
lece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo
ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição
de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha. Dá origem, portanto, a uma
relação jurídica de parentesco civil entre adotante e adotado (DINIZ, 2008,
p.506).

Nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente a adoção


é realizada mediante colocação da criança ou adolescente em família
substituta.
No que tange à Constituição Federal, ela prevê que não há
distinção entre filhos havidos na constância do casamento e fora dele,
dos filhos adotados, e veda qualquer conduta discriminatória relativas
à filiação (art. 227, §6). Como diz Maria Berenice Dias “a palavra “filho”
não comporta nenhum adjetivo. Não mais cabe falar em filhos legítimos,

16
ilegítimos, naturais, incestuosos, espúrios ou adotivos. Filho é simples-
mente “filho”” (DIAS, 2015, p.55).
A lei n° 8.069/1990 - ECA é a responsável por disciplinar o ins-
tituto da adoção e, em consonância com a Constituição, dispõe que a
“adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos
e deveres, inclusive sucessórios” (art.41).
A adoção configura para a criança o sonho de ter um lar, al-
guém que possa cuidar, proteger, educar e amar. Para o adotante repre-
senta a constituição de uma família.
No entanto, antes da tão sonhada família, a criança ou ado-
lescente vive em acolhimentos institucionais, seja por que teve que ser
retirada de sua família natural, seja porque foi abandonada. Essa situa-
ção de abrigo, que deveria ser temporária, perpassa o tempo, podendo
chegar até a maioridade, momento pelo qual o adolescente, ainda não
adotado, teme veementemente, haja vista que por não poder ficar mais
na instituição de acolhimento, não tem para onde ir.
A separação dos pais causa um abalo psicológico muito gran-
de na criança que foi retirada de sua família natural, razão pela qual, em
um primeiro momento, a criança pode apresentar resistência diante dos
pais adotivos, em contrapartida também pode apresentar ansiedade e
desejo de integrar uma família sadia e acolhedora.

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


Especialistas apontam que, tanto as crianças, quanto os adul-
tos adotantes, criam expectativas e ilusões – ideais de filhos e pais – que
atrapalham o elo entre adotante e adotado e, quando a realidade não
corresponde ao imaginário de ambos os lados, as frustrações podem
ocasionar mais resistência afetiva por parte da criança, ou até a desis-
tência da adoção (devolução) por parte dos adultos, por não saberem
lidar com a realidade, o que gera, consequentemente, mais sofrimento
para a criança.
A criança que vive o início da adoção ou a chegada em uma
nova família pode externar ações e sentimentos ligados às memórias
afetivas sobre sua família natural. Apesar de ter passado por maus tra-
tos em sua família natural, a criança nutre o desejo de voltar a mo-
rar com seus pais biológicos, razão pela qual “constata-se que o luto
pela mãe biológica é necessário para que a adotante seja adotada pela
criança. A criança terá que renunciar ao retorno da mãe biológica para
permitir um investimento da família adotiva” (Alvarenga e Bittencourt,
Apud Ozoux-Teffaine,1987).
Durante esse período de adaptação, os pais precisam ter muita
paciência e compreensão para encontrar a ligação entre eles e a crian-
ça, para que ela não reviva o trauma da rejeição.
Por tais motivos é de extrema importância a participação da
17
equipe interdisciplinar, como psicólogos, assistentes sociais, em todas
as fases da adoção, para assegurar que seja respeitado o princípio da
Proteção Integral e o Melhor Interesse da Criança, verificando se há
nessa família condições propicias para o desenvolvimento pessoal, afe-
tivo e psicológico da criança.
Há muitos estudos sobre as implicações jurídicas e patrimo-
niais da adoção, no entanto, as implicações psicossociais ainda são um
campo a ser melhor estudado e discutido pelos profissionais da área.
Todo o processo de adoção é acompanhado por equipe multidisciplinar
formada por psicólogos, assistentes sociais e psiquiatras, porém, pouco
se fala sobre as experiências desses profissionais sobre os acompa-
nhamentos das crianças e adolescentes.
Nesse sentido, esse tópico não tem a pretensão de esgotar o
assunto, pois, ele é só a superfície de todo um evento que precisa ser
melhor discutido pelos especialistas da área, para trazer mais visibilida-
de à questão psicossocial e melhor entendimento aos demais profissio-
nais, como advogados, juízes e promotores sobre o assunto.

RISCO E PROTEÇÃO
Fatores de risco e proteção que envolvem crianças, adoles-
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

centes e idosos, devem ser analisados de forma contextualizada com


a realidade em que eles estão inseridos. Haja vista que nem sempre o
que é risco pra um determinado grupo de pessoas, pode ser para outro.
Assim, segundo Filho e Guzzo (2006), a desigualdade social é
fator preponderante quando se refere a fatores de risco contra criança,
adolescente e idoso, pois, acreditam que a pobreza pode contribuir para
o aparecimento de dificuldades de todas as ordens. Porém, ressaltam
que a pobreza por si só não caracteriza uma situação de risco, mas as
adversidades advindas por meio dela sim.
No mesmo sentido Papalia (2013, p.44), identifica os fatores de
risco como “as condições que aumentam a probabilidade de uma con-
sequência negativa no desenvolvimento”. Assim também como identifi-
ca como fator de risco a pobreza, haja vista que ela pode proporcionar
exposição a situações de vulnerabilidade e risco, como maus tratos e
negligência.
No entanto, Papalia (2013, p.45), ressalta que boa parte das
famílias pobres é mais presente na vida dos filhos, frequentam a igreja
juntos, e “fazem as refeições juntos com mais frequência do que as
famílias ricas” (PAPALIA, 2013, p. 45), o que faz com que boa parte
dessas pessoas se sinta mais segura e acolhida em casa.
Também aponta que crianças ricas também passam por situa-

18
ções de risco dentro do seu contexto social, haja vista que seus pais
estão sempre ocupados e elas são deixadas sozinhas em casa, razão
pela qual podem apresentar exposição a substâncias químicas, ansie-
dade e depressão (PAPALIA, 2013, p. 45).
Por fim, levando em consideração os três aspectos do desen-
volvimento, quais sejam, biológico, psicossocial e cognitivo, podemos
destacar como fatores de risco biológico a prematuridade, desnutrição,
baixo peso, lesões cerebrais e atraso no desenvolvimento. No que tan-
ge ao fator psicossocial, os fatores de risco são: família desestruturada,
o desemprego, a pobreza, a dificuldade de acesso à saúde e à educa-
ção. E, quanto ao aspecto cognitivo, os fatores de risco estão ligados
aos pais, pais com desordens afetivas, antissociais, violentos, viciados,
tornam crianças vulneráveis a situações de risco, que acarretam proble-
mas de atenção, linguagem, memória, etc.
Já no que se refere aos fatores de proteção, podemos destacar
características individuais da própria criança ou adolescente, ligadas à
autoestima, valores, personalidade e visão de mundo. Os sentidos de
família estão ligados ao deveres de cuidar, educar, proteger e amar,
bem como de dar educação, alimentação e acesso à saúde a crianças
e adolescentes. São famílias estruturadas por adultos responsáveis e
desligados ou afastados do vício de álcool ou drogas e sem muitos con-

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


flitos internos entre o casal ou os demais membros.

IMPLICAÇÕES DA SEPARAÇÃO DOS PAIS PARA A CRIANÇA


Antes de abordarmos sobre as implicações da separação para
a criança, faremos uma breve abordagem sobre o conceito de família e
sobre o divórcio, para entender melhor como a separação pode impac-
tar a vida da criança.
Nesse sentido, traremos breves considerações sobre a família.

Família à luz do Direito Brasileiro

A Constituição Federal, art. 226, caput, considera a família a


base da sociedade e dispõe que ela possui especial proteção do Esta-
do.
Logo em seguida, no parágrafo 3°, a Constituição reconhece
como entidade familiar a união estável entre homem e a mulher, não
excluindo as pessoas do mesmo sexo, conforme decisão do STF (ADIN
n° 4.277). Entendendo também como entidade familiar, a comunidade
formada por qualquer dos pais e seus descendestes.

19
No mesmo sentido, o Código Civil conceitua a entidade familiar
como a união estável entre o homem e a mulher (inclui-se pessoas do
mesmo sexo), configurada na convivência pública, contínua e duradou-
ra e estabelecida com o objetivo de constituir família (art. 1.723).
Complementando o entendimento acima, a lei n° 8.069/90 –
Estatuto da Criança e do Adolescente, considera família a comunidade
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (família na-
tural), ou seja, pai, mãe e filho(s), ou pai e filho e mãe e filho. Bem como
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade
do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou o
adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade, sen-
do essa considerada família extensa (art.25, e parágrafo único).
O Estatuto também traz o conceito da família substituta, que é
aquela formada mediante guarda, tutela ou adoção, art.28.
Analisando todo o ordenamento jurídico brasileiro, que trata
das questões familiares como a Constituição, Código Civil e o Estatuto
da Criança e do Adolescente, podemos chegar à conclusão de que,
apesar dos esforços da jurisprudência, o Direito engatinha no sentido
de se ajustar à realidade vigente, haja vista que a família possui forma-
tações diversas, sendo difícil definir o conceito de família nos tempos
atuais, sem incidir num “vício de lógica”, como elenca Maria Berenice
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Dias. Nesse sentido, segue entendimento de ABREU, (1999, III Con-


gresso Ibero-Americano de Psicologia Jurídica, p.7) abaixo:

[...] ao longo da história da humanidade, o modelo de família vem se alte-


rando, e a ambição de restaurar a família em seus moldes tradicionais depa-
ra-se com o relaxamento dos vínculos e o declínio social da figura paterna:
aparecem então novos vínculos familiares, formandos por meios-irmãos de
diversas uniões, modos artificiais de procriação, pais solteiros e, sobretudo,
a nova posição da mulher como chefe (única) de família – seja solteira, sepa-
rada, divorciada ou viúva, ou ainda como opção de produção independente
(Apud SILVA, 2016, p.83).

Mas podemos concluir que família é formada pela união de


pessoas ligadas por um vínculo de consanguinidade, afinidade ou afeti-
vidade. Senão vejamos:

[...] cônjuges não casados que habitam a mesma casa, o casamento experi-
mental ou a convivência temporária antes da tomada de decisão de oficializar
o casamento, os casais homossexuais, as famílias recasadas, os cônjuges
que moram em casas diferentes e as pessoas que vivem com parentes que
exigem cuidados são todas construções de vida familiar baseadas, principal-
mente, nos sentimentos subjetivos nutridos pelas pessoas envolvidas (DES-
SEN, 2010, 211).

20
Separação e Divórcio
Apesar de ser considerada a mesma coisa, separação e divór-
cio não se confundem. O casamento termina de várias maneiras, com
a morte, pela nulidade ou anulação do casamento, pelo divórcio e pela
separação (art. 1.571, III e IV do Código Civil), porém, somente se dis-
solve pela morte ou pelo divórcio, conforme dispõe o artigo 1.571, § 1°
também do Código Civil.
Ou seja, a decisão de não ser mais um casal que acarreta a
separação, geralmente, ocorre antes da solicitação de divórcio, mas
não é requisito para tal, quando duas pessoas decidem em se separar
significa que o relacionamento acabou, porém, apenas com o divórcio é
que elas se tornam separadas civilmente e judicialmente.
Em que pese a separação ser fruto de uma decisão de adul-
tos, e juridicamente parecer apenas o fim de um contrato matrimonial,
conforme a Psicologia, a separação gera efeitos emocionais, que acar-
retam desestabilização da família, ocasionando um efeito cascata nos
demais membros da família, principalmente entre os menores.
As principais dificuldades do casal em processo de divórcio e,
consequentemente, a busca pelas varas da infância, juventude e família
se dá pela disputa de guarda, requerimento de pensão alimentícia, re-
gulamentação de visitas, reconhecimento de paternidade, entre outros.

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


Questões que estão diretamente associadas ao divórcio. Razão pela
qual é imprescindível o trabalho de uma equipe multidisciplinar, formada
por psicólogos e assistentes sociais, em conjunto com advogados e juí-
zes, facilitando o consenso entre as partes e, principalmente, buscando
priorizar a proteção e o melhor interesse da criança.
Nesse sentido, o ideal é que a equipe de psicólogos seja neutra
e não escolha um dos lados do litígio, mas elabore seu parecer, relatório
ou laudo psicossocial de forma a dar maior aparato à decisão judicial,
não como profissional julgador, mas como auxiliador de decisões.
Nessa perspectiva, a Resolução n° 007/2003, do Conselho Fe-
deral de Psicologia, dispõe de um manual de apoio para elaboração de
documentos escritos e produzidos pelo psicólogo, decorrentes de ava-
liação psicológica por ele realizada, de modo a fornecer os subsídios
éticos, técnicos e científicos necessários para a elaboração da comuni-
cação escrita.

Implicações da Separação para as Crianças


A legislação aplicada à população infantojuvenil, em conso-
nância com a constituição, reconhece a criança e o adolescente como
sujeitos de direitos, nesse sentido, o Princípio da Proteção Integral im-
21
põe que eles sejam colocados a salvo de violações. Este princípio nor-
teia todo o sistema de proteção e garantia dos direitos das crianças e
dos adolescentes, é a medula vertebral da lei n°8.069/90 – Estatudo da
Criança e do Adolecente – está previsto no art. 227 da Constituição e
no art. 1 do Estatuto.
O princípio da proteção integral consiste em proteger e garan-
tir ao máximo que a criança e o adolescente tenham seu processo de
desenvolvimento respeitados como sujeitos de direitos civis, humanos
e sociais e, para isso, exige uma dinâmica participativa entre família,
sociedade, comunidade e Estado, com a finalidade de assegurar que
todos os direitos fundamentais da criança e do adolescente sejam res-
peitados.
Além disso, a Constituição e o Estatuto reconhecem que a
criança e o adolescente estão em fase de formação de caráter e de
desenvolvimentos físico, psicológico, moral, intelectual e social, razões
pelas quais deve-se dar maior importância à proteção e à garantia dos
seus direitos, primando pelo melhor interesse da criança.
O Estatuto identifica como direitos fundamentais da criança e
do adolescente, entre outras coisas, crescimento sadio e harmonioso,
lhes garantindo o direito de serem criados no seio familiar.
É no seio familiar que um indivíduo recebe suas primeiras
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

instruções sobre a vida, valores, crenças, educação e visão de mundo.


O conhecimento e os ensinamentos adquiridos durante a infância mol-
dam as ações e as relações de vida de uma pessoa ao longo de sua
trajetória.
Assim, na promoção de direitos e na proteção da criança e
do adolescente, levando em consideração o que preconiza o Estatu-
to (art.100, X) ,“deve ser dada prevalência às medidas quemantenham
oureintegrem a Criança ou o Adolescente na sua família natural ou ex-
tensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração em
família adotiva”.
Na psicologia, a família vem sendo cada vez mais objeto de
estudo e atenção. A partir da segunda metade do século XX, a entidade
familiar passou a ser considerada como o meio em que desenvolve a
saúde, tanto física, quanto psiquica, de seus integrantes. Nesse senti-
do, segue o entendimento abaxo:

A família é a mais importante matriz do desenvolvimento humano, é também


a principal fonte de saúde mental. No entanto, quando não se constitui numa
unidade de experiência, de aprendizagem e de criatividade, poderá se tornar
um fator de doença, já que a saúde psíquica do indivíduo se forma principal-
mente neste contexto (SOUZA; MIRANDA, 2008, p. 210).

22
Tanto o Direito, quanto a Psicologia, reconhecem a influência e
a importância do contexto familiar no desenvolvimento de pessoas em
formação, ambos reconhecem que as implicações da separação para
a criança não se reduzem a um sofrimento momentâneo, mas pode
causar efeitos psicológicos e emocionais pelo resto da vida, haja vista
que o divórcio, muitas vezes, ocasiona a falta de convívio com o genitor
que sai de casa, seja ele o pai ou a mãe, além de mudar o cotidiano das
crianças. Nesse sentido Barreto (2013) explica:

Embora o divórcio possa ser a melhor solução para um relacionamento fami-


liar destruído e para oferecer à criança a saída de um ambiente de estresse,
bem como a oportunidade para o crescimento pessoal, a maioria das crian-
ças experimenta a transição do divórcio como dolorosa. Mesmo as crianças
que mais tarde estarão aptas a reconhecer que a separação teve resultados
construtivos, inicialmente terão suportado um considerável sofrimento com o
rompimento da família. As primeiras respostas mais comuns das crianças ao
divórcio são a raiva, o medo, a depressão e a culpa que persistem em geral
até por volta de um ano após a separação é quando começa a emergir a
redução da tensão e uma crescente ponderança de bem-estar (BARRETO,
2013, pg.39).

Com o divórcio, é a mãe, na maioria dos casos, que assume a


responsabilidade da criação dos filhos, ou seja, com a separação inicia-

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


-se uma fase de ausência da figura paterna, a convivência diária passa
a ser eventual, a presença dá lugar à ausência e isso produz sequelas
de ordens emocional e psicológica, que podem comprometer o desen-
volvimento sadio da criança; essa situação também desperta na crian-
ça o medo de que esse genitor desapareça, o que também ocorre em
muitos casos, e gera na criança o sentimento de abandono e, posterior-
mente, revolta.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica), em 2017 foram contabilizados 373 216 divórcios concedidos em
1° instância ou por escrituras extrajudiciais. Na mesma pesquisa ob-
servou-se que a maior proporção das dissoluções se deu para famílias
constituídas somente com filhos menores de idade. Ou seja, 45,8% dos
casais divorciados tinham filhos menores de idade.
A pesquisa também aponta que, apesar da legislação – Lei do
Divórcio (lei n° 6.515/1977 e lei n° 13.058/2014), prever a modalidade
de guarda compartilhada, ainda há predominância das mulheres na res-
ponsabilidade da guarda dos filhos menores. Nesse sentido, a figura 1
abaixo destaca:

23
Figura 1- Gráfico de divórcios e responsáveis pela guarda do filho me-
nor, do ano de 2017.

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e In-


dicadores Sociais, Estatísticas do Registro Civil. Acesso em 2019.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Insta salientar que, a jurisprudência, ante reconhecimento dos


danos que são causados com a ausência de afeto por parte de um dos
pais, reconheceu que o Abandono Afetivo pode gerar a obrigação inde-
nizatória, com respaldo no art. 952, parágrafo único, do Código Civil.
Ademais, recente decisão do STJ condenou um pai ao paga-
mento de indenização por abandono afetivo. A Ministra Nancy Andrighi,
da terceira turma do Tribunal argumentou que “Amar é faculdade, cuidar
é dever” (REsp 1.159.242-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
24/4/2012) Informativo nº 0496 do STJ.

A criança percebe que há algo errado antes do ápice da crise


e começa a exteriorizar os sinais do sentimento de perda, impotência,
tristeza, raiva, medo, agressividade, regressão, depressão, isolamen-
to, insônia. Além de apresentar problemas de saúde física, disfunções
comportamentais e baixo rendimento escolar. A criança tenta de alguma
forma tirar o foco dos pais, do conflito entre eles, com a intenção, mes-
mo que inconsciente, de “burlar” a separação.
24
Esses sentimentos e comportamentos são compreensíveis,
haja vista que com a constituição da família, há uma convivência íntima
entre pais e filhos, há um conjunto articulado de hábitos, rotina, valores,
crenças, regras, e compromissos, além de dependência financeira e
afetiva entre os membros da família. Ou seja, o fim de um casamen-
to acarreta para a criança a completa mudança de tudo que ela está
acostumada a vivenciar, e ela vive a insegurança de não saber como as
coisas passarão a funcionar.
Infelizmente, na maioria dos casos de divórcio, os pais não exi-
mem os filhos da dura realidade do litígio, a criança se torna uma teles-
pectadora da separação e, até mesmo um objeto de barganha entre os
pais, a mãe culpa o pai e este culpa a mãe pelo fim do relacionamento,
e a criança fica indefesa no meio do conflito, podendo ser influenciada
pelos sentimentos externados pelos pais, como rancor e vingança, o
que pode ocasionar a Síndrome de Alienação Parental (SAP), termo
criado pelo psiquiatra norte-americano Richard Gardner, e que ocorre
quando um dos genitores incute no filho ideias negativas em relação ao
ex-cônjuge, o que pode gerar rompimento do vínculo com um dos pais
(SOBRAL, BRITO, PEREIRA e DELEVATI, 2014, p.100).
Nessa situação a criança é usada como um objeto para atingir
uma das partes do conflito e, em razão dessa manipulação, a criança

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


pode escolher um dos lados para se aliar, ou adotar um posicionamento
ambíguo para tentar agradar ambos os pais, o que gera um desgaste
emocional muito grande e que pode causar danos pelo resto da vida.
Em estudo de caso realizado por Frasseto e Bakos (2010), foi
constatado, por meio de avaliação psicológica, que os sintomas de fala
e comportamentos infantilizados, agressividade e irritabilidade com a
mãe, dificuldade de se enturmar na escola e timidez apresentados por
uma criança de 7 anos de idade, estavam estritamente ligados ao aba-
lo emocional que ela teve com o divórcio dos pais quando ainda tinha
3 anos de idade. Além dos comportamentos citados acima, a criança
apresentou problemas relacionados ao desenvolvimento da linguagem,
que piorou com a separação dos pais.
No decorrer das sessões psicoterápicas foi constatado que a
criança não possuía nenhuma doença mental ou física, o comportamen-
to da criança em relação à mãe se deu pelo fato de ter partido desta a
iniciativa da separação, e pelo fato da mãe passar a trabalhar e deixá-la
sob os cuidados da avó. Outro motivo para os comportamentos nega-
tivos direcionados à mãe foram ocasionados pelo fato de o pai não es-
conder o desejo de reconciliação e seus sentimentos de ciúmes e raiva
em relação a sua ex-cônjuge.
Ou seja, a criança culpava a mãe pelo fim do relacionamento
25
e se sentia abandonada em relação a ela, e os problemas fonológicos,
como a fala infantilizada, eram uma forma de chamar a atenção dos
pais para uma questão que ela não estava sabendo lidar.
Verifica-se que a atitude dos pais diante da separação é o fator
determinante para a ocorrência ou não de danos psicológicos e emo-
cionais, podendo impactar seriamente o desenvolvimento da criança,
como o caso narrado. Nesse sentido, em pesquisa realizada por Souza
(2000) foi constatado que:

Quando as crianças são informadas sobre o divórcio diretamente pelos pais,


ela perece sentir-se menos culpada pela separação e fantasia menos a re-
conciliação dos pais. No entanto, a falta de informações sobre o que ocorrerá
em sua rotina pós-separação pode gerar sentimentos de angústia, confusão
e impotência (SOUZA, 2000 Apud SOBRAL, BRITO, PEREIRA e DELEVATI,
2014, p.103).

Ante o exposto, verifica-se que a atitude correta dos pais diante


da separação que envolve filhos menores é a proteção e o respeito à
criança, como pessoa em fase de desenvolvimento. Mostrar à criança
que seus pais sempre estarão presentes, e que ela não será abando-
nada, é extremamente importante durante o momento de transição ca-
samento-divórcio.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Não envolver a criança no conflito é primordial para o desen-


volvimento sadio dela. Porém, infelizmente, o que ocorre é o contrário,
assim o trabalho do psicólogo se torna indispensável, não apenas para
mostrar qual é o lado certo e o lado errado do litígio, mas para apontar
que a criança não deve ser punida por uma escolha que não foi dela,
que ela não deve ser privada do convívio de um dos pais.

26
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Serrana - SP Pro-
va: Psicólogo
O Estatuto da Criança e do Adolescente determina que as medi-
das específicas de proteção à criança e ao adolescente sejam apli-
cadas sempre que seus direitos sejam violados ou ameaçados. A
intervenção precoce das autoridades competentes, nesses casos,
deve ser efetuada
A) somente quando for solicitada pelo Conselho Tutelar.
B) a pedido dos familiares ou dos responsáveis pelo jovem ou criança
C) após o acolhimento da criança ou adolescente em um abrigo.
D) atendendo a um pedido expedido por uma autoridade judiciária.
E) logo que a situação de violação ou perigo seja conhecida.

QUESTÃO 2
Ano: 2016 Banca: FAURGS Órgão: TJ-RS Prova: Psicólogo Judi-
ciário
Técnicos e cuidadores que atuam em serviços de acolhimento,

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


como Casas de Passagens, devem valorizar o processo de atenção
individualizada no atendimento às crianças e adolescentes. Qual
das alternativas abaixo descreve de forma correta a realização des-
te tipo de trabalho?
A) Buscar substituir, com seu amor e cuidado, a família de origem, cau-
sadora da situação traumática.
B) Envolver-se intimamente com as crianças e adolescentes, a fim de
auxiliá-los no processo de “apagamento” da história passada geradora
de sofrimento.
C) Estabelecer vínculos de qualidade que permitam uma compreensão
mais fidedigna do sofrimento dos acolhidos, a minimização do sofrimen-
to e a ampliação do desejo de desvinculação de sua família de origem.
D) Considerar a história pessoal e familiar de cada criança e adolescen-
te, assegurando-lhes o direito à convivência familiar e comunitária.
E) Relacionar-se intensamente com as crianças e adolescentes, como
se fossem seus filhos naturais, apresentando a eles um novo modelo,
mais saudável, de configuração familiar.

QUESTÃO 3
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: TJ-BA Prova: Analista Judiciário -
Psicologia
27
Durante a avaliação de um casal que requereu a habilitação para
adoção, o psicólogo apurou que a requerente estava fazendo um
tratamento à base de hormônios com vistas a uma nova tentativa
de reprodução assistida e que ela eo marido depositavam muita
esperança naquele procedimento. Assim, o psicólogo deu um pa-
recer pela inabilitação temporária do casal e agendou entrevista
de:
A) anamnese, com o objetivo de fazer um levantamento detalhado da
história do desenvolvimento de cada um dos cônjuges;
B) advertência, com o objetivo de admoestar os postulantes pela judi-
cialização de questões emocionais e conjugais;
C) diagnóstico, com o objetivo de investigar possíveis fatores ansiogêni-
cos que possam contribuir para a infertilidade da requerente;
D) devolução, para comunicar aos requerentes o resultado da avalia-
ção, ajudando-os a compreender as conclusões do processo naquele
momento;
E) motivação, para estimular os pretendentes a refletir sobre as vanta-
gens da filiação adotiva.

QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: MPE-AL Prova: Psicólogo
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Adelaide, 79 anos, procurou a Promotoria do Idoso para se queixar


que seu filho Otávio, 55 anos, e sua nora Cristina, 52 anos, com
quem ela residia, não permitem que ela frequente sessões espíri-
tas e faça doações para um centro kardecista, alegando motivos
religiosos.
Sobre o caso, de acordo com os dispositivos de Estatuto do Idoso,
assinale a afirmativa correta.
A) O curador de Adelaide deve fiscalizar o destino de seus recursos
financeiros.
B) O direito à liberdade de Adelaide compreende o direito de crença e
culto religioso.
C) A idosa deve ser assistida em quaisquer atos civis por seu tutor Otá-
vio.
D) Adelaide tem direito à moradia no seio de sua família, mas deve res-
peito ao credo dos guardiães.
E) O Ministério Público poderá promover ações para suprir o consenti-
mento dos representantes legais da idosa.

QUESTÃO 5
Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: DPE-SP Prova: Psicólogo
A separação conjugal, muitas vezes, é um processo desgastante,
28
que traz para o casal e para seus filhos sofrimento emocional de-
corrente dos conflitos conjugais que levaram à separação. A me-
diação familiar tem se mostrado um método que traz benefícios
às partes. Neste contexto, o psicólogo deverá considerar em sua
prática:
I. A mediação permite que as partes envolvidas possam pensar por
si mesmas para chegarem a um acordo, assumindo suas vidas e
decisões, comprometendo-se a cumprir o que foi acordado.
II. A mediação pode ser utilizada em todos os casos de separação
conjugal.
III. Nos casos de separação conjugal, a mediação sempre será rea-
lizada com o casal, não podendo ser ampliada ao grupo familiar.
IV. Um dos objetivos da mediação familiar, na separação conjugal,
é levar as partes à reflexão sobre a situação dos filhos em comum,
buscando a solução que seja menos prejudicial ao bem-estar de-
les.
V. A atuação do psicólogo na mediação familiar visa tão somente
avaliação psicológica das partes e à produção de relatório que au-
xilie o profissional do direito na condução da mediação do conflito.
Está correto o que se afirma APENAS em
A) I, II e III.

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


B) III e V.
C) II e IV.
D) IV e V.
E) I e IV.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

A adoção é abordada por um diverso conjunto de leis, assim como está


presente no âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente, levando
em conta as alterações propostas pela nova Lei da Adoção. Nesse sen-
tido, estabeleça a ordem das etapas presentes no processo de adoção
no Brasil.

TREINO INÉDITO

Assunto: Implicação da separação dos pais para as crianças

Mesmo com o passar dos tempos, o divórcio dos pais ainda é fonte de
desenvolvimento de estresse, podendo gerar danos aos filhos a depen-
der da maneira que for discutido e apresentado. Dessa forma, assinale
a alternativa correta, acerca dos sinais mais comuns, resultantes do
29
divórcio para os filhos.
A) Redução do interesse por brincadeiras;
B) Angústia;
C) Agressividade;
D) Todas as alternativas estão corretas.

NA MÍDIA

Aprovado apadrinhamento de criança em acolhimento familiar por inte-


ressado em adoção
A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou nesta quarta-feira
(6) projeto que permite que pessoas inscritas em cadastros de adoção
também atuem como padrinhos ou madrinhas de crianças e adolescen-
tes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional.
O texto aprovado é o substitutivo da deputada Flordelis (PSD-RJ) ao
Projeto de Lei 9987/18, do deputado Diego Garcia (Pode-PR).
Fonte: Câmara dos Deputados
Data: 06 de novembro de 2019
Leia a notícia na íntegra:
https://www.camara.leg.br/noticias/610195-aprovado-apadrinhamento-
-de-crianca-em-acolhimento-familiar-por-interessado-em-adocao/
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

NA PRÁTICA

PEDIDO DE ADOÇÃO. CRIANÇA QUE APÓS SER INSTITUCIONALI-


ZADA FOI ENTREGUE AO CASAL POSTULANTE DA ADOÇÃO, SEN-
DO QUE A AUTORA É TIA DA MÃE DA INFANTE E PASSOU A EXER-
CER PLENAMENTE A GUARDA DESTA. 1. É cabível o deferimento
de adoção ao casal que detém a guarda legal da criança, quando os
genitores jamais se interessaram em procurar a filha, a relegando a
uma situação de total abandono, tendo a mesma sido entregue ao casal
pretendente através de medida de proteção e que acolheram a criança
e a trataram com zelo e afeto, assegurando-lhe o pleno atendimento de
todas as suas necessidades, já estando a infante plenamente adaptada
ao ambiente familiar, onde é tratada como filha, mormente quando a au-
tora é tia da genitora da menor. 2. Deve sempre prevalecer o interesse
da criança acima de todos os demais interesses, e, no caso em tela, os
elementos de convicção existentes nos autos são eloquentes em apon-
tar a conveniência da adoção. Recurso desprovido. (Apelação Cível nº
70059183236, sétima câmara cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, julgado em 07/05/2014).
Fonte: https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/118698974/apela-
30
cao-civel-ac-70059183236-rs?ref=feed

PARA SABER MAIS


Filme sobre a temática: O Sonho Possível
Acesse os links:https://www.childfundbrasil.org.br/blog/eca-estatuto-
-da-crianca-e-adolescente/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

31
NECESSIDADES ESPECIAIS
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

DO IDOSO E
VIOLAÇÕES SOFRIDAS PELO
IDOSO E PELA CRIANÇA
AS NECESSIDADES ESPECIAIS DOS IDOSOS
Antes de discutirmos sobre as necessidades especiais dos ido-
sos é importante esclarecer o critério etário.
Nos termos da lei n° 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) conside-
ra-se idosa a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos.
Porém, a questão do idoso corresponde melhor a um critério
biológico e social, do que a um parâmetro etário, como ressalta Cama-
rano:

Idoso, em termos estritos, é aquele que tem “muita” idade. A defi-


nição de “muita” traz uma carga valorativa. Os valores que referen-
dam esse juízo dependem de características específicas do ambiente
onde os indivíduos vivem. Logo, a definição de idoso não diz respeito
a um indivíduo isolado, mas à sociedade como um todo. Assumir que

32
a idade cronológica é o critério universal de classificação para a ca-
tegoria idoso é correr o risco de afirmar que indivíduos de diferentes
lugares e diferentes épocas são homogêneos (CAMARANO, 2004, p.5).

Assim, como grande parte da população, os idosos também


têm necessidades diferentes, constitui um grupo heterogêneo, compos-
to por pessoas de diferentes idades e trajetórias de vida e de saúde.
Dito isto, no que tange ao estudo sobre o envelhecimento, foi
constatado que a qualidade de vida e de saúde está estritamente ligada
à autonomia, que é a capacidade que uma pessoa possui de realizar
tarefas, de se cuidar e de participar da vida social, de forma indepen-
dente.
No mesmo sentido, a Política Nacional de Saúde da Pessoa
Idosa, através da Portaria 2.528/2006, dispõe que “o conceito de saúde
para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia
e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica”
(BRASIL, 2006, online).
Assim, a Secretaria dos Direitos Humanos, baseada em uma
pesquisa alemã, que divide os idosos quanto à saúde em dois grupos:
terceira idade (60 a 79 anos) mais ativa e quarta idade (acima de 80
anos) mais debilitada, constatou ser possível dividir a população idosa
brasileira, acima de 60 anos, em três grupos, quais sejam:

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


dos saudáveis e autônomos;

dos que embora sofram algum tipo ou vários tipos de doença, continuam a
dar conta das tarefas da vida cotidiana;

e o dos que são dependentes por terem enfermidades físicas, mentais inca-
pacitantes e, sobretudo, por sofrerem essas enfermidades num contexto de
pobreza pessoal e familiar. (BRASIL, 2014, p.30)

Verificou-se que o primeiro grupo no Brasil é o das pessoas


autônomas, independentes, que trabalham, participam da vida social e
política, sustentam suas famílias e não dependem de serviços do Esta-
do ou de terceiros para sobreviver (BRASIL. 2014, p.30).
O grupo intermediário é composto por pessoas que também
nutrem as mesmas características do primeiro grupo, porém, sofrem de
alguma enfermidade crônica, como diabetes e hipertensão (BRASIL.
2014, p.31).
Já o terceiro grupo é composto pessoas idosas que necessi-
tam de cuidados especiais, haja vista que nesse grupo predominam
pessoas com limitações físicas, mentais e financeiras. Essas limitações

33
estão estritamente ligadas à capacidade de alimentar-se, vestir-se,
tomar banho, levantar-se, caminhar, ou seja, capacidade de realizar ati-
vidades diárias. Além das dificuldades com essas tarefas, esse grupo
também pode apresentar dificuldades para lidar com dinheiro (BRASIL.
2014, p.32).
Morais (2012, p.10), quando da representação do Brasil na Or-
ganização Pan-Americana da Saúde, classificou que a independência e
a autonomia estão estritamente relacionadas à harmonia e ao funciona-
mento dos seguintes sistemas funcionais principais: cognição, humor,
mobilidade e comunicação.
A cognição é a “capacidade mental de compreender e resolver
os problemas do cotidiano” (MORAIS, 2012, P.10), está ligada à capaci-
dade de conhecimento, percepção memória, raciocínio e etc.
Humor é a motivação em realizar atividades do cotidiano, está
relacionado ao ânimo e reflete no grau de disposição.
A mobilidade é a capacidade de deslocamento; e comunicação
é a capacidade de externar a mensagem como forma de estabelecer re-
lacionamentos, trocar informações entre outras coisas (MORAIS, 2012,
P.11).
A parcela da população idosa que mais sofre com as impli-
cações características do terceiro grupo, são os pobres, pois, esses
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

acumulam mais carências.


Como veremos no tópico a seguir, por ser mais dependente, é
o terceiro grupo que mais sofre com as violações de seus direitos e as
mais diversas formas de violência tais como: negligência, violência psi-
cológica, violência financeira, econômica e patrimonial, violência física
entre outros.

FORMAS DE VIOLÊNCIA AO MENOR E AO IDOSO


A Constituição de 1988 foi um marco no cenário nacional, colo-
cou a dignidade da pessoa humana como princípio fundamental da Re-
pública Federativa do Brasil, elencando de forma veemente os direitos e
garantias fundamentais de todo indivíduo, seja ele criança, adolescente,
jovem, adulto ou idoso.
Além disso, foi a partir da Constituição Federal de 1988 que a
criança e o adolescente passaram a ser sujeitos de direitos, razão pela
qual iniciou-se uma nova fase na proteção aos direitos das crianças e
dos adolescentes, com uma nova política de atendimento e garantia,
baseada no Princípio da Proteção Integral.
Essa nova política de atendimento rompeu com os antigos
preceitos e convocou a participação de todos na defesa dos direitos

34
humanos fundamentais de toda criança e adolescente, com o objetivo
de proteger a criança de forma integral. Nesse sentido a Constituição
dispõe, em seu art. 227, que é dever da família, da sociedade e do
Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o cumprimento dos seus diretos fundamentais e o respeito a
sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Assim, em consonância com a Constituição e com os Docu-
mentos Internacionais, a legislação especial que tutela os direitos infan-
tojuvenis – Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, prevê
a articulação de todo um sistema legal de proteção jurídica, que atua
tanto na prevenção da violação de direitos, quanto na responsabiliza-
ção, seja ela criminal ou administrativa, dos responsáveis pela conduta
violadora.
O Estatuto determina que “é dever da família, da comunida-
de, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com abso-
luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária (art.4).
Também no sentido de proteção aos direitos humanos, e em
consonância com a Constituição Federal, a lei 10.741/2003 – Estatuto

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


do Idoso, dispõe que o idoso goza de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que
trata a lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e
mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em
condições de liberdade e dignidade.
No entanto, apesar do sistema jurídico brasileiro possuir um
dos maiores arcabouços legais de defesa dos direitos infantojuvenis e
dos idosos, o Brasil ainda está longe de efetivar seus ideais na proteção
do idoso e da população infantojuvenil.
Além disso, na maioria dos casos de violência contra idoso,
criança e adolescente, é a própria família, sociedade e Estado que pro-
tagonizam a violação dos direitos fundamentais acima expostos, como
poderemos constatar ao longo desse capítulo.

O que é Violência?
Segundo Minayo (2006), a violência consiste no uso da força,
do poder e de privilégios para dominar, submeter e provocar danos a
outros: indivíduos, grupos e coletividades.

35
Formas de violência contra a Criança
Seja por ação ou omissão das instituições, família, comunida-
de, sociedade e Estado, a criança e o adolescente sofrem constante-
mente devido a violação dos seus direitos.
O Ministério da Saúde, através da Portaria n° 737/2001, reco-
nhece a violência como questão de saúde pública, segundo a portaria,
o grupo de crianças, adolescentes e jovens, é o principal em vítimas de
violência doméstica.
Além disso, também segundo o Ministério da Saúde, acidentes
e violência são as principais causas de morbimortalidade da população
infantojuvenil.
Nesse sentido, a portaria identifica como acidentes domésti-
cos “quedas, queimaduras, intoxicações, afogamentos e outras lesões”
(BRASIL, 2001, online), que para o Direito tratam-se de violência decor-
rente de negligência. Já em relação às violências domésticas, a portaria
elenca maus tratos físicos, abusos sexual e psicológico, negligência e
abandono e como violência extradomiciliar a exploração do trabalho in-
fantojuvenil e exploração sexual, além de outras originadas na escola,
na comunidade, nos conflitos com a polícia, especialmente caracteriza-
dos pelas agressões físicas e homicídios. A portaria também destaca a
violência auto infligida, como a tentativa de suicídio.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Ainda, segundo o Ministério da Saúde, a violência contra crian-


ça ou adolescente pode manifestar consequências imediatas e tardias,
tais como baixo rendimento escolar, alteração do processo de cresci-
mento e desenvolvimento.
Já o Ministério dos Direitos Humanos elenca, de modo não ta-
xativo, vários tipos de violações de direitos que são cometidos contra
a criança ou adolescente, quais sejam: violências estrutural, social, in-
terpessoal, doméstica, física, negligência, violência psicológica/emocio-
nal, econômica e patrimonial, violência de gênero, sexual e a violência
institucional.
A Violência Estrutural está ligada a características socioeco-
nômicas e políticas de uma sociedade, em destaque a exclusão social,
que ocasiona a privação de direitos fundamentais e dificuldade de aces-
so a serviços essenciais, tais como moradia, educação, saúde, trans-
porte, segurança e lazer.
Já a Violência Social é fruto de um longo período marcado
pela colonização e pela escravidão, que gerou o conceito de dominan-
tes e dominados, que ainda perdura até os dias atuais, com a exclusão
de grupos representados pelas dimensões de gênero, etnia, raça e ge-
racional, como índios, mulheres, negros, crianças e pobres.

36
A Violência Interpessoal é um reflexo da violência estrutural
e social.
Dentre as formas de violência elencadas pelo Ministério dos
Direitos Humanos, destaca-se a Violência Intrafamiliar, que correspon-
de à “toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade
física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento
de outro membro da família” (BRASIL, 2017, p.14).
Infelizmente, é no seio familiar, lugar que deveria ser de prote-
ção e acolhimento, onde ocorre mais da metade dos casos de violên-
cia contra a criança. Na maioria dos casos, os supostos violadores são
familiares de primeiro grau, e as violações ocorrem na casa da própria
vítima, nesse sentido, estão os dados abaixo explicitados na figura 2:

Figura 2- Local de Violação dos Direitos Infanto-Juvenis

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Fonte: Balanço Anual da Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos.


Acesso em 2019.

Esses dados correspondem às denúncias recebidas através


do conselho tutelar, órgãos de Segurança Pública, Sistema de Justiça,
Poder Executivo Estadual, ouvidorias, corregedorias, órgãos socioas-
sistenciais, Poder Executivo Federal, Conselhos de Direitos e outros
serviços.
Ainda segundo o Balanço Anual de 2017, da Ouvidoria do Mi-
nistério dos Direitos Humanos, as violações mais recorrentes dos direi-
tos da criança e do adolescente são negligência, violência psicológica,
37
violência física e violência sexual. Nesse sentido, observe a figura 3:

Figura 3 - Tipos de Violação


PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Fonte: Balanço Anual da Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos.


Acesso em 2019.

A violência no seio familiar pode ocasionar uma série de ou-


tros problemas e violências contra a criança ou adolescente, como a
saída precoce deles de casa para morar nas ruas, consequentemente,
a situação de rua coloca esses indivíduos em situação de vulnerabilida-
de e, ante necessidade econômica e de sobrevivência, há exposição a
prostituição infantil, uso de drogas e envolvimento em atos infracionais.
O Ministério dos Direitos Humanos faz uma diferenciação de
violência intrafamiliar, cometida por familiares e parentes dentro e fora
de casa, da violência doméstica, haja vista que essa inclui outros mem-
bros que convivem no espaço doméstico, porém, sem função parental.
Incluem-se empregados(as), agregados. Assim, como a violência intra-
familiar, a violência doméstica também é caracterizada por abuso físico,
sexual e psicológico, negligência e abandono. Nesse sentido, segue
entendimento de Guerra (1998):

Portanto, a violência doméstica contra crianças e adolescentes representa


todo ato de omissão, praticados por pais, parentes ou responsáveis, contra
crianças e/ou adolescentes que – sendo capaz de causar dano físico, sexual

38
e/ou psicológico à vítima – implica, de um lado uma transgressão do poder/
dever de proteção do adulto e, de outro, uma coisificação da infância, istoé,
uma negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados
como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento (GUER-
RA, 1998, p. 32-33).

A doutrina e os órgãos de atendimento de saúde também apon-


tam que a criança que sofre abuso sexual, também já sofreu violência
física, negligência, abuso psicológico e vice-versa, ou seja, é uma rede
de maus tratos que acarreta sofrimento contínuo à criança ou ao ado-
lescente, visto que os efeitos dessas violações acompanham a criança
e o adolescente pelo resto de suas vidas.
Assim como o Ministério dos Direitos Humanos, o Estatuto da
Criança e do Adolescente (1990) define as formas de violência pratica-
das em quatro categorias, quais sejam:

violência física;

violência psicológica;

violência sexual;

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


e negligência.

A negligência corresponde aos atos de omissão, falta de aten-


ção, proteção, cuidado e de interesse; pode ser reflexo de uma con-
dição de desassistência social, estrutural para a família que vive em
situação de vulnerabilidades econômica e social, mas também pode ser
caracterizada por desleixo proposital da pessoa adulta com a criança ou
com o adolescente, caracterizando a falta de cuidado físico, emocional
e social, bem como desleixo para com suas necessidades básicas,
como alimentação, higiene e escola.
A violência psicológica consiste na interferência negativa do
adulto sobre a criança ou o adolescente, por meio de intimidação, ma-
nipulação, ameaça, humilhação, isolamento e todas as demais ações
que configurem violência psicológica, como negar carinho e atenção e
zombar da aparência da criança.
A violência física é provocada pelo uso da força física ou
algum tipo de arma que possa provocar lesões externas, internas ou
ambas. Nesse tipo de violência, o agressor usa as próprias mãos ou
objetos, como armas de fogo, armas brancas, que provoca marcas fí-
sicas, emocionais, psíquicas e afetivas. A agressão física consiste em

39
esmurrar, queimar, bater, agredir, morder, cortar, estrangular, amarrar,
arrastar, abandonar em lugares desconhecidos, arrancar a roupa, além
dos danos físicos decorrentes de negligência, como a falta de cuidados
com a alimentação, doença, higiene, entre outros.
Maus tratos durante a primeira infância, decorrente de violên-
cia física, como a síndrome do bebê sacudido, pode causar lesão ce-
rebral, paralisia, atraso cognitivo, déficit de crescimento não orgânico,
cegueira, estado vegetativo e até a morte.
A violência sexual, quanto à conceituação de pode ser desta-
cada no artigo 2° da lei n° 12.845 de agosto de 2013, que conceitua o
termo como sendo “qualquer forma de atividade sexual não consentida”.
Pode ocasionar em abalos psicológico e emocional, depres-
são, nível de autoestima baixo, comportamento perturbado, crianças
que sofreram abusos ainda podem apresentar comportamento sexual
precoce, podem ser raivosas e tendem a não confiar nas pessoas.
O Código Penal dispõe que constranger alguém, mediante vio-
lência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou praticar ou permitir
que com ele se pratique ato libidinoso, constitui estupro. Além disso,
praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a prati-
car, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia
própria ou de outrem também constitui tipo penal.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Formas de Violência contra o Idoso


No Brasil, é considerado idoso, segundo a Lei n° 10.741/2003,
a pessoa que possui 60 anos de idade ou mais.
Segundo o OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde, o
número de pessoas com 60 anos ou mais que necessitam de cuidados
especiais triplicará nas Américas nas próximas três décadas, isso cor-
responde que a população idosa saltará de atuais 8 milhões para 27 a
30 milhões até 2050.
O Brasil não mais possui uma pirâmide populacional triangular
de base larga, haja vista que houve queda na fecundidade no país, ra-
zão pela qual o número de crianças tem diminuído. Em contrapartida,
houve diminuição da taxa de mortalidade e aumento da expectativa de
vida, razão pela qual houve aumento considerável do número de ido-
sos. Segundo o IBGE (2015), o Brasil vive um período acelerado de
envelhecimento demográfico.
Apesar da velhice ser um fato inegável e imprescindível, e
mesmo sabendo que todos envelheceremos, a sociedade parece não
se importar com a questão dos idosos. Asilos cada dia mais cheios
evidenciam o abandono dos familiares para com a pessoa idosa, princi-

40
palmente àqueles que dependem de cuidados especiais.
O abuso contra a pessoa idosa é um problema da sociedade,
os idosos são desvalorizados e tratados como inúteis e sem função
social, o que ocasiona no idoso a depressão, o isolamento e, em muitos
casos, o desejo de morte.
A organização Mundial da Saúde define a violência contra pes-
soa idosa da seguinte forma:

São ações ou omissões cometidas uma vez ou muitas vezes, prejudicando


a integridade física e emocional da pessoa idosa, impedindo o desempenho
de seu papel social. A violência acontece como uma quebra de expectati-
va positiva por parte das pessoas que a cercam, sobretudo dos filhos, dos
cônjuges, dos parentes, dos cuidadores, da comunidade e da sociedade em
geral (OMS Apud BRASIL, 2014, 38).

No mesmo sentido o Estatuto do Idoso dispõe que “constitui


violência contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local
público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou
psicológico” (art.19,§1).
É importante ressaltar o art. 10, §§2 e 3 do estatuto, quando
elenca que o direito ao respeito consiste na inviolabilidade das integri-
dades física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem,

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos espaços
e dos objetos pessoais, sendo dever de todos zelar pela dignidade do
idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Segundo o Manual de Enfrentamento à Violência contra Pes-
soa Idosa, elaborado pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presi-
dência da República em 2014, a violência contra pessoa idosa pode se
manifestar de várias formas, como abusos físico, psicológico e sexual,
abandono, negligência, e abusos financeiros.
No mesmo sentido, o Balanço da Ouvidoria do Ministério dos
Direitos Humanos informa que os tipos de violações de direitos mais
recorrentes contra a população idosa caracterizam-se pela negligência,
violência psicológica, abusos financeiro e econômico, associados à vio-
lência patrimonial, seguido da violência física e outras violações, como
segue abaixo na figura 4:

41
Figura 4 - Tipos de Violência Contra o Idoso

Fonte: Balanço Anual da Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos.


Acesso em 2019.

Infelizmente, assim como ocorre com as crianças e os adoles-


centes, mais da metade dos casos de violência contra os idosos ocorre
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

dentro de suas próprias casas. Senão vejamos, conforme demonstra a


figura 5:

Figura 5 - Local de Violação de Direitos das Pessoas Idosas

Fonte: Balanço Anual da Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos.


Acesso em 2019.
42
Outro dado assustador é o fato de que os principais protagonis-
tas da violência praticada contra o idoso são as pessoas que deveriam
se incumbir da função de cuidar e proteger a pessoa idosa, quais sejam,
os parentes de primeiro e segundo grau, filhos e netos, como é demons-
trado na figura 6:

Figura 6 - Relação entre o suspeito e o idoso

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Fonte: Balanço Anual da Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos.


Acesso em 2019.

Como vimos no gráfico acima, a negligência constitui a prin-


cipal causa de violência contra o idoso, que acontece, na maioria dos
casos, no âmbito familiar. Os casos mais comuns de negligência são
isolamento das pessoas idosas em seus aposentos, omissão de cuida-
dos com a saúde e higiene.
A falta de estrutura domiciliar para o idoso, como pisos escorre-
gadios, banheiros sem proteção, também constituem negligência com o
43
idosos, e pode ocasionar um grave problema, as quedas. As quedas po-
dem ocasionar lesões irreversíveis em pessoas idosas ou até a morte.
Outros fatos decorrentes da negligência são os acidentes de
transporte, principalmente entre pedestres. Não é raro vermos idosos
com necessidades especiais, seja de locomoção, seja auditiva ou vi-
sual, que andam em a companhia de um familiar ou alguém que possa
o orientar e guiar.
No entanto, o descaso e abandono com o idoso também se
estende às esferas públicas, como por exemplo, no sistema único de
saúde, na falta de atenção e cuidado no atendimento médico e hospi-
talar, demora na concessão de benefícios previdenciários, demora no
atendimento e nas longas filas de espera, e quando o transporte público
não para o idoso entrar.
Seguido da negligência, há a violência psicológica “corres-
ponde a todas as formas de menosprezo, desprezo e de preconceito e
discriminação que trazem como consequência tristeza, isolamento, so-
lidão, sofrimento mental e, frequentemente, depressão” (BRASIL, 2014,
p.40).
Quem mais sofre com a violência psicológica é o idoso mais
dependente, seja por questões de doenças física ou mental, seja porque
não tem dinheiro para se sustentar, sendo considerado um peso para
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

suas famílias que não se intimidam em ferir os sentimentos da pessoa


idosa.
A violência econômico-financeira e patrimonial. A violência
econômico-financeira e patrimonial, geralmente, vem acompanhada de
várias outras formas de violência como maus-tratos físicos e psicológi-
cos e é cometida por familiares que tentam usufruir, do que podemos
chamar de “herança de pessoa viva”, que não se admite no ordena-
mento jurídico brasileiro, nem mesmo mediante contrato sucessório,
também conhecido como pacto corvina, expressamente proibido nos
termos do art. Art. 426 do Código Civil, que assim dispõe “não pode ser
objeto de contrato a herança de pessoa viva”, haja vista que a sucessão
inicia-se com o falecimento, é o que diz o princípio do Direito Sucessó-
rio: Saisine, princípio francês adotado no ordenamento jurídico brasilei-
ro pelo art.1.784 do Código Civil.
Ou seja, essa violência consiste em se apropriar dos bens do
idoso, sem o consentimento do mesmo, alguns se utilizam até da procu-
ração ou de tutela, assim, vendem os bens ou se apossam dos cartões
de recebimento de benefício ou aposentadoria do idoso.
Nesses casos, a atuação da equipe psicossocial nas varas cí-
veis é crucial para evitar esse tipo de violência, haja vista que é por
meio de parecer técnico ou laudo pericial que o juiz vai saber se o ido-
44
so preenche os requisitos para ser interditado, como falta de lucidez e
transtorno mental.
É o laudo pericial que analisa se o idoso possui capacidade
de reger sua pessoa, bens e vida social. Nesse sentido segue julgado
abaixo:

AÇÃO DE INTERDIÇÃO E CURATELA. INCAPACIDADE NÃO COMPROVA-


DA. REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
APELAÇÃO CÍVEL. IMPROVIMENTO. 1. A Interditanda demonstrou coerên-
cia e lucidez, sem apresentar evidência de qualquer transtorno mental inca-
pacitante. 2. O perito judicial concluiu que a Interditanda possui capacidade
de reger sua pessoa, bens e vida civil. 3. A jurisprudência e a doutrina atuais
entendem que não basta que a Interditanda seja portadora, de algum trans-
torno mental para a decretação de sua interdição, mas deve configurar-se
indubitável a impossibilidade de gerir sua vida civil e seus negócios. 4. Ape-
lação conhecida e improvida.
(TJ-PI - AC: 00042490620128180031 PI, Relator: Des. Ricardo Gentil Eulálio
Dantas, Data de Julgamento: 13/03/2019, 3ª Câmara Especializada Cível).

A violência física contra a pessoa idosa costuma acontecer


em forma de empurrões, beliscões, tapas, ou agressões com cintos,
objetos domésticos, armas brancas e armas de fogo. Infelizmente, é na
própria casa do idoso que esse tipo de violência ocorre, causado por

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


sua própria família, família essa que, na maioria dos casos, sobrevive
com a renda do idoso e dentro do seu patrimônio. Não é raro os casos
em que as agressões ocasionam internação hospitalar ou produzem
como resultado a morte da pessoa idosa.
Infelizmente, a pessoa idosa, em especial as do sexo feminino,
também sofre de abuso sexual. Essa cruel violência acontece também
dentro de seus lares, por pessoas próximas, parentes e até mesmo fa-
miliares. Esse tipo de violência também é muito comum em estabele-
cimentos de acolhimento de idoso e é mais comum de ser cometida
contra pessoa idosa com dificuldade de locomoção ou que tenha pro-
blemas cognitivos. “Os principais tipos de abuso cometidos são beijos
forçados, atos sexuais não consentidos e bulinação do corpo da mulher”
(BRASIL, 2014, p.41).
Apesar de todo sofrimento, a pessoa idosa se cala diante dos
abusos que sofre, prefere não denunciar e se isola, prejudicando sua
saúde mental e sua qualidade de vida. Também é comum o idoso mini-
mizar a gravidade dos maus tratos, a fim de defender o agressor, que é
membro da família. Nesse sentido vejamos:

45
[...] Entre os principais obstáculos que os profissionais enfrentam estão: a
negação por parte da pessoa idosa de que na família existe o maltrato, em-
bora haja sinais ou sintomas de abuso, e oposição por parte da vítima a que
se faça algum tipo de intervenção no seu ambiente, uma vez identificado o
maltrato (BRASIL, 2014, P. 65).

Em consequência do silêncio diante dos abusos sofridos, o


idoso pode sofrer outros tipos de violência, a auto infligida e autonegli-
gência, em que é o próprio idoso que se violenta. Esse tipo de violência
pode levar o idoso à morte lenta, e pode se manifestar com tentativas e
até a consumação do suicídio. Os primeiros sinais desse tipo de auto-
violência é o isolamento, recusa de se cuidar, tomar banho, escovar os
dentes, sair de casa, e alimentar ou tomar medicamentos.
Geralmente, esse comportamento é decorrente de violações
anteriores que a pessoa idosa sofreu e que carrega consigo a dor. Tam-
bém pode ser característico de idosos abandonados ou que tiveram per-
das recentes na família, como por exemplo, o falecimento do cônjuge
com quem foi casada por muitos anos e em quem achava companhia.
Ademais, discriminação e preconceito também caracterizam
formas de violência contra o idoso. Consiste em discriminação e pre-
conceito contra o idoso, quando a sociedade considera a velhice como
uma doença, como a decadência do ser humano, como problema ou
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

como um ser humano inútil.


Porém, esses estigmas não condizem com a realidade, haja
vista que a maioria da população idosa é saudável, trabalha, sustenta e
chefia a família e participa da vida social, econômica, cultural e política.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (2018, online),
apesar do voto para a população acima de 70 anos ser facultativo, eles
são mais numerosos que há quatro anos.  Em 2018, 12.028.495 eleito-
res nessa idade puderam exercer o direito de escolher seus represen-
tantes – um aumento de 11,12% em comparação às eleições de 2014,
quando 10.824.810 eleitores idosos podiam votar.
Ademais, segundo dados do IBGE, a população idosa movi-
menta mensalmente cerca de 28,5 bilhões. Além constituir setor promis-
sor para economia, já que o mercado está investindo cada vez mais em
negócios voltados à velhice.

46
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: MPE-AL Prova: Psicólogo
A idosa Etelvina, acamada há vários anos, está sendo processada
por sua inquilina Isabel. O magistrado da Vara competente intimou
a idosa para audiência em Juízo.
Sobre a conduta do juiz, de acordo com as prerrogativas contidas
no Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/0.3), assinale a afirmativa cor-
reta
A) Está correta, em estrita obediência aos princípios previstos na Cons-
tituição Federal, que preveem a ampla defesa e o contraditório.
B) Está correta, desde que a idosa seja assistida e acompanhada no ato
por um defensor público.
C) Está correta, sob a condição de que a Sra. Etelvina compareça à
audiência acompanhada por advogado.
D) Está errada, pois a presença da idosa só é obrigatória na oitiva que
é realizada na presença do promotor público.
E) Está errada, pois é vedado exigir o comparecimento de idoso enfer-
mo perante órgão público, devendo ser realizado contato em sua resi-

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


dência.

QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: MPE-PE Prova: Analista Ministerial
- Pedagogia
Em concordância ao instituído no Estatuto do Idoso, destinado a
regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou
superior a 60 anos, especialistas afirmam que
A) o desenvolvimento da afetividade é elemento primordial para o pro-
longamento da vida das pessoas com idade avançada, pois permite um
equilíbrio entre os aspectos físicos e psicológicos do idoso.
B) o envelhecimento saudável depende fundamentalmente da interação
entre os fatores biológicos e ambientais, pois deles surgem o maior nú-
mero de doenças degenerativas.
C) para um melhor desenvolvimento de pessoas com idades mais avan-
çadas, é necessário a disponibilidade de recursos médicos e psicológi-
cos que forneçam atividades biopsicomotoras.
D) o desenvolvimento e a manutenção de padrões efetivos de envelhe-
cimento não somente dependem de determinantes de natureza genéti-
co-biológica, mas também são influenciados por fatores socioculturais.
E) as habilidades intelectuais, como a capacidade de articular o pensa-
47
mento lógico, dependem essencialmente de exercícios que estimulem a
memória, prevenindo o declínio das capacidades adaptativas

QUESTÃO 3
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: Psicólogo Judi-
ciário
Um adolescente de 16 anos cometeu um ato infracional de gravi-
dade significativa, com alto grau de violência, e foi detido em fla-
grante. Após o ocorrido, foi internado em unidade socioeducativa.
Nessa situação, é correto afirmar que
A) a internação seria legal no prazo de até 180 dias, desde que envol-
vesse atividades pedagógicas.
B) a internação, nesse caso, foi ilegal, pois o jovem não havia sido jul-
gado nem tido oportunidade de defesa.
C) a internação seria legal se fosse feita a pedido do Conselho Tutelar,
no prazo de 10 dias do flagrante.
D) o prazo máximo de internação legal, nessas circunstâncias, seria de
45 dias, sem possibilidade de prorrogação.
E) qualquer medida que envolvesse internação seria ilegal, pois o jo-
vem, por ser menor de idade, é infrator, não criminoso.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

QUESTÃO 4
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: Psicólogo Judi-
ciário
Isabel da Silva Kahn Marin (2002), ao discutir a relação entre ado-
lescência e violência na sociedade contemporânea, destaca o pa-
pel, nesse fenômeno,
A) da dificuldade dos adultos de se mostrarem como representantes da
autoridade e da lei frente à adolescência.
B) da natureza intrinsecamente violenta dos rituais de passagem da
adolescência para a vida adulta, observados em nossos dias.
C) da influência da cultura da violência divulgada e incentivada de modo
exaustivo pelos meios de comunicação.
D) da necessidade de afirmação do jovem pela destruição do velho,
característica do consumismo do século XXI.
E) do investimento da mulher em projetos pessoais que deixam em se-
gundo plano a saúde emocional da família.

QUESTÃO 5
Ano: 2017 Banca: IBFC Órgão: TJ-PE Prova: Analista Judiciário -
Psicólogo
Para SANTOS (2004, apud BRANDÃO) “(...) a temática da infância
48
passa a ser tratada num duplo registro: de um lado, a defesa do
‘menor abandonado’ - defesa do abandono e da pobreza aos quais
foi lançado – e de outro a defesa da sociedade contra o ‘menor cri-
minoso ou delinquente’, portador de uma ameaça potencial à co-
letividade. “ (p. 217). De acordo com o autor, assinale a alternativa
INCORRETA no que diz respeito às formas de intervenção técnica:
A) O adolescente sendo responsabilizado pela prática de ato infracional
perde o direito de medidas de proteção
B) Antecedendo a audiência judicial, a confecção de estudos é vista
como uma forma de intervenção técnica para auxiliar o Juiz em sua
tomada de decisão
C) O encaminhamento às instituições da rede é uma forma de interven-
ção
D) É possível intervir no acompanhamento dos adolescentes na deter-
minação de medidas socioeducativas
E) O adolescente pode ser entrevistado pela equipe técnica, antes de
ser levado à audiência com o Juiz.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Atualmente, ainda ocorrem vários tipos de maus tratos contra aos ido-

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


sos, sendo que esses são visualizados tanto no âmbito familiar, quanto
nos asilos. Dessa forma, apresente alguns tipos de violências sofridas
pelos idosos.

TREINO INÉDITO

Assunto: Atendimento de pessoas portadoras de necessidades es-


peciais

A resolução de nº 2.878, de 26 de julho de 2001, prevê vários atendi-


mentos específicos para as pessoas portadoras de necessidades espe-
ciais, estando englobados nesses os idosos. Segundo a mencionada
resolução, marque a alternativa correta, quanto às garantias relativas às
dependências alternativas técnicas, físicas ou especiais
A) Atendimento prioritário para pessoas portadoras de deficiência física
ou com mobilidade reduzida, temporária ou definitiva, idosos, com idade
igual ou superior a sessenta e cinco anos, gestantes, lactantes e pes-
soas acompanhadas por criança de colo;
B) Facilidade de acesso para pessoas portadoras de deficiência física
ou com mobilidade reduzida, temporária ou definitiva, observado o sis-
tema de segurança previsto na legislação e regulamentação em vigor;
49
C) Acessibilidade aos guichês de caixa e aos terminais de autoatendi-
mento, bem como facilidade de circulação para as pessoas referidas no
inciso anterior;
D) Prestação de informações sobre seus procedimentos operacionais
aos deficientes sensoriais (visuais e auditivos);
E) As alternativas A, B, C e D são corretas.

NA MÍDIA

Abandono afetivo às avessas: e quando os filhos abandonam os pais?

“É de conhecimento público e notório que a população está envelhe-


cendo. E não chegamos a essa conclusão apenas por conta das várias
informações veiculadas nos meios de comunicação sobre o andamento
da proposta de reforma do atual sistema previdenciário. Se pararmos
em uma estação de metrô, em uma praça de alimentação de qualquer
shopping center, perceberemos que há mais idosos caminhando pelos
corredores do que crianças correndo pelos mesmos espaços.
É sabido que algumas enfermidades acometem exclusivamente a faixa
etária daqueles que possuem mais de 60 anos, tais como alguns tipos
de demência, e algumas doenças degenerativas, tais como o mal de
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Alzheimer, o mal de Parkinson, entre outras.»


Fonte: Gazeta do Povo
Data: 09 de outubro de 2010
Leia a notícia na íntegra:
https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/abandono-afetivo-as-
-avessas-e-quando-os-filhos-abandonam-os-pais/

NA PRÁTICA

A acessibilidade para idosos e a prática de atividades físicas

As mudanças e adaptações em imóveis para aumentar a acessibilidade


para os idosos têm crescido no mercado, isso porque fora identificado
por arquitetos e construtoras um perfil de clientes buscando empreendi-
mentos adequados à pessoa com necessidades especiais de locomo-
ção.
As construtoras e arquitetos, então, passaram a dar atenção à necessi-
dade de modificações voltadas para melhorar as condições de acesso
de pessoas com mobilidade reduzida. O envelhecimento da população
e o aumento da sua expectativa de vida, que passou de 66 anos em
1990 para 75,5 anos em 2016, a preocupação em adaptar ambientes
50
atraiu investidores.
Um estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mos-
tra que até 2025 o Brasil terá uma população de 32 milhões de pessoas
com mais de 60 anos, colocando o país na 6ª posição em número de
idosos. Já dados de uma pesquisa da FAU (Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo), da USP, mostram que cada vez mais pessoas acima de
60 anos optam por morar sozinhas, pelo baixo custo e maior acesso a
hospitais e serviços gerais.
Fonte:
http://albacomin.com.br/envelhecer-bem/acessibilidade-para-idosos/

PARA SABER MAIS


Filme: Elsa & Fred
Acesse os
links:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/pb/dhparaiba/5/deficiente.
html
http://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/necessidades-es-
peciais-e-dificuldades-do-idoso-no-ambiente-de-supermercado-uma-
-reviso-dos-aspectos-ergonmicos-18987

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

51
ADOLESCENTES EM
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

CONFLITO COM A LEI,


INSTITUCIONALIZAÇÃO E SUAS
IMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS
INSTITUCIONALIZAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS PARA O DESENVOL-
VIMENTO PISICOSSOCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
O Estatuto da Criança e do Adolecente identifica como direitos
fundamentais da população infantojuvenil, entre outras coisas, o seu
crescimento sadio e harmonioso, lhes garantindo o direito de serem
criados no seio familiar.
É no seio familiar que um indivíduo recebe suas primeiras
instruções sobre a vida, valores, crenças, educação e visão de mundo. O
conhecimento e os ensinamentos adquiridos durante a infância moldam
as ações e relações de vida de uma pessoa ao longo de sua trajetória.
Nesse sentido, aos pais cabe o dever de sustento, guarda e
educação dos filhos (art. 22) e, de forma concorrente com a sociedade
e o estado, possui o dever de assegurar à criança ou ao adolescente o

52
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissio-
nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e às convivên-
cias familiar e comunitária (art. 227, da CF).
Dada a importância da família no desenvolvimento da pessoa
humana, levando em consideração o que preconiza o Estatuto, deve ser
dada prevalência às medidas que mantenham, reintegrem na família
natural ou extensa ou, se isso não for possível, que promovam a inte-
gração da criança ou o adolescenteem família adotiva.
Entende-se por família natural: genitor e genitora ou qualquer
deles e seus descendentes; por família extensa aquela que se estende
para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por
parentes próximos com os quais a criança ou o adolescente convive e
mantém vínculos de afinidade e afetividade, como por exemplo, avós,
tios e primos; e por família substituta, a família constituída mediante
tutela, guarda ou adoção.
Ocorre que algumas crianças ou adolescentes vão parar em
acolhimentos institucionais justamente pelo fato dessas famílias natu-
rais ou extensas não terem obedecido o dever legal de sustento, guar-
da, educação dos filhos (art. 22 do ECA). Além de não os colocarem a
salvo de negligência, maus tratos, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


Os casos mais frequentes de destituição do poder familiar ocor-
rem no caso de lesões corporais, abusos sexuais por parte dos pais,
quando os pais estão envolvidos com drogas pesadas e negligenciam
os filhos, delegam os filhos às ruas, sem alimentação, cuidados básicos
de higiene, e nos casos de abandono.
Assim, quando a família não consegue cumprir com seu papel
e dever legal, é necessária a intervenção do Estado. Na maioria dos
casos, conforme exposto no capítulo dois desse módulo, é a própria
família a responsável pelas violações sofridas pelas crianças e pelos
adolescentes.
Assim, “se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tute-
lar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará
incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações so-
bre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a
orientação, o apoio e a promoção social da família” (art.136, parágrafo
único, do ECA).
Em razão dessas violações, a lei determina que esses pais te-
nham o poder familiar suspenso ou até mesmo extinto, esses institutos
são efeitos de medida protetiva na defesa da prole.

53
Não confundir Medidas de Proteção (art. 101) com Medida So-
cioeducativa (art. 112). A medida de proteção, como o próprio nome diz,
tem a intenção de proteger a criança e o adolescente contra lesão ou
ameaça aos seus direitos. Já a medida socioeducativa é aplicável ao
adolescente quando este pratica ato infracional. Nesse sentido, confira
abaixo na figura 7:

Figura7 - Comparação de Medidas de Proteção e Medidas de Seguran-


ça
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Fonte: Elaborada pela Autora (2019)

Cumpre informar que, o os incisos VIII, IX e X do art. 129, quais


sejam: perda da guarda, destituição de tutela e suspensão ou destitui-
ção do poder familiar, inclusão em programa de acolhimento familiar e
colocação em família substituta são de competência exclusiva do Poder
Judiciário, que só adotará essas medidas em caráter excepcional e de
urgência, em procedimento contraditório, nos termos da legislação civil,
conforme estabelece o art. 24 e 148, parágrafo único, alínea b, do ECA,
haja vista ser a convivência familiar um dos direitos mais importantes
preconizados, tanto no Estatuto da Criança e do Adolescente, quanto na
Constituição Federal.

54
É importante frisar que, na aplicação das medidas de proteção,
leva-se em conta os princípios que as regem, que estão dispostos no
art.100, parágrafo único, incisos I ao XII do ECA, elencados no quadro
I abaixo:

Quadro I - Princípios que regem a aplicação das Medidas de Proteção


Princípios que Regem a Aplicação das Medidas de Proteção
(art.100, I ao XII do ECA)

Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos:


crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos nesta e
em outras leis, bem como na Constituição Federal;

Proteção integral e prioritária: a interpretação e a aplicação de toda


e qualquer norma contida nesta lei deve ser voltada à proteção inte-
gral e prioritária dos direitos de que crianças e os adolescentes são
titulares;

Responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena


efetivação dos direitos assegurados a crianças e adolescentes por

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


esta lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta expres-
samente ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das
três esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do atendi-
mento e da possibilidade da execução de programas por entidades
não governamentais;

Interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve


atender, prioritariamente, aos interesses e direitos da criança e do
adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros in-
teresses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes
no caso concreto;

Privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do ado-


lescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito à ima-
gem e reserva da sua vida privada;

Intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes


deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida;

55
Intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamen-
te pelas autoridades e instituições, cuja ação seja indispensável à efe-
tiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente;
Proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessá-
ria e adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescen-
te se encontram no momento em que a decisão é tomada;
Responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de
modo que os pais assumam os seus deveres com a criança e o ado-
lescente; 

Prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da


criança e do adolescente, deve ser dada prevalência às medidas que
os mantenham ou reintegrem em sua família natural ou extensa ou,
se isso não for possível, que promovam a sua integração em família
adotiva;

Obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, respei-


tados seus estágios de desenvolvimento e capacidade de compreen-
são, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus direi-
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

tos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma como


esta se processa;

Oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em se-


parados ou na companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por
si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a ser
ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de promoção
dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considera-
da pela autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§
1 o e 2 o do art. 28 desta Lei.

Fonte: Elaborado pela autora (2019) adaptado do ECA (1993)

Ademais, é previsto no estatuto que o juízo da Infância e Ju-


ventude deve possuir uma equipe interprofissional (art. 151), ou seja,
um quadro de assistentes sociais, psicólogos e psiquiatras, haja vista a
complexidade das questões abordadas e ao dever de observância aos
princípios supracitados.
A equipe interprofissional é responsável por realizar estudo so-
cial ou perícia para verificar se há suspeita de causas que levem à sus-

56
pensão ou destituição do Poder Familiar (art.161 §1°,); realizar estudo
social ou perícia para os casos de concessão de guarda e adoção (no
art. 167); e subsidiar, mediante juntada de seus relatórios, a audiência
e, consequentemente, a decisão judicial (art.186, §4°). A equipe inter-
profissional contribui para uma avaliação mais ampla da situação.
É sabido que em demandas judiciais que envolvem família,
criança e adolescente, é de extrema importância a participação de uma
equipe de psicólogos e assistentes sociais, haja vista que a letra da lei é
fria e sua aplicação sem levar em consideração os contextos emocional,
psicológico e social dos indivíduos, a equipe interprofissional é respon-
sável por humanizar o judiciário.

Suspensão e Extinção do Poder Familiar


A suspensão e a extinção do poder familiar, como discorrido
ao longo desse tópico constituem medidas excepcionais de proteção à
criança ou ao adolescentes em casos de ameaça ou violação dos seus
direitos. Ambas são aplicadas mediante decisão judicial.
A suspensão, nos termos do art. 1.637 do código civil, ocorre:

“Se o pai ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos. Nesse sentido, cabe ao juiz, me-

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


diante requerimento de algum parente, ou do Ministério Público, adotar a
medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres,
até suspendendo o poder familiar quando convenha”.

Já a perda, tipo mais grave de destituição do poder familiar,


também determinada por decisão judicial, ocorre quando o pai ou a
mãe, ou qualquer que detenha a guarda ou tutela, castigue imoderada-
mente o filho, deixe o filho em estado de abandono, pratique atos contra
a moral e os bons costumes ou incide reiteradamente nessas práticas
de violações.
Ocorre a extinção do poder familiar mediante adoção da crian-
ça, momento que ocorre a extinção definitiva do poder familiar.
Em ambos os casos a criança é afastada do convívio familiar e
colocada em um acolhimento institucional.
É importante esclarecer que a falta ou carência de recursos
materiais não constitui motivo suficiente para perda ou suspensão do
poder familiar (art.23 do ECA).
Disto isto, passemos agora a discutir a institucionalização da
criança ou do adolescente.

57
Institucionalização
Como vimos acima, a institucionalização é uma medida excep-
cional, de proteção à criança e ao adolescente, aplicada quando os di-
reitos que lhes são reconhecidos por meio da Constituição e da norma
estatutária forem ameaçados ou violados, por falta, omissão, ou abuso
dos pais ou responsável.
Assim verificada a hipótese de falta, omissão ou abuso dos
pais ou responsável, a autoridade competente, poderá determinar o
cumprimento das medidas dispostas no art. 101 do ECA, quais sejam:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de res-
ponsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de
ensino fundamental; IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e
do adolescente;  V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em pro-
grama oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoó-
latras e toxicômanos; VII - acolhimento institucional; VIII - inclusão em
programa de acolhimento familiar;  IX - colocação em família substituta.
Entende-se por autoridade competente o Conselho Tutelar nos
casos de aplicação dos incisos I ao VI, ou o Poder Judiciário no caso
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

dos incisos VII, VIII e IX, quais sejam: acolhimento institucional, inclusão
em programa de acolhimento familiar e colocação em família substituta.
Acolhimento familiar, como o próprio nome diz, é quando a
criança e o adolescente que necessitam ser afastados do convívio fami-
liar, são acolhidos em residências de famílias capacitadas e cadastra-
das para esse fim, até que seja encontrada uma solução permanente.

Acolhimento Institucional
Compreende-se por Acolhimento Institucional o acolhimento
“provisório” da criança ou do adolescente, de 0 a 18 anos, em entidade
de atendimento, quando verificada a necessidade de afastamento da
criança ou adolescente do convívio familiar, ou quando as crianças são
encontradas em situações de vulnerabilidade e risco, como as que se
encontram em situação de rua. Nesse sentido, vejamos o julgamento
abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL. ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL


Considerando que foram esgotados os meios d=para a localização do réu/
apelante, não há falar em nulidade da citação editalícia. Comprovado o aban-
dono material dos genitores, assim como evidenciada a impossibilidade de

58
reintegração do menor à família de origem, em razão da negligência e maus-
-tratos a que estava submetido o menos, impõe-se a manutenção da senten-
ça de procedência da medida protetiva de acolhimento institucional. NEGA-
RAM PROVIMENTO AO APELO (Apelação Cível N° 70079425955. Oitiva
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS. Relator: Rui Portanova. Julgado
em 22.11.2018).
(TJ-RS – AC:700079425955 RS, Relator: Rui Portanova, Data de Julgamen-
to:22.11.2018, Oitiva Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do
dia 26.11.20118).

Trata-se de uma medida que tem a intenção de proteger a po-


pulação infantojuvenil. Geralmente essas instituições são compostas
por uma equipe de profissionais, dentre os quais, assistentes sociais,
psicólogos, educadores e voluntários.
Os acolhimentos institucionais no desenvolvimento de suas
atividades, devem adotar, nos termos do art. 92 do ECA, os seguintes
princípios:

I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar;


II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manu-
tenção na família natural ou extensa; 
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de coeducação;

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


V - não desmembramento de grupos de irmãos;
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de
crianças e adolescentes abrigados;
VII - participação na vida da comunidade local;
VIII - preparação gradativa para o desligamento;
IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.

Nesse sentido, O Conanda – Conselho Nacional dos Direitos


das Crianças e dos Adolescentes, editou uma Resolução n°1/2009 com
orientações e técnicas de serviços de acolhimento a crianças e adoles-
centes, lá o conselho norteia a organização, no país, dos serviços de
acolhimento a crianças e adolescentes, explicando e complementando
as normas impostas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Haja vista princípio da prevalência da família, antes de colocar
a criança em família substituta, o judiciário tenta reintegrá-la em sua fa-
mília natural, tentativa que foi alvo de críticas por parte dos especialistas
e da doutrina, que consideram que deveria se priorizar a família – leia-
-se família que quer cuidar, proteger e amar – e não dar prevalência a
uma família que já deu indícios de que não é apta a essa função. Nesse
sentido, segue crítica de Maria Berenice Dias:

59
Claro que ninguém questiona que o ideal é crianças e adolescentes cres-
cerem junto a quem os trouxe ao mundo. Mas é chegada a hora de acabar
com a visão romanticamente idealizada da família. O filho não é uma “coisa”,
um objeto de propriedade da família biológica. Quando a convivência com
a família natural se revela impossível ou é desaconselhável, melhor atende
ao seu interesse - quando a família não o deseja, ou não pode tê-lo consigo
- ser entregue aos cuidados de quem sonha ter um filho. A celeridade deste
processo é o que garante a convivência familiar, direito constitucionalmente
preservado com absoluta prioridade (CF 227). Para esse fim - e infelizmente
- não se presta a legislação e nem todos os esforços do Conselho Federal
de Justiça, que nada mais fazem do que burocratizar e emperrar o direito à
adoção de quem teve a desdita de não ser acolhido no seio de sua família
biológica (2016, p. 789).

Essa tentativa de reintegração à família natural acaba gerando


mais sofrimento às crianças e aos adolescentes, já que seus pais não
conseguem cumprir com seus papéis e, mesmo passando por todas
as medidas de proteção como, assinando termo de responsabilidade,
acompanhamento, se responsabilizando pela matrícula dos filhos na
escola, fazendo parte de programa comunitário, passando por trata-
mento médico, psicológico ou psiquiátrico, esses pais voltam a perder
o poder familiar por meio da suspensão por ordem judicial, haja vista
voltarem a cometer as mesmas práticas negligentes e de maus tratos,
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

anteriormente praticadas.
Assim, o que ocorre é que essas crianças acabam sendo man-
tidas por anos nessas instituições de acolhimento, ou ficam alternando
de instituições, devido a agressividade, mau comportamento e até mes-
mo fuga para as ruas.
Ou seja, a criança só é incluída no cadastro nacional de ado-
ção quando restarem frustradas todas as tentativas de reintegração da
criança em sua família natural ou extensa, razão pela qual passam anos
em instituições de acolhimento à espera de uma família, mesmo a lei
dispondo que a institucionalização deveria ser exercida em caráter tem-
porário, por no máximo dois anos (art.19, §2° do ECA), mas o que ocor-
re é justamente o inverso. Como critica Maria Berenice Dias:

São tantas as exigências e os entraves que existem, que se torna interminá-


vel a espera pela adoção, o que, muitas vezes, leva crianças e adolescentes
a permanecerem abrigadas até completarem a maioridade. Nesse dia são
postos para fora do local onde passaram toda a vida à espera de alguém que
os quisesse adotar (2016, p. 474).

É importante frisar que, em alguns casos, a tentativa de reinte-


gração à família natural é bem sucedida, haja vista que alguns pais ten-

60
tam cumprir as medidas impostas pelo Conselho Tutelar e conseguem,
com isso, retomar a convivência com os filhos, isso ocorre quando, por
exemplo, os pais se comprometem a matricular os filhos na escola, a
deixar os vícios e a proteger os filhos do trabalho infantil.
Ressalta-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente, por
intermédio dos órgãos integrantes do sistema legal de proteção jurídica,
tais como, Conselho Tutelar, Ministério Público, Vara da Infância e Ju-
ventude, estão sempre atuando em prol da garantia dos direitos infan-
tojuvenis, porém, nem sempre os objetivos da lei são alcançados, o que
leva a doutrina a criticar o processo de adoção, como acima transcrito,
no texto de Maria Berenice Dias.

Implicações Psicossociais da Institucionalização para a Criança e


Adolescente
Como vimos acima, há todo um contexto de sofrimento por trás
da institucionalização, há toda uma tentativa por parte do Estado, Con-
selho Tutelar, Ministério Público e entidades de apoios assistencial e
psicossocial de ressocializar a família pela qual a criança faz parte, com
o objetivo de reintegrar a criança no seio familiar.
No entanto, nem sempre isso é possível e a criança acaba so-

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


frendo mais, seja por estar afastada do convívio familiar de sua família
de origem – pois, apesar dos maus tratos, essas crianças têm um ape-
go psicológico a esses pais e nutrem a esperança que eles melhorem
– seja em cada tentativa de reintegração, pois, os pais voltam a praticar
maus tratos, negligência, agressões, e demais violências vistas no ca-
pítulo dois.
Ou seja, entre a suspensão e a extinção do poder familiar e a
reintegração ou a adoção, há um período intermediário, em que a crian-
ça ou adolescente fica institucionalizado.
São crianças e jovens em situação de risco, abandonados ou
entregues aos órgãos competentes para a adoção. O afastamento do
seio familiar gera um abalo emocional muito grande na criança. Apesar
de todos os esforços das instituições de acolhimento, elas não conse-
guem dar a atenção especial e individual que cada criança necessita,
para o bom desenvolvimento emocional, bem como afetivo, físico e psi-
cológico que as crianças precisam.
A criança e o adolescente institucionalizados podem apresen-
tar problemas de dicção, comportamento, déficit de atenção, baixo ren-
dimento escolar, dificuldade de criar relações interpessoais e de se in-
tegrar socialmente, retração, comportamento antissocial ou agressivo,
também podem se sentir desvalorizados, abandonados e sozinhos

61
Segundo pesquisa realizada por Ayres, Coutinho, Sá e Alber-
naz as crianças e os adolescentes abrigados podem apresentar carac-
terísticas ditas psicológicas, tais como, “depressão, insegurança, infe-
rioridade intelectual, tornando-os um grupo que poderia ser identificado
por esses comportamentos” (2010, p.5).
Na mesma pesquisa foi constatado que, as crianças institu-
cionalizadas são carentes de afeto, razão pela qual algumas podem se
apegar facilmente a quem lhes dá atenção e outras podem evitar rela-
ções por temer um novo abandono.
No entanto, Ayres, Coutinho, Sá e Albernaz (2010) alertam
para o fato de que há muitas crianças que não apresentam esses “sin-
tomas” ao serem institucionalizadas, há crianças que se sentem alivia-
das por terem sido resgatadas das situações de risco e outras podem
demonstrar resistência.
O que se verifica é que as implicações variam de criança para
criança, do contexto anterior a institucionalização, da idade, da perso-
nalidade, entre outras implicações.
Segundo os especialistas ainda há muito que se investigar
acerca dos efeitos psicossociais que a institucionalização acarreta à
criança e ao adolescente, mas já se sabe que os traumas ocorridos
durante a infância causam efeitos pelo resto da vida, afetando suas
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

decisões e relações ao longo de sua trajetória.

ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI


Adolescente, segundo o art. 2° da lei n°8.069/90 – Estatuto da
Criança e do Adolescente, é a pessoa com idade entre doze e dezoito
anos.
O Adolescente está em conflito com a lei, quando pratica ato
infracional. O Estatuto da Criança e do Adolescente considera ato infra-
cional a conduta equiparada a crime ou contravenção penal (art.103).
O Estatuto também estabelece que são penalmente inimpu-
táveis os menores de dezoito anos, os quais são sujeitos às medidas
socioeducativas previstas na lei menorista.
Nesse sentido, deve ser considerada a idade do adolescente
à data do fato, conforme dispõe o art.104, parágrafo único do estatuto.
Também se aplica o estatuto, em caráter excepcional, às pes-
soas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Assim, caso na data da investigação o adolescente já tenha
atingido a maioridade, e estiver na faixa de idade maior de dezoito e
menor que vinte e um anos, porém, na data do ato infracional ele tinha
entre 12 e 18 anos, também aplica o estatuto, é o que dispõe o parágra-

62
fo único do art.2 do ECA.
A fixação de imputabilidade até os 18 anos tem sido muito cri-
ticada pela população, debate-se a questão psicológica do adolescente
em conflito com a lei, questionando o seu grau de maturidade para as
práticas dos atos infracionais, ou seja, boa parte da população defende
a imputabilidade para adolescentes na faixa de idade entre dezesseis
e dezoito anos, por entender que estes são plenamente capazes de
responder por suas faltas.
Porém, é preciso avaliar a questão da imputabilidade de forma
mais ampla e contextualizá-la, aplicando os entendimentos sociais e
psicológicos do adolescente.
O legislador acredita que nessa faixa etária ainda é uma fase
de aprendizado, de educação e de formação de caráter, é menos difí-
cil ressocializar um adolescente aplicando as medidas socioeducativas
voltadas para essa finalidade quando comparado ao adulto.
A respeito desse tema, o Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente, criado em 1991 pela lei n° 8.242, órgão Fe-
deral com atuação a nível nacional, que integra o conjunto de atribui-
ções da Presidência da República, emitiu uma nota destacando a ine-
xistência de dados que comprovem que a diminuição da maioridade
penal reduz os índices de criminalidade infantojuvenil e adverte que, o

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


que ocorre é o contrário, o ingresso antecipado do adolescente no falido
sistema penal brasileiro expõe ainda mais os adolescentes à violência
e à reprodução dela, aumentando as chances de reincidência, como
ocorre com os adultos.
O Conanda - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente, também destaca que, se reduzida a idade penal, o recru-
tamento de adolescentes para o crime seria cada vez mais cedo.
No que tange às medidas socioeducativas, elas estão dispos-
tas nos art. 112 a 125 do Estatuto e correspondem à advertência; obri-
gação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liber-
dade assistida; inserção em regime de semiliberdade; e internação em
estabelecimento educacional.
Segundo o estatuto, a advertência consiste em admoestação
verbal, que será reduzida a termo e assinada.
Já a medida socioeducativa referente à obrigação de reparar
o dano, é aplicada se o ato infracional ocasionou reflexos patrimoniais,
a autoridade pode determinar que o adolescente restitua a coisa, pro-
mova o ressarcimento do dano ou compense o prejuízo da vítima, não
sendo isso possível, a medida pode ser substituída por outra adequada
ao caso concreto.
No que tange à prestação de serviço à comunidade, o art. 117
63
dispõe que “consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse ge-
ral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assis-
tenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem
como programas comunitários ou governamentais”.
Essa medida reflete em efeitos positivos para o adolescente
infrator, pois, a partir dela ele pode criar responsabilidade, haja vista que
deve cumprir horários, de jornadas de no máximo 8 horas semanais, po-
dendo prestar os serviços também aos sábados, domingos e feriados,
porém, de modo que não prejudique a frequência escolar ou de jornada
normal de trabalho. Esse tipo de serviço faz com que o adolescente se
sinta útil e reflita sobre suas ações de um modo educativo; O adolescen-
te passa interagir com equipe do local, bem como com a comunidade, já
que os serviços geralmente são prestados em CRAS - Centros Regio-
nais de Assistência Social, PSF - Programas de Saúde da Família, bem
como, em escolas, universidades públicas etc.
Já a medida de liberdade assistida consiste na designação de
uma pessoa capacitada para acompanhar, auxiliar e orientar o adoles-
cente, pelo período mínimo de seis meses, podendo ser prorrogada, re-
vogada ou substituída por outra medida, desde que ouvido o orientador,
o Ministério Público e o defensor.
Durante o cumprimento dessa medida, a pessoa responsável
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

por acompanhar, orientar e auxiliar o adolescente deve, nos termos do


art.119 do ECA:

I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orien-


tação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de
auxílio e assistência social;
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente,
promovendo, inclusive, sua matrícula;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua in-
serção no mercado de trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.

Quanto ao regime de semiliberdade, este possibilita a realiza-


ção de atividades externas, independentemente de autorização judicial,
bem como são obrigatórias a escolarização e a profissionalização, de-
vendo sempre que possível, serem utilizados os recursos existentes na
comunidade.
Já a internação, constitui medida mais gravosa, haja vista que
caracteriza-se pela privação da liberdade, pois, apesar do estatuto dis-
por que será aplicada de forma excepcional, e com respeito à condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento, a situação dos adolescentes
internados se assemelha ao sistema carcerário brasileiro, que se encon-

64
tra defasado e sem nenhuma estrutura para comportar seres humanos.
A medida de internação não pode, em hipótese nenhuma, ex-
ceder o período máximo de três anos, razão pela qual atingido esse
limite, o adolescente deve ser liberado, e só é aplicada mediante preen-
chimento de três requisitos, art.122, quais sejam:

I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência


a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente
imposta.

Também podem ser aplicadas as medias dispostas no art.101,


incisos I a VI, por força do inciso VII do art.112 do ECA, quais sejam:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de res-
ponsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de
ensino fundamental; IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e
do adolescente;  V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; e VI - inclusão em
programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


alcoólatras e toxicômanos.
Além do caráter pedagógico, que objetiva reintegrar o jovem
em conflito com a lei à sociedade, as medidas também respondem a
objetivo sancionatório.
A lei estatutária dispõe de alguns critérios para aplicação da
medida, em que deve-se levar em conta a capacidade do adolescente
de cumprir a medida e as circunstâncias, e a gravidade da infração.
Ademais, na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortale-
cimento dos vínculos familiares e comunitários (art. 100).
Na aplicação das medidas socioeducativas, assim como na
aplicação das medidas protetivas, deve-se levar em consideração os
princípios que as regem, quais sejam: condição da criança e do adoles-
cente como sujeitos de direitos; proteção integral e prioritária; respon-
sabilidade primária e solidária do poder público; interesse superior da
criança e do adolescente; privacidade; intervenção precoce; interven-
ção mínima; proporcionalidade e atualidade; responsabilidade parental;
prevalência da família; obrigatoriedade da informação; oitiva obrigatória
e participação da criança e do adolescente.
No que se refere à questão psicossocial do adolescente em
conflito com a lei, é importante esclarecer que o cometimento de atos
65
infracionais está estritamente ligado a contextos de exclusão social, po-
breza, vulnerabilidade e violência contra criança e adolescente, seja por
parte da família, quando esta não cumpre com o seu papel de cuidar,
proteger, educar e amar, seja por parte do Estado, que não cumpre com
o seu papel na elaboração de políticas públicas, educação pública de
qualidade, atendimento hospitalar e de saúde entre outras coisas.
A maioria dos adolescentes em conflitos com a lei vive em um
contexto social extremamente desestruturado, geralmente esse adoles-
centes são pobres, filhos de pais que são muitas vezes alcoólatras e
viciados em drogas, e os adolescentes acabam sendo vítimas de violên-
cias física, psicológica, sexual e moral, tratados sem nenhum respeito a
sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, razão pela qual
se dirigem às ruas e se apegam ao que ela oferece, como forma de fuga
da realidade em que vivem, assim, usam drogas ou se viciam em álcool,
e diante da necessidade de sobrevivência, se prostituem e acabam sen-
do atraídos para o mundo da criminalidade.
Não ter uma família estruturada, ou alguém que possa cuidar,
proteger, amar e dar subsídios necessários para que o adolescente siga
uma trajetória longe dos conflitos com a lei, é uma constante no Brasil.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Para uma melhor compreensão sobre institucionalização, aco-


lhimento institucional, adoção, medidas de proteção e demais temas
que envolvam criança e adolescente é imprescindível a leitura da Lei n°
8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Ademais, seria indicado ainda um estudo sobre o Sistema de
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente, por meio da Resolu-
ção n° 113 do Conanda. A partir do entendimento desse sistema você
será capaz de identificar a importância da articulação e integração das
instâncias públicas governamentais e da sociedade civil, na aplicação
de instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de
promoção, defesa e controle para efetivação dos direitos humanos da
criança e do adolescente. Entenderá o objetivo do legislador em criar o
acolhimento institucional, as medidas socioeducativas, medidas de pro-
teção e demais normas que regulam a menor idade no Brasil.

66
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Direito de Famí-
lia. São Paulo: Saraiva.

SILVA, Denise Maria Perissinida, Psicologia jurídica no processo ci-


vil brasileiro: a interface da psicologia com o direito nas questões
de família e infância / Denise Maria Perissini da Silva. – 3. ed. rev.,
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 421 p.

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

67
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: DPE-RO Prova: Analista da Defenso-
ria Pública - Analista em Psicologia
Jonas, adolescente de dezesseis anos, apreendido em flagrante
ato infracional de furto, que, ao ser encaminhado à autoridade po-
licial competente, revelou que estava em descumprimento de me-
dida socioeducativa decorrente de outro ato infracional, cometi-
do anteriormente, por posse de pequena quantidade de drogas. O
adolescente afirmou que o furto foi para sustentar o seu consumo
ilícito. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente:
A) Jonas será privado de sua liberdade unicamente por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente;
B) a apreensão de Jonas e o local onde ele poderá ser recolhido serão
comunicados à autoridade judiciária competente e à sua família, num
prazo de quarenta e oito horas;
C) caso seja determinada a internação de Jonas antes da sentença, ela
deve ter o prazo máximo de quinze dias;
D) entre as garantias asseguradas ao Jonas, está a igualdade na rela-
ção processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

produzir todas as provas necessárias à sua defesa;


E) comparecendo qualquer dos pais ou responsável, Jonas será libera-
do pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabili-
dade de sua apresentação ao representante da Defensoria Pública ou
Conselho Tutelar.

QUESTÃO 2
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: Psicólogo Judi-
ciário
Isabel da Silva Kahn Marin (2002), ao discutir a relação entre ado-
lescência e violência na sociedade contemporânea, destaca o pa-
pel, nesse fenômeno,
A) da dificuldade dos adultos de se mostrarem como representantes da
autoridade e da lei frente à adolescência.
B) da natureza intrinsecamente violenta dos rituais de passagem da
adolescência para a vida adulta, observados em nossos dias.
C) da influência da cultura da violência divulgada e incentivada de modo
exaustivo pelos meios de comunicação.
D) da necessidade de afirmação do jovem pela destruição do velho,
característica do consumismo do século XXI.
E) do investimento da mulher em projetos pessoais que deixam em se-
68
gundo plano a saúde emocional da família.

QUESTÃO 3
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: TJ-BA Prova: Analista Judiciário -
Psicologia
Verifica-se hoje um clamor de grande parte da sociedade brasileira
pela redução da maioridade penal, sendo o tema alvo de diversas
propostas em tramitação no Congresso Nacional. Os argumentos
contra a redução da maioridade penal defendem que:
A) é preciso separar o adolescente infrator com menor discernimento
daquele capaz de compreender o caráter criminoso de sua conduta;
B) o Estado tem sua responsabilidade na produção da violência quando
fracassa na garantia dos direitos fundamentais de crianças e adoles-
centes;
C) adolescentes são inimputáveis de acordo com o ECA e por isso não
podem ser alvo de punições quando praticam atos infracionais;
D) a compreensão das condutas do sujeito deve priorizar uma perspec-
tiva individualista, sem reducionismos sociais simplistas;
E) crimes hediondos e reincidências demandam intervenções na esfera
da saúde mental em lugar da aplicação de medidas socioeducativas.

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


QUESTÃO 4
Ano: 2017 Banca: PUC-PR Órgão: TJ-MS Prova: Técnico de Nível
Superior - Psicologia
A colocação de crianças e adolescentes em instituições de acolhi-
mento se manifesta como uma forma de proteção de seus direitos
fundamentais e, portanto, de seu desenvolvimento psicossocial. A
atuação do psicólogo nesse contexto deve coadunar-se com essa
proposta, com base em conhecimentos específicos. Sendo assim,
é CORRETO afirmar que
A) o abrigamento deve ser encarado como medida de proteção de cará-
ter definitivo que se justifica pela clara situação de vulnerabilidade das
crianças e adolescentes envolvidos.
B) o abrigamento de crianças e adolescentes em instituição de acolhi-
mento deve ser uma medida de proteção, excepcional e provisória, que
visa garantir seus direitos. Isso significa que o poder público deverá
acompanhar o processo que daí se segue para uma definição de reinte-
gração familiar ou de destituição do poder familiar.
C) maus-tratos, violência de diversas ordens e abandono são justificati-
vas para a decisão de abrigamento e, dessa forma, lhe dão um caráter
de medida de proteção transitória para que o trâmite de destituição do
poder familiar tenha tempo hábil de ocorrer.
69
D) a reavaliação da institucionalização de criança e adolescentes aco-
lhidos tem como principal objetivo a garantia de que a decisão seja coe-
rente com o Princípio da Proteção integral e, como tal, dê o direito aos
pais de ter a convivência familiar com seus filhos, bem como o direito de
educá-los e acompanhar seu desenvolvimento de acordo com a forma
como compreender ser mais adequada ao exercício da parentalidade.
E) a decisão de reintegração familiar ou de destituição do poder familiar
é facultada à equipe técnica da qual o psicólogo faz parte, pois lhe cabe
averiguar as condições do melhor interesse dos envolvidos e indicar ao
magistrado responsável pelo caso a decisão mais adequada.

QUESTÃO 5
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: Analista Judiciário
- Psicologia
Com relação ao profissional de psicologia que atua com crianças e
adolescentes em situações de abuso sexual, julgue o item a seguir.
A atenção psicossocial é operacionalizada com o objetivo de es-
truturar ações de atendimento e de proteção à criança e ao ado-
lescente e devem ser realizadas após o afastamento desses indiví-
duos do contexto de vulnerabilização.
( ) Certo
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

( ) Errado

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Os índices envolvendo o aumento de criminalidade com a presença de


crianças e adolescentes só se intensifica, e isso ocorre em virtude de
vários fatores, sejam esses econômicos, sociais, entre outros. Nesse
sentido, apresente uma definição para imputabilidade.

TREINO INÉDITO

Assunto: Medida socioeducativa

Os adolescentes, assim como os adultos, podem ser punidos pela prá-


tica dos atos ilegais, contudo, os atos infracionais são punidos e penali-
zados de maneira diferente. Dessa forma, assinale a alternativa correta
acerca das medidas socioeducativas que podem ser aplicadas ao ado-
lescente.
A) Advertência.
B) Liberdade assistida.
C) Obrigação de reparar o dano.
70
D) Todas as alternativas estão corretas.

NA MÍDIA

Você tem direito: Tratamento legal a adolescentes em conflito com a lei

Olá! Hoje a Defensoria Pública da União falará sobre atos infracionais,


que são condutas descritas como crime ou contravenção penal come-
tidas por adolescentes, consideradas as pessoas entre 12 e 18 anos,
incompletos. O artigo 27 do Código Penal determina que adolescentes
não podem ser responsabilizados criminalmente. Por isso, em casos
que os envolvam se deve considerar a idade na data do ato, e a respos-
ta seria aquela prevista na legislação especial, o Estatuto da Criança e
do Adolescente.
Fonte: NSC Total
Data: 28 de outubro de 2019
Leia a notícia na íntegra: https://www.nsctotal.com.br/noticias/voce-
-tem-direito-tratamento-legal-a-adolescentes-em-conflito-com-a-lei

NA PRÁTICA

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


STJ reconhece a impossibilidade do cumprimento de medidas socioe-
ducativas privativas de liberdade em estabelecimento prisional.

HABEAS CORPUS. PENAL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLES-


CENTE. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DE TRÁFICO DE
DROGAS. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE SEMILIBERDADE CUM-
PRIDA EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. INADMISSIBILIDADE.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDI-
DA.
1. O cumprimento de medida socioeducativa em estabelecimento pri-
sional, ainda que em local separado dos maiores de idade condena-
dos, contraria o art. 123 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que
expressamente determina que: “A internação deverá ser cumprida em
entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele desti-
nado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade,
compleição física e gravidade da infração.” Precedentes.
2. Ordem concedida para determinar que o Paciente aguarde em medi-
da socioeducativa de liberdade assistida o surgimento de vaga em esta-
belecimento próprio para menores infratores, compatível com o cumpri-
mento da medida socioeducativa de semiliberdade que lhe foi imposta.
(STJ. 5ª T. HC nº 180595/MG. Rel. Min. Lurita Vaz. J. em 03/02/2011).
71
Fonte: http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1174.html

PARA SABER MAIS


Filme sobre a temática: Precisamos falar sobre Kevin
Acesse os links: http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/politi-
ca_socioeducativa/doutrina/Conselho_Tutelar_e_adolesc_em_confli-
to_com_a_lei.pdf
https://jus.com.br/artigos/58557/o-adolescente-em-conflito-com-a-lei
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

72
Consta-se que são muitas as implicações no âmbito da infân-
cia, adolescência e velhice, que são comuns na sociedade e que envol-
vem questões psicossociais e jurídicas.
Apesar de todos os avanços, tanto na Psicologia, quanto no
Direito, verifica-se que muita coisa ainda precisa ser feita para erradicar
as violações aos direitos da criança e do adolescente e do idoso, po-
rém, é importante reconhecer e aplicar os meios de garantia que temos
a nossa disposição, com o fim de também compormos esse sistema,
que convoca não só a responsabilidade do Estado, mas a nossa, como
membros da sociedade e comunidade em que vivemos.

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

73
GABARITOS

CAPÍTULO 01

Questões de concursos

01 02 03 04 05
E D D B E

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

As etapas da adoção são:


1) Procurar a Vara de Infância e Juventude do município e organizar os
documentos necessários;
2) Petição de Inscrição para adoção;
3) Curso de preparação psicossocial e jurídica;
4) Sentença do juiz sobre a adoção;
5) Encontrar uma criança ou adolescente com o perfil para a sua família;
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

6) A ação de adoção terá início e haverá guarda provisória de criança


ou adolescente;
7) Sentença de adoção e registro da criança ou do adolescente na fa-
mília.

TREINO INÉDITO

Gabarito: D

Justificativa:Todas as alternativas estão corretas, além dos menciona-


dos sintomas, os sinais mais comuns de que as crianças e adolescentes
enfrentam durante o processo de divórcio são:
• Desânimo;
• Raiva;
• Agressividade;
• Angústia;
• Birras constantes;
• Redução do interesse por brincadeiras ou para realizar suas ativida-
des rotineiras.

74
CAPÍTULO 02

Questões de concursos

01 02 03 04 05
E D D A A

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Os idosos podem ser vítimas de violências físicas, violência psicológica,


abuso financeiro ou material, abuso sexual, negligência e abandono.

TREINO INÉDITO

Gabarito: E

Justificativa:Todas as alternativas estão corretas, tendo em vista a dis-


posição presente no artigo 9º da resolução de nº 2.878, de 26 de julho
de 2001.

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


CAPÍTULO 03

Questões de concursos

01 02 03 04 05
D A B B E

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

A imputabilidade pode ser entendida como o ato responsável por atribuir


a alguém a responsabilidade por algum fato, dessa forma, segundo o
artigo 228 da CRFB/88 são penalmente inimputáveis os menores de
dezoito anos, sendo esses sujeitos às normas de legislação especial,
sendo essa o ECA.

TREINO INÉDITO

Gabarito: D

75
Justificativa: A letra D é a alternativa correta, tendo em vista o disposto
pelo artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente po-


derá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade
de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação
de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental
receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às
suas condições.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

76
ALVARENGA, Lidia Levy de; BITTENCOURT, Maria Inês Garcia de
Freitas. A delicada construção de um vínculo de filiação: o pa-
pel do psicólogo em processos de adoção.  Pensando fam. Dispo-
nível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1679-494X2013000100005&lng=pt&nrm=iso. acesso em:  15 de
novembro de 2019.

AYRES, L. S. M; Coutinho A. P. C; Sá, D. A. & Albernaz, T. (2010). Abri-


go e abrigados: Construções e desconstruções de um estigma. Es-
tudos e Pesquisas em Psicologia, UERJ

BARRETO, Fabíola. Análise Psicológica do Divórcio: Uma perspec-


tiva masculina. Monográfica não publicada. Curso Grau de Licenciatu-
ra. Universidade Jean Piaget de Cabo Verde. Cidade da Praia, Santiago
Cabo Verde, 2013. Disponível em: http://bdigital.cv.unipiaget.org:8080/
jspui/bitstream/10964/441/1/Mono%20Fabiola%20PSI-Clinica.pdf.
Acesso em: 16 de novembro de 2019.

BRASIL, Lei n° 12.845, de 1 de Agosto de 2013. Dispõe sobre o aten-


dimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


sexual. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2013/Lei/L12845.htm. Acesso em: 24.01.2020.

BRASIL. Conanda, nota pública. Disponível em: http://www.crianca.


mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=206. Acesso
em: 9 de novembro de 2019.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do


Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 05
de novembro de 2019.

BRASIL. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estudos


e Análises. Mudança Demográfica no Brasil no Início do Século XXI.
Informação demográfica e socioeconômica. 2015. Disponível em: ht-
tps://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv93322.pdf. Acesso em:
13 de novembro de 2019.

BRASIL. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísti-


ca de Registo Civil, 2017. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/periodicos/135/rc_2017_v44_informativo.pdf. Acesso em:
77
13 de novembro de 2019.

BRASIL. Lei n° 10.741, de 1º de Outubro de 2003. Estatuto do Idoso.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.
htm. Acesso em: 6 de novembro de 2019.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e


do Adolescente: Promulgada em 13 de julho de 1990.Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 5 de no-
vembro de 2019.

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos. Balanço Geral da Ou-


vidoria, 2017. Disponível em: https://www.mdh.gov.br/informacao-ao-
-cidadao/ouvidoria/balanco-disque-100. Acesso em: 6 de novembro de
2019.

BRASIL. OPAS. Organização pan-americana de saúde. Banco de no-


tícias Número de idoso com necessidades especiais triplicará nas
Américas até 2050. Disponível em: https://nacoesunidas.org/numero-
-de-pessoas-idosas-com-necessidade-de-cuidados-prolongados-tripli-
cara-nas-americas-ate-2050/. Acesso em: 13 de novembro de 2019.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

BRASIL. Portaria n°737 de 16 de maio de 2001. Política Nacional de Re-


dução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2001/prt0737_16_05_2001.
html. Acesso em: 14 de novembro de 2019.

BRASIL. Portaria Nº 2.528 DE 19 de outubro de 2006. Política Nacio-


nal de Saúde da Pessoa Idosa. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt2528_19_10_2006.html. Acesso em: 14 de
novembro de 2019.

BRASIL. Resolução 007/2003. Conselho Federal de Psicologia. Manual


de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo,
decorrentes de avaliação psicológica e revoga a Resolução CFP º
17/2002. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2003/06/
resolucao2003_7.pdf. Acesso em: 16 de novembro de 2019.

BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.


Brasil: manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa.
É possível prevenir. É necessário superar. Secretaria de Direitos Hu-
manos da Presidência da República; Texto de Maria Cecília de Souza Mi-
78
nayo. — Brasília, DF: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, 2014. 90 p. Disponível em: http://www.cedi.pr.gov.br/arquivos/
File/CEDI/ManualViolenciaIdosogovfedweb.pdf. Acesso em: 8 de novem-
bro de 2019.

BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Comunicação. Brasil tem 147,3 mi-


lhões de eleitores aptos a votar nas Eleições 2018 Disponível em: http://
www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Agosto/brasil-tem-147-3-mi-
lhoes-de-eleitores-aptos-a-votar-nas-eleicoes-2018. Acesso em: 14 de no-
vembro de 2019.

BRASIL.Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940.Código Pe-


nal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del-
2848compilado.htm. Acesso em: 05 de novembro de 2019.

CALDAS, Célia Pereira. Envelhecimento com dependência: respon-


sabilidades e demandas da família. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro
. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0102-311X2003000300009&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 8 de no-
vembro de 2019.

PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS


CAMARANO, A. A; PASINATO, M. T. Os Novos Idosos Brasileiros: Mui-
to Além dos 60?/ Organizado por Ana Amélia Camarano. - Rio de Ja-
neiro: IPEA, 2004. 604 p.. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/por-
tal/images/stories/PDFs/livros/Arq_29_Livro_Completo.pdf. Acesso em: 12
de novembro de 2019.

DESSEN, Maria Auxiliadora. Estudando a família em desenvolvimento:-


desafios conceituais e teóricos.
  Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1414-98932010000500010&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 7 de no-
vembro de 2019.

DIAS, Maria Berenice, Manual de Direito das famílias (livro eletrônico), 4°


ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. 1250 p.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Direito de Família.


São Paulo: Saraiva, 2008. Vol. 5.

EUZEBIOS FILHO, Antonio; GUZZO, Raquel Souza Lobo. Fatores de


risco e de proteção: percepção de crianças e adolescentes.  Dis-
ponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
79
d=S1413-389X2006000200003&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 15 de no-
vembro de 2019.

FRASSETTO, Silvana Soriano;


BAKOS, Daniela Di Giorgio Schneider.Terapia cognitivo-comporta-
mental infantil em situação de separação conjugal: estudo de caso.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1808-56872010000100009&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 14  de no-
vembro de 2019.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. Violência e Saúde. Maria Cecília de


Souza Minayo. Rio de Janeiro : Editora FIOCRUZ, 2006. 132 p. (Coleção
Temas em Saúde)

MORAES, Edgar Nunes Atenção à saúde do Idoso: Aspectos Concei-


tuais. / Edgar Nunes de Moraes. Brasília: Organização Pan-Americana
da Saúde, 2012. disponível em: https://apsredes.org/pdf/Saude-do-Idoso-
-WEB1.pdf. Acesso em 12 de novembro de 2019.

PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento humano. Disponível em: http://san-


drachiabi.com/wp-content/uploads/2017/03/desenvolvimento-humano.pdf.
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Acesso em: 16 de novembro de 2019.

SILVA, Denise Maria Perissini da,Psicologia jurídica no processo civil


brasileiro: a interface da psicologia com o direito nas questões de
família e infância / Denise Maria Perissini da Silva. – 3. ed. rev., atual. e
ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 421 p.

SOBRAL, Pimentel Angecleide; BRITO, Leite Samara Samila; PEREI-


RA, Silva Luz Thamires; DEVATI, MinuziDalnei. Separação Conjugal E
Seus Desdobramentos. Disponível em: https://pt.scribd.com/documen-
t/380768214/2014-Separacao-Conjugal-e-Seus-Desdobramentos. Acesso
em: 15.11.2019

SOUZA, J. T. P.; MIRANDA, V. R. Dissolução da conjugabilidade e guar-


da compartilhada. In.: CARVALHO, M. C. N.; MIRANDA, V. R. Psicologia
Jurídica: temas de aplicação. Curitiba: Juruá, 2008.

SOUZA, Rosane Mantilla de. Depois que papai e mamãe se separaram:


um relato dos filhos. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa ,2000. Disponí-
vel em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v16n3/4807. Acesso em: 13 de novem-
bro de 2019.
80
81
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DA INFÂNCIA, JUVENTUDE E IDOSO - GRUPO PROMINAS

Você também pode gostar