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5.

1 SAÚDE DO TRABALHADOR

Os cuidados com a saúde do trabalhador vêm aumentando consideravelmente, pois ao longo dos anos percebeu-se
que a exposição a algum risco no ambiente de trabalho, sem a proteção adequada, pode gerar uma doença
ocupacional ou uma doença do trabalho, o que pode impedir que este trabalhador retorne às atividades laborais.

As doenças do trabalho, ou doenças ocupacionais, são um grave problema para a sociedade, pois se há trabalhadores
fora de suas atividades por motivo de doença, isso indica que o mesmo terá dificuldades de adaptação ao seu novo
modelo de vida ocasionado pela disfunção, que seus rendimentos irão diminuir e suas características emocionais
poderão ficar desiquilibradas.

Foi entre 1800 e 1850, na Inglaterra, durante a Revolução Industrial, que se deu início aos primeiros serviços de
medicina do trabalho. Neste período, foram instituídas as inspetorias de fábricas e as entidades que tinham como
responsabilidade verificar como era feita a proteção da saúde do trabalhador sobre riscos e agravos.

No Brasil, a saúde era tratada de forma assistencial. Em meados século XX, aproximadamente, metade das fábricas
que se localizavam em São Paulo tinha serviços de medicina, porém em caráter curativo e eram financiados pelos
próprios trabalhadores.

Com o processo de industrialização, os empresários brasileiros começaram a perceber que trabalhadores com saúde
apresentavam melhor desempenho, e isso era de grande interesse devido ao contexto social da época; nesse
momento, os cuidados com a saúde do trabalhador ganharam um pouco mais de força.

Em 1943, houve o desenvolvimento da CLT, que trouxe a garantia da segurança e medicina do trabalho, pois estes
seriam obrigatórios nas empresas.

Em 1972, o governo brasileiro criou a portaria n.º 3237, tornando obrigatório o cumprimento de trabalhos voltados à
higiene e à segurança, e também de saúde ocupacional para todas as empresas com mais de cem trabalhadores.

Segundo a Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes - ABPA (2017), a portaria 3236 e 3237 de 27 de julho de
1972, só foram publicadas devido à Iniciativa do Banco Mundial em cortar os financiamentos para o Brasil, caso o
quadro de acidentes de trabalho não fosse revertido. Segundo estimativas da época, ocorriam anualmente 1,7 milhão
de acidentes e 40% dos profissionais eram lesionados em decorrência do trabalho. O então ministro do trabalho, Júlio
Barata, além de assumir as implementações das portarias que regulamentavam a formação técnica em Segurança e
Medicina no Trabalho, atualizou o artigo 164 da CLT, que discorre sobre as condições internas de uma empresa, em
relação à saúde e à segurança, mais precisamente sobre a atuação e formação da CIPA. Mas foi em 1978 que foram
publicadas as tão esperadas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, por meio da Portaria GM n.º 3.214,
de 08 de junho de 1978.

A preocupação com a saúde do trabalhador e com o número de acidentes ocorridos em decorrência do trabalho
estava aumentando com a industrialização no Brasil. Segundo ABPA (2017) foi um período de fragilidade no que dizia
respeito à segurança dos trabalhadores e devido a todos os fatos envolvendo acidentes e doenças do trabalho, o Brasil
passou a ser o primeiro país a ter um serviço obrigatório de Segurança e Medicina do Trabalho em empresas com mais
de cem funcionários.

É possível perceber que o país ainda sofre com as consequências das más condições de trabalho, pois infelizmente as
melhorias aconteceram após muitos trabalhadores sofrerem acidentes ou ficarem doentes. Tais medidas foram
adotadas da mesma forma no mundo todo, cada país no seu tempo, devido à diferença no desenvolvimento do
processo de industrialização.

Segundo Martins (2008), a saúde no ambiente de trabalho é construída por intermédio do que o trabalhador traz
consigo para o ambiente ocupacional, em termos de recursos individuais, práticas de saúde, crenças, atitudes, valores
e hereditariedade, assim como através do que o ambiente ocupacional oferece para o trabalhador quando o mesmo
está presente, em termos de organização. Ressalta-se que a responsabilidade das ações da empresa, quando
relacionadas à saúde do trabalhador, têm grande significado, sendo que as duas grandes forças (trabalhador e
ambiente ocupacional) estão em constante Interação.
As práticas de saúde e recursos Individuais do trabalhador englobam o efeito recíproco dos fatores ocupacionais e não
ocupacionais na saúde e bem-estar deste indivíduo, enquanto a empresa, por sua vez, inclui aos fatores físicos
(segurança) e psicossociais (cultura e clima) do ambiente de trabalho.

A prática da inclusão social nesse ambiente foi uma ação extremamente importante para os indivíduos e para o país,
pois demonstra que há trabalhadores com vontade de serem inseridos no mercado e com o potencial para isso. O
labor revigora o ser humano, e quando alguém retorna às suas atividades após um acidente de trabalho, a respectiva
qualidade de vida melhora muito.

Para se ter uma vida saudável não basta evitar doenças, é preciso manter-se bem emocionalmente, fisicamente,
socialmente e espiritualmente. Sabe-se que as escolhas afetam a maneira como se vive e a quantidade de anos que se
vive, por este motivo é que o ambiente de trabalho deve ser sadio, pois é nele que se passa a maior parte da vida.

Para Ogata e Simurro (2015) o fato é que as pessoas estão vivendo mais tempo, e a boa qualidade devida precisa ser
garantida. É preciso ir além da garantia da boa medicina e de um bom plano de saúde, deve-se instaurar medidas de
melhoria das escolhas comportamentais como alimentação saudável, prática de atividades físicas, equilíbrio nos
relacionamentos e gerenciamento do stress. Pessoas saudáveis, em geral, aproveitam mais a vida, se comunicam
melhor, são mais comprometidas, motivadas, produtivas e mantém atitudes otimistas nas diferentes situações.

O bem estar mental está relacionado ao equilíbrio emocional e ao bom convívio familiar, já o bem-estar social tem
relação com uma moradia adequada, acesso a tratamentos de saúde, trabalho e renda adequados e à segurança
pessoal, enquanto que o bem-estar espiritual é obtido por meio da prática de uma religião, da meditação ou do
contato com a natureza, o que possibilita alcançar a tão almejada paz interior.

Portanto, a vida saudável é obtida por melo de ações pessoais e não depende, em tese, de terceiros cada pessoa deve
querer e se empenhar para ter boa saúde, Para isso, deve planejar-se, direcionar as prioridades e mudar hábitos que
coloquem em risco sua saúde e bem-estar, Para se ter uma vida saudável é preciso estar bem consigo mesmo,
reconhecendo seu valor e o dos outros, além de respeitar os direitas e cumprir com suas obrigações.

Uma pessoa saudável também observa a qualidade de seus relacionamentos e, para isso, se comunica de forma
eficiente e dedica tempo para as pessoas com as quais convive. Lembre-se que as relações afetivas estáveis
influenciam na saúde, na realização pessoal e na segurança do indivíduo.

Além de ter uma vida individual saudável, é preciso que as pessoas também consigam realizar-se em seu trabalho.
Sabe-se que ocorrem sérios comprometimentos quando se separa o trabalho da realização pessoal, seja no âmbito
material ou psicológico.

Você sabia que o que impulsiona o homem à ação é a sua motivação, ou seja, a própria realização como ser? É
verdade! E por isso, o trabalho precisa, necessariamente, significar e proporcionar um futuro melhor.

Boas práticas de saúde e segurança motivam o trabalhador e fazem com que a qualidade do trabalho realizado seja
melhor.

5.2 PROGRAMAS RELACIONADOS À SAÚDE DO TRABALHADOR

É preciso entender que manter programas de saúde do trabalhador não significa simplesmente ter um médico do
trabalho fazendo os exames obrigatórios na empresa. A promoção da saúde no ambiente coorporativo integra muitas
ações que devem ser estudadas, planejadas e implantadas com um único objetivo que é a melhora da qualidade de
vida no trabalho.

Para Martins (2008), a promoção da saúde no ambiente de trabalho inclui uma variedade de políticas e atividades que
são destinadas a ajudar empregados e empregadores. Um ambiente de trabalho saudável determina os fatores de
risco em seu ambiente físico, bem como reconhece a influência combinada dos fatores econômicos, organizacionais,
psicossociais, pessoais e comunitários, no bem-estar dos colaboradores.

Podem ser citados alguns benefícios encontrados em empresas que implantaram programas de promoção de saúde.
Entre os mesmos há:
a) controle de custos em assistência médica; b) manutenção da saúde; c) retenção de talentos; d) controle de
absenteísmo; e) aumento de produtividade; f) melhora do clima organizacional; g) aumento do comprometimento; h)
aumento da moral dos trabalhadores.

Todos os benefícios advindos das melhorias nas condições de trabalho podem ser observados pelos familiares do
trabalhador e por colegas de trabalho.

Você já deve ter vivido alguma situação relacionada ao stress gerado por situações do ambiente laboral ou
presenciado alguém da família, angustiado com algum fator relacionado, não é verdade?

Quando não há uma boa relação entre empregado e empregador, devido à falta de diálogo, por questões de melhorias
nas condições de trabalho ou sobrecarga de atividades, a saúde do indivíduo pode ficar debilitada devido aos fatores
psicossociais gerados. Observe que não são apenas os acidentes que causam danos, outros fatores também podem ser
prejudiciais à saúde do trabalhador.

Para Martins (2008), as melhorias podem ser alcançadas por intermédio de um Programa de Promoção da Saúde do
Trabalhador (PPST) que tem como principal objetivo fomentar a qualidade de vida dentro e fora da empresa, por meio
de atividades e programas planejados e administrados de acordo com as características do trabalhador, da empresa e
da comunidade em que essa se encontra. O aumento da produtividade pode ser constatado e é mais uma benéfica
consequência da melhoria da qualidade de vida do trabalhador.

O que inviabiliza a adoção de programas de promoção de saúde por parte dos empresários é a dificuldade de
demonstrar os resultados financeiros e a diminuição de gastos com a medicina curativa. Sabe-se que tais programas
fazem bem à saúde, mas é um benefício de difícil quantificação para justificar os investimentos. Um dos principais
fatores para esses problemas acontecerem é a falta de planejamento adequado dos programas, que são compostos de
ações isoladas e não tem definidos metas e objetivos.

Veja, a seguir, alguns requisitos para garantir a eficácia na implantação de um programa de saúde do trabalhador:

a) objetivo: é o que se pretende atingir com o programa, deve-se estipular um resultado esperado;

b) meta: definir as metas para se chegar ao objetivo determinado, bem como as ações a serem utilizadas;

c) responsáveis: delegar a responsabilidade pelas ações; definindo quem ficará a cargo de realizar a ação;

d) cronograma: estabelecer um cronograma das ações, com datas bem definidas;

e) parcerias: procurar integrar outros setores, entidades, empregados, fornecedores;

f) materiais: estabelecer materiais e equipamentos a serem utilizados; verificar seu funcionamento e disponibilidade;

g) custos: levantamento de custos de implantação do programa para conseguir a verba necessária para aplicação;

h) comunicação: elaborar um plano de comunicação e divulgação das ações para que todos os envolvi dos tenham
conhecimento do programa;

i) implantação: execução do programa;

j) avaliação: efetivar uma avaliação posterior à execução do programa, que pode ser composta de perguntas orais.
Essa ação é muito importante para análise de erros e acertos, visando melhora posterior;

k) confecção de relatório: providenciar um relatório para ser arquivado, com fotos, descrição da ação do programa e
resultados.

Para que um programa de saúde seja realmente efetivo é preciso o engajamento de toda a equipe formada para
implantar o programa. É preciso ter bons argumentos para justificar a implantação do mesmo para a alta direção da
empresa, fazendo com que ele seja respeitado por todos.

Martins (2008) estabelece que sob o enfoque da saúde e segurança na empresa, devem ser tecidas conexões com
programas pré-existentes, como o PPRA e o PCMSO. Ainda, a convocação dos profissionais que já trabalham com esse
tema dentro da organização, ou que ocupam cargos de chefia para fazerem parte da equipe gestora do programa, é
decisiva para o sucesso do mesmo; deve-se gentilmente ser requisitado que suas valiosas experiências e sugestões
possam ser assimiladas pelo PPST, desde sua implantação.

Depois de conhecer todas as etapas do programa, você acha que é muito complicada a sua implantação? Os
programas de promoção de saúde do trabalhador podem ser bem simples, como programas de nutrição, programas
voltados à atividade física, às avaliações de estilo de vida, através de campanhas, palestras, cursos e oficinas.

O PPST é amplo e pode conter ações que envolvam a implantação de outros programas de saúde em seu cronograma
de ações. Veja, a seguir, quais ações podem estar contempladas no PPST:

a) Programa de Tratamento e Prevenção ao Tabagismo.

b) Programa de Ergonomia;

c) Programa de Gerenciamento do Estresse.

d) Palestras sobre qualidade de vida.

e) Exames complementares e periódicos.

f) Campanha de vacinação.

g) Campanha de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.

h) Campanha de Controle de Diabetes.

i) Dia Mundial do Coração.

j) Acompanhamento e orientação a grupos de orientação nutricional.

k) Palestras sobre saúde da mulher e do homem.

l) Aferição da pressão arterial dos trabalhadores.

m) Verificação da circunferência abdominal

n) Atividades esportivas

o) Atividades recreativas

p) Orientação a respeito do consumo de álcool

q) Atividades culturais

r) Atividades em datas comemorativas

s) Atividades com a família

Além desses exemplos, você conhece algo sobre a ginástica laboral? Implantar essa atividade também é uma ação
prevencionista. Ela é realizada no local de trabalho, com duração média de dez minutos, e deforma preventiva, por
meio de exercícios que compensam as estruturas mais sobrecarregadas durante a jornada de trabalho e também
ativam outras que não estejam sendo solicitadas. Ela promove a melhoria da qualidade de vida e a prevenção de
doenças ocupacionais.

Conheça os principais benefícios da ginástica laboral:

a) redução do desconforto físico;

b) melhora da flexibilidade e mobilidade articular;

c) melhora da postura e da consciência corporal;

d) melhora da disposição física;

e) disponibilização de maior integração entre os trabalhadores;


f) auxílio no gerenciamento de estresse.

Muitas empresas têm adotado a ginástica laboral como medida de controle a favor da saúde dos trabalhadores.
Realizar pausas em algumas atividades laborais é essencial para evitar desgastes físicos causados por movimentos
repetitivos, evitar o estresse térmico, entre outros agravantes à saúde.

A ginástica laboral pode ser uma das ações do programa de ergonomia. É por meio da otimização proposta pela
ergonomia que o trabalhador poderá realizar suas atividades com o conforto adequado, prevenindo acidentes e
evitando patologias específicas, que são adquiridas de acordo com o tipo de atividade executada. Veja, a seguir, alguns
motivos que têm levado os profissionais da área de saúde a se preocupar cada vez mais com a saúde do trabalhador e
da população em geral:

Custos com assistência médica: os custos com assistência médica têm aumentado muito, principalmente com o
progresso da expectativa de vida da população. É cada vez mais comum escutar em noticiários, na televisão ou através
da internet, o fato de que um plano de saúde decretou falência ou está prestes a encerrar os serviços, não é verdade?
Com esse problema, que afeta cada vez mais a população que necessita dos planos de saúde, fica ainda mais difícil
para as empresas oferecem algum plano de assistência médica a seus trabalhadores, o que faz com que o empregador
pense cada vez mais em prevenir os problemas de saúde decorrentes da ação laboral do que tratar as doenças
ocupacionais.

Doenças crônicas: essas ocorrências se tornaram, nos últimos anos, uma das maiores causas de morte em todo o
mundo. As principais doenças crônicas que acometem a população são: doenças cardiovasculares, diabetes, câncer,
doença obstrutiva pulmonar e depressão. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, coordenada pelo IBGE (Brasil,
2014b) que foi realizada em 2013, 21,4% das pessoas com mais de dezoito anos já foram diagnosticadas com
hipertensão; 12,5% tiveram colesterol alto identificado por um médico e 6,2% receberam diagnóstico de diabetes.
Problemas crônicos na coluna atingiram 18,5% dos adultos brasileiros e a depressão foi identificada em 7,6%. Ainda
assim, 66, 1% da população avalia sua própria saúde como boa ou muito boa.

Estilo de vida: é certo afirmar que ambientes saudáveis propiciam melhor vitalidade, seja na comunidade, na família
ou no trabalho. Sabe-se que a obesidade, o tabagismo, a inatividade física e a alimentação inadequada são fatores que
têm grande influência na performance no trabalho e na vida. Pode-se observar que na atualidade as atividades estão
deixando as pessoas cada vez mais sedentárias, e os fatores emocionais se desenvolvem negativamente devido à
crescente urbanização.

NAHAS (2001) informa que alguns fatores do estilo de vida podem ser modificados pelo indivíduo, sejam eles positivos
ou negativos. Essa capacidade de transformação é de extrema importância, uma vez que tais fatores podem afetar a
saúde e o bem-estar em curto e longo prazo, principalmente a partir da meia idade (de 40 a 60 anos).

Alimentação: ela tem deixado de ser uma forma de prevenir doenças e passou a ser um dos principais motivos da
aquisição de problemas de saúde; o consumo exagerado de produtos industrializados, alimentos ricos em gorduras
saturadas, bebidas com grande quantidade de açúcar, tem prejudicado muito a saúde das pessoas. É necessário
fomentar discussões sobre a importância de manter uma alimentação equilibrada, por meio de ações de
conscientização geral.

Consumo de bebidas alcoólicas: ainda segundo a pesquisa do IBGE (Brasil, 2014b), o percentual da população com
mais de 18 anos que consome bebidas alcoólicas semanalmente é de 24%, um número bastante alto, vistos os
problemas de saúde que a bebida causa. Campanhas sobre alcoolismo e suas consequências podem ajudar na
conscientização dessa parcela da população.

Atividade física: a média de brasileiros que pratica algum tipo de atividade física é de apenas 22,5%, mesmo sendo do
conhecimento de todos os benefícios proporcionados para o ser humano. As oportunidades de se fazer uma atividade
física se apresentam no lazer, no trabalho, nos deslocamentos cotidiano se no âmbito das atividades domésticas, pois
uma pessoa não precisa, necessariamente, estar matriculada em uma academia para exercitar-se fisicamente.

A pesquisa do IBGE mostra que 46% dos brasileiros estão classificados como insuficientemente ativos, ou seja, esses
indivíduos não praticam um mínimo de 150 minutos de atividade por semana, considerando o âmbito do trabalho, do
lazer e de casa. O que contribui para esse sedentarismo é que 28% das pessoas afirmam assistir mais de três horas de
televisão diariamente.
Sabe-se que a população brasileira está cada vez mais sedentária. A maioria das pessoas passa muitas horas
praticamente imóvel no trabalho, devido ao tipo de atividade que realiza e não praticam nenhuma atividade física. A
má alimentação contribui ainda mais para que a saúde fique debilitada. Todos esses fatores são considerados pelas
empresas e por meio do PPST muitas campanhas relacionadas à saúde são realizadas no ambiente de trabalho.

Martins (2008) cita que o estilo de vida sedentário pode desencadear as doenças hipocinéticas, ou seja, enfermidades
causadas pelo pequeno montante de movimento realizado, que gera condições de risco real, tais como acúmulo de
gordura corporal e baixa densidade óssea, causadores das doenças coronarianas, obesidade e osteoporose.

Tabagismo: A pesquisa realizada pelo IBGE (Brasil, 2014b) indica que 15% da população brasileira é usuária de
produtos derivados de tabaco. É um número muito expressivo, se analisados os problemas de saúde que podem ser
ocasionados. O número de tabagistas já diminuiu muito com o passar dos anos, por meio das leis de proibição de
fumar em locais fechados e dentro do carro, por exemplo. É comum em empresas de médio e grande porte a
proibição de fumar dentro do parque fabril, o que tem levado muitos colaboradores a diminuir o número de cigarros
fumados no dia a dia.

Atualmente, estudos comprovam que o tabagismo pode causar em torno de cinquenta tipos de doenças, as principais
são: angina, infarto no miocárdio, derrame cerebral, câncer de boca, faringe, laringe, pulmão; outras doenças são
aneurismas arteriais, úlceras do aparelho digestivo, infertilidade na mulher e problemas na gravidez.

Estresse: pode ser causado pela dinâmica do trabalho. Na atualidade, as pessoas estão trabalhando mais do que em
anos anteriores e enfrentando muita pressão, o que tem causado um aumento no nível de estresse, que quando não
tratado pode desencadear outras doenças físicas, chegando à depressão.

Depressão: atualmente, a depressão é a terceira principal causa de afastamentos do trabalho no Brasil, a vida
moderna está mais complicada, as pessoas têm um número muito grande de papéis para exercer no trabalho, em
casa, na comunidade e existe uma cobrança interna e externa de perfeição na execução das tarefas, isso gera um
estresse permanente, o que faz com que as pessoas deixem de fazer o que gostam para seguir imposições sociais
midiáticas que geram internalização de conflitos.

Todos os problemas apresentados estão relacionados à saúde da população brasileira. Você acredita que eles possam
interferir na vida laboral do trabalhador? Com certeza! Algumas doenças impossibilitam a efetivação de funções
específicas, por exemplo: alguém que tenha depressão e faça uso de certos tipos de medicamentos não pode operar
veículos. Problemas relacionados ao coração também podem impossibilitar o trabalhador de operar determinadas
máquinas. Em alguns casos, dependendo do tipo de atividade e do tipo de exposição do trabalhador a um
determinado risco, algumas doenças podem ser agravadas ou desencadeadas.

Um bom ambiente de trabalho pode fazer a diferença na saúde das pessoas, sentir prazer no que se faz é essencial
para se manter bem, e cabe aos empregadores proporcionar um ambiente seguro, que valorize e estimule práticas de
vida saudáveis.

É preciso disseminar a cultura de que produtividade está diretamente ligada à qualidade de vida no trabalho: quanto
mais qualidade de vida o trabalhador tiver, mais produtivo será no desempenho das suas atividades.

5.3 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) - POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR

A saúde do trabalhador é uma questão de saúde pública que deve prever o estudo, a prevenção, a assistência e a
vigilância da saúde relacionados ao trabalho. Ela faz parte do direito universal de saúde instituído pelo SUS. Mas quais
são as responsabilidades das empresas com relação a esse contexto? Você encontrará a resposta no decorrer de suas
leituras.

Muitos trabalhadores, ao longo de sua vida laboral, sofreram algum tipo de dano que o impossibilitou de exercer suas
atividades. Nesses casos, a Previdência Social concede o benefício de auxílio-doença, após avaliação pericial, e os
mantém com uma remuneração provinda deste benefício. No Brasil, muitos sofreram acidentes de trabalho e
receberam ou recebem auxílio-doença; ao analisar essa situação dispendiosa, é possível verificar, por meio das
estatísticas da Previdência Social, que um acidente de trabalho é um problema social.

A Previdência Social arca com os custos dos acidentes de trabalho, e o auxílio-doença, segundo Brasil a (1991), "não
poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12 (doze) salários de contribuição, inclusive em caso de
remuneração variável, ou, se não alcançado o número de 12 (doze), a média aritmética simples dos salários de
contribuição existentes. "O auxílio-doença é um atestado de que o trabalhador não pode retornar ao trabalho
enquanto a situação perdurar. Para a Previdência Social, esse custo se torna alto, devido ao grande número de
benefícios concedidos.

Nos últimos anos, as empresas estão arcando com os custos dos acidentes, após a implantação do Fator Acidentário
Previdenciário (FAP) e do Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP).

Segundo a Previdência Social (Brasil, 2015c), o FAP é um multiplicador calculado por empresa, que varia de 0,5000 a
2,0000 a ser aplicado sobre as alíquotas de 1%, 2% ou 3% da tarifação coletiva por sub classe econômica, incidentes
sobre a folha de pagamento das empresas para custear aposentadorias especiais e benefícios decorrentes de
acidentes de trabalho. O FAP é calculado sempre sobre os dois últimos anos de todo o histórico de acidentalidade e de
registros acidentários da Previdência Social. Desta forma, através do FAP, a empresa acaba arcando com os custos dos
acidentes ocorridos em virtude das atividades laborais em seus estabelecimentos.

Você acredita que mesmo com a FAP, a Previdência Social e o SUS conseguem atender a todos os trabalhadores
acidentados?

De acordo com a Lei 8.080/90 (BRASIL, 1990) em seu capitulo 1 art. 6, estão incluídas no campo de atuação do SUS a
execução de ações de saúde do trabalhador, onde define-se como saúde do trabalhador, de acordo com o parágrafo
três deste capítulo, um conjunto de atividades que se destina à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores,
visando a recuperação e a reabilitação. Dentro das ações que devem ser realizadas pelo SUS, segundo o parágrafo três,
estão a assistência ao trabalhador vítima de acidente ou portador de doença profissional e do trabalho, participação
em estudos, pesquisas, avaliação e controle de riscos, participação da normatização, fiscalização e controle das
condições de trabalho, informação ao trabalhador, entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes e
doenças, bem como a revisão periódica da listagem oficial de doenças do trabalho.

A Vigilância em Saúde do Trabalhador é um conjunto de normas organizadas para atuar sobre as condições de saúde,
ambiente e organização do trabalho, pautado em ações de promoção e prevenção, que faz parte de um conjunto de
ações de uma política pública de saúde, chamada de Política Nacional da Saúde do Trabalhador e Trabalhadora
(PNSTT).

Essa Política Nacional tem como objetivos a promoção da saúde e a prevenção de acidentes e danos relacionados ao
trabalho; tem como princípios e diretrizes a universalidade e a integralidade, que também são princípios do Sistema
Único de Saúde, bem como o estímulo à educação continuada e às pesquisas em Saúde e Segurança do Trabalho.

Segundo Brasil (2001), nos termos da Política Nacional recentemente definida, as ações de saúde do trabalhador na
rede de serviços devem ser assumidas pelo sistema como um todo, tendo como porta de entrada a rede básica de
saúde e como retaguarda técnica os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador e os níveis mais complexos desse
sistema. Pretende-se, dessa forma, que as ações alcancem todos os trabalhadores do país, cumprindo o preceito
constitucional e as determinações da Lei Orgânica da Saúde (LOS) n.º 8.080/1990.

Para o desenvolvimento qualitativo dessas ações, é necessária a integração de órgãos como Ministério da Saúde, do
Trabalho e da Previdência Social.

A implantação da Vigilância em Saúde do Trabalhador, em todos os estados e municípios, é de extrema importância


para a prevenção de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, bem como para a identificação dos riscos.

Mesmo com amparo legal da VISAT, sabe-se que muitos trabalhadores acidentados e/ou doentes não recebem
assistência à saúde com rapidez, ficando desassistidos por meses, esperando atendimento médico, tratamentos de
saúde ou até mesmo uma perícia médica que não acontece. É preciso cuidar do trabalhador antes que ele fique
doente ou sofra um acidente de trabalho.

Segundo Gomez e Costa (1997) o movimento em prol da saúde do trabalhador é visto, no Brasil, como a configuração
de um novo paradigma que, com a incorporação de alguns referenciais das ciências sociais, amplia a visão da Medicina
do Trabalho e da Saúde Ocupacional, através da reflexão crítica quanto limitação dos modelos vigentes, criando
alicerces para o surgimento de uma nova forma de apreendera relação trabalho-saúde, de intervir nos ambientes de
trabalho, e consequentemente de introduzir, na saúde pública, práticas de atenção à saúde dos trabalhadores, no bojo
das propostas da Reforma Sanitária Brasileira. Porém, esse novo paradigma constitui-se na arena de conflitos e
entendimentos formalizados ou pactuados entre empresas, trabalhadores e instituições públicas frente, a situações-
problema, colocando em jogo, além da identificação de sua real origem, a capacidade de negociação para enfrentá-las.

Gomez e Costa citam que a carta constitucional de 1988 e a Lei 8.080/90 confirmam a saúde do trabalhador como
competência do SUS, e embora não de forma exclusiva, a área de atuação do SUS diz respeito apenas à assistencial,
mas não às atividades relacionadas à fiscalização dos ambientes de trabalho. As Delegacias Regionais do Trabalho
advogam, em vários estados, à exclusividade de sua competência para inspecionar os centros produtivos.

De acordo os objetivos da PNSTT,

Garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador, que pressupõe a inserção de ações de saúde do
trabalhador em todas as instâncias e pontos da Rede de Atenção à Saúde do SUS, mediante articulação e construção
conjunta de protocolos, linhas de cuidado e matriciamento da saúde do trabalhador na assistência e nas estratégias e
dispositivos de organização e fluxos da rede, considerando os seguintes componentes:

a) atenção primária em saúde;

b) atenção especializada, incluindo serviços de reabilitação;

c) atenção pré-hospitalar, de urgência e emergência, e hospitalar;

d) rede de laboratórios e de serviços de apoio diagnóstico;

e) assistência farmacêutica;

f) sistemas de informações em saúde;

g) sistema de regulação do acesso;

h) sistema de planejamento, monitoramento e avaliação das ações;

i) sistema de auditoria; e

j) promoção e vigilância à saúde, incluindo a vigilância à saúde do trabalhador; (BRASIL,2012).

Você pôde perceber que há uma preocupação do Ministério da Saúde em amparar o trabalhador, não é verdade?
Todas as ações da PNSTT consideram a necessidade de implementação de ações de saúde do trabalhador em todos os
níveis de atenção do SUS. Com certeza todas são válidas, mas é preciso que os empregadores busquem realizar ações
prevencionistas em suas empresas, ações que previnam acidentes ou doenças ocupacionais e que evitem que o
indivíduo tenha que buscar amparo à saúde através do SUS, em decorrência de um acidente de trabalho.

Em 1986, aconteceu a 8 Conferência Nacional de Saúde (CNS) onde ficou definido:

Do conceito amplo de saúde e da noção desse direito como conquista social, emerge a ideia de que o pleno exercício
do direito à saúde implica em garantir: trabalho em condições dignas, com amplo conhecimento e controle dos
trabalhadores sobre o processo e o ambiente de trabalho. [...] (LACAZ, 2005).

A garantia de condições dignas de trabalho é buscada incessantemente, e você, como profissional da área de
segurança do trabalho, poderá desempenhar sua função mediando essas condições.

Segundo Machado (1996), existem uma série de conflitos, alguns deles do tipo corporativo e mais relacionados a
disputas no campo das práticas institucionais ainda não harmonizadas pós-constituição de1988. Assim, auditores
fiscais do Ministério do Trabalho e sanitaristas do SUS, voltados para as ações de saúde do trabalhador, vivem em
conflito na maioria dos estados brasileiros, onde se realizam com maior ênfase as práticas nesse campo.

As ações do Ministério da Saúde e do Ministério do Trabalho devem coexistir em prol da saúde e da segurança do
trabalhador, portanto se auditores fiscais do trabalho e sanitaristas do SUS não estão alinhados, quem sai perdendo é
o trabalhador que fica à espera de ações de melhorias que não acontecem.

Veja como Lacaz diferencia a inserção da atenção à saúde do trabalhador no SUS:

a) De 1978 a 1986: Efervescência das ideias e pressupostos que conformam o campo de práticas e saberes as Saúde do
Trabalhador, que inclui a atenção à saúde dos trabalhadores, enquanto uma pratica de saúde diferenciada. Destacam-
se nessa conjuntura: o ressurgimento do movimento sindical: a criação dos programas de saúde dos trabalhadores,
principalmente em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul, após a posse dos governadores
eleitos de forma direta, em 1982; realização 8° CNS -conferência nacional de saúde e da 1° CNST-conferência nacional
de saúde do trabalhador.

b) De 1987 a 1990: institucionalização das ações de saúde do trabalhador na rede básica de serviços de saúde, através
das conquistas no âmbito legal e dos avanços ao nível institucional, a pratica acumulada nos programas de saúde dos
trabalhadores no início dos anos 80 garantiria a inscrição da saúde do trabalhador como atribuição do SUS.

E ainda, sob consideração de constantes visões e buscas de melhorias para todos, o autor prossegue destacando:

c) De 1991 a 2001: essa fase marcada por disputas corporativas e pela ausência de mecanismos claros e efetivos de
financiamento para as ações do SUS, apresentou um duplo movimento de natureza contraditória, por um lado amplia-
se os marcos legais e a saúde do trabalhador, este adquire status de instrumento operacional, contribuindo para uma
maior institucionalização do campo, em 1996 realiza-se a 2°CNST e são emitidas a instrução normativa de Vigilância
em Saúde do Trabalhador e a norma operacional de saúde do trabalhador. Por outro lado, políticas macroeconômicas
e reformas administrativas na máquina do estado, ambas de orientação neoliberal, refletem-se no SUS e nas ações em
saúde do trabalhador por ele desenvolvidas. (LACAZ, 2005).

Em 2002, o Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições legais e considerando a necessidade de articular,
no âmbito do SUS, ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde dos trabalhadores urbanos e rurais,
independentemente do vínculo empregatício e tipo de inserção no mercado de trabalho e, considerando que a
atenção integral à saúde do trabalhador, com suas especificidades, deve ser objeto de todos os serviços de saúde,
consoante com os princípios do SUS, da equidade, integralidade e universalidade, assinou a Portaria GM/MS n.º 1679
em setembro de 2002 que dispõe sobre a estruturação da rede nacional de atenção integral à saúde do trabalhador no
SUS e dá outras providências e dispõe também sobre a estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador (RENAST), no SUS que tem como atribuição prioritária regulamentar a implementação da PNSTT.

De acordo com a Portaria GM/MS 1679,

Considerando que a atenção integral à saúde do trabalhador, com suas especificidades, deve ser objeto de todos os
serviços de saúde, consoante com os princípios do SUS, da equidade, integralidade e universalidade, resolve: [.]

Art.3° Definir que, para a estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do

Trabalhador - RENAST, serão organizadas e implantadas:

I. Ações na rede de Atenção Básica e no Programa de Saúde da Família (PSF).

II. Rede de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST)III. Ações na rede assistencial de média e alta
complexidade do SUS. [...].

Art.6° Estabelecer que, em cada estado, serão organizados dois tipos de Centros de Referência em Saúde do
Trabalhador - CRST: Centro de Referência Estadual, de abrangência estadual e Centro de Referência Regional, de
abrangência regional, definidos por ordem crescente de complexidade e distinção de atribuições descritas no Anexo II
desta Portaria.

Parágrafo único. Os CRST Estaduais e Regionais deverão estar integrados entre si e comas referências em saúde do
trabalhador desenvolvidas na rede ambulatorial e hospitalar, compatibilizando um Sistema de Informação Integrado, a
implementação conjunta dos Projetos Estruturadores, a execução do Projeto de Capacitação, a elaboração de material
institucional e comunicação permanente, de modo a constituir um sistema em rede nacional. (BRASIL, 2002b).

Após conhecer um pouco sobre a PNSTT e sobre os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, é possível
verificar a preocupação do Estado, não é mesmo? Mas porque ainda ocorrem tantos acidentes de trabalho e doenças
profissionais e do trabalho?

É importante refletir sobre essa questão, pois a preocupação com o trabalhador existe, mas será que não é preciso
avançar na prevenção dos acidentes? Há uma boa política de saúde, mas a consciência prevencionista existe?
O Brasil está caminhando para melhorias no âmbito da saúde e segurança do trabalhador. Não é possível que o
problema social gerado pela falta de segurança do trabalho seja cada vez maior. Os países desenvolvidos já passaram
pelas mesmas dificuldades enfrentadas pelo Brasil no que diz respeito ao contexto estudado e hoje verificam-se
muitas melhorias. Estas podem ser constatadas nas proteções de máquinas e equipamentos e em muitos processos
automatizados que melhoram as condições de trabalhos braçais e insalubres, bem como nas melhorias nos
equipamentos de proteção individual, na implantação de política de segurança do trabalho nas empresas, entre outras
tantas ações.

A saúde do trabalhador é uma questão social, pois cada indivíduo doente ou acidentado gera dificuldades para todos
integrantes da família na qual está inserido, ainda mais se este for o provedor majoritário da renda familiar. Portanto,
ter direito à assistência do SUS é um auxílio a essa família na complementação da renda.

Entenda, na sequência, como a PNSTT, através de seus princípios e diretrizes, auxilia o trabalhador quando mantém:

a) Universalidade: acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência.

b) Integralidade: acesso a serviços preventivos, curativos, individuais ou coletivos em qualquer nível de complexidade.

c) Participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social.

d) Descentralização: divisão de responsabilidades entre esferas do governo.

e) Hierarquização: organização das unidades de acordo com o grau de complexidade.

f) Equidade: garantia de condições igualitárias de saúde para todos.

g) Precaução: princípio do cuidado.

Como visto, o trabalhador tem direito ao acesso à assistência à saúde da qual necessitar, desde serviços preventivos e
curativos, de forma individual ou coletiva. A assistência à saúde do trabalhador está dividida entre esferas do governo,
cada uma com suas responsabilidades, Mas a principal questão é: o trabalhador está ciente de todos os seus direitos e
sabe a quem recorrer quando precisar?

A PNSTT também tem como objetivos:

1- fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e a integração com os demais componentes da Vigilância
em Saúde, o que pressupõe:

a) identificação das atividades produtivas da população trabalhadora e das situações de risco à saúde dos
trabalhadores no território;

b) identificação das necessidades, demandas e problemas de saúde dos trabalhadores no território;

c) realização da análise da situação de saúde dos trabalhadores;

d) intervenção nos processos e ambientes de trabalho;

e) produção de tecnologias de intervenção, de avaliação e de monitoramento das ações de VISAT;

f) controle e avaliação da qualidade dos serviços e programas de saúde do trabalhador, nas instituições e empresas
públicas e privadas;

g) produção de protocolos, de normas técnicas e regulamentares; e

h) participação dos trabalhadores e suas organizações;

II- promover a saúde e ambientes e processos de trabalhos saudáveis, o que pressupõe:

a) estabelecimento e adoção de parâmetros protetores da saúde dos trabalhadores nos ambientes e processos de
trabalho;

b) fortalecimento e articulação das ações de vigilância em saúde, identificando os fatores de risco ambiental, com
intervenções tanto nos ambientes e processos de trabalho, como no entorno, tendo em vista a qualidade de vida dos
trabalhadores e da população circunvizinha;
c) representação do setor saúde/saúde do trabalhador nos fóruns e instâncias de formulação de políticas setoriais e
intersetoriais e às relativas ao desenvolvimento econômico e social;

d) inserção, acompanhamento e avaliação de indicadores de saúde dos trabalhadores e das populações circunvizinhas
nos processos de licenciamento e nos estudos de impacto ambiental;

e) inclusão de parâmetros de proteção à saúde dos trabalhadores e de manutenção de ambientes de trabalho


saudáveis nos processos de concessão de incentivos ao desenvolvimento, nos mecanismos de fomento e outros
incentivos específicos;

f) contribuição na identificação e erradicação de situações análogas ao trabalho escravo;

g) contribuição na identificação e erradicação de trabalho infantil e na proteção do trabalho do adolescente; e

h) desenvolvimento de estratégias e ações de comunicação de risco e de educação ambiental e em saúde do


trabalhador; [...]

IV - ampliar o entendimento de que a saúde do trabalhador deve ser concebida como uma ação transversal, devendo a
relação saúde-trabalho ser identificada em todos os pontos e instâncias da rede de atenção;

V - incorporar a categoria trabalho como determinante do processo saúde-doença dos indivíduos e da coletividade,
incluindo-a nas análises de situação de saúde e nas ações de promoção em saúde;

VI - assegurar que a identificação da situação do trabalho dos usuários seja considerada nas ações e serviços de saúde
do SUS e que a atividade de trabalho realizada pelas pessoas, com as suas possíveis consequências para a saúde, seja
considerada no momento de cada intervenção em saúde; e

VII - assegurar a qualidade da atenção à saúde do trabalhador usuário do SUS. (BRASIL,2012).

Ao ler os objetivos da PNSTT, citados anteriormente, você pôde notar que a área da saúde tem atribuições parecidas
com as da área do trabalho, e por este motivo os auditores fiscais do trabalho e os fiscais da vigilância em saúde ainda
mantêm conflitos de ações, como já comentado.

Observe a figura a seguir, que mostra um exemplo de más condições de trabalho onde cabem ações de ambas as
áreas.

Segundo a PNSTT (Brasil, 2012), para atingir os princípios e chegar aos objetivos propostos, foram definidas algumas
estratégias que devem ser seguidas, dentre elas pode-se citar: integração da Vigilância em Saúde do Trabalhador com
os demais componentes da vigilância em saúde; planejamento conjunto entre as vigilâncias; produção conjunta de
protocolos; unificação dos instrumentos de registro e notificação; incorporação dos agravos relacionados ao trabalho
como prioritários para fins de vigilância; produção conjunta de metodologias de ação e investigação; investimentos na
qualificação e capacitação das equipes; atualização e revisão dos códigos de saúde; análise do perfil produtivo e da
situação de saúde dos trabalhadores; revisão periódica da lista de doenças do trabalho; estruturação da Rede Nacional
de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) e apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.

Todos os gestores do SUS, no âmbito federal, estadual e municipal têm suas atribuições e responsabilidades perante a
PNSTT, cabe a eles garantir, orientar, monitorar e assegurar a implementação da PNSTT, e através dos objetivos e
princípios descritos anteriormente, proporcionar ao trabalhador condições de prevenir, cuidar, tratar e restabelecer
sua saúde.

A VISAT conta com o apoio da RENAST e é responsável pela execução de ações integrais. É composta por mais de 150
Centros Estaduais e Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) e por uma rede sentinela de mais de
1000 serviços médicos e ambulatoriais de média e alta complexidade.

As atribuições dos CERESTs no âmbito da RENAST são de desempenhar as funções de suporte técnico de vigilância e
assistência à saúde dos trabalhadores, dar apoio matricial para o desenvolvimento das ações de saúde, atuar como
centro articulador e organizador das ações intra e inter setorial de saúde. As equipes técnicas, nas três esferas de
gestão, devem garantir o apoio institucional para o desenvolvimento das açõesdefinidas.

Observe, a seguir, que o grande desafio da PNSTT:


I...] para profissionais e gestores que atuam na área, a própria implementação da citada Política pelos Centros de
Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) que compõem a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador (RENAST), particularmente quanto ao fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) no
seu território de abrangência. Esse é um dos objetivos prioritários da PNSTT. O marco legal coloca um modelo
ambicioso de ações a serem realizadas pela VISAT, cuja efetivação está longe de se atingir perante a situação de hoje.
São bastante limitadas às possibilidades de atuação de boa parte do quadro técnico atual, como pode observar-se nos
inventários sobre a execução de ações da RENAST, realizados a fim de identificar lacuna se potencialidades, visando a
redefinição de rumos e estratégias de apoio para o fortalecimento dessa Rede. (GOMEZ, 2013).

A PNSTT é uma política promissora, que expressa todo movimento em prol da saúde realizado nas últimas décadas
pelos trabalhadores, classes sindicais, setores acadêmicos etc. Visa a promoção e a proteção da saúde, a redução das
doenças e dos agravos nas atividades laborais.

Estude mais profundamente a PNSTT, a RENAST e os CERESTs e veja como você pode contribuir futuramente para as
mudanças relativas à Saúde e Segurança do Trabalho no quadro nacional. Prossiga e saiba o que é a Vigilância em
Saúde do Trabalhador!

5.4 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHOR

Você está estudando sobre o gerenciamento da saúde do trabalhador e por melo de suas leituras pôde verificar como
esse contexto é importante, além de conhecer os programas relacionados, a função do SUS nestes programas e na
assistência ao trabalhador. A partir de agora, você verá como é o trabalho da Vigilância em Saúde do Trabalhador.

A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) tem por objetivo a promoção à saúde dos trabalhadores, através da
identificação dos locais de trabalho e dos tipos de profissões as quais podem causar algum dano à saúde. Também
identifica os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos e as doenças que mais os acometem. A VISAT analisa
continuamente dados e informações sobre como as condições de trabalho podem adoecer o trabalhador, sua atuação
é ampla, ela é um instrumento efetivo de saúde pública, por isso deve estar incorporada à vida cotidiana.

Consta nas Diretrizes de implantação da Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS que os objetivos da VISAT são:

Identificar o perfil de saúde da população trabalhadora, considerando a análise da situação de saúde:

a) a caracterização do território, perfil social, econômico e ambiental da população trabalhadora. [...)

b) intervir nos fatores determinantes dos riscos e agravos à saúde da população trabalhadora, visando eliminá-los ou,
na sua impossibilidade, atenuá-los e controlá-los. [...)

c) avaliar o impacto das medidas adotadas para a eliminação, controle e atenuação dos fatores determinantes dos
riscos e agravos à saúde, para subsidiar a tomada de decisões das instancias do SUS e dos órgãos competentes, nas
três esferas de governo.

d) utilizar os diversos sistemas de informação para a VISAT (...]. (BRASIL, 2015d).

Você pôde observar que a prevenção das doenças relacionadas ao trabalho é o que move a VISAT, não é mesmo? Mas
como ocorre a interação entre a vigilância em saúde e o empregador? Todas as medidas de controle que evitam que o
trabalhador adoeça possuem amparo legal e para que as mesmas sejam definidas e implantadas no ambiente laboral é
preciso que a fiscalização da vigilância em saúde seja constante e as ações determinadas por ela, ao empregador,
sejam cumpridas. Portanto, a relação entre a VISAT e o empregador deve ser a mais harmoniosa possível, evitando
assim, que as doenças ocupacionais apareçam.

Entre os princípios da VISAT está a universalidade, que garante que todos os trabalhadores, são seus sujeitos,
independentemente da localização do trabalho (urbana ou rural, na rua, nas empresas e nos domicílios), da forma de
inserção no mercado de trabalho (formal ou informal), do vínculo empregatício, podendo estar ativo, afastado,
aposentado ou em situação de desemprego. A integração interinstitucional é outro princípio e deve ser compreendida
como o exercício da transversalidade entre as políticas de saúde do trabalhador e outras políticas setoriais, como
Previdência, Trabalho e Meio Ambiente, educação e justiça e aquelas relativas ao desenvolvimento econômico e
social, nos âmbitos federal, estadual e municipal.

A Portaria n.º 1.378 em seu Art. 2° estabelece que:


A Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de
dados sobre eventos relacionados à saúde, visando o planejamento e a implementação de medidas de saúde pública
para a proteção da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a
promoção da saúde. [...]

Art. 4° As ações de Vigilância em Saúde abrangem toda a população brasileira e envolvem práticas e processos de
trabalho voltados para: [...] VI - a vigilância da saúde do trabalhador; [.] (BRASIL, 2013b).

A VISAT age de modo preventivo, avaliando problemas de saúde decorrentes do trabalho que podem ser evitados,
pois se entende que os mesmos são previsíveis. Segundo BRASIL (2014c) fomentar a substituição de matérias-primas,
de tecnologias e de processos organizacionais prejudiciais à saúde do trabalhador por substâncias, produtos e
processos menos nocivos faz parte da política da VISAT. A busca pela orientação e a priorização de medidas de
controle dos riscos na origem e de proteção coletiva também são ações previstas.

As doenças relacionadas ao trabalho são uma preocupação constante há muitos anos no mundo todo e fazer com que
sejam evitadas significa a demonstração da preocupação do empregador com seu empregado e a redução de um
problema social. As doenças infectocontagiosas também são preocupantes, por mais que não sejam relacionadas à
atividade laboral, na maioria dos casos; é preciso evitar a disseminação de disfunções entre os trabalhadores.

Segundo a lei 8.080/90:

§ 3° Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das
ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim
como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das
condições de trabalho, abrangendo:

I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho;

II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e
controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;

III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde(SUS), da normatização, fiscalização e controle
das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de
produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;

IV- avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

V - informação ao trabalhador sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho,
doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde,
de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;

VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e
empresas públicas e privadas;

VII-revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a
colaboração das entidades sindicais; e

VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de
serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos
trabalhadores. (BRASIL, 1990).

As doenças causadas por movimentos repetitivos são um exemplo das relacionadas ao trabalho e que podem ser
evitadas com medidas de controle de risco. Avaliar cada caso de lesão por esforço repetitivo apresentados na
empresa, conhecer os motivos do aparecimento das doenças relativas à síndrome dos movimentos repetitivos e
analisar os postos de trabalhos que podem expor os trabalhadores a esse risco fazem parte das ações da VISAT.

As doenças relacionadas à sobrecarga muscular e óssea são um problema recorrente em muitas empresas e uma das
medidas de controle encontradas é a implantação do programa de ergonomia.
Nesse interim, pode-se perceber os avanços da VISAT através da legislação recente que trata da saúde do trabalhador
e oferece subsídio e respaldo para as ações dos profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho. A criação da RENAST
e do CEREST, o advento da própria VISAT representa um avanço dentro da política, sendo uma tecnologia crescente de
conhecimento público. Porém, muitos desafios estão relacionados a essa política e podem ser citados a escassez de
informações sobre saúde dos trabalhadores, a persistência de doenças e acidentes de trabalho, serviços de saúde
coma deficiências estruturais, falta de recursos materiais e financeiros aos postos de atendimento à saúde, queda da
participação dos trabalhadores no controle social devido à existência de sindicatos pouco ativos, que contam com o
desinteresse por parte dos trabalhadores em participar das suas decisões, falta de suporte técnico para ações
desenvolvidas pelas RENAST e CEREST, baixa oferta de capacitação para os profissionais envolvidos com a saúde do
trabalhador, entre tantos outros. A efetivação da PNSTT e o sucesso da VISAT não dependem apenas da promulgação
de leis e da criação de portarias por parte dos governantes, é preciso fazer como que todas as medidas instituídas pela
legislação sejam implementadas, e para que isso aconteça é preciso informar a população sobre seus direitos, sua
mostrar ao trabalhador onde é possível buscar auxilio para as melhorias em suas atividades laborais e para saúde.

Na sequência, você conhecerá a classificação de doenças relacionadas ao trabalho.

5 4 1 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL, DE DOENÇAS E LISTAS DE DOENÇAS RELACIONADAS ADTRABALHO

Até o momento, você tem percebido que há uma preocupação do Ministério da Saúde com a saúde da população em
geral e com a do trabalhador, visto a implantação da PNSTT, a RENAST, o CEREST, da VISAT, mas você sabe quais são as
doenças relacionadas ao trabalho?

O Ministério da Saúde, através da Portaria n.º 1.339/GM de 18 de novembro de 1999, elaborou uma listadas doenças,
a qual você terá a oportunidade de conhecer na sequência de seus estudos. Ela apresenta a relação de agentes ou
fatores de risco de natureza ocupacional, com as respectivas doenças que podem estar a eles relacionadas e a relação
de doenças e de agentes causais associados ao trabalho.

De acordo com essa lista, as doenças relacionadas ao trabalho (Brasil, 1999b) estão associadas às/aos:

a) Agentes ou fatores de risco de natureza ocupacional: entre as doenças que podem estar relacionadas, tem-se como
exemplo de agentes etiológicos ou fatores de riscos de natureza ocupacional: Asbesto ou Amianto, Benzeno e seus
homólogos tóxicos, Cádmio ou seus compostos, Chumbo ou seus compostos tóxicos, Hidrocarbonetos alifáticos ou
aromáticos (seus derivados halogenados tóxicos), entre outros

b) Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplo destas doenças: Tuberculose,
Brucelose, Leptospirose, Tétano, Dengue, entre outras.

c) Neoplasias (tumores) relacionados com o trabalho; tem-se como exemplos: Neoplasia maligna do estômago,
Neoplasia maligna da cavidade nasal e dos seios paranasais, Neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão.

d) Doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplo: Síndromes
Mielodisplásicas, Púrpura e outras manifestações hemorrágicas, outros transtornos especificados dos glóbulos
brancos: leucocitose, reação leucemóide etc.

e) Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplo o
Hipotireoidismo devido a substâncias exógenas.

f) Transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho: tem-se como exemplos: Demência em
outras doenças específicas classificadas em outros locais, Transtorno Cognitivo Leve, Transtornos mentais e
comportamentais devidos ao uso do álcool (relacionado com os elementos da vida laboral), Reações ao Stress Grave e
Transtornos de Adaptação (estado de "Stress" Pós-Traumático), dentre outros.

g) Doenças do sistema nervosos relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Distúrbios do Ciclo Vigília-Sono,
Transtornos do nervo trigêmeo, Síndrome do Túnel do Carpo, Polineuropatia devido a outros agentes tóxicos,
Polineuropatia induzida pela radiação etc.

h) Doenças do olho e anexos relacionados com o trabalho: tem-se como exemplos: Conjuntivite, Catarata etc.

i) Doenças do ouvido relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Perfuração da Membrana do Tímpano,
Alteração Temporária do Limiar Auditivo, Comprometimento da Discriminação Auditiva e Hiperacusia, dentre outras.
j) Doenças do sistema circulatório relacionadas com o trabalho. Tem-se como exemplos: Hipertensão arterial, Angina
pectoris, Infarto agudo do miocárdio, Síndrome de Raynaud, Parada cardíaca etc.

k) Doenças do sistema respiratório relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Faringite aguda, não
especificada (Angina aguda, dor de garganta), Rinites alérgicas, Rinite crônica, Ulceração ou Necrose do septo nasal,
Sinusite crônica, Asma obstrutiva, Bronquite crônica, Bronquite asmática, Bronquite obstrutiva crônica,
Pneumoconiose associada com Tuberculose, Pneumoconiase dos Trabalhadores do Carvão, Pneumoconiose devido ao
Asbesto (Asbestose) e a outras fibras minerais, Pneumoconiose devido à poeira de Sílica (Silicose), Bronquite e
Pneumonite devido à produtos químicos, gases, fumaças e vapores (Bronquite Química Aguda), dentre outras.

l) Doenças do sistema digestivo relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Erosão dentária, Gengivite
crônica, Estomatite ulcerativa crônica, Gastroenterite e Colite tóxicas, Doença tóxica do fígado, Doença tóxica do
fígado com Hepatite aguda, Doença tóxica do fígado com Hepatite crônica persistente etc.

m) Doenças da pele e do tecido subcutâneo relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Dermatite alérgica
de contato devido a metais, Dermatite alérgica de contato devido a adesivos, Dermatite alérgica de contato devido a
cosméticos (fabricação/manipulação), Dermatite alérgica de contato devido a outros produtos químicos, Dermatite
alérgica de contato devido a plantas, Dermatite de contato por irritantes devido a detergentes, Dermatite de contato
por irritantes devido a óleos e gorduras, Dermatite de contato por irritantes devido a solventes: Cetonas, Ciclo hexano,
Compostos de cloro, Ésteres, Glicol, Hidrocarbonetos; Dermatite de contato por irritantes devido a outros produtos
químicos como Arsênio, Berílio, Bromo, Cromo, Cimento, Flúor, Fósforo, inseticidas, queimadura solar, outras
alterações agudas da pele devido à radiação ultravioleta, Urticária solar, alterações da pele devido à exposição crônica
à radiação não ionizante etc.

n) Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos:
Artrite reumatoide associada à Pneumoconiose dos Trabalhadores do Carvão, Gotainduzida pelo chumbo, Sinovites e
Tenossinovites, Lesões do ombro: Capsulite adesiva do ombro (ombro congelado, Periartrite do ombro), Tendinite
bicipital, Tendinite cacificante do ombro, Bursite do ombro, Epicondilite lateral etc.

o) Doenças do sistema gênito-urinário relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Síndrome nefrítica aguda,
Nefropatia túbulo-intersticial induzida por metais pesados, Cistite aguda, Infertilidade masculinidade, entre outros.

p) Traumatismos, envenenamentos e algumas outras consequências de causas externas relacionadas com o trabalho:
tem-se como exemplos: efeitos tóxicos de solventes orgânicos, de substâncias corrosivas e de metais, asfixiantes
químicos, praguicidas, efeitos da pressão do ar e da água etc.

São muitas as doenças que podem estar relacionadas ao trabalho, não é mesmo? Mas quem atesta que o trabalhador
adquiriu alguma dessas doenças durante sua vida laboral? E qual é a assistência que o trabalhador terá?

A doença precisa ter nexo com o trabalho para ser classificada como sendo adquirida em função de atividades
laborais. O médico do trabalho em perícia médica, através do Instituto Nacional do Seguro Social(INSS), cruza as
informações do código da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e do código da Classificação Nacional de
Atividade Econômica (CNAE) e aponta a existência de uma relação entre a lesão ou agravo e a atividade desenvolvida
pelo trabalhador. O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenclário (NTEP) foi implementado pelo INSS em abril de 2007
e de imediato provocou um incremento da ordem de148% na concessão de benefícios ao trabalhador. (BRASIL,
2014c).

Sem o nexo da doença com o trabalho não há concessão do benefício ao trabalhador e somente após uma perícia
médica o mesmo poderá receber o auxílio-doença e os tratamentos devidos, através do SUS. Muitas vezes, o indivíduo
precisa recorrer à justiça do trabalho para receber o tratamento médico adequado e gratuito, que será pago pelo
empregador ou pelo governo.

Você já deve ter tido a oportunidade de conhecer alguém que sofreu algum acidente de trabalho ou adquiriu uma
doença relacionada, certo? Você deve ter percebido que não é nada fácil para o acidentado ou doente, realizar os
tratamentos de saúde, ser afastado das atividades laborais e até mesmo conviver em sociedade, em alguns casos.
Portanto, a preocupação com a saúde do trabalhador é de responsabilidade do Estado, do empregador, mas
principalmente dele mesmo, que deveria se negar a trabalhar em condições que o expõe a situações extremas.
Para muitos empregadores, a vida do trabalhador não está em primeiro lugar e infelizmente a cultura de boas práticas
em saúde e segurança do trabalho ainda não é uma prioridade no Brasil. Na realidade, o Estado demonstra
preocupação principalmente porque os gastos com a saúde tem um preço alto para a Previdência Social.

Nos últimos tempos, por intermédio do FAP e do NTEP, o empregador começou a sentir no bolso o custo dos acidentes
de trabalho. O registro de ocorrência dos mesmos deve ser feito pela empresa, que comunica o INSS.

A ocorrência das doenças relacionadas ao ambiente laboral é uma preocupação mundial. Veja o que a OIT especifica:

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) pediu uma "urgente e vigorosa" campanha global para combater o
crescente número de doenças relacionadas ao trabalho, que causam cerca de 2 milhões de mortes por ano.

"O custo final das doenças ocupacionais é a vida humana. Elas empobrecem os trabalhadores e suas famílias e
comunidades inteiras podem ser afetadas quando perdem seus trabalhadores mais produtivos" [...] ao mesmo, reduz-
se a produtividade das empresas e aumenta a carga financeira do Estado à medida que aumentam os custos de
cuidados médicos. Nos casos em que a proteção social é franca ou inexistente, muitos trabalhadores, bem como suas
famílias, precisam de cuidado e de apoio [...] a prevenção é a chave para enfrentar o peso das doenças ocupacionais e
é mais eficaz e menos dispendiosa do que o tratamento e a reabilitação. [..] (OIT, 2013).

A passagem do trabalhador por processos produtivos diversos pode mascarar nexos causais e diluirá possibilidade de
estabelecê-los, excetuando-se os mais evidentes e considerada a hipótese remota de exames admissionais que levem
em conta a história laboral pregressa (GOMEZ; COSTA, 1997).A seguir, você pode conferir, na figura apresentada, um
exemplo de doença relacionada com o trabalho.

A Dermatite é uma doença de pele que pode estar relacionada com o trabalho, segundo a lista de doenças publicada
pela Portaria n.º 1339 de 18 de novembro de 1999. Seria muito interessante que você fizesse uma leitura atenta e
integral desta portaria do Ministério da Saúde.

Segundo BRASIL (2001), a incidência de doenças profissionais manteve-se praticamente inalterada entre os anos de
1970 e 1985, de acordo com o número de concessões de benefícios previdenciários; entorno de dois casos de doenças
profissionais para cada 10 mil trabalhadores. No período que compreende1985 e 1992, esse índice alcançou a faixa de
quatro casos por cada 10 mil.

Um crescimento na incidência de doenças profissionais foi observado a partir de 1993, registrando-se um coeficiente
de incidência próximo a 14 casos por 10 mil. Esse aumento acentuado ocorreu principalmente devido às doenças
denominadas Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Doenças Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho (DORT),
responsáveis por cerca de 80 a 90% dos casos de doenças profissionais registrados nos últimos anos no Ministério da
Previdência e Assistência Social (MPAS). Esse aumento está relacionado à expansão das notificações de doenças
profissionais feitas ao INSS por melo da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

O estabelecimento da relação causal ou do nexo entre um determinado evento de saúde - dano ou doença - Individual
ou coletivo, potencial ou instalado, e uma dada condição de trabalho constitui a condição básica para a
implementação das ações de saúde do trabalhador nos serviços de saúde. De modo esquemático, esse processo pode
se iniciar pela identificação e controle dos fatores de risco presentes nos ambientes e nas condições de trabalho e/ou
a partir do diagnóstico, tratamento e prevenção dos danos, lesões ou doenças provocadas pelo trabalho, no indivíduo
e no grupo de trabalhadores.

Em geral, os trabalhadores possuem perfis de adoecimento e morte semelhantes ao da população e que se


estabelecem em função de sua idade, gênero, grupo social ou inserção em um grupo específico de risco. Porém, eles
podem adoecer ou morrer devido a causas relacionadas ao trabalho, como consequência da profissão que exercem ou
exerceram, ou pelas condições adversas em que seu labor é ou foi realizado. Assim, o perfil de adoecimento e morte
resultará da união desses fatores, que podem ser sintetizados em quatro grupos de causas, que são: doenças comuns,
aparentemente sem qualquer relação com o trabalho; doenças comuns (crônico-degenerativas, infecciosas,
neoplásicas, traumáticas etc.) eventualmente modificadas no aumento da frequência de sua ocorrência ou na
precocidade de seu surgimento em trabalhadores, sob determinadas condições de trabalho;

•doenças comuns que têm o espectro de sua etiologia ampliado ou tornado mais complexo pelo trabalho. A asma
brônquica, a dermatite de contato alérgica, a perda auditiva induzida pelo ruído (ocupacional), doenças
musculoesqueléticas e alguns transtornos mentais exemplificam esta possibilidade, na qual, em decorrência do
trabalho, soma-se (efeito aditivo) ou multiplicam-se (efeito sinérgico) as condições provocadoras ou desencadeadoras
destes quadros;

agravos à saúde específicos, tipificados pelos acidentes do trabalho e pelas doenças profissionais. A silicose e a
asbestose exemplificam este grupo de agravos específicos. A seguir, você poderá observar no quadro da classificação
das doenças segundo sua relação com o trabalho, as categorias de doenças relacionadas e alguns exemplos das
mesmas. Essa classificação foi desenvolvida por Richard Schilling e é utilizada pelo Ministério da Saúde, no Brasil.

No quadro anterior, você pôde observar a classificação das doenças de acordo com o nexo causal, dividida em três
partes: a primeira se caracteriza como o trabalho sendo a causa da doença, a segunda, o trabalho como sendo um
fator que contribui para o agravo, mas não necessariamente a causa da doença, e a terceira, o trabalho como agente
que pode ser o agravador de uma doença já existente.

A categoria I mostra que a disfunção somente ocorrerá se o trabalhador se expor a determinado agente de risco, por
exemplo: a silicose só pode ser adquirida após exposição à poeira de sílica.

A categoria II sugere que o trabalho pode contribuir para o aparecimento da doença. Por exemplo: se o trabalhador
possui pré-disposição e se expõe ao risco, isso pode contribuir para o desenvolvimento da doença; já na categoria III, o
trabalho pode provocar um distúrbio ou agravar a doença já existente.

A avaliação médica deve ser minuciosa na verificação dos fatores agravantes para o aparecimento de disfunções
relacionadas com o trabalho. Fazer um exame admissional cauteloso auxilia a empresa a não inserir o trabalhador em
atividades que possam ser agravantes para problemas já adquiridos anteriormente e que não tem relação com o
trabalho. O PCMSO é uma boa ferramenta para isso!

Agora que você conheceu a classificação das doenças relacionadas ao trabalho, vai poder verificar quais são os agravos
decorrentes das mesmas. Prossiga atentamente!

5.4.2 DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHOR

Uma doença ocupacional é adquirida pelo trabalhador quando ele é exposto a agentes químicos, físicos, biológicos,
ergonômicos ou a acidentes, sem proteção compatível com o risco e o tipo de exposição. Ao longo da vida laboral
pode ocorrer exposição a vários agentes de risco, portanto o controle destas exposições é fundamental para garantir a
integridade física do trabalhador. Garantir que o trabalhador exposto ao risco não adoeça é a principal
responsabilidade da Saúde e Segurança do Trabalho, porém é preciso enfatizar que a saúde do trabalhador é uma
questão de saúde pública.

O Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde estabelece que:

A Saúde do Trabalhador constitui uma área da Saúde Pública que tem como objeto de estudo e intervenção as
relações entre o trabalho e a saúde. Tem como objetivos a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio
do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à
saúde do trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos
de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no SUS. (BRASIL, 2001, p. 17).

Fazer o nexo da doença com o trabalho é uma tarefa que requer estudos. Não é tão simples atestar que doença do
trabalhador está ligada realmente ao trabalho. Você já deve ter ouvido algum trabalhador relatar que não pôde mais
exercer suas atividades devido a uma doença que estava relacionada ao trabalho, e que o INSS não concedeu o
beneficio de auxílio-doença, certo? Isso pode realmente acontecer, pois para que a doença esteja realmente
relacionada ao trabalho é preciso investigação por parte da medicinado trabalho, do INSS, mas principalmente do
médico que irá atestar a concessão do benefício. Saber se o trabalhador já tinha alguma doença agravante antes de
ser admitido pela empresa e que está pudesse ter relação à atividade que iria exercer pode ser determinante para a
concessão do benefício.

Ainda de acordo com o Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde:

No âmbito dos serviços de saúde, o principal instrumento para a investigação das relações saúde-trabalho é a doença
e, portanto, para o diagnóstico correto do dano para a saúde e da relação etiológica" com o trabalho, é representado
pela anamnese ocupacional. Lamentavelmente, na formação médica, pouca ou nenhuma atenção é dada ao
desenvolvimento dessa habilidade, fazendo com que os profissionais tenham dificuldade para utilizá-la no dia a dia de
trabalho. A anamnese ocupacional faz parte da entrevista médica, que compreende a história clínica atual, a
investigação sobre os diversos sistemas ou aparelhos, os antecedentes pessoais e familiares, a história ocupacional,
hábitos e estilo de vida, o exame físico e a propedêutica complementar. (BRASIL,2001, p. 30-31).

A anamnese ocupacional deve fazer parte do PCMSO e ser rotina para a medicina do trabalho. Sempre que houver
casos onde o trabalhador possua um fator agravante à sua saúde e realmente seja necessário que ele exerça suas
atividades em determinada função a qual possa contribuir para o aparecimento de uma doença relacionada, a área de
segurança do trabalho precisa estar ciente, para que possa fazer um controle rigoroso deste trabalhador com relação a
sua exposição ao risco ocupacional. Em alguns casos, o indivíduo não pode realizar determinadas funções, nem sob
controle de exposição ao risco.

A identificação ou comprovação de efeitos da exposição ocupacional a fatores ou situações de risco, particularmente


em suas fases mais precoces, pode exigir a realização de exames complementares específicos: toxicológicos,
eletromiográficos, de imagem, clínicos especializados, provas funcionais respiratórias, audiometria, entre outros.

De acordo com o Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde (Brasil, 2001), para que seja possível a
comprovação diagnóstica e o estabelecimento da relação da doença com o trabalho, são necessárias informações
complementares sobre os fatores de risco, identificados a partir da entrevista com o paciente. Essas informações
poderão ser solicitadas ao empregador, através dos registros de estudos e levantamentos ambientais, qualitativos ou
quantitativos, contidos no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais(PPRA) para trabalhadores já empregados.
Também podem ser úteis os resultados de avaliações clínicas e laboratoriais realizadas para o Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), e os registros de fiscalizações realizadas pelo poder público.

De acordo com Brasil (2001, p. 31) as questões apresentadas a seguir auxiliam no estabelecimento de relação
etiológica ou nexo causal entre doença e trabalho:

⚫ natureza da exposição: o agente patogênico pode ser identificado pela história ocupacional e/ou pelas informações
colhidas no local de trabalho e/ou de pessoas familiarizadas com o ambiente ou local de trabalho do trabalhador?

Especificidade da relação causal e a força da associação causal: o agente patogênico ou o fator de risco pode estar
contribuindo significativamente entre os fatores causais da doença?

⚫ tipo de relação causal com o trabalho: de acordo com a Classificação de Schilling, o trabalho é considerado causa
necessária (Tipo 1)? Fator de risco contributivo de doença de etiologia multicausal (Tipo II)? Fator desencadeante ou
agravante de doença preexistente (Tipo III)? No caso de doenças relacionadas ao trabalho, do tipo II, as outras causas,
não-ocupacionais, foram devidamente analisadas e hierarquicamente consideradas em relação às causas de natureza
ocupacional?
Como já mencionado, o estabelecimento do nexo é de suma importância e pode ser orientado, segundo Brasil (2001,
p. 31) igualmente pelos fatores descritos a seguir:

⚫ grau ou intensidade da exposição: é compatível com a produção da doença?

⚫ tempo de exposição: é suficiente para produzir a doença?

⚫ tempo de latência: é suficiente para que a doença se instale e manifeste?

⚫ registros anteriores: existem registros quanto ao estado anterior de saúde do trabalhador? Em caso positivo, esses
contribuem para o estabelecimento da relação causal entre o estado atual e o trabalho?

⚫ evidências epidemiológicas: existem evidências epidemiológicas que reforçam a hipótese de relação causal entre a
doença e o trabalho presente ou pregresso do segurado?

Os profissionais da saúde que atuam na área da saúde do trabalho precisam receber capacitação e orientação sobre
como fazer essa relação do nexo causal entre doença e trabalho, pois como visto, essa não é uma tarefa fácil!

A medicina e a segurança do trabalho devem estar alinhadas, pois o reconhecimento de atividades que possam gerar
danos à saúde do trabalhador e a identificação da intensidade do risco no ambiente de trabalho são fatores
determinantes na liberação do trabalhador para exercer determinada função. A área de segurança do trabalho
reconhece essas atividades, e a medicina do trabalho atesta se o trabalhador está apto para a função. Dessa forma,
você consegue perceber a importância do bom relacionamento entre essas duas áreas?

De acordo com o Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde, Brasil (2001, p. 37) eliminar ou reduzir a
exposição do trabalhador às condições de risco e implantar melhorias nos ambientes de trabalho para promoção e
proteção da saúde do trabalhador constituem um desafio que ultrapassa o âmbito de atuação dos serviços de saúde,
exigindo soluções técnicas às vezes complexas e de custo elevado. Muitas vezes a implantação de medidas simples e
pouco onerosas podem ser realizadas pela empresa obtendo resultados positivos e protetores para a saúde do
trabalhador e para o melo ambiente.

Na sequência, você conhecerá um pouco mais sobre as doenças que estão relacionadas ao trabalho: todas fazem parte
do Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde, em Brasil (2001). É importante enfatizar que os termos
médicos que constam neste manual, bem como os nomes das doenças, não serão apresentados em forma de glossário
visto que o objetivo deste capítulo é apresentar ao profissional de segurança informações primárias sobre essas
patologias, cabendo ao médico do trabalho a identificação e o tratamento de saúde completo e adequado.

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITARIAS (GRUPO I DA CID-10)

Os riscos biológicos são uma forma de ameaça à saúde, causados por certos agentes presentes nos locais de trabalho,
como em hospitais, clínicas ou laboratórios. A NR 32, que trata dos cuidados em serviços de saúde, descreve os riscos
existentes nos locais de trabalho, as medidas preventivas, o que fazer em caso de suspeita de infecção, quais são os
EPIs obrigatórios, como fazer a descarte de materiais, quais as capacitações necessárias, entre outras informações
válidas.

As consequências para a saúde do trabalhador, relativas a sua exposição ao risco biológico presente em situações de
trabalho, incluem quadros de infecção aguda e crônica, parasitoses e reações alérgicas e tóxicas. Essas infecções
podem ser causadas por bactérias, vírus, riquétsias, clamídias e fungos. Muitas dessas doenças são originalmente
zoonoses, que podem estar relacionadas ao trabalho. Entre os grupos de trabalhadores mais expostos ao risco
biológico estão os da agricultura, da saúde (em contato com pacientes ou materiais contaminados) em centros de
saúde, hospitais, laboratórios, necrotérios, em atividades de

investigações de campo e vigilância em saúde, controle de vetores e aqueles que laboram com animais. As pessoas
que trabalham em habitat silvestre, como na silvicultura, em atividades de pesca, produção e manipulação de
produtos animais, como abatedouros, curtumes, frigoríficos, indústria alimentícia (carnes e pescados) e trabalhadores
em serviços de saneamento e de coleta de lixo também podem ser afetadas.
As doenças infecciosas e parasitárias podem não ter relação com o trabalho, mas se o trabalhador contaminado fora
da empresa, mesmo doente, continuar com suas atividades laborais, pode se tornar um transmissor para os demais
trabalhadores. Estar atento às doenças parasitárias e infecciosas também é uma responsabilidade do empregador.

As doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho apresentam algumas características que as distinguem
dos demais grupos:

a) os agentes etiológicos não são de natureza ocupacional;

b) a ocorrência da doença depende das condições ou circunstâncias em que o trabalho é realizado. Os agentes
etiológicos geralmente estão mencionados no próprio nome da doença e são comuns às infecciosas e parasitárias não
relacionadas ao trabalho. Os agentes etiológicos estão disseminados no meio ambiente e são dependentes de
condições ambientais, de saneamento e da prevalência dos agravos na população geral, e portanto são vulneráveis às
políticas gerais de vigilância e de qualidade dos serviços de saúde. Perceba que a delimitação entre o ambiente de
trabalho e o ambiente externo é frequentemente pouco precisa.

Prevenir as doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho baseia-se em procedimentos de Vigilância em


Saúde do Trabalhador: vigilância epidemiológica de agravos e vigilância sanitária de ambientes e condições de
trabalho, utilizando conhecimentos médico-clínicos de epidemiologia, higiene ocupacional, ergonomia, toxicologia,
entre outras disciplinas, viabiliza a percepção dos trabalhadores sobre seu trabalho e saúde e sobre as normas e
regulamentos vigentes. De acordo com a Portaria/MS n.º 1.339/1999a lista de doenças infecciosas e parasitárias
relacionadas ao trabalho inclui:

. Tuberculose.

. Carbúnculo.

. Brucelose.

. Leptospirose.

. Tétano.

. Psitacose, Ornitose, doença dos tratadores de aves.

. Dengue (dengue clássico).

. Febre amarela.

. Hepatite viral.

. Doença pelo Vírus da Imunodeficiência humana (HIV)..

. Dermatofitose e outras micoses superficiais.

. Candidíase.

. Paracoccidioidomicose.

•Malária.

. Leishmaniose cutânea ou Leishmaniose cutâneo-mucosa. (BRASIL, 1999b).

Você já deve ter ouvido falar de algumas dessas patologias, não é mesmo? Simplesmente relacioná-las ao trabalho
requer muita cautela, pois elas podem acometer a população em geral, e coincidentemente, as relacionadas com
determinado trabalho. Portanto, ter conhecimento sobre as condições de saúde e higiene do trabalhador fora do
ambiente do trabalho pode auxiliar no momento de atestar nexo causal da doença com o ambiente de trabalho.

NEOPLASIAS (TUMORES) RELACIONADAS AO TRABALHO (GRUPO II DA CID-10)

O termo tumores ou neoplasias designa um grupo de doenças caracterizadas pela perda de controle do processo de
divisão celular, por meio do qual os tecidos normalmente crescem e/ou se renovam, levando à multiplicação celular
desordenada. As consequências dessa ocorrência pode ocasionar o câncer, doença que poderá surgir a partir da
exposição a agentes carcinogênicos presentes no ambiente onde se vive ou trabalha, decorrentes do estilo de vida e
de fatores ambientais produzidos ou alterados pela atividade humana. Essa patologia representa a segunda maior
causa de morte de indivíduos na população brasileira acimados quarenta anos, sendo o câncer de pulmão o mais
prevalente entre os homens. Entre as neoplasias malignas prevalentes e mortais, no Brasil, estão as de mama, colo
uterino, estômago, pulmão, cólon/reto, próstata e esôfago. Na maioria das vezes, essas neoplasias são resultado da
agressão direta de fatores do meio externo ou de estímulo hormonal constante, que podem ser prevenidas ou
detectadas e tratadas com êxito, quando em fases precoces.

De acordo com a Portaria/MS n.° 1.339/1999, a lista de neoplasias (tumores) relacionadas ao trabalho é composta por:

. Neoplasia maligna do estômago.

. Angiossarcoma do fígado.

. Neoplasia maligna do pâncreas.

. Neoplasia maligna da cavidade nasal e dos seios paranasais

. Neoplasia maligna da laringe.

. Neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão.

. Neoplasia maligna dos ossos e cartilagens articulares dos membros, neoplasias malignas da pele.

- Mesoteliomas: da pleura, do peritônio e do pericárdio.

. Neoplasia malignada bexiga. Leucemias (BRASIL, 1999b).

Como o câncer é uma doença que tem acometido muitas pessoas no Brasil e possui o fator genético de pré-disposição,
os profissionais da saúde encontram dificuldades em atestar o nexo causal da doença com trabalho. Essa patologia
pode ser agravada caso o trabalhador seja exposto a um agente de risco que possa fazer com que o tipo de câncer pré-
disposto pelo fator genético apareça ou evolua.

DOENÇAS DO SANGUE E DOS TECIDOS HEMATOPOIÉTICOS (GRUPO III DA CID-10)

O sistema hematopoiético é responsável pela formação do sangue no corpo humano. A medula óssea é responsável
por produzir células como: eritrócitos, neutrófilos e plaquetas, onde cada um dos componentes do sangue tem um
número e estrutura adequados para sua função.

Entre os agentes de risco, destacam-se o Benzeno e as radiações ionizantes, para os tecidos hematopoiéticos. Esses
agentes podem lesar a célula primitiva multipotente, reduzindo seu número ou provocando lesões na estrutura das
células, resultando em baixa produção celular ou em linhagens celulares anormais.

A figura, a seguir, exemplifica um vaso sanguíneo por onde o sangue circula e se distribui pelo corpo humano.

De acordo com a Portaria/MS n.º 1.339/1999, a lista de doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos relacionadas
ao trabalho é composta por:

. Síndromes mielodisplásicas.

. Outras anemias devidas a transtornos enzimáticos.

. Anemia hemolítica adquirida.

. Anemia aplástica devida a outros agentes externos e anemia aplástica não especificada.

. Púrpura e outras manifestações hemorrágicas.

. Agranulocitose (neutropenia tóxica).

. Outros transtornos especificados dos glóbulos brancos: leucocitose, reação leucemóide. Metahemoglobinemia.

Você pôde observar que o Benzeno faz parte do grupo de agentes de risco que podem causar doenças do sangue e dos
órgãos hematopoléticos, relacionadas ao trabalho. Por ser um agente de risco que também pode causar câncer, o
Ministério do Trabalho implementou a NR 9 e a NR 15, com um anexo exclusivo para gerenciar a exposição ao
Benzeno.

DOENÇAS ENDÓCRINAS, NUTRICIONAIS E METABÓLICAS (GRUPO IV DA CID-10)

São pouco conhecidos os efeitos ou danos sobre os sistemas endócrino, nutricional e metabólico, decorrentes da
exposição ambiental e ocupacional à substâncias e agentes tóxicos. Porém, as seguintes situações de trabalho são
reconhecidas como capazes de produzir doenças:

utilização de ferramentas vibratórias, como os marteletes pneumáticos. Associado à síndrome de Raynaud, uma
doença vascular periférica, tem sido observado o comprometimento dos sistemas endócrino e nervoso central
expresso por disfunção dos centros cerebrais autônomos, que necessita ser melhor avaliado;

⚫ extração e manuseio de pedra-pome, provocando deficiência adrenal;

•produção e uso de derivados do ácido carbônico (carbamatos), utilizados como pesticidas, herbicidas e nematocidas.
Os tiocarbamatos são utilizados, também, como aceleradores da vulcanização e seus derivados empregados no
tratamento de tumores malignos, hipóxia, neuropatias e doenças provocadas pela radiação. Por mecanismo
endócrino, são mutagênicos e embrio tóxicos

⚫em expostos ao chumbo tem sido observada forte correlação inversa entre a plumbemia" e os níveis de vitamina D,
alterando a homeostase extra e intracelular do cálcio e interferindo no crescimento e maturação de dentes e ossos.
Também tem sido descrita a ocorrência de hipotireoidismo decorrente de um acometimento da hipófise; a exposição
ao dissulfeto de carbono é reconhecida por seus efeitos sobre o metabolismo lipídico, acelerando o processo de
aterosclerose (também conhecida como arteriosclerose). (BRASIL, 1999b).

Observe que algumas das situações apresentadas anteriormente estão tão presentes no ambiente de trabalho que
parecem ser inofensivas, não é verdade? Veja como o risco pode passar desapercebido. Ouso de pesticidas, por
exemplo, é muito comum, e a maioria dos trabalhadores que fazem a sua aplicação desconhece parcialmente ou não
acredita no potencial de risco dos produtos a que estão expostos. A lista de doenças endócrinas, nutricionais e
metabólicas relacionadas ao trabalho, de acordo com a portaria/MSn.° 1.339/1999 é:

. Hipotireoidismo devido a substâncias exógenas. Outras porfirias. (BRASIL, 1999b).

A prevenção das doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas ao trabalho tem como base os
procedimentos de vigilância dos agravos à saúde dos ambientes e das condições de trabalho. Os conhecimentos
médico-clínicos, epidemiológicos, de higiene ocupacional, toxicologia, ergonomia, psicologia, entre outras disciplinas,
devem ser utilizados na percepção dos trabalhadores sobre o trabalho e a saúde. O conhecimento prévio das
atividades e locais de trabalho onde existam substâncias químicas ou agentes físicos ou biológicos e fatores de risco
decorrentes da organização do trabalho, potencialmente causadores de doença, devem ser analisados pela segurança
e medicina do trabalho, bem como a identificação dos problemas ou danos potenciais para a saúde, decorrentes da
exposição aos fatores de risco identificados. A educação e a informação sobre os riscos existentes no ambiente de
trabalho devem ser formecidas e atualizadas aos trabalhadores e empregadores.

TRANSTORNOS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO (GRUPO V DA CID-10)

São muitos os fatores que podem gerar os transtornos mentais relacionados ao trabalho, e o afastamento dos
trabalhadores por caracterização deste problema de saúde tem crescido, principalmente nos afastamentos superiores
a dezesseis dias. Dentre os fatores causadores, a genética, a química cerebral (problemas hormonais ou uso de
substâncias tóxicas que afetam o cérebro) e o estilo de vida são tidos como os principais desencadeadores dos
diversos transtornos existentes, relacionados ao trabalho. Entre as principais causas, pode-se citar: fatores relativos à
organização do trabalho, divisão e parcelamento das tarefas, estrutura hierárquica organizacional, exposição a
determinado agente tóxico, entre outros.

O diagnóstico envolve o exame do estado mental, que é confrontado com o histórico clínico, utilizando

-se também de testes psicológicos, exames neurológicos, imagem e exames físicos. A lista de transtornos mentais e do
comportamento, relacionados ao trabalho, de acordo com a Portaria/MS N. 1.339/1999, é:

. Demência em outras doenças específicas classificadas em outros locais.


. Delirium, não sobreposto à demência, como descrita.

. Transtorno cognitivo leve.

. Transtorno orgânico de personalidade.

. Transtorno mental orgânico ou sintomático não especificado.

. Alcoolismo crônico (relacionado ao trabalho).

. Episódios depressivos.

. Estado de estresse pós-traumático.

. Neurastenia (inclui síndrome de fadiga).

-Outros transtornos neuróticos especificados (inclui neurose profissional). Transtorno do ciclo vigília-sono devido a
fatores não orgânicos.

• Sensação de estar acabado (síndrome de burn-out, síndrome do esgotamento profissional) (BRASIL, 1999b).

A definição de disfunção e incapacidade causada pelos transtornos mentais e do comportamento, relacionados ou não
com o trabalho, é um tanto difícil. A VISAT deve considerar a existência de vários fatores envolvidos na determinação
das doenças mentais e comportamentais que estão relacionadas ao trabalho. Em alguns casos, são de natureza
química, em outros, intrinsecamente relacionados às formas de organização e gestão do trabalho ou mesmo da
ausência de trabalho, e em muitos casos, decorrem de uma ação sinérgica desses fatores. Você pôde notar que o
trabalho do profissional da saúde, ao estipular o diagnóstico da doença e atestar a relação com o trabalho, deve estar
munido de muitos estudos, não é mesmo?

DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO (GRUPO VI DA CID-10)

O sistema nervoso é muito vulnerável aos efeitos da exposição ocupacional e ambiental, a uma série de substâncias
químicas, agentes físicos e fatores causais de adoecimento, decorrentes da organização do trabalho. Estes efeitos têm
ficado cada vez mais evidentes e apresentam-se em episódios isolados ou epidêmicos de doença nos trabalhadores.

As manifestações neurológicas das intoxicações decorrentes da exposição ocupacional a metais pesados, aos
agrotóxicos ou a solventes orgânicos, e de outras doenças do sistema nervoso relacionadas às condições de trabalho,
são prioridade no primeiro atendimento na rede básica de serviços de saúde. Quando há evidências destes casos, é
necessário que os profissionais que atendem a esses trabalhadores estejam familiarizados com os principais agentes
químicos, físicos, biológicos e com os fatores decorrentes da organização do trabalho, potencialmente causadores de
doença, para que possam caracterizar a sua relação com o trabalho, possibilitando o diagnóstico correto e o
estabelecimento das condutas adequadas.

A lista de doenças do sistema nervoso relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/MS n.º 1.339/1999 é:

. Ataxia cerebelar.

. Parkinsonismo secundário devido a outros agentes externos. Outras formas especificadas de tremor.

•Transtorno extrapiramidal do movimento não especificado.

.Distúrbios do ciclo vigília-sono.

. Transtornos do nervo trigêmeo.

. Transtornos do nervo olfatório.

. Transtornos do plexo braquial (síndrome da saída do tórax, síndrome do desfiladeiro torácico).

. Mononeuropatias dos membros superiores: síndrome do túnel do carpo; outras lesões do nervo mediano: síndrome
do pronador redondo; síndrome do canal de Guyon; lesão do nervo cubital (ulnar): síndrome do túnel cubital; outras
mononeuropatias dos membros superiores: compressão do nervo supra-escapular.
- Mononeuropatias do membro inferior: lesão do nervo popliteo lateral.

. Outras polineuropatias: polineuropatia devida a outros agentes tóxicos e polineuropatia induzida pela radiação.

. Encefalopatia tóxica aguda. (BRASIL, 1999b).

Na maioria dos casos, as doenças neurológicas relacionadas ao trabalho não têm tratamento especifico, semelhante
ao que ocorre em outras doenças ocupacionais. Porém, alguns procedimentos devem ser adotados pelos profissionais
dos serviços de saúde diante da suspeita ou da confirmação de uma doença, dos quais se destacam o afastamento da
exposição ao agente de risco, nos casos em que a permanência na atividade possa contribuir para o agravamento do
quadro, e o suporte de ordem geral para alivio da sintomatologia e melhoria da qualidade de vida do paciente.

DOENÇAS DO OLHO (GRUPO VII DA CID-10)

O aparelho visual é vulnerável à ação de inúmeros fatores de risco para a saúde presentes no trabalho, como agentes
mecânicos (corpos estranhos, ferimentos contusos e cortantes), agentes físicos (temperaturas extremas, eletricidade,
radiações ionizantes e não ionizantes), agentes químicos, biológicos e sobre esforço que leva à astenopia
(desequilíbrio do músculo ocular) induzida por algumas atividades de monitoramento visual.

A falta de higienização das mãos é uma das formas mais comum de infecção dessa região. É comum não lavar as mãos
antes de coçar os olhos, o que gera o contato com inúmeros microrganismos.

A radiação ultravioleta é outro fator prejudicial, ela é extremamente maléfica para a saúde dos olhos. Assim como em
outros tipos de radiações, é preciso utilizar os EPIs corretos para cada tipo de exposição, visando evitar problemas
oculares.

A lista de doenças do olho, de acordo com a Portaria/MS n.º 1.339/1999, é:

Blefarite.

.Conjuntivite.

. Queratite e queratoconjuntivite.

. Catarata.

⚫ Inflamação coriorretiniana.

. Neurite óptica.

. Distúrbios visuais subjetivos. (BRASIL, 1999b).

As manifestações das doenças de olhos variam de sensação de dor, desconforto e alterações na estética até os
transtornos graves da função visual, sejam eles temporários ou permanentes.

Muitas substâncias químicas que atuam sistemicamente podem afetar o olho em decorrência do número de
estruturas envolvidas e coordenadas que permitem a visão normal. O reconhecimento prévio das atividades e locais
de trabalho onde existam substâncias químicas, agentes físicos e biológicos e fatores de risco, decorrentes da
organização do trabalho e potencialmente causadores de doença, deve ser adotado como medida de controle ao risco.

DOENÇA DO OUVIDO (GRUPO VIII DA CID-10)

As doenças otorrinolaringológicas relacionadas ao trabalho são causadas por agentes ou mecanismos, irritativos,
alérgicos e/ou tóxicos. No ouvido interno, os danos decorrem da exposição a substâncias neuro tóxicas e fatores de
risco de natureza física, como ruído, pressão atmosférica, vibrações e radiações ionizantes.

Os agentes biológicos estão frequentemente associados às otites externas, aos eventos de natureza traumática e à
lesão do pavilhão auricular. A perda auditiva pela exposição ao ruído é um dos principais problemas de saúde
ocupacional.
Investigar e estabelecer os fatores de risco presentes no local de trabalho pode auxiliar na definição dos possíveis
efeitos para a saúde.

Para que os fatores de risco sejam estabelecidos, algumas ações são necessárias, como ouvir os relatos dos
trabalhadores, que podem informar sobre variações nas condições de trabalho, nem sempre percebidas por meio da
leitura de levantamento técnico ou de inspeções ao local de trabalho; analisar relatório se levantamentos técnicos
realizados no ambiente, incluindo o PPRA, considerando sempre a possibilidade de que tenham ocorrido mudanças
nas condições de trabalho e realizar inspeções no local, se possível na companhia de alguém que conheça bem o
processo e assegure acesso às pessoas que possam dar informações pertinentes é uma atitude assertiva. Igualmente o
é fazer o estudo das fontes de emissão e avaliar os níveis de pressão sonora, no caso do ruído, além da presença de
outros fatores agressivos de natureza física, química ou biológica.

A lista de doenças do ouvido relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/MS n.º 1.339/1999, é:

. Otite média não supurativa (barotrauma do ouvido médio).

• Perfuração da membrana do tímpano.

. Outras vertigens periféricas.

Labirintite.

. Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico.

Perda auditiva ototóxica.

. Otalgia e secreção auditiva.

. Outras percepções auditivas anormais: alteração temporária do limiar auditivo, comprometimento da discriminação
auditiva e hiperacusia.

. Otite o barotraumatica

. Sinusite por barotraumatica

. Síndrome devida ao deslocamento de ar de uma explosão. (BRASIL, 1999b).

As ações de controle médico visam identificar a doença em seu estado latente ou inicial, que caracteriza-se quando
algum tipo de intervenção pode reverter ou diminuir a velocidade de instalação e a progressão dos processos
patológicos. Nos exames admissional e periódico dos trabalhadores expostos, devem ser utilizados questionários
padronizados e exames físicos e complementares direcionados para a avaliação do ouvido e da audição.

Outra forma de fazer o reconhecimento dos riscos existentes no local de trabalho é por melo do PPRA e do PCA.
Avaliações quantitativas de ruído e a identificação de possíveis substâncias ototóxicas são fundamentais no controle
de exposição do trabalhador.

O Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde diz que:

Hipoacusia ototóxica ou perda da audição ototóxica é a perda auditiva, do tipo neurossensorial, induzida por
substâncias químicas de origem endógena ou exógena efeito ototóxico pode alcançar, também, com frequência, o
aparelho do equilíbrio. []

As ototoxinas endógenas incluem toxinas bacterianas e metabólitos tóxicos de distúrbios metabólicos, tais como no
diabetes e em nefropatias. []kanamicina, gentamicina, tobracinina, amicacina, etc.) e diuréticos, substâncias químicas
de origem ocupacional, fumo e álcool. (BRASIL, 1999b).

As ototoxinas exógenas incluem drogas, tais como aminoglicosídeos (estreptomicina,

Você já tinha conhecimento sobre substâncias químicas que podem causar perda auditiva? Muitos produtos químicos
podem ter em sua composição substâncias ototóxicas, mas para afirmar que um produto é realmente ototóxico,
precisa-se de uma confirmação científica. Portanto, o higienista ocupacional, o fonoaudiólogo e o médico do trabalho
precisam reconhecer esses produtos no ambiente de trabalho.

Realizar o controle médico do trabalhador e do ambiente de trabalho se faz necessário sempre!

DOENÇA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO (GRUPO IX DA CID-10)

Apesar da valorização dos fatores pessoais como sedentarismo, tabagismo e dieta, na determinação das doenças
cardiovasculares, pouca atenção se dá aos fatores de risco presentes na atividade ocupacional atual ou anterior dos
pacientes. O grande aumento da ocorrência de transtornos agudos e crônicos do sistema cardiocirculatório na
população faz com que as relações das doenças com o trabalho mereçam maior atenção.

Entre as causas de aposentadoria por invalidez, os estudos disponíveis mostram que a hipertensão arterial destaca-se
em primeiro lugar, com 20,4% das aposentadorias, seguida dos transtornos mentais (15%).das doenças
osteoarticulares (12%) e de outras doenças do aparelho cardiocirculatório, com 10,7%. Assim, as doenças
cardiovasculares ocupam o primeiro e o quarto lugar de todas as causas de aposentadoria por invalidez e, juntas,
representam quase um terço de todas as doenças que provocam incapacidade laborativa total e permanente.
(MEDINA, 1986).

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