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PSICANÁLISE E SAÚDE DO TRABALHADOR: UMA PERSPECTIVA ACERCA


DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM COM DUPLO VÍNCULO
EMPREGATÍCIO

Simone Marcolino Luiz de Medeiros I

Resumo: Este artigo corresponde a uma pesquisa de revisão bibliográfica do tipo


estado da arte com método qualitativo. A proposta inclui a visão psicanalítica sobre
artigos científicos acerca dos profissionais de enfermagem com duplo vínculo
empregatício e sua relação com a saúde do trabalhador, através da busca de
pesquisas em bases de dados de acesso livre. Para tanto, foram considerados 13
artigos, datados de 2018 até 2022, sendo que os resultados apresentaram questões
de adoecimento e acometimentos físicos, emocionais e psicológicos nos profissionais
de enfermagem. Ainda como resultado, revelou-se que pouco se fala em
investigações de questões inconscientes ou mais profundas, como compreender a
historicidade dos sujeitos ou a própria relação que os profissionais têm com seus
sintomas, sofrimentos ou mal-estar profissional. Os resultados demonstram questões
aparentemente comportamentais a partir de diagnósticos e sinais de sintomas
psíquicos em profissionais de enfermagem com um ou mais vínculos de trabalho,
seguindo modelos médicos de saúde. A perspectiva psicanalítica enfatiza a
transformação da posição subjetiva do sujeito, a partir da escuta e do saber
inconsciente, como possibilidade para o sujeito lidar com seus sintomas e reelaborar
o que o acomete. Esta é uma aposta como possibilidade da escuta psicanalítica e de
transformações em modos de vida, e não como um modelo interventivo nas
instituições de saúde.

Palavras-chave: Enfermagem. Duplo Vínculo Empregatício. Trabalho. Psicanálise.

Abstract: This article corresponds to a state-of-art bibliographic review research with


a qualitative method. The proposal includes the psychoanalytic view on scientific
articles about nursing professionals with double employment and its relationship with
the worker’s health, through the search in open-access databases. To this end, thirteen
articles were considered, dated from 2018 to 2022, and the results presented issues
of illness and physical, emotional, and psychological impairments in nursing
professionals. Also as a result, it was revealed that little is said about investigations of
unconscious or deeper issues, such as understanding the historicity of the subjects or
the very relationship that professionals have with their symptoms, suffering, or
professional malaise. The results show apparent/behavioral issues from diagnoses
and signs of psychic symptoms in nursing professionals with one or more work bonds,
following medical models of health. The psychoanalytic perspective emphasizes the

I
Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia da Universidade do Sul de
Santa Catarina - Unisul, como requisito parcial para obtenção do título de Psicóloga, 2022, orientado
pela professora Dra. Adriana de Oliveira Limas Cardozo. E-mail:
adriana.cardozo@animaeducacao.com.br
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transformation of the subjective position of the subject, from listening and unconscious
knowledge, as a possibility for the subject to deal with their symptoms and rework what
affects them. This is a bet as a possibility of psychoanalytic listening and of
transformations in ways of life, and not as an interventionist model in health institutions.

Keywords: Nursing. Double employment relationship. Work. Psychoanalysis.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, segundo o Conselho Federal de Enfermagem, há 2.672.602


profissionais da área da enfermagem. Embora este número pareça grande, não supre
a carência que o mercado de trabalho da área necessita (COFEN, 2022).
Os profissionais da área da enfermagem, por serem considerados essenciais à
população nos contextos da saúde privada e pública e em todas as áreas que atuam
(JÚNIOR; DAVID, 2018), possuem leis específicas onde são regulamentadas as
escalas de trabalho e horas mínimas de descanso pelo Conselho Federal de
Enfermagem-COFEN.
Conforme a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (BRASIL, 1943), a
jornada de trabalho deve ser de 44 (quarenta e quatro) horas semanais, com intervalos
para descanso e lazer. Neste ínterim, há uma lacuna para acordos bilaterais dentro
dos termos estipulados para a flexibilização, sendo que, o não cumprimento dos
intervalos necessários para o descanso e alimentação, mediante lei, poderão
desencadear, além de processos trabalhistas, impactos sobre a saúde destes
trabalhadores (BARROS, 2013).
Embora o duplo vínculo empregatício seja um direito constituído (BRASIL,
2016), e possa suprir financeiramente o profissional, há a possibilidade de alguns
inconvenientes danosos, como, por exemplo: a qualidade dos serviços prestados de
forma precária, podendo onerar para todos os envolvidos – instituição, pacientes,
profissionais etc. (JÚNIOR; DAVID, 2018).
Com a observância da importância do profissional da área da enfermagem no
cenário atual, bem como a necessidade de transformação de processos assistências,
intersetoriais, tecnológicas, fármacos, dentre outras demandas, há uma exigência
mais ampla para que estes profissionais estejam mais bem capacitados e preparados
ao desempenho das funções. Com isto, consequentemente, há maiores exigências
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de treinamentos, educação continuada e permanente, conhecimentos e habilidades


necessários para garantir que os serviços prestados sejam congruentes, estes,
inclusos, na maioria das vezes, no horário que deveria ser de folga e lazer, ou,
acrescentando o número de horas em ambiente laboral (NETTINA, 2021).
O trabalho dos profissionais da área de enfermagem traz em seu escopo uma
sobrecarga já considerada em si só, seja pela pressão ocorrida no tempo de execução
das tarefas ou na aceleração do ritmo de trabalho, uma ocorrência, na maior parte do
tempo, sob pressão (FELLI; BAPTISTA, 2015). Outrossim, as constantes mudanças
ocorridas no estilo de vida e as exigências não supridas por não reconhecimento
adequado da categoria, também a carência de mão de obra, submetem estes
trabalhadores ao duplo vínculo empregatício, ora para o complemento de renda
mensal, ora para suprir a falta de colegas, causando fadiga e, sendo que, em
situações mais sérias o trabalhador pode vir a adoecer, colocando-os em situações
entre a assistência ao paciente e o cuidado consigo.
Quanto ao aspecto psicológico, à vista dos sujeitos com vínculo ao trabalho, o
processo de adoecimento acontece diante da impossibilidade de realização do sujeito
através do trabalho como uma possibilidade sublimatória.
Freud (1978) elaborou o conceito de sublimação como a energia investida nos
impulsos sexuais direcionadas à consecução de realizações socialmente aceitáveis.
Dessa forma, o trabalho é um lugar que oferta a vivência em comunidade, um “lugar
seguro numa parte da realidade” (FREUD, 1930/1976, p.144).
Em O mal-estar na civilização, Freud (1930/1976) afirma que o ofício é uma
das maneiras de encontrar um tanto de felicidade, uma satisfação particular. No
entanto, nem todos apreciam o trabalho como caminho para a satisfação e prazer, isto
é, pode ser também uma jornada de adoecimento psíquico e sofrimento.
Perante implicações psíquicas dos profissionais de enfermagem com duplo
vínculo empregatício, esta pesquisa justifica-se e torna-se relevante frente a
necessidade de estar atento às singularidades dos sujeitos em suas relações com os
sintomas. Ainda, há que se considerar as diferentes nuances que levantam reflexões
acerca do sintoma em psicanálise. Neste sentido, o intuito desta pesquisa é ir além
do modelo médico de saúde, como possibilidade de transformar as questões
psíquicas e pensar o reconhecimento dos sujeitos a partir de suas subjetividades.
Por isso, Dunker (2011, p. 116) discorre que para “o diagnóstico não ser
entendido como classificação ou inclusão do caso em sua cláusula genérica, mas
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como reconstrução de uma forma de vida”. Para o psicanalista, deve-se diferenciar o


diagnóstico, visto a partir dos sintomas, dos demais fatores que a psicanálise
considera pertinente: o mal-estar, o sofrimento e o sintoma. Indo além das primeiras
conceituações e descobertas de Freud (1925-1926/1996), sobre inibição, sintoma e
angústia, Dunker (2015) suscita reflexão acerca das modalidades de sofrimento que
necessitam compreensão relativas às demandas contemporâneas e de modelos
médicos instituídos na saúde.
Considerando o tema proposto, este trabalho tem a finalidade de revisar
pesquisas científicas, por meio de consultas nas bases de dados, tais como: BVS,
CAPES, Google Academic, SciELO, PubMed e PePSIC, através dos descritores
“Psicanálise”, “enfermagem”, “duplo vínculo”, “duplo vínculo empregatício” e “jornada
de trabalho”. Por meio das buscas, o objetivo geral refere-se a identificar o que as
pesquisas científicas relatam acerca dos profissionais de enfermagem com duplo
vínculo empregatício e sua relação com a saúde do trabalhador. Ainda, como
propostas específicas, identificar as relações existentes entre os artigos científicos
encontrados e, descrever o olhar da psicanálise frente aos resultados.

1.1 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM

Os profissionais de enfermagem lidam diariamente com a doença e a saúde do


ser humano. Conforme o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2022), órgão
regulador da categoria profissional, eles estão comprometidos com a promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e em consonância
com os preceitos éticos e legais.
Para Bogossian (2021), os fluxos de trabalho são desenvolvidos por meio da
prática cotidiana envolvendo aspectos técnicos, administrativos e gerenciais durante
a assistência ao paciente e sua família. O fluxo de trabalho médico-hospitalar-
enfermaria é executado 24 horas, incluindo fins de semana e feriados. Em outros
termos, os profissionais devem ter conhecimentos e habilidades para garantir a
qualidade da assistência.
Segundo Almeida e Lopes (2019), os enfermeiros de saúde coletiva atuam em
diversas áreas como: cuidados pessoais; operações educativas; coordenação de
cargos técnicos em vigilância epidemiológica; operações relacionadas com a gestão
da equipe de enfermagem; participar conjuntamente no planejamento, coordenação e
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avaliação da saúde; facilitar ações educativas em consultas intermitentes com a


população; realizar visitas domiciliares e trabalhos em grupo visando à conquista da
autonomia individual na prevenção, promoção, recuperação da saúde e supervisionar
a direção de equipes multidisciplinares.
De acordo com Braghetto et al. (2019), o enfermeiro é um profissional essencial
que atua com as equipes multidisciplinares nas operações de saúde domiciliar, com
atribuições específicas no processo de trabalho. Suas atividades incluem as
necessidades espontâneas de espaços domiciliares e comunitários, educação
permanente, planejamento e gestão para qualquer faixa etária, dentre outras.
Neto et al. (2018), ao tratar do trabalho em unidades de urgência e emergência,
destacam que o enfermeiro é um profissional que pode realizar avaliações e triagem
de risco, porém, o profissional precisa ser capacitado para essa atividade, pois esse
instrumento de avaliação não faz parte de sua formação formal. Neste contexto, os
enfermeiros têm ocupado espaço e desempenhado um papel importante em muitas
áreas da saúde, seja em processo de diagnóstico, em cuidados com os usuários que
procuram os serviços de saúde e hospitalares, enfim, na sociedade.
Silva e Machado (2020, p. 2) destacam que os profissionais da área da
enfermagem: “por atuarem em várias dimensões da saúde: na assistência (muito
forte), na saúde pública, na prevenção e promoção da saúde e, ainda, presente em
todas as fases de nossas vidas - do nascer ao morrer, conferem à categoria a noção
sociológica, de essencialidade no âmbito das profissões”, ou melhor, demonstrando a
amplitude do exercício destes profissionais atualmente.
Outrossim, a formação do enfermeiro permite a ampliação do espaço de
atuação dos profissionais que operam em todos os processos e procedimentos,
incluindo administração, coordenação de planejamento etc., como estratégia de saúde
domiciliar, gestão e assistência. A enfermagem é o centro nevrálgico de qualquer
sistema de saúde. Ou seja, sem ela, o trabalho não pode continuar, como pontuado
por Silva e Machado (2020).

1.2 DUPLO VÍNCULO

Soares et al. (2021a) destacam sobre a prática da dupla jornada de trabalho e


seus desafios. Consoante aos autores, essa é uma prática comum entre os
profissionais da enfermagem que possuem mais de um vínculo empregatício e, por
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isso, enfrentam cargas de trabalho elevadas devido ao tempo que efetivamente


permanecem na jornada.
Bogossian (2021) ressalta que a jornada de trabalho deve atender aos anseios
da instituição, por outro lado, respeitando a condição física da equipe, mas isso nem
sempre é possível porque os enfermeiros costumam ter jornada dupla e trabalhar em
turnos, principalmente à noite, com escalas tipo: 12/12, ou seja, doze horas
trabalhadas para doze horas folgadas, permitindo o duplo vínculo, ou, 12/36, 12/60,
24/48, todos com o primeiro número de horas trabalhadas e o segundo de folga,
acordados entre funcionário e instituição.
Nesse contexto, Beltrame et al. (2020) ressaltam que a legislação trabalhista
permite vários empregos simultaneamente, e nesse sentido, a Consolidação das Leis
do Trabalho-CLT coloca impeditivo quando há conflito de horários, isto significa, o
segundo vínculo não deverá ser aceito pelo Ministério do Trabalho. Os funcionários
podem estabelecer relações de trabalho com outras organizações em seu tempo livre
(fora da jornada normal de trabalho). Mas, os profissionais que trabalham
simultaneamente podem representar riscos tanto para si quanto para seus
empregadores, visto que a carga de trabalho é demasiada exaustiva em qualquer
ambiente.

1.3 O ESPAÇO SUBJETIVO DO TRABALHO: UMA PERSPECTIVA DA


PSICANÁLISE

O trabalho vem garantindo a subsistência do ser humano desde que se tem


conhecimento do Homo Sapiens, ora seja rolando pedra acima, ora seja vendo a
pedra rolar morro abaixo, como no conto de Homero, Sísifo, é parte integrante da vida
das pessoas, dando identidade e propósito de vida (CORDEIRO, 2016 apud
OLIVEIRA, 2020). Igualmente, como no mito de Homero, o ser humano busca a
completude de uma tarefa, condicionado a isto, estão atreladas os valores, a
realização pessoal, a satisfação individual e coletiva, e em alguns casos, o
comprometimento da saúde do mesmo (SANTOS et al., 2021).
O trabalho pode trazer ao indivíduo sentimentos de prazer, alegria, satisfação,
felicidade e saúde (DEJOURS, 2008). No entanto, também pode ser interpretado no
contexto da exploração, alienação e depressão, argumentando que na sociedade
capitalista em que vivemos, o trabalho tornou-se objeto de evolução e acumulação de
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capital, condição do modelo capitalista e de produção, ignorando as necessidades


humanas (BELTRAME et al., 2021).
Diante disso, entende-se que o trabalho não é meramente um “espaço concreto
na vida do indivíduo, [...] trata-se também de um espaço subjetivo” (TELLES, 2006,
p.18). É neste espaço subjetivo que a psicanálise compreende o sujeito, tecendo e
compreendendo as subjetividades, como já alertava Freud através das passagens
textuais que enfatizavam a importância de se considerar as pulsões e desejos do
homem: “Não é fácil entender como pode ser possível privar de satisfação um instinto.
Não se faz isso impunemente. Se a perda não for economicamente compensada,
pode-se ficar certo de que sérios distúrbios decorrerão disso.” (FREUD, 1930/1976, p.
157).
A questão do trabalho é fundamentada por Freud (1930/1980, p. 99) como:

Nenhuma outra técnica para a conduta da vida prende o indivíduo tão


firmemente à realidade quanto à ênfase concedida ao trabalho (Arbeit), pois
esse, pelo menos, fornece-lhe um lugar seguro numa parte da realidade, na
comunidade humana. A possibilidade que esta técnica oferece de deslocar
uma grande quantidade de componentes libidinais, sejam eles narcísicos,
agressivos ou mesmo eróticos, para o trabalho profissional (Berufsarbeit) e
para os relacionamentos humanos a ele vinculados empresta-lhe um valor
que de maneira alguma está em segundo plano quando ao de que goza como
algo indispensável à preservação e justificação da existência em sociedade.

Nesta perspectiva, trabalho é uma das formas estruturantes que o ser humano
encontrou para viver em sociedade, quer isso possibilite o destino das pulsões ou
assegure ao sujeito uma posição no circuito social (MENEZES, 2010). A vida em
comunidade é marcada pelo mal-estar, já que os conflitos fazem parte da condição
humana e das relações. Assim, no ofício há um meio de realização pessoal, enquanto
há possibilidade de viabilizar a satisfação de suas pulsões. Ou seja, o trabalho implica
em atividade mental, que satisfaz as necessidades internas do sujeito (TELLES,
2006).
Dessa forma, a teoria freudiana afirma que o trabalho pode ser fonte de
satisfação pulsional (FREUD, 1930/1980). E isso ocorre, a partir da ajuda da
sublimação das pulsões, pois se o sujeito livremente escolhe o labor como satisfação,
é possível uma relação efetiva. Por isso, a noção de ofício para Freud (1905/1976)
vem acompanhado da pulsão, uma atividade mental intensa que para evitar o
desprazer tenta encontrar caminhos para a própria exigência de satisfação. Isto é, um
esforço do psiquismo para lidar com o excesso pulsional. A sublimação (um dos
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destinos da pulsão), tem um direcionamento não-sexual ou para ações socialmente


aceitáveis e valorizadas. Ela é “como uma das modalidades de defesa opostas à
descarga direta e total da pulsão” (NASIO, 1997, p. 78).
Freud (1930/1980) ainda afirma que viver requer trabalho, já que a vida é árdua
e difícil, exigindo do homem grandes habilidades. Logo, o que compreende o suporte
à vida são as medidas ou estratégias que os sujeitos encontram para suportá-la, como
possibilidade e facilidade de viver. Mas, quando a sublimação não é possível, o sujeito
adoece: “O indivíduo negocia com suas estruturas internas para lidar com a situação
de desprazer, e quando não consegue transmutar essas situações de desprazer,
inicia-se um processo de adoecimento” (NAKAGUISHI; NAKAGUISHI, 2018, p. 28).
Portanto, o trabalho é uma criação humana e, em simultâneo, uma “ocasião
para elaboração psíquica” (MENEZES, 2010, p. 204), um instrumento que se expressa
de diferentes modos para cada sujeito.

1.4 MAL-ESTAR, SOFRIMENTO E SINTOMA

A tendência contemporânea é adotar as modalidades de sofrimento como


sintomas, numa leitura de patologização dos sofrimentos. No entanto, “sofrimento não
é sintoma, e sintoma não é mal-estar” (DUNKER, 2015, p. 194).
O sintoma, para a psicanálise, se diferencia da inibição e angústia. A inibição
tem relação com a restrição que os sujeitos impõem na relação com outros ou com os
espaços simbólicos. Enquanto a angústia, comporta os sentimentos que o sujeito
reduz ao seu próprio corpo, uma espécie de medo sem nome, sem objeto. Portanto,
inibição e angústia estão ligadas ao sintoma, diferenciando-se entre si, sem definir o
sintoma ao sentido analítico do termo (DUNKER, 2015).
Existe uma diferença importante entre a psicanálise e a psiquiatria, por
exemplo, para a última, o sintoma é uma espécie de comportamento objetivado, onde
aparece o sintoma. E o objetivo médico é justamente cessar, erradicar o sintoma. Para
a psicanálise importa não somente o comportamento e a cura dos sintomas, mas a
relação que o sujeito estabelece com o seu sintoma e a compreensão do sintoma pela
via da sua função na historicidade do sujeito (DUNKER, 2015).
Ainda em relação às concepções do autor, o sintoma é uma espécie de
fragmento de verdade, algo do qual não conseguimos escutar em si, colocar em
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circulação, ou ainda, uma expressão de contradição. Há sintomas que fazem o sujeito


sofrer e há aqueles que são mais adaptadores, que conforma o sujeito à realidade.
Em relação ao mal-estar, Dunker (2015, p. 198) sugere que “é essa ausência
de lugar ou essa suspensão da possibilidade de uma escansão no ser, a
impossibilidade de ‘uma clareira’ no caminhar pela floresta da vida”. Logo, o mal-estar
fala de uma noção de posição. É uma estrutura de nomeação, numa necessidade de
localizar, numerar, ordenar.
Para entender a associação de mal-estar, Rocha (2000, p. 158) diz que:

Se o psicoterapêutico configura seu objeto em torno da noção de sofrimento


e o tratamento clínico em termos de patologias, que termo estaria reservado
para a dimensão da cura? Freud valeu-se de uma expressão muito feliz para
designar este tipo de sofrimento que não se pode nomear perfeitamente e
cuja natureza é indissociável da relação com o outro, trata-se do mal-estar
(Unbehagen). Se a noção de sofrimento sugere passividade e a noção de
patologia exprime certa atividade sobre a passividade (conforme o radical
grego pathos), a ideia de mal-estar nos remete à noção de lugar ou de
posição. Estar, de onde deriva o cognato estância, não implica agir nem sofrer
uma ação, simplesmente estar. Talvez a palavra Unbehagen derive do radical
Hag, bosque ou mata, ou seja, um lugar propício para praticar a arte de estar.
Além disso, a noção de cura associa-se com a de mal-estar na medida em
que esta remete a noções como angústia, desespero ou desamparo.

Dunker (2015) discorre sobre a noção de sofrimento que está entre o mal-estar
e o sintoma. Para ele, o sofrimento tem estrutura de narrativa, e depende de atos de
reconhecimento. E este é estabelecido a partir da relação com os outros, sejam
pessoas, instituições ou grupos comunitários. Então, a maneira como o sofrimento
circula e se inscreve nos discursos, na relação com o outro, é que transforma a
experiência de sofrimento vivida pelo sujeito.
O sofrimento também tem estrutura transitivista, atravessada pelas narrativas
– quem sofre mais, qual a história mais trágica, quem foi mais vítima etc. Essa
estrutura é definida pela indeterminação de quem é o agente ou paciente da ação
(DUNKER, 2015).
Por fim, a psicanálise propõe que cada sujeito seja escutado, demarcando suas
relações e implicações diante da palavra e do discurso:

A escuta numa perspectiva psicanalítica desses sujeitos abre espaço para


outras possibilidades de lidar com o sintoma, já que o que vai estar em jogo
não é a verdade científica, mas a verdade que cada um pode produzir acerca
daquilo que o assola. Assim, cada um traz no bojo de seu discurso um saber
inconsciente, um saber não sabido, mas que, ao ser colocado em
funcionamento, tem efeitos importantes para uma mudança de posição
subjetiva (SILVEIRA; FEITOSA; PALÁCIO, 2014, p. 31).
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A transformação do sofrimento ocorre, enquanto o sujeito fala sobre seu


sintoma ao outro, para o analista, numa relação transferencial, onde ocorre a
reatualização da relação sujeito-sintoma. É a partir da fala, que surge a possiblidade
de elaboração.
Então, o interesse da psicanálise é entender e investigar as possibilidades de
reelaborações e transformações na vida psíquica dos sujeitos, partindo do
pressuposto de que o sujeito tem diversas dimensões de compreensão, tornando-o
um ser singular. Logo, em relação aos sintomas, ao sujeito, à saúde do trabalhador e
às consequentes implicações do duplo vínculo, é importante o debate acerca dos
excessos no universo do trabalho e na saúde psíquica dos profissionais. Pois para dar
conta de tais excessos (carga de trabalho, tensões, adoecimento mental, fadiga etc.),
o sujeito necessita encontrar uma possibilidade de viver e estabelecer uma relação
saudável com o labor.

2 MÉTODO

A pesquisa caracteriza-se enquanto um estudo exploratório que se utiliza de


métodos qualitativos. Para o autor Sampieri et al. (2013) estudos exploratórios são
utilizados com o intuito de examinar um tema ou um problema onde paira muitas
dúvidas, um acréscimo de algum fenômeno que gerou preocupação com pouca
informação a respeito, ou ainda, temas com novas perspectivas.
Relativo ao método qualitativo, que explora os fenômenos em profundidade,
Sampieri, Collado e Lucio (2013) explicam que este processo é dinâmico e indagativo,
pois aprimora perguntas de pesquisa no processo de interpretação. As pesquisas
qualitativas envolvem exploração e descrição para gerar perspectivas teóricas, como
aspectos subjetivos ou significados relacionados a sujeitos de pesquisas. “É o
entendimento do significado das ações [...], principalmente dos humanos e suas
instituições” (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO; 2013, p. 34).
Tal intento se configura como sendo uma pesquisa do tipo Estado da Arte. Para
Waliman (2015, p. 51): “Quando planejamos um projeto de pesquisa, é essencial
saber o estado corrente do conhecimento no tema escolhido, ou seja, o estado da arte
de determinada área do saber, de forma que o conhecimento até então vigente seja o
pilar das descobertas futuras”.
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2.1 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

Efetuou-se a coleta e organização dos dados durante os meses de junho a


outubro, a partir da investigação nas bases científicas: BVS, CAPES, Google
Academic, SciELO, PubMed e PePSIC, compreendendo as produções dos últimos
cinco anos (2018 até 2022). Os descritores utilizados na busca por pesquisas
científicas foram: “Psicanálise”; “enfermagem”; “duplo vínculo”; ”duplo vínculo
empregatício”; “jornada de trabalho”. Foram utilizadas as combinações pertinentes
entre os descritores citados em cada base de dados utilizando o operador booleano
“and” para a busca dos artigos.
Agregaram-se os artigos a partir dos seguintes critérios: pesquisas publicadas
entre os anos de 2018 até 2022; trabalhos com o acesso na íntegra; publicados nos
idiomas português, inglês e/ou espanhol; artigos que relacionaram os profissionais de
enfermagem ao contexto das jornadas de trabalho.
O processo de preparo e análise dos dados realizaram-se por correlações entre
os dados apresentados nos estudos. O levantamento das convergências foi elaborado
conforme semelhanças e divergências entre os resultados e conclusões dos autores
das pesquisas, seguindo os critérios de inclusão.
Elaborou-se a análise e a interpretação dos resultados de forma descritiva,
apresentadas conforme os objetivos propostos desta pesquisa. Ademais, a fim de
descrever o olhar psicanalítico acerca dos dados, buscou-se referenciais teóricos e
conceitos que atingissem os objetivos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os dados encontrados nestes estudos foram organizados a partir das


suas semelhanças e diferenças. A técnica utilizada para a análise foi por relevância
dos resultados e conclusões dos autores das pesquisas escolhidas. A partir disso, foi
possível elencar os artigos (tabela 1) com os respectivos autores/ano e a base de
dados de cada estudo. Após a correlação dos principais resultados e conclusões dos
autores pesquisados, segue-se a visão psicanalítica conforme os referenciais teóricos
pertinentes.
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Tabela 1 – Estudos relativos a profissionais de enfermagem com vínculos


empregatícios
Autores/Ano Base de dados Título

Santos et al. (2022) BVS Síndrome de Burnout entre


Profissionais de Enfermagem

Silva et al. (2022) SciELO; BVS; CAPES: Qualidade do Sono, Variáveis


Pessoais e Laborais e Hábitos de
Google Academic
Vida de Enfermeiros Hospitalares

Ferreira; Alencar (2021) CAPES; Google academic O Sofrimento Psíquico de


Profissionais de Enfermagem no
Cotidiano Laboral

Soares et al. (2021a) SciELO; BVS; CAPES Dupla Jornada de Trabalho na


Enfermagem: Dificuldades
Enfrentadas no Mercado de
Trabalho e Cotidiano Laboral

Soares et al. (2021b) SciELO; BVS; CAPES Dupla Jornada de Trabalho na


Enfermagem: Paradigma da
Prosperidade ou Reflexo do
Modelo Neoliberal?

Feldhaus et al. (2020) Google academic Absenteísmo na Equipe de


Enfermagem Intensivista:
Contribuições da Literatura
Brasileira

Rodrigues; Castilho (2020) Google academic Doenças Psicológicas que Afetam


Enfermeiros por Excesso de
Trabalho

Santos et al. (2020) SciELO; CAPES Perfil da Equipe de Enfermagem


de Unidades Ambulatoriais

Bardaquim, et al. (2019) CAPES; Reflexão sobre as Condições de


Trabalho da Enfermagem:
Google Academic
Subsídio às 30 Horas de Trabalho

Bezerra et al. (2019) BVS; Google Academic Prevalência do Estresse e


Síndrome de Burnout em
Enfermeiros no Trabalho
Hospitalar em Turnos

Muniz; Andrade; Santos Google academic A Saúde do Enfermeiro com a


(2019) Sobrecarga de Trabalho

Oliveira; Silva; Lima (2018 SciELO Carga Semanal de Trabalho para


Enfermeiros no Brasil: Desafios
ao Exercício da Profissão

Soares et al. (2018) BVS; Google Academic Sonolência Diurna Excessiva


entre Profissionais de
Enfermagem
Fonte: Identificação das pesquisas nas bases de dados – recorte de 2018 a 2022, realizada pela autora,
2022.
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A tabela 1 representa a amostra resultante em 13 artigos para composição


desta pesquisa, sendo prevalentes as publicações ocorridas nos anos de 2021(3);
2020 (3); 2019 (3); 2022(2); 2018(2). Os artigos selecionados tiveram ocorrência em
tais bases científicas: BVS; CAPES; Google Academic, SciELO.
Todos os estudos abordam o vínculo empregatício ou as jornadas de trabalho
dos profissionais de enfermagem. As metodologias utilizadas nos estudos variam
entre revisões bibliográficas, questionários e entrevistas à campo.
Cabe inferir ainda que um dos critérios para a discussão aqui estabelecida se
refere a relação que seus autores estabeleceram entre o vínculo empregatício e a
saúde do trabalhador.
As pesquisas relatam que as maiores chances de sofrimento psíquico
estiveram entre a maioria das mulheres enfermeiras (participantes do estudo), e
que isso se deve aos fatores de risco (geralmente estressores) existentes no ambiente
de trabalho (BARDAQUIM et al., 2019; BEZERRA et al., 2019; CASTILHO, 2020;
FERREIRA; ALENCAR, 2021; OLIVEIRA; SILVA; LIMA, 2018; RODRIGUES;
SOARES et al., 2018; SOARES et al., 2021a).
Outros estudos também resultam no predomínio de mulheres com prejuízos em
relação às suas jornadas na enfermagem: a má qualidade do sono como
consequência da dupla jornada de trabalho, já que os horários de sono se tornam
irregulares, mesmo com turnos fixos ou não nos vínculos de trabalho (SILVA et al.,
2022; SOARES et al., 2018).
Ainda, em outra pesquisa recente de Santos et al. (2022), foram apontadas as
altas incidências de Síndrome de Burnout em profissionais da enfermagem no sexo
feminino: verificaram-se mulheres com menor tempo de formação e atuação em suas
unidades (urgência ou atenção primária), com duplo vínculo empregatício e altas
demandas de trabalho com baixo apoio social.
Considerando as consequências devido às condições de trabalho dos
profissionais de enfermagem, os estudos demarcam comprometimentos diversos:
negatividade, restrições, sofrimento (SOARES et al., 2021a); insatisfações,
riscos, danos, inseguranças, adoecimentos no trabalho (BARDAQUIM et al.,
2019; SANTOS et. al., 2020); interesse em abandonar a profissão (BARDAQUIM et
al., 2019); dores no corpo, esgotamento emocional (MUNIZ; ANDRADE; SANTOS,
2019); má qualidade do sono (SILVA et al., 2022; SOARES et al., 2018; SOARES et
14

al., 2021a); distração, comportamento automático, lapsos involuntários de sono


e amnésia (SOARES et al., 2018); absenteísmo (FELDHAUS et al., 2020; MUNIZ;
ANDRADE; SANTOS, 2019); falhas ou transtornos no cuidado aos
pacientes/população assistida (BARDAQUIM et al., 2019; BEZERRA et al., 2019;
FERREIRA; ALENCAR, 2021; MUNIZ; ANDRADE; SANTOS, 2019; SOARES et al.,
2018); sofrimento psíquico (BARDAQUIM et al., 2019; FERREIRA; ALENCAR,
2021; MUNIZ; ANDRADE; SANTOS, 2019); escassez da vida social, má
alimentação (SOARES et al., 2021a); redução da qualidade de vida (BEZERRA et
al., 2019).
Dentre os diagnósticos médicos que afetam os profissionais de
enfermagem destacam-se: o estresse, as doenças osteoarticulares, varizes, colesterol
alto (SANTOS et al., 2020); síndrome de Burnout (BEZERRA et al., 2019;
RODRIGUES; CASTILHO, 2020; SOARES et al., 2018; FERREIRA; ALENCAR,
2021); sobrepeso/obesidade (SOARES et al., 2018); transtornos ou distúrbios
psicológicos, como a depressão e o transtorno de ansiedade generalizada
(FERREIRA; ALENCAR, 2021); doença respiratória crônica e diabete mellitus
(SANTOS et. al., 2020).
Aos fatores que influenciaram o aparecimento das doenças psicológicas
em enfermeiros: a elevada carga horária semanal, questões organizacionais das
instituições em que os profissionais estão inseridos, má condições de trabalho e
relações interpessoais para com a equipe multidisciplinar (OLIVEIRA; SILVA; LIMA,
2018; RODRIGUES; CASTILHO, 2020; SOARES et al., 2021a); insalubridade,
sofrimento alheio, dor e/ou situações difíceis de ser superadas, enfrentamento de
sequelas graves e/ou óbitos de pacientes, condições desfavoráveis de trabalho e
baixa remuneração (FERREIRA; ALENCAR, 2021; MUNIZ; ANDRADE; SANTOS,
2019); estresse ocupacional, elevado grau de responsabilidades e cobranças, falta
de autonomia, recursos materiais e humanos (BARDAQUIM et al., 2019); pouca
valorização (OLIVEIRA; SILVA; LIMA, 2018).
Alguns estudos identificam os motivos relatados pelos trabalhadores de
enfermagem (participantes das pesquisas) ao adotarem duplo vínculo
empregatício: desvalorização da categoria, os baixos salários, a falta de piso salarial
digno, fragilidade dos vínculos de trabalho (informais e instáveis), a incerteza da
permanência no trabalho, quadros de desemprego, escassez de engajamento político
da enfermagem em lutar por melhores condições salariais e prática cultural do
15

multiemprego (OLIVEIRA; SILVA; LIMA, 2018; SOARES, et al., 2021a; SOARES et


al., 2021b).
Tais motivos dos duplos vínculos dos profissionais de enfermagem estão
relacionados às necessidades e desejos: por melhores condições de vida aos
filhos, sustento familiar, aquisição de bens materiais e aquisição de conhecimento na
formação profissional (SOARES et al., 2021b).
Contemplando as relações dos autores quanto às conclusões dos estudos:
Santos et al. (2022) afirmam ser preciso elaborar estratégias de promoção à saúde
para os profissionais da enfermagem, com fins de diminuir o estresse físico, psíquico
e emocional. Corroborando com a importância de mitigar danos à saúde por meio de
medidas preventivas, Silva et al. (2022) confirmam a necessidade de monitorar tais
sujeitos, especificamente àqueles que trabalham em turnos. Tais autores citados
visam o favorecimento de maior qualidade de vida dos profissionais enfermeiros como
consequência para maior segurança ao desenvolvimento dos serviços prestados na
área.
Para Soares et al. (2021a), a categoria profissional da enfermagem e suas
entidades de classe devem buscar fortalecimento político, mobilização e resistência
em relação ao modelo neoliberal, com fins de resgate aos direitos dos trabalhadores
em seus papeis sociais (respeito, dignidade, valorização, autonomia e saúde). Ao
fortalecimento da classe trabalhadora, Soares et al. (2021b) também acreditam na
contribuição da construção de políticas públicas que valorizem e protejam os
profissionais de enfermagem. Ainda nessa perspectiva, Santos et al. (2020)
compreendem que as políticas públicas contribuem tanto para a saúde dos
profissionais de enfermagem quanto para a dos usuários, já que a saúde dos
trabalhadores também afeta o modo de assistência às pessoas.
Oliveira, Silva e Lima (2018) afirmam que a diminuição da excessiva carga dos
trabalhadores de enfermagem pode resultar em ganhos sociais e prestação de
cuidados seguros e de qualidade. Rodrigues e Castilho (2020) são semelhantes nas
conclusões quanto à carga excessiva de trabalho que afeta a saúde mental dos
profissionais e a qualidade do serviço prestado. Além de encontrarem evidências
quanto o predomínio de estresse e a síndrome de Burnout. No entanto, os resultados
diferem quanto aos achados de ansiedade e depressão, quando comparados aos
estudos de Ferreira e Alencar (2021), com prevalência de transtornos de ansiedade
16

e depressão. Assim, demonstra-se a importância de avaliar e aprofundar pesquisas


nesse sentido.
Soares et al. (2018), enfatizam a prevenção de adoecimentos quanto do ciclo
sono-vigília, pois, o sono prejudicado interfere na assistência prestada aos pacientes.
Os autores verificam a ocorrência de sonolência excessiva entre os profissionais de
enfermagem, um indicativo de exposição ao risco ocupacional.
Bezerra et al. (2019) demonstram que existem medidas que possibilitam a
minimização dos fatores desencadeantes do estresse: diminuição da carga horária,
maior número de pessoa, revisão de valores de remuneração, incentivo, valorização
e reconhecimento dos empregados, atividades físicas, rodas de conversa e de
relaxamento e ginástica laboral, desenvolvidos pelas instituições de saúde do
trabalhador.
Já Ferreira e Alencar (2021) acreditam que medidas preventivas das
instituições de saúde para com os trabalhadores auxiliam para diminuir ou evitar a
progressão do adoecimento. Mas, que ainda são necessárias mais pesquisas para
contribuir na organização das prevenções.
Bardaquim et al. (2019) discorrem sobre as condições laborais inadequadas
como problemas repercutidos negativamente aos anseios da categoria profissional de
enfermagem, como já abordado neste trabalho. Os autores concordam que a
diminuição da carga horária não somente representa o reconhecimento e a
valorização dos profissionais, mas o direito deles.
Para Muniz, Andrade e Santos (2019) os diversos comprometimentos devido
ao excesso da jornada de trabalho requerem tratamento e prevenção, que devem ser
encarados como um problema coletivo e não individual. Ainda, as condições de
trabalho desses profissionais acarretam grandes motivadores a erros de enfermagem
e adoecimento.
Os achados possibilitam a percepção dos profissionais de enfermagem com
duplo vínculo empregatício, sendo que os objetivos dos estudos vão ao encontro de:
apontar as consequências corporais, mentais e de relação de trabalho nas equipes de
saúde; identificar os anseios e necessidades da categoria profissional; elencar as
motivações que levam os profissionais a adotarem mais de um vínculo empregatício.
Além disso, as pesquisas entendem a necessidade de prevenir, tratar e
promover melhorias das condições de trabalho, quanto a carga horária compreendida
como excessiva e abusiva à saúde psíquica dos sujeitos enfermeiros. Ainda, outros
17

fatores quanto ao aparecimento dessas consequências das condições de trabalho –


questões físicas, emocionais e psíquicas, são marcados como preocupações quanto
à qualidade de vida dos profissionais e compreensão dos fatores que influenciam no
aparecimento de adoecimentos.
As consequências das condições de trabalho e as doenças relatadas nas
pesquisas confirmam o modelo médico de saúde de diagnósticos a partir de
sintomas/patologias. O que implica à psicanálise, não é somente as questões
comportamentais ou aparentes relatados pelas pesquisas, mas o entendimento mais
profundo, por exemplo, de alguns fatores relatados pelos pesquisados: sofrimento
SOARES et al., 2021a); insatisfações (BARDAQUIM et al., 2019; SANTOS et. al.,
2020); esgotamento emocional (MUNIZ; ANDRADE; SANTOS, 2019) e sofrimento
psíquico (BARDAQUIM et al., 2019; FERREIRA; ALENCAR, 2021; MUNIZ;
ANDRADE; SANTOS, 2019).
A psicanálise também compreende a importância da relação sujeito-trabalho
implicada não apenas em ganhos materiais e/ou econômicos, mas as relações com o
outro e as razões que escapam à consciência:

O indivíduo está ligado à organização hipermoderna não apenas por laços


materiais e morais, por vantagens econômicas e satisfações ideológicas que
ela lhe proporciona, mas também por laços psicológicos. A estrutura
inconsciente de seus impulsos e de seus sistemas de defesa é ao mesmo
tempo modelada pela organização e se enxerta nela, de tal forma que o
indivíduo reproduz a organização, não apenas por motivos racionais, mas por
razões mais profundas, que escapam à consciência (PAGÉS et al, 1987, p.
144).

Assim, nos estudos de Rodrigues e Castilho (2020, p. 15682), encontra-se a


compreensão da procura por “terapêutica”, a partir dos sintomas iniciais, como forma
do próprio profissional saber identificar para quebrar um padrão de repetição e tratar
as questões subjetivas de forma mais elaborativa. Ainda assim, são raros os estudos
que considerem a intervenção de profissionais de psicologia ou de psicanalistas como
necessidade e pertinência.
Os estudos encontrados discorrem sobre amenizar ou cessar questões físicas,
emocionais e psicológicas. No entanto, não se encontra uma reflexão sobre a
importância da eficácia que os tratamentos de intervenção em saúde mental teriam
na vida dos sujeitos.
Em relação às satisfações e prazeres dos profissionais ligados às jornadas de
trabalho, os estudos demonstram uma escassez desses fatores nas entrevistas com
18

os sujeitos pesquisados. Os estudos que realizaram entrevistas em seus métodos de


coleta, investigaram questões aparentes/comportamentais a partir de diagnósticos e
sinais de transtornos, seguindo modelos médicos de saúde. Ou seja, pouco se fala
em investigações de questões inconscientes ou mais profundas, como compreender
a historicidade dos sujeitos ou a própria relação que os profissionais têm com seus
sintomas, sofrimentos ou mal-estar.
Para pensar a sublimação das pulsões, os resultados dos estudos demarcam
a insatisfação dos sujeitos pesquisados em relação ao trabalho. Ou seja, há a
possibilidade de uma relação sujeito-trabalho pouco ou nada efetiva, muito por conta
dos fatores institucionais e de relações nas jornadas de trabalho - o aparecimento
“das situações de desprazer” (NAKAGUISHI; NAKAGUISHI, 2018, p. 28).
Para a psicanálise, há importância em considerar as pulsões e desejos
humanos (FREUD, 1930/1976). Para isso, quando há insatisfação, ou mesmo a
repressão dos desejos do sujeito, é preciso compreender a própria lógica constituída
no psiquismo do sujeito em seu contexto.
Diante das satisfações, Nakaguishi e Nakaguishi (2018, p. 31) enfatiza que “o
momento de trabalho deve ser uma escolha para o trabalhador exercendo as
atividades que sente prazer e lhe proporcione satisfação, e lhe traga uma identidade”.
Já que o trabalhador passa a maioria do seu tempo dentro das instituições, é
importante que as condições das jornadas sejam mais motivadoras ou que, ao menos,
favoreçam motivações aos sujeitos. Para tanto, a importância de conhecer os desejos
e necessidades dos profissionais de enfermagem contribuem para a vida do sujeito e
a sua relação com o trabalho (NAKAGUISHI; NAKAGUISHI, 2018).
Por fim, diante dos dados apresentados acerca dos profissionais de
enfermagem com duplo vínculo empregatício, é importante estar atento às
singularidades dos sujeitos, na medida em que, a relação deles com os sintomas e
outras implicações psíquicas mais profundas, são fontes de debate e investigações
para a psicanálise na compreensão do ser humano. Isto é, reconhecer o sujeito a partir
de seus desejos, anseios e necessidades.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados, foi possível identificar o que as pesquisas científicas


relatam acerca dos profissionais de enfermagem com duplo vínculo empregatício;
19

identificar as relações existentes entre os artigos selecionados nas bases de dados; e


descrever o olhar da psicanálise frente aos dados, conforme os referenciais teóricos
e conceitos psicanalíticos.
Diante da ocorrência de pesquisas no período de 2018 até 2022, os dados
permitem verificar que o tema de profissionais de enfermagem com duplo vínculo
empregatício é bastante demarcado pelas questões de adoecimento e acometimentos
físicos, emocionais e psicológicos. No entanto, é escassa a discussão das questões
mais profundas que envolvem as reflexões psicanalíticas, ou mesmo, que suscitem
compreensões das peculiaridades humanas.
Em relação aos serviços prestados pelos sujeitos profissionais, no cuidado aos
pacientes, com relação direta ao trabalho e uma das exigências realizadas pelas
instituições de saúde, é preciso estar atento, pois a finalidade das medidas
preventivas e estratégias de saúde deve caminhar numa direção que respeite e
resguarde as subjetividades dos profissionais de enfermagem. Isto quer dizer, as
necessidades e desejos das instituições de saúde não podem estar acima das
necessidades e desejos dos sujeitos que trabalham nas instituições.
Em relação às demandas e exigências institucionais, é preciso uma postura
crítica para pensar as expressões dos sentimentos e emoções em espaços de
trabalho. Pois para escutar o sofrimento no trabalho, as instituições e sua gestão não
devem seguir um modelo robótico, opressor e desumanizante.
Nesta perspectiva, é imprescindível pensar os modos de trabalho das
instituições, pois os resultados demonstram que os fatores de insatisfação (condições
do trabalho, fatores desencadeantes de prejuízos na saúde e motivações ao duplo
vínculo), vão de encontro às possibilidades de realização pessoal e/ou profissional,
visto que o ofício ou a atividade profissional é um modo de estar e circular no mundo,
convivendo em sociedade.
Entende-se que o papel de investigação das questões inconscientes, ou
relações mais profundas acerca das experiências de vida dos sujeitos, cabe ao sujeito
e analista, numa relação transferencial de trabalho analítico. No entanto, o olhar e a
compreensão profunda das instituições de saúde ou mesmo dos próprios profissionais
de enfermagem, seria de grande valia para que as necessidades e desejos mútuo
pudessem encontrar um caminho com maior qualidade de vida e de transformação da
relação sujeito-trabalho-instituição.
20

Esta pesquisa não tem a pretensão de generalizar os resultados ou determinar


nenhuma espécie de conclusão. O intuito é contribuir de forma reflexiva, ao passo de
compreendermos o sujeito a partir de suas relações e subjetividades que o tornam
único e, responsável pelas suas próprias implicações na vida. A psicanálise não exclui
as questões externas ou influências ambientais, culturais, políticas e/ou sociais, ao
contrário, compreende-se que todos os fatores entram em cena na vida psíquica dos
sujeitos.
Portanto, a perspectiva psicanalítica enfatiza a transformação da posição
subjetiva do sujeito, a partir da escuta e do saber inconsciente, como possibilidade
para o sujeito lidar com seus sintomas e reelaborar o que o acomete. Esta é uma
aposta como possibilidade da escuta psicanalítica e de transformações em modos de
vida, e não como um modelo interventivo nas instituições de saúde.

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