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RELATÓRIO
A União alega que houve negativa de vigência, por parte do acórdão recorrido, aos arts.
259 e seguintes, 282, inciso V, e 284, todos do Código de Processo Civil-CPC. Sustenta a possibilidade
do juiz requisitar ex officio a alteração do valor da causa e, caso a parte autora quede inerte, extinguir
o processo sem julgamento do mérito, com fulcro no art. 267 do CPC.
Por fim, aduz divergência jurisprudencial e defende a reforma do acórdão a quo para
manter a sentença de 1º grau.
Nas contra-razões o recorrido afirma que, por ser de direito e merecido, o acórdão a quo
deve prevalecer.
É o relatório.
EMENTA
VOTO
Ab initio, cumpre observar que a redação do art. 261 e de seu parágrafo único levam à
conclusão de que o valor da causa ponderado pelo autor na petição inicial (art. 282, V, do CPC)
somente pode ser alterado quando impugnado na contestação pela parte contrária. Confira-se a
literalidade do dispositivo legal sobredito:
Todavia, diante das conseqüências que o valor da causa acarreta no andamento do feito, já
que é fator determinante do rito a ser seguido, esta Corte vem admitindo que o magistrado determine ex
officio sua alteração nas hipóteses em que estiver em patente desacordo com o real valor do bem
jurídico demandado, a fim de evitar burlas ao erário e às normas do procedimento.
No despacho em que ordena ao autor a alteração do valor da causa, assim consigna o juiz
de 1ª instância:
Inobstante o despacho acima transcrito, inclusive reiterado, a parte autora quedou-se inerte
e não alterou o valor da causa. Cabe ao magistrado agir de tal forma quando perceber evidente
discordância entre os valores supracitados, uma vez que as normas referentes ao valor da causa são de
ordem pública, devendo, portanto, requerer de ofício sua modificação.
Neste REsp nº 55.288, o Min. Castro Filho assim assevera em seu voto:
O Tribunal a quo entendeu que não pode o magistrado determinar de ofício alteração no
valor da causa, cabendo-lhe aguardar a impugnação da parte contrária. Como se vê, tal entendimento
colide com a jurisprudência desta Corte, não obstante o prolator do voto na instância ordinária seja uma
das mais autorizados doutrinadores do processo civil, o Desembargador Federal J. E. Carreira Alvim.
É como voto.