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- PRELIMINARMENTE
- DA INCOMPETENCIA ABSOLUTA
Primeiramente, vem informar a douta Magistrada que esse juízo é incompetente para
dirimir o mérito dessa ação indenizatória, isto porque, extrai-se que foi declarado na
exordial pela Autora que o valor da causa é de R$ 37.318,58 (Trinta e sete mil trezentos e
dezoito reais e cinquenta e oito centavos), o que está equivocado, pois, o objeto da lide são
os quatro contratos realizados com a Demandada e sua parceira Imobiliária LTDA, sendo
eles conforme demonstrado com o print da exordial e Tabela 01 abaixo:
Tabela 01 - Do valor dos contratos aquisitivos
Data da
Qt. Nº Descrição Valor
1 712
Aquisição
02/10/2014 Chácara nº 01 da Quadra D R$ 52.668,00
2
2 712 27/10/2014 Chácara nº 04 da Quadra D R$ 52.668,00
3 226 01/02/2016 Chácara nº 04 da Quadra D na Rua 03 R$ 52.668,00
4 747 30/08/2016 Chácara nº 07 da Quadra N na Rua 11 R$ 76.112,00
TOTAL R$ 234.116,00
Fonte - Petição inicial + Contratos jungidos
- DA TEMPESTIVIDADE
A carta de citação e intimação – Audiência de Conciliação recebida pelos Demandados,
instrui que a contestação deverá ser apresentada na própria audiência de conciliação
previamente agendada para 19/09/2019, o que como se pode ver foi prontamente
cumprido.
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STJ - Acórdão Rms 56678 / Rj, Relator (a): Min. Paulo de Tarso San Severino, data de julgamento: 17/04/2018, data de publicação:
11/05/2018, 3ª Turma.
contrato vigente, onde a Demandada era a administradora exclusiva conforme
determinado em contrato de parceria acostado.
O objeto da ação deve ser julgado improcedente porque não cabe responsabilização à
Demandada, visto que, não foi essa quem deu causa a toda a problemática alegada pela
Autora, que não incluiu no polo passivo da presente ação a empresa proprietária, o que
deve ser feito, visto que é a LTDA que está no polo ativo dos contratos de compra e venda,
bem como renegociou as parcelas inadimplentes diretamente com a mesma. De toda feita,
o valor que foi renegociado junto a Demandada não se trata de golpe, nem tampouco, agiu
ardilosamente, como afirmado pela mesma, afinal, a Demandada estava apenas exercendo
seus direitos instituídos em contrato, renegociando as parcelas inadimplentes, antes da
decisão de tutela provisória que usurpou a administração dessa que até então instituída
em cartório era exclusiva, o que deixará de ser, diante dos efeitos da decisão.
Ainda, cabe salientar que a Demandada tem um crédito de mais de um milhão de reais
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com a sócia parceira LTDA, que está sendo discutido em sede ordinária, nos tantos
processos que estão em trâmite nessa Comarca, sendo que esse processo não pode ser
julgado em sede de Juizado Especial, tanto pelo valor da causa imputado aos contratos,
bem como diante da complexidade que envolve a lide entre eles. É nítido que a Autora é
vítima das diferenças entre as empresas envolvidas, porém, não se pode impor uma
condenação apenas a uma dessas, no caso a, ora única Demandada, sendo que a outra tem
responsabilidade solidária acerca de qualquer comportamento ilícito que permeia o
projeto, diante do motivo de ter dado causa a esses tantos problemas envolvendo terceiros
de boa-fé, deve ser incluída no polo passivo de todas as ações que envolver questões
contratuais desse empreendimento, e também por ser a Demandada inocente, tem-se a
necessidade de dilação probatória ordinária a fim de apurar a culpa por parte das partes
envolvidas.
Com relação as posturas adotadas pela Demandada, em nenhuma delas cometeu crime,
visto que todo o comportamento acerca da inadimplência por parte da Autora, e
cobrança, e renegociação, estava respaldada em sede contratual, que ainda está vigente,
em cláusula específica. Quanto aos cheques não poderão ser devolvidos no presente
momento, diante do fato de que aos 8 cheques que foram sustados precisam ser retirados
da agencia ou resgatados com terceiros, necessitam de quantia disponível para fazê-lo, e a
Demandada não está recebendo nada acerca dos créditos que tem desse
empreendimento, e precisa aguardar a resolução do impasse principal, visto aos muitos
prejuízos que também vem sofrendo.
De forma genérica, vem impugnar todos os fatos alegados pela Autora, sendo que as
alegações que não foram impugnadas nesse momento, serão utilizadas todos os outros
meios admitidos em direito, em principal serão produzidas nos termos do artigo 33 da Lei
9.099/95.
Pois bem.
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- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Como se pode ver, a Autora não incluiu no polo passivo da ação a empresa Ltda., a fim de
responder por seus atos, visto que há a configuração de litisconsórcio necessário passivo
notório, que envolve os contratos, afinal, a empresa Ltda. consta no polo ativo dos
contratos de compra e venda apresentados pela Autora, e não consta a Demandada, daí
ser relevante para o presente a inclusão da mesma, afinal, recebeu os valores da
renegociação por meio da devolução de dois lotes diretamente para aquela, e não para a
Demandada, sendo que recebera o valor aqui discutido, isentando essa de qualquer
responsabilidade por devolução de valores, sendo a LTDA que deve repassar a cota-parte
da renegociação.
Ainda, diante da limitação das matérias dos juizados em se utilizar o instituto da
intervenção de terceiros, no presente caso se tem a necessidade de incluir aquela por meio
do chamamento ao processo, visto que o litisconsórcio não foi configurado no momento da
interposição, mais um motivo para que se esse processo não for arquivado sem resolução
do mérito, conforme fundamentado no item 1.1 das preliminares, requer seja esse
remetido às vias ordinárias, com o apensamento à ação de resolução processual, bem
como seja chamado ao processo a empresa LTDA para compor o litisconsórcio passivo
necessário da presente demanda, por conta da própria natureza da relação jurídica
complexa que envolve as partes.
O litisconsórcio necessário está ligado diretamente à
indispensabilidade da integração do polo passivo da relação
processual por todos os sujeitos, seja por conta da própria natureza
da relação jurídica discutida (unitariedade), seja por imperativo
legal. A necessariedade atua, por isso, na formação do litisconsórcio
e nisso, repise- se, difere da unitariedade, vez que esta pressupõe 7
um litisconsórcio já formado. O litisconsórcio necessário revela
casos de legitimação ad causam conjunta ou complexa. 2A noção de
litisconsórcio facultativo retira-se por exclusão àde litisconsórcio
necessário. Facultativo é o litisconsórcio que pode ou não se
formar. Trata-se do litisconsórcio cuja formação fica a critério dos
litigantes. Como perdão pelo truísmo: o litisconsórcio era
facultativo quando não for necessário. A dificuldade está na
identificação de quando o litisconsórcio é necessário. O art. 114 do
CPC regula a questão. Vamos examiná-lo nos próximos itens.3
Como se pode ver, a Autora realizou distrato junto a empresa que está ausente no polo
passivo da ação, essa por sua vez, recebera dois lotes de volta para fins de realizar novas
vendas, dando quitação das parcelas atrasadas, visto que estando inadimplente, escolheu
resolver diretamente perante aquela a fim de manter o negócio. Agora, em nenhum
momento a Demandada se aproveitou da ignorância da consumidora, até porque a mesma
não se mostrou ignorante em nenhum momento, até na hora de realizar o distrato, e se
isentar da inadimplência configurada, e com objetivos manifestos de que foi lesada por
essa Demandada, não sendo, se foi lesada foi única e exclusivamente pela empresa Ltda.
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Ora, Excelência, em nenhum momento vê-se pratica abusiva por parte da Demandada,
caso tenha havido, após a análise da culpa, deve-se condená-la nos limites de seus atos,
incluindo de forma solidária a empresa LTDA, por ter sido a causadora de todos os
dissabores imputados à Autora, e a Demandada por não ser infringente de nenhum dos
casos elencados no artigo 39 do CDC.
A Demandada também não é a responsável por reparar o prejuízo que a Autora alega que
obteve, afinal, em análise simples, afinal, nesse caso, a empresa Ltda., sempre foi
concorrente com a Demandada como ‘fornecedora de serviços’, uma vez que sempre
recebeu os pagamentos das parcelas diretamente em sua conta pessoal, e também atuava
e atua usurpando a administração exclusiva da Demandada, que não nunca teve atuação
independente, conclui-se que há um defeito crasso nessa relação contratual, daí que a
responsabilidade da Demandada deve ser apurada por exceção à regra geral, de forma
subjetiva, considerando as excludentes de responsabilidade, com fulcro no § 3º do Artigo
14 do CDC, afinal, a culpa é exclusiva de terceiro, no caso, a empresa LTDA, que usurpou a
atuação da Demandada antes de forma ilícita e após o deferimento da tutela antecipada
provisória, de forma legal.
A Demandada tem um contrato vigente, com direitos aos recebimentos das parcelas, que
foi diretamente usurpado com argumentos caluniosos, sendo que esses respingos dos
impasses afetaram a Autora, e tantos outros consumidores, que não é segredo nesse juízo
as tantas ações envolvendo a mesma lide, tanto que esses ingressaram em juízo com ações
com procuradores diferentes a fim de solucionarem em sede judicial, exclusivamente.
Portanto, requer seja afastada qualquer condenação por danos materiais e morais, visto
que o constrangimento da Autora não foi causado por parte da Demandada, e sim, pela
LTDA, responsável solidária.
O que não está configurado por ato da Demandada, visto que agiu por meio de garantias
contratuais vigentes, a que lhe eram imputadas, não podendo ser classificado como
enriquecimento sem justa causa, afinal, há uma justa causa para o recebimento das
quantias as quais foram recebidas, e deverá ser abatida no crédito da Demandada com
àquela outra que não está inserida no polo passivo da ação, qual seja, a LTDA.
- DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
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http://www.arcos.org.br/artigos/o-principio-do-enriquecimento-sem-causa-e-seu-regramento-dogmatico/ .
Requer desde já seja reconhecida por esse juízo, caso haja alguma condenação, a
responsabilidade solidária das duas empresas, devendo-se apurar a responsabilidade civil
contratual da Demandada e da LTDA, visto que, está configurado a falta de cumprimento
de obrigações contratuais por inadimplemento de uma para com a outra, resultante de ato
negocial, por força dos artigos 389 a 416, do CC, que desencadearam a problematização
com a Autora. Trata-se de responsabilidade complexa, que somente pode ser apurada em
vias ordinárias, como já falado e provado anteriormente, é o que expõe o julgado abaixo
cujo contexto é o mesmo:
b) Caso não seja o entendimento de Vossa Excelência para arquivar o processo nos
moldes da alínea a, receber a presente peça contestatória, com fundamento nos artigos
335 a 342 do Código de Processo Civil, tempestivamente, afastado, portanto, a pena da
revelia e confissão, por parte da Ré, remetendo o presente às vias ordinárias e apensado
aos autos principais de Ação de Resolução Contratual que foi interposta pela parceira
contratante da Demandada (processo nº XXXXXXXXXXXXX), sendo essa incluída no polo
passivo da ação por configuração do litisconsórcio passivo necessário, por conta da própria
natureza da relação jurídica complexa que envolve as partes;
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TST - Acórdão Airr - 269-51.2014.5.18.0251, Relator(a): Min. Roberto Nobrega de Almeida Filho, data de julgamento: 08/11/2017, data
de publicação: 10/11/2017, 7ª Turma.
c) No mérito, seja julgada improcedente a presente ação, isentando a Demandada de
qualquer pagamento indenizatório provenientes de danos morais ou materiais acerca
desse objeto, afastando o enriquecimento ilícito, e abusividade de práticas, sendo
condicionado a devolução dos cheques ao recebimento do crédito que a Demandada tem
para com a LTDA que passa a mais de um milhão de reais, afastando qualquer
responsabilidade solidária, remetendo única e exclusivamente à empresa já inclusa no polo
passivo por força da decisão do evento 04;
(Assinado digitalmente)
Sanmatta Raryne Souza
Advogada – OAB/GO nº 42.261
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