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EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUIZA DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO DA

COMARCA DE MUNICÍPIO – UF.

Número do processo: XXXXXXXXXX


(Preliminares do Art. 337 inclusas)

NOME DA EMPRESA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob


XX.XXX.XXX/0001-XX, sediada no (endereço completo), regularmente representada por seu
Diretor Presidente NOME COMPLETO DO SÓCIO, nacionalidade, profissão, nascido em
XX/XX/XXXX, filho de (Nome do pai) e de (Nome da Mãe), portador do documento de
identidade RG sob o nº XXXXXXX SSP/UF e inscrito no CPF/MF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX,
1
endereço eletrônico: endereço eletrônico: nomecompletodosocio@gmail.com, residente e
domiciliado na Rua L, Qd. XX, Lt. XX, Bairro, Município – UF, CEP: XXXXX-000; e NOME DA
EMPRESA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob XX.XXX.XXX/0001-
XX, sediada no (endereço completo), regularmente representada por seu Diretor
Presidente NOME COMPLETO DO SÓCIO, nacionalidade, profissão, nascido em
XX/XX/XXXX, filho de (Nome do pai) e de (Nome da Mãe), portador do documento de
identidade RG sob o nº XXXXXXX SSP/UF e inscrito no CPF/MF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX,
endereço eletrônico: endereço eletrônico: nomecompletodosocio@gmail.com, residente e
domiciliado na Rua L, Qd. XX, Lt. XX, Bairro, Município – UF, CEP: XXXXX-000, por meio de
sua procuradora e advogada SANMATTA RARYNE SOUZA, inscrita nos quadros da Ordem
dos Advogados do Brasil, Seção de Goiás, sob o nº 42.261, instrumentos de representação
inclusa (acostado), estabelecida profissionalmente no endereço constante no cabeçalho, na
Ação Indenizatória Por Danos Materiais e Morais c/c Obrigação de Fazer com Pedido de
Tutela Antecipada, que move em seu desfavor NOME DA REQUERIDA, já qualificada nos
autos em epígrafe, vem, perante Vossa Excelência, tempestivamente, apresentar
CONTESTAÇÃO com preliminares, nos termos dos artigos 335 a 342 do Código de Processo
Civil, pelos fatos e fundamentos de direito a seguir expostos.

- PRELIMINARMENTE

- DA INCOMPETENCIA ABSOLUTA
Primeiramente, vem informar a douta Magistrada que esse juízo é incompetente para
dirimir o mérito dessa ação indenizatória, isto porque, extrai-se que foi declarado na
exordial pela Autora que o valor da causa é de R$ 37.318,58 (Trinta e sete mil trezentos e
dezoito reais e cinquenta e oito centavos), o que está equivocado, pois, o objeto da lide são
os quatro contratos realizados com a Demandada e sua parceira Imobiliária LTDA, sendo
eles conforme demonstrado com o print da exordial e Tabela 01 abaixo:
Tabela 01 - Do valor dos contratos aquisitivos
Data da
Qt. Nº Descrição Valor

1 712
Aquisição
02/10/2014 Chácara nº 01 da Quadra D R$ 52.668,00
2
2 712 27/10/2014 Chácara nº 04 da Quadra D R$ 52.668,00
3 226 01/02/2016 Chácara nº 04 da Quadra D na Rua 03 R$ 52.668,00
4 747 30/08/2016 Chácara nº 07 da Quadra N na Rua 11 R$ 76.112,00
TOTAL R$ 234.116,00
Fonte - Petição inicial + Contratos jungidos

Infere-se daí que, o valor da presente demanda é de R$ 234.116,00 (Duzentos e trinta e


quatro mil cento e dezesseis reais), sendo superior ao valor fixado para a competência do
Juizado Especial, visto a exigência de que ingresso de ação acompanhado de advogado, não
pode ultrapassar o valor máximo de 40 (quarenta) salários mínimos, conforme o artigo 3º,
I, da Lei 9.099/95, in verbis:

O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação,


processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade,
assim consideradas: I - as causas cujo valor não exceda a quarenta
vezes o salário mínimo.
O que está em discussão aqui são os valores acessórios (parcelas) provenientes do contrato
principal, sendo que a Demandada também tem valores a receber, visto que os Autores
estão inadimplentes, sendo a causa de maior complexidade, não podendo ser discutida em
sede de juizado especial. Diante da argumentação de incompetência absoluta já
demonstrada, requer seja o processo declarado extinto sem resolução de mérito, com
fulcro no artigo 3º, I, do CPC e ratificado pelo artigo 113 do CPC de aplicação subsidiária.

- DA INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA


Consequentemente, o valor da causa está incompatível com o artigo 292, II, do CPC,
devendo ser considerado o valor atualizado do contrato, haja vista que a natureza da ação
é indenização e restituição de valores pagos, portanto, o valor da causa deve ser o valor
do ato ou o de sua parte controvertida, que se caso não for o entendimento de Vossa
Excelência o arquivamento nos moldes do item 1.1, requer desde já a correção do valor da
causa, nos termos do art. 293 do CPC, para o valor total dos contratos, sendo esse
remetido às vias ordinárias e apensado aos autos principais de Ação de Resolução
3
Contratual que foi interposta pela parceira contratante da Demandada (processo número).
A legislação e julgado instruem dessa forma:

Artigo 293, CPC. O réu poderá impugnar, em preliminar da


contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de
preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a
complementação das custas.

RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. VALOR DA


CAUSA. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL CUMULADACOM
PEDIDO DE INDENIZAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. TAXA JUDICIÁRIA.
VALOR DO CONTRATO. ATO JUDICIAL. INOCORRÊNCIA DE
TERATOLOGIA. PRECEDENTES. 1. Controvérsia em torno do valor da
causa, em ação ordinária de rescisão de contrato de promessa de
compra e venda cumulada com perdas e danos, para efeito de
recolhimento da taxa judiciária. 2. Previsão legal tanto do CPC/73
(art. 259, V), como do CPC/2015 (art. 292, II), de que o valor da
causa será, "na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o
cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão
de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida."3.
Possibilidade de determinação da correção de ofício pelo juiz do
"valor da causa quando verificar que não corresponde ao
conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico
perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento
das custas correspondentes. (§ 3º do art. 292 do CPC/2015). 4.
Legalidade do ato judicial atacado. 5. Precedentes do STJ
acerca do valor da causa. 6. RECURSO ORDINÁRIO
DESPROVIDO. 1

- DOS REQUISITOS DE ADMINISSIBILIDADE

- DA TEMPESTIVIDADE
A carta de citação e intimação – Audiência de Conciliação recebida pelos Demandados,
instrui que a contestação deverá ser apresentada na própria audiência de conciliação
previamente agendada para 19/09/2019, o que como se pode ver foi prontamente
cumprido.

- DOS DOCUMENTOS INDIVIDUALIZADOS


Em obediência a determinação do artigo 11, IV, “c”, da Resolução 59/16, da Corte Especial
do TJGO, segue a listagem dos documentos individualizados:
4
1 – Procuração + Docs. Constitutivos;
2 – Procuração;
3 – Carta de Preposição única;
4 – Contrato de Parceria Original.

- DA VERDADE DOS FATOS


A Autora interpôs ação indenizatória com o objetivo de lhe ser restituída o valor cobrado
de R$ 29.347,32 (Trinta e nove mil, trezentos e quarenta e sete reais e trinta e dois
centavos), bem como o reembolso no valor de R$ 2.970,26 (Dois mil novecentos e setenta
reais e vinte e seis centavos), referente a juros e despesas pagas à empresa Ltda. (que não
foi incluída no polo passivo da ação), de quatro chácaras do Empreendimento de
propriedade da Imobiliários LTDA, parceira da Demandada no projeto de viabilização com

1
STJ - Acórdão Rms 56678 / Rj, Relator (a): Min. Paulo de Tarso San Severino, data de julgamento: 17/04/2018, data de publicação:
11/05/2018, 3ª Turma.
contrato vigente, onde a Demandada era a administradora exclusiva conforme
determinado em contrato de parceria acostado.

O objeto da ação deve ser julgado improcedente porque não cabe responsabilização à
Demandada, visto que, não foi essa quem deu causa a toda a problemática alegada pela
Autora, que não incluiu no polo passivo da presente ação a empresa proprietária, o que
deve ser feito, visto que é a LTDA que está no polo ativo dos contratos de compra e venda,
bem como renegociou as parcelas inadimplentes diretamente com a mesma. De toda feita,
o valor que foi renegociado junto a Demandada não se trata de golpe, nem tampouco, agiu
ardilosamente, como afirmado pela mesma, afinal, a Demandada estava apenas exercendo
seus direitos instituídos em contrato, renegociando as parcelas inadimplentes, antes da
decisão de tutela provisória que usurpou a administração dessa que até então instituída
em cartório era exclusiva, o que deixará de ser, diante dos efeitos da decisão.

Ainda, cabe salientar que a Demandada tem um crédito de mais de um milhão de reais
5
com a sócia parceira LTDA, que está sendo discutido em sede ordinária, nos tantos
processos que estão em trâmite nessa Comarca, sendo que esse processo não pode ser
julgado em sede de Juizado Especial, tanto pelo valor da causa imputado aos contratos,
bem como diante da complexidade que envolve a lide entre eles. É nítido que a Autora é
vítima das diferenças entre as empresas envolvidas, porém, não se pode impor uma
condenação apenas a uma dessas, no caso a, ora única Demandada, sendo que a outra tem
responsabilidade solidária acerca de qualquer comportamento ilícito que permeia o
projeto, diante do motivo de ter dado causa a esses tantos problemas envolvendo terceiros
de boa-fé, deve ser incluída no polo passivo de todas as ações que envolver questões
contratuais desse empreendimento, e também por ser a Demandada inocente, tem-se a
necessidade de dilação probatória ordinária a fim de apurar a culpa por parte das partes
envolvidas.

Com relação as posturas adotadas pela Demandada, em nenhuma delas cometeu crime,
visto que todo o comportamento acerca da inadimplência por parte da Autora, e
cobrança, e renegociação, estava respaldada em sede contratual, que ainda está vigente,
em cláusula específica. Quanto aos cheques não poderão ser devolvidos no presente
momento, diante do fato de que aos 8 cheques que foram sustados precisam ser retirados
da agencia ou resgatados com terceiros, necessitam de quantia disponível para fazê-lo, e a
Demandada não está recebendo nada acerca dos créditos que tem desse
empreendimento, e precisa aguardar a resolução do impasse principal, visto aos muitos
prejuízos que também vem sofrendo.

De forma genérica, vem impugnar todos os fatos alegados pela Autora, sendo que as
alegações que não foram impugnadas nesse momento, serão utilizadas todos os outros
meios admitidos em direito, em principal serão produzidas nos termos do artigo 33 da Lei
9.099/95.

Pois bem.
6
- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

- DO LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO PASSIVO


O artigo 10 da Lei 9.099/95 é taxativo quanto a não admissão de intervenção de terceiro,
admitindo-se apenas o litisconsórcio:

Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de


terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio.

Como se pode ver, a Autora não incluiu no polo passivo da ação a empresa Ltda., a fim de
responder por seus atos, visto que há a configuração de litisconsórcio necessário passivo
notório, que envolve os contratos, afinal, a empresa Ltda. consta no polo ativo dos
contratos de compra e venda apresentados pela Autora, e não consta a Demandada, daí
ser relevante para o presente a inclusão da mesma, afinal, recebeu os valores da
renegociação por meio da devolução de dois lotes diretamente para aquela, e não para a
Demandada, sendo que recebera o valor aqui discutido, isentando essa de qualquer
responsabilidade por devolução de valores, sendo a LTDA que deve repassar a cota-parte
da renegociação.
Ainda, diante da limitação das matérias dos juizados em se utilizar o instituto da
intervenção de terceiros, no presente caso se tem a necessidade de incluir aquela por meio
do chamamento ao processo, visto que o litisconsórcio não foi configurado no momento da
interposição, mais um motivo para que se esse processo não for arquivado sem resolução
do mérito, conforme fundamentado no item 1.1 das preliminares, requer seja esse
remetido às vias ordinárias, com o apensamento à ação de resolução processual, bem
como seja chamado ao processo a empresa LTDA para compor o litisconsórcio passivo
necessário da presente demanda, por conta da própria natureza da relação jurídica
complexa que envolve as partes.
O litisconsórcio necessário está ligado diretamente à
indispensabilidade da integração do polo passivo da relação
processual por todos os sujeitos, seja por conta da própria natureza
da relação jurídica discutida (unitariedade), seja por imperativo
legal. A necessariedade atua, por isso, na formação do litisconsórcio
e nisso, repise- se, difere da unitariedade, vez que esta pressupõe 7
um litisconsórcio já formado. O litisconsórcio necessário revela
casos de legitimação ad causam conjunta ou complexa. 2A noção de
litisconsórcio facultativo retira-se por exclusão àde litisconsórcio
necessário. Facultativo é o litisconsórcio que pode ou não se
formar. Trata-se do litisconsórcio cuja formação fica a critério dos
litigantes. Como perdão pelo truísmo: o litisconsórcio era
facultativo quando não for necessário. A dificuldade está na
identificação de quando o litisconsórcio é necessário. O art. 114 do
CPC regula a questão. Vamos examiná-lo nos próximos itens.3

- DA PRÁTICA ABUSIVA NÃO CONFIGURADA / DISTRATO REALIZADO /


RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA
Alega a Autora que a Demandada agiu com ganância, e fazendo cobranças indevidas, o que
não é verdade, visto que a questão que envolve o empreendimento é muito complexa e
está longe da alçada da mesma, afinal, a Demandada investiu muito dinheiro próprio para
viabilizar o projeto, tanto que a Autora somente comprou as chácaras, porque a
2
DINAMARCO, Cândido Rangei. Instituições de Direito Processual Civil, v. 11, p. 312. " ... a legitimidade ordinária de cada colegitimado
está chumbada à dos demais, de modo a só se completar com o concurso de todos os legitimados ... " (ARMELI N, Donaldo. Legitimidade
para agir no direito processual civil brasileiro, p. 119).
3
Didier Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento I
Fredie Didier Jr. - 17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.v. I. pág. 453.
Demandada investiu inicialmente no projeto, portanto, não executou nenhuma prática
abusiva, afinal, diante da inadimplência da Autora configurada, descumprira essa cláusula
contratual, a cobrança é procedimento padrão para fins de recebimento das parcelas, ao
tempo do exercício da competência exclusiva da Demandada, que no presente momento
não mais a exerce por obediência a liminar concedida a favor da LTDA no processo
específico de Resolução Contratual imposta por essa em desfavor da Demandada.

Como se pode ver, a Autora realizou distrato junto a empresa que está ausente no polo
passivo da ação, essa por sua vez, recebera dois lotes de volta para fins de realizar novas
vendas, dando quitação das parcelas atrasadas, visto que estando inadimplente, escolheu
resolver diretamente perante aquela a fim de manter o negócio. Agora, em nenhum
momento a Demandada se aproveitou da ignorância da consumidora, até porque a mesma
não se mostrou ignorante em nenhum momento, até na hora de realizar o distrato, e se
isentar da inadimplência configurada, e com objetivos manifestos de que foi lesada por
essa Demandada, não sendo, se foi lesada foi única e exclusivamente pela empresa Ltda.
8

Ora, Excelência, em nenhum momento vê-se pratica abusiva por parte da Demandada,
caso tenha havido, após a análise da culpa, deve-se condená-la nos limites de seus atos,
incluindo de forma solidária a empresa LTDA, por ter sido a causadora de todos os
dissabores imputados à Autora, e a Demandada por não ser infringente de nenhum dos
casos elencados no artigo 39 do CDC.

O Código de Defesa do Consumidor adotou a doutrina da responsabilidade objetiva e


solidária como regra geral, com objetivo de proteger os consumidores que se encontram
em condições de vulnerabilidade diante dos fornecedores, bastando à verificação do dano
e o nexo de causalidade, facilitando assim a reparação dos danos eventualmente
suportados pelos consumidores. Ocorre que, nesse caso específico, a regra geral não pode
ser aplicada, isto porque, nesse caso, a Demandada também se qualifica na condição de
consumidora, o CDC aborda que excepcionalmente deve-se reconhecer a pessoa jurídica
como consumidora, quando a mesma se enquadrar no conceito do artigo 2º do CDC:
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.

Nessa relação, a Demandada é pessoa jurídica, na qualidade de destinatária final, com o


objetivo de executar sua atividade fim, sendo uma delas o recebimento de sua cota-parte
do percentual do empreendimento, sendo essa a sua razão de ser, considerados
instrumento de trabalho, sendo nesse caso também a parte vulnerável. É o que esclarece
os doutrinadores TOSHIO MUKAI e JOSÉ GERALDO BRITO FILOMENO:

(...) a pessoa jurídica só é considerada consumidor, pela Lei, quando


adquirir ou utilizar produto ou serviço como destinatário final, não,
assim, quando o faça na condição de empresário de bens e serviços
com a finalidade de intermediação ou mesmo como insumos ou
matérias-primas para transformação ou aperfeiçoamento com fins
lucrativos (com o fim de integrá-los em processo de produção,
transformação, comercialização ou prestação a terceiros). (...) a
inclusão das pessoas jurídicas igualmente como 'consumidores’ de
produtos e serviços, embora com a ressalva de que assim são
entendidas aquelas como destinatárias finais dos produtos e
9
serviços que adquirem, e não como insumos necessários ao
desempenho de sua atividade lucrativa.

Ainda, a Demandada é vulnerável em relação à empresa proprietária Ltda., situação


jurídica em que a vulnerabilidade é presumida, fato suficiente para qualificar a relação de
consumo, por aplicabilidade da teoria finalista mitigada, e por força do artigo 2º do CDC,
motivo pelo qual, requer desde já, que seja a Demandada equiparada à consumidora, nos
termos do artigo 2º do CDC, para que lhe seja facilitada a sua defesa, com o deferimento
da inversão do ônus da prova (Artigo 6º do CDC), por equiparação, e também receba a
título de pedidos contrapostos indenização por danos morais em seu favor que será
fundamentado em item específico.

A Demandada também não é a responsável por reparar o prejuízo que a Autora alega que
obteve, afinal, em análise simples, afinal, nesse caso, a empresa Ltda., sempre foi
concorrente com a Demandada como ‘fornecedora de serviços’, uma vez que sempre
recebeu os pagamentos das parcelas diretamente em sua conta pessoal, e também atuava
e atua usurpando a administração exclusiva da Demandada, que não nunca teve atuação
independente, conclui-se que há um defeito crasso nessa relação contratual, daí que a
responsabilidade da Demandada deve ser apurada por exceção à regra geral, de forma
subjetiva, considerando as excludentes de responsabilidade, com fulcro no § 3º do Artigo
14 do CDC, afinal, a culpa é exclusiva de terceiro, no caso, a empresa LTDA, que usurpou a
atuação da Demandada antes de forma ilícita e após o deferimento da tutela antecipada
provisória, de forma legal.

- DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS NÃO CONFIGURADOS


Não há que se falar em indenização por danos materiais causados por parte da
Demandada, se a Autora se sentiu constrangida, o dano configurado foi executado pela
empresa LTDA, que também constrangeu a Demandada e ainda continua, visto que aquela
foi acusada de estar de conluio com essa. Ora, Excelência, não existe conluio para tirar
vantagem, nem conspiração, apenas existem fatos e direitos, qual seja, contrato de
parceria onde as duas partes detêm direitos e obrigações a serem apurados em sede
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ordinária.

A Demandada tem um contrato vigente, com direitos aos recebimentos das parcelas, que
foi diretamente usurpado com argumentos caluniosos, sendo que esses respingos dos
impasses afetaram a Autora, e tantos outros consumidores, que não é segredo nesse juízo
as tantas ações envolvendo a mesma lide, tanto que esses ingressaram em juízo com ações
com procuradores diferentes a fim de solucionarem em sede judicial, exclusivamente.

Portanto, requer seja afastada qualquer condenação por danos materiais e morais, visto
que o constrangimento da Autora não foi causado por parte da Demandada, e sim, pela
LTDA, responsável solidária.

- DO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO NÃO CONFIGURADO


A tese alegada de que a Demandada está enriquecendo ilicitamente não procede, visto
que, a Demandada tem direito de receber as parcelas provenientes do empreendimento,
caso que já está sendo discutido em vias ordinárias. Para a configuração do enriquecimento
ilícito, deve-se ocorrer os quatro requisitos:
1º) Diminuição patrimonial do lesado; 2º) Aumento patrimonial
do beneficiado sem causa jurídica que o justifique. A falta de causa
se equipara à causa que deixa de existir. Se, num primeiro
momento, houve causa justa, mas esta deixou de existir, o caso
será de enriquecimento indevido. O enriquecimento pode ser por
aumento patrimonial, mas também por outras razões, tais como,
poupar despesas, deixar de se empobrecer etc., tanto nas
obrigações de dar, quanto nas de fazer e de não fazer; 3º) Relação
de causalidade entre o enriquecimento de um e o
empobrecimento de outro. Esteja claro, que as palavras
"enriquecimento" e "empobrecimento" são usadas, aqui, em
sentido figurado, ou seja, por enriquecimento entenda-se o
aumento patrimonial, ainda que diminuto; por empobrecimento
entenda-se a diminuição patrimonial, mesmo que ínfima; 4º)
Dispensa-se o elemento subjetivo para a caracterização do
enriquecimento ilícito. Pode ocorrer de um indivíduo se enriquecer
sem causa legítima, ainda sem o saber. É o caso da pessoa que, por
engano, efetua um depósito na conta bancária errada. O titular da
conta está se enriquecendo, mesmo que não o saiba.
Evidentemente, os efeitos do enriquecimento ocorrido de boa-fé,
não poderão ultrapassar, por exemplo, a restituição do
indevidamente auferido, sem direito a indenização.4 11
Como se pode observar, a doutrina tem bem definidos os parâmetros do enriquecimento
indevido, e o Código Civil também traça seus contornos, nos arts. 884 a 886:

Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será


obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização
dos valores monetários.

O que não está configurado por ato da Demandada, visto que agiu por meio de garantias
contratuais vigentes, a que lhe eram imputadas, não podendo ser classificado como
enriquecimento sem justa causa, afinal, há uma justa causa para o recebimento das
quantias as quais foram recebidas, e deverá ser abatida no crédito da Demandada com
àquela outra que não está inserida no polo passivo da ação, qual seja, a LTDA.

- DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

4
http://www.arcos.org.br/artigos/o-principio-do-enriquecimento-sem-causa-e-seu-regramento-dogmatico/ .
Requer desde já seja reconhecida por esse juízo, caso haja alguma condenação, a
responsabilidade solidária das duas empresas, devendo-se apurar a responsabilidade civil
contratual da Demandada e da LTDA, visto que, está configurado a falta de cumprimento
de obrigações contratuais por inadimplemento de uma para com a outra, resultante de ato
negocial, por força dos artigos 389 a 416, do CC, que desencadearam a problematização
com a Autora. Trata-se de responsabilidade complexa, que somente pode ser apurada em
vias ordinárias, como já falado e provado anteriormente, é o que expõe o julgado abaixo
cujo contexto é o mesmo:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO


REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/14. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVO. OBRIGAÇÕES DE
FAZER E DE NÃO FAZER. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
COLETIVOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE
PARCERIA RURAL. I - O Regional manteve a sentença que,
acolhendo o pedido formulado pelo Ministério Público do Trabalho
em ação civil pública, condenou os réus, solidariamente, a cumprir
obrigações de fazer e de não fazer ali especificadas, bem como ao
pagamento de indenização a título de danos morais coletivos,
12
decorrentes da exploração de trabalho análogo ao de escravo, por
verificar comprovada a existência de parceria entre esses. II - Ficou
consignado no acórdão recorrido que, a despeito da celebração de
contrato de "compra e venda", cujo objeto era a alienação de
lenha para fazer carvão, o proprietário da fazenda, ora agravante,
cedeu parte de seu imóvel ao 2º réu para a construção de fornos e
alojamentos destinados à produção do carvão mineral,
assumindo, assim, os riscos do empreendimento, em verdadeira
relação de parceria extrativista, a ensejar a responsabilidade
solidária. III - Diante das premissas fáticas delineadas no acórdão
regional acerca da existência de uma relação de parceria
extrativista entre os réus, em especial do registro de que eles
detinham comunhão de interesses e que ambos assumiram os
riscos da venda do carvão mineral, para se alcançar entendimento
diverso, seria necessário revolver o conjunto fático-probatório dos
autos, atividade refratária ao âmbito de cognição deste Tribunal, a
teor da Súmula 126 do TST. IV - Nesse contexto, não se divisa
afronta aos artigos 369, 371, 375 e 479 do CPC, à medida que a
controvérsia fora dirimida pelo exame de todo o universo fático-
probatório dos autos, na esteira dos princípios da persuasão
racional, disposto no artigo 371 do CPC/2015, e da primazia da
realidade. V - No tocante à arguição de dissenso pretoriano,
observa-se que os arestos trazidos a cotejo são inespecíficos, à luz
da Súmula 296, item I, do TST, pois versam sobre hipóteses de
mera relação de "compra e venda", não guardando similitude
fática com a situação enfrentada na espécie, em que ficou
comprovada a existência de "parceria rural". VI - Agravo de
instrumento a que se nega provimento. 5

Como demonstrado no julgado, trata-se de uma parceria em que as empresas deveriam


agir em conjunto, porém, diante da ausência de civilidade não foi possível exercer com
afinco, porém, a falta de diálogo não invalida a ‘parceria’ existente, do contrato vigente,
onde as duas são as titulares do direito, que pelo princípio da primazia da realidade, requer
seja reconhecida a responsabilidade solidária das empresas com relação a alguma
condenação que sobrevier acerca desse caso.

- DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Diante de todo o exposto requer, que se digne Vossa Excelência a:

a) Receber o pedido das preliminares do art. 337 do CPC, de incompetência absoluta


(inciso II) já demonstrada no item 1.1 por motivo de que o valor total dos quatro contratos
ultrapassa o teto dos Juizados Especiais Cíveis, e de incorreção do valor da causa (inciso III)
13
para que seja corrigido o valor da causa para R$ 234.116,00 (Duzentos e trinta e quatro mil
cento e dezesseis reais), nos termos do artigo 292, II, do CPC, requerendo seja o processo
extinto sem resolução de mérito, com fulcro no artigo 3º, I, do CPC;

b) Caso não seja o entendimento de Vossa Excelência para arquivar o processo nos
moldes da alínea a, receber a presente peça contestatória, com fundamento nos artigos
335 a 342 do Código de Processo Civil, tempestivamente, afastado, portanto, a pena da
revelia e confissão, por parte da Ré, remetendo o presente às vias ordinárias e apensado
aos autos principais de Ação de Resolução Contratual que foi interposta pela parceira
contratante da Demandada (processo nº XXXXXXXXXXXXX), sendo essa incluída no polo
passivo da ação por configuração do litisconsórcio passivo necessário, por conta da própria
natureza da relação jurídica complexa que envolve as partes;

5
TST - Acórdão Airr - 269-51.2014.5.18.0251, Relator(a): Min. Roberto Nobrega de Almeida Filho, data de julgamento: 08/11/2017, data
de publicação: 10/11/2017, 7ª Turma.
c) No mérito, seja julgada improcedente a presente ação, isentando a Demandada de
qualquer pagamento indenizatório provenientes de danos morais ou materiais acerca
desse objeto, afastando o enriquecimento ilícito, e abusividade de práticas, sendo
condicionado a devolução dos cheques ao recebimento do crédito que a Demandada tem
para com a LTDA que passa a mais de um milhão de reais, afastando qualquer
responsabilidade solidária, remetendo única e exclusivamente à empresa já inclusa no polo
passivo por força da decisão do evento 04;

d) No mérito, sejam julgados procedentes os pedidos contrapostos expressos em favor


da Demandada, qualificada como consumidora por equiparação, a seguir: d.1) Seja a
empresa Ltda., condenada a pagar a título de danos morais o valor de R$ 10.000,00 (Dez
mil reais) por culpa exclusiva, em sede de responsabilidade subjetiva (exceção do CDC) em
favor da Demandada; d.2) Seja a empresa Ltda., condenada a pagar todas as despesas com
custas e honorários sucumbências, no importe de 20% (vinte por cento), ou equilibrado o
importe por arbitrados de Vossa Excelência, nos termos do artigo 81, caput e § 3º, do CPC;
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d.3) Pelo princípio da causalidade, pela culpa exclusiva, requer seja a empresa Ltda.,
condenada por litigância de má-fé nos termos do artigo 80, I e II do CPC.

- DA ESPECIFICAÇÃO DAS PROVAS


Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, inclusive testemunhal,
que serão arroladas no momento oportuno.

Termos em que, pede deferimento.

Caldas Novas – Goiás, 16 de setembro de 2019.

(Assinado digitalmente)
Sanmatta Raryne Souza
Advogada – OAB/GO nº 42.261

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