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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO

DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE _____.

(espaço de 10 linhas)

(NOME DO AUTOR), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no


CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na
XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade), (estado), vem,
respeitosamente, por sua advogada que esta subscreve, propor a presente

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE CUMULADA COM PERDAS E


DANOS

com fulcro nos artigos 554 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, em face
de (NOME DO RÉU), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador(a) da
carteira de identidade nº XXXXXX e do CPF nº XXXXXXX, residente e
domiciliado(a) na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade),
(estado), pelos fatos a seguir expostos.

DOS FATOS
De acordo com a cópia da certidão da matrícula anexa, o autor é proprietário e
possuidor indireto do imóvel localizado na Rua na XXXXXXXXX, nº XXXX,
Bairro XXXXXXX, nesta Comarca.
Nessa qualidade, emprestou gratuitamente o imóvel ao réu, tendo, assim, celebrado
contrato de comodato por prazo indeterminado no dia XX/XX/XXXX, conforme
documento anexo.

Cumpre assinalar que nesse contrato ficou convencionado que:


“Na hipótese de o comodante necessitar do imóvel ora dado em comodato para
qualquer fim, o comodatário será previamente notificado dessa intenção, com
prazo de 30 (trinta) dias para desocupação do imóvel, obrigando-se o
comodatário e seus familiares a restituir o imóvel em perfeito estado de
conservação, higiene e habitabilidade, inteiramente livre e desembaraçado de
pessoas e coisas em perfeito estado de conservação e uso, tal como está recebendo,
sob pena de responder por perdas e danos.”

O autor promoveu notificação do réu, em XX/XX/XXXX, visando à rescisão do


comodato, assegurando ao comodatário o prazo de 30 (trinta) dias para
desocupação voluntária, nos termos do contrato.

Apesar disso, e não obstante as insistentes tentativas do autor que, sem sucesso,
tentou amigavelmente fazer com que o réu restituísse o imóvel emprestado, a
verdade é que este permanece irredutível, negando-se a devolver a posse ao autor.

Sendo assim, em XX/XX/XXXX, o autor, constituiu o réu em mora, tendo


notificado para que desocupasse o imóvel no prazo de 30 (trinta) dias, conforme
demonstrado no documento anexo.
Entretanto, decorrido o prazo concedido, quedando-se inerte, o réu não desocupou
o imóvel que, diante da sua permanência, passou a caracterizar-se esbulho
possessório.

Portanto, a partir do prazo concedido a posse do réu passou a ser viciada, precária
e não restou alternativa ao autor senão ingressar com a presente ação.

DO DIREITO
Dispõe o artigo 1.210 do Código Civil, que o possuidor tem o direito à reintegração
no caso de esbulho, inclusive liminarmente, conforme disposto nos artigos 558 e
562 do Novo Código de Processo Civil e, mais adiante, o artigo 555, I, do Novo
CPC, permite ao autor cumular ao pedido possessório o de perdas e danos.

Por outro lado, tratando-se de comodato, o artigo 582 do Código Civil preceitua
que “O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até
restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante”.

Confira-se jurisprudência do TJ/RJ sobre a matéria, in verbis:

“CONTRATO DE COMODATO. NATUREZA. FORMA EXPRESSA


OU VERBAL.EXTINÇÃO. NOTIFICAÇÃO. RECUSA A
DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL. ESBULHO.REINTEGRAÇÃO DE
POSSE. O comodato é um contrato celebrado intuito personae, ou seja, em
consideração à figura das partes que o pactuam. À medida que traduz um
verdadeiro e desinteressado favorecimento pessoal, constitui, sempre,
um ajuste temporário, quer por prazo expresso ou presumível (art. 581
do Código Civil), não admitindo a ordem jurídica a eternização de uma
obrigação motivada por princípios superiores (benemerência e caridade)
de quem empresta seu próprio imóvel a terceiros, sem exigir nada em
troca. Precedentes do STJ. No comodato a posse é transmitida a título
provisório, de modo que os comodatários adquirem a posse precária,
sendo obrigados a devolvê-la tão logo o comodante reclame a coisa de
volta. De fato, com a notificação extrajudicial, extingue-se o comodato,
transformando-se a posse anteriormente justa, em injusta, em virtude da
recusa de devolução do imóvel após o transcurso do lapso temporal
estipulado. No caso, com a morte do comodante, a posse e a propriedade do
bem passam aos sucessores, que não estão obrigados a manter o comodato.
Afinal, a utilização privativa de um bem integrante do espólio por um dos
herdeiros só é possível mediante autorização do inventariante e, assim, a
notificação feita, no caso vertente que foi feita pela inventariante,
regularmente nomeada (fl. 11), põe termo ao comodato até então regular. A
necessidade de retomada do imóvel caracteriza o esbulho, bem como os
demais requisitos previstos no art. 927, do Código de Processo Civil, o que
conduz à procedência da pretensão de reintegração de posse. Sentença
mantida. Recurso a que se nega seguimento.”
TJRJ – 3ª Câmara Cível – Apelação Cível n.º 0004945-29.2009.8.19.0028 –
Relator: Des. MARIO ASSIS GONÇALVES – Julgamento: 20/12/2011.
(Grifou-se)
APELAÇÃO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. EXTINÇÃO DE
COMODATO ESCRITO. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL.
RECUSA DOS DEMANDADOS EM PROCEDER À DEVOLUÇÃO DO
IMÓVEL. ESBULHO CARACTERIZADO. Sentença de procedência com
a rescisão do contrato de comodato firmado entre as partes, e condenação dos
réus ao pagamento de aluguel de R$300,00 (trezentos reais) por mês de
retardamento na entrega do imóvel. Apelação dos demandados alegando a
nulidade do decisum, e, quanto ao mérito, postulando A improcedência do
pedido autoral. Ausência de amparo ao recurso. Precedentes a autorizar a
aplicação do art. 557 caput DO CPC. NÃO SEGUIMENTO DO
RECURSO. 1. Pretensão autoral visando à reintegração na posse do imóvel
objeto de contrato de comodato firmado com os réus. 2. Sentença de
procedência com a rescisão do contrato de comodato firmado entre as partes,
condenando os réus no pagamento de aluguel de R$300,00 (trezentos reais)
por mês de retardamento na entrega do imóvel. 3. Apelação interposta pelos
demandados, pretendendo a anulação do julgado, e, quanto ao mérito, a
improcedência do pedido autoral. 4. Inocorrência de cerceamento de defesa,
porquanto desnecessária a produção de provas orais, sendo o Juiz, a teor do
art. 130 do CPC, o destinatário direto da prova, por intermédio da qual forma
livremente seu convencimento, de acordo com o sistema da persuasão
racional, adotado por nosso Direito Processual Civil. REJEIÇÃO DA
PRELIMINAR. 5. Ação cujo objeto é a posse, matéria de fato, não sendo
condição da ação possessória a prova da propriedade. Documentação
apresentada pela parte autora que comprova sua legitimidade ativa.
REJEIÇÃO DA PRELIMINAR. 6. Ocorrendo a notificação dos réus para
devolução do imóvel objeto do contrato de comodato, e não procedendo os
comodatários à entrega voluntária do bem, caracteriza-se o esbulho a legitimar
a reintegração do autor na posse do bem, com o arbitramento de alugueres pelo
tempo de retardo na entrega do imóvel, a teor do art. 582 do Código Civil. 7.
Precedentes a autorizar o julgamento monocrático do recurso, com fulcro no
art. 557 caput do CPC. NÃO SEGUIMENTO DO RECURSO.
TJRJ – 4ª Câmara Cível – Apelação Cível n.º 0011056-51.2002.8.19.0003 –
Relator: Des. SIDNEY HARTUNG – Julgamento: 04/07/2014.

O Novo Código de Processo Civil determina, no artigo 560, que o possuidor tem
o direito a ser reintegrado em caso de esbulho e, antes, defere, no artigo 555, I, a
possibilidade de cumulação do pedido possessório com indenização por perdas e
danos.

É sabido que é necessário que haja comprovação, por parte do autor, dos requisitos
constantes do artigo 561 do Novo CPC. Certo é, Excelência, que o primeiro
requisito para o aforamento de ação de reintegração é a prova da posse, conforme
dispõe o inciso I, do artigo 561, Novo Código de Processo Civil.
Nesse sentido, resta inequivocamente provada a posse indireta do imóvel, pelo
autor, em virtude do contrato de comodato, além da própria certidão da matrícula
do imóvel, vez que a posse é a exteriorização do domínio.
O autor cedeu a posse direta em face do contrato de comodato, que agora busca
recuperar.

Os demais requisitos para a ação são o esbulho praticado pelo réu e sua data, para
que se fixe o prazo de ano e dia a ensejar o rito especial dos artigos 560 a 568 do
Novo Código de Processo Civil, tudo nos termos do artigo 561, incisos II a IV, do
mesmo diploma legal.

Com efeito, o autor foi esbulhado da posse com abuso de confiança, pois no
XX/XX/XXXX, o réu foi devidamente constituído em mora, com prazo de 30
(trinta) dias para desocupação do imóvel e, não o fazendo, praticou esbulho, vez
que sua posse, antes justa, passou a ser injusta pelo vício da precariedade a partir
do dia XX/XX/XXXX.

Bem evidencia Cristiano Chaves, “Posse precária: resulta do abuso de confiança


do possuidor que indevidamente retém a coisa além do prazo avençado para o
término da relação jurídica de direito real ou obrigacional que originou a
posse.”(FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito
Civil. Vol 5 (Direitos Reais) 11º Ed, Editora Atlas. 2015, p. 108)

Como visto, restou demonstrado os requisitos, estando a presente exordial


devidamente instruída, o autor faz jus a concessão liminar inaudita altera parte,
da reintegração de posse do imóvel supracitado, conforme prevê o artigo 562 do
Novo CPC.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) deferida a liminar, determinando seja expedido mandado, concedido


liminarmente, inaudita altera parte, a reintegração de posse do imóvel situado na
Rua XXXXX;
b) Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda necessária a audiência de
justificação nos termos da segunda parte do artigo 562 do Novo Código de
Processo Civil, requer o autor digne-se Vossa Excelência de considerar suficiente
(art. 563 do Novo CPC), com a consequente expedição de mandado de
reintegração de posse;

c) Ainda subsidiariamente, caso Vossa Excelência não conceda liminarmente,


requer o autor a procedência da presente ação com a consequente expedição do
mandado de reintegração da posse, condenado o réu no pagamento das perdas e
danos consubstanciadas no valor de R$ XXX por mês, à título de aluguel mensal
pelo período em que permanecer no imóvel;

d) ao final julgar procedente a presente ação, tornando definitiva a reintegração de


posse, com a condenação do réu no pagamento, à titulo de indenização o valor
mensal de RS XXXX correspondente ao aluguel, nos termos do artigo 582, do
Código Civil, pelo período em que permanecer no imóvel;

e) requer-se a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo conforme


artigo 564 do Novo CPC,
oferecendo a defesa que tiver sob pena de confissão e efeitos da revelia (art. 344
do Novo CPC), bem como comparecer à audiência de justificação, nos termos do
artigo 562, segunda parte, do Novo Código de Processo Civil, caso esta seja
designada por Vossa Excelência;

f) que seja o réu condenado ao pagamento além das custas, honorários de advogado
que Vossa Excelência houver por bem arbitrar e demais ônus de sucumbência;

g) Protesta o autor por provar o alegado através de todos os meios de prova em


direito admitidos, especialmente pela produção de prova documental, testemunhal,
pericial e inspeção judicial, depoimento pessoal do réu sob pena de confissão, caso
não compareça, ou, comparecendo, se negue a depor (art. 385, § 1º, do Novo CPC),
inclusive em eventual audiência de justificação.

Dá-se à causa o valor de R$ XXXX.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data .
ASSINATURA

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