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Olá, alunos!
Bons estudos,
Abraços, Equipe Ceisc.
2ª FASE OAB | PENAL | 37º EXAME
Direito Penal e
Processual Penal
SUMÁRIO
Extinção da punibilidade
1.1 Introdução ............................................................................................................. 13
1.2 Causas de extinção da punibilidade ..................................................................... 13
1.3 Questões sobre extinção da punibilidade ............................................................. 24
Da relação de causalidade
2.1. Introdução ............................................................................................................ 27
2.2. Causas absolutamente independentes ................................................................ 27
2.2.1. Conceito ............................................................................................................ 27
2.2.2. Espécies de causas absolutamente independentes ......................................... 27
2.2.3. Consequências das causas absolutamente independentes ............................. 29
2.3. Causas relativamente independentes .................................................................. 29
2.3.1. Conceito ............................................................................................................ 29
2.3.2. Espécies de causas relativamente independentes ........................................... 30
2.4. Dúvida mais recorrente ........................................................................................ 33
2.5 Questões sobre nexo de causalidade ................................................................... 39
Concurso de pessoas
3.1. Conceito de concurso de pessoas ....................................................................... 41
3.2. Requisitos ............................................................................................................ 41
3.2.1. Pluralidade de condutas ................................................................................... 41
3.2.2. Relevância causal das condutas....................................................................... 42
3.2.3. Vínculo subjetivo ............................................................................................... 43
3.2.4. Identidade de infração para todos os agentes .................................................. 44
3.3. Modalidades de atuação no concurso de pessoas .............................................. 44
3.3.1. Autoria .............................................................................................................. 44
3.3.2. Coautoria .......................................................................................................... 47
3.3.3. Participação ...................................................................................................... 48
3.4. Punibilidade do concurso de pessoas.................................................................. 53
3.4.1. Participação de menor importância................................................................... 53
3.4.2. Da cooperação dolosamente distinta ou desvios subjetivo entre os
participantes ............................................................................................................... 53
3.5. Comunicabilidade das elementares e circunstâncias do crime ............................ 54
3.6 Questões sobre concurso de pessoas .................................................................. 57
Reformatio In Pejus
6.1 Introdução ............................................................................................................. 93
6.2 Recurso da acusação ........................................................................................... 93
6.3 Recurso da defesa ................................................................................................ 94
6.4 Reformatio in pejus direta ..................................................................................... 94
6.5 Reformatio in pejus indireta .................................................................................. 94
6.6 Questões sobre Reformatio in pejus ..................................................................... 95
2ª Fase do Júri
8.1 Procedimento do Tribunal do Júri – 2ª Fase ........................................................120
8.1.1 Preclusão da decisão de pronúncia ..................................................................120
8.1.2 Preparação e organização do júri .....................................................................120
8.1.3 Desaforamento .................................................................................................121
8.1.4 Excesso de Serviço ..........................................................................................122
8.1.5 Ausência do defensor .......................................................................................123
8.1.6 Ausência do acusado........................................................................................123
8.1.7 Imprescindibilidade do depoimento da testemunha ..........................................123
8.1.8 Suspensão dos trabalhos para condução coercitiva ou adiamento da sessão .124
8.1.9 Infrutífera condução coercitiva ..........................................................................124
8.1.10 Realização do julgamento ...............................................................................124
8.1.11 Preparo para a composição do conselho de sentença ...................................125
8.1.12 Abertura dos trabalhos....................................................................................125
8.1.13 Ausência de quórum .......................................................................................125
8.1.14 Reunião prévia do juiz com os jurados ...........................................................126
8.1.15 Formação do conselho de sentença ...............................................................127
8.1.16 Recusas motivadas e imotivadas....................................................................127
8.1.17 Separação do julgamento ...............................................................................128
8.1.18 Arguição de impedimento, suspeição ou incompatibilidade ............................129
8.1.19 Estouro da urna ..............................................................................................129
8.1.20 Compromisso e entrega de peças aos jurados ...............................................130
8.1.21 Instrução em plenário .....................................................................................130
8.1.22 Interrogatório do acusado ...............................................................................130
8.1.23. Dos debates ...................................................................................................131
8.1.24 Limite de tempo para as partes.......................................................................132
8.1.25 Referências proibidas .....................................................................................132
8.1.26 Do questionário e sua votação........................................................................132
8.1.27 Sentença .........................................................................................................134
8.1.28 Execução antecipada da pena no júri .............................................................135
8.2 Apelação das decisões do júri .............................................................................136
8.2.1 Considerações ..................................................................................................136
8.3 Apelação do assistente de acusação no procedimento do júri ............................144
8.3.1 Considerações iniciais ......................................................................................144
8.3.2 Procedimento ....................................................................................................145
8.4 Questões sobre 2ª Fase do Júri...........................................................................148
Crimes contra o patrimônio
9.1 Furto ....................................................................................................................149
9.1.1 Conceito ............................................................................................................149
9.1.2 Consumação e tentativa ...................................................................................149
9.1.3 Furto privilegiado ..............................................................................................150
9.1.4 Furto qualificado ...............................................................................................150
9.1.5 Alterações promovidas pela lei 14.155/2021 ....................................................152
9.2 Roubo ..................................................................................................................153
9.2.1. Ação nuclear ....................................................................................................153
9.2.2. Espécies de roubo: próprio e impróprio ...........................................................154
9.2.3 Consumação e tentativa ...................................................................................155
9.2.4 Causas especiais de aumento de pena ............................................................155
9.2.5 Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo..............156
9.2.6 Roubo com emprego de explosivo....................................................................157
9.2.7 Roubo qualificado pelo resultado ......................................................................157
9.3 Extorsão...............................................................................................................159
9.3.1 Ação nuclear .....................................................................................................159
9.3.2 Consumação e tentativa ...................................................................................159
9.3.3 Extorsão qualificada..........................................................................................160
9.3.4. Extorsão qualificada pela privação da liberdade ..............................................160
9.4 Extorsão mediante sequestro ..............................................................................160
9.4.1 Conceito e objetividade jurídica ........................................................................160
9.4.2 Consumação .....................................................................................................161
9.4.3 Formas qualificadas ..........................................................................................161
9.4.4 Extorsão mediante sequestro qualificada pelo resultado ..................................161
9.4.5 Delação premiada .............................................................................................162
9.5 Dano ....................................................................................................................162
9.5.1 Ação nuclear .....................................................................................................162
9.5.2 Dano qualificado ...............................................................................................163
9.5.3 Ação penal ........................................................................................................163
9.6 Apropriação indébita ............................................................................................164
9.6.1 Conceito e objetividade jurídica ........................................................................164
9.6.2 Causas de aumento de pena ............................................................................165
9.7 Estelionato ...........................................................................................................165
9.7.1 Ação nuclear .....................................................................................................165
9.7.2 Consumação e tentativa ...................................................................................166
9.7.3 Fraude no pagamento por meio de cheque ......................................................166
9.7.4 Ação penal ........................................................................................................167
9.7.5 Alterações promovidas pela lei 14.155/2021 ....................................................168
9.8 Receptação ..........................................................................................................168
9.8.1 Conceito ............................................................................................................168
9.8.2 Receptação qualificada.....................................................................................169
9.8.3 Receptação culposa .........................................................................................169
9.8.4 Receptação punível autonomamente ...............................................................169
9.8.5 Perdão judicial ..................................................................................................169
9.8.6 Tipo qualificado .................................................................................................170
9.9 Escusas absolutórias ...........................................................................................170
9.9.1 Imunidade absoluta...........................................................................................170
9.9.2 Imunidade relativa.............................................................................................170
9.9.3 Exclusão de imunidade ou privilégio .................................................................170
9.10 Questões sobre crimes contra o patrimônio ......................................................171
Livramento condicional
12.1 Requisitos ..........................................................................................................213
12.2 Hipóteses de revogação do Livramento Condicional .........................................216
12.3 Suspensão do Livramento Condicional..............................................................216
12.4 Incidentes da Execução Penal ...........................................................................217
12.5 Anistia, Graça, Indulto........................................................................................217
12.6 Aspectos gerais relacionados à execução da medida de segurança.................218
Lei de drogas
14.1 Retrospectiva .....................................................................................................249
14.2 Características ...................................................................................................250
14.3 Usuário ..............................................................................................................250
14.4 Tráfico propriamente dito ...................................................................................251
14.5 Bem jurídico tutelado .........................................................................................252
14.6 Sujeito ativo e sujeito passivo ............................................................................252
14.7 Elemento normativo indicativo da ilicitude .........................................................254
14.8 Quantidade de drogas: uso ou tráfico? ..............................................................254
14.9 Tráfico ................................................................................................................255
14.9.1 Consumação ...................................................................................................255
14.9.2 Outras figuras e o tráfico.................................................................................255
14.10 Tráfico privilegiado ...........................................................................................256
14.10.1 Natureza hediondo do tráfico privilegiado .....................................................256
14.11 Tráfico em transporte público...........................................................................259
14.12 Procedimentos .................................................................................................259
14.12.1 Procedimento especial da Lei nº 11.343/06 ..................................................260
14.12.2 Audiência una ...............................................................................................260
14.13 Absolvição sumária ..........................................................................................261
14.13.1 Questões pontuais ........................................................................................262
14.14 Prazo para destruição de drogas apreendidas ................................................262
14.14 Questões sobre Lei de Drogas ........................................................................264
Defesa Preliminar
15.1 Introdução ..........................................................................................................265
15.2 Identificação .......................................................................................................265
15.3 Prazo .................................................................................................................266
15.4 Conteúdo ...........................................................................................................266
15.5 Estrutura da Peça ..............................................................................................266
Embargos de declaração
18.1 Cabimento/conteúdo ..........................................................................................294
18.2 Identificação .......................................................................................................295
18.3 Base legal ..........................................................................................................295
18.4 Prazo .................................................................................................................295
18.5 Efeito interruptivo ...............................................................................................296
18.6 Estruturação do recurso.....................................................................................296
Prisão processual
19.1 Introdução ..........................................................................................................301
19.2 Prisão em Flagrante...........................................................................................302
19.2.1 Espécies de flagrante .....................................................................................303
19.2.2 Procedimento para a lavratura do auto de prisão em flagrante ......................309
19.2.3 Garantias legais e constitucionais do preso ....................................................311
19.2.4 Providências judiciais ao receber o auto de prisão em flagrante ....................312
19.3 Peças práticas no contexto de Prisão em Flagrante ..........................................315
19.3.1 Relaxamento de prisão ...................................................................................315
19.4 Liberdade provisória ..........................................................................................320
19.5 Prisão preventiva ...............................................................................................329
19.5.1 Legitimação.....................................................................................................330
19.5.2 Pressupostos ..................................................................................................331
19.5.3 Fundamentos da prisão preventiva .................................................................332
19.5.4 Condições de admissibilidade da Prisão Preventiva.......................................336
19.5.5 Peças privativas de advogado no contexto de prisão preventiva ...................340
19.6 Prisão temporária...............................................................................................345
19.6.1 Decretação por autoridade judicial..................................................................346
19.6.2 Prazo ..............................................................................................................346
19.6.3 Procedimento ..................................................................................................347
19.6.4 Revogação da prisão temporária ....................................................................347
19.6.5 Relaxamento da prisão temporária .................................................................348
19.7 Questões sobre prisão .......................................................................................352
Habeas corpus
20.1 Conceito .............................................................................................................359
20.2 Base Legal .........................................................................................................359
20.3 Espécies ............................................................................................................359
20.4 Legitimidade ativa ..............................................................................................360
20.5 Legitimidade passiva .........................................................................................360
20.6 Admissibilidade/conteúdo ..................................................................................360
20.7 Competência ......................................................................................................361
20.8 Julgamento e efeitos ..........................................................................................363
20.9 Pedido liminar ....................................................................................................363
20.10 Estruturação de Habeas corpus.......................................................................364
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 2ª Fase do 37º Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas.
Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
1.1 Introdução
Em regra, as causas extintivas da punibilidade só alcançam o direito de punir do Estado,
subsistindo o crime em todos os seus requisitos e a sentença condenatória irrecorrível.
Excepcionalmente, a causa resolutiva do direito de punir apaga o fato praticado pelo
agente e rescinde a sentença condenatória irrecorrível. É o que acontece com a abolitio criminis
e a anistia.
Ordinariamente, as causas extintivas de punibilidade estão previstas no artigo 107 do
Código Penal. Todavia, o rol não é taxativo, uma vez que existem outras causas extintivas de
punibilidade previstas no Código Penal e em leis especiais.
Exemplo: art. 312, §3º, art. 342, § 2º, art. 168-A, § 2º, todos do Código Penal.
No nosso estudo, merece especial destaque a decadência e a prescrição.
• Morte do agente
A morte do agente constitui causa de extinção da punibilidade, por conta do princípio da
personalidade da pena, segundo a qual a pena não pode passar da pessoa do condenado
(CF/88, art. 5º, XLV, 1ª parte).
Essa extinção da punibilidade incide sobre todas as espécies de penas, inclusive a pena
de multa. Assim, se, no curso da execução da pena de multa convertida em dívida ativa, o réu
vier a falecer, deve ser declarada extinta a punibilidade do agente pela sua morte, não sendo
possível, assim, direcionar a execução da pena de multa aos seus sucessores.
Isso porque, em sendo personalíssima a responsabilidade penal, a morte do agente faz
com que o Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer obrigação
de natureza penal.
Todavia, a própria Constituição Federal prevê a possibilidade de a obrigação de reparar o
dano e a decretação do perdimento de bens ser estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido (CF/88, art. 5º, XLV, 2ª parte).
a) Anistia
Trata-se de espécie de exclusão da incidência do Direito Penal sobre uma ou mais
infrações penais. Não exclui o crime, mas apenas a possibilidade de o Estado punir o agente que
o praticou, razão pela qual tem efeito retroativo.
A competência para concessão de anistia é exclusiva da União e privativa do Congresso
Nacional (CF/88, art. 48, VIII), com a sanção do Presidente da República, só podendo ser
concedida por meio de lei federal.
Não se aplica aos delitos referentes a “prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos” (CF/88, art. 5º, XLIII; Lei
8.072/90, art. 2º, I).
b) Graça
A graça, ao contrário do indulto, é um benefício concedido a pessoa determinada,
condenada definitivamente pela prática de crime comum, consistente na extinção ou comutação
da pena.
Nos termos do art. 5º, XLIII, da Constituição Federal, a graça não pode ser aplicada em
relação a delitos referentes à prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
terrorismo e aos definidos como crimes hediondos.
A Constituição Federal não faz expressa referência à graça, sendo esse instituto tratado
pela Lei de Execução Penal como indulto individual (LEP, art. 188).
A competência para concessão da graça é do Presidente da República, nos termos do art.
84, XII, da Constituição Federal, podendo, nos termos do parágrafo único desse artigo, delegar
a atribuição “aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral
da União”.
c) Indulto
O indulto coletivo constitui modalidade de clemência concedida a todo condenado que
preencher os requisitos previstos no Decreto Presidencial publicado geralmente no final de cada
ano. Como se vê, o indulto, ao contrário da graça, tem caráter coletivo e é concedido
espontaneamente.
Assim como a graça, a competência para conceder o indulto é do Presidente da República,
nos termos do art. 84, XII, da Constituição Federal/88, podendo, nos termos do parágrafo único
desse artigo, delegar a atribuição “aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República
ou ao Advogado-Geral da União”.
Os requisitos para a concessão do indulto variam de acordo com cada decreto publicado,
considerando, invariavelmente, requisitos subjetivos (primariedade e bom comportamento
carcerário, sem registro de falta grave ao longo do ano) e objetivos (tempo de cumprimento de
pena).
O indulto pode ser total, quando ensejar a extinção da pena, ou parcial, na hipótese de
diminuição ou comutação da pena, bem como incondicionado ou condicionado.
Nos termos do art. 2º, I, da Lei 8072/90, o indulto não pode ser aplicado em relação a
delitos referentes à prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e
aos definidos como crimes hediondos. O artigo 44 da Lei 11.343/2006 também veda a concessão
do indulto aos condenados pelo crime de tráfico de drogas.
a) Decadência
A decadência é a perda do direito do ofendido e dos demais legitimados de representar,
no caso de ação penal pública condicionada à representação, e de oferecer a queixa-crime, na
hipótese de ação penal privada, em face do decurso do tempo.
Nos termos do artigo 103 do Código Penal e 38 do Código de Processo Penal, o ofendido
ou seu representante legal decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro
do prazo de seis meses, contados a partir do dia em que veio a saber quem é o autor do crime,
ou, no caso da ação penal privada subsidiária da pública, do dia em que se esgotou o prazo para
o oferecimento da denúncia.
Logo, os legitimados para apresentar representação ou oferecer queixa-crime têm o prazo
de 06 (seis) meses, a contar da inequívoca ciência da autoria do fato, para exercer esse direito.
Escoado esse prazo sem iniciativa do ofendido ou do seu representante legal, incide a
decadência do direito de representação ou de queixa-crime, com a consequente extinção da
punibilidade do agente ofensor.
Como se trata de prazo penal, a contagem segue as regras do artigo 10 do Código Penal,
incluindo-se o dia do começo, excluindo-se o último dia, considerando o calendário comum.
Assim, se, por exemplo, o ofendido tomou ciência da autoria do fato no dia 03/03/2012, terá até
o dia 02/09/2020 para oferecer a representação ou ajuizar a queixa-crime. A partir do dia
03/09/2020 já terá incidido a decadência do direito, com a consequente extinção da punibilidade.
O prazo penal não se suspende e não se interrompe, não podendo, ainda, ser prorrogado
para o primeiro dia útil, se cair no sábado, domingo ou feriado. A partir do momento em que o
ofendido tomou conhecimento da ciência da autoria do fato, começa a correr o prazo
decadencial, não havendo suspensão ou interrupção.
b) Perempção
A perempção é uma causa de extinção da punibilidade que incide por conta da inércia
processual do querelante.
A perempção só é possível na ação penal exclusivamente privada, não sendo aplicável à
ação penal privada subsidiária da pública, já que, diante da negligência do querelante, o
Ministério Público retoma a ação penal (CPP, art. 29, parte final).
As hipóteses de perempção estão elencadas no artigo 60 do Código de Processo Penal.
E, segundo se extrai desse dispositivo, a perempção somente é possível após o ajuizamento da
ação penal privada.
Nos termos do artigo 60, inciso I, do Código de Processo Penal, haverá perempção
quando, iniciada a ação penal, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 dias seguidos. Nesse caso, se, após regular intimação, o querelante não se
manifestar no prazo legal de 30 dias, será decretada a extinção da punibilidade pela perempção.
Tomemos como exemplo o querelante deixar de nomear novo advogado, depois de devidamente
intimado a renúncia do advogado que o representava na ação penal.
A perempção incide também quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 do Código
de Processo Penal (CPP, art. 60, II).
Na hipótese de morte do querelante, a legitimidade para prosseguir na ação penal passa
para o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). Se um desses legitimados
não se habilitar aos autos, a fim de dar prosseguimento ao processo, dentro do prazo de 60 dias,
incidirá a causa de extinção de punibilidade do querelado.
Há perempção quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de
condenação nas alegações finais (CPP, art. 60, III). A presença do querelante no ato deve ser
imprescindível. Se o ato permitir ser representado por seu procurador, não haverá perempção.
A falta de pedido de condenação e não apresentação das alegações finais no prazo legal,
se devidamente intimado para tanto, também geram a incidência da perempção (CPP, art. 60,
III, 2ª parte). Assim, ao final da audiência de instrução, nos debates orais o querelante não
formular pedido de condenação ou de procedência do pedido, haverá perempção e, por
conseguinte, a extinção da punibilidade do querelado. Da mesma forma, se os debates orais
foram substituídos por memoriais escritos, por força do artigo 403, § 3º, do Código de Processo
Penal, e o querelante não apresentar essa peça no prazo legal, também incidirá a perempção.
Também gera a perempção quando, sendo querelante pessoa jurídica, esta se extinguir
sem deixar sucessor (CPP, art. 60, IV).
• Da retratação do agente
A retratação significa desdizer-se, retirar o que foi dito, confessar que errou.
Em regra, a retratação do agente não tem relevância jurídica, funcionando somente como
circunstância judicial na aplicação da pena. Excepcionalmente, o estatuto penal lhe empresta
força extintiva da punibilidade (CP, art. 107, VI).
A retratação, como causa de extinção da punibilidade, somente incide nos casos
expressamente previstos em lei, como, por exemplo, nos crimes contra a honra, conforme prevê
o artigo 143 do Código Penal.
Nos crimes contra a honra, a retratação só é cabível na calúnia e na difamação, sendo
inadmissível na injúria. Nos dois primeiros casos, importa à vítima que o ofensor se retrate
negando que ela praticou o fato imputado. Na injúria, porém, não há imputação de fato, mas
atribuição ao ofendido de qualidade negativa, não importando a esta a retratação.
A retratação nos crimes de difamação e calúnia só é possível quando se trata da ação
penal privada, pois o art. 143 do Código Penal se refere expressamente ao querelado.
Também incide na hipótese prevista no art. 342, § 2º, do Código Penal, que trata do crime
de falso testemunho ou falsa perícia, segundo o qual o fato deixa de ser punível, se, antes da
sentença o agente se retrata ou declara a verdade. Essa retratação só é possível até a sentença
final do procedimento em que foi praticado o falso testemunho.
• Perdão judicial
Perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, não obstante a incidência da infração penal
praticada por agente culpável, deixa de aplicar a pena nos casos expressamente previstos em
lei.
O perdão judicial pode ser concedido, por exemplo, aos seguintes crimes:
a) art. 121, § 5º, do Código Penal: “Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária”;
b) art. 129, § 8º, do Código Penal: “aplica-se à lesão culposa o disposto no §5º do art.
121”;
c) art. 140, § 1º, do Código Penal: em relação ao crime de injúria, “o juiz pode deixar de
aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no
caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria;
d) art. 180, § 5º, do Código Penal, em relação à receptação culposa, “Na hipótese do §3º,
se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar
a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no §2º do art. 155.”;
e) art. 242, parágrafo único, do Código Penal, “Dar parto alheio como próprio; registrar
como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito
inerente ao estado civil: Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza”.
2.1. Introdução
Pela própria denominação (nexo causal) é possível perceber que consiste no vínculo ou
liame de causa e efeito entre a ação e o resultado do crime.
Via de regra, a conduta do agente produz o resultado criminoso de forma direta. Trata-se
de relação de causa (conduta) e efeito (resultado): Nexo de causalidade.
Todavia, pode ocorrer que, aliada à conduta do agente, outra causa contribua para o
resultado. É a chamada concausa.
Esta “concausa” pode ser absolutamente independente ou relativamente independente,
dependendo se teve ou não origem na conduta do agente.
Nesse caso, há a conduta do agente (efetuar o disparo), mas o que gerou o resultado
morte foi outra causa (o veneno). Essa outra causa é independente da conduta do agente
(porque por si só produziu o resultado). É absolutamente independente (porque não teve origem
na conduta do agente, pois tendo ou não efetuado o disparo o resultado ainda assim se
produziria). É preexistente porque essa outra causa (veneno) já existia antes da ação do agente.
b) Concomitantes
São as causas que não têm nenhuma relação com a conduta e produzem o resultado
independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que
a ação é realizada.
EXEMPLO
“A” desfere golpe de faca contra “B” no exato momento em que este vem a
falecer exclusivamente por força de uma queda de um lustre sobre sua cabeça.
Nesse caso, há a conduta do agente (desferir o golpe de faca), mas o que gerou o
resultado morte foi outra causa (lustre na cabeça). O lustre na cabeça se trata de causa
independente da conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É absolutamente
independente (porque não teve origem na conduta do agente, pois tendo ou não efetuado
desferido o golpe o resultado ainda assim se produziria). É concomitante porque essa outra
causa (queda do lustre na cabeça) ocorreu exatamente no momento da ação do agente.
c) Supervenientes
São causas que atuam após a conduta. Ou seja, que surgem depois da conduta
desenvolvida pelo agente.
EXEMPLO
Nesse caso, há a conduta do agente (ministrar veneno), mas o que gerou o resultado
morte foi outra causa (lustre na cabeça). O lustre na cabeça é uma causa independente da
conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É absolutamente independente
(porque não teve origem na conduta do agente, pois tendo ou não ministrado o veneno o
resultado ainda assim se produziria). É superveniente porque essa outra causa (queda do lustre
na cabeça) ocorreu depois da conduta do agente.
Nos exemplos, a causa da morte não tem ligação alguma com o comportamento do
agente. Em face disso, ele não responde pelo resultado morte, mas sim pelos atos praticados
antes de sua produção. Isso porque ocorreu quebra do nexo causal. Assim, se o dolo era de
matar, o agente responderia por tentativa de homicídio.
Aqui não há, de regra, uma quebra do nexo causal, mas uma soma entre as causas, que,
ao final, conduzem ao resultado lesivo.
EXEMPLO
Nesse caso, como há uma soma de causas e não quebra do nexo causal, o agente
responde pelo resultado pretendido. No caso, homicídio consumado, a menos que não tenha
concorrido para ele com dolo ou culpa.
Isso, porque, segundo doutrina majoritária, a imputação do resultado ao agente exige que
ele tenha conhecimento do estado de saúde do agente (que denota dolo) ou que, pelo menos,
que lhe fosse previsível (indicativo de culpa).
Assim, se, por exemplo, o agente não sabia do estado de saúde da vítima ou não lhe era
previsível, não poderia lhe ser atribuído o resultado morte, responderia, pois, pelo delito de
tentativa de homicídio (se agiu com a intenção de matar).
Se, no entanto, pretendia ferir a vítima, agredindo-a com um soco e, esta em razão da
hemofilia, desconhecida pelo agente, vem a falecer em razão da eclosão de uma hemorragia, o
agente somente será responsabilizado pelo delito de lesão corporal.
b) Concomitantes
A causa que efetivamente produziu o resultado surge no exato momento da conduta do
agente.
EXEMPLO
Considera-se o ataque à vítima, por meio de disparo de arma de fogo, que, no
exato momento da agressão, sofre ataque cardíaco, vindo a falecer, apurando-
se que a soma desses fatores (causas) produziu a morte, já que a agressão e o
ataque cardíaco, considerados isoladamente, não teriam o condão do produzir o
resultado morte.
Nesse caso, há a conduta do agente (disparo de arma de fogo), mas o que desencadeou
efetivamente o resultado morte foi outra causa (ataque cardíaco). Essa outra causa é
independente da conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É relativamente
independente (porque teve origem na conduta do agente, pois, se não tivesse desferido a facada,
essa outra causa não seria desencadeada e o resultado não ocorreria). É concomitante porque
essa outra causa (ataque cardíaco) foi potencializada no exato momento da conduta do agente.
Nesse caso, como há uma soma de causas e não quebra do nexo causal, o agente
responde pelo resultado pretendido. No caso, homicídio consumado, a menos que não tenha
concorrido para ele com dolo ou culpa.
c) Supervenientes
A causa que efetivamente produziu o resultado ocorre depois da conduta praticada pelo
agente.
EXEMPLO
Assim, o agente não responde pelo resultado ocorrido, mas somente pelos atos
anteriores, que, no caso, foi tentativa de homicídio.
CUIDADO
Assim, para que o agente responda pelo resultado morte e, portanto, a concausa
relativamente independente preexistente e concomitante deve ser conhecida do agente ou ao
menos existir possibilidade de conhecimento, sob pena de responsabilidade penal objetiva. Foi
o que caiu no XXI exame da OAB. O agente não foi responsabilizado pela morte, porque não
tinha conhecimento da causa preexistente, nem lhe era previsível. Responderia apenas por lesão
corporal.
Exemplo de questão
B) Qual tese de direito material poderia ser alegada em favor de Júlio? Justifique.
(Valor: 0.60)
A) O(A) examinando(a) deve concluir pela incompetência do Juízo, tendo em vista que
o crime praticado não é doloso contra a vida. Nos termos do Art. 74, § 1º, do Código de
Processo Penal (ou Art. 5º, inciso XXXVIII, alínea d, da CRFB), ao Tribunal do Júri cabe
apenas o julgamento dos crimes dolosos contra a vida e os conexos. No caso, mesmo
de acordo com a imputação contida na denúncia, o resultado de morte foi culposo; logo,
a competência é do juízo singular.
B) O(A) examinando(a) deve defender que não poderia Júlio responder pelo crime de
lesão corporal seguida de morte, porque aquele resultado não foi causado a título de
dolo nem culpa. O crime de lesão corporal seguida de morte é chamado de
preterdoloso. A ação é dirigida à produção de lesão corporal, sendo o resultado morte
produzido a título de culpa. Costuma-se dizer que há dolo no antecedente e culpa no
consequente. Um dos elementos da culpa é a previsibilidade objetiva, somente
devendo alguém ser punido na forma culposa quando o resultado não querido pudesse
ser previsto por um homem médio, sendo que a ausência de previsibilidade subjetiva,
capacidade do agente, no caso concreto, de prever o resultado, repercute na
culpabilidade. Na hipótese, não havia previsibilidade objetiva, o que impede a tipificação
do delito de lesão corporal seguida de morte. Também poderia o candidato responder
que havia uma concausa preexistente, relativamente independente, desconhecida,
impedindo Júlio de responder pelo resultado causado. Em princípio, a concausa
relativamente independente preexistente não impede a punição do agente pelo crime
consumado. Contudo, deve ela ser conhecida do agente ou ao menos existir
possibilidade de conhecimento, sob pena de responsabilidade penal objetiva.
Agora, se, por exemplo, a intenção fosse de lesionar e resultou morte, tendo
ciência da hemofilia, responde por lesão corporal seguida de morte. Isso já caiu na
prova da OAB.
Exemplo de questão
Wallace, hemofílico, foi atingido por um golpe de faca em uma região não letal do corpo.
Júlio, autor da facada, que não tinha dolo de matar, mas sabia da condição de saúde
específica de Wallace, sai da cena do crime sem desferir outros golpes, estando
Wallace ainda vivo. No entanto, algumas horas depois, Wallace morre, pois, apesar de
a lesão ser em local não letal, sua condição fisiológica agravou o seu estado de saúde.
Acerca do estudo da relação de causalidade, assinale a opção correta.
Exemplo de questão
José subtrai o carro de um jovem que lhe era totalmente desconhecido, chamado João.
Tal subtração deu-se mediante o emprego de grave ameaça exercida pela utilização
de arma de fogo. João, entretanto, rapaz jovem e de boa saúde, sem qualquer histórico
de doença cardiovascular, assusta-se de tal forma com a arma, que vem a óbito em
virtude de ataque cardíaco. Com base no cenário acima, assinale a afirmativa correta.
3.2. Requisitos
Não basta a contribuição de duas ou mais pessoas na prática delituosa para caracterizar
o concurso de pessoas. É necessária, ainda, a presença de determinados requisitos, sem os
quais não há como configurar o concurso de pessoas.
Assim, para que haja concurso de pessoas, exige-se que cada um dos agentes tenha
realizado ao menos uma conduta relevante. Pode ser autoria e participação, em que há uma
conduta principal e outra acessória, praticadas, respectivamente, por autor e partícipe, bem como
em coautoria, em que há duas condutas principais.
3.2.2. Relevância causal das condutas
Nos termos do art. 29, caput, do CP, quem, de qualquer modo, contribuir para a prática
de um delito incide nas penas a este cominadas. A expressão de “qualquer modo” revela a
amplitude da forma de atuação do agente na empreitada delituosa, seja na forma de contribuição
pessoal, direta ou indireta, física ou moral.
Extrai-se, ainda, do art. 29, caput, do CP, que, para incidir a hipótese de concurso de
pessoas, a conduta do agente deve concorrer para o crime, contribuindo, ainda que
minimamente, para a produção do resultado. É imprescindível, pois, que a conduta do agente
tenha sido relevante para a infração penal, a ponto de, se excluída do curso causal, o resultado
não teria ocorrido da forma como ocorreu.
Em outras palavras, se a conduta não tem qualquer relevância causal, isto é, se não
contribuiu em nada para a produção do resultado, não há que se falar em concurso de pessoas.
Os agentes devem atuar conscientes de que participam de crime comum, ainda que não
tenha havido acordo prévio de vontades. A ausência desse elemento psicológico inviabiliza o
concurso de pessoas, ensejando condutas isoladas e autônomas.
A atuação de cada um dos agentes deve ser voltada para a produção do mesmo resultado.
Trata-se do princípio da convergência de vontades dos agentes voltados para a prática do
mesmo crime, ainda que não haja combinação prévia, ou seja, que um dos agentes não saiba
da contribuição do outro.
No vínculo subjetivo, que caracteriza o concurso de pessoas, basta que um dos agentes
tenha conhecimento que está contribuindo para prática delituosa, ainda que não tenha havido
combinação prévia com o outro agente envolvido no delito. Basta, em síntese, um dos agentes
aderir à conduta ou à vontade de outrem, e concorrer, ainda que sem o conhecimento do outro,
para a produção do resultado.
É a aplicação da teoria unitária ou monista, segundo a qual haverá um único crime para
os diversos agentes. Assim, o agente que anuncia o assalto e realiza a subtração responderá
pelo mesmo crime daquele que o conduziu até o local do roubo, aguardando-o para empreender
fuga, e daquele que planejou toda a atividade criminosa. Os três agentes responderão pelo crime
de roubo majorado.
3.3.1. Autoria
Para a adequada imputação do delito ao agente, revela-se necessário identificar o seu
modo de atuação na empreitada delituosa, verificando-se se contribuiu para o delito na condição
de autor.
Com efeito, ao contrário da teoria extensiva, que tratava a autoria como figura única,
ampliando sobremaneira seu conceito, a teoria restritiva limita o conceito de autor à determinada
forma de atuação, estabelecendo nítida distinção em relação à figura do partícipe.
Agora, com a teoria objetiva, na vertente restritiva, não há só a figura do autor, mas a
figura do autor e do partícipe.
Para a teoria objetivo-formal, autor é aquele que realiza a ação ou omissão descrita no
verbo nuclear do tipo penal que define o crime ou contravenção. É, em síntese, aquele que
pratica a conduta descrita no tipo penal incriminador. É aquele que pratica, por exemplo, a ação
de “matar” (CP, art. 121); de subtrair (CP, arts. 155 e 157); de constranger (CP, arts. 146, 158 e
213).
Partícipe é aquele que contribui, de qualquer modo, para a empreitada delituosa, mas sem
realizar a ação ou omissão descrita no verbo nuclear do tipo. É aquele que induz, instiga ou
auxilia o autor a executar a conduta descrita no tipo penal.
Assim, o agente que efetua disparos contra a vítima, atuará no crime de homicídio na
condição de autor, ao passo que aquele que induziu a matá-la atuará na condição de partícipe.
Quem ingressa numa agência bancária e, portando uma arma de fogo, anuncia o assalto
e realiza a subtração do dinheiro, atuará no crime de roubo majorado na condição de autor,
enquanto o agente que se posta no lado externo do prédio e aguarda, com o motor do veículo
acionado, o comparsa para empreenderem fuga, atua no delito na condição de partícipe.
Por meio dessa norma de extensão, que serve como verdadeira ponte, é possível
adequar, ainda que de forma indireta, a conduta do partícipe ao tipo penal que descreve a
conduta criminosa.
Assim, por exemplo, a conduta do autor intelectual ou do mandante do crime será típica,
por força da norma de extensão (ou ponte de ouro) do art. 29, caput, CP, que estabelece a
ligação entre a sua conduta e o tipo penal correspondente.
Assim, para a teoria do domínio do fato, a figura do autor não se restringe somente aquele
que executa a conduta descrita no tipo penal, mas também aquele que tem o controle da ação
típica dos demais agentes, inserindo-se, nesse contexto, o autor executor, o autor intelectual, o
autor mediato, bem como o coautor.
O partícipe é aquele que contribui para o delito alheio, sem realizar a figura típica, nem
tampouco comandar a ação. É quem não domina a realização do fato, mas contribui de qualquer
modo para ele.
EXEMPLO 1:
EXEMPLO 2:
Clodoaldo, Alan e Patrícia deliberaram praticar um crime de roubo. Clodoaldo se
encarregou somente de emprestar a arma. Alan ficou responsável por transportar
em seu veículo Patrícia até o local do crime e dar-lhe fuga. Patrícia atraiu a vítima
ao local ermo, anunciou o assalto, apontando a arma para a vítima, e, após,
subtraiu sua carteira. Nesse contexto, pela teoria do domínio do fato, Alan e
Patrícia atuaram na condição de autores, já que tinham o domínio de toda
empreitada delituosa, ao passo que Clodoaldo, por ter somente emprestado a
arma, sem o controle de dominar a ação dos comparsas, responderá pelo crime
de roubo majorado na condição de partícipe.
3.3.2. Coautoria
A coautoria é a modalidade de atuação no concurso de pessoas em que dois ou mais
agentes figuram como autores do crime, desenvolvendo a conduta em busca do mesmo
resultado.
A coautoria parcial (ou funcional) é aquela em que há divisão de tarefas entre os agentes,
que, somadas, produzem o resultado desejado por todos.
EXEMPLO:
Um dos agentes segura a vítima, enquanto o outro desfere nela golpes de faca.
A coautoria direta (ou material) é aquela em que todos os agentes executam atos iguais,
voltados à produção do resultado.
EXEMPLO:
Mauro e Arnaldo, ambos portando faca, desferem golpes de faca contra a vítima
até levá-la à morte.
3.3.3. Participação
Conforme a teoria restritiva de autoria, partícipe é quem contribui para que o autor ou
coautores realizem a conduta principal, ou seja, aquele que, sem praticar o verbo nuclear do tipo,
concorre de algum modo para a produção do resultado. De acordo com a teoria do domínio do
fato, participação é a contribuição dolosa de menor relevância, em que o agente contribui para o
fato de outrem, sem ter o domínio do fato.
Assim, considerando a teoria restritiva, adotada pelo Código Penal, autor seria o agente
que pratica a conduta descrita no verbo nuclear do tipo incriminador, ao passo que partícipe seria
aquele que contribui, de qualquer modo, para a atividade delituosa, mas sem realizar a conduta
descrita no tipo penal.
EXEMPLO:
No induzimento, o agente introduz na mente do autor a ideia criminosa. O autor não tinha
a representação mental da prática delituosa, sendo induzido pelo partícipe a cogitar a execução
do delito. Em síntese, na indução, o partícipe faz surgir na mente do agente a intenção delituosa.
EXEMPLO:
b) Instigar
EXEMPLO:
FIQUE LIGADO
Formas
Material Auxiliar
O partícipe que houver tido “participação de menor importância” poderá ter sua pena
reduzida de um sexto a um terço, nos termos do art. 29, § 1º.
Esse dispositivo cuida da hipótese de o autor principal cometer delito mais grave que o
pretendido pelo partícipe ou coautor.
EXEMPLO:
“A” determina “B” a espancar “C”. “B” mata “C”. Segundo o art. 29, § 2º, “A”
responde por crime de lesão corporal, cuja pena deve ser aumentada até metade
se a morte da vítima lhe era previsível.
De fato, a solução dada pelo CP leva à punição de “A” pelo delito de lesões corporais, que
foi o crime desejado, cuja pena será elevada até a metade se o homicídio for previsível.
PARTICIPAÇÃO DE COOPERAÇÃO
MENOR DOLOSAMENTE
IMPORTÂNCIA DISTINTA
Aumenta-se até a
metade, na hipótese
Causa de diminuição
de ter sido previsível
de pena de 1/6 a 1/3
o resultado mais
grave.
De outro lado, as circunstâncias objetivas alcançam o partícipe ou coautor se, sem haver
praticado o fato que as constitui, houveram integrado o dolo ou culpa.
EXEMPLO:
“A” instiga “B” a praticar homicídio contra “C”. “B”, para a execução do crime,
emprega asfixia. O partícipe não responde por homicídio qualificado (art. 121, §
2º, III, 4ª figura), a não ser que o meio de execução empregado pelo autor principal
tenha ingressado na esfera de seu conhecimento.
O motivo egoístico, que qualifica o crime de dano (CP, art. 163, parágrafo único,
IV, primeira figura), não se comunica aos demais concorrentes que tenham
colaborado com o fato por outros motivos.
3.6 Questões sobre concurso de pessoas
7) QUESTÃO 1 – IX EXAME
Raimundo, já de posse de veículo automotor furtado de concessionária, percebe que não tem
onde guardá-lo antes de vendê-lo para a pessoa que o encomendara. Assim, resolve ligar para
um grande amigo seu, Henrique, e após contar toda sua empreitada, pede-lhe que ceda a
garagem de sua casa para que possa guardar o veículo, ao menos por aquela noite. Como
Henrique aceita ajudá-lo, Raimundo estaciona o carro na casa do amigo. Ao raiar do dia,
Raimundo parte com o veículo, que seria levado para o comprador.
Considerando as informações contidas no texto responda, justificadamente, aos itens a seguir.
A) Raimundo e Henrique agiram em concurso de agentes? (Valor: 0,75)
B) Qual o delito praticado por Henrique? (Valor: 0,50)
Obs.: Respostas contraditórias não serão pontuadas.
Em conformidade com o art. 24, inc. X e XI, da CF, compete à União, aos Estados e ao
DF legislar concorrentemente sobre: a criação, funcionamento e processo do juizado de
pequenas causas (inciso X); procedimentos em matéria processual (inciso XI).
O art. 98 da CF/88 dispõem que os Juizados serão providos por juízes togados ou togados
e leigos competentes para conciliação, o julgamento e execução de infrações de menor potencial
ofensivo. Dessa forma, no dia 26/09/95, foi sancionada pelo Presidente da República a n° Lei
9.099, restringindo sua aplicação ao âmbito da Justiça Estadual. Por subsequente, em 12/07/01,
dispondo acerca da instituição dos Juizados Especiais no âmbito da Justiça Federal, foi
sancionada a Lei n° 10.259/01.
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para
a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e
infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de
recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.
(Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Porém, com o advento do artigo 2°, parágrafo único, da Lei n° 10.259/01, houve uma
ampliação do conceitode infração de menor ofensivo, considerando como sendo aqueles que a
lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos ou multa.
1 A Lei 9.099/95 trouxe outro conceito importante no artigo 89 – crimes de médio potencial ofensivo – aqueles
cuja pena mínima não ultrapassa 1 ano, destinatários da Suspensão Condicional do Processo. Importante
diferenciar tais crimes daqueles denominados de crimes de bagatela, estes, por sua vez, não possuem previsão
legal, o princípio da insignificância resulta na exclusão da tipicidade (material). Por exemplo: um crime de furto
simples poderá ser um crime de bagatela, todavia não se trata de um delito de menor potencial ofensivo, e sim de
médio.
A jurisprudência e a doutrina posicionaram-se no sentido de que a Lei 10.259/01 teria
ampliado o conceito de infração de menor potencial ofensivo, aplicando o mesmo conceito na
Justiça Estadual.
Atualmente, com o advento da Lei 11.313/06, legislação que alterou as duas leis
supramencionadas, consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos de
ambas as leis (lei 9.099/95 e 10.259/01), as contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa”, unificando o conceito
e encerrando-se a discussão.
Por fim, outra questão importante é a alteração proferida no artigo 60 da referida lei que
diz respeito às regras de conexão ou continência asseguradas no Código de Processo Penal 2,
2 A quem interessar vale a leitura sobre a pretensão da Procuradoria geral da República, na ADIN 5264, em que
busca obter a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo que determina a observância das regras de
conexão e continência, visto que tal regra despreza a competência determinada pelo artigo 98 da CF, que
eis que consta expressamente no parágrafo único que na reunião de processos, perante o juízo
comum ou tribunal do júri, serão observados os institutos da transação penal e da composição
civil.
C Celeridade
E Economia processual
I Informalidade
O Oralidade
S Simplicidade
Os atos processuais deverão ser públicos e podem ser realizados no período noturno
e em qualquer dia da semana, de acordo com a disposição das normas de organização
judiciária local.
Para serem válidos, os atos processuais deverão preencher as finalidades para as quais
foram realizados, atendidos os critérios dos princípios mencionados anteriormente. Ou seja,
determina que as infrações de menor potencial ofensivo deverão observar as regras do JECRIM (ver:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=288555).
nenhuma nulidade será pronunciada se não houver a ocorrência de prejuízo para uma das
partes.
Importante registrar que mesmo que tenhamos todos esses critérios voltados a um
procedimento célere, econômico, informal, oral e simples devemos nos ater aos preceitos
constitucionais da ampla defesa e contraditório, no intuito de resguardar os direitos e garantias
daqueles que estão na condição de autor do fato ou acusado.
Critérios e Objetivos
• A lei prevê várias alternativas para que se alcance os objetivos de reparação dos danos,
sempre que possível, e a aplicação de pena não privativa de liberdade. Convém ressaltar que é
possível que os objetivos não sejam alcançados e na pior das hipóteses uma pessoa seja ao
final condenada a uma pena privativa de liberdade, ainda que pequena, no âmbito do juizado
especial criminal. Entretanto, o ideal é que seja utilizada alguma medida despenalizadora
prevista na legislação, vejamos um breve conceito:
• Composição civil dos danos: é um acordo de natureza civil, quando realizado gera a
renúncia ao direito de queixa na ação penal privada ou a renúncia à representação nos casos de
ação penal pública condicionada, com a consequente extinção da punibilidade (Art. 74, parágrafo
único, da Lei nº 9.099/952). Essa medida impede a instauração do processo criminal nos crimes
de ação penal pública condicionada à representação e nos casos de ação penal privada.
Entretanto, eventual composição civil de danos nos casos de ação penal pública incondicionada
não gera impedimento para o prosseguimento, sendo o caso de verificar a possibilidade de
transação ou suspensão condicional do processo.
• Transação Penal: autoriza o cumprimento imediato de uma pena restritiva de direitos ou
multa, em contrapartida evita a instauração do processo criminal (Art. 76 da Lei nº 9.099/953).
Em outros termos, é uma proposta feita geralmente pelo Ministério Público para que o autor do
fato aceite uma pena diversa de prisão para evitar o processo. Caracterizando-se nos casos de
ação penal pública uma exceção ao princípio da obrigatoriedade.
• Suspensão Condicional do Processo: possibilidade de acordo com o acusado, depois
de recebida a denúncia, o magistrado suspende o andamento da ação penal e da prescrição.
Em contrapartida, durante determinado lapso temporal (período de prova), o acusado é
submetido a certas condições. Encerrado o período de prova sem a ocorrência de qualquer
alteração, o magistrado declara extinta a punibilidade (Art. 89 da Lei nº 9.099/95). Vale ainda
destacar que o instituto da suspensão condicional do processo não se limita aos delitos de menor
potencial ofensivo da Lei 9099/95, ou melhor, vale para todo e qualquer delito que preencha os
requisitos do artigo 89 da Lei nº 9.099/95, desde que não haja vedação, como ocorre nos casos
envolvendo Lei Maria da Penha.
Apenas a título de informação, é importante registrar que a Lei n. 9.099/95 no artigo 88
dispõe que dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais
leves e lesões culposas.
Competência Territorial
O Código de Processo Penal (Art. 70) adotou a teoria do resultado, pois a competência é
fixada pelo local da consumação do delito. Já o artigo 63 da Lei dos Juizados Especiais acolheu
a teoria da atividade, ou seja, a competência é fixada pelo lugar em que se deu a ação ou
omissão.
Cuidado:
Art. 538 do CPP. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado
especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de
outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo.
4.6 Citação no âmbito do Juizado Especial Criminal
O artigo 66 da Lei n. 9.099/95 é claro ao informar que a citação será pessoal ou por
mandado, logo se o acusado não for encontrado o processo será remetido ao juízo comum
(parágrafo único, artigo 66).
A regra é que a citação seja pessoal e no próprio Juizado Especial Criminal, pois a
pretensão legislativa é de que inexistindo acordo entre as partes ou não tendo ocorrido a
transação, seja determinada a citação do acusado no final da audiência preliminar, conforme
consta no artigo 78 da Lei n. 9.099/95.
Não cabe citação por edital no JECRim, pois conforme mencionado não sendo encontrado
o acusado haverá remessa ao juízo comum. No tocante à citação por hora certa a matéria é
controvertida, pois apesar de diversas Turmas Recursais não admitirem esta modalidade de
citação ficta, há Enunciado do FONAJE (Fórum Nacional de Juizados Especiais) admitindo a
aplicação, vejamos o Enunciado n. 110: “No Juizado Especial Criminal é cabível a citação com
hora certa”.
Fase Preliminar:
A fase preliminar ao processo está prevista nos artigos 69 a 76 da Lei n. 9.099/95. Nesta
fase, fica evidenciado o caráter consensual do Juizado, visto que inclui a possibilidade de
composição civil dos danos ou a aceitação da proposta de transação penal como medidas
despenalizadoras, que evitariam a propositura da ação penal.
Termo Circunstanciado:
Não se imporá prisão em flagrante para o autor do fato que se comprometer a comparecer
aos atos perante o Juizado Especial Criminal. Entretanto, caso o agente se recuse a assumir o
compromisso de comparecer ao Juizado deverá ser lavrado o auto de prisão em flagrante, o que
não significa que permanecerá preso pois é possível a concessão de liberdade provisória com
fiança pelo próprio delegado, com base no art. 322 do CPP, visto que em se tratando de infrações
de menor potencial ofensivo é plenamente cabível arbitramento da fiança pelo delegado.
Audiência Preliminar:
Dessa forma, quando é feita a remessa ao Fórum, haverá a intimação nos termos dos
artigos 67 e 68. Intimação pessoal, informando, além da data da audiência de conciliação a
necessidade de acompanhamento de advogado.
Importante perceber que neste início da audiência o que temos é apenas o Termo
Circunstanciado, não falamos em acusação ou denúncia/queixa, por isso a nomenclatura
utilizada é de autor do fato, não de acusado.
A composição civil dos danos constitui um acordo de natureza civil, que, se realizado pelas
partes no caso de ação penal privada ou pública condicionada à representação, resultará na
extinção da punibilidade. Nos casos de ação penal pública incondicionada, a composição dos
danos não gera nenhuma consequência no tocante à punibilidade, dando-se continuidade ao
trâmite legal.
Em caso de não haver a composição civil, ou sendo o caso de ação penal incondicionada,
e em qualquer situação não caracterizar possibilidade de arquivamento, será oferecida a
proposta de transação, ainda na audiência preliminar, que se trata de uma proposta de aplicação
de pena restritiva de direito ou pena de multa para evitar que haja processo penal.
• o autor do fato não poderá ter usufruído de outra transação nos últimos cinco anos;
• não pode ter sido condenado definitivamente a crime anterior por pena privativa de
liberdade;
• as circunstâncias, como antecedentes, conduta social, personalidade, devem indicar a
possibilidade da medida.
De acordo com o art. 76 da Lei 9.099/95 a transação poderá ser oferecida pelo Ministério
Público nos crimes de ação penal pública. Entretanto, a doutrina é pacífica no sentido de ser
cabível a transação penal também nas ações penais privadas, o que é controvertido é o
posicionamento de quem seria a função de oferecer a transação. Discute-se, portanto, se o
oferecimento da transação nas ações penais privadas deveria ser feito pelo representante do
Ministério Público ou pelo Querelante, titular da ação penal.
Tem prevalecido nos Tribunais superiores que o querelante é o legitimado a oferecer nos
casos de ação penal privada. No STJ veja RHC 102381/BA, no STF veja a Ação Penal 634,
neste mesmo sentido é o entendimento também adotado por Renato Brasileiro de Lima. Portanto,
inobstante a existência do Enunciado 112 do FONAJE que diz “Na ação penal de iniciativa
privada, cabem transação penal e suspensão condicional do processo, mediante proposta do
Ministério Público”, tem prevalecido a legitimidade do Querelante no âmbito da jurisprudência
dos tribunais.
Caso o Ministério Público não ofereça a transação e o autor do fato preencha os requisitos,
é possível aplicar por analogia a súmula 696 do STF, que se refere à suspensão condicional do
processo.
A transação penal nos casos de crimes ambientais, que se caracterizem como infrações
de menor potencial ofensivo, nos termos do art. 27 da Lei 9.605/1998 somente poderá
ser formulada caso tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o
art. 74 da Lei n. 9.099/1995, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
Art. 27 da Lei 9.605/98: Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta
de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº
9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha
havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo
em caso de comprovada impossibilidade.
Não sendo obtido qualquer acordo, prosseguirá a audiência preliminar e no final será
oferecida a denúncia ou queixa-crime, em regra oralmente, depois reduzida a termo, no momento
será realizada no próprio JECRIM, se possível. Neste momento, inicia-se o procedimento
sumaríssimo.
Como mencionado, ainda na audiência preliminar, não sendo realizado nenhum acordo
ou aceitação de pena restritiva ou pena multa (transação), será oferecida de forma oral a
acusação, que poderá ser uma denúncia ou queixa-crime a depender da situação, conforme
consta no art. 77 da Lei no 9.099/1995. Perceba que, nesse momento, iniciamos o procedimento
sumaríssimo, ou seja, a fase processual, até então não havia menção à acusação formal,
somente existia o termo circunstanciado e proposta de alguma medida despenalizadora
(composição ou transação), para evitar justamente à via processual.
Após o oferecimento oral da acusação, será reduzida a termo, e o acusado, caso presente
na audiência, será citado pessoalmente, no Juizado Especial Criminal, e imediatamente
cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual
também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.
Caso o acusado não esteja presente, será citado na forma do art. 66 da Lei, por mandado a ser
cumprido pelo Oficial de Justiça.
No JECRIM a citação é pessoal no próprio Juizado, pois ela ocorre em regra na audiência
preliminar. Se o acusado não estiver presente será citado pessoalmente por mandado, não
se admitindo citação por edital, sendo inclusive uma hipótese de remessa do procedimento
para uma Vara Criminal, afastando-se assim a competência – art. 66, § único, da Lei n.
9.099/95.
No dia da audiência de instrução e julgamento (art. 81), a sucessão dos atos difere do
procedimento comum ordinário, observe bem a ordem do procedimento sumaríssimo. Vejamos:
Audiência de instrução e julgamento (art. 81)
•
9.099/95).
juiz decidirá se recebe ou não a denúncia ou queixa;
• em caso de recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa;
• após, o acusado será interrogado, se presente;
• debates orais (acusação e defesa);
• sentença.
Em resumo, identifique as diferenças entre os demais procedimentos, no caso do
sumaríssimo a resposta à acusação é oral; a citação é feita antes do recebimento da acusação,
em audiência e na forma oral; se o juiz optar por rejeitar a denúncia ou queixa, caberá o recurso
de apelação, nos termos do art. 82 da Lei no 9.099/1995. Inclusive, o prazo da apelação neste
procedimento é dez dias.
•No CPP, o recurso cabível da decisão que rejeita a peça acusatória é o Recurso em Sentido
Estrito (Art. 581, inciso I, do CPP). No entanto, nos Juizados Especiais Criminais, o meio recursal é
a Apelação, sendo obrigatória a intimação da parte adversa para apresentar contrarrazões no prazo
de 10 dias (Art. 82, § 2º, Lei nº 9.099/95).
É o que estabelece o artigo 76, § 5º, da Lei nº 9.099/95: da sentença prevista no parágrafo anterior,
caberá a Apelação referida no artigo 82 desta Lei.
No âmbito do JECRIM não é cabível Recurso Especial, há inclusive a Súmula 203 do STJ,
negando o cabimento de Recurso Especial.
As turmas recursais julgarão os habeas corpus impetrados contra atos de Juízes dos
Juizados. Porém, o julgamento de habeas corpus contra ato das Turmas Recursais Criminais
deverá ser julgado pelo Tribunal de Justiça do respectivo Estado ou Tribunal Regional Federal.
Em relação à Revisão Criminal é possível, quem julgará a ação será a Turma Recursal
Criminal (STJ – CC 47.718/RS).
De acordo com o artigo 14 da Lei 10.259/01, no âmbito dos Juizados Federais caso haja
violação às questões pacíficas no STJ é cabível o pedido de uniformização de jurisprudência
(artigo 14 da Lei 10.259/01).
Assim sendo, o STJ determinou aos Tribunais o julgamento das Reclamações oriunda das
Turmas Recursais. Inobstante a vigência desta resolução, há quem discuta, e com razão, a
inconstitucionalidade da medida.
Aceita as condições contidas na proposta e previstas no art. 89, §1º e 2º, da Lei 9.099/95,
o juiz receberá a denúncia e suspenderá o processo pelo período de 2 a 4 anos.
3
De acordo com o Item 2 da Edição n. 96 da Jurisprudência em tese do STJ - É cabível a suspensão condicional
do processo e a transação penal aos delitos que preveem a pena de multa alternativamente à privativa de
liberdade, ainda que o preceito secundário da norma legal ultrapasse os parâmetros mínimo e máximo exigidos
em lei para a incidência dos institutos em comento. Por exemplo, ao delito em tipificado no art. 7, IV, 'a', da Lei n.
8.137/1990 que possui a pena mínima cominada em 2 (dois) anos de detenção ou multa, permite a concessão do
benefício legal, conforme julgado do Superior Tribunal de Justiça e entendimento firmado. (RHC 118.353/PB, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 22/10/2019, DJe 04/11/2019).
Assim sendo, é possível que uma pessoa acusada pelo delito de aborto, previsto no art.
124 do CP, ainda que estejamos diante do procedimento do júri, obtenha a suspensão do
processo, da mesma forma que uma pessoa que esteja respondendo por estelionato, art. 171 do
CP, desde que preencha os demais requisitos do art. 89 da Lei no 9.099/1995.
Importante frisar que se tratando de violência doméstica e familiar contra a mulher não
haverá aplicação de transação ou suspensão condicional do processo, uma vez que o art. 41 da
Lei 11.340/2006 expressamente afasta a Lei nº 9.099/1995, o que resta referendado na Súmula
536 do STJ.
Caso não seja oferecida a proposta de sursis processual, aplica-se o teor da Súmula 696
do STF.
• Revogação Obrigatória: art. 89, §3º, da Lei 9.099/95 - se, no curso do prazo, o beneficiário
vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do
dano.
• Revogação Facultativa: art. 89, §4º, da Lei 9.099/95 - se o acusado vier a ser processado,
no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
A consequência da revogação será a retomada imediata do curso do processo e da
contagem do prazo prescricional, não sendo considerado para qualquer finalidade o tempo
cumprido como condição no caso de revogação da suspensão, ou seja será desprezado aquele
período de condições nos casos de revogação. Importante destacar que durante a suspensão
do processo a contagem do prazo prescricional restará suspensa.
Por fim, expirado o período de prova, cumpridas as condições, o juiz declarará a extinção
da punibilidade, nos termos do art. 89, §5º, da Lei 9.099/95.
4.10 Questões sobre Juizado Especial Criminal
5.1 Introdução
No processo penal, o réu se defende dos fatos, sendo secundário a classificação jurídica
constante na denúncia ou queixa.
Segundo o princípio da correlação, a sentença está limitada apenas à narrativa feita na
peça inaugural, pouco importando a tipificação legal dada pelo acusador.
O princípio da correlação está regulamentado nos arts. 383 e 384 do CPP, que dispõem,
respectivamente, dos institutos da emendatio libelli e mutatio libelli.
Na verdade, o estudo desses institutos está intimamente relacionado a dois princípios
básicos em matéria de sentença penal: primeiro, o princípio da consubstanciação, segundo o
qual o réu defende-se dos fatos descritos na denúncia ou na queixa-crime e não da capitulação;
e, segundo, o princípio da correlação da sentença, traduzindo-se este como a necessidade de
amoldar a sentença aos fatos descritos na inicial acusatória. (AVENA, 2013, p. 1089).
6.1 Introdução
Todos os recursos possuem efeito devolutivo. Significa que a interposição de um recurso
viabiliza a análise total ou parcial da matéria impugnada em primeiro grau. Em síntese, a
interposição do recurso reabre a discussão da decisão combatida no recurso por um órgão
superior, cuja extensão da apreciação pelo Tribunal depende de quem seja o recorrente, ou seja,
se o recurso foi interposto pela acusação ou defesa.
Especificamente em relação à reformatio in pejus, convém seja feito um estudo articulado
considerando quem foi o recorrente: recurso da acusação ou recurso da defesa.
Art. 617, CPP: O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos
arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser gravada a pena,
quando somente o réu houver apelado da sentença.
Trata-se de preservar o bem jurídico “vida extrauterina”. Antes do início do parto, com a
dilatação do colo do útero, há vida intrauterina, constituindo-se, nesse caso, a eliminação da vida
crime de aborto.
Normalmente o crime de homicídio é praticado por meio de uma ação do sujeito ativo; é
possível, todavia, que o crime seja praticado por omissão, como, por exemplo, a mãe,
pretendendo a morte do filho pequeno, deixa de alimentá-lo. Nesse caso, a mãe teria o dever de
agir e de impedir o resultado, nos termos do artigo 13, § 2º, alínea “a”, do Código Penal.
Existe, ainda, a participação por omissão. Suponha-se que um policial, ao dobrar uma
esquina, veja um homem desconhecido estrangulando uma mulher. Ele está armado e pode
evitar o resultado, tendo, inclusive, o dever jurídico de fazê-lo. Contudo, ao perceber que a vítima
é uma pessoa de quem ele não gosta, resolve se omitir, permitindo que o homicídio se consume.
O desconhecido é autor do homicídio e o policial, partícipe por omissão (porque tinha o dever
jurídico de evitar o crime e não o fez) (GONÇALVES, 2013, p. 77).
Para caracterizar ao menos tentativa de homicídio, o meio empregado para causar a morte
deve, no mínimo, ser relativamente eficaz a produzir o resultado. Se a consumação do homicídio
se mostrar impossível no caso concreto, por absoluta ineficácia do meio, tem-se a hipótese do
crime impossível, não sendo punível nem sequer a tentativa, conforme dispõe o artigo 17 do
Código Penal. Em síntese, o fato será atípico.
Assim, arma com balas velhas, que não deflagram; arma com defeito mecânico, sem
potencialidade lesiva; arma de brinquedo = meios absolutamente ineficazes = crime impossível.
Arma com balas velhas, mas que podem ou não disparar = meio relativamente ineficaz =
pode configurar tentativa punível.
O conceito abrange não só aquele que pratica o núcleo da figura típica (quem mata), como
também o partícipe, que é aquele que, sem praticar o verbo (núcleo) do tipo, concorre de algum
modo para a produção do resultado.
b) Sujeito passivo
Sujeito passivo: qualquer pessoa, com qualquer condição de vida, de saúde, de posição
social, de raça, etc.
O tipo penal do homicídio simples não exige qualquer finalidade específica para sua
configuração. Ao contrário, o motivo do crime pode fazer com que passe a ser considerado
privilegiado (motivo de relevante valor moral ou social) ou qualificado (motivo torpe ou fútil). Se,
entretanto, a motivação do homicida não se enquadrar em nenhuma das hipóteses que tornam
o crime qualificado ou privilegiado, automaticamente será ele considerado simples
(GONÇALVES, 2013, p. 87).
7.1.5 Consumação
Consuma-se o crime de homicídio quando da ação humana resulta a morte da vítima.
Ocorre com a cessação da atividade encefálica, conforme se extrai do artigo 3º da Lei nº 94.34/97
(que disciplina o transplante de órgãos).
7.1.6 Tentativa
Tratando-se de crime material, o homicídio admite a tentativa, que ocorrerá quando,
iniciada a execução do homicídio, este não se consumar por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
Para a tentativa, é necessário que o crime saia de sua fase preparatória e comece a ser
executado, pois somente quando se inicia a execução é que haverá início de fato típico.
EXEMPLO
Pai desesperado pelo vício que impregna seu filho e vários outros alunos, mata um
traficante que distribui drogas num colégio, sem qualquer ação eficaz da polícia para
contê-lo.
Será motivo de relevante valor moral aquele que, em si mesmo, é aprovado pela ordem
moral, pela moral prática, como, por exemplo, a compaixão ou piedade ante o irremediável
sofrimento da vítima.
Exemplo: Eutanásia.
EXEMPLO
Conduta de réu cuja filha menor fora seduzida e corrompida por seu ex-empregador; do
que fora provocado e mesmo agredido momentos antes pela vítima.
O texto legal exige que o impulso emocional e o ato dele resultante sigam-se
imediatamente à provocação da vítima, ou seja, tem de haver a imediatidade entre a provocação
injusta e a conduta do sujeito.
Convém ressaltar que tal circunstância não se confunde com a atenuante contida no artigo
65, inciso III, alínea “c”, parte final. Trata-se de cometer um delito sob a influência de violenta
emoção, provocada por ato injusto da vítima.
Dizem respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios e modos de execução,
reveladores de maior periculosidade ou extraordinário grau de perversidade do agente.
Na paga o agente recebe previamente a recompensa pelo crime, o que não ocorre na
promessa de recompensa, em que há somente a expectativa de paga, há um compromisso futuro
de pagamento, cuja efetivação está condicionada à prática do crime de homicídio.
b) Motivo torpe
TORPE: é o motivo repugnante, abjeto, vil, que causa repulsa excessiva à sociedade.
Exemplo: matar alguém para adquirir-lhe a herança, por ódio de classe, vaidade e prazer
de ver sofrer.
7.3.4 Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum
Trata-se de qualificadora objetiva, pois diz respeito aos modos de execução do crime de
homicídio, os quais demonstram certa perversidade.
a) Emprego de veneno
Meio cruel é aquele que causa sofrimentos à vítima, não incidindo se empregado após a
morte.
O fogo pode ser meio cruel ou de que pode resultar perigo comum, conforme as
circunstâncias.
c) Emprego de asfixia
d) Emprego de tortura
Ocorrendo dolo quanto à morte, seja direto ou eventual, o sujeito só responde por
homicídio qualificado pela tortura (Art. 121, § 2º, inciso III, 5ª fig), afastada a incidência da lei
especial.
e) Meio cruel
O Código Penal também qualifica o homicídio praticado por intermédio de meio que pode
resultar perigo comum, exemplificando-o com o fogo e o explosivo. Trata-se, conforme visto, de
fórmula genérica, sendo certo que os meios mencionados genericamente devem seguir a mesma
linha do que consta na parte exemplificativa.
Cuida-se de qualificadora objetiva, pois diz respeito ao modo de execução do crime. Neste
inciso temos recursos obstativos à defesa do sujeito passivo, que comprometem total ou
parcialmente o seu potencial defensivo.
a) À traição
A traição pode ser física, como matar pelas costas, ou moral, exemplo de o sujeito atrair
a vítima a local onde existe um poço.
b) Emboscada
Emboscada é a tocaia. Significa ocultar-se para poder atacar, o que, na prática, é a tocaia.
O agente fica à espreita do ofendido para agredi-lo.
c) Mediante dissimulação
Dissimular é ocultar a verdadeira intenção, agindo com hipocrisia. Nesse caso, o agressor,
fingindo amizade ou carinho, aproxima-se da vítima com a meta de matá-la.
Por fim, o Código Penal se refere a recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da
vítima. É necessário que tais meios se assemelhem à traição, emboscada ou dissimulação.
A surpresa cabe na fórmula genérica em estudo. Para tanto é necessário que a conduta
criminosa seja igualmente inesperada, impedindo ou dificultando a defesa do ofendido.
a) Conexão teleológica:
Exemplo: quem, para sequestrar alguém, mata o guarda-costas que pretendia evitar o
sequestro responderá pelo crime de homicídio qualificado, mesmo que, a seguir, desista de
efetuar o sequestro.
b) Conexão consequencial
Pode ocorrer que o sujeito execute o homicídio a fim de assegurar vantagem no tocante
a outro delito. Ex. o sujeito mata o parceiro do roubo com a finalidade de ficar com todo o produto
do crime. Não é necessário que a vantagem seja patrimonial, podendo ser moral.
7.3.7 Feminicídio
A partir da edição da Lei nº 13.104/2015, o crime de homicídio passou a ser qualificado
também se praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Nos termos do artigo 121, § 7º, do Código Penal, com redação dada pela Lei nº
13.771/2018, a pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado:
Trata-se de uma qualificadora objetiva que diz respeito sobre a execução do crime de
homicídio.
Ademais, restou incluída uma causa de aumento específica (art. 121, parágrafo 2b):
c) Imperícia
Exemplo: Engenheiro que constrói um prédio cujo material é de baixa qualidade, vindo
este a desabar e a provocar a morte dos moradores.
A culpa exclusiva da vítima, contudo, exclui a do agente, pois se ela foi exclusiva de um é
porque não houve culpa alguma do outro; logo, se não há culpa do agente, não se pode falar em
compensação.
Somente ao autor do homicídio culposo pode-se aplicar a clemência, desde que ele tenha
sofrido com o crime praticado uma consequência tão séria e grave que a sanção penal se torne
desnecessária.
Exemplo: o pai que provoca a morte do próprio filho, num acidente fruto de sua
imprudência, já teve punição mais do que severa. A dor por ele experimentada é mais forte do
que qualquer pena que se lhe pudesse aplicar. Por isso, surge a hipótese do perdão. O crime
existiu, mas a punibilidade é afastada.
O Código Penal leva em conta o ato da vítima, que vem a destruir a própria vida.
7.5.2 Automutilação
A autolesão não é punida. O que constitui crime é a conduta de induzir, instigar ou auxiliar
a vítima a se automutilar, ou seja, de causar lesões em si própria.
Induzir
Induzir significa dar a ideia a quem não possui, inspirar, incutir. Portanto, nessa primeira
conduta, o agente sugere à vítima que dê fim à sua vida ou se automutile.
Instigar
Instigar é fomentar uma ideia já existente. Trata-se, pois, do agente que estimula a ideia
que alguém anda manifestando.
Prestar auxílio
Auxílio: Trata-se de forma mais concreta e ativa de agir, pois significa dar apoio material
ao ato suicida. Exemplo. o agente fornece a arma utilizada para a vítima dar fim à sua vida ou se
automutilar.
A maior novidade introduzida pela Lei nº 13.968/2019 foi no sentido de que o crime
previsto no artigo 122 do Código Penal deixou de ser condicionado, já que não mais constitui
condição para a incidência do delito que ocorra o resultado morte ou lesão grave.
Assim, se dos atos para eliminar a sua própria vida ou causar lesões em si mesma, resultar
lesão corporal leve à vítima, ou não resultar qualquer lesão, o agente responderá pelo crime de
induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação na modalidade simples (Art. 122,
caput, do CP).
Motivo egoístico é o excessivo apego a si mesmo, o que evidencia o desprezo pela vida
alheia, desde que algum benefício concreto advenha ao agente. Logicamente, merece maior
punição.
EXEMPLO
É o caso, por exemplo, de o sujeito induzir a vítima a suicidar-se para ficar com a herança.
b) Se a vítima é menor
Em segundo lugar, a pena é majorada quando a vítima é menor. Qual a idade para efeito
da majorante?
A terceira majorante prevê a hipótese de a vítima ter diminuída, por qualquer causa, a
capacidade de resistência, como enfermidade física ou mental, idade avançada. Ex.: induzir ao
suicídio vítima embriagada.
Por fim, é de ressaltar que o suicida com RESISTÊNCIA NULA, pelos abalos ou situações
supramencionadas, incluindo-se a idade inferior a 14 anos, é vítima de HOMICÍDIO, e não de
induzimento, instigação ou auxílio a suicídio.
Se cada uma das pessoas ingerir veneno, de per si, por exemplo, aquela que sobreviver
responderá por participação em suicídio, tendo por sujeito passivo a outra.
Se uma delas ministrar diretamente o veneno na outra, a que sobreviver responderá por
homicídio.
O infanticídio ocorre quando a ação é praticada durante o parto ou logo após. Antes de
iniciado o parto existe o aborto e não infanticídio.
Não incidem as agravantes previstas no artigo 61, inciso II, alíneas “e” e “h”, do Código
Penal (crime cometido contra descendente e contra criança), vez que integram a descrição do
delito de infanticídio. Caso incidissem, haverá bis in idem.
A ação física, todavia, deve ocorrer durante ou logo após o parto, não obstante a
superveniência da morte em período posterior.
Admite-se a forma omissiva, visto que a mãe tem o dever legal de proteção, cuidado e
vigilância em relação ao filho.
EXEMPLO
Mãe, sob influência do estado puerperal, percebe que o filho está morrendo sufocado com
o leite materno e nada faz para impedir o resultado morte. Incide, no caso, o disposto no
artigo 13, § 2º, do CP.
A autora do infanticídio SÓ PODE SER A MÃE. Cuida-se de CRIME PRÓPRIO, uma vez
que não pode ser cometido por qualquer autor.
O tipo penal exige qualidade especial do sujeito ativo. Entretanto, isso não impede que
terceiro responda por infanticídio diante do concurso de agentes.
b) Sujeito passivo
Antes do parto, o sujeito passivo será o feto, caracterizando, portanto, o delito de aborto.
Segundo boa parte da doutrina, estando a mulher sob influência do estado puerperal,
responde ela por infanticídio, delito que também será atribuído aos eventuais concorrentes do
fato, uma vez que se trata de circunstância de caráter pessoal que constitui elementar do crime.
Logo, comunica-se aos coautores ou partícipes, nos termos do artigo 30 do Código Penal.
7.6.4 Consumação e tentativa
O infanticídio atinge a consumação com a morte do nascente ou neonato.
Trata-se de crime material. Diante disso, admite-se a tentativa, desde que a morte não
ocorra por circunstâncias alheias à vontade da autora.
EXEMPLO
A genitora, ao tentar sufocar a criança com um travesseiro, tem a sua conduta impedida
por terceiros.
Trata-se de crime de mão própria, pois somente a gestante pode realizá-lo, contudo isso
não afasta a possibilidade de participação no crime em questão.
É a própria mulher quem executa a ação material do crime, ou seja, ela própria emprega
os meios ou manobras abortivas em si mesma.
Se um terceiro executar ato de provocação do aborto, não será partícipe do crime do artigo
124 do Código Penal, mas sim autor do fato descrito no artigo 126 (provocação do aborto com
consentimento da gestante).
Em tese, a gestante e o terceiro deveriam responder pelo delito do artigo 124. Contudo, o
Código Penal prevê uma modalidade especial de crime para aquele que provoca o aborto com o
consentimento da gestante (Art. 126 do CP).
Assim, há a previsão separada de dois crimes: um para a gestante que consente na prática
abortiva (Art. 124 do CP); e outro para o terceiro que executou materialmente a ação provocadora
do aborto (Art. 126 do CP). Há aqui, perceba-se, mais uma exceção à teoria monista adota pelo
Código Penal em seu artigo 29.
a) Dissentimento presumido
Para o Código Penal, quando a vítima não é maior de 14 anos ou é alienada mental, não
possui consentimento válido, levando à consideração de que o aborto deu-se contra a sua
vontade.
b) Dissentimento real
Quando o agente emprega violência, grave ameaça ou mesmo fraude, é natural supor
que extraiu o consentimento da vítima à força, de modo que o aborto necessita encaixar-se na
figura do artigo 125.
Entretanto, o legislador para punir mais severamente o terceiro que provoca o aborto, criou
o artigo 126, aplicando a teoria dualista (ou pluralista) do concurso de pessoas.
A lei não exige autorização judicial, processo judicial ou sentença condenatória contra o
autor do crime de estupro para a prática do aborto sentimental, ficando a intervenção a critério
do médico. Basta prova idônea do atentado sexual.
7.8 Questões sobre crimes contra a vida
O libelo foi extinto pela nova redação dada pela Lei nº 11.689/2008.
No entanto, de acordo com este artigo, o legislador o substituiu por duas novas peças
(inominadas). Assim, ao receber os autos, após a preclusão da pronúncia, o presidente do
Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no
caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas
que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar
documentos e requerer diligência.
8.1.3 Desaforamento: art. 427, CPP
8.1.3.1 Conceito
É a decisão jurisdicional que altera a competência inicialmente fixada pelos critériosdo
artigo 69 do Código de Processo Penal, com a aplicação estrita no procedimento do Tribunal do
Júri, dentro dos requisitos legais previamente estabelecidos.
Não há possibilidade de haver um julgamento justo com um corpo de jurados parcial. Tal
situação pode dar-se quando a cidade for muito pequena e o crime tenha sido gravíssimo,
levando à comoção geral, de modo que o caso vem sendo discutido em todos os setores da
sociedade muito antes do julgamento ocorrer.
O acusado pode propor por intermédio de seu defensor, mas também diretamente, por
petição sua, afinal no processo penal, existe a autodefesa. O Juiz que preside a instrução pode
representar pelo desaforamento, exceto quando houver excesso de prazo.
Em primeiro lugar, deve-se frisar que, havendo escusa legítima, adia-se a sessão de
julgamento, sem qualquer outra providência. É preciso que a justificativa seja oferecida ao
magistrado até a abertura da sessão em plenário.
Se não houver motivo razoável, o juiz comunica à OAB, seção local, marcando nova data
para o julgamento. Nesta o réu deverá ser, necessariamente, julgado (§ 1º). Para tanto, pode o
réu apresentar outro defensor constituído, logo após a determinação de adiamento. Não o
fazendo, o magistrado intima a Defensoria Pública para que assuma o patrocínio da defesa,
observando o prazo mínimo de 10 dias.
O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente
ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado.
Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia
desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento
subscrito por ele e seu defensor.
Não o fazendo, deixa de haver a possibilidade de insistência na sua oitiva, caso alguma
delas não compareça à sessão plenária.
É possível que, a despeito da tentativa, falhe a condução coercitiva, razão pela qual não
se pode adiar eternamente a realização do julgamento.
Assim, se a testemunha não for localizada para a condução ou tiver alterado o domicílio,
instala-se a sessão.
Se o quórum de 15 (quinze) jurados não foi atingido, é impossível instalar a sessão. Deve
o magistrado providenciar o sorteio de suplentes e adiar o julgamento para a data seguinte
desimpedida.
A partir da edição da Lei 11.689/2008, somente se faz o sorteio dos suplentes, caso não
se atinja o quórum mínimo 15 (quinze) e não mais o número legal 25 (vinte e cinco).
8.1.14.1 Conceito
Significa que os jurados não podem conversar entre si, durantes os trabalhos, nem nos
intervalos, a respeito de qualquer aspecto da causa posta em julgamento, especialmente
deixando transparecer sua opinião.
A incomunicabilidade dos jurados existe para resguardar o princípio do sigilo das votações
do júri (Art. 5º, inciso XXXVIII, alínea “b”, da CF/88), que constitui garantia das liberdades
individuais e, por isso, sua violação configura nulidade absoluta (Art. 564, inciso III, alínea “j”, c/c
o Art. 458, § 1º (atual, 466, §1º).
Deve formar o seu convencimento sozinho, através da captação das provas apresentadas,
valorando-as segundo o seu entendimento.
É atribuição do juiz presidente, razão pela qual não pode ele afastar-se do plenário por
muito tempo, o que coloca em risco a validade do julgamento.
Exemplo: na sala especial, quando estiverem reunidos em intervalos, o juiz pode não estar
presente, razão pela qual o oficial incumbe-se de fiscalizar a incomunicabilidade.
A nova sistemática, introduzida pela Lei nº 11.689/2008, impõe que, havida a recusa
peremptória por qualquer das partes, o jurado está automaticamente excluído da formação do
Conselho de Sentença. Anteriormente, seria preciso coincidir a recusa da defesa com a da
acusação.
Conforme disposto no artigo 468, parágrafo único, do Código de Processo Penal quando
o jurado for recusado imotivadamente (recusa peremptória) por qualquer das partes será
excluída daquela sessão, prosseguindo-se o sorteio para a formação do Conselho de Sentença.
Logo, a cada recusa de jurado, este não mais permanecerá, independentemente de haver
também recusa por parte de outro defensor ou da acusação.
Caso estivessem presentes apenas 15 jurados, a exclusão de 9, recusa dos pelas partes
presentes, faria com que restassem apenas 6 e ocorreria o denominado estouro da urna. Se tal
se desse, haveria então a separação do julgamento.
O juiz verifica qual é o autor do fato. Será ele julgado em primeiro lugar, como determina
o artigo 469, § 2º, do Código de Processo Penal.
Com relação à preferência de julgamento em caso de separação, impõe-se que, em caso
de separação, seja julgado em primeiro lugar o acusado a quem se atribuiu a autoria do fato, ou,
em caso de coautoria, aplica-se o critério de preferência do artigo 429 do Código de Processo
Penal (presos em primeiro lugar; dentre os presos, os que estiverem há mais tempo na prisão;
em igualdade de condições, os que estiverem há mais tempo pronunciado).
Tão logo sejam instalados os trabalhos, deve a parte interessada em levantar qualquer
causa de impedimento ou suspeição do juiz presidente, do promotor (no caso da defesa arguir)
ou de qualquer funcionário fazê-lo de imediato, apresentando as provas que possuir. Assim, cabe
levar testemunhas, se for o caso, ou documentos para exibição em plenário.
Aceita a suspeição, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido. Rejeitada,
realiza-se o julgamento, embora todo o ocorrido – inclusive a inquirição das testemunhas – deva
constar da ata.
Caso seja arguida contra o jurado, deve ser levantada tão logo seja ele sorteado,
procedendo-se da mesma forma, isto é, com a apresentação imediata das provas.
Se comparecerem, por exemplo, quinze jurados (quantum mínimo para a instalação dos
trabalhos), mas houver a recusa motivada, calcada em causas de impedimento ou suspeição,
de vários deles, é possível que o afastamento ocorra em número tal aponto de inviabilizar o
sorteio de sete jurados para compor o Conselho.
8.1.20 Compromisso e entrega de peças aos jurados: art. 472, CPP
Importante registrar a alteração legislativa que inseriu o artigo 474-A, CPP, que determina
o respeito à dignidade das vítimas ou testemunhas. Neste ponto, devemos nos atentar a eventual
cerceamento de defesa sob o pretexto de proteção. Por certo que todos devem ser respeitados,
mas a audiência de instrução é um espaço de construção da verdade processual.
Nos termos do §3º, do artigo 474 do Código de Processo Penal, não se permitirá o uso de
algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se
absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia
da integridade física dos presentes.
Por exceção e quando for absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança
das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes poderá o réu permanecer
algemado.
Por unanimidade, o STF decidiu que o uso de algemas deve ser adotado em situações
excepcionalíssimas, pois, do contrário, violam-se importantes princípios constitucionais, dentre
eles a dignidade da pessoa humana (Súmula vinculante n. 11).
Art. 476, CPP: Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público, que
fará a acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante.
Ocorre na hipótese de ação privada, em conexão com ação pública, mas com
desmembramento.
Exemplo: dois crimes são cometidos no mesmo cenário, um deles é doloso contra a vida
e o outro, de ação exclusivamente privada, ocorrendo o julgamento isolado do delito cujo
titular da ação é o ofendido.
Nesse caso, manifesta-se o querelante (por meio de advogado) e, na sequência, fala o
Ministério Público, como custos legis (fiscal da lei).
Em relação à réplica e à tréplica modificou-se o tempo de trinta minutos para uma hora.
Havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de uma hora
e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1º deste artigo.
Questionário é o conjunto dos quesitos elaborados pelo juiz presidente, que serão
submetidos à votação pelo Conselho de Sentença, para obtenção do veredicto final.
Nos termos do artigo 483 do Código de Processo Penal, os quesitos serão formulados na
seguinte ordem:
a) Quesito sobre a materialidade do fato
O juiz indagará aos jurados se o réu de qualquer modo contribuiu para o cometimento do
delito.
• Caso não haja tese de desclassificação do delito doloso contra a vida para outro
que não seja, o quesito seguinte que deve ser inserido perguntará se “o jurado absolve o
acusado?”
• Se houver alegação de tese de desclassificação para delito diverso do doloso
contra a vida, a questão desclassificatória será dirigida aos jurados sempre antes do quesito que
indaga se “o jurado absolve o acusado?”
É o que se extrai do artigo 483, § 4º, do Código de Processo Penal, ao destacar que uma
vez sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, sera
formulado quesito a respeito, para ser respondido após o segundo ou terceiro quesito, conforme
ocaso.
Da mesma forma, deve ser usado para hipótese de tentativa, nos termos do artigo 483, §
5º, do Código de Processo Penal, que enfatiza que se sustentada a tese de ocorrência do crime
na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da
competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser
respondido após o segundo quesito.
O quesito seguinte será em relação à causa de diminuição da pena alegada pela defesa,
que somente será formulado se o acusado, a essa altura, tiver sido condenado pelos jurados.
Por fim, os jurados são inquiridos sobre a existência de circunstâncias qualificadora ou
causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação.
Diz-se desclassificação própria quando o Conselho desclassifica para outro crime que
não é da sua competência, sem especificar qual crime, assim o Juiz presidente deverá decidir.
Por exemplo, jurados não reconhecem a tentativa de homicídio, caberá o juiz o julgamento da
lesão corporal. Vale frisar que o Juiz aqui assume capacidade decisória integral, poderá até
mesmo absolver.
Sempre lembrar que sendo possível suspensão condicional do processo ou outra medida
despenalizadora devem ser oportunizadas.
• Observação: caso a peça prática seja uma Apelação da 2ª fase do Júri envolvendo uma
condenação cuja pena aplicada seja igual ou superior a 15 anos, tendo o enunciado informado
que o juiz presidente determinou a execução antecipada, deverá ser elaborado um item na peça
processual, a fim de requerer ao Tribunal que conceda efeito suspensivo à apelação (Pedido de
Efeito Suspensivo) – nos termos do art. 492, §6º, CPP. O pedido deverá ser explorar os
fundamentos do §5º, demonstrando que o recurso em questão:
I - não tem propósito meramente protelatório; e
II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da sentença, novo
julgamento ou redução da pena.
IMPORTANTE
Aqui o Recurso cabível é APELAÇÃO, nos termos do artigo 593, inciso III, do Código de
Processo Penal.
Lembrete: Peça:
PAROU!
8.2.1 Considerações
• Identificação: Após a decisão dos jurados no Plenário do Júri, o Juiz Presidente passa a
proferir a sentença, restringindo-se, se for sentença condenatória, a fixar a pena.
Assim, a apelação das decisões do Júri tem cabimento contra a decisão proferida pelo
Juiz após o julgamento no Plenário do Júri.
Nesse sentido é a Súmula 713 do STF: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões
do júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”.
Hipóteses de cabimento
Nulidade posterior à pronúncia
Sentença do juiz presidente contrária à letra expressa da lei ou à decisão dos jurados
O juiz está obrigado a cumprir as decisões do Júri, não havendo supremacia do juiz togado
sobre os jurados, mas simples atribuições diversas de funções. Os jurados decidem o fato e o
juiz-presidente aplica a pena, de acordo com esta decisão, não podendo dela desgarrar-se.
Como se vê, há duas hipóteses concentradas nesse inciso:
a) decisão contra lei expressa; b) decisão de forma contrária à decisão dos jurados.
Alguns exemplos de decisão contrária à lei expressa (LOPES JÚNIOR, 2012, p. 1226):
• a sentença substitui a pena aplicada pelo homicídio doloso por prestação de serviços à
comunidade em desacordo com os limites do art. 44 do CP;
• fixar o regime fechado para o réu primário condenado a uma pena inferior a 8 anos;
• decidir sobre o crime conexo sem submetê-lo a julgamento pelo júri.
Alguns exemplos de sentença contrária à decisão dos jurados (LOPES JÚNIOR, 2012, p.
1227):
• os jurados absolvem o réu e o juiz profere uma sentença condenatória, fixando a pena, e
vice-versa;
• o júri condena por homicídio qualificado e o juiz realiza a dosimetria considerando a pena
do homicídio simples;
• o júri reconhece uma privilegiadora e o juiz não faz a respectiva redução da pena;
• os jurados acolhem a tese defensiva de desclassificação de homicídio doloso para culposo
e o juiz condena o réu por homicídio doloso;
• os jurados acolhem a tese de crime tentado, e o juiz profere sentença condenatória por
crime consumado, etc.
Se der provimento ao recurso de apelação interposto com base nesta alínea, o Tribunal
ad quem procederá à retificação da sentença, sem necessidade de renovação do julgamento em
plenário do Júri (art. 593, § 1º, CPP).
Se der provimento à apelação interposta com base na alínea “c”, o Tribunal retificará a
aplicação da pena ou da medida de segurança, sem necessidade de renovação do Julgamento
pelo Júri.
OBSERVAÇÃO
Quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos
Contrária à prova dos autos é a decisão que não encontra respaldo em nenhum elemento
de convicção colhido sob o crivo do contraditório. Não é o caso de condenação que apoia em
versão mais fraca.
Só cabe apelação com base nesse fundamento uma única vez. Não importa qual das
partes tenha apelado, é uma vez para qualquer das duas.
A sentença do Juiz
Presidente for contrária à
letra expressa da Lei ou à
decisão dos jurados.
Das decisões do Tribunal
do Júri, quando
Processo nº...
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...6
ADVOGADO...
OAB...
5
Cuidado: se for contra decisão do Tribunal do Júri indicar o fundamento (uma das alíneas do inciso III, do Art.
593, do CPP). Súmula 713 STF
6
CUIDADO: O ENUNCIADO PODE PEDIR A INTERPOSIÇÃO NO ÚLTIMO DIA DO PRAZO
Peça de razões
A) EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ... (se da competência da Justiça
Estadual);
B) EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA REGIÃO... (se da competência da
Justiça Federal)
Processo nº...
I) DOS FATOS7
II) DO DIREITO8
A) DAS PRELIMINARES
B) DO MÉRITO
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, com a REFORMA
DA DECISÃO DE 1º GRAU, para o fim ....:
a) Seja declarada a nulidade do processo a partir do ato tal ... e, por consequência, seja
o réu submetido a novo Júri (se pela alínea “a”, do Art. 593, inciso III, do CPP);
b) Seja retificada a decisão, a fim de que prevaleça a decisão dos jurados, no sentido de
que (se pela alínea “b”, do Art. 593, inciso III, do CPP);
c) Seja retificada a pena, a fim de que seja fixada no mínimo legal, fixado o regime
carcerário semiaberto, etc (se pela alínea “c”, do Art. 593, inciso III, do CPP);
7
Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente
transcrever o enunciado).
8
Cuidado: Observar as hipóteses das alíneas do artigo 593, III, do CPP.
d) Seja o réu submetido a novo Júri pelo Plenário do Júri, nos termos do artigo 593, § 3º,
do Código de Processo Penal (se pela alínea “d”, do artigo 593, inciso III).
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
Assista como resolver a peça apelação do júri
8.3.2 Procedimento
O assistente de acusação poderá em regra arrazoar os recursos interpostos pelo
Ministério Público (Art. 271 do CPP).
Caso não seja interposto o recurso pelo Ministério Público, poderá nas hipóteses dos
artigos 584, §1º, e 598, ambos do Código de Processo Penal, o assistente recorrer.
No que se refere ao Tribunal do Júri, é possível que, diante da inércia de recurso por parte
do Ministério Público, o assistente de acusação recorra nos casos de:
a) Impronúncia
b) Absolvição Sumária9
c) Sentenças da 2ª Fase
¹Embora não tenha previsão expressa, há entendimento jurisprudencial e doutrinário neste sentido (Norberto
Avena).
Das decisões listadas, o recurso cabível é o de Apelação, nos termos dos artigos 416 e
593, inciso III, ambos do Código de Processo Penal.
Prazo para o Assistente de Acusação interpor Apelação das decisões no Tribunal do Júri:
art. 598, CPP
• Prazo de 5 dias para apelar, se já habilitado nos autos.
• Prazo de 15 dias, se não habilitado, contados a partir do escoamento do prazo do MP
(artigo 598 do Código de Processo Penal e Súmula 448 do STF).
• Caso o assistente de acusação já tenha se habilitado, deverá ser observada a Súmula
448 do STF - O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente
após o transcurso do prazo do Ministério Público.
OBSERVAÇÃO
Embora não se trate de recurso, é importante registrar que o assistente de acusação
é legitimado a requerer o Desaforamento no procedimento do Tribunal do Júri,
conforme o artigo 427 do Código de Processo Penal.
Peça de interposição de recurso com pedido de habilitação
Processo nº...
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Assista como resolver a peça apelação do assistente de acusação no procedimento
do júri
Pequeno valor
A corrente majoritária sustenta ser de pequeno valor a coisa que não ultrapassa quantia
equivalente a um salário-mínimo vigente à época do fato.
Objeto entre
agente e objeto
que pretende
subtrair
Rompimento
Não é o que integra
próprio obejto
Abuso de confiança
É a confiança que decorre de certas relações (que pode ser a empregatícia, a decorrente
de amizade ou parentesco) estabelecidas entre o agente e o proprietário do objeto. O agente,
dessa forma, aproveita-se da confiança nele depositada para praticar o furto, pois há menor
vigilância do proprietário sobre os seus bens.
Mediante fraude
É o ardil, artifício, meio enganoso empregado pelo agente para diminuir, iludir a vigilância
da vítima e realizar a subtração. São exemplos de fraude: agente que se disfarça de empregado
de empresa telefônica e logra entrar em residência alheia para furtar, ou agente que, a pretexto
de realizar compras em uma loja, distrai a vendedora, de modo a lograr apoderar-se dos objetos.
Mediante escalada
Escalada, que em direito penal tem sentido próprio, é a penetração no local do furto por
meio anormal, artificial ou impróprio, que demanda esforço incomum. Escalada não implica,
necessariamente, subida, pois tanto é escalada galgar alturas quanto saltar fossos, rampas ou
mesmo subterrâneos, desde que o faça para vencer obstáculos.
Mediante destreza
Consiste na habilidade física ou manual do agente que lhe permite o apossamento do bem
sem que a vítima perceba. É a chamada punga. Tal ocorre com a subtração de objetos que se
encontrem junto à vítima, por exemplo, carteira, dinheiro no bolso ou na bolsa, colar, etc., que
são retirados sem que ela note.
Importa dizer que se a vítima perceber a subtração no momento em que ela se realiza,
considera-se o furto tentado na forma simples, pois não há que se falar no caso em destreza do
agente (exemplo: a vítima sente a mão do agente em seu bolso).
Chave falsa é qualquer instrumento de que se sirva o agente para abrir fechaduras, tendo
ou não formato de chave.
EXEMPLO
Grampo, alfinete, prego, fenda, gazua, etc.
A Lei nº 13.654/2018 acrescentou o § 4º-A do artigo 155 do Código Penal prevendo outra
QUALIFICADORA para o crime de furto:
A partir da edição do Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019), o crime de furto com emprego
de explosivo ou de artefato análogo que causa perigo comum passou a ser considerado hediondo
(Art. 1º, inciso IX, da Lei 8072/90).
Violência física à pessoa consiste no emprego de força contra o corpo da vítima. Para
caracterizar essa violência do tipo básico de roubo é suficiente que ocorra lesão corporal leve
ou simples vias de fato, na medida em que a lesão grave ou morte qualifica o crime.
b) Grave ameaça
Ameaça grave (violência moral) é aquela capaz de atemorizar a vítima, viciando sua
vontade e impossibilitando sua capacidade de resistência. A grave ameaça objetiva criar na
vítima o fundado receio de iminente e grave mal, físico ou moral, tanto a si quanto as pessoas
que lhes são caras. É irrelevante a justiça ou injustiça do mal ameaçado, na medida em que,
utilizada para a prática de crime, torna-se antijurídica.
c) Qualquer outro meio que reduza à impossibilidade de resistência;
Cuida-se da violência imprópria, consistente em outro meio que não constitua violência
física ou grave ameaça, como, por exemplo, fazer a vítima ingerir bebida alcoólica, narcóticos,
soníferos ou hipnotizá-la.
b) Roubo impróprio
ROUBO IMPRÓPRIO ocorre quando o sujeito, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra a pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
detenção da coisa para ele ou para terceiro (§ 1º).
EXEMPLO
São exemplos típicos de roubo impróprio aquele em que o sujeito ativo, já se retirando do
portão com a res furtiva, alcançando pela vítima, abate-a (assegurando a detenção), ou,
então, já na rua, constata que deixou um documento no local, que o identificará, e,
retornando para apanhá-lo, agride o morador que o estava apanhando (garantindo a
impunidade).
Em outros termos, “logo depois” de subtraída a coisa não admite decurso de tempo entre
a subtração e o emprego da violência, ou seja, o modus violento somente é caracterizador do
roubo se for utilizado até a consumação do furto que o agente pretendia praticar (posse tranquila
da res, sem a vigilância). Superado esse momento, o crime está consumado e,
consequentemente, não pode sofrer qualquer alteração; portanto, eventual violência empregada
constituirá crime autônomo (lesão corporal, por exemplo), em concurso com furto consumado.
9.2.3 Consumação e tentativa
Nos termos da Súmula 582 do STJ, “Consuma-se o crime de roubo com a inversão da
posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e
em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada."
Pode haver concurso material entre roubo majorado e quadrilha armada, pois os bens
jurídicos são diversos. Enquanto o tipo penal de roubo protege o patrimônio, o tipo da quadrilha
ou bando guarnece a paz pública.
A pena é agravada se a vítima, regra geral por dever de ofício (caixeiro viajante, empresa
de segurança especialmente contratada para o transporte de valores), realiza serviço de
transporte de valores (dinheiro, joia, etc).
C) Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
estado ou para o exterior
Assim como no furto, esta majorante diz respeito, especificamente, à subtração de veículo
automotor. Consideram-se com tal os automóveis, ônibus, caminhões, motocicletas, aeronaves,
lanchas, Jet-skies.
Ocorre quando o agente segura a vítima por tempo superior ao necessário ou valendo-se
de forma anormal para garantir a subtração planejada.
EXEMPLO
Subjugando a vítima, o agente, pretendendo levar-lhe o veículo, manda que entre no porta-
malas, rodando algum tempo pela cidade, até permitir que seja libertada ou o carro seja
abandonado.
Trata-se de crime hediondo (Art. 1º, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 8.072/90, com a redação
dada pela Lei nº 13.964/2019).
Essa qualificadora foi introduzida pela Lei 13.964/2019, e só terá incidência para fatos
praticados a partir da sua vigência, ou seja, fatos praticados a partir do dia 23 de janeiro de 2020.
Arma branca é aquela em que o instrumento ou objeto é dotado de ponta ou gume, apto
a matar ou ferir uma pessoa. Pode ser arma branca própria, quando fabricada para defesa e
ataque, como, por exemplo, punhal e espada, como pode ser imprópria, não fabricada para
defesa e ataque, mas que reúne potencial para ferir ou matar, como, por exemplo, faca de
cozinha e machado).
Não será apto a majorar a pena do crime de roubo qualquer outro objeto ou instrumento
utilizado no ato do roubo que não se enquadrar no conceito de arma branca, como, por exemplo,
barra de ferro, pedaço de madeira, pedaço de vidro, garrafa quebrada com extremidade
pontiaguda. Nesses casos, será roubo simples, se não incidir outra majorante.
A arma de brinquedo não serve para majorar a pena, uma vez que não causa à vítima
maior potencialidade lesiva. Pode, no entanto, gerar grave ameaça e, justamente por isso, servir
para configurar o tipo penal do roubo, na figura simples.
Trata-se de crime hediondo (Art. 1º, inciso II, alínea “b”, da Lei nº 8.072/90, com a redação
dada pela Lei nº13.964/2019).
É uma das hipóteses de delito qualificado pelo resultado, que se configura pela presença
de dolo na conduta antecedente (roubo) e dolo ou culpa na conduta subsequente (lesões
corporais graves).
Lesão grave consumada + roubo consumado = roubo qualificado pelo resultado lesão
grave.
Lesão grave consumada + tentativa de roubo = roubo qualificado pelo resultado lesão
grave, dando-se a mesma solução para o latrocínio.
Trata-se de crime hediondo (Art. 1º, inciso II, alínea “c”, da Lei nº 8.072/90, com a redação
dada pela Lei nº 13.964/2019).
O crime de latrocínio ocorre quando, do emprego da violência física contra a pessoa com
o fim de subtrair o bem, ou para assegurar a sua posse ou a impunidade do crime, decorre a
morte da vítima.
Trata-se de crime hediondo (Art. 1º, inciso II, alínea “c”, da Lei nº 8.072/90, com a redação
dada pela Lei nº 13.964/2019).
Súmula 610 do STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não realize o agente a subtração de bens da vítima”.
Súmula 603 do STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz
singular e não do Tribunal do Júri.”
9.3 Extorsão – Art. 158, CP
9.3.1 Ação nuclear
Extorsão é o fato de o sujeito constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça,
e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.
A tentativa é admissível. Ocorre quando o sujeito passivo, não obstante constrangido pelo
autor por intermédio da violência física ou moral, não realiza a conduta positiva ou negativa
pretendida, por circunstâncias alheias à sua vontade.
9.3.3 Extorsão qualificada – Art. 158, § 2º, CP
As duas hipóteses (lesão corporal grave ou morte) elencadas, como no roubo,
caracterizam condições de exasperação da punibilidade em razão da maior gravidade do
resultado.
Difere do roubo majorado pela restrição da liberdade da vítima, porque, neste caso, a
restrição da liberdade é irrelevante para obtenção da vantagem indevida. Imaginemos o agente
subtrair objetos da vítima, prendendo-a no banheiro. Trata-se de roubo majorado pela restrição
da liberdade da vítima, pois trancá-la no banheiro não é condição indispensável para a subtração.
É crime hediondo.
b) se resulta morte
Em que pese o art. 163 CP não exija expressamente um fim especial de agir, a
jurisprudência tem entendido pela necessidade do animus nocendi, que é a vontade específica
de causar um prejuízo patrimonial ao dono da coisa.
Neste sentido, vem se entendendo que a conduta do apenado que rompe a tornozeleira
eletrônica é atípica, justamente pela ausência de tal animus (RHC 151173-RS).
9.5.2 Dano qualificado – Art. 163, parágrafo único, CP
De acordo com o artigo 167, a ação penal privada é cabível no crime de dano simples
(caput) e qualificado (somente na hipótese do inciso IV do parágrafo único).
A ação penal pública incondicionada é cabível nas demais hipóteses.
Finalidade
Deteriorar
econômica
Finalidade
Dano Destruir
econômica
Finalidade
Danificar
econômica
Art. 163, caput
Regra: ação
penal privada
Art. 163, p.ú
inciso IV
Ação penal
Exceção: ação
Art. 163, p.ú
penal pública
incisos I, II, III
incondicionada
O núcleo do tipo é o verbo “apropriar-se”, que significa fazer sua a coisa alheia. Tendo o
sujeito a posse ou a detenção do objeto material, em dado momento faz mudar o título da posse
ou da detenção, comportando-se como se dono fosse.
Para que se configure a agravante especial em exame é necessário que o sujeito tenha
recebido a posse ou detenção do objeto material em razão do emprego, ou seja, deve existir um
nexo de causalidade entre a relação de trabalho e o recebimento.
Inicialmente
Posse
lícita
Apropriar-se
de objeto
Detenção
O meio de execução deve ser apto a enganar a vítima. Tratando-se de meio grotesco, que
facilmente demonstra a intenção fraudulenta, não há nem tentativa, por atipicidade do fato.
9.7.3 Fraude no pagamento por meio de cheque – Art. 171, § 2º, inciso VI, CP
Se o indivíduo emite um cheque na certeza de que tem fundos disponíveis para o devido
pagamento pelo banco, quando na realidade não há qualquer numerário depositado na agência
bancária, não se pode falar em ilícito criminal, ante a ausência de má-fé.
O que a lei penal pune é o pagamento fraudulento. Nesse sentido é o teor da Súmula 246
do STF: “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque
sem fundos”.
Emitir cheque significa pôr em circulação o título de crédito; frustrar o pagamento quer
dizer iludir ou enganar o credor, evitando a sua remuneração.
O agente preenche, assina e coloca o cheque em circulação sem ter numerário suficiente
na instituição bancária (banco sacado) para cobrir o valor quando da apresentação do título pelo
tomador. No momento da emissão do cheque – que não significa simplesmente o seu
preenchimento, mas a entrega a terceiro – é preciso que o estabelecimento bancário,
encarregado da compensação, já não possua fundo suficiente para cobrir o pagamento.
C) Consumação
Súmula 521 do STF: “O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de
estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do
local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”.
Se, por outro lado, o agente arrepender-se somente após a consumação do crime, ou
seja, após a recusa do pagamento pelo banco sacado, incidirá a Súmula 554 do STF: “O
pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não
obsta ao prosseguimento da ação penal”.
A receptação culposa constitui o fato de o sujeito adquirir ou receber coisa que, por sua
natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece,
deve presumir-se obtida por meio criminoso (Art. 180, § 3º).
Neste caso, ao contrário da imunidade absoluta, o autor do crime não é isento de pena,
mas os crimes de ação penal pública incondicionada passam a ser condicionados à
representação do ofendido.
A lei exige expressamente que o fato atribuído seja definido como crime. O fato criminoso
deve ser determinado, ou seja, um caso concreto, não sendo necessário, contudo, descrevê-lo
de forma pormenorizada, detalhada, como, por exemplo, apontar dia, hora, local.
É fundamental, para a existência de calúnia, que a imputação de fato definido como crime
seja falsa. Se o fato for verdadeiro, não há que se falar em crime de calúnia.
A calúnia verbal não admite a figura da tentativa. Ou o sujeito diz a imputação, e o fato
está consumado, ou não diz, e não há conduta relevante para o Direito Penal.
Exemplo: o sujeito remete uma carta caluniosa e ela se extravia. O crime não atinge a
consumação, por intermédio do conhecimento do destinatário, por circunstâncias alheias à
vontade do sujeito.
Dizer que uma pessoa é caloteira configura uma injúria, ao passo que espalhar o fato de
que ela não pagou aos credores “A”, “B” e “C”, quando as dívidas X, Y e Z venceram configura a
difamação.
Ao contrário dos delitos de calúnia e difamação, que tutelam a honra objetiva, o bem
protegido por essa norma penal é a honra subjetiva, que é constituída pelo sentimento próprio
de cada pessoa acerca de seus atributos morais (chamados de honra-dignidade), intelectuais e
físicos (chamados de honra-decoro).
Trata-se de crime formal. O crime se consuma quando o sujeito passivo toma ciência da
imputação ofensiva, independentemente de o ofendido sentir-se ou não atingido em sua honra
subjetiva, sendo suficiente, tão-só, que o ato seja revestido de idoneidade ofensiva.
A injúria, quando cometida por escrito, admite a tentativa; quando por meio verbal, não.
Exige-se que haja uma relação processual instaurada, pois é esse o significado da
expressão “irrogada em juízo”, além do que o autor da ofensa precisa situar-se em local próprio
para o debate processual.
Esta causa de exclusão diz respeito à liberdade de expressão nos campos literário,
artístico e científico, permitindo que haja crítica acerca de livros, obras de arte ou produções
científicas de toda ordem, ainda que sejam pareceres ou conceitos negativos.
C) IMUNIDADE FUNCIONAL
O funcionário público, cumprindo dever inerente ao seu ofício, pode emitir um parecer
desfavorável, expondo opinião negativa a respeito de alguém, passível de macular a reputação
da vítima ou ferir a sua dignidade ou seu decoro, embora não se possa falar em ato ilícito, pois
o interesse da Administração Pública deve ficar acima dos interesses individuais.
Nos crimes contra a honra, a regra é a de que ação penal privada da vítima ou do seu
representante legal.
B) EXCEÇÕES
I) Resultando na vítima lesão física (injúria real com lesão corporal), apura-se o crime
mediante ação penal pública incondicionada. No entanto, com o advento da Lei 9.099/95, alguns
autores entendem que se trata de ação penal pública condicionada a representação, já que é a
prevista para os crimes de lesão corporal leve.
II) Será penal pública condicionada à representação no caso de o delito ser cometido
contra funcionário público, no exercício das funções (Art. 141, inciso II) e condicionada à
requisição do Ministro da Justiça no caso do nº I do art. 141 (contra o Presidente da República
ou Chefe de Governo Estrangeiro).
FALSAMENTE
FATO
CRIME
DIFAMAR
FATO
EXCEÇÃO
VERDADE
DIGNIDADE MORAIS
INTELECTUAIS
INJÚRIA - Art. 140 CP DECORO
E FÍSICOS
EXPRESSÃO
NEGATIVA
Lei de Execução Penal
A Lei nº 7.210/84, também conhecida com a Lei de Execução Penal, regula a execução
das penas e medidas de segurança no Brasil.
Por fim, em sede de execução penal deverão ser observados todos os direitos e garantias
constitucionais, bem como aqueles previstos em Tratados e Convenções de Direitos Humanos
quando aplicáveis. Neste contexto, enfatiza-se a importância de observar o artigo 5º, inciso LV,
da Constituição Federal/88, que assegura o devido processo legal, exigindo a observância do
contraditório e ampla defesa, também durante a execução penal. Importante, registrar que toda
e qualquer interpretação deve se dar de forma restritiva, assegurando ao máximo a
implementação dos direitos em sede de execução penal, sendo, portanto, vedada a analogia in
mallam partem.
Para isso, a Lei de Execução Penal busca viabilizar uma série de institutos para assegurar
o contato com o mundo exterior. Aos condenados à pena de privativa por exemplo: saídas
temporárias, progressão de regime, livramento condicional, entre outros.
Vale destacar que todos os direitos não atingidos pela sentença permanecem inalterados (Art.
3º da LEP), inclusive nos artigos 39 e 41, ambos da Lei de Execução Penal constam listados
alguns deveres e direitos que devem ser observados durante a execução penal.
OBSERVAÇÕES:
• Vale destacar que o processo de execução criminal (PEC) tramita junto à Vara de
Execução Criminal da Comarca (VEC), cuja jurisdição pertença o estabelecimento prisional
em que o apenado cumpre pena. Nele constará toda e qualquer informação que gere
alguma modificação na pena ou na sua forma de cumprimento.
• Súmula 192 do STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução
das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual.
• Princípio da Individualização da Pena: art. 5°, inciso XLVI, CF/88 – fase executória
O princípio da individualização da pena na fase da execução manifesta-se incialmente
com a classificação dos condenados segundo seus antecedentes e personalidade (Art. 5º da
LEP). A classificação será feita por uma Comissão Técnica de Classificação (CTC), que
elaborará o programa individualizador da Pena Privativa de Liberdade (PPL)ao condenado ou
preso provisório (Arts. 6 e 7, ambos da LEP).
Identificação Genética na Execução Penal (Art. 9º- A da LEP): Nova hipótese de falta grave
a recusa em submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético.
Leitura Complementar: Recurso Extraordinário 973837 (ver notícia sobre o reconhecimento
da Repercussão Social no RExt:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=319797)
A partir da alteração legislativa provocada pela Lei nº 12.736/12, tem-se que a detração
penal deverá ser observada, desde logo, na sentença condenatória, conforme previsto no artigo
387 do Código de Processo Penal. Atualmente, a competência do Juiz da VEC é subsidiária, ou
seja, quando não for objeto na sentença, deverá ser observado pelo Juiz da Vara de Execução.
Tal entendimento decorredo artigo 111 da Lei de Execução Penal e do artigo 66, inciso III, alínea
“c”, da Lei de Execução Penal.
Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em
processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado
da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição.
A consideração da detração não poderá caracterizar uma conta corrente do indivíduo com
o Estado10.
10
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. DETRAÇÃO. PERÍODO ANTERIOR AO FATO DELITUOSO.
IMPOSSIBILIDADE. 1. É assente a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o condenado
Exemplo 1: Pedro comete um crime e permanece preso durante 1 ano, após é absolvido.
Pedro não poderá reaver este período, buscando resgatá-lo.
Exemplo 2: Mário comete um delito de furto simples, na expectativa de não ficar preso,
pois teria direito à detração daquele 1 ano, dito acima, referente a outro delito. Caso seja
condenado, pela prática deste delito, não terá direito à detração anterior, pois geraria uma
contacorrente.
Entretanto, pode ocorrer de existirem processos distintos, que ainda não iniciaram a
execução da pena, neste caso o resultado da soma das condenações determinará o novo
regime.
Por exemplo: Cross Fox possui uma condenação por um delito de roubo praticado em
Porto Alegre/RS, cuja pena aplicada foi de 5 anos, em regime semiaberto; em comarca distinta,
Caxias do Sul/RS, Cross Fox possui outra condenação à pena de 6 anos, em regime semiaberto.
Nesta situação quando Cross Fox começar a cumprir a pena, o Juiz da Vara de Execução ao
verificar a existência de duas condenações a serem cumpridas, determinará a soma das penas,
no caso totalizará 11 anos, consequentemente o regime prisional será o fechado pelo resultado
apontado.
De outro modo, caso sobrevenha nova condenação durante o cumprimento de uma pena,
a determinação do regime será feita através da soma do restante da pena que está sendo
não faz jus à detração penal quando a conduta delituosa pela qual houve a condenação tenha sido praticada
posteriormente ao crime que acarretou a prisão cautelar. 2. Ordem denegada. (HC 109599, Relator(a): Min.
TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 26/02/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-048 DIVULG 12-03-
2013 PUBLIC 13-03-2013).
cumprida com a nova condenação, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 111 da Lei de
Execução Penal, vejamos: “Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena
ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime”.
Em todas as situações, da mesma forma que ocorre na aplicação da pena, em que o juiz
se socorre da previsão contida no artigo 33, §2º, do Código Penal para a fixação de regime, na
execução penal o resultado da soma deverá ser enquadrado nas regras do artigo 33 do Código
Penal.
O termo unificação, teoricamente, deveria ser utilizado nos casos em que se evidencia
alguma hipótese de crime continuado (Art. 71 do CP) ou de concurso formal perfeito (Art. 70,
caput, 1ª parte, do CP), pois nesses casos muito embora tenhamos mais de um crime, para fins
de aplicação de pena, considera-se a pena de um deles, se idênticas, ou a mais grave, se
diferentes, e aumenta-se de 1/6 a 2/3 (sistema da exasperação). Em outros termos, pode
transformar diversas penas em uma, por determinação legal.
Destaca-se que caso não tenha sido observada a ocorrência de crime continuado pelo
Juiz da condenação, pois geralmente essas hipóteses são apuradas no mesmo processo, se
isso for constatado na execução da pena, deverá o juiz fazer a unificação da pena, aplicando a
exasperação aqui na fase da execução. Veja o recente julgado exemplificando a questão.
Por fim, fala-se também em unificação de pena, no caso do artigo 75 do Código Penal,
para fins de delimitar o cumprimento da pena em 40 anos, ocasião em que para fins de cálculo
de progressão de regime, livramento condicional permanecerá o total da pena, como orienta a
súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”.
Chama-se atenção para o fato de que o termo unificação de penas é utilizado de diversas
formas na execução pena, muitas vezes gerando confusão com a hipótese de soma de penas,
pois o artigo 111 da Lei de Execução Penal não traz qualquer conceito a respeito de cada
expressão, somente refere que o regime prisional será fixado pelo resultado da soma ou
unificação das penas.
CONFERIR
Art. 52: A prática de fato previsto como Art. 52: A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta
crime doloso constitui falta grave e, grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina
quando ocasione subversão da ordem internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou
ou disciplina internas, sujeita o preso estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar
provisório, ou condenado, sem prejuízo diferenciado, com as seguintes características:
da sanção penal, ao regime disciplinar I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de
diferenciado, com as seguintes repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie;
características: II - recolhimento em cela individual;
I - duração máxima de trezentos e III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem
sessenta dias, sem prejuízo de repetição realizadas em instalações equipadas para impedir o contato
da sanção por nova falta grave de físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso
mesma espécie, até o limite de um sexto de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas)
da pena aplicada; horas;
II - recolhimento em cela individual; IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias
III - visitas semanais de duas pessoas, para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde
sem contar as crianças, com duração de que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;
duas horas; V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu
IV - o preso terá direito à saída da cela defensor, em instalações equipadas para impedir o contato físico
por 2 horas diárias para banho de sol. e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em
contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por
videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no
mesmo ambiente do preso.
§ 1º O regime disciplinar diferenciado § 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos
também poderá abrigar presos presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros:
provisórios ou condenados, nacionais ou I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do
estrangeiros, que apresentem alto risco estabelecimento penal ou da sociedade;
para a ordem e a segurança do II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou
estabelecimento penal ou da sociedade. participação, a qualquer título, em organização criminosa,
associação criminosa ou milícia privada, independentemente da
prática de falta grave.
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
disciplinar diferenciado o preso § 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em
provisório ou o condenado sob o qual organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada,
recaiam fundadas suspeitas de ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da
envolvimento ou participação, a Federação, o regime disciplinar diferenciado será
qualquer título, em organizações obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal.
criminosas, quadrilha ou bando. § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar
diferenciado poderá ser prorrogado sucessivamente, por
períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso:
I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança
do estabelecimento penal de origem ou da sociedade; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil
criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a
operação duradoura do grupo, a superveniência de novos
processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário.
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar
diferenciado deverá contar com alta segurança interna e externa,
principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar
contato do preso com membros de sua organização criminosa,
associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais.
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será
gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com
autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar
diferenciado, o preso que não receber a visita de que trata o
inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento,
ter contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da
família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.
Atenção!
A decisão judicial que incluir o preso no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) será
precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de
15 dias, devendo ser fundamentada.
Para fins de progressão de regime, observa-se a pena total, nos termos da Súmula 715
do STF e não o limite máximo de cumprimento da pena, previsto no artigo 75 do Código Penal.
Desta forma, quem estiver executando pena, poderá progredir, ainda que esteja
aguardando definição de recurso (Súmula 716 do STF), bastando o preenchimento do requisito
objetivo (lapso temporal) e subjetivo (bom comportamento), observando as especificidades
referentes à natureza do delito, vejamos:
16% Primário
da pena crime cometido sem violência à pessoa ou grave
ameaça;
20% Reincidente específico
da pena em
25% Primário
da pena crime cometido com violência à pessoa ou grave
ameaça;
30% Reincidente específico
da pena em
se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte,
50% se for primário, vedado o livramento condicional;
da pena b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa
estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
Dentro deste contexto, não se pode olvidar a Súmula 471 do STJ, que assegura a
aplicação do prazo de 1/6 para todos os crimes, inclusive os hediondos e equiparados, desde
que praticados antes do dia 29 de março de 2007, haja vista os efeitos atribuídos ao habeas
corpus n. 82.959-7/SP, julgado pelo Supremo Tribunal Federal, em fevereiro de 2006.
a) Apenado está cumprindo pena por ROUBO, mas já possui SPCTJ por furto, crime
sem violência, o que fez caracterizar a sua reincidência, porém não específica em crime
com violência, neste caso progredirá incidindo sobre a pena do ROUBO o quantum de 25%
(fração destinada aos primários, pois não podemos equipará-lo ao reincidente específico em
crime com violência e exigir 30% - seria uma interpretação mais gravosa da condição dele).
b) Apenado está cumprindo pena por FURTO (sem violência), porém já possuía
SPCTJ por ROUBO (com violência), neste caso progredirá incidindo sobre a pena de FURTO
o quantum de 20% (neste caso a interpretação não piora a condição do apenado, pois ele é
reincidente em com um crime mais grave, e está sendo tratado como reincidente em crime sem
violência).
Por exemplo, condenado por crime de estupro (crime hediondo), que já possui uma
condenação transitada em julgado por um crime de furto (crime comum), neste caso será
aplicado 40% sobre a pena do crime de estupro.
No caso condenado por crime hediondo com resultado morte, reincidente não específico,
diante da lacuna na lei, deve ser observado o lapso temporal relativo ao primário. Impõe-
se, assim, a aplicação do contido no inciso VI, a, do referido artigo da Lei de Execução Penal,
exigindo-se, portanto, o cumprimento de 50% da pena para a progressão de regime.
Observe que no caso do informativo do STJ a situação específica se fosse tratada apenas
com a aplicação da legislação anterior ao Pacote Anticrime resultaria na aplica de 3/5 sobre
a pena do condenado por crime hediondo com resultado morte que fosse reincidente
independente de ser específico ou não (o equivalente a 60%). Neste caso, com resultado
morte, a legislação mais benéfica não foi a que prevê 40% e sim a que aplica 50%. Temos
que pensar um pouquinho mais para entender bem esta questão, mas resta evidente que
entre a legislação antiga que trazia a exigência de 3/5 com a nova que para crimes
hediondos com resultado morte traz 50%, a segunda é melhor.
Destaca-se que o cometimento de fato definido como crime doloso ou falta grave,
conforme dispõe a lei, implica na revogação da progressão de regime diferenciada (Art. 112, §4º,
da LEP).
Entretanto, é possível que o Juiz exija a realização do exame, desde que em decisão
motivada, nos termos da Súmula 439 do STJ e Súmula Vinculante nº 26 do STF, parte final, pois
o início desta súmula está prejudicado pela alteração legislativa que permite a progressão de
regime para esses delitos.
Os Tribunais Superiores têm entendido que, muito embora a nova redação do artigo 112
da Lei de Execução Penal tenha excluído a exigência de realização de exame criminológico para
obtenção de progressão de regime, não caracteriza constrangimento ilegal a submissão do
apenado à realização de exame, desde que devidamente fundamentada a necessidade pelo Juiz
da Vara de Execução Criminal. Neste sentido, temos as seguintes súmulas:
• Súmula 534 do STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a
progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa
infração.
A execução da pena está sujeita a forma regressiva quando o apenado praticar fato
definido como crime doloso ou falta grave (Art. 50 e 51, ambos da LEP).
Nesse caso, antes da regressão de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado
(Art. 118, § 2°, da LEP) audiência de justificativa, sob pena de nulidade. A regressão em caráter
definitivo, está prevista no artigo 118, inciso I, da Lei de Execução Penal exige a oitiva prévia. O
entendimento jurisprudência que afasta a oitiva refere-se à regressão cautelar.
As faltas graves estão descritas no artigo 50, 51 e 52 (primeira parte), todos da Lei de
Execução Penal. O Pacote Anticrime introduziu uma nova hipótese de falta grave a recusa em
submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético (Art. 50, inciso VIII, da LEP):
• quando o apenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena restante com a
nova condenação torne impossível a manutenção do regime (Art.111).
• nos casos de violação com os deveres do monitoramento eletrônico, quando o Juiz da
Execução adotar essa opção, artigo 146, alínea “c”, parágrafo único, da Lei de Execução Penal.
A jurisprudência tem admitido a chamada regressão cautelar, que dispensa a oitiva prévia
do apenado (Art. 118, §2º, LEP), passando a exigir audiência somente nos casos de regressão
definitiva.
11.9 Prisão domiciliar: art. 117, LEP
Para cumprir a pena em residência particular o preso deverá estar em regime aberto e se
enquadrar em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da Lei de Execução Penal, quais sejam:
É possível remir tanto pelo trabalho como pelo estudo, inclusive, cumulando as duas
possibilidades.
Todavia, é importante se ater nas regras contidas nos artigos 126 e seguintes da Lei de
Execução Penal.
Por exemplo, remição por trabalho, somente nos casos de regime fechado e semiaberto,
a Lei de Execução Penal omitiu a possibilidade de remição no caso de regime aberto. Os
Tribunais superiores entendem que como não há previsão legal e o trabalho é requisito para
ingressar no regime aberto, não há direito a remição neste caso.
• Trabalho prisional
Espécies de Trabalho Prisional:
b) Serviço externo:
Podem obter permissão de saída, os apenados que cumprem pena em regime fechado,
semiaberto e provisórios, mediante escolta, em duas hipóteses:
Em outras palavras, a ausência de vigilância direta não impede que o juiz determine a
monitoração eletrônica. Constitui uma faculdade do Juiz, não uma obrigação legal.
• comportamento adequado;
• cumprimento mínimo de 1/6 para apenado primário e de, no mínimo, ¼ para reincidentes;
• compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
O período de duração conforme a lei não poderá ser superior a 7 dias, podendo ser
renovadas por mais 4 vezes, logo faz jus a 35 dias de saída. Com intervalo de 45 dias entre as
saídas. Quando se tratar de saída para fins de estudo o tempo será o necessário para a
realização das atividades discentes.
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser
encontrado durante o gozo do benefício;
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno;
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.
O Pacote Anticrime inseriu o § 2º, no artigo 122 da Lei de Execução Penal e dispõe que
não terá direito à saída temporária o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo
com resultado morte. Infere-se que a lei foi restritiva ao impedir o instituto aos delitos hediondos,
ou seja, aqueles previstos no artigo 1º da Lei nº 8.072/90.
Súmula 520 do STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato
jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
O instituto é regulado pelos artigos 83 a 90, todos do Código Penal e artigos 131 a 146,
todos da Lei de Execução Penal, a análise é conjunta dos dois dispositivos legais.
Importante destacar que o lapso temporal exigido para fins de preenchimento do requisito
objetivo não é interrompido pela prática de falta grave, nos termos da súmula 441 do STJ: “A
falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional”.
12.1 Requisitos
Os requisitos do livramento condicional, de ordem objetiva e subjetiva, encontram-se no
artigo 83 do Código Penal.
• Requisitos objetivos:
a) Natureza e quantidade da pena: art. 83, caput, CP:
Tal como ocorre com a suspensão condicional, somente a pena privativa de liberdade
pode ser objeto do livramento condicional. Esse instituto poderá ser concedido à pena privativa
de liberdade igual ou superior a dois anos (Art. 83 do CP). A soma das penas é permitida para
atingir esse limite mínimo, mesmo que tenham sido aplicadas em processos distintos.
Nos termos do artigo 83, incisos I e II, do Código Penal, o criminoso primário deve cumprir
mais de 1/3 da pena privativa de liberdade.
Assim também o reincidente, desde que não o seja em crime doloso. Para tanto, é
necessário que apresentem bons antecedentes.
O Pacote Anticrime trouxe uma nova vedação para o livramento condicional no caso de
crimes hediondos ou equiparado com resultado morte não terá direito ao livramento condicional
(Art. 112, LEP). Registra-se que a restrição somente será aplicada para quem praticar delitos
desta natureza a partir da vigência do pacote. Do contrário estaríamos violando o artigo 5º, inciso
XL, da CF/88.
Há também a previsão do artigo 2º, §9º, da Lei nº 12.850/13 que em caso de manutenção
de vínculos com organização criminosa reconhecida expressamente na sentença como
integrante, não terá direito ao livramento condicional.
O artigo 84 do Código Penal reza que “as penas que correspondem a infrações diversas
devem somar-se para efeito do livramento”.
ATENÇÃO
• Requisitos subjetivos:
Os requisitos subjetivos estão no artigo 83, incisos III e IV, sendo exigido o bom
comportamento carcerário atestado pelo diretor, por força do artigo 112, §1º, da Lei de Execução
Penal. Ressalta-se que com o pacote anticrime foi inserida a exigência de ausência de prática
de falta grave nos últimos 12 meses.
III – comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
No tocante ao requisito previsto no art. 83, III, b, do CP o STJ tem entendimento que se
trata de “pressuposto objetivo para a concessão de livramento condicional, e não limita a
valoração do requisito subjetivo, inclusive quanto a fatos anteriores à vigência do Pacote
Anticrime, de forma que somente haverá fundamento inválido quando consideradas faltas
disciplinares muito antigas” (Jurisprudência em Tese n. 184 – item 3).
12.2 Hipóteses de revogação do Livramento Condicional
O livramento condicional poderá ser revogado por imposição legal ou por faculdade
judicial. Assim sendo, são duas hipóteses: a) revogação obrigatória; e b) revogação facultativa.
Em 2018, foi publicada a Súmula 617 do STJ que refere: “A ausência de suspensão ou
revogação do livramento condicional antes do término do período de prova enseja a extinção da
punibilidade pelo integral cumprimento da pena”.
São institutos que extinguem a punibilidade, conforme o artigo 107, inciso II, do Código
Penal.
A graça, por sua vez, é “a clemência destinada a uma pessoa determinada, não dizendo
respeito a fatos criminosos. Trata-se de um perdão concedido pelo Presidente da República,
dentro de sua avaliação discricionária, não sujeita a qualquer recurso, deve ser usada com
parcimônia. É uma medida de caráter excepcional, destinada a premiar atos meritórios
extraordinários praticados pelo sentenciado no cumprimento de sua reprimenda ou ainda atender
condições pessoais de natureza especial, bem como a corrigir equívocos na aplicação da pena
ou eventuais erros judiciários.” É concedida mediante análise do caso individual.
De acordo com o artigo 5°, inciso XLIII, não é permitida nem a graça nem a anistia para
delitos considerados hediondos.
Por fim, o indulto também é uma causa extintiva da punibilidade, no entanto é concedido
de forma coletiva, ou seja, tornou-se comum ao final de cada ano a publicação de um Decreto
concedendo Indulto para todos aqueles que preencherem determinadas condições.
Assim sendo, qualquer preso que preencher as condições passará a ter direito ao indulto,
devendo ser apenas declarado pelo Juiz da Vara de Execuções.
• Espécies
a) Internação e tratamento ambulatorial (Art. 96 do CP): prazo máximo de cumprimento da
Medida de Segurança – Súmula 527 do STJ: “O tempo de duração da medida de segurança não
deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado”.
Regressão cautelar:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE.
REGRESSÃO CAUTELAR AO REGIME PRISIONAL FECHADO. POSSIBILIDADE.
RECURSO DESPROVIDO.
1. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de ser possível a regressão cautelar,
inclusive ao regime prisional mais gravoso, diante da prática de infração disciplinar no
curso do resgate da reprimenda, sendo desnecessária até mesmo a realização de
audiência de justificação para oitiva do apenado, exigência que se torna imprescindível
somente para a regressão definitiva. Precedentes. Recurso ordinário em habeas corpus
desprovido.
(RHC 81.352/MA, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
18/04/2017, DJe 28/04/2017).
Monitoramento eletrônico:
Informativo nº 0597 Processo HC 351.273-CE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade,
julgado em 2/2/2017, DJe 9/2/2017.
Monitoramento eletrônico mediante uso de tornozeleira. Pedido de retirada do
equipamento por desnecessidade. Indeferimento pelo juízo das execuções sem
fundamento concreto. Constrangimento ilegal evidenciado.
Destaque: A manutenção de monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica sem
fundamentação concreta evidencia constrangimento ilegal ao apenado.
Destaque: A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de
tornozeleira eletrônica configura mero descumprimento de condição obrigatória que
autoriza a aplicação de sanção disciplinar, mas não configura, mesmo em tese, a prática
de falta grave.
Prisão domiciliar:
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO
PRÓPRIO. NÃO CONHECIMENTO. PRISÃO DOMICILIAR ANTEA INEXISTÊNCIA DE
VAGA NO ESTABELECIMENTO COMPATÍVEL COM OREGIME IMPOSTO. APLICAÇÃO
DO NOVO ENTENDIMENTO DO STF ADOTADO EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL
(RE 641.320/RS). PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DO STJ PARA APRECIAÇÃO DE
HABEAS CORPUS DE OFÍCIO. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA. POSSIBILIDADE.
AGRAVO DESPROVIDO.
1. [...]
2. A jurisprudência desta Corte Superior é assente no sentido de que, em caso de falta de
vaga em estabelecimento prisional adequado ao cumprimento da pena, ou, ainda, de sua
precariedade ou superlotação, deve-se conceder ao apenado, em caráter excepcional, o
cumprimento da pena em regime aberto, ou, na falta de vaga em casa de albergado, em
regime domiciliar, até o surgimento de vagas.
3. O Supremo Tribunal Federal, nos termos da Súmula Vinculante n. 56, entende que "a
falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros
fixados no RE 641.320/RS".
4. Os parâmetros mencionados na citada súmula são: a) a falta de estabelecimento penal
adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso;
b) os Juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos destinados aos
regimes semiaberto e aberto, para verificar se são adequados a tais regimes, sendo
aceitáveis estabelecimentos que não se qualifiquem como colônia agrícola, industrial
(regime semiaberto), casa de albergado ou estabelecimento adequado -regime aberto-
(art.33,§1º,alíneas"b"e "c"); c) no caso de haver déficit de vagas, deverão determinar: (i)a
saída antecipada de sentencia do no regime com falta de vagas; (ii)a liberdade
eletronicamente monitorada ao preso que sai antecipadamente ou é posto em prisão
domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo
ao sentenciado que progride ao regime aberto; e d) até que sejam estruturadas as medidas
alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado.
5. "Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, se o caótico sistema prisional
estatal não possui meios para manter os detentos em estabelecimento apropriado, é de
se autorizar, excepcionalmente, que a pena seja cumprida em regime mais benéfico -
estabelecimento adequado ao regime aberto ou prisão domiciliar" (HC 403.312/MG, Rel.
Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJe21/8/2017).
6. Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC420.220/RS, Rel.Ministro RIBEIRO
DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 23/11/2017, DJe 28/11/2017)
Livramento condicional:
DIREITO PENAL. INFLUÊNCIA DA REINCIDÊNCIA NO CÁLCULO DE BENEFÍCIOS NO
DECORRER DA EXECUÇÃO PENAL.
Na definição do requisito objetivo para a concessão de livramento condicional, a condição
de reincidente em crime doloso deve incidir sobre a somatória das penas impostas ao
condenado, ainda que a agravante da reincidência não tenha sido reconhecida pelo juízo
sentenciante em algumas das condenações. Isso porque a reincidência é circunstância
pessoal que interfere na execução como um todo, e não somente nas penas em que ela
foi reconhecida. Precedentes citados: HC 95.505-RS, Quinta Turma, DJe1º/2/2010; e
EDclnoHC267.328-MG, Quinta Turma, Djede 6/6/2014.HC307.180-RS, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em16/4/2015, DJe 13/5/2015.
13.1. Histórico
Art. 1º: Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros
tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece
medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e
familiar.
ATENÇÃO!
Ela é uma lei multidisciplinar: o ramo que menos é afeito a lei é o Direito Penal;
Não confundir o Juizado Especial Criminal com o Juizado da Lei Maria da Penha.
Não. O STF já se manifestou neste sentido. Este foi o argumento do STF: “A Lei 11.340/06
faz parte do sistema especial de proteção. Ela é uma ação afirmativa em relação as mulheres.
Elas são hipossuficientes.”
Art. 2º: Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda,
cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem
violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e
social.
É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes cometidos no
âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher?
1) A vítima necessariamente deve ser mulher. Estamos diante de uma violência de gênero.
O agente aproveita que a vítima se encontra em situação de vulnerabilidade, quer seja física,
quer seja econômica, para praticar violência doméstica e familiar.
3) Prática de uma das violências do artigo 7º da Lei nº 11.340/06. Vale dizer, basta a
presença de uma das formas de violência (violência física, violência psicológica, violência sexual,
violência patrimonial e violência moral).
Como regra não, mas é possível aplicar algumas medidas protetivas se forem vulneráveis
(crianças, idosos, deficiente etc.). Exemplo: Lesão Corporal (Art. 129, CP);
Tema polêmico ainda não analisado pelos Tribunais Superiores. Parte da doutrina aceita,
mas exige dois requisitos:
ATENÇÃO!
No caso da empregada morar na residência é evidente que pode figurar como vítima de
violência doméstica contra a mulher, nos termos do artigo 5º, inciso I, da Lei nº 11.340/06.
Art. 5º: Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150,
de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente
de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
2ª corrente: qualquer relação íntima de afeto deve ser interpretada de forma restritiva
para abranger somente relacionamentos com caráter sexual ou amoroso. Exemplo: Namorada,
Amante. Professor: Renato Brasileiro de Lima.
Art. 3º, §1º: O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos
das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Art. 3º, §2º: Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias
para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina
e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência
doméstica e familiar.
Ou seja, deve ser interpretada em favor da mulher.
13.9 Conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher
Art. 5º: Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente
de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que
são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade
expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido
com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação
sexual. (homoafetivas femininas).
ATENÇÃO
• Basta agredir mulher (gênero) para fazer incidir a Lei Maria da Penha?
Não. Esta agressão tem que ser baseada no gênero. Exemplo: traficante que ameaça sua
ex-mulher que o denunciou.
Não.
Inciso II: no âmbito da família, em que se pressupõe relação de parentesco, inclusive com
a sogra. Dispensa a coabitação. Por exemplo, o padrasto que agride a enteada. Decisão no
TJ/RS no sentido de que sim (se consideram aparentado).
Lembrar: “Art. 5º, parágrafo único da Lei 11.340/06: As relações pessoais enunciadas neste
artigo independem de orientação sexual. “
Conforme o art. 7º da lei 11.340/06, são formas de violência doméstica e familiar contra a
mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou
saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano
emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças
e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua
intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro
meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a
manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,
coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a
sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno
ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção,
subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os
destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação
ou injúria.
13.12.1 Fato não criminoso (atípico) como forma de violência contra a
mulher
• Crime
• Contravenção penal
• Fato atípico
Assim é possível que haja um pedido de afastamento do lar com base em um adultério.
Art. 8º: A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher
far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria
Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho
e habitação;
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com
a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências e
à frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de
dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das
medidas adotadas;
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa
e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a
violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no
inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal;
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em
particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência
doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral,
e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de
promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-
governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da
violência doméstica e familiar contra a mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo
de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso
I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito
respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos
relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da
violência doméstica e familiar contra a mulher.
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica
e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados,
inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os
custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em
situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao
Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem
os serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019)
Art. 158, CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se
tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
Conforme o art. 12 da lei 11.340/06:
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o
registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o
pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
I - qualificação da ofendida e do agressor;
II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da
violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente.
(Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019)
CUIDADO:
Não está dispensado o ECDL no caso de infração de deixar vestígio (Art. 158 do
CPP).
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física
ou psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus
dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, julho de 2021)
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado
disponível no momento da denúncia.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no
prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção
ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público
concomitantemente.
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união
estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
ATENÇÃO
Segundo o STJ, é possível que a primeira fase do Tribunal do Júri seja realizada pelo
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, desde que exista essa
previsão na Lei de Organização Judiciária local.
A Justiça Federal será o órgão jurisdicional competente para processar e julgar um crime
cometido a bordo de navio e aeronave, conforme dispõe o artigo 109, inciso IX, da
Constituição Federal/88, ainda que esse crime tenha sido praticado no âmbito da violência
doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 15: É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta
Lei, o Juizado:
I - do seu domicílio ou de sua residência;
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III - do domicílio do agressor.
Art. 16: Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que
trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido
o Ministério Público.
ADI 4.424 – Incondicionada para as Lesões Leves ou Culposa.
Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
Crime de ameaça na esfera da violência doméstica e familiar contra a mulher vale a regra
geral do Código Penal, ou seja, são delitos de ação penal pública condicionada à representação.
Art. 17: “É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição
de pena que implique o pagamento isolado de multa.”
Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com
violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos.
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas:
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
Com o advento da Lei nº 12.403/11, essas medidas protetivas também passaram a ser
concedidas às vítimas do sexo masculino, com base no previsto no artigo 313, inciso III, do
Código de Processo Penal, in verbis:
Art. 313, CPP: Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a prisão preventiva: III
– se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas
protetivas de urgência.
Art. 20: Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão
preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público
ou mediante representação da autoridade policial.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo,
verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem
razões que a justifiquem.
Importante mudança:
• A nova lei alterou o artigo 311 do Código de Processo Penal e proibiu o juiz de decretar a
preventiva na fase do Inquérito Policial.
1ª corrente: Tratando-se de norma especial o artigo 20 da Lei Maria da Penha não foi
abrangido pela novel legislação.
2ª corrente: considerando que o “espírito” da nova lei foi o de proibir o juiz inquisidor a
proibição da preventiva de ofício alcança a Lei Maria da Penha.
Qual prevalece?
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor,
especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação
do advogado constituído ou do defensor público.
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos
desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente,
as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a
bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica
mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição,
independentemente da existência de vaga.
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de
propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes
medidas, entre outras:
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos
incisos II e III deste artigo.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas
nesta Lei:
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais
decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de
violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:
Art. 28: É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso
aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da
lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
Art. 19: As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
Art. 29: Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser
criados poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada
por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
Art. 30: Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que
lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao
Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência,
e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas,
voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e
aos adolescentes.
Art. 31: Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá
determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação da equipe
de atendimento multidisciplinar.
Art. 32: O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, poderá prever
recursos para a criação e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos
termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
13.18.5 Competências
Art. 33: Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer
e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher,
observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual
pertinente.
Parágrafo único: Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o
processo e o julgamento das causas referidas no caput.
Art. 41: Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de
1995.
• Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
• Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com
violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos.
• Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções
penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Art. 28-A, § 2º, CPP: O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes
hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração,
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do
processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar (qualquer
que seja o sexo/gênero da vítima), ou praticados contra a mulher por razões da
condição de sexo feminino, em favor do agressor.
13.21 Questões sobre Lei Maria da Penha
14.1 Retrospectiva
• A Lei prevê que deverão ser formados “conselhos de políticas sobre drogas”;
Usar o crime da Lei nº 6.368/76 (que tem pena menor) e o benefício da Lei nº 11.343/06
(no caso, o privilégio do §4º do art. 33), in verbis:
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas
de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que
o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas
nem integre organização criminosa.
Aplicação aos crimes praticados antes da vigência. Não é possível. Questão sumulada -
Súmula 501 do STJ.
Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei nº 11.343/2006, desde que o
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do
que o advindo da aplicação da Lei nº 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
14.3 Usuário
Art. 28: Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas; (dizer que droga faz mal – na prática nada
ocorre, é uma piada)
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
O que analisará o Juiz para que o acusado responda por posse de droga para
consumo e não por tráfico? Apenas a quantidade?
Art. 28, § 2º: Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá
à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos
antecedentes do agente.
Art. 48, § 1º: O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo se
houver concurso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e
julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995,
que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais.
Há duas correntes:
• É uma infração penal sui generis: O STF entende que é crime, pois se entender que o
artigo 28 não é mais crime, perde o criminoso, mas também desaparece o ato infracional, não
terá mais como educar o adolescente infrator.
Art. 33: Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas (18 núcleos), ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500
(mil e quinhentos) dias-multa.
Bem jurídico imediato é a saúde pública; tem-se também o bem jurídico mediato, que é
a saúde individual das pessoas que integram a sociedade.
Sujeito ativo: como regra é um crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa,
não exige nenhuma qualidade específica do autor; mas tem um núcleo que o crime é próprio,
“prescrever” somente médico e dentista podem praticar, deve ter a qualidade especifica de ser
médico ou ser dentista.
Art. 243: Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de
qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação
dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais
grave.
Antes (durante a vigência da Lei nº 6.368/76) era considerado tráfico (Art. 12 – o artigo é
claro, pune o fornecimento gratuito).
LEI 11.319/08:
Art. 33, § 3º: crime específico para esse agente – lei nova mais benéfica, retroage para os
fatos pretéritos. É tráfico, pois está no art. 33.
Art. 33: Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas (18 núcleos), ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500
(mil e quinhentos) dias-multa.
Qual a quantidade de A quantidade, por si só, não é suficiente para definir se é trafico ou
drogas para a uso;
caracterização de
tráfico?
Precisa de um rol de circunstâncias;
Art. 52: Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia
judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram
à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto
apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente.
14.9 Tráfico
14.9.1 Consumação
Consumação: com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo. Cabe mencionar que
alguns núcleos configuram crime permanente. Exemplo: manter em deposito, trazer consigo,
guardar.
Tráfico: crime de perigo ou crime de dano? Coloca em risco ou causa lesão ao bem
jurídico?
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece,
fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-
prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação
de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse,
administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios
razoáveis de conduta criminal preexistente. (pacote anticrime)
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-
multa.
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
A Lei de Drogas prevê, em seu artigo 33, § 4º, a figura do “traficante privilegiado”, também
chamada de “traficância menor” ou “traficância eventual”:
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas
de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que
o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas
nem integre organização criminosa.
Súmula 512-STJ: A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º,
da Lei n. 11.343/2006.
Art. 112, § 5º, da LEP - Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste
artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º, do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto
de 2006.
ATENÇÃO!
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação
da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o
benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info
596).
STF
1. O § 4º, do artigo 33 da Lei nº 11.343/2006 dispõe que “Nos delitos definidos no caput e
no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a
conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa”.
2. In casu, a minorante especial a que se refere o § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 foi
corretamente afastada ante a comprovação, por certidão cartorária, de que o paciente está
indiciado em vários inquéritos e responde a diversas ações penais, entendimento que se
coaduna com a jurisprudência desta Corte: RHC 94.802, 1ª Turma, Rel. Min. MENEZES
DE DIREITO, DJe de 20/03/2009; e HC 109.168, 1ª Turma, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA,
DJe de 14/02/2012, entre outros. (...)
STF. 1ª Turma. HC 108135, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 05/06/2012.
Art. 44: Os crimes previstos nos artigos 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção
ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a
2.000 (dois mil) dias-multa.
*Aplica-se a lei 8.072/90
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200
(mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para
a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
*Não é crime hediondo
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput
e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a
4.000 (quatro mil) dias-multa.
*Aplica-se a lei 8.072/90
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à
prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700
(setecentos) dias-multa.
*Aplica-se a lei 8.072/90
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o
paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinquenta) a 200
(duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria
profissional a que pertença o agente.
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano
potencial a incolumidade de outrem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo,
cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena
privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-
multa.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais,
serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa,
se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros.
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a
dois terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de
missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais,
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde
se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em
transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo,
ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
Súmula 587 do STJ: Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei
11.343/2006, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da
Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico
interestadual.
Súmula 607 do STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei
11.343/06) se configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que
não consumada a transposição de fronteiras.
14.11 Tráfico em transporte público
O artigo 40, inciso III da Lei de Drogas prevê como causa de aumento de pena o fato de
a infração ser cometida em transportes públicos.
Se o agente leva a droga em transporte público, mas não a comercializa dentro do meio
de transporte, incidirá essa majorante? NÃO!
A majorante do artigo 40, inciso II da Lei n° 11.343/2006 somente deve ser aplicada nos
casos em que ficar demonstrada a comercialização efetiva da droga em seu interior. É a posição
majoritária no STF e STJ (REsp 1443214-MS - HC 122258-MS).
14.12 Procedimentos
Condenação prévia por porte de droga para uso próprio não gera reincidência,
vejamos:
“No caso, verifico que a redutora não foi aplicada apenas em razão da reincidência e,
tendo em vista o afastamento dessa agravante, a benesse deve ser reconhecida e
aplicada na fração máxima de dois terços, sobretudo em razão da não expressiva
quantidade de droga apreendida (7,2 gramas de crack)”, concluiu o ministro ao
redimensionar a pena e fixar o regime inicial aberto.
Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ. HC 453.437.
14.12.1 Procedimento especial da Lei nº 11.343/06
1. Interrogatório (um dos únicos procedimentos onde o interrogatório não é o último ato processual)
2. Testemunhas de acusação: 5
3. Testemunhas de defesa: 5
4. Debates
5. Julgamento
CUIDADO - HC 127900/AM
Art. 394, § 4º: As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. (os
procedimentos especiais devem aplicar os art. 395 a 398).
Art. 397: Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o
juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.
14.13.1 Questões pontuais
Art. 32. As plantações ilícitas serão Art. 32. As plantações ilícitas serão
imediatamente destruídas pelo imediatamente destruídas pelas
delegado de polícia na forma do art. autoridades de polícia judiciária, que
50-A, que recolherá quantidade recolherão quantidade suficiente
suficiente para exame pericial, de para exame pericial, de tudo
tudo lavrando auto de levantamento lavrando auto de levantamento das
das condições encontradas, com a condições encontradas, com a
delimitação do local, asseguradas delimitação do local, asseguradas
as medidas necessárias para a as medidas necessárias para a
preservação da prova preservação da prova.
15.1 Introdução
Trata-se de procedimento destinado à apuração dos crimes praticados por funcionário
público ou a ele equiparado no exercício da função ou em razão dela contra a administração
pública. É o caso dos crimes previstos nos arts. 312 a 326 do CP e art. 3º da Lei nº 8.137/1990.
15.2 Identificação
PAROU!
Nos termos do art. 514 do CPP, nos crimes funcionais afiançáveis, após o oferecimento
da denúncia, o réu será notificado para apresentar, no prazo de 15 (quinze) dias, defesa
preliminar. Como se vê, o procedimento especial é voltado aos crimes funcionais afiançáveis.
Considerando que, a partir da edição da Lei nº 12.403/2011, o art. 323 do CPP passou a dispor
que são inafiançáveis os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, os crimes hediondos e aqueles praticados por grupos armados contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático, conclui-se que todos os crimes praticados por funcionário
público contra a administração pública são afiançáveis.
Em que pese divergência doutrinária e até mesmo jurisprudencial, o Superior Tribunal de
Justiça editou a Súm. nº 330, segundo a qual “É desnecessária a resposta preliminar de que
trata o art. 514 do Código de Processo Penal, na ação instruída por inquérito policial”.
Se recebida a denúncia, será o acusado citado, seguindo-se o rito comum, nos temos do
art. 518 do CPP.
15.3 Prazo
Nos termos do art. 514 do CPP, o prazo para apresentar a defesa preliminar é de 15
(quinze) dias.
15.4 Conteúdo
Deve-se buscar no enunciado informações para sustentar a rejeição da denúncia. Ou
seja, causas de rejeição da denúncia, previstas no art. 395 do CPP.
Processo nº ...
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com
procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar
DEFESA PRELIMINAR, com base no art. 514 do Código de Processo Penal, pelos fatos e
fundamentos jurídicos a seguir expostos:
I) DA TEMPESTIVIDADE
A presente defesa preliminar é tempestiva, já que apresentada dentro do prazo de 15
dias, previsto no artigo 514 do Código de Processo Penal.
III) DO DIREITO
Após identificar e arguir eventuais preliminares contidas no enunciado, deve-se atacar
a denúncia, buscando a sua rejeição, com base no art. 395 do CPP.
IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer o denunciado:
a) seja rejeitada a denúncia.
Nestes termos, Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Assista como resolver a peça defesa preliminar de funcionário público
Lei dos crimes hediondos
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda
que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV,
V, VI, VII e VIII);
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida
de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição;
II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo
emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal
ou morte (art. 158, § 3º); http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art5
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum (art. 155, § 4º-A).
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de
1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
2003; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm - art5
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de
22 de dezembro de 2003; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2019/Lei/L13964.htm - art5
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art.
18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
2003; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm - art5
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou
equiparado.
• Observações:
Há Crime Hediondo fora do código penal que são considerados hediondos? Sim.
O Tráfico (Lei 11.343/06), a Tortura (Lei 9.455/97) e o Terrorismo (Lei 13.260/16) – são
equiparados a hediondos.
• Alteração Legislativa:
Art. 394-A CPP: Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade
de tramitação em todas as instâncias.
Observações preliminares:
Para o crime de homicídio simples ser hediondo ele deve ser praticado em atividade típica
de grupo de extermínio, ainda que praticado por uma só pessoa. Trata-se de "homicídio
condicionado”.
CUIDADO
Homicídio simples praticada por Milícia não é hediondo, pois não houve previsão legal
(deve ser “corrigido” pelo legislador).
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
16.2.3 Feminicídio
§ 2° Se o homicídio é cometido:
(...)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício
da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
16.3 Correntes
1ª corrente: É hediondo, uma vez que lei não excepcionou. É qualificado hediondo.
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
(Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012).
Art. 1º, inciso I-A: lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão
corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
dessa condição.
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo
emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, §
Súmulas importantíssimas:
Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não realize o agente a subtração de bens da vítima.
• Ponto divergente:
STJ: ocorrendo uma única subtração, porém com duas ou mais mortes, haverá concurso formal
impróprio de latrocínios. (somas das penas)
Art. 1°, inciso III, da Lei nº 8.072/90: extorsão qualificada pela restrição da liberdade da
vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º);
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º);
Sequestro relâmpago, acrescido pela Lei nº 11.923/09, pelo princípio da legalidade não
é considerado hediondo, haja vista que a referida lei não trouxe acréscimo a Lei de Crimes
Hediondos.
Art. 1º, inciso VI, da Lei nº 8.072/90: estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º,
3º e 4º);
A Lei nº 12.015/09 trouxe profundas alterações ao Código Penal. Mudou o título que antes
era Crimes Contra os Costumes por Crimes Contra a Dignidade Sexual. Embora mantido
o capítulo DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL.
• Houve a revogação do artigo 214 do Código Penal (atentado violento ao pudor)? Não
há o que se falar em abolitio criminis, mas sim em mera revogação formal e sua readequação
típica no artigo 213 do Código Penal.
Art. 1º, inciso VII, da Lei nº 8.072/90: Epidemia com o Resultado Morte (Art. 267, par. 1
do CP)
Doutrinariamente seria: provocar, motivar, produzir uma doença infecciosa que atinge
grande número de pessoas habitantes da mesma localidade ou região.
Art. 1º, inciso VII-B, da Lei nº 8.072/90: falsificação, corrupção, adulteração ou alteração
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e §
1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito
para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado.
Cuidado:
Art. 273, § 1º-A, do CP: Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os
medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os
saneantes e os de uso em diagnóstico. Excesso Legislativo.
Art. 1º, inciso VIII, da Lei nº 8.072/90: favorecimento da prostituição ou de outra forma
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§
1º e 2º).
Art. 218-B, do CP: Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração
sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar
que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
Art. 1º, inciso IX, da Lei nº 8.072/90: furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).
Art. 155, § 4º-A CP: A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
16.4 Crimes hediondos previstos em leis especiais
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art.
16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826,
de 22 de dezembro de 2003;
Genocídio: termo criado por Raphael Lemkin (1900 – 1959) ao se referir à política de
extermínio do estado nazista alemão. Consiste na destruição de um grupo étnico ou nação
por motivos raciais, ideológicos, religiosos etc.
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado.
Observação:
Art. 5°, XLIII, CF: a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia
a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e
os que, podendo evitá-los, se omitirem.
É constitucional? Poderia o legislador infraconstitucional acrescentar uma vedação que não foi
acrescida pela Constituição?
16.5.1 Correntes
2ª corrente: As restrições constituições são mínimas, pois ela diz “a lei considerará...”
logo pode sim a lei aumentá-las.
Quando a Constituição Federal proíbe a graça, já proíbe o indulto, pois este é uma graça
coletiva (STF).
Lei 11.464/07
Antes: inciso II – fiança e
Art. 2º da Lei 8.072/90, inciso II - liberdade provisória
fiança
Sim, pois somente o juiz, diante da análise do caso concreto, pode negar a liberdade
provisória. Não se admite que o legislador, em abstrato, a proíba.
Esse entendimento (do STF) leva a crer que o §2º do art. 310, CPP será declarado
inconstitucional.
Art. 2° da Lei 8.072/90, §1º: A pena por crime previsto neste artigo será cumprida
inicialmente em regime fechado.
(redação anterior) - §1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente
em regime fechado.
Súmulas importantíssimas:
Súmula 718 STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não
constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido
segundo a pena aplicada.
Súmula 719 STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permitir exige motivação idônea.
Entendimento sumulado:
Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes
da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei
de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.
Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei
nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.
Agora toda a progressão é tratada pela Lei de Execução penal – Art. 112 da Lei nº
7.210/84:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso
tiver cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, se for primário; (aqui continua 2/5)
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime
hediondo ou equiparado; (aqui continua em 3/5)
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo
ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças (não abrange
adolescente – caso na segunda progressão seu filho já tenha 12 anos, vai para a regra
geral) ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente:
I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento;
V - não ter integrado organização criminosa (ter integrado associação criminosa será
possível).
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico
de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
Conforme o STF, o §3°, do artigo 3º, da Lei nº 8.072/90 deve ser assim interpretado:
Art. 492, alínea “e”, do CPP: mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão
em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de
condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a
execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem
prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;
Art. 2º, §4º, da Lei nº 8.072/90: A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960,
de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta)
dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
O inciso III é obrigatório, mas sozinho não permite, deve ser combinado com o I ou com o
II.
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso
e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação
de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
• Reincidente Específico
O que é reincidente específico?
1ª corrente: Prática dois ou mais crimes hediondos ou equiparados do mesmo tipo penal.
Exemplo: Art. 213 e 213 (sim) – Art. 213 e 157 (não).
Art. 17. Aplicam-se as disposições da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, aos crimes
previstos nesta Lei.
Observações:
a) A Lei não proíbe PRD ou SURSIS, desde que preenchido os requisitos, seria possível, com
exceção do crime de tráfico de drogas (que é equiparado), pois há vedação expressa na lei;
b) É possível trabalho externo do condenado;
c) O Critério adotado para definição dos crimes hediondos é o legal;
d) O rol é taxativo e só admite alteração por iniciativa legislativa;
e) Os crimes que tiverem equivalência no Código Penal Militar não são hediondos;
f) TTT não é crime hediondo e sim equiparado;
g) Envenenamento de água potável não é mais hediondo, mas sua pena foi mantida
falsificação de cosmético e saneantes é crime hediondo;
h) O crime de sequestro relâmpago não foi acrescentado ao rol dos crimes hediondos;
i) A Liberdade Provisória, antes proibida, foi retirada das vedações pela Lei 11.464/07;
j) A progressão de regime passou a ser autorizada;
k) O condenado por crime hediondo e equiparados tem direito de apelar em liberdade, desde
que devidamente fundamentado pelo juiz;
l) A duração da prisão temporária para os crimes hediondos e equiparados é de 30 dias,
prorrogável por igual período, em caso de extrema necessidade.
Embargos infringentes e de nulidade
17.1 Conceito
Trata-se de recurso privativo da defesa, voltado a garantir uma segunda análise da
matéria decidida pelo Tribunal de Justiça ou Tribunal Federal, por ter havido maioria de votos
contra o réu, ou seja, decisão não unânime desfavorável ao réu, ampliando-se o quórum do
julgamento.
Assim, o recurso obriga que órgão do Tribunal seja chamado a decidir por completo e não
apenas com os votos dos Desembargadores que participaram do julgamento da apelação,
recurso em sentido estrito e agravo em execução.
Em determinados Tribunais de Justiça, por exemplo, as Câmaras são compostas por cinco
Desembargadores, participando da turma julgadora apenas três deles. Dessa forma, caso a
decisão proferida contra os interesses do réu constituir-se de maioria (dois a um) de votos, cabe
a oposição de embargos infringentes, chamando-se os demais desembargadores a participarem
do julgamento da matéria divergente.
Palavras mágicas!
Decisão favorável
Maioria dos votos
Desfavorável ao réu
Apelação
Peça de
interposição
Recurso em
Sentido Embargos
Estrito Decisão não infringentes
Tribunal
unânime / nulidade
Razões de
Agravo em embargos
Execução infringentes ou
de nulidade
17.5 Cabimento
Considerando que a previsão legal desses embargos se encontra no Capítulo V do Título
II do Código de Processo Penal, que trata “do processo e do julgamento dos recursos em sentido
estrito e das apelações”, os embargos infringentes e de nulidade referem-se apenas ao recurso
em sentido estrito e à apelação e, segundo a jurisprudência majoritária, em agravo em execução,
já que segue o processamento do recurso em sentido estrito.
Não cabe recurso de embargos infringentes nos julgamentos realizados pelas turmas
recursais, porque não possuem natureza de tribunais.
Também não cabem embargos infringentes contra acórdãos de primeiro grau, ou seja,
aqueles proferidos no julgamento de crimes de sua competência originária (nos casos de foro
com prerrogativa de função). Isso porque o próprio artigo 609, parágrafo único, do Código de
Processo Penal, faz expressa alusão às decisões de segunda instância.
Por ocasião da interposição, deve o recurso ser devidamente instruído com as razões,
pois não será aberta vista para essa finalidade
Prazo: 10 dias
A contar da publicação do acórdão
Parte final: (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento,
data, advogado e OAB).
2) Razões recursais
Endereçamento: para Tribunal, dependendo do Regime Interno será dirigido ao Grupo
Criminal na Justiça Estadual / Seção Criminal na Justiça Federal11
Tribunal de Justiça (se da competência da Justiça Estadual); Tribunal Regional Federal (se da
competência da Justiça Federal);
Saudação:
Justiça Estadual: Egrégio Tribunal de Justiça – Colendo Grupo Criminal – Eméritos Julgadores;
Justiça Federal: Egrégio Tribunal Regional Federal – Colenda Seção – Eméritos Julgadores
Corpo da peça: I. DOS FATOS: breve relato; II. DO DIREITO: Buscar no enunciado informações
voltadas a prevalecer o voto vencido (favorável ao réu).
Pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico parte final: termos em
que pede deferimento, local, data e OAB...
11
No Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul a competência para julgamento é atribuída ao Grupo
Criminal. Já no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo a competência para julgamento é das Câmaras
Criminais. Portanto, a matéria depende da situação local, conforme Art. 35 do Assento Regimental nº 560/2017.
Art. 35: As Câmaras julgam os recursos das decisões de primeiro grau, os embargos declaratórios opostos a seus
acórdãos, as ações rescisórias, as reclamações por descumprimento de seus julgados, os agravos internos e
regimentais, “habeas corpus”, mandados de segurança e demais feitos de competência originária.”
Peça de interposição:
Processo nº...
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu
procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, a
presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão de fls., opor o presente
EMBARGOS INFRINGENTES E/ OU NULIDADE com base no artigo 609, parágrafo
único, do Código de Processo Penal, requerendo seja recebido e processado o presente
recurso, pelos fatos e fundamentos expostos nas razões inclusas.
O presente recurso é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo de 10 dias,
na forma do artigo 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO... (se da competência da Justiça
Estadual);
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃO (se da competência da Justiça
Federal).
Embargante: FULANO DE TAL
Embargado: MINISTÉRIO PÚBLICO
Processo nº...
I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
Deverá ser exposto os motivos que deverá prevalecer o voto vencido.
Por exemplo: O acórdão ora recorrido não merece prosperar, devendo prevalecer os
fundamentos do voto vencido, senão vejamos.
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja CONHECIDO e PROVIDO o presente, acolhendo o voto vencido,
reformando o acórdão recorrido, para o fim de...:
Local..., data...
Advogado... OAB...
Observações:
Ver competência da Justiça Federal no art. 109 da CF/88;
Nos “fatos”, fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar
nada nem simplesmente transcrever o enunciado). Importante: Justificar o cabimento e
admissibilidade do recurso de embargos infringentes;
O mérito deve guardar relação com o voto vencido (basicamente o que poderia ser alegado em
sede de apelação, recurso em sentido estrito e agravo em execução);
E o pedido também deve estar relacionado ao voto vencido.
Assista como resolver a peça embargos infringentes
18.1 Cabimento/conteúdo
Trata-se de recurso posto à disposição de qualquer das partes, voltado ao esclarecimento
de dúvidas surgidas no acórdão, quando configurada ambiguidade, obscuridade, contradição ou
omissão, permitindo, então, o efetivo conhecimento do teor do julgado, facilitando a sua aplicação
e proporcionando, quando for o caso, a interposição de recurso especial ou extraordinário.
Contradição: trata-se de uma incoerência entre uma afirmação anterior e outra posterior,
referentes ao mesmo tema e no mesmo contexto, gerando a impossibilidade de
compreensão do julgado.
Peça:
Expressão mágica:
PAROU!
18.4 Prazo
Os embargos devem opostos no prazo de 02 (dois) dias perante o próprio juiz prolator da
sentença (art. 382, CPP), ou, no caso dos tribunais (art. 619, CPP), endereçados ao próprio
relator do acórdão embargado.
02 dias
02 dias 05 dias
Com a redação do artigo 83, § 2º, da Lei nº 9.099/95, dada alterada pelo Código de
Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), os embargos de declaração no âmbito do Juizado
Especial Criminal passaram também a ter efeito interruptivo.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca ... (se crime da
competência da Justiça Estadual);
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da Vara Criminal da Seção Judiciária de ... (se crime
da competência da Justiça Federal);
Embargos de Declaração contra Acórdão (art. 619 e 620 CPP)
II) Preâmbulo: nome (desnecessário qualificar, pois já qualificado nos autos), capacidade
postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (arts. 382 ou 619 e 620,
todos do Código de Processo Penal), nome da peça (Recurso de Embargos de Declaração),
frase final (pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos...);
III) Corpo da peça: I) DOS FATOS: breve relatório; II) DO DIREITO: apontar a contradição,
obscuridade, ambiguidade ou omissão – demonstrar o vício da decisão;
FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador infra-
assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência opor o presente EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, com base no artigo 382 ou
619 e 620, todos do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a
seguir expostos.
I) DA TEMPESTIVIDADE
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Observação:
No mérito, demonstrar a obscuridade, contradição, omissão ou ambiguidade.
Prisão processual
19.1 Introdução
A prisão processual, também chamada de prisão cautelar ou provisória, ocorre por força
da necessidade de segregação cautelar do acusado da prática de um delito durante as
investigações ou no curso da ação penal nas hipóteses previstas na legislação processual penal.
Não visa a punição do agente, mas de impedir que volte a praticar novos delitos ou que
adote conduta voltada a influenciar na instrução criminal ou na aplicação da sanção decorrente
da prática delituosa.
Nos termos do artigo 283 do Código de Processo Penal, três são as espécies de prisão
provisória: prisão em flagrante (arts. 301 a 310, todos do CPP), preventiva (Art. 311 a 316
CPP) e temporária (Lei nº 7.960/89).
PRISÃO EM FLAGRANTE
(art. 301/310, CPP)
PRISÃO PREVENTIVA
(art. 311/316, CPP)
19.2 Prisão em Flagrante
EM SÍNTESE:
Em síntese, a prisão em flagrante ocorre quando presente uma das hipóteses previstas no
artigo 302 do Código de Processo Penal.
A Lei nº 12.403/2011 introduziu o artigo 310, inciso II, do Código de Processo Penal,
suprimindo a possibilidade de a prisão em flagrante prender por si só, na medida em que, se
presentes os requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal e inadequada ou insuficiente
a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, o juiz deverá converter a prisão em
flagrante em prisão preventiva.
Logo, forçoso concluir que a prisão em flagrante passou a assumir natureza precautelar,
com duração limitada até a adoção pelo juiz de uma das providências do artigo 310 do Código
de Processo Penal (relaxar a prisão em flagrante, convertê-la em prisão preventiva ou conceder
a liberdade provisória).
19.2.1 Espécies de flagrante: art. 302, CPP
Trata-se de prisão efetivada quando o sujeito está praticando uma infração penal, ou
quando acabou de cometê-la.
A prisão deve ocorrer de imediato, sem qualquer intervalo de tempo entre a prática da
infração e a detenção. Ocorre, pois, quando o agente ainda está no local do crime.
Exemplo: prisão em flagrante no exato instante em que o agente criminoso busca sair da
agência bancária onde praticava o delito de roubo.
A concepção de perseguição pode ser extraída do artigo 290, §1º, do Código de Processo
Penal, notadamente das alíneas “a” e “b” do parágrafo primeiro.
Se o agente for preso após cessada a perseguição, sem mandado judicial, a prisão será
ilegal, devendo, pois, ser relaxada.
CUIDADO
A perseguição deve ser ininterrupta. Uma vez cessada a perseguição, não há mais situação
de flagrância, devendo-se, a partir de então, efetivar-se a prisão somente munido de
mandado judicial (prisão preventiva ou temporária, conforme o caso).
Aqui o agente não é “perseguido”, mas “encontrado”, logo depois da prática da infração
penal, na posse de instrumentos, armas, objetos ou papéis em situação que permita presumir
ser ele o autor da infração.
Quanto ao alcance da expressão “logo depois”, a jurisprudência tem admitido prisões
ocorridas várias horas depois do crime. Não aceita, no entanto, prisão muitos dias depois ao do
crime.
É o que diz a Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante
pela polícia torna impossível a sua consumação”. Trata-se de hipótese de crime impossível,
que não é punível nos termos do artigo 17 do Código Penal.
Em que pese a súmula mencionar somente o flagrante pela polícia, a ilegalidade também
pode decorrer de flagrante preparado por particular.
Isso foi reforçado pelo pacote anticrime (Lei 13.964/19) que acrescentou o IV ao parágrafo
1º da Lei nº 11.343/06, a saber:
b) Flagrante Esperado
c) Flagrante Forjado
O flagrante forjado se caracteriza pela criação de provas para forjar a prática de um crime
inexistente. Aqui a ação da autoridade policial ou de um particular visa a simular um fato típico
inexistente, com o objetivo de incriminar falsamente alguém
O flagrante retardado ou diferido funciona como autorização legal para que a prisão em
flagrante seja retardada ou protelada para outro momento, que não aquele em que o agente está
em situação de flagrância. Trata-se, pois, de uma autorização legal para que a autoridade policial
e seus agentes, que, a princípio, teriam a obrigação de efetuar a prisão em flagrante (Art. 301,
2ª parte, CPP), deixem de fazê-lo, visando a uma maior eficácia da investigação.
A Lei nº 9.613/98, que trata da Lavagem de Dinheiro, também prevê o instituto da ação
controlada no seu artigo 4º- B, sendo possível suspender a ordem de prisão poderá ser suspensa
pelo juiz, com prévia manifestação do Ministério Público, quando a sua execução imediata puder
comprometer as investigações.
Para aprofundar
INVESTIGAÇÃO:
Diferido/
Cumpre no futuro Art. 53, II, Lei 11.343/06;
retardado Art. 8º, Lei 12.850/13 (Lei das
Organizações Criminosas).
Espera a prática do
delito para prender
Esperado em flagrante. Prisão
LEGAL.
Prisão ILEGAL
Uma vez preso em flagrante, por policial ou particular, o acusado deve ser conduzido à
presença da autoridade policial. Se a autoridade policial considerar se tratar de situação de
flagrância e que o fato constitui crime, determinará a lavratura do auto de prisão, incumbindo-lhe
proceder da seguinte forma:
a) Oitiva do condutor:
Exemplo: seguranças de determinada loja prendem em flagrante uma pessoa pela prática
do delito de furto e acionam a polícia militar, que conduzem o preso à Delegacia de Polícia.
Será um dos policiais, portanto, quem apresenta o preso ao delegado de polícia, figurando,
assim, como condutor.
b) Oitiva de testemunhas:
c) Interrogatório do preso:
d) Nota de culpa:
Nos termos do artigo 306, §1º e §2º, do Código de Processo Penal, superadas essas
etapas, cumpre à autoridade policial, em até 24 horas após a realização da prisão, encaminhar
o auto de prisão em flagrante devidamente instruído ao juiz competente, bem como entregar ao
preso, no mesmo prazo, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o
motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Trata-se a nota de culpa de documento por meio do qual a autoridade policial cientifica o
preso dos motivos de sua prisão, do nome do condutor e das testemunhas.
Se não for entregue nota de culpa, o flagrante deve ser relaxado por falta de formalidade
essencial.
Além disso, a Lei nº 13.257/2016, incluiu o §4º no artigo 304, segundo o qual “Da lavratura
do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos,
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.”
12
Esse dispositivo é fundamental para qualquer interrogatório, seja na fase de investigação ou no curso da ação
penal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado;
19.2.3 Garantias legais e constitucionais do preso
De acordo com o artigo 306 do Código de Processo Penal, a prisão de qualquer pessoa
e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao
Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
O artigo 5º, inciso LXII, da Constituição Federal/88 dispõe que a prisão de qualquer pessoa
e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do
preso ou à pessoa por ele indicada.
Nos termos do artigo 306 do Código de Processo Penal e artigo 5º, incisos LXII e LXIII,
da Constituição Federal/88, cumpre à autoridade policial providenciar a comunicação imediata
da prisão em flagrante à família do preso ou à pessoa por ele indicada, garantindo-lhe, assim, a
assistência da família.
Essa comunicação tem por objetivo certificar familiares acerca da localização do preso,
bem como viabilizar ao preso o apoio e a assistência da família.
Nos termos do artigo 5º, inciso LXIII, parte final, da Constituição Federal/88, o preso tem
direito à assistência da família e de advogado.
a) Relaxar o flagrante
b) Converter a prisão em flagrante em prisão preventiva
c) CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA (com ou sem fiança ou medidas
cautelares), salvo se verificar que o agente é reincidente ou integra organização criminosa
ou milícia armada ou porta arma de fogo de uso restrito (§2 do art. 310 do CPP)
Nesse sentido, num primeiro momento, o Magistrado deverá analisar o aspecto formal, a
legalidade do auto de prisão em flagrante, bem como se há situação de flagrância, conforme as
hipóteses do artigo 302 do Código de Processo Penal. Se observadas as formalidades, o Juiz
homologa; na hipótese de alguma ilegalidade, seja formal ou material, o Juiz deverá relaxar a
prisão em flagrante.
Num segundo momento, uma vez homologado o auto de prisão em flagrante, o Juiz
deverá verificar a necessidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva ou a
concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança e a eventual imposição de medida cautelar
diversa.
Convém ressaltar, por pertinente, que a prisão preventiva somente poderá ser decretada
em substituição da prisão em flagrante se estiverem presentes os requisitos do artigo 312 do
Código de Processo Penal14 E se não for suficiente outra medida diversa da prisão, bem como
se presente uma das hipóteses do artigo 313 do Código de Processo Penal.
Assim, pela leitura do artigo 310, inciso II, do Código de Processo Penal, verifica-se que
a prisão preventiva é a última ratio das medidas cautelares. Ela somente deve ser decretada
quando todas as demais medidas cautelares se revelarem inadequadas e insuficientes para o
caso concreto. Em outras palavras, a insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão
(aquelas previstas no Art. 319, CPP) passou a ser mais um requisito para o cabimento da prisão
preventiva.
Logo, por ser medida de caráter excepcional, o juiz somente poderá converter a prisão em
flagrante em prisão preventiva se estiverem presentes os requisitos dos artigos 312 e 313, ambos
do Código de Processo Penal.
13
Antes da Lei nº 12.403/2011, o agente ficava preso em decorrência da prisão em flagrante. O Juiz simplesmente
homologava o APF e mantinha a prisão em flagrante. Com a alteração, o juiz, se presentes os requisitos, deverá
converter a prisão em flagrante em prisão preventiva. Eis a razão do caráter precautelar da prisão em flagrante (pois
dura até ser convertida em preventiva ou concedida a liberdade provisória).
14
Garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei
penal. Será estudado oportunamente.
Em síntese: O juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá, fundamentadamente,
converter a prisão em flagrante em preventiva (inciso II, primeira parte), desde que:
c) o agente não tenha praticado o fato ao amparo das causas de exclusão da ilicitude
previstas no artigo 23 do Código Penal;
d) estejam presentes os requisitos dos artigos 312 e 313, ambos do Código de Processo
Penal.
Caso contrário, será concedida liberdade provisória (com ou sem fiança ou cautelar
diversa da prisão).
Muita atenção devemos dar aos dois últimos parágrafos do artigo 310 do Código de
Processo Penal. Ambos foram introduzidos pelo pacote anticrime e versam sobre situações
relativas à prisão em flagrante e a novidade da audiência de custódia. Segundo o § 3º, autoridade
que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo
estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão.
Percebe-se que desejou o legislador uma tríplice de responsabilidade do agente público que,
dentro da possibilidade de realizar a audiência de custódia, deixa de cumprir seu dever de ofício.
Já o §4º, por sua vez, passa a considerar ilegal, e por consequência passível de
relaxamento, a prisão em flagrante quando, no prazo de 24 horas após sua formalização, não
for realizada a audiência de custódia, sem prejuízo, por óbvio, da decretação da prisão preventiva
quando presentes os pressupostos autorizadores de tal medida coercitiva.
Aqui indispensável mencionar que, por ora, o disposto no §4º, do artigo 310 do Código de
Processo Penal, por força de decisão cautelar do Ministro Luiz Fux do Supremo Tribunal Federal,
proferida nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 6298, 6299, 6300 e 6305, encontra-
se com sua aplicação suspensa. Dessa forma, até que o Pleno de nossa Suprema Corte se
posicione, a não realização da Audiência de Custódia, por si só, não é capaz de ensejar a
ilegalidade da prisão. Nas palavras do Ministro: O dispositivo impugnado fixa consequência
jurídica desarrazoada para a não realização da audiência de custódia, consistente na ilegalidade
da prisão. Esse ponto desconsidera dificuldades práticas locais de várias regiões do país,
especialmente na Região Norte, bem como dificuldades logísticas decorrentes de operações
policiais de considerável".
Base legal: Artigo 310, inciso I, CPP e Artigo 5º, inciso LXV, da CF/88.
PAROU!
• Ilegalidade Formal
Ocorre quando o auto de prisão em flagrante não observou as formalidades
procedimentais previstas no artigo 304 e 306, ambos do Código de Processo Penal e dos incisos
do artigo 5º da Constituição Federal/88, notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV.
Além da inobservância das formalidades no artigo 304 e artigo 306, ambos do Código de
Processo Penal e dos incisos do artigo 5º da Constituição Federal/88, notadamente LXI, LXII,
LXIII, LXIV, pode incidir a ilegalidade pelo excesso de prazo da prisão, como, por exemplo, na
conclusão do inquérito policial além do prazo previsto em lei, sem justificativa plausível ou, ainda,
não oferecimento da denúncia de réu preso (prazo 05 dias).
Não encaminhamento do APF à Defensoria Pública, quando o autuado não informa nome de
advogado.
Falta de representação do ofendido, sendo hipótese de prisão decorrente de crime de ação penal
pública condicionada à representação.
Ausência de requerimento da vítima na hipótese de prisão em flagrante por crime de ação penal
privada;
Falta de laudo de constatação da natureza da substância entorpecente (Art. 50, §1º, da Lei
11.343/2006).
• Ilegalidade Material
Além das formalidades legais e constitucionais para a lavratura do APF, devem estar
presentes situações autorizadoras da prisão em flagrante.
Flagrante forjado
Autos nº
I) DOS FATOS15
II) DO DIREITO16
15
Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão.
16
Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade formal e/ou material.
I) DO PEDIDO
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
17
Alguns autores consideram desnecessária vista ao MP. Por cautela, até porque não há notícia de que ensejaria
perda de pontos, pode-se adicionar o pedido de vista ao MP.
19.4 Liberdade provisória
• Considerações gerais:
Entende-se por liberdade provisória o instituto destinado a conferir ao acusado o direito
de responder ao processo em liberdade, mediante o cumprimento ou não de determinadas
condições.
18
AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. São Paulo: Método. 2013. p. 973.
Esse também é o entendimento de Nucci19, segundo o qual “a liberdade provisória, com
ou sem fiança, é um instituto compatível com a prisão em flagrante, mas não com a prisão
preventiva ou temporária. Nessas duas últimas hipóteses, vislumbrando não mais estarem
presentes os requisitos que a determinam, o melhor a fazer é revogar a custódia cautelar, mas
não colocar o réu em liberdade provisória, que implica sempre o respeito a determinadas
condições”.
A liberdade provisória está prevista no artigo 310, inciso III, do Código de Processo Penal,
segundo o qual ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz poderá, fundamentadamente,
conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança. Está prevista ainda no artigo 5º, inciso LXVI,
da Constituição Federal/88, ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir
a liberdade provisória, com ou sem fiança.
Além disso, o artigo 321 do Código de Processo Penal dispõe que, ausentes os requisitos
que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória,
impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo
Penal e observados os critérios constantes do artigo 282 do Código de Processo Penal.
Segundo Lopes Júnior, a liberdade provisória é disposta como uma medida cautelar (na
verdade, uma contracautela), alternativa à prisão preventiva, nos termos do artigo 310, inciso III,
do Código de Processo Penal. No sistema brasileiro, situa-se após a prisão em flagrante e antes
da prisão preventiva, como medida impeditiva da prisão cautelar [...]. É a liberdade provisória
uma forma de evitar que o agente preso em flagrante tenha sua detenção convertida em
preventiva.20
• Base legal: art. 310, inciso III, CPP, art. 321 do CPP e art. 5º, inciso LXVI da CF/88.
19
NUCCI, Guilherme Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT. 2016, p. 785.
20
LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva. 2016, p. 703.
• Identificação:
PAROU!
• Conteúdo:
Se a prisão em flagrante se revestir de legalidade, pode o magistrado conceder a liberdade
provisória sem nenhuma restrição, ou, ao contrário, impor ao agente a prestação de fiança e/ou
outra medida cautelar diversa da prisão.
Convém registrar, por pertinente, que há crimes inafiançáveis, tais como os crimes de
racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo, crimes hediondos, bem
como crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
o Estado Democrático. É o que se extrai do artigo 323 do Código de Processo Penal e artigo 5º,
XLII e XLIII, Constituição Federal/88. Nesses casos, se ausentes os requisitos da prisão
preventiva, será possível a concessão da liberdade provisória vinculada a fixação de uma medida
cautelar diversa da prisão, salvo a fiança. Eis as hipóteses de liberdade provisória sem fiança:
Nos termos do artigo 321 do Código de Processo Penal, ausentes os requisitos da prisão
preventiva, o juiz deverá conceder a liberdade provisória, sendo-lhe facultado, com a observância
dos critérios da necessidade e da adequação previstos no artigo 282 do Código de Processo
Penal, exigir a prestação de fiança com a finalidade de assegurar o comparecimento a atos do
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem
judicial, bem como aplicar outras medidas cautelares diversas da prisão previstas no artigo 319
do Código de Processo Penal.
Se o crime for inafiançável racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
terrorismo, crimes hediondos, bem como crimes cometidos por grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (Art. 323 do CPP e Art. 5º, incisos
XLII e XLIII, da CF/88), busca-se a liberdade provisória, com pedido subsidiário de fixação de
medida cautelar diversa da prisão.
Embora não esteja previsto no artigo 310, §1º, do Código de Processo Penal, parte da
doutrina entende possível a concessão da liberdade provisória nas hipóteses de excludente de
culpabilidade (embriaguez acidental completa, coação moral irresistível, erro de proibição, etc),
uma vez que, ao final, o agente não será privado de liberdade.
“§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada
ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com
ou sem medidas cautelares.”
Autos nº
I) DOS FATOS22
II) DO DIREITO23
21
Ver art. 109 da CF
22
Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão.
23
Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade formal e/ou material.
* Fazer referência, se for o caso, a fiança e/ou medidas cautelares diversas da prisão
previstas no artigo 319 e 320 do CPP.
III) DO PEDIDO
Local..., data...
ADVOGADO... OAB...
Observação: são medidas cautelares diversas da prisão, conforme o art. 319, CPP:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para
informar e justificar atividades
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para
evitar o risco de novas infrações
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou
necessária para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado
ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência
ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art.
26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à
ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título,
podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.
Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades
encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou
acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
Prisão ilegal
Relaxamento da Se indeferido, Se denegado,
(formal ou
material) prisão habeas corpus ROC
Assista como resolver a peça liberdade provisória
19.5 Prisão preventiva
• Conceito:
Trata-se de modalidade de prisão processual decretada exclusivamente por juiz
competente quando presentes os pressupostos e as hipóteses previstas em lei (Arts. 312 e 313,
ambos do CPP).
Possui natureza cautelar, uma vez que visa a tutela da sociedade, da investigação criminal
e garantir a aplicação da pena. Por se tratar de medida cautelar, pressupõe a coexistência do
fumus bonis iuris (ou fumus comissi delicti) e do periculum in mora (ou periculum libertatis).
• Necessita de mandado:
Conforme dispõe o artigo 283, §2º, do Código de Processo Penal, a prisão poderá ser
efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitada a garantia fundamental da inviolabilidade
do domicílio, prevista no artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal/88, segundo o qual salvo na
hipótese de prisão em flagrante, a prisão somente pode ser efetivada mediante ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente.
De acordo com o artigo 293 do Código de Processo Penal, durante o período noturno, no
caso de prisão preventiva e temporária, em que se exige mandado de prisão expedido por juiz
competente, é vedado à autoridade policial ingressar em domicílio alheio para efetivar a prisão
do suspeito. Todavia, nesse caso, se o morador consentir com o ingresso no seu domicílio, a
autoridade policial poderá efetivar a prisão.
Durante o período noturno, se o morador não permitir o ingresso no seu domicílio, a
autoridade policial deverá aguardar o amanhecer, com os primeiros raios solares, para invadir,
com ou sem consentimento do morador, a residência e aí sim efetivar a prisão. Se invadir sem
permissão do morador, a prisão será ilegal, devendo ser relaxada.
19.5.1 Legitimação
Diante do que dispõe o artigo 5º, inciso LXI, da Constituição Federal/88, no sentido de que
ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei, resta claro que a prisão preventiva somente pode ser decretada por
ordem judicial.
Nesse caso, o Magistrado decreta, durante a investigação criminal ou ação penal, a prisão
preventiva, que deve ser cumprida mediante a expedição do respectivo mandado. A prisão
preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal.
Antes da Lei nº 13.964/19, o juiz poderia decretar a prisão preventiva de ofício na fase
processual, mas nunca na fase inquisitiva (durante o inquérito).
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão
preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do
assistente, ou por representação da autoridade policial.
Dessa forma, a decretação da prisão preventiva de ofício pelo juiz, em qualquer fase da
persecução será ilegal, sendo, nesse caso, cabível relaxamento de prisão.
19.5.2 Pressupostos
Nos termos da parte final do artigo 312 do Código de Processo Penal, alterado pelo pacote
anticrime, a prisão preventiva somente é possível, se, no caso concreto, houver indícios
suficientes de autoria e prova da materialidade e desde que haja comprovação de que o estado
de liberdade do agente gere perigo para a sociedade.
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão
preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do
assistente, ou por representação da autoridade policial.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação
da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e
de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
Como o dispositivo se refere expressamente a “crime”, forçoso concluir que não cabe
prisão preventiva nas contravenções penais.
EM SÍNTESE:
Cautelaridade
Social Processual
Assegurar a
Garantia da ordem Garantia da ordem Assegurar a
aplicação da lei
pública econômica instrução criminal
penal
De acordo com o artigo 312 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva pode ser
decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, para assegurar a aplicação da lei penal ou em caso de descumprimento das obrigações
impostas por força de outras medidas cautelares.
A prisão preventiva para garantia da ordem pública somente deve ocorrer em hipóteses
de crimes que se revestem de especial gravidade no caso concreto, seja pela pena prevista,
seja, sobretudo, pelos meios de execução utilizados. Cabe, ainda, prisão preventiva para
garantia da ordem pública diante do risco de reiteradas investidas criminosas e quando presente
situação de comprovada intranquilidade coletiva no seio social ou de uma determinada
comunidade.
A gravidade em abstrato do crime não autoriza a prisão preventiva. O juiz deve analisar a
gravidade de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Se não fosse assim, todo crime
de homicídio ou de roubo, por serem abstratamente graves, autorizariam a prisão preventiva
compulsória.
EM SÍNTESE:
A gravidade em concreto que autoriza a prisão preventiva é aquela revelada não só pela
pena abstratamente prevista para o crime, mas também pelos meios de execução, quando
a perversidade e o desprezo pelo bem jurídico atingido reclamarem medidas imediatas para
assegurar a ordem pública, decretando-se a prisão preventiva. Diante disso, a gravidade
em abstrato não constitui motivo idôneo a embasar um decreto de preventiva, devendo o
Magistrado fundamentar sua decisão, nos termos do artigo 93, inciso IX, da Constituição
Federal/88, artigo 5º, inciso LXI, da Constituição Federal/88, bem como artigo 315 do
Código de Processo Penal.
Ressalta-se, por pertinente, que o clamor público, por si só, não autoriza o decreto da
prisão preventiva, servindo como uma referência adicional para o exame da necessidade da
custódia cautelar, devendo, portanto, estar acompanhado de situação concreta excepcional, que
justifique a prisão processual.
ATENÇÃO
É a prisão para evitar que o agente empreenda fuga, tornando inútil a sentença penal por
impossibilidade de aplicação da pena cominada.
Todavia, o risco de fuga não pode ser presumido. Tem de estar fundado em circunstâncias
concretas. Logo, não havendo nenhum elemento concreto, mas mera suspeita de fuga, não há
motivo suficiente para o decreto da prisão preventiva.
Nos termos do artigo 312, parágrafo único, do Código de Processo Penal, a prisão
preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das
obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (Art. 319 do CPP), conforme artigo
282, §4º, do Código de Processo Penal.
Nesse caso, é imprescindível que o juiz atente para a proporcionalidade, devendo sempre
priorizar a cumulação de medidas cautelares ou adoção de outra mais grave, optando pela prisão
preventiva em último caso.
Em síntese, o Juiz deve priorizar a aplicação de medida cautelar diversa da prisão caso
entenda adequada e suficiente diante do caso concreto. Ex: Suponha que o juiz determine a
proibição do acusado de estabelecer contato com pessoa determinada (Art. 319, inciso III, CPP)
e ele descumpre a medida. Nesse caso, o juiz deve, primeiro, optar por substituir a medida ou
aplicar outra em cumulação, para só então, se persistir o descumprimento, decretar a preventiva,
conforme dispõe o artigo 312, parágrafo único, c/c o artigo 282, §4º, do Código de Processo
Penal.
a) Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a
4 (quatro) anos:
Nos termos desse inciso, somente é cabível a prisão preventiva para os crimes dolosos
com pena máxima, privativa de liberdade, superior a quatro anos.
Além disso, se condenado a pena não superior a 04 anos, o agente poderá cumprir a pena
privativa de liberdade em regime aberto, podendo sair para trabalhar durante o dia e retornar ao
cárcere à noite.
São inúmeros os crimes que, em razão deste inciso, não comportam prisão preventiva,
tais como furto simples (Art. 155 do CP), apropriação indébita (Art. 168 do CP), receptação
simples (Art. 180 do CP), descaminho (Art. 334 do CP), dentre outros.
Exemplo: 01: Furto noturno, previsto no artigo 155, §1º, do Código Penal, a pena é
aumentada em 1/3. O furto simples não autoriza o decreto da prisão preventiva, pois a pena
máxima cominada é de 04 anos. Todavia, se for praticado durante repouso noturno, a pena
é aumentada em 1/3, superando os 04 anos e, por conseguinte, autorizando o decreto da
prisão preventiva.
Exemplo 02: Tentativa de estelionato. Conforme o artigo 171 do Código Penal, a pena
máxima cominada ao delito de estelionato é de 05 anos. Na hipótese de tentativa de
estelionato, esta pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3, conforme dispõe o artigo 14,
parágrafo único, do Código Penal. Se aplicada sobre a pena de 05 anos a redução mínima
(1/3), a pena resultará em 03 anos e 04 meses, quantidade, portanto, incompatível com o
disposto no artigo 313, inciso I, do Código de Processo Penal, o decreto da prisão
preventiva.
b) se o réu ostentar condenação anterior definitiva por outro crime doloso no prazo
de 05 anos da reincidência:
Trata-se da hipótese do réu reincidente em crime doloso. Nesse sentido, ainda que se
trate de crime com pena máxima não superior a quatro anos, poderá ser decretada a prisão
preventiva se o réu for reincidente em crime doloso, desde que presente um dos fundamentos
do artigo 312 do Código de Processo Penal.
Convém ressaltar que, se for reincidente, mas não em crime doloso (registra contra si
sentença condenatória transitada em julgado por crime culposo e depois pratica crime doloso),
somente será possível decretar a prisão preventiva se a pena máxima cominada ao delito superar
04 (quatro) anos, se previsto um dos fundamentos do artigo 312 do Código de Processo Penal.
Por fim, cabe preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
execução das medidas protetivas de urgência.
Além das medidas protetivas previstas na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), a nova
redação do artigo 313 do Código de Processo Penal incluiu os casos de violência doméstica, não
só em relação à mulher, mas à criança, adolescente, idoso, enfermo ou qualquer pessoa com
deficiência.
Essas medidas protetivas estão previstas no artigo 22 da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria
da Penha), artigos 43 a 45, todos do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), e artigos 98 a 101,
todos do ECA (Lei nº 8069/90).
Convém registrar que, neste caso, a prisão preventiva será decretada apenas para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência, indicando, assim, a necessidade de
imposição anterior das cautelares protetivas de urgência.
d) §1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida:
• Exigência de fundamentação:
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre
motivada e fundamentada.
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se,
no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista,
bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar
a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão
fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.
• Identificação: prisão preventiva legal. Quando não mais subsistir o motivo que
ensejou o decreto da prisão preventiva. Trata-se de peça privativa de advogado.
PAROU!
• Conteúdo: buscar no enunciado informações no sentido de que não mais
subsistem os motivos que ensejaram o decreto da prisão preventiva, previstos
no artigo 312 do Código de Processo Penal, ou seja, que o agente não
representa risco à ordem pública, à ordem econômica, à conveniência da
instrução criminal, bem como à aplicação da lei penal.
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA
COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual)
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE FEDERAL DA... VARA CRIMINAL
DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime da competência da
justiça federal)
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida de competência
da justiça estadual)
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA
JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime
doloso contra a vida de competência da justiça federal)
Autos nº
I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
* Mencionar, por cautela, o disposto no artigo 5º, inciso LVII, da CF/88 (princípio da
presunção da inocência);
* Demonstrar que cessaram os motivos que ensejaram a prisão preventiva (a ausência dos
fundamentos do artigo 312, CPP).
* Fazer, se for o caso, referência a medidas cautelares, invocando os artigos 282 e 319 e
320 do Código de Processo Penal.
III) DO PEDIDO
Local..., data...
ADVOGADO... OAB...
Assista como resolver a peça revogação de prisão preventiva
Exemplos:
Prisão preventiva decretada em crime não listado no rol do artigo 313 Código de Processo Penal;
nos casos de Contravenções Penais; Inobservância dos requisitos essenciais do mandado de
prisão (art. 285, parágrafo único, do CPP); Prisão preventiva sem fundamentação; Prisão
preventiva decretada de ofício pelo juiz.
Pedido de
Se indeferido, Se denegado,
Prisão legal revogação habeas corpus ROC
Juiz decreta a preventiva
prisão
preventiva Pedido de
Se ideferido, Se denegado,
Prisão ilegal relaxamento de
habeas corpus ROC
prisão
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA
COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual)
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE FEDERAL DA... VARA CRIMINAL
DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime da competência da
justiça federal)
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida de competência
da justiça estadual)
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA
JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime
doloso contra a vida de competência da justiça federal)
Autos nº
I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) O RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA, a fim de que possa responder a
eventual processo em liberdade;
b) A expedição do respectivo alvará de soltura;
c) Vista dos autos ao Ministério Público.
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
• Conceito:
É prisão cautelar de natureza processual destinada a possibilitar as investigações a
respeito de crimes graves, durante o inquérito policial.
Esses dois elementos permitem a correta qualificação do suspeito, impedindo que outra
pessoa seja processada ou investigada em seu lugar, evitando-se, por isso, o indesejado erro
judiciário.
Aquele que não tem residência (morada habitual) em lugar determinado ou que não
consegue fornecer dados suficientes para o esclarecimento da sua identidade (individualização
como pessoa) proporciona insegurança na investigação policial.
Decretação da
temporária
Requisitos obrigatórios
Requisitos alternativos
(art. 1º, da Lei 7.960/89)
Necessidade de
Fundadas razões preservar a
investigação criminal
ATENÇÃO!
O juiz NÃO pode decretar de ofício, se decretar de ofício a prisão será ILEGAL!
19.6.2 Prazo
19.6.3 Procedimento
O mandado de prisão deve ser expedido em duas vias, uma das quais deve ser entregue
ao iniciado, servindo como nota de culpa.
Ao decretar a prisão, o juiz poderá (faculdade) determinar que o preso lhe seja
apresentado, solicitar informações da autoridade policial ou submetê-lo a exame de corpo de
delito.
O prazo de 5 dias (ou trinta) pode ser prorrogado uma vez em caso de comprovada e
extrema necessidade.
O relaxamento da prisão temporária guarda relação com prisão ilegal, que ocorre, por
exemplo, quando o juiz decreta a prisão temporária de ofício; decreta prisão temporária na fase
judicial; quando decreta em face de crime que não consta no rol do artigo 1º, inciso III, da Lei nº
7.960/89.
✔ Decretação através de
requerimento do MP ou da
autoridade policial;
✔ Decretação de ofício pelo juiz;
✔ Fase investigatória;
✔ Fase judicial;
✔ Imprescritibilidade para as
✔ Em crimes que não constam no rol do
investigações do inquérito policial;
art. 1º da lei 7.960/89.
✔ Se houver dúvida quanto a
identificação civil do acusado e este
se recusar a esclarecê-la.
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA
COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual)
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE FEDERAL DA... VARA CRIMINAL
DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime da competência da
justiça federal)
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida de competência
da justiça estadual)
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA
JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime
doloso contra a vida de competência da justiça federal)
Autos nº
I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
* Fundamentar o pedido de revogação da prisão temporária com o disposto no artigo 5º,
inciso LVII, da Constituição Federal/88 (princípio da presunção da inocência).
* Demonstrar a que não subsistem os motivos que ensejaram a prisão temporária.
* Por cautela, se for o caso, fazer referência a medidas cautelares, invocando os artigos
282 e 319 e 320 do Código de Processo Penal.
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) A REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA;
b) A expedição do respectivo alvará de soltura;
c) Subsidiariamente, a aplicação de medida cautelar, como medida de inteira justiça;
d) Vista dos autos ao Ministério Público.
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA
COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual)
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE FEDERAL DA... VARA CRIMINAL
DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime da competência da
justiça federal)
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida de competência
da justiça estadual)
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA
JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime
doloso contra a vida de competência da justiça federal)
Autos nº
I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) O RELAXAMENTO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, a fim de que possa responder a
eventual processo em liberdade;
b) A expedição do respectivo alvará de soltura;
c) Vista dos autos ao Ministério Público.
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
20.3 Espécies
A doutrina costuma apontar, basicamente, duas espécies de Habeas Corpus:
Falta justa causa para o inquérito policial quando este investiga fato atípico ou quando já estiver
extinta a punibilidade do indiciado.
b) Quando alguém estiver por mais tempo do que determina a lei – Art. 648, inciso II, do
CPP: A nova reforma processual penal, ao concentrar os atos da instrução numa única
audiência, visou, em especial, concretizar o princípio constitucional da celeridade processual,
impedindo, por consequência, que os réus fiquem sujeitos ao constrangimento ilegal da prisão
por excesso de prazo.
c) Quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo – Art. 648, inciso III,
do CPP: Só pode determinar a prisão a autoridade judiciária dotada de competência material e
territorial, salvo caso de prisão em flagrante. A incompetência absoluta do juízo também pode
ser reconhecida em sede de habeas corpus.
a) Quado houver cessado o motivo que autorizou a coação – Art. 648, inciso IV, do CPP:
Exemplo: sentenciado que já cumpriu sua pena, mas continua preso.
b) Quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza –
Art. 648, inciso V, do CPP.
c) Quando o processo for manifestamente nulo – Art. 648, inciso IV, do CPP
g) Quando extinta a punibilidade – Art. 648, inciso VII, do CPP
20.7 Competência
a) Do juiz de direito de primeira instância: Basicamente, para trancar inquérito policial. Porém,
se o inquérito tiver sido requisitado por autoridade judiciária, a competência será do tribunal de
segundo grau competente, de acordo com a sua competência.
O juiz não pode conceder a ordem sobre ato de autoridade judiciária do mesmo grau.
Exemplo: se o promotor de justiça requisita a instauração de inquérito policial, sem lastro para
tanto, o habeas corpus deve ser impetrado perante o tribunal de justiça. No caso, estando a
autoridade policial obrigada a atender a requisição, o promotor de justiça é o verdadeiro
responsável pela coação.
c) Do Tribunal Regional Federal: Se a autoridade coatora for juiz federal (artigo 108, inciso I,
alínea “d”, da CF/88).
- nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que
oficiem perante tribunais;
(...)
- os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na
alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou
Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;
(...)
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo
Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância.
20.8 Julgamento e efeitos
A decisão favorável do habeas corpus pode ser estendida a outros interessados que se
encontrem na situação idêntica à do paciente beneficiado.
24
Pedido Liminar, se for preciso, na maioria das vezes é pertinente
Obs.: os fundamentos de mérito do HC se encontram, invariavelmente, no artigo 648
do CPP
A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda,
causando prejuízo ao erário no valor de R$ 27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado,
então, procedimento administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento
definitivo do crédito tributário. Ao mesmo tempo, a Receita Federal expediu ofício informando
tais fatos ao Ministério Público Federal, que, considerando a autonomia das instâncias, ofereceu
denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90.
Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à
acusação pela Defensoria Pública, Raquel contrata Wilson para, na condição de advogado,
tomar as medidas cabíveis. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem
ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses
jurídicas pertinentes.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE
21.1 Conceito
Trata-se de recurso destinado a impugnar decisão denegatória de mandado de
segurança, mandado de injunção, habeas data e habeas corpus, decididos em única ou última
instância, interposto no STJ ou STF, conforme a matéria e o tribunal que profere a decisão
recorrida.
Peça:
Expressão mágica:
PAROU!
b) Decisão relativas a crimes políticos (artigo 102, inciso II, alínea “b”, da CF/88).
Entende-se por crime político o delito praticado contra a ordem política e social, previstos
na Lei 7.170/83.
A competência para julgar o crime político é da Justiça Federal, nos termos do artigo 109,
inciso IV, da CF/88.
Considerando a competência firmada no artigo 102, inciso II, alínea “b”, da CF, que não
se refere a decisões de única ou última instância, conclui-se que, tratando-se de crime político,
o 2º grau será, sempre, o STF mediante recurso ordinário.
No Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Nesse caso, impetrado habeas corpus no Tribunal de Justiça contra decisão de um juiz,
em sendo denegado, cabe à parte ingressar com recurso ordinário constitucional para o STJ.
Em regra
Prazo: 05 dias
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com
procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor
o presente RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, com base no artigo 102, inciso
II, alínea “a”, da CF/88 (se for da competência do STF) ou no artigo 105, inciso II, alínea
“a”, da CF/88 (se for da competência do STJ), combinado com os artigos 30 e 32 da Lei
nº 8.038/90, requerendo seja o recurso recebido e processado e, no final, remetido ao
Supremo Tribunal Federal (ou Superior Tribunal de Justiça).
O presente recurso é tempestivo, pois interposto dentro do prazo de 5 dias, previsto
no artigo 30 da Lei nº 8.038/1990.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
Peça de razões recursais.
ADVOGADO...
OAB...
Assista como resolver a peça recurso ordinário constitucional
21.6 Questões sobre Recurso Ordinário Constitucional