Você está na página 1de 6

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ª Vara Cível do Foro da

Comarca de Cornélio Procópio – Paraná.

A PARTE AUTORA, já qualificada nestes autos de DECLARAÇÃO DE


NULIDADE CONTRATUAL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, vem, com o
devido respeito e acatamento à presença de Vossa Excelência, inconformado com a
sentença que indeferiu a petição inicial, extinguindo o processo sem resolução do
mérito, arrimado no art. 1.009 do Código de Processo Civil, interpor o presente
RECURSO DE APELAÇÃO, nos termos e razões a seguir expostas.

Ademais, tendo em vista o deferimento da justiça gratuita, requer sua extensão,


inclusive, para a fase recursal.

datado e assinado digitalmente.


ANDERSON FLOGNER
OAB/PR 78.164

Av. XV de novembro – 301 – Centro - Cornélio Procópio/PR - CEP: 86.300-000


Contato: (43) 3523-9552 | (43) 99831-5486 | flogner.adv@gmail.com
www.flogner.adv.br
AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

AUTOS CONFORME O PROTOCOLO

COLENDA TURMA
ÍNCLITOS JULGADORES

I. RAZÕES DO RECURSO

A parte autora se insurge contra a sentença proferida pelo Juiz da Vara Cível
de Santa Mariana que, indeferindo a petição inicial por inépcia, extinguiu o feito sem
resolução do mérito sob o argumento de que é imprescindível que a parte autora junte
aos autos o contrato de empréstimo consignado celebrado com o banco réu, conforme
se verifica da sentença:

Da inépcia da inicial por ausência do contrato


Embora determinado ao Requerente a emenda à inicial a fim de acostar
aos autos cópia do contrato objeto da demanda, este não o fez,
refutando a ordem emanada sob fundamento da sua desnecessidade.
Pois bem. Ao contrário do alegado, a fim de deduzir ilegalidade
contratual, deve a parte requerente, minimamente, fazer prova dos
termos do contrato, sob pena de restar configurada inépcia da exordial.
Neste sentido, inclusive, precedente do E. Tribunal de Justiça do Estado
do Paraná:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE


CONTRATO BANCÁRIO. AUSÊNCIA DO
INSTRUMENTOCONTRATUAL. DETERMINAÇÃO DE
APRESENTAÇÃO, SOB PENA DE INDEFERIMENTO
DA INICIAL. RENITENTE DESATENDIMENTO.
DOCUMENTO INDISPENSÁVEL. AUSÊNCIA DE
PRESSUPOSTO DE. IMPOSSIBILIDADE DE
JULGAMENTO.DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E

Av. XV de novembro – 301 – Centro - Cornélio Procópio/PR - CEP: 86.300-000


Contato: (43) 3523-9552 | (43) 99831-5486 | flogner.adv@gmail.com
www.flogner.adv.br
REGULAR DO PROCESSOSÚMULA Nº 50 DO TJPR.
EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.
APELO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS RECURSAIS.
(TJPR - 17ª C.Cível - 0035642-88.2015.8.16.0001 -
Curitiba - Rel.: Desembargador Ramon de Medeiros
Nogueira - J. 24.06.2019).

Outrossim, é a súmula nº. 50 do E. Tribunal de Justiça do Estado do


Paraná in verbis: SÚMULA N° 50 É inepta a petição inicial de ação
revisional de contrato bancário que não vem acompanhada de cópia do
"contrato objeto de revisão. De se observar, aliás, que o requerente
sequer fez prova nos autos da impossibilidade de fornecimento do
contrato, não tendo ao menos demonstrado que a requerida tenha se
negado a fazê-lo o que, de via transversa, demonstra que sequer logrou
meios de fazê-lo. Nesta seara, nos termos do artigo 321, parágrafo único
do Código de Processo Civil, em caso de não cumprimento da diligência
emanada para emenda da petição inicial, a mesma será indeferida.
Neste sentido, julgou o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE BUSCA


EAPREENSÃO.EXTINÇÃO POR AUSÊNCIA
DECONSTITUIÇÃO EM MORA DO DEVEDOR.MEDIDA
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. AQUE SE
IMPÕE.extinção do feito é medida que se impõe quando
ausente um dos pressupostos de constituição e
desenvolvimento válido do processo (comprovação da
constituição em mora do devedor - § 2º do art. 2º doDecreto-
Lei nº 911 /69). (TJPR - 5ª C.Cível - AI -1523551-1 - Região
Metropolitana de Maringá - ForoCentral de Maringá - Rel.:
Luiz Mateus de Lima -Unânime - - J. 30.08.2016).

Av. XV de novembro – 301 – Centro - Cornélio Procópio/PR - CEP: 86.300-000


Contato: (43) 3523-9552 | (43) 99831-5486 | flogner.adv@gmail.com
www.flogner.adv.br
Assim, face à ausência de oferecimento de emenda, o indeferimento da
petição inicial é à medida que se impõe. III. Dispositivo Diante o exposto,
e com base nos fundamentos acima assentados, INDEFIRO A PETIÇÃO
INICIAL com fundamento do artigo 330, IV do Código de Processo Civil
e consequentemente, JULGO EXTINTO o processo, sem a resolução do
mérito, o que faço com fulcro no artigo 485, inciso I, do Código de
Processo Civil. Condeno a parte requerente ao pagamento de eventuais
custas remanescentes, ressalvada a sua condição de beneficiário da
gratuidade. Sem condenação em honorários, à míngua de citação.
Cumpram-se as instruções contidas no Código de Normas da e.
Corregedoria Geral da Justiça do Paraná, no que forem pertinentes.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Oportunamente, arquivem-se.
Santa Mariana, PR, datado e assinado digitalmente. Juliano Batista dos
Santos - Juiz de Direito

Contudo, conforme demonstrar-se-á a seguir, a referida decisão merece ser


reformada.

II. DOS MOTIVOS PARA REFORMA DA SENTENÇA

Primeiramente, importante salientar que referidas contratações nem sempre


são formalizadas por contrato escrito, existindo inúmeros casos em que a “contratação”
se dá por telefone e outros meios, de modo que, a juntada do contrato é incumbência
do réu, pois constitui matéria de defesa.

Ademais, o referido contrato não é documento indispensável para a solução


da lide, pois, além de ser juntado pelos bancos réus em sede de contestação, a
parte autora fez prova mínima da relação jurídica com o banco, conforme o
extrato de empréstimo consignado juntado no evento 1, que demonstra os
descontos efetuados no benefício previdenciário.

Dispõe o art. 319 do CPC que a petição inicial indicará: “I - o juízo a que é
dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a

Av. XV de novembro – 301 – Centro - Cornélio Procópio/PR - CEP: 86.300-000


Contato: (43) 3523-9552 | (43) 99831-5486 | flogner.adv@gmail.com
www.flogner.adv.br
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor
e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas
especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende
demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou
não de audiência de conciliação ou de mediação.”

Por sua vez, o art. 321 estabelece: “O juiz, ao verificar que a petição inicial não
preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades
capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser
corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz
indeferirá a petição inicial”.

Contudo, a presente hipótese não se traduz em “defeitos e irregularidades


capazes de dificultar o julgamento de mérito”, como narra o art. 321 do CPC, mas de
rigorismo exacerbado por parte deste julgador, insuficiente para o
indeferimento da petição inicial. Da mesma forma, têm-se que “documento
indispensável” à propositura da ação não se confunde com o necessário à prova
de fato em que assenta o direito da parte.

Ora, é de conhecimento geral que, nas ações desta natureza, o banco réu
sempre traz eventual contrato em sua contestação, não o fazendo somente
quando o instrumento não existe. Portanto, considerando que o convencimento do
juiz deve – ou pelo menos deveria – nascer após a defesa apresentada pelo réu, bem
como eventuais provas carreadas nos autos, não há prejuízo à lide caso a juntada
do contrato seja imposta ao réu.

III. DA INAPLICABILIDADE DA SUMULA 50 NO PRESENTE CASO

O juiz fundamenta ainda, em sua decisão, que a não juntada do contrato pela
parte autora faz incidir no caso o teor da súmula 50 do TJ/PR, que assim dispõe: “É

Av. XV de novembro – 301 – Centro - Cornélio Procópio/PR - CEP: 86.300-000


Contato: (43) 3523-9552 | (43) 99831-5486 | flogner.adv@gmail.com
www.flogner.adv.br
inepta a petição inicial de ação revisional de contrato bancário que não vem
acompanhada de cópia do contrato objeto de revisão.

Contudo, a presente demanda NÃO É REVISIONAL DE CONTRATO


BANCÁRIO, mas sim de DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE CONTRATO DE
EMPRÉSTIMO DE CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO, de modo que é
equivocada a incidência da dita súmula no presente caso.

Veja-se que a parte autora não pretende rever o contrato, mas sim sua
declaração de nulidade, para que seus efeitos sejam aniquilados do ordenamento
jurídico, com o restabelecimento do status quo ante, o que, por si só, denota a
natureza declaratória da presente ação, tornando-se irrelevante para o deslinde do
feito a juntada do contrato pela parte autora, sobretudo porque em diversas
hipóteses inexiste sequer assinatura do papel.

IV. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a parte autora, ora apelante:

a. O provimento do recurso de apelação para anular a sentença


que indeferiu a petição inicial pela ausência da juntada do
contrato pela parte autora, sendo, por conseguinte, determinado
o prosseguimento do feito;

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

datado e assinado digitalmente.


Anderson Flogner
OAB/PR nº 78.164

Av. XV de novembro – 301 – Centro - Cornélio Procópio/PR - CEP: 86.300-000


Contato: (43) 3523-9552 | (43) 99831-5486 | flogner.adv@gmail.com
www.flogner.adv.br

Você também pode gostar