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Direito Penal convida:

Direito Empresarial
com o prof. Eugênio
Brügger
Professora Carolina Carvalhal
(profcarolcarvalhal@gmail.com)
JURISPRUDÊNCIA
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM HABEAS CORPUS. 1. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
AUSÊNCIA DE EXCEPCIONALIDADE. 2. CRIME FALIMENTAR. IRRETROATIVIDADE DA LEI N. 11.101/2005. FALÊNCIA DECRETADA
EM 14/2/2007. 3. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO VERIFICAÇÃO. OBSERVÂNCIA DO ART. 41 DO CPP. AMPLA DEFESA
PRESERVADA. 4. NULIDADE DA DECISÃO QUE RECEBEU A DENÚNCIA. NÃO VERIFICAÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO CONCISA.
LEGALIDADE. PRECEDENTES. 5. PRESCRIÇÃO. LAPSO NÃO IMPLEMENTADO. 6. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL.
NÃO OCORRÊNCIA. JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA. 7. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
1. O trancamento da ação penal na via estreita do habeas corpus somente é possível, em caráter excepcional, quando se
comprovar, de plano, a inépcia da denúncia, a atipicidade da conduta, a incidência de causa de extinção da punibilidade ou a
ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do delito.
2. O recorrente foi denunciado como incurso no art. 168 da Lei n.
11.101/2005, em virtude da prática de "atos fraudulentos que resultaram prejuízo a credores", tendo a sentença de falência
sido decretada em 14/2/2007 (e-STJ fls. 94/97). Dessa forma, verifica-se, de plano, que não há se falar em retroatividade da
Lei de Falências, porquanto a sentença de falência foi decretada apenas em 14/2/2007, ou seja, após sua entrada em vigor,
motivo pelo qual não há óbice à sua aplicação.
3. Da leitura da denúncia, observa-se que a inicial acusatória atende à disciplina do art. 41 do Código de Processo Penal,
revelando-se hígida para dar início à persecução penal. De fato, não há se falar em inépcia nem em ausência de justa causa,
porquanto devidamente individualizada a conduta imputada ao recorrente e narrados, em tese, os elementos do tipo penal
imputado, inclusive o prejuízo das vítimas. A comprovação ou não dos fatos narrados demanda instrução processual, motivo
pelo qual se revela prematuro o encerramento da ação penal neste momento.
JURISPRUDÊNCIA
4. No que concerne à decisão que recebeu a denúncia, tem-se que é assente no Superior Tribunal de Justiça
que, na fase do art. 395 do Código de Processo Penal, ou seja, antes da citação do acusado, basta uma
fundamentação concisa acerca da presença dos requisitos do art. 41 do referido diploma legal, até mesmo para
evitar o pré-julgamento da ação penal. Assim, não verifico nulidade na decisão que recebeu a denúncia.
5. Não há se falar em prescrição, uma vez que, nos termos do art. 182 da Lei n. 11.101/2005, a prescrição nos
crimes falimentares se regula pelo Código Penal. Na hipótese, a pena máxima em abstrato é 6 (seis) anos, a
qual prescreve, portanto, em 12 anos, nos termos do art. 109, inciso III, do Código Penal, lapso não alcançado
entre os marcos interruptivos e cujo início se dá com a decretação da falência, em 14/2/2007.
6. No que concerne à alegada violação ao princípio do juiz natural, embora não tenha sido analisado pelo
Tribunal de origem, consigno que, nos termos do parecer do Ministério Público Federal, a matéria diz respeito
à organização judiciária, cuja lei, no estado de São Paulo, disciplina que as ações por crime falimentar são da
competência do Juízo Universal da Falência.
7. Agravo regimental improvido.
(AgInt no RHC 78.686/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
08/02/2018, DJe 21/02/2018)
Doutrina
Direito criminal na recuperação de empresas e falência – Lei nº 11.101/05
Dispõe o art. 180, da LREF, que “A sentença que decreta a falência, concede a
recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163
desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta
Lei”.

A ação penal, na LFC, exigia como pressuposto indissociável o decreto de falência,


caracterizado pelo estado de insolvência do devedor. Atualmente, são três decisões
que constituem condição de punibilidade: a sentença declaratória de falência, a
concessiva de recuperação judicial e a homologatória de recuperação extrajudicial.
Doutrina
Autoridade policial e atuação “ex officio” nos crimes falimentares

Nos crimes falimentares a Autoridade Policial deve proceder de ofício, instaurando Inquérito Policial ou
lavrando Termo Circunstanciado a fim de proceder às necessárias e obrigatórias investigações sempre que tiver
notícia de infração penal tipificada na Lei 11.101/05. Isso porque nos termos do artigo 184 do diploma sob
comento, os crimes ali previstos são de “ação penal pública incondicionada”.

O único requisito a que estará sujeita a Autoridade Policial para a instauração do procedimento inquisitivo será
a “condição objetiva de punibilidade” prevista no artigo 180 da Lei de regência. Refere-se o dispositivo à
sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou extrajudicial. Sem sua satisfação afasta-se a
punibilidade do crime falimentar, de modo que se configura situação em que o legislador faz uma opção de
política criminal, baseado na oportunidade ou conveniência. Assim sendo, a Autoridade Policial não poderá
atuar devido à inexistência de justa causa.

Não obstante, é descabida a interpretação de que por força do artigo 187 da Lei 11.101/05, a atuação da
Autoridade Policial ficaria condicionada à requisição do Ministério Público, a qual seria uma suposta “condição
de procedibilidade” a ser observada pela Autoridade Policial.
Doutrina
Competência para o processo e julgamento dos crimes falimentares e atribuição
para a instauração e presidência do inquérito policial ou termo circunstanciado

A Súmula 4ª. Do I Simpósio sobre crimes falimentares promovido pelo


IBCCrim/Acadepol/Uninove, assim orienta sobre o tema: “A Autoridade Policial
competente para a instauração de inquérito policial sobre crime falimentar é a da
circunscrição correspondente à da consumação da infração penal e não a da
decretação da falência”.
Resta apenas apresentar os fundamentos jurídicos que permitem a conclusão supra
mencionada, uma vez que o artigo 183 da Lei 11.101/05 estabelece que a
competência para o processo e julgamento dos crimes falimentares é do Juiz “da
jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial
ou homologado o plano de recuperação extrajudicial”.
Doutrina
Prisão preventiva decretada pelo Juiz Civil
O artigo 99, inciso VII, da Lei 11.101/05 prevê que o Juiz do Cível que decretar a falência
poderá, em sua sentença, “ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus
administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime”
falimentar.
Essa disposição configura uma terrível aberração. A prisão preventiva diz respeito ao
Processo Penal e somente pode ser ordenada pelo Juiz Criminal nas hipóteses e de acordo
com os motivos e requisitos legais.
Corretas, portanto, as conclusões das Súmulas 3ª. E 9ª. Do I Simpósio sobre crimes
falimentares, já anteriormente mencionado neste trabalho, as quais afirmam
respectivamente:
“A prisão preventiva prevista no artigo 99, VII, da Lei 11.101/2005, submete-se às
exigências dos artigos 311 e seguintes do Código de Processo Penal e somente pode ser
decretada pelo Juízo Criminal, de ofício ou mediante provocação (da Autoridade Policial,
do Ministério Público ou do querelante)”.

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