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1. Aumentar a taxa do IVA para 25% com efeitos a partir do dia 1 de maio de 2023;
1º ponto: É uma norma oneradora? Sim, continuamos, não, o caso prático fica aí.
2º: ponto: Tipo de facto tributário – Imposto sobre o valor acrescentado. Em relação ao
consumidor, o IVA tem um caráter único (a sua criação ou extinção dá-se num único
momento) e apenas para o sujeito passivo tem uma tónica mais periódica (obrigações
declarativas).
IVA: Imposto de obrigação única para efeitos da aplicação na lei do tempo. Ou seja,
alterando-se a taxa do IVA para 25% com efeitos a partir de 1 de maio de 2023 e este
diploma é proposto no dia 1 de abril de 2015, se tivermos uma alteração das taxas de IVA
a partir de 1 de maio de 2015, esta lei só se aplica ao futuro, ou seja, a alteração das taxas
do IVA para qualquer facto anterior não levantaria qualquer questão de retroatividade.
Apenas teríamos uma questão de retroatividade se o facto tributário tivesse ocorrido antes
de 01/05/2015, sendo esta proibida pelo art. 103º nº3 da CRP.
Facto tributário de formação sucessiva e periódica. Sendo uma alteração dentro do ano
fiscal (o facto tributário ainda não se consolidou), coloca-se a questão do âmbito do art.
103º nº3 da CRP.
TC: Retrospetividade, pois o facto tributário ainda se está a formar ao abrigo da lei
nova e nessa sequência temos de avaliar o princípio da segurança jurídica (art. 2º da
CRP + 4 critérios discutidos pelo TC). Situação de interesse público? Cumprimento das
obrigações de défice público, sim! Em princípio, teríamos uma situação de não
retroatividade da lei fiscal nem uma situação de retrospetividade, podendo a lei aplicar-se
desde 1 de janeiro de 2023.
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3. Aumentar a taxa de IRC para 27% para os rendimentos das pessoas coletivas com
efeitos no lucro tributável de 2023, e agravando a tributação autónoma das
despesas com veículos automóveis para 60%;
Quid iuris?
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Aula prática:
Se estamos perante uma regra para o TC, cumpre saber quais os casos de retroatividade
concretamente previstos nessa regra.
----------I----------------------------------------I---------------------I--------------I-----------I-------
Vamos imaginar por exemplo que a 31/12 de 2022 tivemos o apuramento do IRC sobre uma
empresa. É um facto tributário de formação sucessiva e o facto tributário consolida-se
no dia 31/12/2022. Vamos agora imaginar que a 30/11/2023 temos uma lei nova que vem
alterar a taxa do IRC de 2022. Esta retroatividade é autêntica ou inautêntica?
Este caso é expressamente proibido pelo art. 103º nº3, sendo um caso de
retroatividade autêntica. A lei nova vem alterar a taxa do IRC para 30%, um aumento da
taxa, para aplicar-se a um facto tributário que já está plenamente consolidado na vigência
da lei antiga – ele nasceu a 1/1/2022 e morreu a 31/12/2022.
Vamos imaginar por exemplo que temos uma alteração à lei nova de 30/11/2023 que fixava
uma taxa de IRC no valor de 30% e esta nova lei quer alterar esta taxa de IRC para 2022 e a
taxa de IRC de 2023 seria 35%. Esta lei nova de 31/11/2023 quer alterar a taxa de IRC de
2022 e quer alterar a taxa do IRC em 2023.
É um caso de retrospetividade: A lei nova vai-se aplicar a factos tributários que nasceram
ao abrigo da lei antiga, sem prejuízo da taxa do IRC de 23% ter nascido ao abrigo da lei
antiga, quando é que se cumpriu o facto tributário de 2023? A 31/12/2023.
O facto tributário nasceu ao abrigo da lei anterior, mas ainda produz efeitos durante
a lei nova? Sim, a lei nova entrou em vigor a 31/11/2023, mas o facto tributário só
se consolida nos impostos periódicos a 31/12/2023. Esta lei será retrospetiva.
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Agora vamos imaginar que esta lei nova, para além de alterar a taxa do IRC para 30%
em 2022 e 35% em 2023, alterou o IMT em 3% (imposto móvel sobre transações exigido
aquando da venda de um imóvel). Vamos imaginar que em 01/02/2023 eu vendi uma casa.
E o legislador nesta lei nova, dia 01/12/2023 decide alterar a taxa do IMT.
Não pode porque é um facto tributário que já se consolidou no passado. Temos um facto
tributário de obrigação única, nasceu e extinguiu-se com a venda do imóvel, e portanto
qualquer aplicação desta lei nova a este facto tributário será um caso de retroatividade
autêntica, proibida pelo art. 203º nº3 da CRP.
Sempre que estivermos perante uma lei retrospetiva, temos de invocar um conjunto de
testes relacionados com o cumprimento do princípio da segurança jurídica:
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da segurança jurídica não acrescenta um nível de proteção suficiente ao sujeito
passivo porque se exige que não exista um interesse público e este interesse
público existe quase sempre, reduzindo qualquer possibilidade de aplicação de
normas retrospetivas. LER O ACÓRDÃO 339/2010 DO TC.
E se eu tiver uma lei retroativa que em vez de aumentar a taxa do IRC para 30% reduz a
taxa em 2%?
Vimos que o art. 103º tinha uma previsão de proibição da retroatividade da lei fiscal, mas
ainda temos o art. 12º da LGT.
Artigo 12.ºAplicação da lei tributária no tempo
1 - As normas tributárias aplicam-se aos factos posteriores à sua entrada em vigor, não podendo ser criados quaisquer tributos retroativos.
2 - Se o facto tributário for de formação sucessiva, a lei nova só se aplica ao período decorrido a partir da sua entrada em vigor.
3 - As normas sobre procedimento e processo são de aplicação imediata, sem prejuízo das garantias, direitos e interesses legítimos anteriormente constituídos dos
contribuintes.
4 - Não são abrangidas pelo disposto no número anterior as normas que, embora integradas no processo de determinação da matéria tributável, tenham por função o
desenvolvimento das normas de incidência tributária.
O art. 12º nº2 diz o seguinte Vamos imaginar que temos uma lei em Agosto que decidiu
alterar as taxas do IRS em alguns escalões ou do IRC em mais 3% e que se vai aplicar desde
o dia 01/01/2023 a todo o período de 2023 e 2024 quando for alterado. Este artigo dá uma
solução quanto estejamos perante factos tributários de formação sucessiva. Ao invés
da posição do TC (esta alteração aplicar-se a todo o período de 2023), vamos dividir o ano
fiscal em duas partes, à parte anterior antes da vigência da lei nova aplicamos a lei antiga
e após a lei nova vamos aplicar a lei nova, ou seja, apenas aplicamos a lei nova após
metade do ano. Deixámos de ter um caso de retrospetividade onde íamos ver os
critérios enunciados e íamos apenas aplicar a lei nova ao momento posterior à entrada
em vigor da lei.
Vamos aplicar a lei nova a todo o período fiscal Art. 12º nº2 (impostos periódicos).
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Art. 12º nº3 Para os processos que já tenham sido iniciados ao abrigo da lei anterior
vamos aplicar a nova lei desde que se reportem a factos que, embora iniciados na lei
anterior, não estejam integralmente cumpridos. O caso julgado também não poderá ser
atingido pela lei nova claro.