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INTRODUÇÃO

● O poder de tributar é inerente ao estado e é juridicamente controlado.


● Juridicamente controlado porque existem limitações constitucionais a este poder:
○ As limitações são normas que demarcam o exercício da competência
tributária;
○ Essas limitações são classificadas como direitos e garantias fundamentais
dos contribuintes, que têm uma função defensiva e positiva (?).
● As garantias expressas na Constituição estão entre os art.s 150 ao 152 e podem ser
classificadas em:
○ Segurança jurídica - Legalidade, Anterioridade, Irretroatividade, Princípio da
transparência fiscal, Reserva de lei para incentivos em matéria tributária,
Restituição preferencial e imediata no caso de fato gerador presumido.
○ Igualdade - Isonomia tributária, Tributação federal uniforme, Isonomia nos
títulos da dívida pública e nos vencimentos dos servidores públicos, Isenção
de tributos estaduais e municipais pela União, Unidade tributária estadual e
municipal.
○ Propriedade - Direito de propriedade (Vedação ao confisco, capacidade
contributiva).
○ Liberdade - Imunidade recíproca, Imunidade dos templos, Imunidade dos
partidos políticos, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições
de educação e de assistência social sem fins lucrativos, Imunidade dos
livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão, Liberdade de
tráfego.
● Existem, ainda, outras limitações:
○ Princípios fundamentais (art. 1º a 3º);
○ Direitos individuais: art. 5º;
○ Direitos sociais e políticos;
○ Exercício de atividade econômica (limitação especial do poder administrativo
- art. 170, § único).
● As limitações podem ser classificadas como princípios, imunidades e regras
federativas.
● O STF defende que as limitações ao poder de tributar são cláusulas pétreas, não
podem ser abolidas, restringidas ou excepcionadas pelo constituinte derivado (ADI n
939).

LEGALIDADE TRIBUTÁRIA

● É vedado exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça (art. 150, I, CF).
● Assim, o ato da administração carece de autorização legal, que pode ocorrer por:
○ Reserva relativa legal: a lei é o fundamento, mas o critério de decisão é o
atribuído ao aplicador;
○ Reserva absoluta de lei: a lei é o fundamento, mas também fornece o critério
de decisão no caso concreto. A decisão deve ser obtida mediante subsunção
do fato à norma sem apreciação valorativa.
■ Não há subjetivismo na aplicação da lei, o que envolve a proibição da
analogia e discricionariedade.
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos
21, 26, 39, 57 e 65;
II - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o
disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o
disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários,
ou de dispensa ou redução de penalidades.
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo,
que importe em torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste
artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a
legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em
função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras
de interpretação estabelecidas nesta Lei.

● Exceções constitucionais à legalidade / legalidade mititgada:


○ O executivo pode alterar a alíquota dos impostos sobre importação (II),
exportação (IE), produtos industrializados (IPI) e sobre operações financeiras
(IOF), art. 153, §1º, CF.
○ Admite-se a instituição de tributo por medida provisória em caso de
relevância e urgência (art. 62, caput).
○ Art. 62. § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de
impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V (executivo pode
alterar alíquota), e 154, II (impostos extraordinários na iminência ou em
caso de guerra), só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se
houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada.
● Incentivos fiscais só serão concedidos por leis específicas:
○ § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão
de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou
contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal,
estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima
enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do
disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.
● Algumas funções da legalidade:
○ Impede a instituição ou majoração de tributos pelo executivo, salvo as
exceções;
○ Papel essencial do legislativo ante a necessidade de sua aprovação;
○ Promove segurança jurídica ao permitir o planejamento dos contribuintes;
○ Garante que a intervenção no patrimônio do contribuinte só pode ocorrer se
respeitada a reserva de lei formal.
● Legalidade:
○ Para os atos legislativos: devem respeitar o princípio da constitucionalidade.
○ Para os atos do executivo: devem estar compatibilizados com a lei e com os
princípios positivados na CF (princípio da juridicidade, não só com as leis,
mas todo o sistema jurídico)
■ O princípio da legalidade é substituído pelo da constitucionalidade. A
Constituição serve como habilitação imediata do agir da
administração (existem institutos que recebem tratamento direto da
CF, como os direitos dos contribuintes).
■ Assim, admite-se o controle de constitucionalidade pela administração
na edição de seus atos.
■ Por outro lado, há o princípio da reserva legal proporcional, por meio
do qual se fazem restrições legislativas a direitos dos contribuintes,
desde que seja proporcional.

ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA

● Previsão constitucional:

III - (É vedado) cobrar tributos:


a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei
que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;

● Tal princípio tem a função de defesa do contribuinte contra a eficácia imediata das
leis, embora possua ressalvas.
● Abrange a instituição, aumento, criação de novas hipóteses de incidência e a
extinção ou redução de isenções.
● Atenuação da anterioridade genérica:
○ Não se aplica ao II, IE, IPI, IOF, IEG (Imposto Extraordinário de Guerra) e
Empréstimo compulsório.
○ Bem como para as alterações de alíquotas da CIDE combustível e o ICMS
combustível.
● Anterioridade nonagesimal mínima:
○ Não se aplica ao II, IE, IR, IOF, IEG e Empréstimo compulsório.
○ Bem como a fixação da base de cálculo do IPVA e do IPTU.
● Anterioridade especial das contribuições para a seguridade social: passam a ser
exigíveis 90 dias após a publicação da lei que a institui ou aumenta.

IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA - ANALISAR MELHOR JURISPRUDÊNCIA

● É vedada a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do


início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.
● Tem a função de evitar a eficácia retroativa das leis.
● Se refere tanto a instituição, quanto a majoração ou um novo fato gerador.
● A doutrina defende que o princípio da irretroatividade das leis devem reger a
irretroatividade das modificações jurisprudenciais
PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA FISCAL

● A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos
impostos que incidam sobre mercadorias e serviços (tributos indiretos).
● Tem natureza positiva: de determinação, e não vedação.

RESTITUIÇÃO PREFERENCIAL E IMEDIATA NO CASO DE FATO GERADOR


PRESUMIDO

● A lei poderá atribuir ao sujeito passivo da obrigação tributária a responsabilidade


pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador ainda não tenha
ocorrido, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não
se realize o fato gerador presumido.
● A restituição é devida quando o fato gerador não se concretizar e também quando a
base de cálculo for inferior.

ISONOMIA TRIBUTÁRIA

● É vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em


situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional
ou função por eles exercida, independentemente de denominação jurídica dos
rendimentos, títulos ou direitos
● Existe, no entanto, a isonomia material, em que se usa como critérios de
diferenciação a capacidade contributiva e o da justificação das exonerações.
○ Isto é, em caso de tributação diferenciada para situações idênticas
(incentivos fiscais), é permitida a invocação do direito à igualdade para
contestar a exigência em um caso e no outro não, no sentido de invalidar ou
estender o privilégio.

TRIBUTAÇÃO FEDERAL UNIFORME

● É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo território nacional
ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, DF ou a Município
(princípio da uniformidade geográfica c/c princípio federativo), em detrimento
de outro, (exceção) admitida a concessão de benefícios fiscais destinados a
promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as
diferentes regiões do país.
● Esse princípio veda tratamento tributário que crie distinção ou preferência em razão
dos entes políticos.

ISONOMIA NOS TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA E NOS VENCIMENTOS DOS


SERVIDORES PÚBLICOS:

● É vedado à União tributar renda das obrigações de dívida pública dos Estados, DF e
Município, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos servidores em
nível superior ao que fixar para suas obrigações e seus agentes.
● Fundamenta-se no federalismo (isonomia entre os entes políticos).
ISENÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS PELA UNIÃO

● É vedado à União instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do DF


e dos Municípios, observando a isonomia entre os entes federativos.

UNIDADE TRIBUTÁRIA ESTADUAL E MUNICIPAL

● Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer
diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua
procedência ou destino. (uniformidade geográfica).

IMUNIDADES

● É vedado à União, Estados, DF e Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras


musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas
por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a
laser.

● As imunidades podem ser objetivas (quanto a coisas) e subjetivas (relativas a
pessoas).
● Imunidade recíproca entre os entes federativos que não podem instituir impostos
sobre patrimônio, renda ou serviços (vinculados às finalidades essenciais dos
organismos públicos, os objetos institucionais das entidades) uns dos outros.
● Imunidade subjetiva: proteção de determinadas pessoas políticas, suas autarquias e
fundações mantidas pelo poder público, de forma recíproca.
● Imunidade recíproca em relação a impostos indiretos(o contribuinte de direito não é
o de fato, pois o contribuinte de direito, vendedor/fornecedor repassa para o
contribuinte de fato, comprador/consumidor):
○ A imunidade do consumidor não se estende ao produtor sobre produtos
industrializados.
● O Estado não está condicionado ao ônus de comprovar vinculação do bem tributado
a uma finalidade pública, o que somente ocorre nos casos de autarquias e
fundações pública, quando aparece restrição quanto à vinculação do imóvel às suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
● Imunidade dos templos:
○ Não cabe à entidade religiosa demonstrar que utiliza o bem de acordo com
suas finalidades institucionais, cabe à adm demonstrar a eventual
tredestinação.
● Imunidade dos partidos políticos, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos:
○ A condição de um imóvel estar vago ou sem edificação não é suficiente, por
si só, para destituir a garantia constitucional da imunidade.
○ Há presunção de imunidade.
● A imunidade de instituições de educação e assistência social está condicionada
(conceito chave: atividade assistencial):
○ Não distribuir parcela de seu patrimônio e de suas rendas, a qualquer título;
○ Aplicar integralmente no país os seus recursos;
○ Manter escrituração de suas despesas e receitas.
● Imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão
○ Excluem-se da proteção as publicações meramente comerciais, sem
finalidade cultural ou educativa.

LIBERDADE DE TRÁFEGO

● É vedado aos entes políticos estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens,


por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de
pedágio.
● Procura evitar que o trânsito de pessoas e bens entre os Estados e entre os
Municípios configure hipótese de incidência de tributo.
● Também coíbe a elevação ou redução de carga tributária, baseada em operações
interestaduais ou intermunicipais e instituições de taxas.

CONFISCO

● A tributação deve ocorrer nos limites da capacidade contributiva.


● Veda-se tributos que absorvam parte considerável do valor da propriedade,
aniquilam a empresa ou impedem o exercício de atividade lícita e moral, apreciada
em cada caso, com base no princípio da proporcionalidade baseado na capacidade
contributiva.
● Aplica-se às multas

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