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SEMINÁRIO I – DIREITO TRIBUTÁRIO E CONCEITO DE “TRIBUTO”

QUESTÕES DE PLENÁRIO

Relatora geral: Andressa da Silva Camargo


Turma: TSJ - Higienópolis, sábado

Grupo 1: Sílvia Starling / Vanessa dos Santos / Érika Leahy (relatora parcial)

Grupo 2: Marta da Silva Fernandes (relatora parcial) / Lucas Pacheco / Victória


Pelicer / Ana Carolina Lima Silva

Grupo 3: Isabella dos Santos Monteiro (relatora parcial) / Gustavo Rocco / Ana
Paula Lasarem / Andressa da Silva Camargo

1. Diferenciar “termo”, “conceito” e “definição”, trazendo exemplos para cada


um deles e indicar qual o conceito de tributo. E o que é direito tributário? Sob
luzes da matéria estudada, efetuar crítica à seguinte sentença: “Direito
tributário é o ramo do Direito público positivo que estuda as relações jurídicas
entre o Fisco e os contribuintes, concernentes à instituição, arrecadação e
fiscalização de tributos”, e propor definição para “direito tributário”.

Com relação a “termo”, todos os grupos pontuaram ser uma palavra ou


expressão (ex. veículo); quanto ao “conceito”, teve grupo que falou em ser a
interpretação individual do termo e outros dois grupos falaram que seria a ideia ou
noção abstrata (ex.: veículo de comunicação ou veículo automotor); quanto a
“definição”, tiveram três posições: i) definição como critério para enquadrar
determinado objeto em um conceito; ii) definição como significado de um termo e de
um conceito, de forma objetiva (ex.: veículo como meio de transportar pessoas); e,
iii) definição como uma classificação e características de um termo.

Com relação ao “conceito de tributo”, dois grupos pontuaram que estaria


conceituado no artigo 3º do CTN: “tributo é toda prestação pecuniária compulsória,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada”; um dos grupos mencionou que existem diversos conceitos de tributo no
ordenamento jurídico e mencionou o Professor Paulo de Barros: tributo como
quantia em dinheiro; tributo como norma jurídica tributária e tributo como sinônimo
de relação jurídica tributária.

Sobre o que é “direito tributário”, todos os grupos pontuaram que se tratava


de um conjunto de normas que dispõe sobre as relações jurídicas entre Fisco e
contribuintes, que estabelece mecanismos de arrecadação, fiscalização e demais
normas concernentes.

Quanto a “sentença” do enunciado, todos os grupos pontuaram que a


afirmativa apenas menciona que o direito tributário é norma positiva (prescreve e
normatiza) quando, na verdade, ele também é ciência do direito (descreve e
interpreta).

2. Tomando como ponto de partida o conceito de tributo, portanto, é essencial


enunciá-lo na resposta também, pergunta-se:

2.a) O desconto de IPVA concedido para contribuintes que não incorreram em


infrações de trânsito compreende a utilização do tributo como “sanção de ato
ilícito” considerados os contribuintes que não têm direito ao desconto porque
cometeram uma infração de trânsito?

Tiveram divergências entre os grupos, dividindo-se em dois entendimentos: i)


o primeiro que, premiar contribuintes sem infrações de trânsito acabaria
prejudicando os contribuintes com infrações de trânsito, caracterizando, por via
indireta, uma sanção por ato ilícito, e, por consequência, violando o conceito do art.
3º do CTN; e, ii) o segundo de que que não necessariamente significa que o
contribuinte com infrações está sendo penalizado e que o desconto teria caráter
extrafiscal, ou seja, que tem por intenção incentivar a boa conduta.
2.b) E a progressividade de IPTU e do ITR em razão da função social da
propriedade? Responda fundamentadamente e considere para sua resposta as
seguintes afirmações do autor Fernando Favacho: “a definição conotativa do
art. 3º do CTN conflita com a definição denotativa do art. 182 da CF. Em suma,
a Constituição traz um tributo (IPTU sancionatório e progressivo) que, para o
CTN, não é tributo1” e o “IPTU sancionatório progressivo é tributo, a par do
mandamento do CTN”2.

Houve divergências, parte dos grupos entenderam que a progressividade


seria, sim, uma sanção pelo descumprimento da função social, mas que não viola o
art. 3º do CTN, pois tal sanção não está inserida na materialidade do IPTU ou do
ITR.
Outra parte entendeu que não seria sanção, porque já está na lei, foi definido
previamente da lei dessa maneira, e se o contribuinte obedecer corretamente à
função social da propriedade, não sofrerá nenhuma penalidade. Entenderam ainda,
que o fato gerador do IPTU e do ITR é a propriedade de imóvel e que teria função
extrafiscal – desestimular terra improdutiva;

2.c) As alíquotas de um tributo podem variar conforme o grau de


periculosidade de uma empresa (RAT e FAP)?

Todos os grupos responderam que as alíquotas poderiam sim variar e que


não configuraria sanção de ato ilícito, haja vista o grau de periculosidade e que isso
incentivaria as empresas a se adequarem às normas de segurança do trabalho,
mencionaram o princípio da isonomia e gastos com a previdência, posto que
empregados desse tipo de empresa tendem a acionar mais a previdência (risco da
atividade: insalubridade e periculosidade).

3. Dada a seguinte lei (texto fictício):

Estado de Minas Gerais, Lei Estadual nº 2.017, de 10/10/2017

1
FAVACHO, Fernando Gomes. Definição de conceito de tributo. São Paulo, 2010. p. 33.
2
Idem. Loc. cit.
A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais Decretou e eu sanciono a
seguinte lei:
Art. 1º Esta Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização de Atividades de
Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Hídricos, que tem como
fato gerador o exercício do poder de polícia do Estado sobre estas atividades.
Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é a receita bruta obtida com a comercialização
de mercadorias ou de serviços que utilizem recursos hídricos.
Art. 3o. A alíquota é de 3%.
Art. 4º Contribuinte é a pessoa, física ou jurídica, que utilize recursos hídricos com a
finalidade de exploração ou aproveitamento econômico.
Art. 5º A taxa será apurada mensalmente e recolhida, mediante preenchimento da
guia de recolhimento, até o último dia útil do mês seguinte ao da exploração ou do
aproveitamento do recurso hídrico, sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo
devido.
Art. 6º Na ausência de apuração e recolhimento da taxa pelo contribuinte, a
autoridade fiscal competente deverá lavrar “Auto de Infração e Imposição de Multa”,
aplicando multa de 50% sobre o valor da taxa devida.
Art. 7º É isenta do pagamento da taxa a utilização de recurso hídrico na captação e
consumo destinados à atividade agropecuária.
Art. 8º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Pergunta-se:
3.a) Quantas normas há nessa lei? Identifique-as.

Em sentido amplo, mencionaram as normas da i) regra matriz de incidência


tributária; ii) sancionatória; iii) isenção; e iv) vigência.

Destrinchando os artigos da lei, em resumo, identificou-se as seguintes


normas:
• Preâmbulo: critério espacial (Estado de Minas);
• Artigo 1º: um grupo falou em norma de incidência de taxa e os outros
grupos em critério material da RMIT (poder de polícia);
• Artigo 2º e 3º: critério quantitativo (base de cálculo e alíquota);
• Artigo 4º: critério pessoal: identificação do contribuinte (sujeito
passivo) e Estado de Minas como sujeito ativo;
• Artigo 5º: critério temporal (apuração mensal) e dever instrumental
(declaração), mencionaram também que a parte final do artigo
mencionada fala em norma sancionatória do dever instrumental;
• Artigo 6º: falaram em norma secundária (minoria) e norma
sancionatória (maioria);
• Artigo 7º: norma de isenção;
• Artigo 8º: norma de vigência

3.b) Qual dessas normas institui tributo?

Um grupo mencionou que apenas o artigo 1º institui tributo, pois estabelece o


fato gerador e institui o tributo que, no caso, é uma “taxa”; os demais grupos
mencionaram que as normas que institui a regra matriz de incidência tributária
instituem o tributo (preâmbulo, artigo 1º ao 5º e artigo 8º).

3.c) Qual dessas normas é estudada pela Ciência do Direito Tributário?


Justificar.

Os grupos foram unânimes ao indicar que todas as normas são estudadas


pela ciência do direito tributário, pois o direito positivo prescreve e a ciência
descreve e interpreta.

3.d) O texto legal, acima transcrito, é Ciência do Direito? Justificar.

Os grupos foram unânimes ao indicar que é uma norma positiva e conteúdo


prescritivo e não ciência do direito.

São Paulo, 23 de março de 2024.

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