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Questões
1. Efetue, de forma fundamentada, proposta de classificação jurídica dos
tributos, evidenciando os critérios classificatórios adotados. A destinação do
produto da arrecadação tributária é relevante para a classificação jurídica dos
tributos e consequente definição das espécies tributárias? Considerar, na
análise da pergunta, o art. 167, inciso IV, da CF/88, e o art. 4º do CTN. (Vide
anexo I). A legislação tributária pode proibir a compensação de tributos entre
diferentes espécies sob a justificativa de que a destinação das receitas são
diferentes? (Vide anexo II)
RESPOSTA:
A Constituição Federal de 88 em seu artigo 145, narra em seu texto que
tributo são os impostos, taxas e contribuições de melhoria. Também expõe o artigo 5
do Código Tributário Nacional que tributos são impostos, taxas e contribuições de
melhoria.
Ademais, para Paulo de Barros Carvalho, a teoria adotada por este ilustre é a teoria
“tripartida”, classificatória dos tributos.
Neste contexto, são utilizados 03 (três) critérios classificatórios dos
tributos, quais sejam:
A) Exigência constitucional de previsão legal de destinação específica para o
produto da arrecadação;
B) Exigência constitucional de previsão legal de vinculação entre a materialidade
do antecedente normativo e uma atividade estatal referida ao contribuinte;
C) Exigência constitucional de previsão legal de restituição do montante
arrecadado ao contribuinte, ao cabo de determinado período.
Deste modo, os critérios supracitados tiveram como finalidade informar e
delimitar a competência imposta aos indivíduos mediante a instituição dos tributos,
facilitando, portanto, a identificação dos mesmos.
Outro ponto de classificação, em maioria pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), a teoria para classificação dos tributos é a “pentapartida”, incluindo as três
principais mais duas, sendo, contribuições sociais e empréstimos compulsórios como
formas de tributo.
Por fim, a ultima teoria vislumbrada é a “teoria clássica ou dualista”, que
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nas palavras de Geraldo Atiliba, são somente 02 (duas) as espécies de tributo, sendo,
tributo vinculado a uma atuação do Estado (taxas e contribuições de melhoria), e
tributos não vinculados (impostos).
Ao que diz respeito a legislação tributária em seu artigo 4 (CTN), não há
proibição para a compensação de tributos de diferentes espécies, pois a destinação do
protudo de arrecadação é irrelevante para a classificação dos tributos e suas espécies
tributárias, pois o tributo é proveniente do fato gerador. Neste aspecto, o artigo 167,
IV da CF/88 é uma retificação/ressalva,quanto aos artigos 158 e 159, ambos da
Constituição Federal, haja vista que a destinação de recursos, arrecadações para ações
do serviço público, manutenção e desenvolvimento do ensino, são garantias às
operações de crédito por antecipação de receita, sendo esta embasada no artigo 165,
§8º da Constituição Federal.
Este valor deve ser compatível com o serviço prestado pelo ente público.
Se houver o pagamento abusivo desta taxa, poderá haver a restituição. Alega-se o
enriquecimento ilícito do ente público, bem como o fato de as taxas não poderem ter
como objetivo o lucro. Assim, quando o particular recebe um benefício e, em troca,
remunera o Estado pelo benefício ou serviço recebido.
Se houver dificuldade para determinar o valor da taxa, poderá-se utilizar os
valores fixos retirados da atividade econômica do contribuinte específico, que não
pode ter uma base de cálculo própria de imposto, uma vez que o STF (Supremo
Tribunal Federal) tem uma posição de que é constitucional a adoção de valores fixos
retirados da atividade econômica do contribuinte para a determinação do 'quantum
debeatur'.
5. Sobre a contribuição de melhoria pergunta-se: (i) Quais os requisitos e
limites à cobrança da contribuição de melhoria? (ii) A Lei que a institui deve ser
produzida antes do início da obra ou pode ser posterior à sua conclusão e à
valorização imobiliária? Se for apresentado laudo comprovando a perspectiva
de gastos, poderia ser exigido o tributo antes da conclusão da obra e da
valorização imobiliária? (Vide anexos XVI e XVII).
RESPOSTA:
Os requisitos para a cobrança da contribuição de melhoria são: (i) a
delimitação das áreas que serão beneficiadas e a relação dos imóveis nela
compreendidos; (ii) o memorial descritivo do projeto; (iii) o orçamento da obra; (iv) a
determinação da parcela do custo das obras que será reembolsada pelo plano de
rateio.
Neste aspecto, é necessária uma legislação específica para a cobrança de tributos em
cada obra; Deste modo, a lei genérica que trata das contribuições de melhoria não
pode, posteriormente, ser exigida como umaa contribuição.
O edital apresentado, tem como objetivo demonstrar dados sobre a obra,
seus custos e o plano de rateio correspondente, contudo, a data de apresentação do
edital não está prevista em nenhuma norma legal, sendo necessário, portanto,
apresentar o edital apenas após a conclusão da obra.
Neste sentido, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que a obra deve
ser finalizada para que a contribuição de melhorias seja cobrada, uma vez que,
somente após a conclusão, se desenvolva um dos elementos do fato gerador, que é a
valorização imobiliária.
A exceção, por sua vez, é quando a obra estiver em fase de conclusão
parcial e, dessa forma, é possível prever a valorização dos imóveis, assim, é possível
que, caso a obra esteja em fase de conclusão parcial e o laudo apresentado apresente
a desvalorização, o tributo seja devido antes da conclusão da obra. No entanto, se não
houver a comprovação da valorização, o tributo não será devido.
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Art. 5º, EC 132/2023. O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar com as seguintes
alterações:
Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir Fundos de Combate à Pobreza, devendo os
referidos Fundos ser geridos por entidades que contem com a participação da sociedade civil.
§ 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais, Distrital e Municipais, poderá ser destinado percentual do imposto
previsto no art. 156-A da Constituição Federal e dos recursos distribuídos nos termos dos arts. 131 e 132 deste Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias, nos limites definidos em lei complementar, não se aplicando, sobre
estes valores, o disposto no art. 158, IV, da Constituição Federal.
Art. 23, EC 132/2023. Esta Emenda Constitucional entra em vigor:
II - em 2033, em relação aos arts. 4º e 5º;
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Art. 156-A. Lei complementar instituirá imposto sobre bens e serviços de competência compartilhada entre Estados,
Distrito Federal e Municípios.
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Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir Fundos de Combate à Pobreza, com os
recursos de que trata este artigo e outros que vierem a destinar, devendo os referidos Fundos ser geridos por
entidades que contem com a participação da sociedade civil. (inclusão pela EC 31/2000)
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Leitura suplementar
• Terceira parte – Classificação jurídica dos tributos do livro Hipótese de
incidência tributária, de Geraldo Ataliba. São Paulo: Malheiros.
• Artigo: “Classificação dos tributos – uma visão analítica”, de Tárek
Moysés Moussallem, in Tributação e Processo, IV Congresso Nacional de
Estudos Tributários.
• “Classificação dos tributos”, de Estevão Horvath. In Barreto, Aires F. e
Bottallo, Eduardo Domingos (Org.). Curso de iniciação em direito
tributário. São Paulo: Dialética, 2004 (I – Parte Geral).
• Item 2 do artigo “Conceito de tributo e sua divisão em espécies”, de André
Mendes Moreira e Sophia Goreti Rocha Machado in Tributação,
democracia e liberdade, Betina Treiger Grupenmacher (Coord.). São
Paulo: Noeses.
• Itens 1,2 e 3 do Capítulo II do livro Curso de direito tributário, de Eduardo
Marcial Ferreira Jardim. São Paulo: Noeses.
• Item 4 da Parte II do livro Curso de direito tributário: Constituição e Código
Tributário Nacional, de Regina Helena Costa. São Paulo: Saraiva.
• Artigo: “O tributo e as classificações no sistema tributário brasileiro”, de
Eurico Marcos Diniz de Santi.
• Capítulo 8, item 8.1.2 do livro Competência tributária – fundamentos para
uma teoria da nulidade, de Tácio Lacerda Gama. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “O artigo 149-A da Constituição federal introduzido pela EC
39/2002 e a contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública”,
de Aurora Tomazini de Carvalho.
• Artigo: “Critério finalístico e o controle de constitucionalidade das
contribuições”, de Luís Cesar Souza de Queiroz.
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Anexo I
ADI 3.086
Anexo II
RESP 1.449.713/SC
Anexo III
ADI 2.567
Anexo IV
STF Súmulas
outra.
STF, Súmula Vinculante n. 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão
dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou
resíduos provenientes de imóveis, não viola o art. 145, II, da CF.
STF, Súmula n. 670: O serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa.
Anexo V
AgRg no Ag 1.273.129/MG
Anexo VI
RE 588.322/RO
Anexo VII
Súmula n. 545 do STF
Anexo VIII
ADI 447
Anexo IX
RE 541.511
Anexo X
REsp 740.967/RS
Anexo XII
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Anexo XIII
ADI 6.145
Anexo XIV
ADI 5.489
Anexo XV
RE 582.340 AgR
Anexo XVI
REsp 766.107/PR
Anexo XVII
ARE 1.123.627
improvido.” (AI 694.836-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJe
18.12.2009)
Ante o exposto, nego seguimento ao recurso (art. 932, VIII, do CPC, c/c art. 21,
§1º, do RISTF) e, tendo em vista o disposto no art. 85, § 11, do CPC, majoro o
valor da verba honorária fixada pela origem em 10%, observados os limites
previstos nos §§ 2º e 3º do referido dispositivo, ressalvada a eventual
concessão do benefício da justiça gratuita.
Publique-se.
Brasília, 18 de abril de 2018.
Ministro Gilmar Mendes
Relator
Anexo XVIII
RE 571.968