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DIREITO TRIBUTÁRIO

Imunidade Tributária – Parte Inicial


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IMUNIDADE TRIBUTÁRIA – PARTE INICIAL

Na aula a seguir será abordado o tema da imunidade tributária. O que são imunidades
tributárias em Direito Tributário?

CONCEITO

Imunidade é uma delimitação negativa da competência. O que isso quer dizer? Quando
o contribuinte (sujeito passivo) possui uma imunidade, ele está sob o amparo de uma espé-
cie de escudo de proteção formado pela legislação vigente. Essa proteção é garantida pela
Constituição para que o indivíduo usufrua seus direitos fundamentais e sociais. A relação
jurídica que enseja o tópico da imunidade tributária é constituída pelos seguintes elementos:

• Hipótese de incidência;
• Fato gerador;
• Obrigação tributária;
• Crédito tributário.

A imunidade tributária é um privilégio normatizado que entra antes da hipótese de inci-


dência, mas antes de aprofundarmos esse tópico, alguns conceitos importantes relacionados
à competência precisam ser brevemente retomados.

COMPETÊNCIAS

A função da Constituição Federal é distribuir e centralizar as competências dos quatro


entes federativos: União, estados, Distrito Federal e municípios. Essas competências podem
ser de ordem administrativa; legislativa; financeira etc.
A Administração direta da União pode se desconcentrar para criar órgãos públicos e pode
se descentralizar por outorga para criar entes da Administração indireta.
Assim, considerando essa distribuição de competências, a União não pode elaborar uma
legislação sobre gás canalizado ou cobrança de IPTU e aplicá-la em qualquer um dos muni-
cípios brasileiros. Por quê? Esse tipo de legislação não está sob um critério de hierarquia,
mas de competência. Nesse caso, a competência legislativa é do estado onde esse municí-
pio se localiza.
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Por outro lado, o artigo 156, § 3º da Constituição estabelece que a União tem a compe-
tência para criar e legislar sobre a cobrança de imposto de renda, pois o imposto de renda é
um tributo federal. Contudo, esse poder é relativo, ou seja, sofre limitações. A própria Consti-
tuição cria regras de imunidade que delimitam o exercício dessa competência. Entre as deli-
mitações previstas pela Constituição, estão a exclusividade da União para cobrar o imposto
de renda; a exigência de uma lei ordinária para o aumento de alíquotas desse imposto (não
pode ser feito por decreto); e o reconhecimento de entes que têm imunidade em relação à
cobrança do imposto de renda.

DELIMITAÇÃO NEGATIVA DA COMPETÊNCIA

Como já foi mencionado, existem entes que são imunes à cobrança de imposto de renda,
de modo que a relação jurídica não pode ser deflagrada. Assim, existe uma delimitação
negativa do exercício da competência. Entre esses entes, destacam-se os templos religio-
sos e algumas instituições de ensino e acesso à cultura. Contudo, essa imunidade não retira
desses entes as suas obrigações acessórias, tais como a emissão de nota fiscal e o registro
de CNPJ, de acordo com o Artigo 14, § 3º da Constituição Federal.
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A seguir, será feita uma diferenciação entre imunidade e isenção, pois são matérias opos-
tas que costumam confundir os candidatos. O tópico da isenção será aprofundado nas pró-
ximas aulas.

IMUNIDADE

Por ser uma limitação constitucional do poder de tributação, a imunidade antecede a


hipótese de incidência e delimita o exercício da competência. Como visto anteriormente na
aula de princípios, os princípios e imunidades são direitos e garantias individuais do contri-
buinte. Assim, são matérias de cláusula pétrea na Constituição Federal. Isso significa que,
por serem uma dispensa constitucional, apenas a Constituição Federal pode criar um novo
princípio e uma nova imunidade, cuja conceptualização e regulamentação deve ser feita por
meio de lei complementar.
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ISENÇÃO

Isenção é uma causa de exclusão do crédito, impedindo que o procedimento administra-


tivo fiscal do lançamento seja realizado. Assim, apresenta hipótese de incidência, fato gera-
dor e obrigação, mas não tem lançamento e crédito. É criada por meio de dispensa legal, ou
seja, concedida por meio de lei ordinária. Por também se tratar de uma norma geral, a isen-
ção é explicada e regulamentada por meio de lei complementar.
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Assim como ocorre com a imunidade, na isenção todas as obrigações acessórias devem
ser cumpridas, de acordo com o Artigo 175 da Constituição. Por exemplo, ainda que um apo-
sentado cardiopata esteja isento de declarar o imposto de renda sobre os proventos da sua
aposentadoria, ele não está eximido de fazer o ajuste anual do imposto de renda. Quanto aos
quesitos de interpretação, a isenção é interpretada de maneira literal, conforme o Artigo 111
do Código Tributário Nacional.
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A tabela a seguir sintetiza essas diferenças.

IMUNIDADE ISENÇÃO
Criação Constituição Federal Leis ordinárias
Regulamentação Leis complementares Leis complementares
Obrigação acessória Deve cumprir Deve cumprir
Interpretação Extensiva Literal

A legislação tributária tem causas de integração e interpretação. A seguir, essas causas


serão explicadas em maiores detalhes, tendo como fonte os Artigos 108, 111 e 112 do Código
Tributário Nacional.

INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Quando inexiste legislação, a lacuna precisa ser suprida, conforme previsto pelo artigo
108 do Código Tributário Nacional. Lembrando que a norma específica prevalece sobre
norma geral. O Artigo 108, § 1º do Código estabelece que a integração pode ocorrer, respec-
tivamente, das seguintes maneiras:
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• Por analogia, desde que não se crie tributo;


• Pelos princípios gerais do Direito Tributário;
• Pelos princípios gerais de Direito Público;
• Por equidade, desde que não dispense do pagamento de tributos, conforme previsto
pelo Artigo 108, § 2º.

INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Quando as leis vigentes são mal elaboradas, permitindo múltiplas interpretações. A inter-
pretação pode ser literal, conforme previsto pelo Artigo 111 do Código Tributário Nacional, ou
mais favorável ao acusado em caso de dúvida, conforme previsto pelo Artigo 112.
A interpretação literal deve ocorrer nos casos de suspensão de exigibilidade do crédito
(Artigo 151 do Código); de obrigações acessórias (Artigo 113, § 2º do Código); e exclusão,
ou seja, anistia e isenção (Artigo 175 do Código).
A interpretação mais favorável ocorre quando existem dúvidas quanto a autoria, capitula-
ção legal, penalidade e gradação da pena.
O esquema a seguir simplifica essa relação.

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�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Maria Christina Barreiros D’ Oliveira.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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