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TRIBUTÁRIAS NA
CONSTITUIÇÃO E NO STF
Aula 1
Introdução às Imunidades
e Isenções Tributárias na
Constituição da República
Conteudista:
Rafael Campos Soares da Fonseca (STF)
Revisora de textos:
Ana Paula Alves Sak (STF)
Web designer:
Cristiana Sales Marques da Cruz Oliveira (STF)
2. Conclusão .......................................................................... 16
Introdução
Isso se dará em seis aulas, nas quais abordaremos as imunidades tributárias previstas
nas “Limitações Constitucionais do Poder de Tributar”, no Sistema Tributário Nacional, ou
fora dele, assim como as balizas constitucionais de isenções tributárias na jurisprudência do
STF.
A propósito, você sabia que o Poder Constituinte tratou das imunidades tributárias,
em conjunto com os princípios tributários, na qualidade de limitações constitucionais ao
poder de tributar?
Assim, as pessoas políticas encontram controles em sua atividade tributante com vistas
a evitar abusos e ingerências indevidas no patrimônio do particular. Em várias manifestações,
o Ministro Celso de Mello refere-se a esse conjunto de normas como o “Estatuto Constitucional
dos Contribuintes”, tamanha a relevância da matéria, v.g. o RE 116.119, de relatoria do
Ministro Ilmar Galvão e com acórdão lavrado pelo Ministro Celso de Mello, Primeira Turma, j.
10.11.1992.
Pois bem, será disso que trataremos nesta aula introdutória! Nosso objetivo é
apresentar os principais conceitos relativos às imunidades e isenções tributárias para que
com eles possamos analisar a jurisprudência do STF. A intenção é que você compreenda
de modo sistemático o conteúdo, a função, a tipologia e as características constitucionais
relacionadas ao tema, tendo por base as classificações fornecidas pela doutrina tributária.
Certo?
Vamos lá?
AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Você saberia dizer o que significa? O que você sabe a respeito do tema?
Esse conceito fica mais claro se entendermos o seu oposto, a competência tributária.
Esta última é a prerrogativa da União, Estados, Distrito Federal e Municípios de instituir tributos
mediante lei, dentro de parâmetros previamente definidos pela Constituição da República.
Sa
cê bi A Secretaria da Receita Federal do Brasil divulga, a cada exercício financeiro,
Vo
a?
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AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
A propósito, importa fazer dois esclarecimentos. De início, não há correlação linear entre
Imunidades e Isenções Tributárias na Constituição e no STF
os Estados patrimonial e fiscal, de modo que a dependência por exploração do patrimônio estatal,
notadamente recursos naturais, possui peso distinto na economia nacional de cada país. No caso
brasileiro, estima-se que 10% da arrecadação advenha de exploração direta dos bens públicos.
Noutra banda, os estudiosos de finanças públicas passam a tratar do chamado Estado Endividado,
na medida em que o crédito público passa a ser modalidade recorrente de financiamento do
governo, muitas vezes, sem sustentabilidade financeira. Com efeito, há acréscimo da relação
dívida pública pelo PIB, não raro sem sustentabilidade financeira e planejamento estatal.
do
Esse excurso histórico é importante, pois as exonerações fiscais ganham novos significados
a partir da composição do financiamento estatal e do paradigma de Estado de Direito. De acordo
com Torres (1995), a imunidade fiscal no patrimonialismo representa limitação do poder fiscal da
realeza em face dos particulares. Por sua vez, no Estado Fiscal de índole liberal, a imunidade é vista
como limitação ao poder de tributar, expressão que consta até hoje na Constituição da República.
Na perspectiva positivista, a imunidade representa autolimitação da competência tributária,
centrando-se no discurso do legislador. Com a ascensão do Estado Democrático de Direito, cada
vez mais, as imunidades tributárias são associadas à proteção dos direitos fundamentais.
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AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Você consegue perceber o duplo aspecto das imunidades: (I) formal ou objetiva; e (II)
material ou substancial?
a?
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Imunidades e Isenções Tributárias na Constituição e no STF AULA 1–6
Página INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
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Imunidades e Isenções Tributárias na Constituição e no STF AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Fundamento nada mais significa que a razão de ser da categoria jurídica. Você compreendeu
o porquê de existir a imunidade?
No Tema 432 da sistemática da repercussão geral, a falta de técnica jurídica foi reconhecida
pelo Tribunal Pleno do STF. Veja o que restou consignado na ementa do RE 636.941, de relatoria
do Ministro Luiz Fux, julgado em 13.2.2014:
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AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
De todo modo, trataremos de três modalidades de classificação das imunidades, por conta
de sua relevância jurisprudencial. São elas classificadas em função da abrangência, do modo de
incidência da norma imunizante e da possibilidade de contenção da eficácia da norma imunizante.
Por outro lado, temos as imunidades subjetivas, objetivas e mistas. De acordo com
Schoueri (2015), as imunidades subjetivas são as que alcançam as pessoas, em função de sua
natureza jurídica, como, por exemplo, a imunidade tributária recíproca entre os entes federativos.
Por sua vez, a imunidade objetiva ou real diz respeito a determinados fatos, bens, situações ou
atividades desenvolvidas, como é o caso da imunidade sobre livros. Por fim, a imunidade mista
possui funções objetivas e subjetivas, porquanto é conferida pela constatação de uma situação
(subjetiva), incluindo patrimônios, bens e serviços de uma pessoa (objetiva). O caso clássico é
a imunidade sobre os templos, pois se deve a uma atividade religiosa (situação), mas abarca a
propriedade da entidade responsável pela sé.
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Imunidades e Isenções Tributárias na Constituição e no STF AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Reitero que conhecer a classificação das imunidades é relevante para entender o regime
jurídico a elas aplicável e as finalidades da norma, compreendendo melhor a situação que o Poder
Constituinte buscou tutelar.
Não obstante o fato de que, em alguns julgados, este Supremo Tribunal Federal tenha
adotado uma interpretação ampliativa das imunidades, de modo a abarcar fatos, situações
ou objetos a priori não abrangidos pela expressão literal do enunciado normativo, e, em
outros, tenha excluído da regra desonerativa algumas hipóteses fáticas, por intermédio de
uma interpretação que se poderia denominar de restritiva, é indubitável que, em todas essas
decisões, a Corte sempre se ateve às finalidades constitucionais às quais estão vinculadas as
mencionadas regras de imunidade tributária.
Tanto para ampliar o alcance da norma quanto para restringi-lo, o Tribunal sempre adotou
uma interpretação teleológica do enunciado normativo.
Vamos seguir?
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AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
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Seção II do Sistema
Seção II do Sistema
Tributário Nacional Espalhadas pela
Tributário Nacional
Das Limitações Constitucionais Constituição
Nas 5 seções restantes
ao Poder de Tributar
Normas imunizantes
Imunidades notadamente
relativas a impostos, mas
genéricas, por vincularem Imunidades de caráter
também a taxas (direitos
todos os entes federativos específico, uma vez que
e garantias individuais e
tributantes, abarcando os alcançam pessoas políticas
direitos sociais e econômicos)
impostos incidentes sobre ou espécies tributárias
e a contribuições (seguridade
patrimônio, renda determinadas.
social), com finalidades
e consumo.
pontuais.
1.4. Isenções
Antes de tratar da isenção fiscal como arquétipo normativo específico, é oportuno falar
em incentivo ou renúncia fiscal como gênero, pois este último conceito, mais amplo, permite
uma perspectiva da norma desde a sua estrutura até as respectivas finalidades no ordenamento
jurídico.
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AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Em uma ótica pragmática, Celso de Barros Correia Neto (2016) sustenta um modelo
Imunidades e Isenções Tributárias na Constituição e no STF
1ª
Outorga, pelo ordenamento constitucional,
de competência para a instituição do tributo;
3ª
geradores da obrigação tributária e fatos geradores
(hipóteses de incidência) da isenção, mediante
normas de mesma hierarquia no sistema de
escalonamento normativo da federação brasileira;
4ª
Ato administrativo de reconhecimento (declaratório)
dos pressupostos para o gozo da isenção, quando for
o caso.
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CF. Art. 151 É vedado à União: CF. Art. 43, §2º, III
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Imunidades e Isenções Tributárias na Constituição e no STF AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
fundan
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Ap
do
2. Conclusão
Chegamos ao final desta aula. Estamos apenas no início da nossa jornada rumo ao
entendimento das questões tributárias relativas às imunidades e isenções. Até o momento,
conversamos sobre a conceituação de imunidade tributária sob os aspectos formal e material.
Buscamos compreender de forma mais ampla a categoria jurídica, desde os fundamentos
até as classificações mais correntes das imunidades, perpassando pela diferenciação entre
imunidade e isenção e pela topologia das normas imunizantes.
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AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Referências Bibliográficas
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tributo-ao-credito-publico-uma-nova-realidade-fiscal>. Acesso em: 4.6.2016.
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
BORGES, José Souto Maior. Teoria Geral da Isenção Tributária. 3 ed. São Paulo: Malheiros,
2007.
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CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 30 ed. São Paulo:
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CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 26 ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
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