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4. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

No momento em que a Constituição Federal de 1988 limita o poder de


tributar, atribuído aos entes políticos, está oferecendo imunidade.

Basta que haja previsão constitucional para que a imunidade ocorra, e


consequentemente, afaste a competência acerca de qualquer tributo.

Na Carta Magna existem três exemplos de imunidades, a saber: taxas,


prevista no art. 5°, XXXIV; impostos, conforme preleciona o art. 150, VI e
contribuições para a seguridade social, insculpido no art. 195, §7°.

4.1.CONCEITO

Imunidade Tributária é a proibição imposta ao legislador de instituir


tributos sobre pessoas ou fatos indicados pela Constituição Federal de 1988.

Imunidade é obstáculo decorrente de regra da Constituição à incidência de


regra jurídica de tributação. O que é imune não pode ser tributado. A
imunidade impede que a lei defina como hipótese de incidência tributária o
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que é imune. É limitação da competência tributária .

Posto Isto, toda impossibilidade de instituir tributo aduzida pela


Constituição Federal de 1988 deve ser cumprida, mesmo que o dispositivo
constitucional se refira à isenção.

18
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros,
2012, p. 268.
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4.2. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA

A imunidade recíproca (art. 150, VI, “a” da Lei Maior) é cláusula pétrea,
haja vista ser uma regra que garanta o pacto federativo na proporção que impede a
tributação sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros.

Ressalte-se que a Carta Magna aduz expressamente que a proibição se


refere a impostos, não impedindo a cobrança de taxas entre entes.

Em razão do art. 150, §2° do Texto Constitucional a regra é extensiva às


autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.

Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal a imunidade19 “(...)


abrange as empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de
serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado”.

Assim, a imunidade conferida aos entes se justificativa na medida em que


o tributo tem razão de ser para que ocorra transferência de recursos financeiros do
setor privado para o setor público.

4.3. IMUNIDADE DOS TEMPLOS

A imunidade concedida aos templos tem por finalidade impedir que o


poder de tributar cause embaraço ao funcionamento das entidades religiosas.

A liberdade de culto religioso é garantia individual expressa na Carta


Magna (art. 5°, VI) e a imunidade é uma das formas de proteção deste direito
individual; por esta razão, são denominadas cláusulas pétreas.

19
Supremo Tribunal Federal. RE 407. 099/RS c AC 1.550-2. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28200844%29&base=baseAc
ordaos. Acesso em 02 Set. 2012.
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Atente-se que a imunidade é aplicada quanto ao prédio, ou seja, local


físico, não se estendendo à ordem religiosa.

Vale ressaltar que a imunidade se aplica exclusivamente quanto aos


impostos.

Há entendimento da Corte Suprema no sentido de que se a igreja aluga


prédio para realizar suas atividades, deve o local ser garantido pela imunidade.

As regras referentes à imunidade, como qualquer outro tema, não possui


entendimento absoluto, não cabendo à análise final com relação à extensão da
expressão “templos de qualquer culto”.

4.4. IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS, SINDICATOS DE


TRABALHADORES, E ENTIDADES EDUCACIONAIS E
ASSISTENCIAIS SEM FINS LUCRATIVOS

As entidades sindicais de trabalhadores objetivam a defesa dos direitos


do cidadão frente à sociedade. Como forma de auxiliar nos trabalhos e do que
confere o art. 8° da CF/88 foi concedido a eles imunidade.

As entidades educacionais e assistenciais sem fins lucrativos gozam


também da imunidade, desde que cumpram com as regras contidas no art. 150, VI,
“c” da CF/88.

4.5. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA CULTURAL

A Constituição Federal de 1988, por meio do seu art. 150, VI, “d”, proíbe
os entes de instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos, bem como o papel
destinado a sua impressão.

A imunidade, neste caso, tem por finalidade diminuir o custo do material


e, por conseguinte, incentivar a cultura brasileira.
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Destaca-se que esta é a única imunidade objetiva, pois impede apenas a


cobrança de impostos incidentes diretamente sobre livros, jornais, periódicos, bem
como o papel destinado a sua impressão.

Desta forma, não é possível a cobrança de ICMS quando o objeto sai do


estabelecimento comercial, muito menos IPI quando da saída da fábrica. Porém, é
obrigado a pagar IR sobre os rendimentos, como também IPTU do imóvel do
proprietário.

A Suprema Corte editou súmula n°. 657 afirmando que20 “imunidade


prevista no art. 150, VI, “d”, da CF abrange os filmes e os papéis fotográficos
necessários à publicação dos jornais e periódicos”.

Assim, é de suma importância a presente imunidade com vistas a


estimular a cultura, barateando o seu custo.

20
Supremo Tribunal Federal. Súmula n°. 657. Disponível em:
http://www.dji.com.br/normas_inferiores/regimento_interno_e_sumula_stf/stf_0657.htm. Acesso em:
02 Set. 2012.

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