Você está na página 1de 12

FUNDAMENTOS

DE AUDITORIA
CONTÁBIL

Vaniza Pereira
Estrutura conceitual da
auditoria: conceitos/normas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
„„ Definir os conceitos de auditoria.
„„ Explicar a estrutura da auditoria.
„„ Identificar a diferença entre auditoria e perícia contábil.

Introdução
É a auditoria que traz a confiabilidade necessária aos demonstrativos
contábeis e financeiros; mas, para isso, o auditor segue normas e pro-
cedimentos que se aplicam sem interferir no processo administrativo
da empresa.
Neste texto, você vai ver que é a auditoria que traz a confiabilidade
necessária aos demonstrativos contábeis e financeiros; mas, também
vai ver que, para isso, o auditor segue normas e procedimentos que
se aplicam sem interferir no processo administrativo da empresa.
Você aprenderá o conceito de auditoria, sua importância em uma ad-
ministração empresarial e como deve ser a sua estrutura.

Origem e evolução
A palavra auditoria vem do latim audire, que significa ouvir. Inicialmente,
foi utilizada pelos ingleses, auditing, quando houve a necessidade de mostrar
os procedimentos técnicos em uma revisão de contabilidade.A palavra ouvir
é a essência de um trabalho de auditoria. O auditor precisa, antes de tudo,
ouvir para depois confrontar os fatos com as normas e formar uma opinião.
O início da prática da auditoria se deu por volta dos séculos XV e XVI, na
Itália; os italianos foram os precursores da contabilidade. Em 1581, foi fun-
dada a primeira escola de contabilidade em Veneza. Já naquela época, para

Fundamentos_U1C01.indd 1 26/09/2016 13:50:17


2 Fundamentos de auditoria contábil

que o candidato ingressasse na área, era necessário no mínimo 6 anos de


prática para depois fazer o exame de contador.
Nessa época, as auditorias eram bem limitadas e não tinham muita credibili-
dade. Com o tempo, porém, a contabilidade foi evoluindo e veio a necessidade
de haver credibilidade nas informações contábeis, o que só era possível com
a auditoria. Hoje, a auditoria é definida como um estudo, um levantamento
de conformidades das informações, fatos e comprovantes, sejam eles docu-
mentos físicos e originais ou eletrônicos.
A auditoria contábil pode contribuir e resguardar os direitos de terceiros,
assegurar informações das demonstrações contábeis e financeiras e, assim,
reduzir a ineficiência das operações e a prática de atos abusivos. Segundo
a INTOSAI – Organização Internacional das Entidades Fiscalizadoras Su-
periores, a auditoria “é o exame das operações, atividades e sistemas de de-
terminada entidade, com vistas a verificar se são executados ou funcionam
em conformidade com determinados objetivos, orçamentos, regras e normas.”
Também pode ser conceituada como um processo de análise independente de
determinadas situações, com objetivo de criar um parecer em conformidade
com padrões, que são denominados de critérios de auditoria.

A INTOSAI – Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores é um


organismo apolítico que objetiva o intercâmbio de ideias sobre as melhores práticas
de fiscalização, filiado à Organização das Nações Unidas – ONU, com sede em Viena,
Áustria. Sua finalidade é fomentar intercâmbios de ideais e experiências entre as insti-
tuições superiores de controle das finanças públicas. Em 1953, aconteceu seu primeiro
congresso em Havana, Cuba, com a participação de 34 Entidades Fiscalizadoras Supe-
riores (EFS). Após 51 aniversários, a INTOSAI conta com aproximadamente 190 mem-
bros e tem como missão a experiência mútua em benefício de todos.

Aplicação da auditoria contábil


Com o crescimento do mercado e a alta competitividade entre as empresas, as
auditorias tornaram-se muito comuns. Com isso, foi e é necessário um desen-
volvimento e adequação às normas que regulam sua aplicação, como também

Fundamentos_U1C01.indd 2 26/09/2016 13:50:17


Estrutura conceitual da auditoria: conceitos/normas 3

um resultado com informações claras, acessíveis, confiáveis em conteúdo e


linguagem adequada à empresa que fará uso dela.
A auditoria contábil é aplicada em diversas empresas, sendo elas nacionais,
multinacionais, de pequeno, médio e grande porte, empresas de capital aberto,
sociedades e empresas de valores mobiliários. Qualquer empresa que julgar
necessário pode contratar um auditor contábil; atualmente, essa prática é
comum no meio empresarial. Outra situação para a realização de uma au-
ditoria contábil é quando a empresa está mudando de sócios. Isso pode dar
credibilidade às informações e passar confiança aos novos sócios.

Perícia contábil x auditoria contábil


A perícia contábil é a prova dos fatos, já a auditoria é mais revisão, verifi-
cação e tende a ser uma necessidade constante repetindo-se periodicamente,
com menos rigores metodológicos pois utiliza-se da amostragem. A perícia
repudia a amostragem como critério e tem caráter de eventualidade e só tra-
balha com o contexto completo, onde a opinião é expressa com rigores de
100% de análise.
A formação acadêmica de um perito passa pelas etapas:

„„ 1º contador,
„„ 2º auditor e
„„ 3º perito

Só é possível ser perito o profissional contador que domina as técnicas de


auditorias, de perícia e tem algum domínio do direito tributário, bancário, co-
mercial, financeiro, penal, administrativo, constitucional, previdenciário, am-
biental, trabalhista e processual, condição desejada para se navegar no meio
jurídico como auxiliar do juízo. Naturalmente que este conhecimento também
é bom para o auditor, mas se exige com mais propriedade do perito, por ser
este junto com o juiz o provedor do equilíbrio da Justiça.
O perito também é visto como cientista, por força do CPC art. art. 145 que
trata do perito como sendo um cientista para assistir o juízo em matérias de
ciência e tecnologia.
A auditoria que também vem do ramo de contabilidade, tem como seu des-
taque, as revisões de procedimentos relativos às atividades de interesse da

Fundamentos_U1C01.indd 3 26/09/2016 13:50:17


4 Fundamentos de auditoria contábil

CVM, pois a lei 6.385-76, art. 26 e 27, enfatizando o registro do profissional


na CVM que está normalizando as condições que considera ideais para con-
ceder o registro.

Auditoria fiscal
A auditoria fiscal é direcionada apenas aos interesses de comprovação tribu-
tária. Esses interesses são da União, dos Estados e dos Municípios. Você pode
descrever as auditorias como:
Auditoria da Receita Federal: direcionada a tributos federais como Imposto
de Renda, Contribuição Social, IPI – Imposto sobre Produtos Industriali-
zados, II – Imposto de Importação, etc.
Auditoria da Receita Estadual: direcionada a tributos estaduais como ICMS
– Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, IPVA – Imposto sobre
a Propriedade de Veículos Automotores, etc.
Auditoria Municipal: direcionada a tributos municipais como ISSQN – Im-
posto sobre Serviços de Qualquer Natureza, IPTU – Imposto sobre a Proprie-
dade Territorial e Urbana.
Auditoria da Previdência Social (AFPS): direcionada a fiscalizar e auditar
as contribuições para o INSS – Instituto Nacional de Seguro Social.

Uma auditoria fiscal pode ser feita por iniciativa do próprio órgão ou por denúncia de
fraudes feitas por indivíduos anônimos ou não.

Estrutura da auditoria
Existem dois tipos de estrutura de auditoria:

1. Auditoria interna
2. Auditoria externa

Fundamentos_U1C01.indd 4 26/09/2016 13:50:17


Estrutura conceitual da auditoria: conceitos/normas 5

A auditoria interna é quando a instituição ou empresa tem um departamento


de auditoria contábil atuando diariamente. Em geral, é feita por empresas de
grande porte ou de mercado aberto. Os acionistas se sentem mais seguros
quando há um departamento de auditoria interna que acompanha a empresa o
tempo todo e que pode diminuir os riscos de fraudes. A estrutura depende do
tamanho da empresa, como nos exemplos abaixo:

Figura 1. Estrutura de auditoria interna em uma sociedade limitada.

Figura 2. Estrutura de auditoria interna em uma empresa de capital aberto.

Fundamentos_U1C01.indd 5 26/09/2016 13:50:17


6 Fundamentos de auditoria contábil

Nos dois exemplos, a estrutura é de auditoria interna, sendo o primeiro de


uma empresa de grande porte, porém de sociedade limitada, e o segundo de
capital aberto.
A auditoria externa segue a resolução CFC nº 1.328/11 conforme a figura
abaixo:

Figura 3. Estrutura das normas de asseguração.

Todos os profissionais independentes, ou seja, o Auditor Externo Contábil


deve conhecer e seguir as normas e as resoluções para a atividade de auditoria.
A resolução CEPC que contém o código de ética profissional é de extrema
importância, pois é com ética que se obtém credibilidade.

Normas
A auditoria, tanto interna quanto externa, pode seguir as normas nacionais
e internacionais, dependendo da estrutura da empresa. Se for uma empresa
multinacional, é comum que além das normas nacionais utilizem as interna-
cionais para dar credibilidade e também deixar de forma padronizada.
As normas nacionais seguem o CFC – Conselho Federal de Contabilidade.
A Estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade está
regulamentada na Resolução CFC nº. 1.328/11

Fundamentos_U1C01.indd 6 26/09/2016 13:50:18


Estrutura conceitual da auditoria: conceitos/normas 7

As NBCs – Normas Brasileiras de Contabilidade – classificam-se em Profis-


sionais e Técnicas.
As Normas Profissionais estabelecem regras de exercício profissional e clas-
sificam-se em:

„„ NBC PG – Geral (Profissional Geral de contabilidade)


„„ NBC PA – do Auditor Independente (Profissional Auditor)
„„ NBC PP – do Perito (Profissional Perito)

As Normas Técnicas estabelecem conceitos doutrinários, regras e procedi-


mentos aplicados de Contabilidade e classificam-se em:
NBC TG – Geral

„„ Normas Completas
„„ Normas Simplificadas para PMEs (Pequenas e Médias Empresas)
„„ Normas Específicas
„„ NBC TSP – do Setor Público
„„ NBC TA – de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica
„„ NBC TR – de Revisão de Informação Contábil Histórica
„„ NBC TO – de Asseguração de Informação Não Histórica
„„ NBC TSC – de Serviço Correlato
„„ NBC TI – de Auditoria Interna
„„ NBC TP – de Perícia

As normas foram renumeradas, de acordo com a Resolução do CFC nº. 1.329/11, para
se ajustarem à nova estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) na forma
aprovada pela Resolução CFC nº. 1.328/11. As Normas cuja numeração ainda obedece
à Resolução CFC nº. 751/93 (NBC P ou NBC T) serão revisadas e reeditadas adotando-se
a nova estrutura de numeração das NBCs.

A norma internacional Sarbanes-Oxley, mais conhecida como SOx ou


Sarbox, foi criada em 2002, nos Estados Unidos, por Oxley, um republicano

Fundamentos_U1C01.indd 7 26/09/2016 13:50:18


8 Fundamentos de auditoria contábil

de Ohio, e Sarbanes, um democrata de Maryland.Tinha como objetivo pro-


mover uma limpeza no mundo empresarial americano devido a escândalos
financeiros envolvendo duas empresas de grande porte.
A SOx é dividida em onze capítulos, com um total de 69 artigos. Ela força
as empresas a reestruturarem seus processos e a aumentarem seus controles,
segurança e transparência na administração dos negócios, na área financeira,
nos registros contábeis e na gestão e divulgação das informações. Torna obri-
gatória uma série de medidas que já eram consideradas como forma de gestão
administrativa. Além disso, cria mecanismos de auditoria e segurança con-
fiáveis, criando comitês encarregados de supervisionar as atividades e ope-
rações. Formados por profissionais independentes, esses comitês têm como
objetivo evitar fraudes e criar meios de identificá-las quando ocorrerem.
Essa norma envolve a alta direção, ou seja, Diretores Executivos e Diretores
Financeiros que se tornam responsáveis por estabelecer e monitorar a eficácia
dos controles internos financeiros e a divulgação dessas informações.
O Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB – Conselho de
Auditores de Companhias Abertas) foi criado para supervisionar os processos
de auditoria das empresas sujeitas a SOx. Tem a missão de estabelecer as
normas de auditoria, controle de qualidade, ética e independência em relação
aos processos de inspeção e a emissão dos relatórios de auditoria. Os audi-
tores de empresas sujeitas a SOx deverão ser registrados no PCAOB.

Fundamentos_U1C01.indd 8 26/09/2016 13:50:18


Estrutura conceitual da auditoria: conceitos/normas 9

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas e procedimentos de auditoria. 3. ed.


Rio de Janeiro, CFC, 1991.

Leituras recomendadas
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Legislação. Brasília: CFC, [c2016]. Disponível
em: <http://cfc.org.br/legislacao/>. Acesso em: 15 set. 2016.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas brasileiras de contabilidade: NBC TA.


Brasília: CFC, 2012. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/
uploads/2013/01/NBC_TA_AUDITORIA.pdf>. Acesso em: 15 set. 2016.

FRANCO, H.; MARRA E. Auditoria contábil. São Paulo: Atlas, 1985.

MAUTZ, J. M. Auditoria: princípios e Técnicas. São Paulo: Atlas, 1988.

SALOMÃO, A. O Brasil e a Lei SOX. TOTVS, 2003. Disponível em: <https://www.totvs.com/


mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/portuguese/sigaice_brasil_sox.htm>. Acesso
em: 15 set. 2016.

Fundamentos_U1C01.indd 9 26/09/2016 13:50:18


Conteúdo:

Você também pode gostar