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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”


PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INDEPÊNDENCIA DA AUDITORIA INTERNA NAS EMPRESAS


BRASILEIRAS

Por: Osmir Carlos de Magalhães Júnior

Orientador
Prof. Jorge Tadeu

Rio de Janeiro
2008
2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE

A INDEPÊNDENCIA DA AUDITORIA INTERNA NAS EMPRESAS


BRASILEIRAS

Apresentação de monografia à Universidade


Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em auditoria e
controladoria

Por: . Osmir Carlos de Magalhães Júnior


3

AGRADECIMENTOS

Gostaria de deixar meus sinceros


agradecimentos à minha família pela
compreensão despendida durante a
feitura deste curso.
4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os


profissionais da área de auditoria interna.
5

RESUMO

O Objetivo deste trabalho é despertar para a importância que o setor de


auditoria interna possui dentro de uma organização, ainda mais com a vinda de
novas legislações, além da busca incessante das empresas pela melhora em
seus resultados. Neste trabalho iremos descrever um pouco sobre o setor de
auditoria interna, suas origens e cenário atual, bem como tipos de trabalhos
executados e como estes devem ser executados pelo auditor. Mostraremos
alternativas para que a execução do trabalho do auditor interno seja conduzido
de forma idônea e um grau de independência satisfatório.
6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesta pesquisa, quanto aos meios, trata-se de


uma pesquisa bibliográfica com ênfase na Internet, artigos e livros. Quanto
aos fins, é uma pesquisa explicativa e descritiva, pois tem a finalidade de
descrever a partir dos dados da literatura pesquisada sobre o assunto, a
importância do setor de auditoria no cenário organizacional atual e sua
independência na execução de seu trabalho. Utilizou-se como fonte de dados,
entre outros, as obras dos principais contabilistas do país, como por exemplo:
Antônio Lopes de Sá e William Attie. A análise dos dados coletados foi
realizada a partir de uma metodologia descritiva, procurando descrever através
do embasamento teórico pesquisado, o que vem a ser auditoria, como ocorre a
execução dos trabalhos e como esta pode ser uma ferramenta de grande
auxílio para o crescimento sustentável de uma empresa.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - A Auditoria 10

CAPÍTULO II - Tipos de Auditoria 16

CAPÍTULO III – O Auditor e as Normas de Auditoria 22

CAPÍTULO IV – Independência na execução do trabalho 38

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
8

INTRODUÇÃO

O atual mundo dos negócios vem exigindo mudanças nos processos,


principalmente no planejamento e no controle econômico financeiro, de forma
que os padrões de eficiência e eficácia garantam a sobrevivência
organizacional.

A Auditoria especialmente a interna, tem sido considerada uma


estratégia eficiente para acompanhamento e avaliação das atividades
contábeis ou operacionais, de forma a atender as particularidades da empresa
e as necessidades do mercado.

A auditoria interna das empresas brasileiras vem sendo de suma


importância, com relação ao gerenciamento dos riscos de negócio e no suporte
à governança corporativa. Os resultados alcançados demonstram a relevância
da área para o fortalecimento dos processos e o tratamento de questões
relacionadas a controles internos, eficiência operacional e aderência as
normas internas e externas.

Esta cultura vem se expandindo nas empresas brasileiras, pois no


pouco tempo de existência, é possível mensurar diminuição nos valores
perdidos oriundos de fraude, seja ela interna ou externa, além de melhoras
consideráveis na elaboração dos processos internos.

E a cada ano a auditoria deverá estar cada vez mais bem preparada
para demonstrar sua importância na consecução das estratégias de negócio
da organização e na geração de valor à empresa.

Apesar do nível de confiança existente, podemos observar que a


auditoria interna ainda tem um grande desafio a vencer em temas como
objetividade, comunicação , mensuração dos resultados e conhecimento das
particularidades do negócio da empresa. E para isto ocorrer e necessário uma
9

grau de independência com relação aos gestores da empresa, caso contrário o


setor não conseguirá executar o seu papel dentro da organização de forma
coerente e útil.

A partir dessas concepções, o presente estudo pretende responder, se


atualmente, a auditoria interna nas empresas brasileiras possuem a
independência necessária para execução de seus trabalhos e como podemos
melhorar a estrutura e papel deste setor para atingir o grau necessário.

E com as mudanças propostas, podemos também ter uma percepção


mais clara e evidente dos benefícios da auditoria, e buscar meios de
quantificar o valor proporcionado pela função e nortear a atuação na execução
das estratégias da empresa. Na medida em que os benefícios oriundos dos
trabalhos se tornarem mais perceptíveis será possível ter uma visão do retorno
sobre o investimento na auditoria interna.

CAPÍTULO I
A Auditoria
10

A auditoria é um conjunto de atividades e técnicas específicas para a


avaliação da gestão de um empresa ou área. Os procedimentos e as técnicas
utilizadas na auditoria permitem a formação fundamentada e documentada de
opinião.
A função de auditor pode ser exercida por qualquer pessoa que esteja
verificando a legitimidade de fatos econômicos e financeiros, prestando contas
a um responsável superior, sendo assim fica difícil precisar quando surgiu a
atividade da auditoria. Alguns fatos históricos nos ajudam a estabelecer o
início deste trabalho tão importante atualmente:

ü Na Roma antiga os imperadores nomeavam altos funcionários que ficavam


com a responsabilidade de supervisionar as operações financeiras de seus
administradores provinciais e prestar contas verbalmente;

ü Na França, no século III, os barões tinham que realizar leitura pública das
contas de seus domínios, na presença de funcionários escolhidos pela Coroa;

ü No Brasil, a corte portuguesa destacava um juiz colonial, para verificar o


recolhimento de tributos, reprimindo e punindo as tentativas de fraude ou
inadimplência.

Observando os exemplos acima podemos perceber que a auditoria já


existia de forma intrínseca e a preocupação dos dirigentes era exclusivamente
com as possíveis fraudes.

No quadro a seguir adaptado de Jund (2002, p.48), podemos observar


o surgimento e a evolução de forma resumida da função de auditoria.

Origem Revolução Industrial Surgimento no Brasil


Século XV Século XVIII Século XX
Itália Inglaterra Brasil
11

Cenário: Empresas de Cenário: Surgimento de Cenário: Empresas


pequeno porte, empresas de médio e familiares. Filiais de
tipicamente familiares. pequeno porte. Aumento da empresas de grande porte
Publicação do método demanda de capital estrangeiros.
das partidas dobradas acionista. Problemas
(Frei Luca Pacioli) contábeis mais complexo.
Desenvolvimento e
implantação de sistemas de
controles internos cuja
finalidade era prevenção de
erros e falhas.

Auditoria: Profissional - Auditoria: Profissional – Auditoria: Realizada por


guarda livros guarda livros auditores vindos do
estrangeiro, com o objetivo
de enviar informações das
filiais para a matriz no
exterior.
Procedimentos: Análise Procedimentos: Avaliação Procedimentos: Avaliação
e revisão de 100% dos dos sistemas de controles e revisão dos sistemas de
lançamentos contábeis internos. Análise e revisão controles internos. Análise
dos lançamentos contábeis e revisão dos lançamentos
por sistema de contábeis por sistema de
amostragem. amostragem.

Conseqüências: Falha Conseqüências: Risco de Conseqüências: Risco de


na conferência dos emitir uma opinião errada. emitir uma opinião errada.
lançamentos.
Objetivo: Identificação Objetivo: Identificação de Objetivo: Identificação de
de erros e falhas. causas dos erros e falhas e causas dos erros e falhas
a sua prevenção. e a sua prevenção.
Comprovar a exatidão dos Comprovar a exatidão dos
dados apresentados nos dados apresentados nos
balanços. Resguardar os balanços. Resguardar os
interesses dos acionistas interesses dos acionistas
por meio de opiniões por meio de opiniões
independentes. independentes.

Entretanto, a maioria dos livros aponta o pós crise americano de 1929,


e com a criação do famoso Comitê May, como o grande salto do setor de
auditoria interna e externa. Pois um grupo de trabalho foi instituído para
12

estabelecer regras às empresas que tivessem suas ações na bolsa, tornando o


trabalho de auditoria independente obrigatório nas demonstrações financeiras.

Pela necessidade de acesso a informações e documentos da empresa,


foram designados funcionários internos para auxiliar o trabalho da auditoria.
Criando a idéia da auditoria interna, tendo em vista, que os gastos eram
reduzidos com relação a auditoria externa, além disto criava um setor que
fosse verificar permanentemente outras rotinas e processos da empresa.

Foi criada então a Auditoria Interna, sendo uma ferramenta para


assessorar a administração da empresa e avaliar de forma independente os
processos organizacionais.

Com a evolução do setor, a mesma deixou de servir apenas para


comprovar a exatidão dos registros contábeis de uma empresa. Atualmente a
auditoria representa uma crítica muito mais profunda e sistemática de todos os
fatos e registros, que fazem parte do cotidiano deu ma empresa, com a
finalidade de fornecer a todos os seus usuários, seja interno ou externo, uma
visão imparcial, em princípios legais que facilitem a tomada de decisões.

O Conselho Federal de Contabilidade, em seu pronunciamento NBC –


T 12, define da seguinte maneira as atividades da auditoria interna: A Auditoria
interna constitui um conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo
examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos e das
informações físicas, contábeis, financeiras, operacionais da entidade.

Sá (1999, p.22) define a auditoria da seguinte forma:

Auditoria é a técnica contábil do sistemático exame dos registros, visando


apresentar conclusões, críticas e opiniões sobre as situações patrimoniais e
aquelas dos resultados, quer formadas, quer em processo de formação.
13

Mello (1996, p.21) define a auditoria interna como:

Atividade de avaliação independente e de assessoramento da administração,


destinada para o exame e avaliação da adequação e eficácia dos sistemas
de controle, assim como da qualidade do desempenho das áreas em relação
às atribuições e aos planos, metas, objetivos e políticas definidos para as
mesmas. Nesta definição Mello destaca os termos “eficiência” e “eficácia”,
que respectivamente correspondem aos resultados atingidos, por uma
organização, com menor custo, maior velocidade, melhor qualidade, e ao
grau em que uma organização atinge os objetivos de sua política.

Para Attie (1998, p.24):

A Auditoria interna constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem


por objetivo examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles
internos e das informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais do
órgão ou entidade.

Nas várias definições que pesquisei sobre a auditoria interna, pude


observar um aspecto comum evidenciado, se refere ao objetivo de examinar a
integridade, adequação e eficácia dos controles internos e das informações
físicas, contábeis, financeiras, operacionais da empresa.

A auditoria interna é uma atividade de avaliação independente e de


assessoramento da administração. O seu trabalho é voltado para avaliação da
adequação, eficiência dos sistemas de controle, bem como da qualidade do
desempenho das áreas em relação as atribuições, metas, objetivos e políticas
internas definidas pelo próprio setor.

O setor de auditoria deve ter um posicionamento dentro da


organização, suficientemente elevado, para permitir-lhe o desempenho de
suas responsabilidades com abrangência e independência.

Para um melhor entendimento, demonstro abaixo um quadro, onde


estão descritas as principais diferenças entre a Auditoria Interna e Externa.

Auditor Interno Auditor Externo


14

É empregado da empresa auditada. Não tem vínculo empregatício com a


empresa, mas possui um vínculo
"comercial"
Menor grau de independência . Maior grau de independência .

Examina os controles internos e as Examina as Demonstrações Financeiras


Demonstrações Financeiras

Maior volume e abrangência nos Menor volume nos teste, tendo em vista o
trabalhos executados. foco do seu trabalho.

Objetivo é verificar se as normas Objetivo principal é emitir um parecer ou


internas estão sendo seguidas e sua opinião sobre as demonstrações
adequação a atividade executada financeiras.
pela empresa. Além de sugerir
novas normas caso seja necessário.

Observamos, com o exposto, que a auditoria é muito importante ao


mercado e a todos os usuários das demonstrações contábeis auditadas para
suportar determinadas transações e decisões, pela confiança que gera a todo
o processo, quanto a qualidade das informações prestadas. Além disto
podemos verificar que ao longo do tempo vem se tornando uma ferramenta
essencial para a alta administração.

CAPÍTULO II
Tipos de Auditoria

O Contador, na função de auditor interno, classifica seu trabalho


conforme o enfoque que lhes é definido, pela empresa. Desta forma, podemos
ter sua atuação em vários tipos e abrangências de trabalhos, com enfoques
15

diferentes, podendo em algum momento solicitar a colaboração de outros


profissionais especializados, para a orientação nos pontos que não são de seu
conhecimento, como informações técnicas em determinadas áreas.

A auditoria foi dividida em vários tipos, dependendo do campo de


atuação que será realizado a auditoria:

ü Auditoria contábil ou financeira:

É o método para realizar a constatação da integridade contábil de uma


empresa. Além das sociedades anônimas de capital aberto, que são obrigadas
a fazer a auditoria por possuir ações em bolsa de valores, a auditoria é
fundamental para todas as demais empresas que visam a integridade das
informações contábeis, visualizando a real situação econômica e financeira.

Assim, empresa com vários sócios seja ela de médio ou grande porte,
independente do ramos de atividade que pertencem podem optar por ter
auditoria interna para qualificar sua verdadeira situação.

Engana-se a empresa que acha que a auditoria contábil é apenas uma


despesa a mais para a empresa, quando o pensamento vem com este
propósito a auditoria é procurada quando a situação da empresa já está com
problemas muitos sérios, e é neste momento que a empresa passa a ter não
só a despesa com a auditoria mais também com outras despesas, como
advogados e com os processos que a empresa possa ter contraído devido a
não percepção do problema no inicio.

A auditoria realizada junto a área contábil tem por objetivo identificar a


adequação dos registros e procedimentos da empresa, a qualidade dos
controles internos existentes, a observação das normas e regulamentos
traçados pela administração, bem como a avaliação da correta aplicação dos
16

princípios fundamentais de contabilidade e as normas brasileiras de


contabilidade.

Há as seguintes observações:

• exatidão, fidedignidade, justeza, completabilidade, tempestividade da


apresentação e da publicação das demonstrações contábeis, de qualquer
relatório formal ou institucional, de natureza orçamentária, financeira,
contábil ou tributária;
• correção, eficácia e adequação dos controles da guarda, da divulgação, do
arquivo, dos meios de consulta e da informatização da documentação
pertinente à área contábil, bem como das formas de identificação,
classificação, comunicação e divulgação das respectivas informações;
• eficiência, eficácia e economicidade na utilização de recursos e na
administração contábil-financeira e tributária de fundos e programas;
• cumprimento das políticas, procedimentos, normas legais e regulamentos,
metas e objetivos compreendidos na área auditada;
• exame e avaliação da rentabilidade das aplicações e sua contribuição na
formação do resultado da empresa;
• transparência, adequação e tempestividade das informações,
particularmente em relação aos princípios fundamentais de contabilidade;
• emissão de opinião sobre as demonstrações contábeis, fundos e
programas e planos de natureza financeira, instituídos ou administrados
pela empresa;
• assessoramento ao conselho fiscal, em matéria compreendida no âmbito
de sua competência específica; e
• acompanhamento dos trabalhos da auditoria independente.

ü Auditoria operacional:
17

Auditoria gerencial, auditoria de programas, auditoria de resultado,


auditoria interna moderna, são algumas das denominações que é usado para
designar a auditoria operacional.

Inicialmente cabe lembrar que a auditoria operacional é uma evolução


da auditoria tradicional, que deixou de ser especificamente contábil para
tornar-se mais abrangente, acrescentando a verificação da legalidade e
correção dos registros contábeis, a determinação de economicidade, a
eficiência e a eficácia da empresa.

Teoricamente não existe diferenças significativas em relação a


realização de uma auditoria financeira e uma auditoria operacional, porém
estas diferenças aparecem quando é analisado os objetivos de cada uma
delas. O objetivo maior da auditoria operacional é assessorar a administração
no desempenho efetivo de suas funções e responsabilidades, avaliando se a
organização, departamento, sistemas, funções, operações e programas
auditados estão atingindo os objetivos propostos com identificação de falhas e
irregularidade no sistema operacional.

ü Auditoria de gestão:

A auditoria interna em nível gerencial desempenha suas atividades


participando de reuniões de diretoria, comitês operacional-financeiros, grupos
envolvidos com projetos de qualidade total, e outros. Trabalha em nível de
planejamento estratégico, tático e no processo decisório decorrente da
aplicação de sistemas, políticas, critérios e procedimentos.

ü Auditoria de sistemas informatizados:


18

Como passar dos anos, os sistemas informatizados tiveram sua


aplicação tão ampliada, que se tornou difícil imaginar a empresa sem a ajuda
da tecnologia. Instituições financeiras, indústrias, comércio, serviços, tudo está
estruturado em nível de controles sobre os sistemas informatizados.

Dessa forma, o auditor interno não pode furtar-se à possibilidade de


examinar e avaliar esses sistemas. O auditor interno envolve-se no processo
de planejamento, desenvolvimento, testes e aplicação dos sistemas,
preocupando-se com a estrutura lógica, física, ambiental, organizacional de
controle, segurança e proteção de dados. Cabe-lhe informar a administração
sobre: adequação, eficácia, eficiência e desempenho dos sistemas e
respectivos procedimentos de segurança em processamento de dados.

ü Auditoria de qualidade:

Com o aumento da competitividade em função da globalização da


economia e das exigências de novos mercados, passou-se a conviver
diariamente com novos conceitos em produtos e serviços, a que é chamado
qualidade. As normas ISO 9000 definem claramente as exigências que devem
ser perseguidas a fim de se obter a qualidade. O auditor interno mais uma vez
é chamado a dar sua contribuição, assessorando a alta administração.
Pode se dizer que a auditoria da qualidade é uma avaliação planejada,
programada e documentada, executada por pessoas independentes da área
auditada, visando verificar a eficácia de um sistema implantado, no
atendimento dos objetivos e padrões preestabelecidos, servindo como
mecanismo de retroalimentação e aperfeiçoamento do próprio sistema.

A auditoria de qualidade pode ser classificada em interna e externa:

• Auditoria interna da qualidade – quando ocorre avaliação do plano de


desenvolvimento do produto, para verificar o atendimento dos requisitos do
cliente;
19

• Auditoria externa da qualidade – avaliação de fornecedores de matérias-


primas.

Quanto ao objeto, a auditoria de qualidade classifica-se em:

• Auditoria de Sistemas;
• Auditoria de Processos; e
• Auditoria de Produtos.

ü Auditoria ambiental:

A auditoria ambiental é uma das áreas mais recentes na auditoria.


Prática corrente em países do primeiro mundo, é o ramo da auditoria interna
que examina e analisa os prováveis impactos que a empresa possa estar
causando ao meio ambiente, com reflexo direto sobre a imagem dela no
mercado e, consequentemente, sobre a captação de recursos, sob a forma de
financiamentos ou lançamento de ações no mercado financeiro.

O trabalho da auditoria interna deve caminhar no sentido de formar


opiniões consistentes, não apenas em relação aos custos dos
empreendimentos, como também aos riscos ambientais previstos com sua
implantação e às medidas compensatórias e reparadoras a serem tomadas.

Um exame de auditoria em atividades com envolvimento em relação ao


meio ambiente deverá considerar a existência de relatório de impacto
ambiental, as políticas traçadas pela alta administração. É preciso saber como
e quanto a utilização predatória dos recursos naturais degrada a qualidade do
meio ambiente, afeta a vida de uma população ou mesmo o valor de uma
propriedade próxima às instalações da empresa.
20

CAPÍTULO III
O Auditor e as Normas de Auditoria

O auditor é a pessoa ao qual está sendo confiada informação


privilegiada e que seus pareceres podem mudar o destino da empresa, uma
vez que está ligado a administração e suas informações servem de base para
tomadas de decisões e em virtude desta responsabilidade. O auditor precisa
ter qualificações fundamentais para que seu trabalho possa ser bem
desempenhado entre elas podem ser destacadas:
21

ü A auto análise:
O auditor cuja a função principal é a critica do trabalho alheio, deve
constantemente analisar o seu trabalho levando – o a uma auto crítica,
considerando as anotações contida nos papéis de trabalho, procurando acima
de tudo verificar estas anotações e se elas oferecem suporte evidente a seu
relatório.

ü Imparcialidade:
O auditor deve ser imparcial não sofrendo influência de outras pessoas ou
qualquer inclinação sentimental e pessoal, de maneira a evitar informações
incompletas ou diferentes das reais informações.

ü Sigilo profissional:
O sigilo profissional é importante para quem conta com o auditor com o
intuito de obter êxito na conclusão da auditoria. Assuntos de natureza
confidencial devem ser debatidas somente com as pessoas autorizadas ao
assunto. Porém nenhuma informação que chega ao conhecimento do auditor
em virtude se deu trabalho pode ser usada em benefício próprio.

ü Bom senso para revisão ou sugestão de alguma modificação:

- Tolerância dentro do que é justo;


- Abandono de detalhes que não prejudiquem o todo;
- Seriedade e equilíbrio ao julgar; e
- Atitude que o leve a ver as virtudes antes dos erros.

ü Autoconfiança:
A autoconfiança é a geradora de posturas positivas. O auditor que não se
sinta seguro quanto a sua cultura, inteligência e experiência, não tem
condições de apresentar um bom trabalho. Portanto, o auditor ao sentir alguma
insegurança deve se auto-analisar para descobrir qual é o motivo, e
posteriormente procurar a solução.
22

O Auditor deve possuir:

ü Capacidade para aplicação de normas, técnicas e procedimentos na


realização da auditoria interna;
ü Capacidade na área de princípios e técnicas contábeis ao fazer registros e
relatórios financeiros;
ü Conhecimento dos princípios de administração para verificar a relevância e
a significação dos eventuais desvios;
ü Conhecimentos dos fundamentos de contabilidade, economia, direito
comercial, impostos, finanças, métodos quantitativos e sistemas de
processamento eletrônico de dados.

A contabilidade capta, registra, acumula, resume e interpreta os


fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas da
entidade de qualquer finalidade. As informações fornecidas pela contabilidade
não se limitam à apresentação do balanço patrimonial e a demonstração do
resultado, mas ao fornecimento de um fluxo contínuo de informações dos mais
variados aspectos de gestão econômica, financeira e gerencial da entidade.

Dentro desta visão, podemos observar a importância que o


conhecimento da empresa é para o auditor, bem como os conhecimentos
referente a essência da contabilidade e seus princípios.

Além disto, é importante que o Auditor conquiste o respeito e confiança


das pessoas cujo trabalho examina, mantendo relações cordiais e
exclusivamente profissionais com as mesmas. Ele precisa ser uma pessoa
com conduta correta, independente, confidente, equilibrada e saber colocar a
palavra no tempo e local apropriado.

O processo evolutivo do auditor deve ser constante para não se tornar


obsoleto em curto espaço de tempo. Essa atualização é obtida através do
23

treinamento contínuo que visa o crescimento qualitativo da equipe, fornecendo


novas habilidades para realizarem um trabalho melhor, ou condições para
proceder a um novo trabalho.

Comumente, as forma de educação utilizadas são: participação em


debates, eventos na empresa, sessões de desenvolvimento técnico e
gerencial, palestras dadas por outras organizações, exercícios de auto-
desenvolvimento, leituras técnicas e busca de conhecimentos através da
Internet (sites, artigos, etc.). A equipe deve sempre estar estimulada na busca
do conhecimento por esforço próprio, além do treinamento através de
pesquisa.

O rodízio nos trabalhos realizados reúne aspectos positivos a toda a


equipe de auditores internos, para obtenção do grau de conhecimento de
maior amplitude. Para um plano de carreira é importante associar a
experiência profissional em conjunto com a evolução técnica. Esse plano de
carreira permite adicionar aos poucos conhecimento e técnica na formação do
auditor, concedendo a todos os integrantes do quadro de auditoria condições e
tempo para que tal evento ocorra.

O auditor interno possui as seguintes responsabilidades:

ü Observar com maior rigor do que qualquer outro empregado, os


regulamentos internos da empresa;
ü Manter alto padrão de comportamento moral e funcional;
ü Ser discreto, não se utilizando de fatos apurados para proveito
próprio;
ü Reportar eventuais sugestões sobre possíveis melhorias de sistemas
de controle ou trabalho;
ü Só reportar fatos que possam ser comprovados por documentos
verificados e que não possam ser contestados;
24

ü Manter sempre presente perante o setores que audita, não tem


função de espião ou fiscal, mas sim de empregado categorizado, que
tem funções definidas dentro da organização.

Além de todas estas responsabilidades o Auditor deverá sempre atentar


para sua conduta ética, que tem como princípios básicos:

ü Respeitar sempre a hierarquia imposta;


ü Pedir ao invés de exigir colaboração;
ü Manter sigilo sobre o trabalho executado, bem como as informações
obtidas;
ü Portar-se conforme sua função e posição;
ü Observar usos e costumes geralmente aceito.

Em 24 de março de 1995, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu a


Resolução 780, definindo as Normas Brasileiras de Contabilidade Relativas à
auditoria interna – NBC T 12 - , divididas em :

- Conceituação e Disposições Gerais;


- Normas de Execução dos trabalhos; e
- Normas relativas ao relatório do auditor interno;

E as Normas Profissionais do auditor interno – NBC P 3 – divididas em:

- Competência Técnico-profissional;
- Autonomia Profissional;
- Responsabilidade do auditor interno na execução do trabalho;
- Relacionamento com profissionais de outras áreas;
- Sigilo; e
- Cooperação com o auditor externo.
25

As Normas de Auditoria:

As normas gerais para o trabalho de auditoria são conhecidas como


normas de auditoria geralmente aceitas. Essas normas determinam a estrutura
dentro da qual o auditor decide sobre o que é necessário à elaboração de um
exame de demonstrações financeiras, à realização do exame e a redação do
relatório. Essas normas servem para medir a qualidade dos objetivos de
auditoria e dos atos destinados a atingir esses objetivos.

A criação de normas para auditoria interna é tarefa complexa, face a


diversidade dos projetos desenvolvidos na área e as abordagens
especialmente talhadas para cada trabalho especificamente. No Brasil, o
exercício profissional da auditoria interna está atrelado pelas normas
brasileiras para a auditoria interna.
As normas da contabilidade para a auditoria interna:

A auditoria interna constitui o conjunto de procedimentos técnicos que


tem por objetivo examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles
internos e das informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais da
empresa.

A auditoria interna é de competência exclusiva de contador registrado


em Conselho Regional de Contabilidade, nesta norma denominado auditor
interno.

Procedimentos para a execução do trabalho:

ü Planejamento da Auditoria Interna.


O planejamento do trabalho de auditoria interna compreende os exames
preliminares da empresa, para definir a área de trabalho do trabalho a ser
realizado de acordo com as diretivas estabelecidas pela administração. O
planejamento deve considerar todos os fatores relevantes na execução.
26

Destacando-se:
• conhecimento detalhado dos sistemas contábil e de controles
internos da empresa e seu grau de confiabilidade;
• a natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos de auditoria
interna a serem aplicados;
• a existência de empresas associadas, filiais e partes relacionadas
que estejam na extensão dos exames da auditoria interna;
• os ciclos operacionais da organização relacionados com volume de
informações e operações;
• conhecimento das atividades operacionais da organização, como
suporte para a análise eficaz dos procedimentos e sistemas de
contabilidade de custos que estão sendo aplicados para acompanhar
e controlar o uso e o consumo de recursos, com a intenção verificar
a existência de desvios em relação às rotinas preestabelecidas;
• conhecimento orçamentário, tanto operacional como de
investimentos, no sentido de verificar a exatidão de apropriação dos
valores, se os desvios estão sendo controlados e se as
conseqüentes ações corretivas estão sendo aplicadas;
• auditor interno deve documentar seu planejamento e preparar, por
escrito, o programa de trabalho, detalhando o que for necessário à
compreensão dos procedimentos que serão aplicados; e
• Os planos de trabalho, estruturados de forma a servir como guia e
meio de controle, devem ser revisados e/ou atualizados quando
houver necessidade.

ü Procedimentos da auditoria.
Os procedimentos de auditoria interna são os exames, incluindo testes
de observância e testes substantivos, que permitem ao auditor interno obter
provas suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações. Os
testes de observância visam a obtenção de uma razoável segurança de que os
27

controles internos estabelecidos pela administração estão em efetivo


funcionamento, inclusive quanto ao seu cumprimento pelos funcionários da
organização.

Os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à


suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de
informações da organização. As informações que fundamentam os resultados
da auditoria interna são denominadas de evidências, que devem ser
suficientes, fidedignas, relevantes e úteis, de modo a fornecerem base sólida
para as conclusões e recomendações.

ü Aplicação dos Procedimentos de Auditoria Interna:


O auditor interno deve obter, analisar, interpretar e documentar as
informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais para dar
fundamentação aos resultados de seu trabalho.

O processo de avaliação das informações contábeis compreende:


• A obtenção de informações sobre todos os assuntos relacionados
com os objetivos e alcance da auditoria interna. As informações
devem ser suficientes, adequadas, relevantes e úteis no
fornecimento de evidências.
• a informação suficiente é factível e convincente, de tal forma que
uma pessoa prudente e informada possa entendê-la da mesma
forma que o auditor interno;
• a informação adequada é aquela que, sendo confiável, propicia a
melhor evidência alcançável através do uso apropriado das técnicas
de auditoria interna;
• a informação relevante é a que dá suporte às conclusões e
recomendações da auditoria interna;
• a informação útil é a que auxilia a empresas a atingir suas metas.
28

A aplicação dos procedimentos, incluindo os testes e técnicas de


amostragem, deve ser definida antecipadamente e ampliada ou alterada se
houve necessidade. O processo deve ser supervisionado para garantir com
segurança de que o objetivo do trabalho da auditoria interna está sendo
atingido. O auditor interno deve adotar procedimentos adequados para
assegurar-se que todas as contingências ativas e passivas relevantes,
decorrentes de processos judiciais, reivindicações e reclamações, bem como
de lançamentos de tributos e contribuições em disputa, foram identificadas e
são do conhecimento da administração da empresa. O auditor interno deve
examinar a observância das legislações tributária, trabalhista e societária, bem
como o cumprimento de normas reguladoras a que estiver sujeita a empresa.
ü Fraude e erro:
Ao realizarem seus exames, os auditores internos devem estar
conscientes da possibilidade de existirem fraudes ou erros nos registros que
examinam. Devem, portanto, examinar com zelo profissional os meios usados
para proteger o patrimônio contra os diversos tipos de danos decorrentes de
roubo, fraude, atividades ilegais ou atentatórias a esse patrimônio, assim como
sua segurança contra mau uso, incêndios e situações similares.

Os auditores internos devem ter conhecimentos técnicos sobre os


sistemas e procedimentos da organização, bem como sobre os tipos e
características básicas de fraude ou erros possíveis de ocorrerem na área de
atividades de seus exames. Devem, ainda, ser capazes de identificar os
indícios de possíveis ocorrências de fraudes ou riscos de atos atentatórios,
aqui incluídos os erros, ao patrimônio da organização.

A prevenção desses riscos compreende as medidas tomadas pela


administração por meio de um sistema contábil adequado e um controle
interno eficaz, a fim de desencorajar sua perpetração e limitar sua
possibilidade de ocorrência. A adoção de controles que previnam a ocorrência
de fraudes contra o patrimônio, ou permitam detectá-las quando ocorrem, é
29

responsabilidade tanto gerencial quanto diretiva. A constatação da existência


de fraudes contra o patrimônio é responsabilidade da administração, mediante
a estrutura de controle por ela determinada.

O auditor interno deve assessorar a administração no trabalho de


prevenção de erros e fraudes, obrigando-se a informá-la, de maneira
reservada, sobre quaisquer indícios ou confirmações de erros ou fraudes
detectados no decorrer de seu trabalho. Os exames da auditoria interna tem, o
escopo de assessorar a administração na prevenção de fraudes, por quanto
são efetuados com bases em testes, de tamanho e periodicidade apropriados.

Se o auditor tivesse a responsabilidade específica de descobrir todas as


fraudes, teria de ampliar seu trabalho a tal ponto que seu custo poderia vir a se
tornar proibitivo ainda assim, ele não poderia garantir que todos os tipos de
fraude teriam sido descobertos, ou que nenhuma outra existisse, porque as
operações não-contabilizadas, as fraudes em custeio e as falsificações não
seriam necessariamente descobertas.

O erro decorre de atos involuntários de omissão, desatenção,


desconhecimento ou má interpretação de fatos na elaboração dos registros
contábeis e demonstrações contábeis, bem como da deficiência no
cumprimento dos controles internos.

ü Documentação da Auditoria Interna – Os papéis de trabalho.


O auditor interno deve documentar, através de papéis de trabalho, todos
os elementos significativos dos exames realizados, que evidenciem ter sido a
auditoria interna executada de acordo com as normas aplicáveis. Os papéis de
trabalho devem ter abrangência e grau de detalhe suficientes para propiciarem
a compreensão do planejamento, da natureza, da oportunidade e extensão dos
procedimentos de auditoria interna aplicados, bem como do julgamento
exercido e do suporte das conclusões alcançadas. Os papéis de trabalho
30

devem ser elaborados, organizados e arquivados de forma sistemática e


racional.

Ao se utilizar de análises, demonstrações ou quaisquer outros


documentos, o auditor interno deve certificar-se de sua exatidão, sempre que
integrá-los aos seus papéis de trabalho. Os papéis de trabalho são o conjunto
de documentos e apontamentos com informações e provas coligidas pelo
auditor interno que substanciam o trabalho executado.

Os papéis de trabalho se classificam em:

• Permanentes:
São os papéis que serão utilizados por mais de um período e são os que
contêm informação relacionada com as atividades as empresa. São montados
e compilados numa primeira etapa de auditoria normalmente na primeira visita
e mantidos sob constante atualização nos anos seguintes.

• Correntes:
São os que contêm as informações relacionadas com o tipo de auditoria
em execução e devem sempre conter objetivos do exame, comentários sobre
as falhas de controle interno e sobre as áreas que objetivos do exame.

Detalhes dos teste efetuados e os problemas detectados nas diversas


áreas auditadas. E conclusão sobre os trabalhos efetuados.

Principais papéis de trabalho:

• Folhas mestras:
São as preparadas de forma a permitir a referência imediata ao balanço
final. Assim sendo quando se tratar de um primeira auditoria, deve ser
preparada com base no último balanço.
31

• Folhas sustentatórias:
Destinam-se a análise da conta à qual estão sendo vinculadas, para
justificar os valores nelas contido.

• Folhas de ajustes:
Os ajustes são aqueles lançamentos necessários para a retificação dos
livros e incluem todos os lançamentos que afetam a receita líquida do
exercício, alteram a movimentação dos lucros acumulados do período ou o
saldo dos lucros acumulados no início ou no fim do período.

• Folhas de reclassificação:
Destinam-se a indicar as eventuais reclassificação recomendadas no
transcurso do trabalho de auditoria. As reclassificações incluem lançamento
que se relacionam somente com a classificação do ativo e do passivo,
constante do balanço geral.

ü Amostragem Estatística.
Ao determinar a extensão de um teste de auditoria interna ou método de
seleção dos itens a serem testados, o auditor interno pode empregar técnicas
de amostragem estatística.

ü Processamento Eletrônico de Dados.


O auditor interno deve dispor de conhecimento suficiente dos recursos
de processamento eletrônico de dados - PED e dos sistemas de
processamento da empresa, a fim de avaliá-los e planejar adequadamente seu
trabalho. O uso de técnicas de auditoria interna que demande o emprego de
recursos de PED, requer que o auditor interno as domine completamente, de
forma a implementar os próprios procedimentos ou, se for o caso, orientar,
supervisionar e revisar os trabalhos de especialistas.

ü Normas relativas ao relatório da auditoria interna.


32

O Relatório do auditor é o produto final do seu trabalho e, como tal, deve


ser apresentado, visto e entendido pelo auditado, ou mesmo pelo usuário da
auditoria. Considerado como veículo principal de relacionamento entre o
auditor e a empresa auditada, o relatório é documento técnico pelo qual o
auditor interno comunica os trabalhos realizados e deve obedecer a normas de
apresentação, forma e objetivos.

O Relatório é o ponto de ligação entre o trabalho planejado e o


efetivamente realizado. É o instrumento que revela à administração da
empresa a qualidade e a contribuição da auditoria interna, suas constatações,
opiniões técnicas e recomendações.

Serve também como documento de avaliação do trabalho efetuado pelo


auditor, podendo ser reportado nas seguintes situações:

• execução de um trabalho incompleto: sem examinar fatos relevantes, não


constatando situações importantes;
• execução de um trabalho com imperícia: exame dos fatos sem a
constatação quanto ineficiência e desacertos; e
• execução de trabalho com negligência: verificaram-se fatos desabonatórios
e não foram relatados, ou o foram com ineficiência, não possibilitando
avaliações precisas.

O relatório do auditor interno é confidencial e deve ser apresentado ao


superior imediato ou pessoa autorizada que o tenha solicitado. O auditor
interno deve, no seu relatório, destacar, quando mister, as áreas não
examinadas, informando os motivos pelos quais não as contemplou.

O relatório deve conter avaliações precisas dos fatos verificados,


recomendando mudanças que visem ao saneamento das irregularidades
levantadas, estabelecendo controles e conferências que possibilitem eliminá-
33

las em definitivo. O relatório deve, além de objetivo, ser oportuno,


possibilitando a adequada tomada de decisão pela administração da empresa.

ü A Importância do relatório de auditoria.

Para o Auditado:
• funciona como uma avaliação do trabalho do auditor; e
• indica a necessidade de ações corretivas.

Para a Administração:
• é um indicador de avaliação do desempenho dos seus profissionais, em
suas funções.

Para a Auditoria:
• objetivamente, é um dos meios pelo qual a alta administração julga e avalia
a qualidade da auditoria.

ü Tipos de Relatórios:

Relatórios Preliminares:
• relatórios periódicos, emitidos durante o andamento de uma auditoria;
• apresentam maior simplicidade na formulação; e
• são ágeis na discussão dos pontos junto ao auditado.

Relatórios Finais:
• são completos e abrangentes;
• incluem informações quanto à natureza dos assuntos, escopo do trabalho e
índice de pontos; e
34

• incluem, além dos fatos e recomendações, uma opinião geral sobre a área
auditada.

Relatórios Especiais:
• originários de trabalhos de natureza especial, como por exemplo:
- compra de uma empresa;
- avaliação de um projeto específico;
- acompanhamento da fabricação de equipamento de grande porte adquirido
pela empresa;
• assuntos confidenciais, que não podem ser tratados em relatórios normais;
• trabalhos específicos, como: apreciação da atuação de executivos;
suposições de fraudes.

ü Normas para a execução da auditoria interna.


A auditoria é parte integrante da empresa e de suas funções, de acordo
com as políticas traçadas pela administração e pela diretoria. A declaração de
finalidades, autoridade e responsabilidade para a auditoria interna, deve ser
compatível com as normas para o exercício profissional da auditoria interna.

Os documentos normativos da empresa, seja o manual ou normas,


devem deixar claras as finalidades da auditoria interna, especificar o âmbito
restrito de seu trabalho e declarar que os auditores não têm autoridades
sobres as atividades que examinam nem são responsáveis por elas.

A auditoria interna é realizada nos mais diversos setores de empresas


cujo porte, finalidade e estrutura iram variar de empresa para empresa. Além
disso, as leis e os costumes se diferem entre elas, podendo afetar o exercício
da auditoria interna em cada empresa ou setor.

Porém é essencial que se observe os conceitos das normas, para que


se possa cumprir as responsabilidades dos auditores internos. O termo
independência que é usado exige esclarecimento, os profissionais devem ser
35

independentes em relação as atividades que examinam e isso permite que


eles venha a trabalhar livre e objetivamente, para a obtenção dos resultados
esperados.

No entendimento das normas deve ser considerado:


• As diretorias são cada vez mais responsabilizadas pela adequação e
eficácia dos sistemas de controle interno e pela qualidade do desempenho da
empresa;
• Os colaborados da administração demonstram cada vez maior aceitação a
auditoria interna como meio de obter análises, avaliações e assessoria e sobre
os controles e desempenho da empresas;
• Os auditores externos utilizam os resultados do trabalho dos auditores
internos para completar o seu próprio trabalho.

As finalidades das normas são:


• Melhorar o entendimento do papel e responsabilidade dos auditores
internos e todos os níveis da administração e diretoria;
• Estabelecer uma base para a orientação e avaliação do desempenho dos
auditores internos; e
• Aprimorar o exercício da auditoria interna.

As normas fazem distinção entre as diversas responsabilidades da


empresas e da auditoria interna, do gerente de auditoria e dos auditores:
• Independência da auditoria interna, em relação as atividades examinadas e
a objetividade dos auditores internos;
• Competência dos auditores internos e zelo profissional que eles devem ter;
• A administração da auditoria interna.

As normas e a orientação empregam três termos específicos:


• Diretoria inclui a junto de diretores, comitês de auditoria, os chefes da
empresa e outros os quais os auditores internos se reportam;
36

• Gerente de auditoria corresponde à posição mais elevada na auditoria


interna; e
• Auditoria interna abrange toda unidade ou atividade, dentro da empresa
que cumpra as funções da auditoria.

CAPÍTULO IV
Independência na execução do trabalho

Gostaria de iniciar este capítulo mencionando o significado retirado do


dicionário da palavra Independência: Ausência de dependência; liberdade;
estado, condição de independente.

Os Auditores Internos devem ser independentes a ponto de poderem


exercer suas funções livres e objetivamente. A independência permite aos
auditores exercerem julgamento imparcial e sem tendenciosidade, que é
essencial à realização de uma boa auditoria.

A independência é tanto um estado de espírito quanto uma questão de


separação organizacional. Por isso além da independência organizacional, os
auditores internos devem agir com objetividade ao realizarem seus exames.

A objetividade se caracteriza por uma atitude mental independente, a


ser mantida pelos auditores, durante a realização do seu trabalho, os auditores
não devem ceder em seus julgamentos sobre questão de auditoria.

A bem da objetividade, os auditores internos têm a obrigação de


executar seus trabalhos de modo que lhes permita confiar nos resultados, que
não façam concessões quanto à qualidade e que cada tarefa seja executada
sem tendenciosidade.
37

Os auditores não devem exercer atividades em setores operacionais da


empresa, mas se, ocasionalmente forem incumbidos de trabalhos que não
sejam o de auditoria, devem deixar claro que não estão atuando na qualidades
de auditores internos.

É essencial que o departamento de auditoria interna tenha


independência para desenvolvimento de suas funções.

Quanto ao seu modo de operação, o Auditor Interno deve fazê-lo com


tranqüilidade e segurança, consciente de que deve desenvolver suas
atividades com independência, fundamentada nos seguintes fatores:

ü Possuir liberdade para investigar, selecionar e executar suas


atividades (acesso irrestrito);
ü Exercer apenas o papel de assessor, cabendo aos gestores
tomarem decisões apropriadas;
ü Isolar-se das demais áreas operacionais, com um aspecto de atitude
mental.

Em uma pesquisa realizada pela Deloitte, em 2007, sobre a auditoria


interna no Brasil, observamos que o resultado deste estudo, demonstra que
existe de um modo geral, um bom nível de relacionamento e integração entre a
auditoria interna e a alta administração. Existe concordância sobre as
responsabilidades e os papéis desempenhados pelos auditores, e uma
percepção clara em relação à contribuição da alta administração para suportar
atuação dos profissionais da área.

Há no entanto, discrepância em relação ao grau de independência da


auditoria interna. Enquanto 51% dos executivos concordam plenamente que a
auditoria atua de forma independente. No caso dos auditores internos este
índice cai para 40%, o que indica expectativas de melhoria neste quesito.
(Deloitte, 2007)
38

A independência da auditoria interna está diretamente relacionada ao


nível de reporte dos trabalhos, o qual, de acordo com as melhores práticas,
deve ser realizado ao Comitê de Auditoria ou a instância equivalente na
empresa. Um nível de reporte adequado é considerado essencial para que os
trabalhos sejam conduzidos com plena autonomia em relação à alta
administração.

A auditoria é uma atividade profissional e seu propósito é realizar


análises profissionais. Para isso é necessário o mais alto grau de
imparcialidade, integridade, objetividade e independência. A independência
total nos trabalhos executados é um fator preponderante para a realização de
um bom trabalho. Isso entretanto é uma utopia, devido ao vínculo existente de
Empregador – Empregado. Para que possamos alcançar maior nível de
independência possível, é necessário um trabalho muito bem planejado e
constante negociação feito pela administração da equipe à alta administração.
39

CONCLUSÃO

No atual cenário mercadológico do Brasil, a auditoria tem um longo


caminho a seguir e sem dúvida difícil, pois serão necessárias adaptações,
adequações, as condições básicas e os instrumentos indispensável para que a
realização da auditoria surtam os efeitos esperados, bem como a de formar
uma classe crítica de profissionais devidamente capacitados a conduzi-las.

O setor de auditoria deve sempre contribuir com atitudes e idéias


voltadas a alavancar resultados, e não somente exercer atividades de
controles internos. Os membros da equipe deverão estar permanentemente
atualizados, pois o mercado está exigindo cada vez mais, neste cenário de
globalização aliada a competitividade.

A principal diferença entre a Auditoria Externa e a Interna é a


independência de ação e julgamento que a primeira têm, características essas
que não podem ser levadas em consideração em um trabalho interno. É bom
destacar que muitas organizações possuem departamentos de Auditoria
Interna, muito mais preparados que empresas dedicadas a esse fim, mas o
fato de existir subordinação hierárquica (definição dos trabalhos) e econômica
(remuneração salarial) impede terceiros de considerar tais serviços como
assecuratórios da fidedignidade e independência. Para que o trabalho do
auditor interno tenha um maior grau de independência, sugiro que em alguns
trabalhos como auditoria contábil, análise financeira entre outros, o parecer
fosse assinado em conjunto com a auditoria externa. Criando assim uma
ferramenta para inibirmos quaisquer manipulação ou influência por parte da
diretoria sobre o trabalho executado pelo auditor interno.
40

Os serviços de auditoria interna, se conduzidos adequadamente, são


suporte muito interessante à Administração de qualquer empresa, pois eles
acontecem de forma permanente e envolvem integralmente as operações da
mesma, podendo e devendo descer a detalhes que muitas vezes na Auditoria
Externa, não são relevantes do ponto de vista de se obter uma opinião sobre o
que se está auditando.

Entretanto existem ainda, auditores internos, subordinados a diretores


financeiros, e isso é uma deformidade em nível de estrutura organizacional,
pois subordina o auditor interno a uma chefia que comanda uma série de
departamentos da empresa, que serão alvo de seu trabalho. Fatalmente
haverá o constrangimento profissional, e a perda da autonomia, condição
indispensável à realização de um trabalho adequado. Estruturalmente isso se
configura:

Conselho de Adm.

Diretoria Comercial Diretoria Adm. Diretoria Financeira

Auditoria Interna

É recomendável que o auditor interno esteja subordinado ao nível mais


elevado possível dentro da empresa, como ao presidente da empresa. Isso
refletirá diretamente sobre a qualidade do trabalho executado e sobre os
resultados que este propiciará à empresa, outra razão para esta linha de
vinculação é que, estando o auditor vinculado a um diretor, poderá afetar a
credibilidade do seu trabalho, na medida em que possa ser visto pelas demais
diretorias como um membro daquela verificando transações das outras.
Estruturalmente isso se configura:
41

Conselho de Adm.

Auditoria Interna

Diretoria Comercial Diretoria Adm. Diretoria Financeira

Consequentemente, a vinculação do auditor interno diretamente ao


presidente ou conselho de administração, ou à diretoria, passa a ser condição
fundamental para a aceitação da auditoria interna como um real instrumento
de controle e assessoria útil para a empresa. Sugerimos que o organograma
das empresas que possui o setor de auditoria interna, seja um dos itens de
fiscalização por parte dos conselhos regionais, sendo assim, demonstraríamos
a importância e a necessidade deste setor está vinculado sempre ao mais alto
escalão da organização.

Como descrevemos ao longo desta pesquisa a independência é ponto


fundamental para a utilização adequada da auditoria interna, como ferramenta
de assessoramento para os clientes internos e externos, creio que as
sugestões descritas podem auxiliar na conquista deste “grau de
independência” dentro das organizações.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
42

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. São


Paulo: Atlas, 1996.

ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 1998.

BUZZI, Paulo Filho. Apostila de Auditoria Interna: Instituto Brasileiro de


Contadores 3.ª Seção Regional. Rio de Janeiro: IBRACON, 2002.

DELOITTE. Auditoria interna no Brasil. São Paulo: 2007.

FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria Contábil. São Paulo: Atlas, 1989.

FREIRE, José Juarez de Paula. Práticas para o exercício profissional da


Auditoria Interna. São Paulo: Audibra, 2004.

JUND, Sergio. Auditoria: conceitos, normas técnicas e procedimentos: teoria e


550 questões. Estilo ESAF, UNB e outras. Rio de Janeiro: Impetus, 2002.

O’HANLON, Tim. Auditoria da Qualidade: com base na ISSO 9001:2000:


Conformidade agregando valor. São Paulo: Saraiva, 2006.

SANT’ANNA, Gilberto Casagrande. Normas Brasileiras para o Exercício da


Auditoria Interna: independência, competência profissional, ambito do trabalho,
execução do trabalho e administração da área de auditoria interna. São Paulo.
Audibra, 2007.

ÍNDICE
43

FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I
A AUDITORIA 10

CAPÍTULO II
TIPOS DE AUDITORIA 16

CAPÍTULO III
O AUDITOR E AS NORMAS DE AUDITORIA 22

CAPÍTULO IV
INDEPENDÊNCIA NA EXECUÇÀO DO TRABALHO 38

CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44
ÍNDICE 45
44

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

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