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Conceitos, Técnicas de Auditoria


e o Auditor Independente

Conceitos, Técnicas de Auditoria e o Auditor Independente


Autoria: Márcia Santos Cursino
Como citar este documento: CURSINO, Márcia S. Conceitos, Técnicas de Auditoria e o Auditor Indepen-
dente. Valinhos: 2017.

Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Auditoria Independente 04
Unidade 2: Planejamento da Auditoria e seus Reflexos 27
Unidade 3: Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente 47
Unidade 4: Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente 69
Unidade 5: Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais 101
Unidade 6: Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000 122
Unidade 7: Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis 147
Unidade 8: Casos Práticos em Auditoria 165

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Apresentação da Disciplina

Esta disciplina traz os principais conceitos ção da qualidade dos demonstrativos con-
da auditoria e do profissional auditor inde- tábeis e seu conteúdo, de maneira a ofere-
pendente, bem como as técnicas de traba- cer maior confiabilidade aos resultados da
lho, objetivos e aplicações em termos con- atividade organizacional e orientar o pro-
ceituais da auditoria. Contempla também a cesso decisório dos investidores e demais
figura do auditor voltada para a verificação, usuários da informação contábil.
a fidedignidade e a integridade dos relató- A disciplina contribuirá também para evi-
rios e processos contábeis empresariais que denciar os desafios da atuação do profis-
dão confiabilidade às informações que sus- sional auditor no cenário de fraudes laten-
tentam os mecanismos de decisão dos in- tes nas organizações mundiais, visto que o
vestidores; pois trata-se de uma ferramen- trabalho do auditor se dá por amostragem
ta que assegura a observância das políticas, dentro da técnica aplicada.
das metas, dos planos, dos procedimentos,
das normas e dos regulamentos, permitin- A questão do sigilo profissional, bem como
do maior solidez ao ambiente de negócios. do zelo, da guarda da documentação exa-
minada pelo auditor e da durabilidade de
Dessa forma, será possível conceituar e de- sua responsabilidade sobre o material ava-
monstrar a importância da auditoria inde- liado, também são itens a serem considera-
pendente como instrumento de averigua- dos neste conteúdo.
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Unidade 1
Auditoria Independente

Objetivos
1. Entender o objetivo principal da audi-
toria externa.
2. Reconhecer a importância do traba-
lho do auditor independente.
3. Identificar o trabalho da auditoria ex-
terna no Brasil.

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Introdução

A auditoria independente, por meio das téc- avaliações das demonstrações financeiras,
nicas e dos procedimentos utilizados, tem a verificando se estão de acordo com as nor-
habilidade de avaliar um ato ou fato, ates- mas brasileiras de contabilidade, permitin-
tando-o como confiável. No Brasil, o Conse- do assim um parecer da posição patrimonial
lho Federal de Contabilidade (CFC) é quem da instituição avaliada. Tal parecer agrega
regula o exercício dessa profissão, pois tra- um grau de confiança na visão dos usuá-
ta-se de uma atividade exclusiva do bacha- rios. Caso o auditor venha a ser impedido de
rel em Ciências Contábeis, devidamente re- cumprir as exigências legais quanto à certe-
gistrado neste conselho. za e à segurança razoável das informações
Os profissionais que têm a intenção de au- a ele entregues, este poderá emitir um pa-
ditar empresas de capital aberto e empre- recer com ressalva, adverso ou até mesmo
sas que operam no mercado financeiro e abster-se de sua opinião na elaboração de
que estão sob o controle do banco central seu relatório.
devem estar registrados na Comissão de O trabalho da auditoria é considerado uma
Valores Mobiliários (CVM). técnica e, no surgimento de tais técnicas,
O objetivo principal da atividade do auditor apareceram dúvidas referentes à amplitude
independente é aplicar o conjunto de pro- do trabalho do auditor, principalmente no
cedimentos e técnicas contábeis em suas que diz respeito a quais documentos deve-
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riam ser analisados; de todo o exercício so- damental importância nas organizações
cial, parcialmente, o que seria ideal? Caso o porque faz parte de seus controles internos.
auditor fosse avaliar todo o movimento de Os riscos geralmente aumentam quando o
documentos gerado num exercício, o valor conjunto desses controles não é adequado
desse serviço seria exorbitante e, ao térmi- para o tipo de negócio, ou não foi aplicado
no de seu trabalho, a informação já estaria corretamente ou, ainda, quando a sua im-
defasada. Chegou-se então a conclusão de plantação não foi devidamente divulgada
que o auditor deveria ter sua opinião for- ou direcionada. De acordo com a aderência
mada quanto a valores e situações que ti- desses controles internos ao tipo de negó-
vessem significativa relevância na situação cio, o auditor se programa para o volume de
patrimonial e consideráveis dúvidas que testes a ser aplicado.
pudessem comprometer a decisão de um Convém lembrar que o Auditor corre riscos
investidor de investir ou não em determina- até chegar ao seu parecer, para tanto exe-
da empresa. cuta seus testes de maneira a diminuí-los
As organizações, em geral, já possuem um ao máximo. Não existe um número ideal de
conjunto de procedimentos para que erros testes a serem executados, tudo depende
sejam evitados, tornando-se parte de seus de como está a documentação consultada,
controles diários. Essa ferramenta tem fun- bem como os procedimentos e as rubricas.
6/180 Unidade 1 • Auditoria Independente
O auditor segue o que manda a legislação Para melhor exemplificação do formato do
e, quando ela não é obedecida, ele precisa trabalho do auditor externo, os autores Melo
tomar decisões de como comprovar o que e Santos (2012) apresentam um fluxograma
deveria ser feito e o que foi realmente rea- das etapas percorridas pelo auditor externo
lizado. para emissão de opinião sobre os demons-
trativos contábeis, conforme pode ser visto
na Figura 1.1.

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Figura 1.1 - Do planejamento ao parecer – Fluxo de trabalho da auditoria externa

Fonte: Adaptado de Melo e Santos (2012, p. 8).


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É possível, por meio do fluxograma de ativi- 1. Histórico da Auditoria Inde-
dades do trabalho do auditor, verificar que pendente
existe uma linha de raciocínio que este deve
seguir como padrão, o que não significa que, Alguns autores, como Sandroni (1994),
ao seguir essa linha, tudo estará resolvido. identificam o surgimento da auditoria 200
Seu feeling, conhecimento e expertise são a.C. na república Romana, quando as con-
levados em conta no momento de executar tas governamentais eram apresentadas na
mais testes ou encerrá-los, considerando a forma de lucros e perdas constantemente
situação como satisfeita. fiscalizados pelos magistrados romanos en-
carregados das finanças; porém não há na
história um nome que se destacou como o
primeiro auditor, praticamente esse dado se
perdeu ao longo do tempo. O que se tem de
mais próximo ao modelo de auditoria utili-
zado atualmente é o modelo inglês do sé-
culo XVIII, que se destacou durante a Revo-
lução Industrial; o surgimento da auditoria
nesse período foi considerado como uma

9/180 Unidade 1 • Auditoria Independente

evolução do sistema capitalista, já que nes- futuros investidores passaram a exigir que
sa época as empresas tinham porte familiar. essas demonstrações fossem examinadas
Só a partir da expansão dos mercados e da por um profissional independente da em-
concorrência, a necessidade de maior in- presa e de reconhecida capacidade técnica.
vestimento obrigou os proprietários dessas De acordo com Franco e Marra (1982), a au-
empresas a buscarem recursos fora de seus ditoria surgiu como consequência da neces-
clãs, em bancos e terceiros, de modo que se sidade de confirmação dos registros contá-
viram obrigados a abrir o capital social para beis, em virtude do aparecimento das gran-
novos investidores. Por sua vez, os investi- des empresas e da taxação do Imposto de
dores não se sentiam confortáveis em in- Renda, com base nos resultados apurados
vestir sem conhecer a capacidade financeira em balanços. Sua evolução ocorreu para-
da empresa investida. lelamente ao desenvolvimento econômico,
Para Almeida (2010), diante do exposto, que gerou as grandes empresas, formadas
tem-se como consequência que as demons- por capitais de muitas pessoas, que têm na
trações contábeis passaram a ter importân- confirmação dos registros contábeis a pro-
cia para os futuros aplicadores de recursos. teção ao seu patrimônio.
Como medida de segurança contra a possi- Desde então, a valorização das peças con-
bilidade de manipulação de informações, os tábeis, como balanço, demonstrações de
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resultado e fluxo de caixa, tornou-se im- 2. Serviços de Auditoria Externa
prescindível e por motivo de precaução os no Brasil
investidores sentiram a necessidade de um
exame mais rigoroso desse material técni- A abertura das portas do Brasil ao Merco-
co, surgindo então a figura do auditor exter- sul, na década de 1990, deu forças para que
no com tal responsabilidade técnica. investimentos no exterior aumentassem
significativamente, mas para isso ocorrer,
Para saber mais dever-se-ia cumprir a legalidade dos países
onde se estaria investindo; dentre as exi-
Um livro interessante sobre a origem e os as- gências legais estava a exigência da audito-
pectos principais da auditoria é: GRAMLING, A. ria externa.
A.; RITTENBERG, L. E.; JOHNSTONE, K. M. Audito-
ria. 7. ed. São Paulo: Cengage, 2012.

11/180 Unidade 1 • Auditoria Independente

Almeida (2010, p. 4) comenta que:

nas últimas décadas, instalaram-se no Brasil diversas empresas com asso-


ciações internacionais de auditoria externa, esse fato ocorreu em função
da necessidade legal, principalmente dos Estados Unidos da América e da
Europa, de os investimentos no exterior serem auditados. Essas empresas
praticamente iniciaram a auditoria no Brasil e trouxeram todo um conjun-
to de técnica de auditoria, que posteriormente foram aperfeiçoadas.
Para os brasileiros, a auditoria independente ainda é relativamente nova, o que pode ser visto
ainda em Almeida (2010).
Em 1999, a CVM emitiu a instrução nº 308 que dispõe sobre o registro e a atividade da auditoria
independente no âmbito do mercado de valores mobiliários e define os deveres e responsabili-
dades das entidades auditadas no relacionamento com os auditores independentes.

12/180 Unidade 1 • Auditoria Independente


A auditoria externa é exigida no Brasil não • Acionistas exigem auditoria para um
apenas para empresas que possuem subsi- controle mais rigoroso, bem como os
diárias estrangeiras, mas existem outras si- proprietários e administradores de
tuações como nos casos a seguir: empresas.
• Companhias abertas, fundos de pen- • Exigência de instituições financeiras
são, seguradoras e praticamente to- para liberação de crédito.
das as entidades que integram o sis- • Exigência de fornecedores para aber-
tema financeiro nacional, todas elas tura de pedidos a serem financiados.
por exigência legal.
• Incorporações, fusões, cisões de em-
presas.
• No momento de consolidação de re-
sultado em empresas que tenham in-
vestimentos em sociedades controla-
das.

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Como pode ser visto, existe um vasto cam- esse é um trabalho que exige conhecimen-
po de atuação para os auditores externos. É to específico e só existe um profissional que
válido lembrar que a remuneração para essa pode executá-lo: o contador.
prestação de serviço não tem um preço ba-
rato, é sempre calculado pela estimativa de
horas de trabalho e por meio de uma moeda
estável, geralmente dólar, mesmo porque

14/180 Unidade 1 • Auditoria Independente


Glossário
Expertise: experiência, vivência.
Feeling: conhecimento, habilidade, saber.
Subsidiária: empresa controlada por outra.

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?
Questão
para
reflexão

Diante do trabalho do auditor externo exposto no con-


teúdo deste capítulo, é possível verificar que existe uma
rotina a ser seguida para que então o auditor chegue
à conclusão de seu trabalho. Imagine que a empresa
já possua o trabalho de auditoria interna, como fica a
responsabilidade do auditor externo se ele se utilizar de
procedimentos já adotados pela auditoria interna?

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Considerações Finais (1/2)

• Muitos entendem erroneamente que a auditoria tem por objetivo detectar


fraudes e erros, mas o objetivo principal da auditoria é verificar se as de-
monstrações contábeis estão sendo desenvolvidas de acordo com as normas
e princípios contábeis vigentes no país. Detectar fraudes e erros acaba sendo
uma atividade inerente, pois devido às técnicas aplicadas, acaba-se por evi-
denciar tais comportamentos.
• Existe uma linha de raciocínio a ser seguida para executar os trabalhos de
auditoria, porém cabe ao auditor, no momento da execução, identificar se
os testes aplicados são os ideais para sanar seus questionamentos ou se são
necessários mais testes para que essas dúvidas sejam sanadas.
• Para investidores, a auditoria externa representa uma garantia de transpa-
rência e de boas práticas de contabilidade, apoiando-se em seus pareceres
para então continuar com investimentos em uma empresa ou retirar seus
investimentos desta.

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Considerações Finais (2/2)


• Existem diversos motivos para que a auditoria externa exerça seu papel nas
organizações, não apenas para empresas que possuem subsidiárias estran-
geiras, mas também para aquelas em que acionistas ou administradores exi-
gem maior transparência, para as instituições financeiras e os fornecedores
concederem crédito, ainda no caso de empresas que estejam passando por
cisões, fusões ou incorporações, no momento de consolidação de resultados
para empresas que tenham participações em outras companhias etc.

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Referências

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria Contábil. São Paulo: Atlas, 1982.
MELO, Moisés Moura de; SANTOS, Ivan Ramos dos. Auditoria Contábil. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 2012.
PADOVEZE, Clovis Luis; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo; BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Ma-
nual de contabilidade internaiconal (IFRS – USGAAP – BRGAAP): Teoria e Prática. São Paulo: Cen-
gage Learning, 2012.
SANDRONI, Paulo. Novo Dicionário de Economia. 4.ed. São Paulo: Best Seller, 1994.

19/180 Unidade 1 • Auditoria Independente

Questão 1
1. Assinale a alternativa correta. A definição do principal objetivo da ativida-
de do auditor independente é:

a) Diante do trabalho minucioso e detalhado do auditor, o objetivo principal de seu trabalho é


encontrar erros.
b) Por razões estatutárias e legislativas, o caráter principal do trabalho do auditor consiste em
descobrir fraudes.
c) Aplicar o conjunto de procedimentos e técnicas contábeis em suas avaliações das demons-
trações financeiras, verificando se estão de acordo com as normas brasileiras de contabili-
dade.
d) O trabalho da auditoria é considerado uma técnica e, no surgimento de tais técnicas, apare-
cem dúvidas referentes à amplitude do trabalho do auditor, principalmente no que diz res-
peito a quais documentos deveriam ser analisados.
e) Devido ao nível de segurança oferecido pelo trabalho do auditor independente, o parecer
agrega um grau de confiança na visão dos usuários.

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Questão 2
2. Assinale a alternativa correta. Apesar de existir um processo de etapas a
ser seguido para a execução do trabalho do auditor, ainda assim este corre
riscos até a entrega de seu parecer, isso se deve à(ao):

a) Documentação apresentada, aos procedimentos utilizados pela empresa e às rubricas.


b) Conjunto dos controles não adequados ao negócio.
c) Amplitude do trabalho do auditor.
d) Volume analisado.
e) Defasagem do trabalho.

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Questão 3
3. Assinale a alternativa correta. No Brasil, qual é o órgão responsável por
regular a profissão de auditor?

a) CVM.
b) CRC.
c) BCB.
d) CFC.
e) Abrasca.

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Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. Profissionais que queiram trabalhar como
auditores em empresas de capital aberto e em empresas que operam no
mercado financeiro devem estar registrados em que órgão?

a) CVM.
b) CRC.
c) CFC.
d) Abrasca.
e) BCB.

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Questão 5
5. Assinale a alternativa que apresenta a forma como é, geralmente, calcu-
lada a remuneração do trabalho do auditor.

a) Proximidade do local de trabalho.


b) Facilidade ou dificuldade do trabalho a ser executado.
c) Valores diferenciados, dependendo de indicações da empresa onde prestará o serviço.
d) Depende do meio de transporte utilizado e da região.
e) Horas de trabalho por meio de uma moeda estável.

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Gabarito
1. Resposta: C. 3. Resposta: D.

O principal objetivo do trabalho do auditor é No Brasil, o órgão responsável pelos audi-


realmente apurar se os demonstrativos con- tores é o Conselho Federal de Contabilidade
tábeis estão sendo desenvolvidos de acordo (CFC), mesmo porque não se pode ser audi-
com as normas brasileiras de contabilidade. tor sem ser necessariamente contador.

2. Resposta: B. 4. Resposta: A.

Os riscos ao trabalho do auditor estão re- Profissionais que queiram auditar empre-
almente relativos ao formato de controles sas ligadas ao mercado financeiro devem se
utilizados pela organização, muitas vezes registar na Comissão de Valores Mobiliários
o que se usa não atende às necessidades e (CVM) e seguir suas normativas.
pode vir a esconder alguns detalhes impor-
tantes no momento da auditoria. 5. Resposta: E.

O trabalho da auditoria é um trabalho con-


siderado muito caro por sua especificidade,
sendo assim, a composição do cálculo do
25/180

Gabarito
salário do auditor deve ser feita conside-
rando as horas trabalhadas, bem como uma
moeda estável, como o dólar, para padroni-
zar o cálculo.

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Unidade 2
Planejamento da Auditoria e seus Reflexos

Objetivos
1. Entender a necessidade do planeja-
mento da auditoria.
2. Conhecer as fases do planejamento.
3. Identificar possíveis problemas já no
momento do planejamento.

27/180

Introdução

Antes de adentrar uma empresa para auditá-la, é imprescindível um bom planejamento para
que o trabalho seja eficaz. De acordo com Megginson et al (1986, p.72), planejamento pode ser
conceituado como “o processo de estabelecer objetivos ou metas, determinando a melhor ma-
neira de atingi-las (...)”. E de acordo com a NBC TA 300 (Normas Brasileiras de Contabilidade)
(2009, p. 4):

O planejamento da auditoria envolve a definição de estratégia global para


o trabalho e o desenvolvimento de plano de auditoria. Um planejamento
adequado é benéfico para a auditoria das demonstrações contábeis de vá-
rias maneiras:
• auxiliar o auditor a dedicar atenção apropriada às áreas importantes da
auditoria;

• auxiliar o auditor a identificar e resolver tempestivamente problemas


potenciais;

• auxiliar o auditor a organizar adequadamente o trabalho de auditoria


para que seja realizado de forma eficaz e eficiente;
28/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos
• auxiliar na seleção dos membros da equipe de trabalho com níveis apro-
priados de capacidade e competência para responderem aos riscos es-
perados e na alocação apropriada de tarefas;
• facilitar a direção e a supervisão dos membros da equipe de trabalho e a
revisão do seu trabalho;
• auxiliar, se for o caso, na coordenação do trabalho realizado por outros
auditores e especialistas.

29/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos

Para que o auditor, mesmo ainda não es- na avaliação, determinam a estrutura con-
tando na empresa a ser auditada, adquira ceitual e jurídica que regula a organização,
conhecimentos sobre ela, é importante que avaliam o cumprimento destas, identificam
ele tenha em mãos ferramentas que lhe pos- o valor material envolvido no trabalho, a
sibilitem averiguar as finanças, a contabili- necessidade de envolver especialistas, bem
dade, o orçamento, os recursos humanos, a como procuram sanar todas as possibilida-
área tributária, a área de operações, vendas des de risco do negócio por intermédio des-
e suprimentos. Ou seja, quanto mais deta- te planejamento.
lhes ele obtiver da empresa a ser auditada,
melhor será o seu planejamento, e essa do-
cumentação é apenas para uma prévia e
não para o trabalho em si.
Por meio do exame da documentação en-
viada, a empresa de auditoria na figura de
seus sócios e executivos mais experientes
realiza um trabalho para determinar o nú-
mero de testes a ser executado, que tipo de
procedimentos analíticos serão envolvidos
30/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos
Quando esse planejamento é feito para uma primeira auditoria, em que os demonstrativos con-
tábeis foram analisados anteriormente por outra empresa, as normativas de auditoria pedem
cautela e cuidados especiais, levando em consideração que não há conhecimento anterior da
organização. Sendo assim, é essencial a análise dos saldos de abertura e seguir rigorosamente a
NBC TA 220, itens 12 e 13, quanto à identificação de eventos subsequentes ao exercício anterior,
revisão dos documentos da auditoria anterior, bem como dos procedimentos adotados.

2. Fases do Planejamento
A NBC TA 300 (2009, p. 4) trata do papel e da oportunidade do planejamento, e dentro da estra-
tégia global, de acordo com o item 8, o auditor deve:

(a) identificar as características do trabalho para definir o seu alcance;

(b) definir os objetivos do relatório do trabalho de forma a planejar a época


da auditoria e a natureza das comunicações requeridas;

c) considerar os fatores que no julgamento profissional do auditor são signi-


ficativos para orientar os esforços da equipe do trabalho;
31/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos

(d) considerar os resultados das atividades preliminares do trabalho de au-


ditoria e, quando aplicável, se é relevante o conhecimento obtido em outros
trabalhos realizados pelo sócio do trabalho para a entidade; e

(e) determinar a natureza, a época e a extensão dos recursos necessários


para realizar o trabalho.

32/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos


E de acordo com o item 9 da referida norma, o auditor deve:

(a) a natureza, a época e a extensão dos procedimentos planejados de ava-


liação de risco, conforme estabelecido na NBC TA 315 – Identificação e Ava-
liação dos Riscos de Distorção Relevante por meio do Entendimento da En-
tidade e de seu Ambiente;
(b) a natureza, a época e a extensão dos procedimentos adicionais de audi-
toria planejados no nível de afirmação, conforme previsto na NBC TA 330 –
Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados;
(c) outros procedimentos de auditoria planejados e necessários para que o
trabalho esteja em conformidade com as normas de auditoria. (NBC TA 300,
2009, p. 4)
Válido ressaltar que, conforme salienta o item A2, o planejamento não é uma fase isolada da au-
ditoria, e sim um processo contínuo e interativo que está em sintonia com a documentação an-
teriormente auditada e, em muitos casos, assim que se conclui uma auditoria já se faz necessário
o planejamento para o novo ciclo, trabalhando de forma preliminar, de acordo com item A6:

33/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos

o auditor mantém a necessária independência e capacidade para realizar o


trabalho;

não há problemas de integridade da administração que possam afetar a dis-


posição do auditor de continuar o trabalho;

não há desentendimentos com o cliente em relação aos termos do trabalho.


(NBC TA 300, 2009, p. 7)
A estratégia global e o plano de auditoria devem estar ligados de forma que sincronizados pro-
duzam o efeito esperado para chegar ao objetivo. O que deve ser lembrado é que havendo mu-
danças na estratégia ou no plano os dois devem ser alterados de modo que fiquem alinhados.

34/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos


3. Identificando Problemas no Momento do Planejamento

De acordo com o item A13 da NBC TA 300 (2009, p. 8), o planejamento pode ser alterado por al-
gumas razões:

Em decorrência de imprevistos, mudanças nas condições ou na evidência


de auditoria obtida na aplicação de procedimentos de auditoria, o auditor
pode ter que modificar a estratégia global e o plano de auditoria e, portanto,
a natureza, a época e a extensão dos procedimentos adicionais de auditoria
planejados, considerando a revisão dos riscos avaliados. Pode ser o caso de
informação identificada pelo auditor que difere significativamente da infor-
mação disponível quando o auditor planejou os procedimentos de auditoria.
Por exemplo, evidência de auditoria obtida por meio da aplicação de proce-
dimentos substantivos pode ser contraditória à evidência de auditoria obti-
da por meio de testes de controle.

35/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos

É válido lembrar também que em vári- A auditoria também deve ter em seu cro-
os países as empresas encerram o exer- nograma uma possível margem de tempo,
cício social sempre no último mês do ano, para que, se a empresa tiver algum prob-
dezembro, o que pode acarretar um acúmu- lema a ser corrigido, haja tempo hábil para
lo de serviço nas empresas de auditoria. isso, evitando atraso na divulgação das
Sugere-se não sobrecarregar os auditores demonstrações contábeis.
nesse período, visto que eles precisam dar
atenção maior às empresas auditadas. Esse
item deve ser levado em consideração tam-
bém no momento do planejamento.

36/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos


Glossário
Alocação: distribuição.
Independência: em auditoria, independência quer dizer que o auditor não tem vínculo com a
empresa auditada ou com seus colaboradores.
Tempestivamente: em tempo.

37/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos

?
Questão
para
reflexão

Ao averiguar as contas da empresa auditada, o auditor


constata uma alteração de giro no contas a receber de
150 dias para o exercício social avaliado contra 95 dias
no exercício social anterior. Diante do exposto, quais se-
riam os motivos para que essa rotação se alterasse de tal
forma? Existe influência desse fato na área financeira?

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Considerações Finais

• Planejamento na auditoria é algo de extrema importância antes de


iniciar o trabalho numa empresa a ser auditada devido à complexida-
de das organizações e também às suas particularidades.
• O planejamento da auditoria envolve a definição de estratégia global
para o trabalho e o desenvolvimento de plano de auditoria.
• O planejamento não é uma fase isolada da auditoria e sim um proces-
so contínuo e interativo que está em sintonia com a documentação
anteriormente auditada.
• A estratégia global e o plano de auditoria devem estar ligados de for-
ma que sincronizados produzam o efeito esperado para chegar ao
objetivo.

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Referências

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC TA de Auditoria Independente de Informação Con-
tábil Histórica. Disponível em: <http://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/NBC_TA_110716.
pdf>. Acesso em: 28 abr. 2017.
MEGGINSON, Leon et al. Administração: conceitos e aplicações. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1986.
MELO, Moisés Moura de; SANTOS, Ivan Ramos dos. Auditoria Contábil. Rio de Janeiro: Freitas Bas-
tos, 2012.

40/180 Unidade 2 • Planejamento da Auditoria e seus Reflexos


Questão 1
1. Assinale a alternativa correta. Antes de iniciar um trabalho de auditoria, os
auditores procuram fazer um planejamento, com o objetivo de:

a) Mensurar o faturamento da empresa.


b) Verificar se ela é eficiente.
c) Conhecer a empresa auditada.
d) Entender a margem de lucros.
e) Visualizar os gastos.

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Questão 2
2. Assinale a alternativa correta. Caso o auditor externo esteja realizando a
primeira auditoria na empresa, um item especialmente relevante do plane-
jamento de auditoria é:

a) Ler os papéis de trabalho do auditor externo anterior, bem como revisar saldos e documen-
tos.
b) Ler a legislação tributária a que a empresa faz parte.
c) Preencher os papéis de trabalho de movimentação de contas de investimento.
d) Verificar cartas de confirmação de saldos de clientes e fornecedores.
e) Verificar lançamentos corrigidos.

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Questão 3
3. Assinale a alternativa correta. Quando o auditor trabalha com levanta-
mentos preliminares em seu planejamento, beneficia-se com algumas situ-
ações, dentre elas:

a) Pode terminar seu trabalho mais cedo que o planejado.


b) Tem chances de conseguir fazer mais atividades do que tinha planejado.
c) Pode faltar um ou dois dias de acordo com o período conseguido.
d) O auditor mantém a necessária independência e capacidade para realizar o trabalho.
e) O auditor pode executar o trabalho de outros clientes, mesmo estando nesta organização,
pois tem horas sobrando.

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Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. Por que se deve levar em consideração o perío-
do de fechamento de ano nas empresas no momento do planejamento?

a) Os auditores entram em férias.


b) As empresas entram em férias.
c) Os valores de hora de trabalho de final de ano são mais caros.
d) Grande volume de trabalho nas empresas de auditoria.
e) Grande volume de transação de dados nas empresas auditadas.

44/180
Questão 5
5. Tratando-se de planejamento de auditoria, é correto afirmar que:

a) São os trabalhos iniciais de coleta de informações sobre a entidade auditada e dos controles
nela existentes.
b) Não é uma fase isolada da auditoria, mas um processo contínuo e interativo, que muitas ve-
zes se inicia logo após a conclusão da auditoria anterior.
c) É a fase inicial dos trabalhos e deve ser concluída antes que as equipes iniciem suas avalia-
ções.
d) É a fase em que participa toda a equipe da auditoria e da empresa auditada, inclusive a área
de governança corporativa.
e) Consiste em definir as regras e as legislações específicas para a elaboração das demonstra-
ções contábeis.

45/180

Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: D.

O planejamento preliminar realmente é de Devido ao período de fechamento de balan-


ços das empresas, o final de ano e os meses
conhecer a empresa para que os testes e
subsequentes ficam bastante apertados nas
demais procedimentos possam ser aplica-
empresas de auditoria, sendo indispensável
dos de maneira adequada.
levar isso em consideração para planejar os
trabalhos envolvendo a área, principalmen-
2. Resposta: A. te porque os auditores precisam ter tempo
para atender bem aos clientes da empresa
É essencial ler a documentação anterior
auditada.
para se amparar no histórico para entender
o presente e o futuro da empresa. 5. Resposta: B.
3. Resposta: D. O planejamento para auditoria não é um
processo isolado, ele realmente está ligado
Por ter mais tempo advindo do planejamen- à documentação já auditada e àquela que
to, é possível ter independência e trabalhar ainda será, por essa razão, muitas vezes, ao
com tranquilidade. se concluir um ciclo de auditoria já se inicia
um novo planejamento para o novo ciclo.
46/180
Unidade 3
Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente

Objetivos
1. Conhecer os riscos oferecidos pela
instituição a ser auditada.
2. Identificar os procedimentos adequa-
dos para minimização de riscos.
3. Entender a necessidade de aplicação
e repetição dos procedimentos de au-
ditoria até sua confirmação e a certe-
za do grau de confiabilidade da infor-
mação fornecida.

47/180

Introdução

Os auditores se utilizam de procedimentos ta de averiguações, mas a checagem deve


de verificação e análise de maneira a cole- ser realizada até que se tenha plena certeza
tar informações que embasem sua opinião da eficiência e da evidência dos fatos, pois
sobre as demonstrações contábeis. Levan- por meio dessa análise é possível identificar
do em consideração o CPC 26 (R1) (Comitê possíveis riscos e se há distorções relevan-
de Pronunciamentos Contábeis), tais pro- tes, quanto maior o risco e a má qualidade
cedimentos são utilizados para averiguar das informações, maior será a amostra.
se os bens ali citados existem de fato, se
as transações efetivamente ocorreram, e
outras considerações relevantes que deem
condições de visualização de um panorama
financeiro, orçamentário, econômico e pa-
trimonial da instituição avaliada.
O auditor se utiliza de expertise ao avaliar a
documentação, de forma que deve consi-
derar sua relevância e a confiabilidade das
informações fornecidas pela instituição. Tal
procedimento não tem uma quantidade cer-
48/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente
Uma maneira de prever os riscos que a auditoria pode sofrer ao avaliar uma instituição é, no
momento da aceitação dos serviços por parte da gerência (isso se for a primeira auditoria nesse
cliente), coletar o máximo de informações para se planejar as horas de trabalho, a equipe técnica
e os procedimentos a serem utilizados. Diante disso, baseado em Almeida (2010, p.132), segue
uma lista de procedimentos que se costuma utilizar com tal finalidade:

• Ler o parecer e as demonstrações financeiras do exercício social anterior.


• Verificar os arquivos eletrônicos dos papéis de trabalho.
• Ler as atas de reunião dos acionistas, do conselho de administração, da
diretoria, do conselho fiscal e do comitê de auditoria.
• Ler os relatórios de auditoria interna emitidos durante o exercício social a
ser auditado.
• Visita à fábrica e principais departamentos da instituição.

• Verificar a legislação fiscal e contábil vigentes que se aplicam à instituição


avaliada, pelo tipo de negócio.

49/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente

• Faça comparações dos principais grupos de contas, cheque saldos iniciais


e finais, compare valores do demonstrativo de resultado.

• Preocupe-se com possíveis alterações relevantes.

• Caso a auditoria seja recorrente, esse exame já foi feito anteriormente, é


preciso apenas dar continuidade aos trabalhos.

50/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente


1. Tipos de Procedimentos

Desde o ano de 2007, a harmonização contábil internacional fez com que as normas brasileiras
se adequassem também ao padrão e, por meio da NBC TA 500, no item A10, apresenta dois tipos
de procedimentos contábeis:
(a) Procedimentos de avaliação de riscos.
(b) Procedimentos adicionais de auditoria.

1.1 Procedimentos de Avaliação de Risco

Com a finalidade de minimizar os riscos ao máximo, os auditores utilizam de alguns procedimen-


tos em seu planejamento, de acordo com Melo e Santos (2012, p.158):

• Enfatizar para a equipe de auditoria a necessidade de manter o ceticis-


mo profissional;

• Designar pessoal mais experiente ou usar habilidades especiais ou es-


pecialistas;
51/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente

• Fornecer mais supervisão;

• Incorporar elementos de imprevisibilidade na seleção dos procedimentos adicio-


nais;

• Efetuar alterações gerais nos procedimentos de auditoria (natureza, época ou ex-


tensão), por exemplo, executar procedimentos substantivos no final ao invés de
períodos intermediários; ou modificar a natureza para evidência mais persuasiva.

• E se não for incluso nos testes de controle, o auditor poderá se utilizar também dos
seguintes testes:
• Indagações à administração e a outros na entidade que, no julgamento do auditor,
possam ter informações com probabilidade de auxiliar na identificação de riscos
de distorção relevante devido à fraude e a erro;

• Observação da comparação feita pela administração entre as despesas mensais e


orçadas e as despesas reais;
• Inspeção de relatórios relacionados com a investigação de variações entre os va-
lores orçados e os reais.

52/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente


Diante de todos os recursos aqui apresen- 1.2 Procedimentos Adicionais
tados, o auditor se cerca por vários ângulos de Auditoria
com a finalidade de evitar, ao máximo, fa-
lhas em seu trabalho. O intuito é o de sem- Os procedimentos adicionais de auditoria
pre mostrar transparência e atestar com se subdividem em:
fiabilidade que os documentos examinados
(a) Testes de controle.
estão de acordo com as normas e princípios
contábeis geralmente aceitos. (b) Testes substantivos.
Para identificar a escolha entre os testes é
imprescindível que o auditor averigue:
1. Quais transações foram afetadas,
bem como seus saldos iniciais e finais,
e sua movimentação por meio de lan-
çamentos no livro-razão e sua respec-
tiva contrapartida física.
2. Observar distorções relevantes e ca-
racterísticas particulares nas contas

53/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente

avaliadas, nos saldos das contas ou 1.2.1 Teste de Controle


em suas transações.
Ao aplicar esse teste, o auditor avalia a efe-
3. Verificar se o risco observa os contro-
tividade operacional dos controles, bem
les relevantes e sua eficiência e efeti- como prevenção, detecção, correção e dis-
vidade operacional, que determine a torções relevantes no nível de afirmações.
natureza, época e extensão dos pro- Ao executá-lo, o auditor deve:
cedimentos substantivos.
(a) executar outros procedimentos jun-
tamente com questionamentos para ob-
ter evidência de auditoria sobre a efetivi-
dade operacional dos controles internos,
incluindo:
(i) O modo como os controles foram apli-
cados ao longo do período.
(ii) A consistência como eles foram apli-
cados.
(iii) Por quem ou por quais meios eles fo-
ram aplicados.
54/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente
(a) Determinar se os controles a serem O teste de controle tem o objetivo de evi-
testados dependem de outros (controles denciar as informações e obter maior con-
indiretos) e, caso afirmativo, se é neces- fiança no sistema de controle.
sário obter evidência que suporte a ope-
ração efetiva. 1.2.2 Teste Substantivo

Esse é um tipo de teste que verifica se os


controles da empresa estão sendo efetiva-
mente usados de acordo com as normativas
estabelecidas. Nesse tipo de procedimento,
são aplicados os testes de detalhes e proce-
dimentos analíticos.
O teste de detalhes confirma as transações
de saldos e é dividido em:
• Teste de inspeção: este tipo de teste
abarca a contagem física e a inspeção
de documentos. É neste teste que se
verificam os registros internos e suas
55/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente

relações com os registros externos, ali se há segurança nos controles ao


essa averiguação pode ser feita por serem executadas as tarefas.
relatórios em papel ou vias eletrôni- • Teste de confirmação: o teste de con-
cas. Determina-se por meio dessa ins- firmação é feito com a participação
peção a eficácia dos controles e a au- de terceiros, em que os auditores con-
tenticidade de documentos emitidos firmam com bancos, fornecedores,
internamente, como uma nota fiscal. clientes e/ou advogados os saldos ou
• Teste de observação: neste tipo de as transações relacionadas à empre-
teste, o auditor compara o contro- sa. Esse trabalho também é conheci-
le interno com sua efetiva utilização do como Circularização. Esse tipo de
por meio de observação na rotina de confirmação pode trazer dois tipos
trabalho dos colaboradores. Se o au- de resposta: positiva ou negativa por
ditor sentir necessidade de averiguar parte de terceiros. A NBC TA 505 trata
os controles de tesouraria, estoques da recusa da administração em ceder
ou entrada de notas fiscais e suas res- permissão para que o auditor solicite
pectivas mercadorias, este deve ficar a confirmação com terceiros.
próximo aos departamentos envolvi- • Teste de recálculos: este teste é apli-
dos e observar a rotina, identificando cável quando se confere o cálculo de
56/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente
alguma transação, por exemplo: de- crita ou verbal a todo momento e em
preciação, amortização, exaustão, toda a extensão dos trabalhos de au-
provisões de imposto de renda e con- ditoria.
tribuição social sobre o lucro, valoriza- • Teste de utilização da indagação e
ção dos estoques, juros sobre capital resposta da indagação: as respostas
próprio, variações cambiais, emprés- aos questionamentos podem ser ob-
timos e financiamentos, valorização tidas de maneira não formal e serem
de ativos imobilizados. motivo de evidência para modificar a
• Teste de reexecução: neste tipo de opinião do auditor sobre determinado
teste, o auditor executa procedimen- relatório. Sendo assim, se a informa-
tos que já foram realizados como par- ção recebida de forma não formal tiver
te do controle interno da entidade, essa característica, o auditor solicita à
com a finalidade de comprovar sua alta administração uma justificativa
eficiência. formal para tal questionamento, co-
• Teste de indagações: questionamen- nhecida como representação formal.
tos podem ser feitos de maneira for-
mal ou informal, sendo de forma es-

57/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente

1.3. Procedimentos Analíticos

Como o nome já impõe, por intermédio


desse procedimento, são feitas análises
e comparações por meio de índices. Essa
análise se faz para verificar situações anor-
mais, esse teste deve ser planejado para ser
realizado próximo ao final da auditoria, que
comporá a opinião dos auditores sobre as
demonstrações contábeis.

58/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente


Glossário
Fiabilidade: confiança, transparência.
Inspeção: averiguação, confirmação.
Reexecução: comprovação, por meio de outros métodos, em processos já realizados; refazer de
outra forma.

59/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente

?
Questão
para
reflexão

Diante de tantos testes para análise e verificação dis-


poníveis, como se dão as “falcatruas” nas empresas de
forma que as auditorias não conseguem encontrá-las?

60/180
Considerações Finais

• O CPC 26 (R 21) é a base para coleta de informações que suportam a opinião


do auditor sobre as demonstrações contábeis.
• Desde o ano de 2007, a NBC TA 500 levou, por meio da harmonização con-
tábil, as normas brasileiras à adequação do padrão internacional.
• Dentre os principais procedimentos utilizados estão os procedimentos de
avaliação de risco e procedimentos adicionais de auditoria.
• Os procedimentos adicionais de auditoria dividem-se em teste de controle
e teste substantivo.

61/180

Referências

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. CPC 26 (R1) – Apresentação das demonstrações con-
tábeis. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/
Pronunciamento?Id=57>. Acesso em: 6 jul. 2017.
CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC TA – de Auditoria Independente de Informação Con-
tábil Histórica. Disponível em: <http://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/NBC_TA_110716.
pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017.MELO, Moisés Moura de; SANTOS, Ivan Ramos dos. Auditoria Contá-
bil. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2012.

62/180 Unidade 3 • Procedimentos e Técnicas de Auditoria Independente


Questão 1
1. Diante da complexidade das organizações, assinale a alternativa que apre-
senta como as empresas de auditoria podem se prevenir dos riscos quando
se trata de primeira auditoria no cliente.

a) A empresa de auditoria deve acompanhar o cliente em jornais e revistas para receber as in-
formações principais.
b) A empresa de auditoria deve pesquisar informações com colaboradores da empresa.
c) A empresa de auditoria deve pesquisar os clientes da empresa auditada e indagá-los.
d) A empresa de auditoria deve coletar o máximo de informações para planejar as horas de tra-
balho, a equipe técnica e os procedimentos a serem utilizados.
e) A empresa de auditoria deve pesquisar os fornecedores da empresa auditada e indagá-los.

63/180

Questão 2
2. Assinale a alternativa correta. A informação a seguir: “Enfatizar para a equi-
pe de auditoria a necessidade de manter o ceticismo profissional”, está rela-
cionada com qual procedimento?

a) Avaliação de risco.
b) Teste de controle.
c) Teste substantivo.
d) Teste de indagação.
e) Teste de inquirição oral.

64/180
Questão 3
3. Existe um teste na auditoria em que se utiliza a participação de terceiros
para se confirmar saldos, valores existentes ou até mesmo algum documento
emitido. Assinale a assertiva que contém o nome desse teste.

a) Reexecução.
b) Indagação.
c) Circularização.
d) Reflexão.
e) Dependente.

65/180

Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. O que é possível verificar por meio dos pro-
cedimentos analíticos, visto que estes devem ser elaborados ao final da au-
ditoria?

a) Verificação e comparação de índices e situações anormais.


b) Comprovar a eficiência dos controles internos.
c) Respostas informais.
d) Confirmação com terceiros.
e) Comprovação de saldos e checagem nos controles internos.

66/180
Questão 5
5. Assinale a alternativa que identifica o motivo que leva um auditor a apli-
car um teste de reexecução.

a) Desconfia de fraudes.
b) Deseja testar a eficiência dos controles internos.
c) Desconfia de erros.
d) Deseja verificar os riscos de auditoria.
e) Quer prever imperfeições nos cálculos.

67/180

Gabarito
1. Resposta: D. tos emitidos contra ou a favor da empresa
auditada.
No momento do aceite do contrato, a em-
presa já deve ter em mente o que precisa 4. Resposta: A.
para trabalhar da melhor maneira possível,
para isso é imprescindível ter em mãos as É por meio dos procedimentos analíticos
principais informações da empresa. que as análises são feitas; há a comparação
de índices e principalmente analisam-se si-
2. Resposta: A. tuações anormais.

O ceticismo profissional faz parte e é funda-


5. Resposta: B.
mental nas questões de avaliação de risco.
O procedimento de reexecução é feito quan-
3. Resposta: C. do o auditor quer se certificar da eficácia do
controle interno.
Esse teste é chamado de confirmação ou
circularização, no qual a administração da
empresa dá permissão para que a empresa
de auditoria confirme com terceiros saldos,
valores em aberto, transações ou documen-
68/180
Unidade 4
Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

Objetivos

1. Conhecer a regulamentação profis-


sional do auditor independente.
2. Entender as regras gerais para o exer-
cício da profissão do auditor.
3. Ter conhecimento da atividade da pe-
rícia contábil.

69/180

Introdução

A profissão de auditor independente é exclusiva do contador com CRC ativo; esse profissional
dispõe de conhecimentos técnicos na área contábil e financeira das organizações, bem como co-
nhecimento de todo o seu patrimônio. O auditor preocupa-se em verificar se as demonstrações
contábeis estão sendo executadas de acordo com as normas brasileiras de contabilidade.
O sistema capitalista trouxe como herança a auditoria independente, pois a necessidade de am-
pliação das estruturas empresariais e o aumento da concorrência pediam maior rigor em contro-
les internos, diminuição de custos e maior investimento em tecnologia.
De acordo com a CVM ([s.d.], [s.p.]),

O Auditor Independente exerce papel fundamental para assegurar credibi-


lidade às informações financeiras de determinada entidade, ao opinar se as
demonstrações contábeis preparadas pela sua administração representam,
em todos os aspectos relevantes, sua posição patrimonial e financeira.
Na tentativa de angariar mais fundos, quando se dá a abertura de capitais a terceiros, esses exi-
gem maior controle e prestação de contas que lhes permitam avaliar a liquidez e a rentabilidade
de seus investimentos.

70/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente


A independência passa a ser o diferencial Para que o auditor externo execute suas
entre a administração familiar e o novo con- atividades profissionais, além de ser conta-
ceito que surge diante do crescimento das dor com CRC ativo é indispensável que ele
organizações, pois o profissional da audito- mantenha também o registro profissional
ria independente possui as técnicas e não na Comissão de Valores Mobiliários.
mantém vínculo com a empresa avaliada.
O grau de confiança na opinião do auditor
sobre os relatórios apresentados aparece
gerando maior tranquilidade para os inves-
tidores.
Desde então, a auditoria vem sendo exerci-
da nas categorias interna ou externa, sendo
a externa considerada como independente
e a interna aquela em que o auditor é co-
laborador contratado pela organização e
executa a tarefa de verificar se os procedi-
mentos internos estão sendo executados de
acordo com a proposta da organização.
71/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

2. Estrutura das Normas Brasi- As normas relativas às questões profissio-


leiras de Contabilidade Técnica nais se dividem em:
NBC PG  Geral
A Resolução CFC nº 1.328/2011 traz a es-
trutura das Normas Brasileiras de Contabi- NBC PA  Do Auditor Independente
lidade, que devido à harmonização contábil NBC PP  Do Perito Contábil
trata de seguir os mesmos padrões de ela-
As NBC PG tratam dos itens apresentados
boração das normas internacionais. Para
na Tabela 4.1, de acordo com o CFC.
isso, foram criadas as NBCs, que remetem à
abreviatura de Normas Brasileiras de Con-
tabilidade, em que se apresentam as regras
estabelecidas pelos órgãos reguladores da
profissão no Brasil. Sendo assim, tais nor-
mas se encontram divididas em: profissio-
nais e técnicas.

72/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente


Tabela 4.1 – NBC PG – Geral

Fonte: <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-pg-geral/>. Acesso em: 12 jun. 2017..

Para que o entendimento seja mais claro, serão citados separadamente cada um dos PGs que
contém essa norma.
A NBC PG 100 está ligada às normas apresentadas na Tabela 4.2.

73/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

Tabela 4.2 – NBC PG – Geral –100

Fonte: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/NBCPG100>. Acesso em: 12 jun. 2017.

De modo geral, a NBC PG 100 trata das questões de ética, do profissional de contabilidade, bem
como de sua integridade pessoal, sua objetividade em termos de questionamentos e relatos, do
zelo e da competência profissional; também está diretamente ligada ao sigilo que o profissional
74/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente
desta área precisa ter e seu comportamento Já a NBC PG 200 está ligada ao comporta-
profissional. mento pessoal e profissional do auditor, de
acordo com as seções da NBC apresentadas
na Tabela 4.3.

75/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

Tabela 4.3 – NBC PG 200 – Contadores que prestam serviços

* Esta norma tem por base as seções 200, 210, 220, 230, 240, 250, 260, 270 e 280 da parte B do código de ética da IFAC.
Fonte: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPG200.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.

A NBC PG 200 dita as regras sobre os conflitos de interesse entre o auditor e a empresa na qual
ele está executando seu trabalho; se manifesta também nas questões de dúvida, quando elas
existirem, para que o auditor busque uma segunda opinião ao realizar uma atividade, não consi-
derando a sua opinião acima de qualquer verdade.
76/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente
Também são tratados no PG 200 as questões de honorários, remunerações de horas extras, bem
como alimentação e transporte da equipe de auditoria, além das questões de presentes que po-
dem ser aceitos pelos auditores a título de recompensa ou mérito. De maneira geral, esse PG
trata do envolvimento do auditor com o seu trabalho e as questões éticas que devem ser respei-
tadas para que esse aconteça de forma íntegra e transparente.
A NBC PG 300 está ligada aos profissionais internos à instituição, contadores ou auditores inter-
nos, diante das seções apresentadas na Tabela 4.4.
Tabela 4.4 – NBC PG 300 – Contadores empregados (contadores internos)

* Esta norma tem por base as seções 300, 310, 320, 330, 340 e 350 da parte C do código de ética da IFAC.
Fonte: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPG300.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.
77/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

O PG 300 está direcionado a contadores que Já a NBC PG 12 diz respeito à educação con-
possuem vínculo com a instituição. Portan- tinuada, ou seja, zela pela atualização dos
to, as questões que são tratadas nesse item profissionais contábeis. De acordo com o
estão relacionadas ao profissional como CFC, a presente norma tem por objetivo re-
membro integrante da organização; isso gulamentar o Programa de Educação Pro-
também serve para os técnicos contábeis, fissional Continuada (PEPC) para os profis-
não apenas para os graduados, mas todos sionais da contabilidade; visa também defi-
aqueles que têm responsabilidades sobre a
execução das tarefas contábeis.
As questões que chamam a atenção nesse
PG correspondem à situação de compro-
metimento do contador, pois como exerce
sempre funções de execução, pode haver
induzimentos, conflitos de interesse, fami-
liaridade, incentivos financeiros em benefí-
cio próprio devido à fácil manipulação e ob-
tenção de informações privilegiadas.

78/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente


nir as ações que o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e os Conselhos Regionais de Conta-
bilidade (CRCs) devem desenvolver para viabilizar, controlar e fiscalizar o seu cumprimento. Na
Tabela 4.5 são apresentados os itens de abrangência dessa norma, de acordo com o CFC.
Tabela 4.5 – NBC PG – 12

Fonte: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPG12(R2).pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.

79/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

A seguir, temos as intenções do PEPC: nhecidas ou pelo próprio profissional em


(a) Fomentar a EPC dos profissionais da atividades previstas nessa norma.
contabilidade. (f) Fomentar a ampliação do universo de
(b) Criar cadastros de qualificação técni- capacitadoras credenciadas para possi-
ca como forma de incentivar a Educação bilitar o atendimento das necessidades
Profissional Continuada. de eventos de educação continuada.

(c) Ampliar parcerias com entidades re-


gulatórias e fiscalizatórias com o objeti- Interessante ter algo que valorize e torne a
vo de apoio ao PEPC. capacitação do profissional de contabilida-
(d) Estabelecer uniformidade de critérios
para a estrutura das atividades de quali-
ficação profissional no âmbito do Siste-
ma CFC/CRCs.
(e) Estabelecer que a capacitação pode
ser executada pelo próprio Sistema CFC/
CRCs, por entidades capacitadoras reco-

80/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente


de contínua, pois essa área está em constante atualização e seus profissionais não podem e tam-
pouco devem ficar desatualizados, pois necessitam oferecer um bom atendimento aos clientes e
a todos os usuários da informação contábil.
A NBC PA está diretamente ligada aos auditores, trazendo em sua primeira norma, a NBC PA 01,
instruções sobre o controle de qualidade para as firmas de auditoria, a qual está voltada para as
informações de pessoas jurídicas. As tratativas dos auditores se dão nas demais NBCs.
Tabela 4.6 – NBC PA

Fonte: <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-pa-do-auditor-independente/>. Acesso em: 12 jun. 2017.

81/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

A NBC PA 290 teve sua primeira revisão em suspensão delas, da sua responsabilidade
2014, em que trata dos trabalhos de audi- enquanto perito e da necessidade da utili-
toria, sua independência e também traz as zação de um profissional técnico para sus-
regras para revisão desses trabalhos, bem tentar suas observações e seu laudo. Essa
como na PA 291, também já revisada em NBC também trata do zelo profissional que
2014, na qual traz toda a tratativa dos tra- o perito deve ter, da proposta de trabalho e
balhos de asseguração. da execução de honorários.
Nessa NBC também é possível verificar to-
das as informações que tratam do exame
de qualificação técnica para os auditores,
tal como seu cadastro no CNAI e as normas
profissionais desse auditor independente.
A NBC PP traz os PP 1 e PP 2, que tratam das
normas do perito contador, bem como da
sua competência e habilitação profissional,
do impedimento de suas atividades ou da

82/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente


Tabela 4.7 – NBC PP

Fonte: <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-pp-do-perito-contabil/>. Acesso em: 12 jun. 2017.

Além das normas profissionais, existem também as normas técnicas que dispõem sobre a dou-
trina e os procedimentos aplicados à contabilidade, como pode ser visto na tabela disponibiliza-
da pelo CFC. As NBCs técnicas vão desde as gerais e permeiam o setor público e as empresas de
auditoria, como elencadas a seguir:

83/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

• NBC TG – Geral De acordo com a tabela disponível no site do


• Normas Completas CFC, as NBC técnicas e suas correlações no
CPC e o IASB são apresentados na Tabela 4.8.
• Normas Simplificadas para PMEs
• Normas Específicas
• NBC TSP – do Setor Público
• NBC TA – de Auditoria Independente
de Informação Contábil Histórica
• NBC TR – de Revisão de Informação
Contábil Histórica
• NBC TO – de Asseguração de Informa-
ção Não Histórica
• NBC TSC – de Serviço Correlato
• NBC TI – de Auditoria Interna
• NBC TP – de Perícia

84/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente


Tabela 4.8 – NBC TG

85/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

86/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente


Fonte: Adaptado de <http://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/NBC_TG_GERAL_COMPLETAS_04012017.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.

87/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

Glossário
Evidenciação: por evidenciação, disclosure e revelação, entendemos como sendo qualquer in-
formação divulgada pela companhia que auxilie os analistas dos estados financeiros a conhecer
mais profundamente a situação econômica, financeira e até mesmo social da empresa.
Subvenção: de acordo com o artigo 01 da NBC T19.4, diz-se que: “Subvenção – contribuição
pecuniária, prevista em lei orçamentária, concedida por órgãos do setor público a entidades
públicas ou privadas, com o objetivo de cobrir despesas com a manutenção e o custeio destas,
com ou sem contraprestação de bens ou serviços da beneficiária dos recursos”.
Asseguração: de acordo com a NBC TO – Asseguração Contábil (2012, p. 1), “esta Norma utili-
za os termos “trabalho de Asseguração Razoável” e “trabalho de Asseguração Limitada” para
diferenciar dois tipos de trabalho de asseguração que o auditor independente pode realizar.
O objetivo de trabalho de Asseguração Razoável é reduzir o risco do trabalho a um nível acei-
tavelmente baixo, considerando as circunstâncias do trabalho, para que possa servir de base
para que o auditor independente emita sua conclusão na forma positiva. O objetivo de trabalho
de Asseguração Limitada é reduzir o risco do trabalho a um nível aceitável nas circunstâncias,
porém em um nível maior de risco do que em trabalho de Asseguração Razoável, para dar su-
porte à conclusão do auditor independente na forma negativa, ou seja, o auditor independente
conclui que não tem conhecimento de nenhuma modificação relevante que deva ser feita nas
informações sujeitas à Asseguração Limitada”.
88/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente
Glossário
Evidenciação: por evidenciação, disclosure e revelação, entendemos como sendo qualquer in-
formação divulgada pela companhia que auxilie os analistas dos estados financeiros a conhecer
mais profundamente a situação econômica, financeira e até mesmo social da empresa.
Subvenção: de acordo com o artigo 01 da NBC T19.4, diz-se que: “Subvenção – contribuição
pecuniária, prevista em lei orçamentária, concedida por órgãos do setor público a entidades
públicas ou privadas, com o objetivo de cobrir despesas com a manutenção e o custeio destas,
com ou sem contraprestação de bens ou serviços da beneficiária dos recursos”.

89/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

Glossário
Asseguração: de acordo com a NBC TO – Asseguração Contábil (2012, p. 1), “esta Norma utili-
za os termos “trabalho de Asseguração Razoável” e “trabalho de Asseguração Limitada” para
diferenciar dois tipos de trabalho de asseguração que o auditor independente pode realizar.
O objetivo de trabalho de Asseguração Razoável é reduzir o risco do trabalho a um nível acei-
tavelmente baixo, considerando as circunstâncias do trabalho, para que possa servir de base
para que o auditor independente emita sua conclusão na forma positiva. O objetivo de trabalho
de Asseguração Limitada é reduzir o risco do trabalho a um nível aceitável nas circunstâncias,
porém em um nível maior de risco do que em trabalho de Asseguração Razoável, para dar su-
porte à conclusão do auditor independente na forma negativa, ou seja, o auditor independente
conclui que não tem conhecimento de nenhuma modificação relevante que deva ser feita nas
informações sujeitas à Asseguração Limitada”.

90/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente


?
Questão
para
reflexão

Suponha que a empresa auditada esteja sofrendo um pro-


cesso judicial, no qual é importante a atuação do auditor
como testemunha de ações realizadas na organização e
que lhes sejam solicitados pelo juiz seus papéis de traba-
lho. Mesmo sendo esses documentos de responsabilidade
do auditor, e dentre sua atuação profissional esteja tam-
bém a guarda de sigilo, qual deve ser o procedimento do
auditor caso seja ele indiciado a compor o rol de testemu-
nhas?
91/180

Considerações Finais
• O auditor independente diante de sua atuação oferece à comunidade e aos
sócios da instituição auditada maior segurança por meio de suas averigua-
ções e possível parecer.
• O auditor independente deve manter sigilo sob a documentação por ele
averiguada, bem como abster-se de comentários sobre ações estratégicas
da organização.
• O auditor independente deve manter sua independência com a empresa
auditada ao longo de todo o seu trabalho junto a ela.
• O auditor interno deve garantir por meio de sua atuação que as instruções,
as normas e os procedimentos estipulados pela diretoria executiva estejam
sendo cumpridos, bem como seus controles internos.
• O papel de perito contábil deve ser cumprido por um contador devidamente
registrado no CRC e que tenha também habilitação para perícia, de acordo
com a legislação vigente.

92/180
Referências

ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
BRASIL. Auditores Independentes. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/au-
ditores_independentes/sobre.html>. Acesso em: 20 jul. 2017.

CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC PA – do Auditor Independente. Disponível em: <http://


cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-pa-do-auditor-independente/>.
Acesso em: 6 jul. 2017.
CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC PG 100. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/
sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/NBCPG100>. Acesso em: 6 jul. 2017.

CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC PG 12 (R2). Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/


sisweb/SRE/docs/NBCPG12(R2).pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017.

CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC PG 200. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/


sisweb/SRE/docs/NBCPG200.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017.

CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC PG 300. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/


sisweb/SRE/docs/NBCPG300.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017.

CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC PG – Geral. Disponível em: <http://cfc.org.br/tecnica/


normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-pg-geral/>. Acesso em: 6 jul. 2017.
93/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente

CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC PP – do Perito Contábil. Disponível em: <http://cfc.


org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-pp-do-perito-contabil/>. Acesso em: 6
jul. 2017.
CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC PP 01 – Norma Profissional do Perito. Disponível em:
<http://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/NBC_PP_01.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017.
CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC TG – Geral. Disponível em: <http://cfc.org.br/wp-con-
tent/uploads/2016/02/NBC_TG_GERAL_COMPLETAS_04012017.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017.
CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC TO – de Asseguração Contábil. Disponível em: <http://
portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/04/NBC_TO_Assegura%C3%A7%C3%A3o.
pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017.

CONSELHO Federal de Contabilidade. Normas brasileiras de contabilidade: NBC PA – do audi-


tor independente. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codi-
go=2014/NBCPG100>. Acesso em: 6 jul. 2017.
CONSELHO Federal de Contabilidade. Resoluções e Ementas do CFC. Disponível em: <http://
www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2011/001328>. Acesso em: 6 jul. 2017.

94/180 Unidade 4 • Regulamentação Pessoal e Profissional do Auditor Independente


Questão 1
1. Para a CVM, o auditor exerce um papel fundamental, assegurando cre-
dibilidade às informações financeiras. Assinale a alternativa que apresenta
esse papel.

a) Pesquisador de fraudes.
b) Protetor dos pobres e oprimidos.
c) Opina sobre a situação patrimonial das empresas.
d) Emite parecer sobre a correta execução dos controles internos.
e) Pesquisador de erros.

95/180

Questão 2
2. Desde a época em que os capitais foram abertos e houve maior investi-
mento de capital em empresas de terceiros, a auditoria começou a ganhar
mais força nas organizações, principalmente a externa. Assinale o princi-
pal item dos trabalhos prestados pelos auditores, interno ou externo, que
traz maior garantia de credibilidade.

a) Externo mais caro.


b) Interno está mais próximo dos fatos.
c) Externo sem vínculo, independência.
d) Interno com vínculo, dependência.
e) Interno, sem vínculo, dependência.

96/180
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta. As NBCs correspondem à abreviatura
de Normas Brasileiras de Contabilidade, em que se apresentam as regras
estabelecidas pelos órgãos reguladores da profissão no Brasil; encon-
tram-se divididas em:
a) Geral.
b) Profissional e Técnica.
c) Do Auditor Independente.
d) Do Perito Contábil.
e) Técnica e Geral.

97/180

Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. Dentre as normas profissionais, há uma
que trata das questões éticas do profissional; qual é essa norma?

a) NBC PG 100.
b) NBC PG 200.
c) NBC PG 300.
d) NBC PP.
e) NBC PG 500.

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Questão 5
5. Dentre as normas profissionais existe uma que cuida apenas das nor-
mas relativas ao auditor. Assinale a alternativa que a identifica.

a) NBC PG 12.
b) NBC PP.
c) NBC PG 300.
d) NBC PA.
e) NBC PG 100.

99/180

Gabarito
1. Resposta: C. ditor externo gera uma sensação de garan-
tia de processos, execução etc.
Ao opinar sobre a situação patrimonial
das empresas, o auditor expressa segundo 3. Resposta: B.
a CVM ([s.d.], [s.p.]) se “as demonstrações
contábeis preparadas pela sua administra- As NBCs apresentam-se divididas em nor-
ção representam, em todos os aspectos re- mas profissionais e técnicas.
levantes, sua posição patrimonial e finan-
ceira”. 4. Resposta: A.

2. Resposta: C. A norma que trata especificamente das


questões éticas é a NBC PG 100.
Externo, independência; esse quesito de in-
dependência foi o que originou e chamou 5. Resposta: D.
a atenção dos investidores no momento de
expansão das empresas e de injeção de va- A norma que trata do Auditor especifica-
lores nas organizações, pois o vínculo em- mente é a NBC PA.
pregatício gera mais desconfiança; um au-

100/180
Unidade 5
Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais

Objetivos

1. Conhecer as demonstrações contá-


beis a serem auditadas.
2. Identificar as mudanças das normas
brasileiras de auditoria para as nor-
mas internacionais de auditoria.
3. Apresentar noções sobre o Novo Rela-
tório de Auditoria (NRA).

101/180

Introdução

Diante do processo de harmonização con- • NBC TA 800/2017 – Essa norma ver-


tábil, que se iniciou em dezembro de 2007, sa sobre demonstrações contábeis
tornou-se essencial haver em paralelo um elaboradas conforme as estruturas
processo de convergência das normas bra- conceituais de contabilidade para
sileiras de auditoria para normas interna- propósitos especiais, metodologia de
cionais de auditoria. O órgão responsável elaboração do relatório, planejamen-
por essa padronização é o Ifac (Internacional to e execução e o próprio conteúdo do
Federation of Accountants). relatório.
Em 1 de janeiro de 2010, passou a vigorar a • NBC TA 805/2017 – Essa norma trata
reformulação das normas de auditoria bra- da auditoria de quadros isolados.
sileira, principalmente o texto do parecer • NBC TA 810/2017 – Essa norma esta-
dos auditores independentes. Em fevereiro belece diretrizes para os relatórios das
de 2017, o CFC apresenta novidades sobre demonstrações contábeis condensa-
atualizações em quatro normas brasileiras, das.
são elas:
Essas quatro normas são de grande im-
• NBC CTA 25/2017 – Novo Modelo do portância na elaboração do relatório de au-
Relatório do Auditor Independente. ditoria.

102/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais


Também é válido ressaltar que a nova redação estabelece ao auditor as condições de aceitação
ou a recusa do trabalho, garantindo-lhe uma segurança ao ter que tomar uma decisão contrária
à expectativa do contratante. A transparência das normas de auditoria trata da qualidade da
execução de tais normas.
É importante lembrar que todas as normas já existiam, porém foram reformuladas para atender
às normas internacionais. Adiante serão descritos os detalhes da alteração de cada seção.

1. Demonstrações Contábeis Obrigatórias


De acordo com o Ibracon (Instituto Brasileiro de Contabilidade), na NPC 27,

as demonstrações contábeis são uma representação monetária estruturada da


posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realiza-
das por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das demonstra-
ções contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial
e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para
uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações
contábeis também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administra-
ção, dos recursos que lhe são confiados.
103/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais

O conjunto das demonstrações contábeis Em seu parágrafo 1º artigo 176, na lei


considerado como obrigatório para as em- 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações), as
presas é o seguinte: demonstrações de cada exercício serão pu-
blicadas levando em consideração as infor-
• Balanço Patrimonial. (BP).
mações do exercício social anterior.
• Demonstração de Resultado de Exer-
cício (DRE).
• Demonstração das Mutações do Pa-
trimônio Líquido (DMPL).
• Demonstração de Fluxo de Caixa
(DFC).
• Demonstração do Valor Adicionado
(DVA).
• Notas Explicativas e suas práticas.

104/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais


Conforme determina a lei nº 6.404/76, ar- A CVM dá outras instruções para que audi-
tigo 175, o exercício social terá a duração tores intensifiquem os trabalhos nas com-
de um ano e seu término será fixado no es- panhias de capital aberto de acordo com o
tatuto social. No caso das limitadas, quem Ofício-Circular CVM/SNC/SEP nº 002/2011
fixará o término do exercício será o contrato (2011, p. 1) para demonstrações financeiras
social, para que fique claro o entendimen- com exercícios iniciados a partir de 1º de ja-
to de cada demonstrativo, pois nem sempre neiro de 2010.
a data do início e a do término do exercício
social são as mesmas do ano civil, é comum
haver o respeito ao período de doze meses
coincidindo com o ano calendário.
Companhias que não sejam de capital aber-
to e com patrimônio líquido inferior a R$
2.000.000 (dois milhões de reais) não serão
obrigadas à elaboração e publicação da de-
monstração do fluxo de caixa.

105/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais

A redação do ofício se dá a seguir:

Os Ofícios-Circulares conjuntos emitidos pela Superintendência de Relações


com Empresas (SEP) e pela Superintendência de Normas Contábeis (SNC)
têm como objetivo principal orientar os emissores de valores mobiliários
admitidos à negociação em mercados regulamentados, bem como os seus
respectivos auditores independentes, sobre aspectos relevantes que devem
ser observados quando da preparação e divulgação de demonstrações fi-
nanceiras e dos formulários previstos nos artigos 28 e 29 da Instrução CVM
nº 480/09, preenchidos com dados das demonstrações elaboradas em con-
formidade com as regras contábeis aplicáveis ao emissor.
Dentre os itens apontados como importantes de serem observados, nota-se: aspectos gerais –
notas explicativas, numa preocupação com a qualidade e a relevância das informações contidas.
Em busca de um ambiente de transparência, também há menção sobre itens considerados com
maior frequência de desvios nas demonstrações financeiras findas até dezembro de 2010:
I. Pronunciamento CPC 01 “Redução ao Valor Recuperável”.
106/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais
II. Pronunciamento CPC 05 “Divulgação V. Pronunciamento CPC 40 e Orien-
de Partes Relacionadas”. tação OCPC 03 – Instrumentos Fi-
III. Pronunciamento CPC 12 “Ajustes a nanceiros: Evidenciação.
Valor Presente”. VI. Pronunciamento CPC 27 – Ativo
IV. Pronunciamento CPC 25 – Provisões, Imobilizado.
Passivos Contingentes e Ativos Con- VII. Custo Atribuído (deemed cost) – In-
tingentes. terpretação Técnica ICPC 10.
VIII. Confiabilidade das demonstrações
financeiras.

107/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais

IX. Relatório do auditor independente. 2. NRA – Novo Relatório de Au-


X. Reconhecimento do ativo financeiro ditoria Independente
em concessões públicas (modelo bi-
furcado). Em 4 de julho de 2016, o CFC (Conselho
Federal de Contabilidade) divulga no Diá-
XI. Ativos e passivos regulatórios.
rio Oficial da União que os relatórios de au-
XII. Orientação quanto ao preenchi-
mento do Formulário DFP/10 – in-
formações de exercícios anteriores
para fins comparativos.
XIII. Reconhecimento de receita em ativ-
idades imobiliárias (OCPC 04).
XIV. Deveres e Responsabilidades dos
Auditores Independentes.

108/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais


ditoria independente terão novas normas • NBC TA 705 – Modificação na Opinião
para compor o Novo Relatório de Auditoria do Auditor Independente.
Independente, e devem incluir as demons- • NBC TA 706 – Parágrafos de Ênfase e
trações avaliadas a partir de 31 de dezem- Parágrafos de Outros Assuntos no Re-
bro de 2016. As seis normas publicadas de latório do Auditor Independente.
acordo com o CFC são:
• NBC TA 260 (R2) – Comunicação com
os responsáveis pela Governança.
• NBC TA 570 – Continuidade Opera-
cional.
• NBC TA 700 – Formação da Opinião
e Emissão de Relatório do Auditor In-
dependente sobre as Demonstrações
Contábeis.
• NBC TA 701 – Comunicação dos Prin-
cipais Assuntos de Auditoria no Rela-
tório do Auditor Independente.
109/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais

As NRAs já se encontram convergidas de


acordo com o ISAS (International Standards
on Auditing; Normas Internacionais de Audi-
toria), emitidas pela IFAC (Federação Inter-
nacional de Contabilidade). Todas essas al-
terações são propostas para mostrar maior
transparência e maior grau de credibilidade.

110/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais


Glossário
Demonstrações contábeis condensadas: demonstrações contábeis consolidadas (quando a
empresa tem matriz e filiais ou é uma holding, usa-se condensar os resultados na matriz)
Harmonização contábil: Convergência das normas brasileiras às internacionais.
Mercados regulamentados: de acordo com a CVM, são os que funcionam regularmente e obe-
decem a requisitos exigentes quanto à prestação de informação, à admissão dos membros do
mercado e dos valores mobiliários à negociação e ao respectivo funcionamento, sendo autori-
zados, a pedido do requerente, por portaria do Ministério das Finanças ou pela CVM.

111/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais

?
Questão
para
reflexão

A harmonização contábil deu início em 2007, já existem


então alguns anos que se passaram desde a proposta de
melhores práticas, transparência e maior credibilidade.
Após a convergência e a instalação dessas normas, é pos-
sível verificar um aumento na segurança trazida pelas em-
presas de auditoria, no sentido de minimização de fraudes
e de operações impróprias? Justifique sua resposta base-
ando-se no histórico de acontecimentos desde os anos
2000 até o momento.
112/180
Considerações Finais

• Reformulação das normas de auditoria brasileira, mediante harmonização


contábil.
• Nova redação estabelece ao auditor as condições de aceitação ou recusa
do trabalho, garantindo-lhe uma segurança ao ter que tomar uma decisão
contrária à expectativa do contratante.
• Nova redação que trata das normas de auditoria trabalha a questão de qua-
lidade da execução das normas.
• O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informa-
ções sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financei-
ro de uma entidade.
• Novo Relatório de Auditoria Independente entra em vigor em 4 de julho de
2016.

113/180

Referências

ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
BRASIL. Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 6 jul. 2017.

CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC TA – de Auditoria Independente de Informação Con-


tábil Histórica. Disponível em: <http://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/NBC_TA_110716.
pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017.

COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. CPC. Disponível em: <http://www.cpc.org.br>. Acesso


em: 6 jul. 2017.
COMISSÃO de Valores Mobiliários. Ofício-Circular CVM/SNC/SEP nº 002/2011. Disponível em:
<http://sistemas.cvm.gov.br/port/atos/oficios/Of%C3%ADcio%20Circular%20SEP%20SNC%20
02%202011%20(reemiss%C3%A3o).pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017.

COMISSÃO de Valores Mobiliários. Instrução 480. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/legis-


lacao/instrucoes/inst480.html>. Acesso em: 6 jul. 2017.

<http://www.cvm.gov.br/buscas/buscaAvancada.html?lastNameMostrar=480&lastName=480&-
categoriaBuscaAvancda=%2F&filtro=todos&buscado=false>

114/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais


IBRACON. NPC n° 27. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/ibracon/npc27.
htm>. Acesso em: 6 jul. 2017.

< http://www.cvm.gov.br/buscas/buscaAvancada.html?lastNameMostrar=npc+27&lastNa-
me=npc%252027&categoriaBuscaAvancda=%2F&filtro=todos&buscado=false>

115/180 Unidade 5 • Auditoria das Demonstrações Contábeis e Normas Contábeis Internacionais

Questão 1
1. Assinale a alternativa que apresenta a sigla do órgão regulador da padro-
nização das normas de auditoria.

a) Abrasca.
b) CVM.
c) CFC.
d) Ibracon.
e) Ifac.

116/180
Questão 2
2. Assinale a alternativa correta. De acordo com o CPC 27, qual é o objetivo
das demonstrações contábeis?

a) O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posi-
ção patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis
para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões.
b) O objetivo principal das demonstrações contábeis é o de informar o governo sobre a situa-
ção dos impostos diretos e a tendência do aumento ou a diminuição deste.
c) O objetivo principal das demonstrações contábeis é o de informar ao governo sobre o cresci-
mento dos impostos indiretos e a tomada de decisão deste sobre a manutenção ou não das
alíquotas, mediante o cenário apresentado.
d) O objetivo principal das demonstrações contábeis é o de mostrar a clientes e fornecedores o
rumo dos negócios da organização, para garantir que a empresa está bem no mercado.
e) O objetivo principal das demonstrações contábeis é atender ao fisco regional e prestar-lhe
contas da situação patrimonial e financeira da organização.

117/180

Questão 3
3. Existe um conjunto de demonstrações considerado como obrigatório
nas empresas. Assinale a alternativa que o identifica.

a) BP, DA, DMPP, DFC, DVA, Notas Explicativas.


b) BB, DA, DMPP, DFC, DAV, Notas Explicativas.
c) PB, DRA, DMPL, DFV, DVA, Notas Explicativas.
d) BP, DRE, DMPL, DFC, DVA, Notas Explicativas.
e) BP, DE, DMPL, DF, DV, Notas Explicativas.

118/180
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. Sabe-se que a duração de um exercício so-
cial é de um ano, porém o ano civil inicia-se sempre em janeiro e termina
em dezembro; nem sempre é dessa forma que acontece nas organizações,
elas podem iniciar suas operações em março de um ano e considerar seu
12º mês apenas em março do ano seguinte, fugindo às regras do calendá-
rio; porém elas devem obedecer que tipo de instrumento para estabelecer
tal prazo?

a) Notificação judicial.
b) Contrato social ou estatuto social.
c) Junta comercial.
d) Carta de preposto.
e) Procuração do juiz.

119/180

Questão 5
5. Assinale a alternativa correta. De acordo com instruções da CVM, com-
panhias que não sejam de capital aberto e com patrimônio líquido inferior
a R$ 2.000.000 não serão obrigadas à elaboração e publicação de que tipo
de relatório?

a) Balanço Patrimonial.
b) Demonstração de Resultado do Exercício.
c) Demonstração do Fluxo de Caixa.
d) Livro Diário.
e) Livro Razão.

120/180
Gabarito
1. Resposta: E. 4. Resposta: B.

Ifac - Internacional Federation of Accountants. O único documento para empresas de ca-


Esse é o órgão normatizador internacional. pital aberto que determina essa condição é
o estatuto social; e nas empresas de capital
2. Resposta: A. fechado é o contrato social.

O objetivo das demonstrações contábeis 5. Resposta: C.


de uso geral é fornecer informações sobre
a posição patrimonial e financeira, o resul- O relatório que não é obrigatório ser apre-
tado e o fluxo financeiro de uma entidade, sentado é o DFC (Demonstração de Fluxo de
que são úteis para uma ampla variedade de Caixa).
usuários na tomada de decisões.

3. Resposta: D.

BP, DRE, DMPL, DFC, DVA, Notas Explicati-


vas; esse é o conjunto de relatórios exigidos
pela legislação brasileira.
121/180

Unidade 6
Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000

Objetivos

1. Entender o que é asseguração.


2. Conhecer a necessidade do trabalho
de asseguração.
3. Identificar a rotina do trabalho de as-
seguração.

122/180
Introdução

Asseguração é um trabalho muito específi- al ou até mesmo atestar a veracidade de um


co, conhecido também, de acordo com Melo relatório econômico-financeiro.
e Santos (2012), por atestação, e ainda no De acordo com informações da BM 38 da
setor público por certificação; há também o KPMG ([s.d.], p. 21): “A utilização de assu-
termo em inglês “assurance”. rance torna as informações disponibilizadas
A segurança que esse tipo de trabalho trans- pelos agentes econômicos mais transpa-
mite permite que as dúvidas sobre algum rentes e confiáveis, contribuindo de forma
tipo de processo, contrato ou negociação relevante para o aumento da governança
comercial sejam delineadas de maneira a nas organizações”. E, ainda de acordo com
sanar qualquer ruído, pois as metodologias a revista, alguns dos itens acompanhados
utilizadas são bem definidas, podem até pelo trabalho de asseguração são: Indica-
utilizar o trabalho da auditoria independen- dores de Performance (KPI); Dados; Receitas
te, porém a forma de trabalho é muito mais e Custos; Assuntos Regulatórios; e Reportes
abrangente que a dos serviços tradicionais. Corporativos.
Por meio dessa atividade é possível atestar Lembrando que alguns desses itens vão bem
a qualidade de uma matéria-prima, um pro- além das demonstrações financeiras, justa-
blema específico em uma cláusula contratu- mente por esse motivo, pela abrangência
e pela configuração, que é bem diferente
123/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000

da auditoria das demonstrações financei- parência desde o início, sendo necessário


ras. Esse tipo de trabalho vem se firmando um trabalho de asseguração para garantir
como uma ferramenta de gestão e controle os processos, as cláusulas em contratos e
e apresentando maior visibilidade, princi- acordos de operações conjuntas, garan-
palmente pelas indústrias, devido ao valor tindo maior confiança e credibilidade em
agregado e ao tratamento diferenciado aos todo o processo.
temas específicos.
Assurance não é uma atividade nova, mas
vem ganhando espaço nos negócios que
dizem respeito a grandes parcerias, como
diz a reportagem da KPMG citada anterior-
mente: exploração, desenvolvimento e/ou
produção em setores como os de energia,
transporte, óleo e gás.
Entende-se que todas as informações que
devem ser compartilhadas em grandes
negócios já devem partir de uma trans-

124/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000


1. Como se Faz o Trabalho de As- Os trabalhos de revisão se apresentam em
seguração dois formatos: razoável e limitada. No item
revisão razoável, serão examinadas as de-
Por se tratar de um trabalho específico, para monstrações contábeis, e o auditor limita
executá-lo é imprescindível um profissional o risco do trabalho para um risco conside-
com conhecimentos e habilidades direcio- rado aceitavelmente baixo. No item revisão
nadas. Por esse motivo, o auditor indepen- limitada, o exame é feito de forma a atender
dente é o profissional com esses requisitos. os requisitos da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários). Neste caso, o auditor também
Os principais critérios para dar início aos diminui o risco, porém, devido à limitação
trabalhos de asseguração podem ser vistos do exame, nesse tipo de trabalho o risco é
nas normas: consideravelmente maior. Em ambos os ca-
• NBC TA – Normas Técnicas de Audito- sos, não se pode garantir certeza de 100%
ria. de confiabilidade, além de que o custo para
esse trabalho é por hora de exame, não se
• NBC TR – Normas Técnicas de Revisão. tornando algo muito barato caso o detalhe
• NBC TO – Normas Técnicas para Ou- seja extremamente abrangente. No Quadro
tros Trabalhos de Asseguração. 6.1 apresentamos um exemplo de assegu-
ração limitada e razoável.
125/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000

Quadro 6.1 – NBC T 11 – IT 1 Carta de responsabilidade da administração

Fonte: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTO3000.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2017.


126/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000
De acordo com as normas de asseguração,
os principais elementos para o trabalho
são: relacionamento entre as partes; obje-
to apropriado; critérios adequados; evidên-
cias apropriadas e suficientes; relatório de
asseguração escrito de forma apropriada. A
NBCT 11 ilustra a estrutura do trabalho de
asseguração, conforme pode ser visto na Fi-
gura 6.1.

127/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000

Figura 6.1– NBCTO 3000 – Funções e responsabilidades do auditor no trabalho de asseguração

Fonte: <cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/NBC-TO-3000-aud.doc>. Acesso em: 6 jul. 2017.


128/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000
Para melhor entendimento do que deve ser • Os usuários da informação, que po-
examinado em cada um dos itens de avalia- dem ser os próprios administradores
ção da asseguração, realizaremos uma bre- ou acionistas.
ve explicação dos itens elencados anterior- • O auditor independente e a decisão
mente. sobre os procedimentos para emissão
do relatório de asseguração.
1.1 Relacionamento Entre as
Lembrando que os responsáveis pela pre-
Partes
paração da informação a ser trabalhada,
Esse item diz respeito às partes que são ob- que corresponde às demonstrações contá-
servadas dentro de um trabalho de assegu- beis, são a própria administração da insti-
ração. Em leitura da NBC TA 200, de modo tuição, mas nem sempre são os administra-
geral as partes que compõem o trabalho de dores que contratam o serviço de assegu-
asseguração são: ração. Essa contratação também pode ser
solicitada pelos sócios ou acionistas e são
• A parte responsável pela preparação eles também que recebem o relatório emi-
da informação (que no caso são as de- tido pela auditoria. Entende-se que sócios
monstrações contábeis). e acionistas, além de contratantes, também
são usuários da informação contábil.
129/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000

1.2 Objeto Apropriado

Aqui constam as informações sobre o objeto estudado, ou seja, o item principal a ser avaliado,
estudado e assegurado. De acordo com a NBC TA 19,

Se o objetivo desta norma ou de outra NBC TO específica ao objeto não


puder ser alcançado, o auditor independente deve avaliar se isso exigirá a
modificação de sua conclusão ou sua retirada do trabalho (quando a reti-
rada for possível de acordo com as leis e regulamentos aplicáveis). A falha
no alcance do objetivo de uma NBC TO aplicável representa um assunto
significativo e requer sua documentação de acordo com o item 79.
O item 79 informa que caso o auditor encontre informações inconsistentes, elas devem ser devi-
damente documentadas.
De acordo com Melo e Santos (2012, p.14), a avaliação do objeto está relacionada com:

130/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000


Desempenho ou condições financeiras, como a posição patrimonial e fi-
nanceira histórica ou prospectiva, desempenho das operações ou fluxo de
caixa, para os quais as informações sobre o objeto podem ser o reconheci-
mento, a mensuração, a apresentação e a divulgação nas demonstrações
contábeis;
Desempenho ou condições não financeiras, para os quais as informações
sobre o objeto podem ser os principais indicadores de eficiência e eficácia;
Características físicas, onde a informação sobre o objeto compreende um
documento sobre as especificações;

Sistemas e processos (por exemplo, o controle interno de uma unidade)


para os quais a informação sobre o seu objeto é a sua eficácia.
É interessante ter um olhar dedicado aos fatos contábeis ocorridos e seu envolvimento com
as áreas correlacionadas. O trabalho de asseguração pode levar em consideração os trabalhos
realizados por empresas de auditoria externa, até mesmo os trabalhos de auditores internos,
mas o detalhamento de cada situação é muito mais profundo e amplo, envolvendo as especifi-

131/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000

cações não somente quantitativas das in- Nas questões de avaliação de controles in-
formações, mas também as qualitativas. ternos, pode ser usado, por exemplo, o mod-
elo estabelecido pelo COSO (Committee of
1.3 Critérios Adequados Sponsoring Organizations). O importante é
definir critérios adequados para que a aval-
O estabelecimento de critérios para aval- iação seja consistente.
iações e mensurações realizadas durante
Com base na leitura do Artigo 149 da NBC
o trabalho de asseguração deve ser bem
TA, a segurança e a consistência de evidên-
definido, principalmente no que tange à
cias são abordadas por diferentes fontes, o
legislação vigente no país e à sistemática
que traz maior confiabilidade aos dados.
de trabalho existente na organização. No
caso de avaliação de posição patrimonial e
1.4 Evidências Apropriadas e
financeira, é importante definir qual a uti-
lizada para interpretação, se a do padrão do Suficientes
país de origem ou a dos padrões internacio-
A NBC TA 147 relaciona-se com a sufici-
nais de relatórios financeiros que diferem
ência e a adequação da evidência, em que
dos utilizados no país.
define que a suficiência é a mensuração da
quantidade de evidências e trata também
132/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000
do impacto pelos riscos de distorção das informações; se a informação oferecer maiores riscos,
maior também será a necessidade de evidências, o que também dependerá da qualidade destas,
dado que baixa qualidade requer maiores evidências. De acordo com a NBC TA 148:

A adequação é a mensuração da qualidade da evidência; ou seja, sua rele-


vância e confiabilidade em fornecer fundamentação para a conclusão do
auditor independente. A confiabilidade da evidência é influenciada por sua
fonte e sua natureza, e depende das circunstâncias individuais sob as quais
são obtidas. As generalizações sobre a confiabilidade de vários tipos de
evidências podem ser feitas; entretanto, tais generalizações estão sujeitas
a exceções importantes. Mesmo quando a evidência é obtida de fontes ex-
ternas às partes apropriadas, podem existir circunstâncias que afetem sua
confiabilidade. Por exemplo, evidências obtidas de fonte externa podem
não ser confiáveis se a fonte não for reconhecível ou objetiva. Enquanto se
reconhece que exceções possam existir, as seguintes generalizações sobre
a confiabilidade da evidência podem ser úteis:

133/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000

• a evidência é mais confiável quando ela é obtida de fontes externas às


partes apropriadas;

• a evidência que é gerada internamente é mais confiável quando os con-


troles relacionados são eficientes;

• a evidência obtida diretamente pelo auditor independente (por exem-


plo, na observação da efetividade do controle) é mais confiável do que a
evidência obtida indiretamente ou por inferência (por exemplo, indaga-
ção sobre a efetividade do controle);

• a evidência é mais confiável quando ela existe de forma documentada,


seja em papel, de forma eletrônica ou outra mídia (por exemplo, ata de
reunião é geralmente mais confiável do que representação verbal).

Para saber mais


Complemente seus conhecimentos sobre asseguração em livro específico sobre o assunto: STUART, I. C.
Serviços de Auditoria e Asseguração na Prática. São Paulo: Bookman, 2014.

134/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000


Quando se faz um trabalho de asseguração Deve haver identificação do objeto de as-
com característica razoável, o risco deve ser seguração, que por sua vez define critérios
reduzido a um nível baixo para permitir que específicos de avaliação e limitações iner-
o auditor possa expressar sua conclusão de entes, bem como responsabilidade relativa.
forma positiva, mas isso depende da obten-
ção de evidências suficientes.

1.5 Relatório de Asseguração


Escrito de Forma Apropriada

O relatório deve ter um título apropriado que


ajude a identificar a natureza do relatório
de asseguração. Há uma identificação das
partes a quem o relatório será direcionado,
se houver mais que um interessado nesse
relatório, também deverá ser identificado.

135/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000

Glossário
Assurance: segurança, garantia, certeza.
Governança: maneira a qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais e econô-
micos.
COSO (Committee of Sponsoring Organizations): controle interno de estrutura integrada.

136/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000


?
Questão
para
reflexão
A empresa de Auditoria Ernst Young, no ano de 2014, foi contrata-
da para desenvolver o relatório de asseguração da Caixa Econômi-
ca Federal. Veja no seguinte link:
De acordo com o relatório, identifique:
• A extensão dos trabalhos desenvolvidos pelos auditores.
• Quem são os contratantes e a quem Ernst Young deverá encami-
nhar o relatório de asseguração.
• Verifique os itens relativos à limitação do trabalho e também o
seu alcance.

137/180

Considerações Finais
• Asseguração é um trabalho muito específico, conhecido também como as-
surance.
• A asseguração é contratada para que algum tipo de processo, contrato ou
negociação comercial seja delineado de maneira a sanar qualquer ruído.
• A utilização de assurance torna as informações disponibilizadas pelos agen-
tes econômicos mais transparentes e confiáveis.
• Por se tratar de um trabalho específico, para executá-lo é imprescindível um
profissional com conhecimentos e habilidades direcionadas.
• O estabelecimento de critérios para avaliações e mensurações realizadas
durante o trabalho de asseguração deve ser bem definido.
• Quando se faz um trabalho de asseguração com característica razoável, o
risco deve ser reduzido a um nível baixo.

138/180
Referências

ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC T 11. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/
sre/detalhes_sre.aspx?codigo=1993/000752>. Acesso em: 6 Jul. 2017.

CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC TA 200. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/


sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?codigo=2016/NBCTA200(R1)>. Acesso em: 6 jul. 2017.
CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC TO 3000. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/wor-
dpress/wp-content/uploads/2013/04/NBC_TO_Assegura%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 6
jul. 2017.
GARANTIA de transparência. Disponível em: <https://assets.kpmg.com/content/dam/kpmg/br/
pdf/2016/08/br-kpmg-bm38-garantia-de-transparencia.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2017.

MELO, M. M; SANTOS, I. R. Auditoria Contábil. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2012.

139/180 Unidade 6 • Trabalho de Asseguração e o Objetivo da NCB TO 3000

Questão 1
1. O trabalho de asseguração é um trabalho extremamente técnico, sua exe-
cução depende de um profissional de auditoria, com habilidade para tais re-
visões. O trabalho de revisão se apresenta em dois formatos, identifique-os:

I) Praticável.
II) Razoável.
III) Limitado.
IV) Ilimitado.
Agora, assinale a alternativa correta.
a) Apenas os itens I e II estão corretos.
b) Apenas os itens II e III estão corretos.
c) Apenas os itens III e IV estão corretos.
d) Apenas os itens I e IV estão corretos.
e) Todos os itens estão corretos.

140/180
Questão 2
2. No item revisão razoável, serão examinadas as demonstrações contá-
beis. Identifique a alternativa que indica a atuação do auditor nessa ativi-
dade.

a) Limita o risco do trabalho para um risco considerado aceitavelmente baixo.


b) O exame é feito de forma a atender os requisitos da CVM (Comissão Mobiliária de Valores).
c) Desconsidera o risco geral e se baseia apenas no risco específico.
d) Se atém ao risco do negócio e não ao risco da economia.
e) O risco do segmento é o que deve ser levado em conta.

141/180

Questão 3
3. Assinale a alternativa correta. Sendo o trabalho de asseguração realiza-
do por um auditor e também podendo ser, por este auditor, utilizadas as
técnicas de auditoria, por que razões o trabalho de asseguração é consi-
derado tão específico?

a) Por usar apenas auditores aposentados, que já não estão mais na ativa, considerando sua
expertise.
b) Por ser um trabalho que tem um dispêndio financeiro muito elevado.
c) Pela abrangência e pela configuração, que é bem diferente da auditoria das demonstrações
financeiras.
d) Por não ser um trabalho muito conhecido no mundo dos negócios.
e) Por ainda ser uma atividade nova.

142/180
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta. Tratando-se de evidências, a NBC TA147
relaciona suficiência e adequação da evidência, definindo que a suficiên-
cia é a mensuração da quantidade de evidência. Sendo assim, o que dizer
sobre as evidências e riscos apresentados?

a) Se há riscos é porque as evidências são boas.


b) Não há riscos sem evidências.
c) Há riscos e evidências se eles forem maiores que o cenário estudado.
d) Se o cenário for de poucas informações, dificilmente os riscos serão encontrados e sanados,
mas poderão aparecer ao longo do caminho.
e) Se a informação oferecer maiores riscos, maior também será a necessidade de evidências.

143/180

Questão 5
5. Sobre a evidência, é possível afirmar que ela é mais confiável quando:

I. Transmitida verbalmente.
II. Quando ela estiver documentada, em papel, de forma eletrônica ou em outra mídia.
III. Quando ela é obtida de fontes internas às partes relacionadas, desconsiderando os controles
internos.
Agora, assinale a alternativa correta.
a) Apenas o item I está correto.
b) Apenas o item II está correto.
c) Apenas o item III está correto.
d) Apenas os itens I e II estão corretos.
e) Apenas os itens II e III estão corretos.

144/180
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: E.

Razoável e limitado são os critérios utiliza- Se a informação oferecer maiores riscos,


dos no trabalho de asseguração para condi- maior também será a necessidade de evi-
ção de aceite do trabalho. dências.

2. Resposta: A. 5. Resposta: B.

Limita o risco do trabalho para um risco Quando ela estiver documentada, em papel,
considerado aceitavelmente baixo. Nesse de forma eletrônica ou em outra mídia.
formato, o tempo dedicado ao trabalho e as
horas pagas são em dimensões maiores na
tentativa de zerar qualquer dúvida.

3. Resposta: C.

Pela abrangência e configuração, que é bem


diferente da auditoria das demonstrações
financeiras.
145/180

Unidade 7
Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis

Objetivos

1. Entender a importância de um relató-


rio de auditoria.
2. Reconhecer a seriedade desse traba-
lho.
3. Verificar as alterações do relatório.

146/180
Introdução
O relatório final de auditoria é uma das principais peças das etapas do trabalho. Só após ter uma
visão geral do todo é possível chegar a uma conclusão dos itens que foram avaliados. A Figura
7.1 apresenta as principais etapas de um processo de auditoria.
Figura 7.1 – Fases do processo de auditoria

Fonte: elaborado pela autora.

A opinião do auditor é considerada um diagnóstico do que estudou na empresa e essa opinião


pode ser definitiva, caso não haja ressalvas no parecer, ou pode ser modificada, caso o parecer
aponte necessidade de ressalva.

147/180 Unidade 7 • Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis

A partir do encerramento do exercício de tirem seu parecer, estão sujeitos ao novo


31 de dezembro de 2016, o CFC (Conselho conjunto de normas brasileiras de contabi-
Federal de Contabilidade) emitiu novas nor- lidade e auditoria independente (NBC TA).
mas para a publicação do Relatório de Au- Trataremos aqui das seis primeiras nor-
ditoria. Sendo assim, os auditores, ao emi- mas que compõem o NRA (Novo Relatório
de Auditoria Independente), as quais estão
dispostas no Quadro 7.1.

148/180 Unidade 7 • Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis


Quadro 7.1- Modificações no Relatório do Auditor Independente – de acordo com publicação do CFC

NBC TA 260 (R2) Comunicação com os responsáveis pela governança.

NBC TA 570 Continuidade operacional.


NBC TA 700 Formação da opinião e emissão do Relatório do Auditor Independente sobre as demons-
trações contábeis.
NBC TA 701 Comunicação dos principais assuntos de auditoria no Relatório do Auditor Independente.
NBC TA 705 Modificações na opinião do auditor independente;
NBC TA 706 Parágrafos de ênfase e parágrafos de outros assuntos no Relatório do Auditor Indepen-
dente.
Fonte: Adaptado de GIROTTO (2016, [s.p.]).

O vice-presidente técnico do CFC explica que ao alterar essas seis normas, tornou-se necessário
modificar mais dezessete normas que continham reflexo das anteriormente alteradas.

149/180 Unidade 7 • Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis

2. As Principais Mudanças Ocor-


ridas no NRA

As normas sofreram mudanças para trans- Um item importante que teve alteração é
mitir maior confiabilidade em suas informa- em relação ao título desse relatório de audi-
ções emitidas, principalmente ao mercado, toria, que deve ter por nome: “Relatório dos
porque seus investidores e outros usuários Auditores Independentes sobre as Demons-
recebem agora informações que antes não trações Contábeis”.
tinham conhecimento. A nomenclatura do relatório foi inclusa para
dar ênfase exatamente no relatório do au-

150/180 Unidade 7 • Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis


ditor, diferenciando-o dos relatórios que já Um dos itens principais da mudança foi a re-
constam como obrigatórios, por exemplo: ordenação do relatório do auditor, em que o
parágrafo de opinião passa a ser o primeiro
• Relatório do Conselho da Administra-
ção. do relatório NBC TA 700. As responsabilida-
des do auditor e dos administradores tam-
• Parecer do Conselho Fiscal. bém foram alteradas pela referida norma.
• Relatório da Diretoria. As questões de independência e ética tam-
• Notas Explicativas, e se houver outros. bém sofreram alterações enfáticas no que
diz respeito à independência do auditor na
NBC TA 700. Já na NBC TA 570, a alteração
foi em relação à continuidade operacional,
se há ou não dúvidas sobre a continuidade
normal das operações da entidade.
Há também mais detalhes em relação à ca-
tegoria “outras informações e as respecti-
vas conclusões” na NBC TA 720. Além da
descrição dos principais assuntos de audi-
toria (PAAS) na NBC TA701.
151/180 Unidade 7 • Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis

A divulgação do nome do sócio do trabalho, A Figura 7.2 mostra quem são os afetados
no Brasil, até mesmo para as empresas não pelas alterações, de acordo com as infor-
listadas na bolsa, é obrigatória. Tais altera- mações do Ibracon (2016).
ções entraram em vigor para a auditoria de
exercícios findos a partir de 31 de dezembro
de 2016.

152/180 Unidade 7 • Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis


Figura 7.2 – Envolvidos nas alterações do NRA

Fonte: IBRACON (2016, p.181).

153/180 Unidade 7 • Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis

Na verdade, a transparência e o maior grau


de informações são benefícios para todos
os stakeholders.

154/180 Unidade 7 • Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis


Glossário
Diagnóstico: investigação, observação.
Ênfase: maior valor, maior importância, destaque.
Stakeholders: todos os envolvidos, fornecedores, clientes, governo, investidores.

155/180 Unidade 7 • Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis

?
Questão
para
reflexão
Com a reestruturação do relatório da auditoria, a responsabilida-
de primária dos controles internos, bem como de toda a manipula-
ção e realização dos efetivos relatórios financeiros nos padrões das
normas brasileiras de contabilidade, está vinculada à administra-
ção da organização. Diante desse fato e ao observar a NBC TA 240
R1, como o auditor se exime de riscos decorrentes de fraudes?

156/180
Referências

ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
CONSELHO Federal de Contabilidade. NBC TA. Disponível em: <http://cfc.org.br/wp-content/
uploads/2016/02/NBC_TA_110716.pdf> Acesso em: 25 maio 2017.

GIROTTO, Maristela. Normas do Novo Relatório do Auditor Independente são publicadas pelo
CFC. Disponível em: <http://cfc.org.br/noticias/normas-do-novo-relatorio-do-auditor-indepen-
dente-sao-publicadas-pelo-cfc/>. Acesso em: 6 jul. 2017.
IBRACON. Novo Relatório do Auditor. Disponível em: <http://www.ibracon.com.br/nra/hotsite/>.
Acesso em: 20 jul. 2017.

157/180 Unidade 7 • Relatório dos Auditores Independentes sobre as Demonstrações Contábeis

Questão 1
1. É de conhecimento de todos que o trabalho do auditor é feito por amos-
tragem devido à quantidade de lançamentos existentes em uma organiza-
ção para um período de análise de auditoria. Sendo assim, etapas são segui-
das para se chegar ao NRA com o parecer final. Identifique a alternativa que
contempla essas etapas.

a) Planejamento, identificação de risco, execução e opinião.


b) Planejamento, redução de risco, retenção e opinião.
c) Planejamento, avaliação de risco, execução e opinião.
d) Planejamento, avaliação de recurso, execução e opinião.
e) Planejamento, identificação de risco, redução e opinião.

158/180
Questão 2
2. Assinale a alternativa correta. O NRA foi criado para gerar maior trans-
parência e segurança aos seus usuários. Diante disso, no Brasil, a partir de
que data as auditorias devem obedecer ao novo formato?

a) 31/12/2015.
b) 31/12/2016.
c) 31/12/2014.
d) 31/12/2017.
e) 31/12/2010.

159/180

Questão 3
3. De acordo com as mudanças realizadas no NRA, foi realizada uma re-
ordenação no relatório. Dessa forma, assinale a alternativa que identifica
qual foi o parágrafo que ganhou destaque por se tornar o primeiro pará-
grafo do relatório.

a) Revisão.
b) Opinião.
c) Ênfase.
d) Nomenclatura.
e) Assinatura.

160/180
Questão 4
4. Vários grupos foram beneficiados com as alterações que promovem
maior transparência e segurança aos seus usuários. Assinale a alternativa
que identifica as principais mudanças atribuídas ao Comitê ou Conselho.

a) Interagir mais com os auditores, certificando-se de que não serão divulgadas informações
sigilosas.
b) Acesso a informações que não estavam disponíveis anteriormente.
c) Descrição mais detalhada da responsabilidade da administração.
d) Considerar como incorporar essas informações nas avaliações de empresas.
e) Maior interação com a alta administração e os responsáveis pela governança.

161/180

Questão 5
5. Assinale a alternativa correta. As alterações propostas no relatório têm
repercussão em vários grupos. Identifique os principais grupos indicados
pelo Ibracon.

a) Diretoria, segurança, vigilância, comitê de ética.


b) Auditor, administrador, diretor, compras, bancos.
c) Auditor, administrador, comitê de conciliação, contas a pagar.
d) Administração, investidor, comitê de retificação, contas a receber.
e) Auditor, investidor, administração, conselho.

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Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: A.
As etapas que suportam o trabalho do au- Interagir mais com os auditores, certifican-
ditor são: planejamento, avaliação de risco, do-se de que não serão divulgadas infor-
execução e opinião. mações sigilosas.

2. Resposta: B. 5. Resposta: E.
De acordo com a nova legislação, a data de Os grupos afetados pelas alterações são:
vigor dessa atividade é 31/12/2016. auditor, investidor, administração, conse-
lho. Todas as alterações propostas estão
3. Resposta: B. sugerindo maior transparência e segurança
nas informações.
O parágrafo que foi reordenado refere-se
ao parágrafo de opinião, visando ter maior
ênfase no parecer do auditor independente.

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Unidade 8
Casos Práticos em Auditoria

Objetivos

1. Buscar um alinhamento de conheci-


mento entre teoria e prática.
2. Reconhecer os princípios de auditoria
nos casos apresentados.
3. Identificar questões relacionadas aos
aspectos conceituais.

164/180
Introdução

Essa é uma disciplina que amplia o horizonte O importante é entender que cada empresa
dos alunos, principalmente nas questões de tem um perfil próprio, mas de maneira geral
gestão e controle, pois a auditoria, quando todas possuem as mesmas características
aceita um trabalho, entende que a empre- e de forma global são atingidas pelas ins-
sa a ser auditada está querendo conhecer truções e normas brasileiras. Sendo assim,
se sua estrutura está adequada tanto orga- é imprescindível o conhecimento das prin-
nizacional quanto financeiramente. Dian- cipais abordagens, que diz respeito ao que
te disso, a proposta dos estudos de caso é é a base do seu estudo, no nosso caso, os
feita para que o aluno consiga visualizar se conceitos de auditoria, suas normas e pro-
assimilou os conhecimentos necessários cedimentos, o perfil do auditor, bem como
para entender as provocações embutidas sua regulamentação profissional e técnica.
em cada “case”, caso haja dúvidas, é hora Nesse momento, serão apresentados a você
de procurar ampliar o conhecimento, bus- estudos de caso para entrelaçar teoria e
cando entender quais conceitos não foram prática.
atingidos ou até mesmo voltar em alguma
abordagem que não tenha fixado da manei-
ra correta.

165/180 Unidade 8 • Casos Práticos em Auditoria

1. Caso 1 – Diretores Viajando As empresas de auditoria geralmente rece-


bem os relatórios de adiantamento de via-
É comum nas organizações executivos as- gens e acompanham esse relatório na ten-
sumirem compromissos em filiais ou ma- tativa de entender as viagens ocorridas, os
trizes que se encontram em outras regiões valores antecipados e as devidas prestações
geográficas. Essa frequência depende do de contas.
tipo de organização, da administração, da
Algumas organizações possuem procedi-
distância e também da forma de relaciona-
mentos regulamentados para tais presta-
mento entre os pares.
ções de contas, outras não sabem nem do
Algumas empresas aceitam bem a proximi- que se trata o procedimento, e talvez não
dade e a atenção que os pares promovem ao tenham condições de administrá-lo a con-
se relacionarem de maneira mais frequente, tento. Após a exposição desses fatos, ob-
outras por questões talvez até financeiras serve a situação a seguir.
tratam isso de maneira mais tímida. O que
Ana é auditora interna e está acompanhan-
importa mesmo é que essas viagens acon-
do os controles internos da conta de adian-
tecem em alguns casos mais e em outros
tamento de viagens, ela possui como tarefa
menos.
abrir o saldo dos adiantamentos realizados
dos dois últimos anos até a presente data.
166/180 Unidade 8 • Casos Práticos em Auditoria
O saldo da conta de adiantamento de via- 5. A auditoria externa se importaria com
gens que se encontra em aberto é de R$ essa conta em aberto em seu próximo
1.865.450,00. trabalho?
Diante desse cenário, reflita os seguintes 6. Essa conta oferece risco à auditoria
questionamentos: externa?
1. Quais devem ser as principais preocu- Descreva em forma de fluxograma qual de-
pações de Ana com esse relatório em veria ser o trabalho de Ana para resolver a
mãos? situação da conta em aberto.
2. Quais relatórios ela deve confrontar
para identificar os motivos de os valo-
2. Caso 2 – Uso de Veículo da
res estarem em aberto há tanto tem- Empresa por Colaboradores
po?
As empresas, geralmente de porte médio
3. Caso Ana não consiga encontrar a li- ou grande, possuem frota própria ou ter-
quidação dos adiantamentos, com ceirizada para agilizar o trabalho interno,
quem ela deve falar? muitas vezes uma ida ao cartório, locomo-
4. O saldo em aberto se trata de um ção entre filiais no mesmo estado, visitas a
montante; esse valor é significativo? clientes e fornecedores, entre outros. São
167/180 Unidade 8 • Casos Práticos em Auditoria

muitas as necessidades que demandam o muito aborrecido, pois o shopping já estava


uso do veículo de propriedade da empresa. fechando e o executivo teve que enfrentar
Para esse uso, geralmente a empresa de- fila para pagar o ticket manualmente.
senvolve um tipo de controle, cada uma ela- Dessa forma, qual foi a percepção de Marti-
bora o seu próprio, o que lhe cabe melhor. na enquanto colaboradora do departamen-
Em algumas empresas, o executivo além de to financeiro?
utilizar o veículo da empresa também tem 1. Qual a razão do ”Sem Parar” não ter
reembolso de combustível, pedágio e todos funcionado?
os custos que ele sofrer enquanto o veículo
2. Naquele horário, o executivo estava
estiver em seu poder.
realmente em serviço? Cabe a Martina
Sendo assim, Martina recebeu — do dire- essa observação?
tor executivo financeiro da empresa na qual
3. O valor de R$10,00 é irrisório, esse va-
trabalha — uma solicitação de reembolso
lor oferece algum tipo de risco para a
do ticket do estacionamento do shopping
organização?
da cidade onde o executivo reside. Ele ale-
ga que o “Sem Parar” do veículo da empre- 4. Martina trabalha na mesma área que
sa não funcionou e ele teve que pagar em o executivo, ela terá condições de
dinheiro, o valor de R$10,00, mostrando-se confrontá-lo caso entenda que o con-
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trole interno não está sendo usado da 3. Caso 3 – Compra de Brindes
maneira ideal? para Festa Junina
5. Martina deve proceder ao reembolso e
não levar em consideração suas dúvi- Festas são sempre trabalhosas, envolvem
das, afinal o diretor tem muitos bene- um esforço bem maior dos colaboradores
fícios, por que se aproveitaria de um envolvidos porque além da rotina normal de
ticket de R$10,00? trabalho do colaborador, ainda é necessário
ter um tempo extra para se desdobrar e se
6. Esse tipo de situação dificilmente é
envolver com os itens da programação dos
visto por uma auditoria externa, mas
eventos. Em algumas empresas, estipula-se
se o auditor levasse em conta o horá-
uma comissão, em que cada um fica respon-
rio da utilização do veículo, ele poderia
sável por uma atividade. Quando a equipe
entender que aquele era somente um
interage e a situação flui é ótimo, o envento
dos controles que não estavam sendo
ocorre e tudo acaba bem. Agora, verifique o
obedecidos?
caso a seguir.
Francisco é conselheiro fiscal de um clube
recreativo há dez anos e a empresa, onde
ele efetivamente trabalha, fornece os sub-
169/180 Unidade 8 • Casos Práticos em Auditoria

sídios que o clube precisa para sobreviver, nhece os trâmites, estão de posse da lista de
além da bilheteria com convites para acesso compras dos brinquedos, eletroeletrônicos,
ao local e outros rendimentos com canti- eletrodomésticos, dentre outros, pois a fes-
na e festas, correspondendo ao rendimento ta se aproxima.
total do clube, bilheteria mais a subveção. Francisco entra e sai com o carro cheio de
Sendo assim, a festa junina que ocorre todo prendas, uns são brindes, outros são com-
ano depende de doações de fornecedores prados.
e da própria mantenedora. O conselheiro
Francisco está muito envolvido com essas No dia do evento, chega uma comissão de
rotinas, a ponto de recolher em seu próprio uma igreja de um bairro distante com a se-
veículo as prendas para o evento junino. guinte história: compramos do Sr. Francisco
40 brindes para a festa junina pela metade
A mantenedora enviou para a conta-cor- do valor, porém alguns itens precisam de pi-
rente do clube recreativo o montante de R$ lha e nossa comunidade é muito pobre, nós
50.000,00 para a compra de prendas para estamos atrás dele para trocar esses itens
a festa junina. Francisco, que conhece toda por outros mais simples e ver se ele mantém
a rotina das festas pelo tempo que já está os preços com desconto. Vocês sabem onde
nessa atividade, juntamente da pessoa que ele se encontra?
administra o clube, que é novata e não co-
170/180 Unidade 8 • Casos Práticos em Auditoria
A pessoa que atendeu a essa comissão não 5. O que faltou na gestão desse clu-
entendeu nada, passou a informação para a be?
frente até chegar ao Francisco, mas até esse 6. Os clubes, por serem instituições
ponto, muita gente ficou sabendo que o sem fins lucrativos, passam por audi-
Francisco estava vendendo brindes da festa toria?
junina. Diante disso:
7. Quais são os relatórios que clu-
1. Qual a posição da administradora da bes e outras instituições sem fins lu-
empresa? crativos devem apresentar?
2. Esse clube não tem estatuto social?
3. A mantenedora não tem auditoria dos
valores enviados para o clube?
4. Está correto o Francisco ficar
sozinho com a responsabilidade de
R$50.000,00, mesmo ele sendo con-
selheiro?

171/180 Unidade 8 • Casos Práticos em Auditoria

Glossário
Case: caso, estudo de caso.
Subvenção: auxílio, incentivo.
Ticket: comprovante, bilhete.

172/180 Unidade 8 • Casos Práticos em Auditoria


Referências

CONSELHO Regional de Contabilidade do Paraná. Veja quais são as demonstrações contábeis


exigidas de entidades sem fins lucrativos. Disponível em: <http://www.crcpr.org.br/new/con-
tent/diaDia/anterior.php?id=1212>. Acesso em: 20 jul. 2017.

CONTROLES internos. Disponível em: <http://www.portaldeauditoria.com.br/controles-inter-


nos/>. Acesso em: 20 jul. 2017.
INSTITUTO Brasileiro de Governança Corporativa. Governança Corporativa. Disponível em:
<http://www.ibgc.org.br/index.php/governanca/governanca-corporativa>. Acesso em: 20 jul.
2017.
TRANSPARÊNCIA e Governança. Disponível em: <http://www.transparenciaegovernanca.com.br/
TG/index.php?option=com_content&view=article&id=65:quais-as-atribuicoes-do-conselho-fis-
cal&catid=38:faq&Itemid=81>. Acesso em: 20 jul. 2017.

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Questão 1
1. Com relação a um dos itens a serem observados no case 1 “Diretores Via-
jando”, após identificar que realmente a conta encontra-se com saldo em
aberto, é possível afirmar que houve falha em:

a) Controles internos.
b) Controles externos.
c) Bancos.
d) Fluxo de caixa.
e) Balanço patrimonial.

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Questão 2
2. Com relação ao Caso 2, em que o veículo da empresa é usado por colabo-
radores, é possível verificar que diante da situação na qual a colaboradora
tenha que cobrar seu superior direto, ou mesmo negar-lhe um reembolso,
ela terá respaldo e não correrá riscos de ser assediada. Isso caso a empresa
tenha claramente em sua estrutura:

a) Medo de se manifestar.
b) Procedimentos.
c) Lei do quem pode mais chora menos.
d) Coragem de se manifestar.
e) Técnicas conhecidas.

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Questão 3
3. Empresas sem fins lucrativos geralmente têm uma estrutura diferente
das empresas tradicionais. Nessa estrutura, aparecem seus conselheiros,
que têm a função de:

a) Fiscalizar a empresa como um todo, desde a portaria até a área mais distante da administra-
ção.
b) Fiscalizar a parte financeira para evitar pagamentos indevidos.
c) Fiscalizar a parte tributária, evitando sonegação.
d) Fiscalizar as ações praticadas pelos administradores e opinar sobre as contas das compa-
nhias.
e) Fiscalizar a área produtiva, que é onde os custos se encontram.

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Questão 4
4. Assinale a alternativa que identifica o documento que dá início a uma
instituição sem fins lucrativos.

a) Carta de crédito.
b) Contrato social.
c) Estatuto social.
d) Certificado digital.
e) Procuração eletrônica.

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Questão 5
5. Assinale a alternativa que identifica as demonstrações financeiras exigi-
das para instituições sem fins lucrativos.

a) Balanço patrimonial e demonstração de fluxo de caixa.


b) Apenas fluxo de caixa.
c) Apenas demonstração de resultado do exercício.
d) Apenas DMPL e notas explicativas.
e) Balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstrações das muta-
ções do patrimônio líquido, demonstrações de fluxo de caixa e notas explicativas.

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Gabarito
1. Resposta: A. 3. Resposta: D.
O período normal para contas de adianta- O trabalho do conselho fiscal é averiguar as
mento permanecerem em aberto foi extra- ações tomadas pelos administradores e dar
polado pelo case 1, pois geralmente obede- sua opinião sobre as contas das empresas,
ce 12 meses. Sendo assim, é possível afirmar com base em seus relatórios.
que os controles internos falharam ao não
identificar tal situação. 4. Resposta: C.

2. Resposta: B. O estatuto social é o documento de origem


da instituição sem fins lucrativos.
Se a empresa possui procedimentos defini-
dos e claros para toda a organização, nin- 5. Resposta: E.
guém precisa fazer mais ou menos o seu
trabalho, e sim fazê-lo de modo a cumprir Os relatórios que constam no ITG 2002 são:
os procedimentos. balanço patrimonial, demonstração do resul-
tado do exercício, demonstrações das muta-
ções do patrimônio líquido, demonstrações
de fluxo de caixa e notas explicativas.
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