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Tutoria dia 30/10

Tema: princípio da legalidade

Princípio da legalidade

 Princípio da legalidade – grande pilar do direito penal nas constituições


contemporâneas // mais específico no direito penal e porquê é que é importante?
Sanções penais – tem que ter uma intensidade superior no direito penal “não há
crime, nem pena sem lei”

Há uma grande necessidade no direito penal de perceber quais são as fontes de direito penal
que asseguram a segurança necessária aos cidadãos face às “ameaças” que são as sanções
criminais

O princípio da legalidade representa essa esfera de segurança e o seu fundamento são os


fins das penas, mas isto não é exclusivo sendo que toda a sua racionalidade ultrapassa
qualquer perspetiva sobre as finalidades das penas, isto estará na essência democrática do
princípio

Qual é o fundamento do princípio da legalidade? A resposta é segurança democrática (as


sanções criminais são de tal forma graves que tem que haver uma aceitação por parte dos
destinatários, mas esta aceitabilidade tem que ter uma certa justificação com base nos
interesses racionais das pessoas e o princípio democrático, as normas são incriminadoras e
as sanções correspondentes são penas porque isso foi definido pelos
cidadãos/representantes. Mas a democracia quantitativa não basta é preciso que seja
qualitativa (as normas têm de ser razoáveis)

Art. 29/1 e 3º CRP

Isto vai ser estudado em concreto, agora iremos só abordar de forma muito geral e focar no
ponto nº1, ou seja, a reserva de lei em sentido formal

Nullum crimen sine lege – evitar que órgãos de aplicação do direito estabeleçam em concreto
uma certa conexão entre crime e pena que não tenha sido definida pelos órgãos legislativos

1. Nullum crimen, nulla poena sine lege stripta (reserva de lei em sentido formal)
2. Nullum crimen, nulla poena sine lege scricta (proibição de analogia)
3. Nullum crimen, nulla poena sine lege certa (princípio da tipicidade)
4. Nulla poena sine crimen – não há pena sem crime (princípio da conexão)
5. Nullum crime, nulla poena sine lege praevia (proibição de retroatividade)
Ponto 1
Nullum crimen, nulla poena sine lege scripta (reserva de lei em sentido formal)

Artigos: 165/1 c) – só a lei em sentido formal pode ser fonte de criminalização

Normas incriminadoras:

Afetam a segurança e liberdade individual então têm que ser aprovadas pelo parlamento ou
pelo governo com autorização sendo que este não pode extravasar o âmbito da autorização
tendo que haver diretrizes, não são cheques em branco

Normas que descriminalizam:

A descriminalização de condutas também se enquadra na definição de crimes (a contrario),


ainda há uma relevância social por isso deve haver expressão democrática

MFP – se o Governo pudesse descriminalizar uma conduta quando quisesse, então a definição
de crime ficaria nas mãos dele. Considera que a definição de crime abrange pela positiva e pela
negativa

E quanto às circunstancias agravantes?

Definem o concreto facto criminoso e também estão abrangidas pela previsão do art. 165/1 c)

165/1 c) ex.: 132º CP » segurança jurídica e princípio democrática – alteram a medida legal

A atipicidade das agravantes (art. 71º) significa apenas que o tribunal considera circunstancias
factuais que afetem a ilicitude e culpa em concreto, diversas das nomeadas na lei, mas que
tenham um significado e um efeito semelhantes

Atenuantes da responsabilidade criminal

Permitem que certos factos sejam justificáveis, ou desculpáveis os seus agentes. À partida
parece que não estão sujeitas à reserva de lei porque não afetam a expetativa de segurança e
liberdade individual dos destinatários das normas

Só em concreto é que conseguimos perceber se está ou não subordinada à reserva de lei:

Art. 32º CP (legítima defesa – causa de exclusão da ilicitude, não de justificação) – a conduta
passa a ser permitida e isto afeta a responsabilidade do agente, mas também de terceiro.
Devem ser tratadas com cuidado

A prof. MFP nota que há diferença entre situações em que as clausulas de exclusão dão apenas
corpo aquilo que já estava no sistema ex.: legítima defesa, direito de necessidade em que não
será necessário reserva de lei e situações em que há uma verdadeira exceção aos princípios
gerais ao permitirem certas condutas abrem uma exceção de modo que a sua previsão afete as
expetativas gerais e diminua a liberdade e segurança dos cidadãos ex.: custas telefónicas são
proibidas mas existem situações excecionais em que se admite para se fazer prova em
processo penal é uma causa eximente porque se pondera valores diferentes e, portanto, só
cabe à AR (reserva de lei)

Art. 72º CP (só afeta a culpa e não a ilicitude) – para que se faça uma atenuação da pena é
deixada uma certa margem de discricionariedade e apreciação dos tribunais para decidir, mas
não se pode substituir ao legislador ex.: o conjugue traído para defender a sua honra matava o
amante da mulher, se o tribunal entendesse que esta situação em concreto seria uma situação
atenuante da responsabilidade seria uma verdadeira manipulação do princípio da culpa, ou
seja, é verdade que existe alguma flexibilidade e em princípio os atenuantes não está na
reserva de lei, mas não podem ser uma carta em branco passado aos tribunais

É desnecessária reserva de lei, no entanto, a atenuação da culpa requer um controle


democrático em função do conteúdo essencial da culpa o legislador não pode criar atenuantes
arbitrariamente em função de quaisquer razões não comportáveis pelo princípio da culpa ex.:
tradição da honra relacionada com o adultério »» nos casos de violação do princípio da culpa
justifica-se o controle da reserva de lei a par da validação constitucional dos conteúdos

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