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“De acordo com o disposto no art. 334.º do CC, a existência ou não de abuso do direito afere-se
a partir de três conceitos: (i) a boa fé; (ii) os bons costumes; e (iii) o fim social ou económico do
direito; porém, o exercício do direito só é abusivo quando o excesso cometido for manifesto. A
boa fé comporta dois sentidos principais: no primeiro, é essencialmente um estado ou situação
de espírito que se traduz no convencimento da licitude de certo comportamento ou na ignorância
da sua ilicitude; no segundo, apresenta-se como princípio de atuação, significando que as
pessoas devem ter um comportamento honesto, correto e leal, nomeadamente no exercício de
direitos e deveres, não defraudando a legítima confiança ou expectativa dos outros. Os bons
costumes constituem o conjunto de regras de convivência que, num dado ambiente e em certo
momento, as pessoas honestas e corretas aceitam comummente. O fim social e económico do
direito é a função instrumental própria do direito, a justificação da respetiva atribuição pela lei
ao seu titular (…)”.
(in Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, datado de 17/05/2017, relatado por Nunes Ribeiro
no Processo n.º 309/07.2TBLMG.C1.S1)
“I. Existe abuso de direito, nos termos do disposto no artigo 334º do Código Civil, quando
alguém, detentor embora de um determinado direito, válido em princípio, o exercita, todavia, no
caso concreto, fora do seu objetivo natural e da razão justificativa da sua existência e em termos
apoditicamente ofensivos da justiça e do sentimento jurídico dominante, por exceder
manifestamente os limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes ou fim social ou económico
desse direito.
II. O juízo sobre o abuso de direito está, assim, dependente das conceções ético-jurídicas
dominantes na sociedade.
III. Não obstante a vivência nos meios rurais, impor que nas relações de vizinhança seja de
tolerar os ruídos provocados pelos animais domésticos legitimamente criados nos quintais das
residências, tais como galinhas e galos, e a suportar algumas contrariedades e incomodidades
daí advenientes, a verdade é que essa tolerância e limitação deverá apenas ocorrer na medida
adequada e proporcionada à satisfação dos interesses tutelados pelo direito dominante, para que
todos possam continuar a viver em sociedade no ambiente rural que escolheram.
IV. Assim, demonstrado que o direito dos autores ao sono e ao repouso está a ser interrompido
e afetado, diariamente, entre as 3 e as 5 horas pelo barulho estridente dos galos e galinhas que
os réus criam num anexo, que dista apenas 4,395 metros da casa dos autores, impõe-se ter por
prevalecente o referido direito dos autores, enquanto emanação dos direitos fundamentais de
personalidade, sobre o direito de propriedade dos réus e os interesses destes em fazer criação de
galinhas e galos”.
(in Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, datado de 03/10/2019, relatado por Maria Rosa
Tching, no Processo n.º 3722/16.0T8BG.G1.S1)
1) Todas as normas jurídicas são critérios materiais para resolução de casos concretos?
• Art. 1305.º
• Art. 817.º
• Art. 809.º
• Art. 458.º
• Art. 1219.º, n.º 1
Efeitos jurídicos
Ilícitos determinados
pela lei
Efeitos jurídicos
Actos reais determinados
Voluntários (ou pela lei
humanos) Actos Jurídicos Efeitos jurídicos
em sentido Actos de ciência determinados
estrito pela lei