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TEORIA GERAL

DO DIREITO E DA
POLÍTICA
Teoria Geral do Direito

Livro Eletrônico
 

Teoria Geral do Direito e da Política


Teoria Geral do Direito
Renato Borelli

Sumário
Teoria Geral do Direito.. .................................................................................................................................................3
1. Direito Objetivo e Direito Subjetivo...................................................................................................................3
1.1. Direito Subjetivo: Natureza Jurídica...............................................................................................................4
1.2. Direito Subjetivo: Classificação.......................................................................................................................7
1.3. Direito Subjetivo x Direito Potestativo.......................................................................................................8
2. Fontes do Direito.. ........................................................................................................................................................8
2.1. Teoria das Fontes.. ....................................................................................................................................................8
3. Eficácia da Lei no Tempo......................................................................................................................................26
3.1. Vacatio Legis............................................................................................................................................................26
3.2. Correção da Lei Publicada...............................................................................................................................27
3.3. Princípio da Continuidade da Lei.. ................................................................................................................ 28
3.4. Princípio da Segurança e da Estabilidade Social................................................................................31
3.5. Aplicação da Norma Civil no Tempo. ..........................................................................................................38
3.6. Aplicação da Norma Penal no Tempo. .......................................................................................................39
3.7. Aplicação da Norma Trabalhista no Tempo..........................................................................................40
3.8. Aplicação da Norma Constitucional no Tempo. ...................................................................................40
3.9. Antinomias Jurídicas. . .........................................................................................................................................44
4. Teoria Geral da Política.........................................................................................................................................46
4.1. Conceitos Básicos.................................................................................................................................................46
4.2. Política........................................................................................................................................................................47
4.3. Ciência Política.. .....................................................................................................................................................50
4.4. Ciência Política, Política e Maquiavel. .......................................................................................................51
4.5. Estado.........................................................................................................................................................................53
4.6. Relação entre Política e Direito...................................................................................................................70
Resumo................................................................................................................................................................................ 76
Questões de Concurso................................................................................................................................................ 97
Gabarito............................................................................................................................................................................. 114
Gabarito Comentado...................................................................................................................................................115

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Teoria Geral do Direito e da Política


Teoria Geral do Direito
Renato Borelli

TEORIA GERAL DO DIREITO


Olá, pessoal.
Dando seguimento ao nosso curso, na aula de hoje estudaremos Teoria Geral do Direito
e da Política, nos pautando pelo seguinte sumário:

1. Direito Objetivo e Direito Subjetivo


Tratando-se de institutos basilares, cujos conceitos são aprendidos logo nos primeiros
semestres do curso de Direito, é importante destacar que o direito objetivo e o direito subjetivo
não subsistem como institutos autônomos e independentes, sendo, em verdade, conceitos
intrinsecamente interligados – algo como as duas faces de uma mesma moeda –, devendo
ser analisados de forma conjunta, afinal o aspecto subjetivo do direito somente se manifesta
quando esse mesmo direito estiver objetivamente previsto e garantido.
Explico melhor!
É que o direito objetivo é aquele relacionado à positividade, isto é, corresponde ao di-
reito posto, contido em normas jurídicas, podendo ser apontado como a própria norma ou
o conjunto de normas de conduta positivadas, ou, ainda, como a própria ordem jurídica,
fruto da atividade legislativa.
Segundo Caio Mário da Silva Pereira, o direito objetivo traduz “o comando estatal, a norma
de ação ditada pelo poder público, e é nesta acepção que se repete secularmente que ius est
norma agendi1”.
Para fins didáticos, é comumente classificado em Direito Público e Direito Privado.
Noutra via, o direito subjetivo deriva da aplicação do direito objetivo a uma situação con-
creta, consistindo no direito-poder ou direito-prerrogativa, ou seja, na faculdade de exercer,
em favor do titular, o comando contido na norma. É, assim, o “poder que a ordem jurídica
confere a alguém de agir e de exigir de outrem determinado comportamento”2
Caio Mário da Silva Pereira esclarece ser “o poder de ação contido na norma, a faculdade de
exercer em favor do indivíduo o comando emanado do Estado, definindo-se ius facultas agendi3”.
Sintetizando:

Direito objetivo Direito subjetivo


(norma agendi) (facultas agendi)
Corresponde ao direito posto.
É o poder que a ordem jurídica confere a alguém de agir
É a própria norma ou o conjunto de normas de conduta
e de exigir de outrem determinado comportamento
positivadas, ou, ainda, a própria ordem jurídica, fruto
previsto na lei, isto é, no direito objetivo.
da atividade legislativa.

1
Numa tradução livre, o Direito é a norma de agir.
2
Francisco Amaral, Direito civil: introdução, p. 181.
3
Numa tradução livre, O direito é a faculdade de agir

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1.1. Direito Subjetivo: Natureza Jurídica


Definido o conceito, apontamos que ao longo dos anos surgiram algumas teorias (doutrinas
negativistas) rechaçando a existência do direito subjetivo. Ganham destaque aquelas postu-
ladas por Duguit e Kelsen (Teoria Pura do Direito), defendendo este último que “a obrigação
jurídica não é senão a própria norma jurídica. Sendo assim, o direito subjetivo não é senão o
direito objetivo. Reconhece ele somente a existência deste, não aceitando o dualismo direito
objetivo-direito subjetivo, que encerra um componente ideológico.”4
Não obstante, prevalecem as doutrinas afirmativas, aquelas que admitem a existência do
direito subjetivo, e que podem ser divididas em: a) teoria da vontade; b) teoria do interesse; e
c) teoria mista.
Conforme Tércio Sampaio Ferraz Júnior, o ponto central da discussão promovida pelas
citadas teorias estava em conseguir definir a natureza jurídica do direito subjetivo, a fim de
saber se este, a exemplo do direito objetivo, constituiria um dado por si ou se derivaria do
direito objetivo5, sendo necessário, apontar, desde já, que nenhuma delas conseguiu esgotar
de maneira satisfatória o debate.
De acordo com a teoria da vontade, defendida por Savigny, Windscheid e outros, a vontade
do sujeito é o elemento essencial e característico do direito subjetivo, este entendido como o
poder da vontade. Para esta teoria, o direito subjetivo é o poder originário da vontade humana,
reconhecido pela ordem jurídica.6
Critica-se o entendimento por não ser possível admitir que a eficácia de um direito conferi-
do a alguém pelo ordenamento jurídico fique condicionada a vontade do seu titular, único juiz
da conveniência de sua utilização. Ademais, existem direitos em que não existe uma vontade
real do titular, a exemplo dos incapazes, que possuem direitos subjetivos, podendo herdar ou
ser proprietários, muito embora não possuam vontade em sentido jurídico. 7
Na teoria do interesse protegido, criada por Ihering, o direito subjetivo passa a ser definido
como o interesse juridicamente protegido, de modo que a posição também não passou ilesa
à questionamentos, uma vez que confunde o direito subjetivo com o seu conteúdo.
Por fim, a teoria mista ou eclética, apoiada por Jellinek, Saleilles e Michoud, define o
direito subjetivo como o interesse protegido que a vontade tem o poder de realizar e em ra-
zão de mesclar os elementos básicos das duas posições anteriormente estudadas, recebe,
igualmente, as mesmas críticas.
Corretamente, Carlos Roberto Gonçalves, apoiado em Luigi Ferri, elucida que:

4
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
5
FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: Técnica, Decisão e Dominação. 4ª ed. São Paulo: Atlas,
2003. P. 147.
6
LORDELO, João Paulo. Noções Gerais de Direito e Formação Humanística. Salvador: JusPODVIM, 2017. p. 216.
7
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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O direito subjetivo, em verdade, não constitui nem poder da vontade, nem interesse protegido, mas
apenas “um poder de agir e de exigir determinado comportamento para a realização de um interes-
se, pressupondo a existência de uma relação jurídica. Seu fundamento é a autonomia dos sujeitos,
a liberdade natural que se afirma na sociedade e que se transforma, pela garantia do direito, em
direito subjetivo, isto é, liberdade e poder jurídico”.
Na realidade, direito subjetivo e direito objetivo são aspectos da mesma realidade, que pode ser
encarada de uma ou de outra forma. Direito subjetivo é a expressão da vontade individual, e direito
objetivo é a expressão da vontade geral. Não somente a vontade, ou apenas o interesse, configura
o direito subjetivo. Trata-se de um poder atribuído à vontade do indivíduo, para a satisfação dos
seus próprios interesses protegidos pela lei, ou seja, pelo direito objetivo8.

Não confunda:

Teoria Defensores Tese Críticas


Não é correto condicionar a eficácia
Direito subjetivo é
de um direito conferido a alguém
Savigny, o poder originário
pelo ordenamento jurídico a vontade
Teoria da Vontade Windscheid e da vontade humana,
do seu titular.
outros reconhecido pela ordem
Existem direitos em que não existe
jurídica.
uma vontade real do titular.
Direito subjetivo é o
Confunde o direito subjetivo com o
Teoria do interesse Ihering interesse juridicamente
seu conteúdo.
protegido.
Direito subjetivo é o Por conjugar os elementos básicos
Jellinek, Saleilles e interesse protegido que da teoria da vontade e da teoria do
Teoria mista ou eclética
Michoud a vontade tem o poder interesse, recebe as mesmas críticas
de realizar. aplicadas a estas.

O tema já foi objeto de prova.

001. (JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ/PR/2017) O direito objetivo contempla o direito


subjetivo? Fundamente.

Padrão de resposta oficial:


1. Resposta
Sim. Direito objetivo como conjunto de normas impostas e direito subjetivo como a permissão
de agir conforme o direito objetivo. Um não pode existir sem o outro. O direito objetivo existe
em razão do direito subjetivo, para revelar a permissão de praticar atos. O direito subjetivo
constitui-se das permissões dadas pelo direito objetivo. Teoria circular.

8
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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2. Ideia Central do Conceito


Direito objetivo é o complexo de normas jurídicas que regem o comportamento humano, as
relações entre as pessoas e entre elas e o Estado. Direito posto. É a norma de agir (norma
agendi), abrange o direito existente e concretizado em forma de leis. Compreende a série de
direitos existentes e implantados. Conjunto de normas que a todos se dirige e a todos vincula.
Direito subjetivo refere-se à posição do sujeito frente ao Direito Objetivo. Facultas agendi. É o
poder que a ordem jurídica confere a alguém de agir e de exigir de outrem determinado compor-
tamento. Permissão dada por meio da ordem jurídica para um sujeito fazer ou deixar de fazer
alguma coisa. Direito de forma concreta.
3. Elementos de definição
Direito Objetivo: norma, norma agendi, direito existente e concretizado em normas ou leis, direito
implantado, regulamentação da conduta humana, conjunto de regras que rege os mais variados
setores da vida, previsão abstrata, erga omnes.
Direito Subjetivo: invocação da norma, facultas agendi, prerrogativa do sujeito frente à norma,
poder de exigir que vigore a norma; permissão dada por meio da norma jurídica para fazer ou
não algo; previsão concreta. Classificação de direito subjetivo comum da existência (permissão
de fazer ou não fazer, de ter o u não ter – sem violação de preceito normativo) e direito subje-
tivo de defender (autorização de assegurar o uso do direito subjetivo, de modo que o lesado
pela violação da norma está autorizado a opor resistência, a fazer cessar o ilícito, reclamar a
reparação do dano e processar os violadores da norma, com imposição de sanção ou pena).
4. Abordagem teórica
Dentro do direito subjetivo, são apontamentos teóricos pertinentes:
• Hans Kelsen (nega a existência autônoma do direto subjetivo. Estabelece que o direito
deve ser visto como um sistema de normas e o direito subjetivo nada mais é do que o
reflexo de um dever jurídico, que existe por parte dos outros em relação ao indivíduo
de que se diz ter um direito subjetivo. Como o dever jurídico é a própria norma, o direito
subjetivo é o fenômeno normativo colocado à disposição do sujeito.
• Três teorias que procuram definir a natureza do direito subjetivo: 1) TEORIA DA VONTA-
DE de Savigny e Windscheid – direito subjetivo é o poder da vontade reconhecido pela
ordem jurídica (críticas – há direitos sem vontade do titular; há casos em que há uma
vontade real, porém o que o ordenamento jurídico protege não é a vontade do titular,
mas sim seu direito; o direito pode existir sem a vontade. 2) TEORIA DO INTERESSE de
Ihering – direito subjetivo é o interesse juridicamente protegido (críticas: há interesses
protegidos que não se confundem com direitos subjetivos; direitos subjetivos onde não
existe interesse por parte do titular; confunde o interesse seria o objeto que interessa, o
que não tem sentido. 3) TEORIA MISTA de Jellinek, Saleilles e Michoud – direito subjetivo
seria o poder da vontade reconhecido e protegido pela ordem jurídica, tendo por objeto
um bem ou interesse. Críticas: mesma acima. Direito não é objeto.

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1.2. Direito Subjetivo: Classificação


Os direitos subjetivos classificam-se em:
a) Absolutos ou relativos: absolutos são os direitos que podem ser exercidos contra um
sujeito passivo indeterminado, isto é, têm eficácia erga omnes. Pode-se citar como exemplo
o direito de propriedade9. Já os direitos subjetivos relativos são aqueles exercidos contra um
sujeito passivo determinado, com eficácia inter partes. Um exemplo seria o direito de crédito
exercido pelo credor contra o seu devedor.

Anote!
Sob uma outra perspectiva, a classificação em absolutos ou relativos pode estar associada ao fato de o
direito em questão estar ou não sujeito à exceção. Nesse sentido, absoluto seria o direito subjetivo que
não admite exceção, enquanto o direito relativo comportaria exceção. Há quem sustente, por exemplo,
que a vida seria um direito subjetivo absoluto. No entanto, prevalece na doutrina o entendimento de que
não há direito absoluto, inclusive o direito à vida, porque em casos de guerra declarada, por exemplo,
admite-se a pena de morte

b) Reais e pessoais: reais sãos os direitos que o homem exerce sobre a coisa (a exem-
plo do direito de propriedade, da posse, entre outros) e pessoais são os direitos que atuam
necessariamente sobre uma pessoa. O direito real pode ser definido como o poder jurídico,
direto e imediato, do titular sobre a coisa. Já o direito obrigacional ou pessoal consiste num
vínculo jurídico pelo qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação.
c) Transmissíveis e intransmissíveis: aqui a classificação diz respeito à aderência do
direito ao seu titular. Nessa esteira, no direito subjetivo transmissível, como a própria termi-
nologia revela, a titularidade é suscetível de alteração, como é o caso dos direitos reais, que
são suscetíveis de transferência. Nos intransmissíveis, a titularidade é imutável, a exemplo
dos direitos personalíssimos, que, por serem inerentes a cada pessoa, não podem ser repas-
sados a outrem.
d) Públicos e privados: direitos públicos são aqueles exercidos em face do Poder Público.
São os direitos relativos à liberdade, ao direito de ação, direito de petição e direitos políticos. O
direito subjetivo privado, por sua vez, é exercido contra um particular e, nesse sentido, podem
ser patrimoniais ou não patrimoniais.
e) Principais ou acessórios: principais são os direitos que possuem existência autônoma,
independente de outro. Já os acessórios dependem da pré-existência de outro direito, e com
ele se relaciona. Por exemplo, no contrato de compra e venda que possua uma cláusula de
pagamento de multa diante do inadimplemento, o direito principal seria o direito ao pagamento
do valor da dívida, enquanto que o pagamento da multa seria um direito acessório ao contrato.

9
Nos termos do art. 1.228 do Código Civil: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de
reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”.

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1.3. Direito Subjetivo x Direito Potestativo


É importante que não sejam confundidos os conceitos de direito subjetivo e direito
potestativo.
Direito subjetivo é a possibilidade (faculdade) de o indivíduo valer-se da lei para defender
seus interesses, podendo exercer este direito com liberdade dentro da legalidade. É aquele
direito cujo exercício enseja um dever imediato de outrem.
O direito potestativo, diferentemente, além de ser unilateral, pois derivado da vontade de
uma só das partes envolvidas, é incontroverso, não admitindo contestações. Destarte, cabe
a outra parte tão somente sujeitar-se ao seu exercício.
Enquanto o direito subjetivo se contrapõe a um dever, o direito potestativo é o mesmo que
uma sujeição, na medida em que faz imposições a uma das partes sem que a outra tenha
contrapartidas a cumprir.
Outra distinção é o fato de o direito potestativo extinguir-se pela decadência, enquanto o
direito subjetivo extingue-se pela prescrição.
Para uma melhor compreensão, que tal compilar as informações estudadas?

Direito Subjetivo Direito Potestativo


É o direito à formação de uma nova situação jurídica,
É o direito a uma prestação.
sendo que a ele não corresponde um dever.
Ao direito subjetivo corresponde um dever. Logo,
Consequentemente, não está sujeito à violação,
de um lado há o direito e, de outro, o dever.
porque a outra parte apenas se põe em estado de
Os direitos subjetivos estão sujeitos à violação,
sujeição. Logo, de um lado há o direito e, do outro,
porque dependem da cooperação do devedor.
uma sujeição
Extingue-se pela prescrição.
Extingue-se pela decadência.

2. Fontes do Direito
2.1. Teoria das Fontes
A teoria das fontes assume relevância no momento em que o direito passa a ser enten-
dido mais como um produto cultural e menos como um dado da natureza ou sagrado. Falar
em fonte do direito é perquirir a origem do fenômeno jurídico. Em outras palavras, é dizer a
forma pela qual as normas jurídicas se originam e manifestam.
A expressão “fonte do direito”, portanto, pretende significar origem, gênese, sob a perspec-
tiva histórica e sociológica e, também, a busca pelo fundamento do direito, em uma análise
filosófica.
Contudo, por ser vago e ambíguo, o termo “direito” acaba por conferir à teoria das fontes
uma certa dose de imprecisão, porque tanto pode abranger a origem das normas jurídicas (isto
é, do direito objetivo), como pode se referir ao direito subjetivo e também à própria nascente
da ciência jurídica e sua produção teórica (fontes da ciência do Direito).

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Para fins de concurso, vamos nos ater aqui a tratar das fontes do direito objetivo e a
doutrina, classicamente, costuma tratar o tema a partir de duas concepções: fonte material
(fonte de cognição) e fonte formal (fonte de produção jurídica).
Sob o ponto de vista material, as fontes consistem nos “elementos econômicos, políticos
e ideológicos que perfazem a realidade social e servem de substrato para a produção, inter-
pretação e aplicação da normatividade jurídica”10.
Usando termos mais simples, é possível definir as fontes materiais como todas as moti-
vações de natureza social, econômica, ética, filosófica, entre outras, que tenham influenciado
o legislador na formulação da norma jurídica (direito objetivo).
De outra sorte, as fontes formais correspondem aos modos de formação e de revelação
das normas jurídicas. Em suma, são as estruturas que dão forma ao direito objetivo, a exem-
plo da lei.
Em que pese inexistir consenso quanto à classificação das fontes formais, predomina
em âmbito doutrinário que, a parir do disposto no art. 4º da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (LINDB), devem ser assim consideradas a lei, a analogia, os costumes e os
princípios gerais do direito, devendo a primeira (lei) ser reputada como fonte formal principal
e as demais como fontes formais acessórias ou secundárias.
Como fontes não formais, por seu turno, temos a doutrina e a jurisprudência, destinadas
a auxiliar o operador do Direito na utilização das fontes formais.
Usualmente, costuma-se, também, separar as fontes do direito em diretas ou imediatas
e em indiretas ou mediatas. São diretas a lei e o costume, uma vez que gozam de apti-
dão para, por si só, gerarem a regra jurídica. São indiretas a doutrina e a jurisprudência,
que não sendo capazes de elaborarem a regra jurídica de pronto, contribuem para a sua
elaboração.
Atente-se ao esquema!

10
SOARES, Ricardo Maurício Freire. Elementos de teoria geral do direito, 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 63.

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2.1.1. Lei
2.1.1.1. Conceito
A lei, sobretudo nos sistemas de origem romano-germânico (“civil law”), é a fonte do direito
por excelência, instrumento próprio para a promoção de inovações na ordem jurídica.
Em verdade, diante dos reclames por um maior grau de certeza e segurança nas relações
jurídicas hodiernas, até mesmo nos países anglo-saxões, de tradição “common law”, vem se
notando uma ascensão da influência do processo legislativo.
Tomada em seu sentido estrito, “lei é a norma jurídica elaborada pelo Poder Legislativo,
por meio de processo adequado.” 11

11
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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Aprofundando um pouco mais, podemos apontar ser a norma geral e abstrata, com caráter
obrigatório, emanada do Poder Legislativo, conforme um processo legislativo específico, e
expressa mediante uma fórmula escrita.

2.1.1.2. Características
Uma vez conceituada, nota-se que a lei tem como características principais:
• A forma escrita;
• A generalidade, pois dotada de um comando abstrato, não se digere a um indivíduo es-
pecífico, mas, sim, a todos os cidadãos indistintamente.
• A imperatividade, impondo deveres e condutas aos membros da coletividade, não sendo
próprio das leis aconselhar ou ensinar.
• A permanência, sendo criada para vigorar por tempo indeterminado, enquanto não revo-
gada por outra. Há, contudo, leis temporárias, destinadas a viger somente durante certo
período de tempo, tal como ocorre com as leis orçamentárias;
• A complexidade, tendo em vista que a sua edição depende da manifestação de vontade
dos Poderes Legislativo e Executivo;
• É o resultado da manifestação de vontade da autoridade competente, conforme as com-
petências e os processos legislativos estampados na Constituição Federal;
• Contém um autorizamento, ou seja, a norma jurídica destina-se a autorizar ou não au-
torizar determinada conduta, restando superada a tese defendida por Hans Kelsen pela
qual não haveria norma sem sanção;

Curiosidade
Norma e lei não são expressões sinônimas.
A norma é uma prescrição, proibindo, permitindo ou exigindo determinada prática, podendo ser revelada
através dos mais diferentes instrumentos, a exemplo das regras, dos princípios, das decisões judiciais
e das leis.
A lei é, portanto, apenas uma das formas pelas quais se reveste uma norma ou um conjunto de normas
dentro do ordenamento jurídico.
Diferenciam-se, também, pelo modo como se revelam aos seus destinatários, uma vez que a lei possui
caráter explícito, informando de modo claro a conduta exigida ou esperada, ao passo que a norma se
revela implicitamente, sendo o fruto da interpretação do texto em que está estampada.
Com efeito, nem toda norma é jurídica, a exemplo das disposições de cunho religioso, porém, quando
expressadas na estrutura de lei, por exemplo, assim serão classificadas.
Destarte, podemos arrematar que toda lei é uma norma, mas nem toda norma é uma lei.

2.1.1.3. Reflexões Necessárias


Não se pode olvidar ser a lei uma importante expressão do regime democrático, pois quanto
mais democrático o Estado, maior será a predominância do Poder Legislativo na elaboração
das leis, porque se tal poder é exercido pelos representantes do povo, infere-se que é o próprio
povo que está assumindo as rédeas do sistema legislativo, nele refletindo as suas vontades.

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O maior desafio na produção legislativa é formar um conteúdo justo para solucionar os


dissensos sociais, ou seja, é conseguir fornecer critérios materiais, de conteúdo determinado,
para decisões de conflitos atuais ou futuros. Nesse contexto, embora a norma moral também
possa servir à regulação social, apenas a norma jurídica possui caráter cogente, de tal sorte
que uma vez violada enseja consequências jurídicas aos infratores. Ademais, apenas as nor-
mas jurídicas se sujeitam a um processo formal, legal ou constitucional, para serem criadas
e adquirirem validade jurídica.
É válido destacar que estamos analisando a lei em sua acepção estrita, cuja principal pe-
culiaridade é o fato de, por ser expressão da vontade política do povo, poder inovar no sistema
jurídico, elencando novos direitos e/ou obrigações. Por essa razão, a lei somente deverá ser
entendida como fonte se for constitutiva de direito, isto é, quando introduzir algo de novo
no sistema jurídico vigente.
Assim, na acepção estrita do termo, não é possível considerar decretos e regulamentos
como se leis fossem, já que não podem ir além dos limites colocados pela norma legal (lei)
que lhe servem de fundamento.

2.1.1.4. Integração
A lei, embora seja o principal ato normativo do nosso ordenamento, não é capaz de prever
e regular todos os pormenores da vida social, surgindo, inevitavelmente, casos em que será
omissa. Diante disso, o que fazer? Constatadas omissões, deveremos utilizar as técnicas de
integração (colmatação das lacunas legais).

Importante!
Maria Helena Diniz, citada por Flávio Tartuce, assevera que “O Direito não é lacunoso, mas há lacunas.”
A frase, a princípio contraditória, demonstra uma premissa que precisa ser devidamente compreendida
pelos operadores do Direito. Conforme a lição da doutrinadora, o sistema jurídico é estruturado de
maneira aberta (é um sistema aberto) no qual existem lacunas. Todavia, as lacunas não são do direito
em si, mas da lei, que é omissa em determinadas situações concreta.12

A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) estabelece que, quando a


lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.

Brevemente, vejamos cada um desses institutos:

12
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 8. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2018.

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• Analogia: é valer-se da disciplina legal de uma determinada situação para aplica-la a


uma situação semelhante. A analogia pode ser legal (quando o operador do direito se
vale de norma jurídica para a integração da lei) ou jurídica (quando, não existindo norma
que regule situação semelhante, o julgador extrai do conjunto de normas existentes uma
conclusão coerente).
• Costumes: prática reiterada de uma conduta com caráter obrigatório.
• Princípios gerais de direito: diretrizes genéricas que orientam todo o ordenamento jurí-
dico, seja na elaboração das normas jurídicas, seja na aplicação ou interpretação delas.
A integração também pode ser feita pela equidade, desde que expressamente autorizado
por lei. A equidade, em suma, seria a realização do sentimento do justo no caso concreto.
Por já ter sido objeto de prova, é válido verificarmos a distinção proposta por Tércio Sampaio
Ferraz Júnior, que classifica os modos de integração do Direito em instrumentos “quase-ló-
gicos” de integração, que são aqueles que exigem alguma forma de procedimento analítico,
tendo uma aparência de raciocínio formal, e instrumentos “institucionais” de integração,
que são aqueles que buscam apoio na concepção de instituição, manifestando argumentos
materiais. Os primeiros consistem na analogia, na indução amplificadora e na interpretação
extensiva e os segundos nos costumes, nos princípios gerais do direito e na equidade. 13

Instrumentos “quase-lógicos” de Instrumentos “institucionais” de


integração integração
Exigem alguma forma de procedimento analítico, Buscam apoio na concepção de instituição,
tendo uma aparência de raciocínio formal. manifestando argumentos materiais.
São eles: São eles:
• Analogia; • Costumes;
• Indução amplificadora; e • Princípios gerais do direito; e
• Interpretação extensiva • Equidade

A indução amplificadora, conjugando os métodos da indução e da dedução, visa, a partir


de casos particulares, alcançar um princípio geral aplicável a outras situações concretas.
Nas palavras do próprio autor:

A indução amplificadora é procedimento mais complexo que a analogia. Exige não apenas um juízo
empírico de semelhança e um juízo de valor sobre o caráter mais significativo da coincidência para
efeitos jurídicos, mas também que se extraia da comparação e da valoração um princípio geral.
Portanto, a distância entre a norma (ou normas) de que se parte e o caso omisso é maior. Por exem-
plo, constatamos que os estatutos sociais de quatro diferentes sociedades preveem o princípio da
maioria para suas deliberações. No entanto, num contrato que as une para a consecução de uma
tarefa comum, não foi prevista essa regra. O contrato é omisso. Por indução amplificadora, construí-

13
FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 10. ed. rev., atual. e ampl.
São Paulo: Atlas, 2018.

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mos, então, o seguinte raciocínio: se os estatutos, isoladamente tomados, preveem o princípio da
maioria, é possível generalizar a regra geral segundo a qual, com base na lealdade negocial, todas
as partes certamente admitem aquele princípio mormente quando nenhuma delas o exclui para as
deliberações internas. Generalizado o princípio, este é, então, aplicado ao caso omisso. Sentimos
que, na indução amplificadora, cresce a liberdade do intérprete. A força persuasiva do procedimento
depende de consenso menos evidente do que ocorre na analogia sobre a semelhança.14

Já na interpretação extensiva, segundo Ferraz Júnior, “partimos de uma norma e a es-


tendemos a casos que estão compreendidos implicitamente em sua letra ou explicitamente
em seu espírito.” 15
Reconhecendo não ser pacífico na doutrina a inclusão da interpretação extensiva como
método de integração do Direito, esclarece que:

A admissão da interpretação extensiva como meio de integração depende, assim, da possibilidade


de se caracterizar sua distinção em face da analogia e da indução amplificadora. Em tese, discri-
miná-las parece simples. Na interpretação extensiva partimos de uma norma e a estendemos a
casos que estão compreendidos implicitamente em sua letra ou explicitamente em seu espírito.
Na analogia e na indução amplificadora, o caso é omisso, tanto na letra, quanto no espírito de qual-
quer norma do ordenamento. Apesar da simplicidade, como vimos, a distinção traz dificuldades.

002. (JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ/RR/2015) “Em suma, pode-se dizer que, na verdade,
a questão da lacuna e dos limites à integração é uma espécie de invenção do pensamento
dogmático que permite, de um modo controlado, a decidibilidade de conflitos não regulados de
forma positiva. O direito positivado pressupõe uma tendência em estreitar, em nome de valores
da certeza e da segurança, o campo de atuação do intérprete. Ora, o conceito dogmático da
lacuna, dos meios de integração e dos seus limites confere ao intérprete a possibilidade de
se valer de fatores extra-positivos como se fossem positivos ou, ao menos, positiváveis. Ou
seja, o conceito de lacuna alarga o campo da positividade a partir dele próprio. Ele funciona
como uma regra permissiva, doutrinária, que autoriza o intérprete a se valer dos meios de
integração nos limites que a própria doutrina parece reconhecer, mas na verdade estabelece:
em caso de lacuna pode o intérprete... Assim, embora a lacuna seja definida como omissão
ou falta de norma no ordenamento os fatores extra-positivos, como os ideais de justiça, as
exigências de equidade, os raciocínios quase-formais. Ou seja, embora o conceito designe
falta, ele oculta a superabundância de normas, assegurando-se, destarte, um dos princípios
caracterizadores do legislador racional: a omnicompreensividade” (Tércio Sampaio Ferraz

14
FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 10. ed. rev., atual. e ampl.
São Paulo: Atlas, 2018.
15
FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 10. ed. rev., atual. e ampl.
São Paulo: Atlas, 2018.

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Júnior, introdução ao Estudo do Direito. São Paulo, Atlas, 1996, 2ª edição, p. 307). Em sua
abordagem do tema da interpretação do Direito, Tércio Sampaio Ferraz Júnior, no trecho aci-
ma citado, faz referência à questão da integração do Direito. Relativamente ao entendimento
deste autor sobre o assunto, responda:
a) A que se refere a integração do Direito? Explique.
b) Considerando os diferentes modos de integração do Direito, identifique e explique os chama-
dos instrumentos “quase-lógicos” de integração.
c) Considerando os diferentes modos de integração do Direito, indique e explique os chamados
instrumentos “institucionais” de integração.
(Elabore sua resposta definitiva em até 30 linhas).

Padrão de resposta oficial:


a) A integração do Direito refere-se à possibilidade de, por via hermenêutica, suprirem-se as
lacunas do ordenamento. Segundo a dogmática hermenêutica, admita a incompletude do siste-
ma normativo, ou seja, admita a existência de lacuna no ordenamento, caberá perguntar pelos
modos de integração do direito e pelos limites impostos ao intérprete na tarefa de realizar esta
integração.
b) Indicação e explicação, segundo a caracterização realizada por Tércio Sampaio Ferraz Júnior,
dos três instrumentos “quase lógicos” de integração do Direito: a analogia, a indução ampli-
ficadora e a interpretação extensiva. A analogia se dá quando uma norma, estabelecida para
uma determinada situação fática, é aplicável a uma conduta para qual não há norma, havendo
entre ambos os supostos fáticos uma semelhança. A indução amplificadora, conjugando os
métodos da indução e da dedução, parte de casos particulares para obter uma generalização,
da qual resultam princípios que serão aplicados, dedutivamente, a outros casos. A interpretação
extensiva parte de uma norma existente na sua própria letra ou explicitamente no seu espírito.
Estes três instrumentos exigem alguma forma de procedimento analítico e têm uma aparência
de raciocínio formal.
c) Indicação e explicação, segundo a caracterização realizada por Tércio Sampaio Ferraz júnior,
dos três instrumentos “institucionais” de integração do Direito: os costumes, os princípios
gerais do direito e a equidade. O costume, que envolve tradições, crenças e opiniões, consiste
na força conferida ao tempo e ao uso reiterado como reveladores de normas. Os princípios
gerais do direito, diferentemente das normas, não são elementos do repertório do sistema
normativo, mas fazem parte de suas regras estruturais, ou seja, dizem respeito à relação entre
as normas no sistema, ao qual conferem coesão. A equidade pode ser caracterizada como
o sentimento do justo concreto, em harmonia com as circunstâncias e adequado ao caso a
que se refere. Estes três instrumentos apoiam-se na concepção de instituição e expressão
argumentos materiais.

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2.1.2. Costumes
2.1.2.1. Conceito
O costume é a fonte mais antiga do direito, gozando de grande expressão no período
anterior às codificações.
Por meio dele, cria-se, forma-se e impõe-se normas de conduta, de modo que o principal
diferencial em relação aos hábitos sociais é a convicção de sua obrigatoriedade.

Anote!
Não há costume se a coletividade não reconhece o seu caráter obrigatório.

Carlos Roberto Gonçalves explica que:

O costume é composto de dois elementos: o uso ou prática reiterada de um comportamento (ele-


mento externo ou material) e a convicção de sua obrigatoriedade (elemento interno ou psicológico,
caracterizado pela opinio juris et necessitate). Em consequência, é conceituado como sendo a prá-
tica uniforme, constante, pública e geral de determinado ato, com a convicção de sua necessidade.
Essa convicção, que é o fundamento da obrigatoriedade do costume, deve ser geral, cultivada por
toda a sociedade ou observada por uma parcela ponderável da comunidade, ou ao menos mantida
por uma categoria especial de pessoas. 16

Anote!
Costume é a prática uniforme, constante, pública e geral de determinado ato, com a convicção de sua
necessidade.

Elemento externo ou material Elemento interno ou psicológico

• O uso ou prática reiterada de um comportamento • Convicção de sua obrigatoriedade (opinio juris et


necessitate)

Não sendo o fruto de um processo legislativo ou da imposição de uma autoridade, di-


z-se que o costume possui menor grau de objetividade, tendo em vista o caráter difuso da
formulação das suas normas. Apesar disso, o costume, enquanto fonte, capacita as normas
consuetudinárias de validade e eficácia, dando a elas impositividade. No entanto, como não
há um marco temporal que nos permita aferir o exato momento em que o costume se tornou
obrigatório, a exemplo do que acontece com as leis, é fundamental que aquele que o alega
prove a sua existência.

16
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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2.1.2.2. Classificação
Em relação à lei, os costumes são tradicionalmente classificados em três espécies:
• Contra legem, quando se opuserem à lei.

Anote!
Os costumes contra legem não são considerados fontes do direito.

• Praeter legem, quando destinados a suprir as lacunas presentes na lei, disciplinando


matérias não albergadas por esta.

Anote!
Os costumes praeter legem são utilizados como normas de integração do ordenamento jurídico, colmatando
lacunas legais.

• Secundum legem, quando expressamente reconhecidos na lei, que faz menção a eles.

Anote!
Os costumes secundum legem assumem caráter de lei, devendo deixar de serem considerados costumes
propriamente ditos.

2.1.3. Doutrina
2.1.3.1. Conceito
A inclusão da doutrina no âmbito das fontes do direito não é pacífica entre os teóricos.
Para aqueles que assim o fazem, deve ser considera fonte não formal, pois destinada a faci-
litar e orientar a aplicação do direito, sendo definida como o conjunto de obras e pareceres
produzidos pelos juristas de um determinado ordenamento jurídico.

2.1.3.2. Características
A doutrina não influi de forma direta na criação de normas jurídicas, possuindo caráter
meramente opinativo. Portanto, por não haver obrigação de os tribunais se renderem ao enten-
dimento por ela indicado, tampouco de os legisladores acatarem as sugestões dos teóricos,
diz-se que ela é uma fonte mediata.
Fato é que a doutrina é um fundamental antecedente lógico para o surgimento da principal
fonte do direito: a lei. A sua missão é desenhar o quadro fático subjacente ao ordenamento
jurídico, traçando as perspectivas e os caminhos a se percorrer juridicamente.

2.1.4. Jurisprudência
2.1.4.1. Conceito
A jurisprudência, de acordo com Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, é:

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(...) o conjunto de decisões judiciais proferidas em determinado sentido, afirmando a existência
de uma linha de orientação sobre determinados temas. Pressupõe dois elementos: conhecimento
do Direito (pelos aplicadores) e sua aplicabilidade no caso concreto.17

Para João Paulo Lordello “é a reiterada aplicação do entendimento firmado em um prece-


dente. Em palavras mais palatáveis, a jurisprudência consiste no entendimento
reiterado dos tribunais sobre determinado assunto.”18

Importante!
Não confunda jurisprudência com precedente.
Lordello esclarece que em um sentido amplo, precedente “é a decisão judicial tomada à luz de um caso
concreto, que pode servir como diretriz para o julgamento posterior de casos similares”19, não exigindo
reiteração de decisões, sendo composto por duas partes:
a) As circunstâncias de fato que embasam a controvérsia; e
b) A tese assentada na motivação (ratio decidendi).
Noutra via, sob um ponto de vista estrito, indica que o precedente “consiste exatamente na ratio decidendi
(ou holding para os Americanos), assim compreendida como os fundamentos jurídicos que sustentam
determinada decisão”. 20
A jurisprudência, por sua vez, é a reiteração do precedente. Exige, portando, a repetição de julgados
em um mesmo sentido, valendo-se da mesma ratio decidendi.

2.1.4.2. Reflexões Necessárias


Nos regimes jurídicos que adotam o sistema do “common law”, o direito é revelado pela
utilização sucessiva dos precedentes pelo Poder Judiciário. Assim, a jurisprudência ocupa
papel de destaque como fonte do direito. De toda sorte, mesmo no caso do Brasil, que adota
o sistema do “civil law”, lastreado na lei como fonte primordial do direito, (embora parte da
doutrina já aponte para uma aproximação com o sistema do “commom law”), a jurisprudência
e os precedentes judiciais estão assumindo uma importância crescente, de modo que não há
como negar que a jurisprudência vem despontando como genuína fonte jurídica, suplemen-
tando e aperfeiçoando a própria legislação.
Esse apreço maior aos precedentes judiciais pode ser atribuído ao neoconstitucionalismo,
que, dentre tantas mudanças, ao redimensionar o papel do Poder Judiciário provocou, por con-
sequência, a reconfiguração do papel da jurisprudência como fonte formal secundária do direito.
No que tange ao neoconstitucionalismo, esclareço que em tópico específico iremos estu-
dar mais profundamente as modificações que provocou na teoria das fontes.
Fato é que se até pouco tempo atrás a ideia da vinculabilidade dos precedentes judiciais
era um traço peculiar à tradição jurídica do modelo do “common law”, hoje existe uma recí-
proca aproximação entre este e o sistema do “civil law”.

17
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB. 15. ed. rev., ampl. e atual. Sal-
vador: Ed. JusPodivm, 2017. p. 121-122.
18
LORDELO, João Paulo. Noções Gerais de Direito e Formação Humanística. Salvador: Ed. JusPodivm, 2017. p. 226.
19
LORDELO, João Paulo. Noções Gerais de Direito e Formação Humanística. Salvador: Ed. JusPodivm, 2017. p. 225.
20
LORDELO, João Paulo. Noções Gerais de Direito e Formação Humanística. Salvador: Ed. JusPodivm, 2017. p. 225.

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No Brasil, a valorização da jurisprudência como fonte do direito pode ser verificada no


Novo Código de Processo Civil, que em seu artigo 927 estabeleceu rol de precedentes de
observância obrigatória por todos os juízes e tribunais:
CPC/2015, art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
I – as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
II – os enunciados de súmula vinculante;
III – os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repe-
titivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;
IV – os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do
Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
V – a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

Outro fator que evidencia a crescente influência da jurisprudência em terrae brasilis é a


positivação no texto constitucional, através da Emenda Constitucional n. 45/2004, da possi-
bilidade de o Supremo Tribunal Federal editar súmulas vinculantes.
Tais súmulas, consagradas no art. 103-A, da Constituição Federal21, permitem ao Poder
Judiciário elaborar compreensões que vincularão não apenas os seus órgãos, mas também
a Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, operando
efeitos imediatos desde a sua publicação oficial.

A vinculação produzida pela súmula não alcança o Poder Legislativo (função legislativa), sob
pena de grave violação à separação dos Poderes. Logo, continua reservado ao legislador editar
leis com redação contrária ao disposto em enunciado de súmula vinculante.

O que se está procurando demonstrar é que a partir das súmulas vinculantes rompeu-se
com a tradição jurídica brasileira, pelo menos desde o início da República, de que os enun-
ciados de súmula tinham apenas caráter persuasivo, não vinculando.
Sobre o tema, é de grande valia a lição de Carlos Roberto Gonçalves:

21
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus mem-
bros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta,
nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em
lei. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004) (Vide Lei n. 11.417, de 2006).
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja con-
trovérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada
por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá recla-
mação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

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Malgrado a jurisprudência, para alguns, não possa ser considerada, cientificamente, fonte formal de
direito, mas somente fonte meramente intelectual ou informativa (não formal), a realidade é que, no
plano da realidade prática, ela tem-se revelado fonte criadora do direito. Basta observar a invocação da
súmula oficial de jurisprudência nos tribunais superiores (STF e STJ, principalmente) como verdadeira
fonte formal, embora cientificamente lhe falte essa condição. Essa situação se acentuou com a entrada
em vigor, em 19 de março de 2007, da Lei n. 11.417, de 19 de dezembro de 2006, que regulamentou
o art. 103-A da Constituição Federal e alterou a Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a
edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal. 22

2.1.5. Princípios Gerais de Direito


2.1.5.1. Conceito
Conforme já estudado, os princípios gerais de direito encontram previsão expressa no
art. 4º da LINDB.
Vamos relembrar a sua redação:

LINDB, art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costu-
mes e os princípios gerais de direito.

Nesse dispositivo, os princípios gerais são consagrados como um dos mecanismos de


integração legislativa, isto é, como uma técnica para colmatar lacunas (omissões legais).
É por isso que Carlos Roberto Gonçalves indica que eles são regras de caráter genérico
que “orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração, estejam
ou não incluídas no direito positivo.” 23
No geral, os princípios gerais de direito estão consagrados de forma implícita no sistema
jurídico, correspondendo a “ideais ligados ao senso de justiça” 24, sendo possível citar os
seguintes como exemplo:
• “Ninguém pode valer-se da própria torpeza”;
• “Lesar a ninguém” (neminem laedere);
• “Dar a cada um o que é seu” (suum cuique tribuere);
• “A boa-fé se presume”;
• “Ninguém pode transferir mais direitos do que tem”;
• “Viver honestamente” (honeste vivere); e
• “Se deve favorecer mais aquele que procura evitar um dano do que aquele que busca
realizar um ganho”;

2.1.5.2. Princípios Gerais de Direito x Princípios Fundamentais de Direito


Muito embora o art. 4º, da LINDB, tenha atribuído aos princípios gerais de direito função
meramente integrativa, não se deve pensar que todos os princípios jurídicos se limitam a este

22
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
23
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
24
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB. 15. ed. rev., ampl. e atual. Sal-
vador: Ed. JusPodivm, 2017. p. 121-122.

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papel secundário de técnica de solução de lacunas ou antinomias. Isso porque, com o advento
do neoconstitucionalismo, aos princípios foi reconhecida natureza jurídica normativa, como já
ocorria com as regras, devendo ser reconhecidos como normas materiais de observância obri-
gatória que se impõe aos destinatários como medida principal e não simplesmente acessória.

Anote!
O neoconstitucionalismo alterou a teoria da norma, de modo que as normas jurídicas passaram a ser compreendidas
como o gênero do qual os princípios e as regras são espécies. Consequentemente, aos princípios foi reconhecida
força normativa e, assim como as regras, “passaram a ser tomados como normas jurídicas, expressando um
conteúdo deôntico (ou seja, um dever no sentido de que estabelecem obrigações, permissões ou proibições de
condutas).”25
Quando se trata de diferenciar regras e princípios, “Canotilho, recorrendo a uma plêiade de autores (Larenz,
Esser, Borowsky, Alexy, Dworkin, entre outros) irá nos apresentar excelente síntese sobre os principais
critérios diferenciadores entre essas normas, sendo eles: “a) Grau de abstração: os princípios são normas
com um grau de abstração relativamente elevado; de modo diverso, as regras possuem uma abstração
relativamente reduzida; b) Grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto: os princípios por serem
vagos e indeterminados, carecem de mediações concretizadoras (do legislador ao juiz), enquanto as regras
são susceptíveis de aplicação direta; c) Caráter de fundamentalidade no sistema das fontes do direito: os
princípios são normas de natureza estruturante ou com um papel fundamental no ordenamento jurídico
devido à sua posição hierárquica no sistema das fontes (ex.: princípios constitucionais) ou à sua importância
estruturante dentro do sistema jurídico (ex.: princípio do Estado de Direito); d) Proximidade da ideia de direito:
os princípios são “standards” juridicamente vinculantes radicados nas exigências de justiça (Dworkin) ou na
“ideia de direito” (Larenz); as regras podem ser normas vinculativas com um conteúdo meramente funcional;
e) Natureza normogenética: os princípios são fundamentos de regras, isto é, são normas que estão na base ou
constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, um a função normogenética fundamentante”.26
Em que pese a importância do resumo fornecido pelo jurista português, na teoria do direito as duas teses que
adquiriam maior destaque na missão de separar as espécies normativas em estudo foram aquelas baseadas
numa distinção quantitativa, designada por Robert Alexy de tese fraca, ou numa distinção qualitativa, apoiada
por Robert Alexy, que a denomina de tese forte.
A primeira (tese fraca) considera que regras e princípios se distinguem pela sua generalidade, sendo os princípios
normas dotadas de um grau de generalidade e abstração maior do que as regras.
A segunda (tese forte), proposta por Alexy amparado na construção de Ronald Dworkin, postula um critério
de diferenciação qualitativo fundando no modo de aplicação de cada espécie de norma, isto é, no modo pelo
qual o “conflito” é solucionado.
Assim, regras são diferentes dos princípios porque funcionam como mandamentos de definição, aplicando-se
no modelo do tudo-ou-nada (all-or-nothing-fashion). Nesse sentido, Alexy esclarece que “se uma regra é válida,
então há de se fazer exatamente o que ela exige, sem mais nem menos”27. Havendo conflito entre regras, uma
terminará por invalidar a outra, que deverá ser retirada ordenamento jurídico, salvo se estabelecido que esta
regra representa uma situação que excepciona a outra (cláusula de exceção).
Os princípios, porém, correspondem a mandados de otimização, normas que ordenam que algo seja realizado
na maior medida possível conforme as possibilidades fáticas e jurídica do caso concreto. Surgindo colisão entre
princípios, deverá ser utilizada a técnica da ponderação, devendo ser aplicado aquele que possuir maior peso
frente a situação analisada, sem que isso implique a invalidação do princípio entendido como de peso menor.
Portanto, “nenhum desses princípios em choque ostenta primazia definitiva sobre o outro. Nada impede, assim,
que, em caso diverso, com outras características, o princípio antes preterido venha a prevalecer.”28

25
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev., ampl. E atual. Salvador. JusPODIVM, 2017. p. 231.
26
CANOTILHO, Gomes: Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7ª edição, p. 1159-1162, 2003 apud FERNANDES, Ber-
nardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev., ampl. E atual. Salvador. JusPODIVM, 2017. p. 231.
27
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1993, p. 87.
28
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 12. ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2017.

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Para que fique mais claro, vamos entender melhor o que foi o neoconstitucionalismo.
Não se ignorando a ausência de uma uniformidade de teorias de viés neoconstitucionalista,
apontamos que o neoconstitucionalismo, também conhecido como constitucionalismo con-
temporâneo, constitucionalismo avançado ou constitucionalismo de direitos, é o fenômeno
jurídico surgido num cenário pós Segunda Guerra Mundial como reposta aos regimes totali-
tários até então dominantes e cujo fundamento precípuo é a dignidade da pessoa humana,
reconhecendo à Constituição força normativa e papel central no ordenamento jurídico, além
de promover uma reaproximação entre o direito e a moral na medida em que extenso rol de
valores morais passaram a ser adotados pelo direito, sendo nele inseridos, sobretudo, por
meios dos princípios.
De acordo com o Ministro do STF Luís Roberto Barroso, um dos pioneiros da tese no Brasil,
o neoconstitucionalismo surge a partir de três grandes marcos:
1) Marco histórico: a formação do Estado Constitucional de direito.

Anote!
Segundo o autor “(1): O marco histórico do novo direito constitucional, na
Europa Continental, foi constitucionalismo do pós-guerra, especialmente na Alemanha e na
Itália. No Brasil foi a Constituição de 1988 e o processo de redemocratização que ela ajudou a
protagonizar. (...) A reconstitucionalização da Europa, imediatamente após a 2ª grande guerra
e ao longo da segunda metade do século XX, redefiniu o lugar da Constituição e a influência
do direito constitucional sobre as instituições contemporâneas. A aproximação das ideias de
constitucionalismo e de democracia produziu uma nova forma de organização política, que
atende por nomes diversos: Estado democrático de direito, Estado constitucional de direito,
Estado constitucional democrático.”29

2) Marco teórico: um conjunto de alterações, dentre as quais destacam-se o reconheci-


mento da força normativa à Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e inovações
na teoria das normas, na teoria das fontes e na hermenêutica constitucional.

29
BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito: o triunfo tardio do Direito Constitucional
no Brasil.

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Anote!
Conforme o Ministro “a) sobre a força normativa: Uma das grandes mudanças de paradigma ocorridas
ao longo do século XX foi a atribuição à norma constitucional do status de norma jurídica. Superou-
se, assim, o modelo que vigorou na Europa até meados do século passado, no qual a Constituição era
vista como um documento essencialmente político, um convite a atuação dos Poderes Públicos. A
concretização de suas propostas ficava invariavelmente condicionada à liberdade de conformação do
legislador ou a discricionariedade do administrador. Ao judiciário não se reconhecia qualquer papel
relevante na realização do conteúdo da Constituição. Com a reconstitucionalização que sobreveio à 2ª
Guerra mundial, este quadro começou a ser alterado. (...) Atualmente, passou a ser premissa do estudo
da Constituição o reconhecimento da sua força normativa, do caráter obrigatório e vinculante de suas
disposições; b) Antes de 1945 vigorava na maior parte da Europa um modelo de supremacia do Poder
Legislativo, na linha da doutrina inglesa da soberania do Parlamento e da concepção francesa da lei
como expressão da vontade geral. A partir da década de 40, todavia a onda constitucional trouxe não
apenas novas constituições, mas também um novo modelo, inspirado pela experiência americana: o da
supremacia da Constituição. A fórmula envolvia a constitucionalização dos direitos fundamentais, que
ficavam imunizados em
relação ao processo político majoritário: sua proteção passava a caber ao judiciário. Inúmeros países
europeus vieram a adotar um modelo próprio de controle de constitucionalidade, associado à criação
de Tribunais Constitucionais; e) (...) a especificidade das normas constitucionais levaram a doutrina e
a jurisprudência, já de há muitos anos, a desenvolver ou sistematizar um elenco próprio de princípios
aplicáveis a interpretação constitucional. (...) São eles, na ordenação que se afigura mais adequada para
as circunstâncias brasileiras: o da supremacia da Constituição, o da presunção de constitucionalidade
das normas e atos do Poder Público, o da interpretação conforme à constituição, o da unidade, o da
razoabilidade e o da efetividade. (...) Essas transformações (...) tanto em relação à norma quanto ao
intérprete, são ilustradas (...) pelas diferentes categorias com as quais trabalha a nova interpretação.
Dentre elas incluem-se as cláusulas gerais, os princípios (e o novo papel assumido pelos mesmos
diferenciando-se qualitativamente das regras), as colisões de normas constitucionais, a ponderação e
a argumentação.”

3) Marco filosófico: o pós-positivismo, que defende a reaproximação entre direito e moral


e a centralidade dos direitos fundamentais.

Anote!
Barroso esclarece que o pós-positivismo buscava superar o jusnaturalismo e o positivismo, explicando
que: “A superação histórica do jusnaturalismo e o fracasso político do positivismo abriram caminho
para um conjunto amplo e ainda inacabado de reflexões acerca do direito, sua função social e sua
interpretação. O pós-positivismo busca ir além da legalidade estrita, mas não despreza o direito
posto; procura empreender uma leitura moral do direito, mas sem recorrer a categorias metafisicas. A
interpretação e aplicação do ordenamento jurídico hão de ser inspiradas por uma teoria de justiça, mas
não podem comportar voluntarismo ou personalismos, sobretudo os judiciais. No conjunto de ideias
ricas e heterogêneas que procuram abrigo nesse paradigma em construção incluem-se a atribuição de
normatividade aos princípios e a sua definição de suas relações com valores e regras; a reabilitação da
razão prática e da argumentação jurídica; a formação de uma nova hermenêutica constitucional; e o
desenvolvimento de uma teoria dos direitos fundamentais edificada sobre o fundamento da dignidade
humana. Nesse ambiente promove-se uma reaproximação entre o direito e a filosofia.”

Nesse ponto, é necessário aprofundarmos um pouco mais nossos estudos, razão pela qual
iremos, agora, examinar a trajetória de teorizações até o reconhecimento da força normativa
dos princípios, passando pelas fases naturalista, positivista e a atual fase pós-positivista, que,
como visto, é o fundamento jusfilosófico do neoconstitucionalismo.
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• Escola jusnaturalista: consagra a denominação princípios gerais de direito. Para seus se-
guidores, os princípios gerais identificam-se com o direito natural, sendo, então, princípios
de justiça formadores de um direito ideal, caracterizados como valores completamente
abstratos e ausentes de normatividade. Com isso, prevalecia que não possuíam aptidão
para regular, por si mesmos, as relações jurídicas, apenas atuando como vetores gerais
da produção normativa.
Os princípios, tomados em sua característica jusnaturalista, tiveram forte influência até o
advento da escola histórica do direito, no século XIX.
• Concepção positivista: definem os princípios gerais de direito como aqueles destinados a
servir de fundamento para a instituição da norma. Na fase juspositivista, os princípios são
normatizados, porém, mais para funcionar como válvulas de segurança para o sistema
jurídico do que como algo que fosse superior às leis, de modo que somente adquiriam
relevância quando contemplados expressamente pela norma escrita. Não sendo este
o caso, a eles era reservado somente o papel de suplementar a lei. De um modo geral,
restringiam-se a atuar como pautas genéricas, dotadas de alta abstração, que serviam
de norte ao legislador e ao intérprete. Paulo Bonavides elucida que o juspositivismo, “ao
fazer dos princípios na ordem constitucional meras pautas programáticas supralegais,
tem assinalado, via de regra, a sua carência de normatividade, estabelecendo, portanto,
a sua irrelevância jurídica.”
• Pós-positivismo: consideram os princípios instrumentos que veiculam valores morais,
éticos ou filosóficos, a pedra de toque com que se aferem os conteúdos constitucionais
em sua dimensão normativa mais elevada. Ocorre aqui a ascendência dos denominados
“princípios fundamentais de direito”, que trazem em seu bojo os valores maiores de um
determinado sistema jurídicos, em torno dos quais estão os direitos, as garantias e as
competências regentes da sociedade e do Estado.
Há, portanto, para parte da doutrina, duas espécies de princípios:
a) Princípios gerais (ou informativos) de direito: são aqueles que não dispõem de força
normativa, uma vez que o seu conteúdo traduz meras recomendações, devendo ser utilizados
como método integrativo (mecanismo de colmatação) das lacunas legais.
b) Princípios fundamentais (ou institucionais) de direito: refletem as opções ideológicas
de um sistema jurídico, gozando de força normativa e aplicação direta.
Diante do exposto, o art. 4º, da LINDB, deve ser lido com adaptações. Onde está escrito
“quando a lei for omissa”, leia-se: quando a norma jurídica for omissa, pois a norma jurídica
pode ser a norma-regra ou a norma-princípio. Ademais, os princípios citados no dispositivo
seriam os princípios gerais ou informativos, única compreensão que não tornaria o diploma
legal em voga contrário a teoria da força normativa dos princípios.
Também visando afirmar o papel dos princípios como efetiva fonte do direito e não como
simples técnica de integração, há autores que costumam distinguir os princípios gerais de
direitos dos denominados princípios constitucionais, estes sim dotados de força normativa.
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Conclusão
O neoconstitucionalismo, “teoria desenvolvida para um modelo específico de organização jurídico-política
(constitucionalismo contemporâneo) característico de determinado tipo de Estado (Estado constitucional
democrático)”30, destaca-se, especialmente, pelo(a)31:
1) Reconhecimento da força normativa da Constituição e o papel central desta no sistema jurídico,
ocorrendo a constitucionalização do direito por meio da irradiação das normas e valores constitucionais,
principalmente aqueles relacionados aos direitos fundamentais, para todos os ramos do ordenamento
jurídico, condicionando a intepretação e a aplicação do direito como um todo;
2) Reconhecimento da força normativa dos princípios jurídico, influenciando a teoria da norma que
passou a definir a norma jurídica como o gênero do qual decorem as regras e os princípios.
3) Rejeição do formalismo mediante a utilização mais frequente de técnicas e métodos mais abertos de
raciocínio jurídico, a exemplo da ponderação, da tópica e da metódica estruturante.
4) Reaproximação entre o direito e a moral incentivada pelo pensamento pós-positivista, formando
aquilo que alguns autores denominam de um “moralismo jurídico” ou uma “leitura moral da Constituição”;
5) Judicialização da política e das relações sociais, fruto da atribuição de um papel de maior destaque
ao Poder Judiciário, que se tornou o principal responsável por garantir o respeito dos demais Poderes
(Executivo e Legislativo) ao conteúdo normativo constitucional, coibindo omissões e excessos destes, e
atuando, primordialmente, em favor da efetivação dos direitos fundamentais. Aqui, denota-se, também,
a ascensão da técnica do controle de constitucionalidade para a consecução de todos estes fins.
6) Releitura da teoria das fontes, com o reconhecimento da jurisprudência e dos princípios jurídicos
como efetivas fontes formais do direito.
7) Releitura da teoria da interpretação, devido a necessidade de serem adotadas novos métodos
hermenêuticos diante do novo papel assumido pela Constituição em relação à sua centralidade e força
normativa.

2.1.6. Fonte Negocial


2.1.6.1. Noções Iniciais
Para Miguel Reale, as fontes do direito são estruturas normativas que pressupõem a exis-
tência de alguém com poder de decidir. A partir disso, o autor defende que existiriam quatro
fontes do direito:
a) Fonte legal: resultado do poder estatal de legislar;
b) Fonte consuetudinária: expressão do poder social inerente à vida coletiva;
c) Fonte jurisdicional: resultado da atuação jurisdicional do Poder Judiciário; e
d) Fonte negocial: ligada ao poder que tem a vontade humana de instaurar vínculos regu-
ladores do pactuado com outrem.

2.1.6.2. Fonte Negocial: Conceito


O sistema jurídico não é composto apenas de normas de caráter abstrato e genérico, como
a grande maioria das leis, mas também por normas específicas, particulares e individualiza-
das, frutos da autonomia da vontade dos indivíduos.

30
NOVELINO, Marcelo. Curso de direito constitucional. 11. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2012. p. 214.
31
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev., ampl. E atual. Salvador. JusPODIVM, 2017.
p. 31.

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Dentre as normas individuais destacam-se as fontes negociais, cuja maior expressão são
as cláusulas contratuais. Aqui, se observa que a autonomia da vontade assume importante
papel na regulação da vida social, dela podendo se originar normas tão cogentes e imperati-
vas quanto as leis.
Em verdade, as fontes negociais só não podem violar as disposições legais, porque a
elas deve obediência. A autonomia da vontade, portanto, não é absoluta e deve ser exercida
nos limites da moldura da lei.
Para Miguel Reale, a fonte negocial deve abrigar quatro aspectos essenciais:
a) Ser a manifestação de vontade de pessoas legitimadas a fazê-lo;
b) Girar em torno de um objeto lícito;
c) Utilizar forma que não contrarie a exigida em lei;
d) Respeitar uma paridade ou, ao menos, uma devida proporção entre os partícipes da
relação jurídica.
A autonomia da vontade só tem prestígio quando a relação entre as partes for iguali-
tária. Se, de alguma forma, houver desproporção entre elas, evidenciada pela vulnerabili-
dade de quaisquer dos participantes, não será possível caráter normativo às disposições
da vontade.
Por fim, importante evidenciar que os atos negociais são comumente utilizados com cará-
ter praeter legem, isto é, visam a preencher lacunas legais, tornando-se verdadeiras normas a
regularem casos concretos, avocando o papel integrador e disciplinando as relações sociais
carentes de regulação legal.

3. Eficácia da Lei no Tempo


3.1. Vacatio Legis
A Constituição consagra, em seu art. 5º, que:

Art. 5º. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

À vista disso cabe examinar o marco temporal que torna a lei uma norma de observância
obrigatória por toda a sociedade.
Nesse sentido, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) estabelece em
seu art. 1º, caput e § 1º, que:

LINDB, art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e
cinco) dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 (três)
meses depois de oficialmente publicada.

Assim:

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Prazo para a vigência de lei no território Prazo para a vigência de lei brasileira no
brasileiro: território estrangeiro:
3 (três) meses.
45 dias Obs.: Não confundir com 90 dias; aqui o prazo é
contado em mês, não em dias.

O prazo acima é um prazo material, o que implica dizer que a sua contagem deve incluir
o dia do começo e desprezar o dia final32. Além disso, o prazo é contado de forma igual em
todo o território nacional, de sorte que a lei entrará em vigor ao mesmo tempo em todo o país.
Fala-se aqui do princípio da vigência única, sincrônica ou simultânea.
Observem que o prazo para a entrada em vigor de uma lei sempre terá início a partir da
sua publicação e o período que intermedeia a publicação e a sua entrada em vigência é cha-
mado de vacatio legis.

Anote!
Vacatio legis é o intervalo de tempo entre a publicação de uma lei e o início da sua vigência. Se a lei
não trouxer disposição em sentido diverso, o prazo de vacatio legis será de 45 (quarenta e cinco) dias.
Nos estados estrangeiros que admita a produção de efeitos por lei brasileira, o prazo de vacatio será,
em regra, de 3 (três) meses.

A regra é as leis observarem o período de vacatio legis, até para que a população tome
conhecimento e se adapte à nova norma. Alinhando-se a essa perspectiva, o art. 8º, da LC n.
95/1998, prevê que devem ser reservadas apenas às leis de pequena repercussão a cláusula
“entra em vigor na data da sua publicação”33. A lógica é simples: se a lei vai gerar pequeno ou
irrelevante impacto na vida das pessoas, é desnecessário o período de adaptação, de forma
que ela poderá entrar em vigor tão logo seja publicada. Esse raciocínio, no entanto, não cos-
tuma ser observado na prática. Não é raro ver leis de grande repercussão entrando em vigor
na data da sua publicação.

3.2. Correção da Lei Publicada


Publicada uma lei, pode acontecer de ela conter incorreções e erros materiais. Se a lei
publicada ainda não tiver entrado em vigor, a sua correção se fará com a repetição da sua
publicação, sanando-se os erros. Nesse caso, o prazo de vacatio legis será reaberto em rela-
ção aos artigos corrigidos, na forma do art. 1º, § 3º, da LINDB.

32
LC n. 95/1998, Art. 8º, § 1º. A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á
com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação
integral.
33
Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha
amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua publicação” para as leis de pequena repercussão.

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LINDB, art. 1º. (...)
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

Por outro lado, se a lei a ser corrigida já estiver em vigor, a sua correção só poderá acon-
tecer com a publicação de uma nova lei, denominada “lei corretiva”. Aqui, a vacatio legis de-
penderá do que estiver previsto na lei corretiva, que poderá, por exemplo, dispensar a vacatio,
entrando em vigor no dia da sua publicação, consoante art. 1º, § 4º, da LINDB.

LINDB, art. 1º. (...)


§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Importante!
Ao promulgar uma lei, o Presidente da República não pode acrescentar ou modificar os dispositivos
aprovados pelo Poder Legislativo, devendo limitar-se a suprimi-los, pois, no Brasil, é vedado o veto
aditivo ou translativo, admitindo-se apenas o veto supressivo.
Quanto ao veto parcial, embora seja admitido, ele somente poderá abranger texto integral de artigo, de
parágrafo, de inciso ou de alínea. Aqui, portanto, cuidado para não confundir o veto parcial com o controle
de constitucionalidade realizado pelo STF. Na última hipótese, a declaração de inconstitucionalidade
parcial pode se restringir à fração de artigo, parágrafo, inciso ou alínea, ou até mesmo sobre uma única
palavra da lei ou do ato normativo.

3.3. Princípio da Continuidade da Lei


Geralmente, a lei nasce para viger por período indeterminado, isto é, as leis tem efeitos
permanentes, falando-se aqui no princípio da continuidade das leis.
Excepcionalmente, contudo, poderão ser editadas leis de vigência temporária.
Destarte, preceitua o art. 2º, da LINDB, que:

LINDB, art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique
ou revogue.

Conclusão!
Nisso consiste o princípio da continuidade das leis: não se destinando a vigência temporária, uma lei se
manterá em vigor até que seja por outra revogada.
Deveras, firmado o sistema jurídico brasileiro na supremacia da lei escrita, tem-se que o costume e o
desuso não possuem aptidão para revogar ou retirar a eficácia de uma lei.

3.3.1. Revogação
Podemos conceituar a revogação como sendo a perda da vigência de uma lei provocada
pela edição de outra.
Quanto à extensão, poderá ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação):
• Revogação total (ab-rogação): ocorrerá quando toda a lei perder a sua vigência diante
da edição de uma nova;

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• Revogação parcial (derrogação): ocorrerá quando apenas parte da lei perder a sua vigên-
cia, permanecendo em vigor a restante.
Quanto ao modo, a revogação total e a parcial poderá ser expressa (ou por via direta),
tácita (ou por via oblíqua) e global (por assimilação):
• Revogação expressa (ou por via direta): existirá quando a lei revogadora indicar expres-
samente os dispositivos da lei revogada que pretende rechaçar. Dispõe o art. 9º, da LC
n. 107/2001, que “a cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou
disposições legais revogadas”, de modo que o legislador não deve mais se valer daquela
vaga expressão “revogam-se as disposições em contrário”;
• Revogação tácita (ou por via oblíqua): surge quando não havendo disposição expressa
determinando a revogação, a nova lei se revelar incompatível, no todo ou em parte, com a
lei anterior, contrariando-a de forma absoluta. A revogação tácita não se presume, sendo
preciso demonstrar a incompatibilidade entre as normas;
• Revogação global (ou por assimilação): será global quando a lei nova regular inteiramen-
te a matéria de que tratava a lei anterior, independentemente de existir compatibilidade
ou não entre elas. É por isso que nesse caso os dispositivos legais não repetidos serão
revogados, ainda que compatíveis com a nova lei.
Podemos esquematizar o tema da seguinte maneira:

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Não confunda a revogação tácita ou global com a situação prevista no § 2º, do art. 2º da
LINDB, que assim dispõe:

LINDB, art. 2º. (...)


§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.

O dispositivo acima consagra o princípio da conciliação ou das esferas autônomas, que


consiste na possibilidade de convivência das normas gerais com as especiais que versem
sobre o mesmo assunto.
O citado princípio, no entanto, não é absoluto!
Pode acontecer de uma norma geral ser completamente incompatível com uma norma
especial, hipótese em que haverá revogação tácita da norma especial.
De todo modo, alerta-se que tal incompatibilidade não se presume. Logo, sobrevindo
uma norma especial ou geral, deve-se presumir que a norma antiga e a nova são conciliáveis,
coexistindo ambas.
Então, muito cuidado com afirmações já prontas, de que “a lei posterior geral não revoga
lei especial” e, igualmente, “a lei especial não revoga a geral”. Em regra, não revogam, mas
pode ser que elas sejam incompatíveis e, assim, haverá revogação tácita.

3.3.2. Repristinação
Repristinação é a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em virtude
da revogação da lei que a revogou. Pode parecer confuso, mas veja o seguinte exemplo:

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A Lei A estava em vigor até que a Lei B a revogou. Em seguida, a Lei C revogou a Lei B.
Nesse caso, a Lei A restaura a sua vigência diante da revogação da Lei B? Bem, antes de
mais nada, reiteramos que essa possibilidade é chamada de repristinação (o retorno da
produção de efeitos de uma norma anterior, em razão da revogação da norma que lhe havia
revogado). Como regra, a repristinação é vedada no nosso ordenamento jurídico, porém,
admite-se que a lei contenha disposição em sentido contrário. Nesse sentido, vejamos o
art. 2º, § 3º, da LINDB:

LINDB, art. 2º (...)


§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.

Logo, em regra a revogação da lei revogadora não faz com que a lei revogada restaure a
sua vigência, salvo expressa disposição legal em contrário.
No exemplo dado, revogada a Lei A pela Lei B, e posteriormente revogada a Lei B (lei
revogadora) pela Lei C, não se restabelece a vigência da Lei A, salvo se a Lei C, ao revogar a
norma revogadora (Lei B) determinar a repristinação da Lei A.

Cuidado!
Não devemos confundir repristinação com o efeito repristinatório.
O efeito repristinatório advém do controle de constitucionalidade. Assim, em regra, se uma lei revogadora
é declarada inconstitucional, a lei que foi por ela revogada deverá voltar a produzir efeitos. Isso acontece
em atenção ao princípio da nulidade do ato inconstitucional. De acordo com este princípio, o ato
inconstitucional nasce eivado de nulidade (ele não é apenas anulável!). À vista disso, a decisão que
reconhece a inconstitucionalidade de uma norma é declaratória de sua nulidade com efeito ex tunc. Em
outros termos, significa dizer que a norma declarada inconstitucional nasceu nula e, portanto, não poderia
ter revogado a anterior validamente, razão que justifica a restauração da vigência da norma revogada.
Pontua-se, todavia, a possibilidade de o efeito repristinatório ser afastado por expressa determinação
do Supremo Tribunal Federal.

3.4. Princípio da Segurança e da Estabilidade Social


Uma lei nova entra em vigor tão logo esteja superado o seu período de vacatio legis (caso
exista) e uma vez que que isto venha a ocorrer o dispositivo legal terá efeito imediato e geral,
produzindo efeitos prospectivos (é dizer, a partir da data do início de sua vigência), devendo
respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
Trata-se das previsões contidas no art. 6º, da LINDB, e no art. 5º, XXXVI, da Constitui-
ção Federal:

LINDB, art. 6º. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada.
CF, art. 5º. (...)
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

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Essa restrição aos efeitos da lei nova se justifica pelo princípio da segurança jurídica.
José Afonso da Silva explica que:

A segurança jurídica consiste no conjunto de condições que tornam possível às pessoas o conhe-
cimento antecipado e reflexivo das consequências diretas de seus atos e de seus fatos à luz da
liberdade reconhecida. Uma importante condição da segurança jurídica está na relativa certeza
que os indivíduos têm de que as relações realizadas sob o império de uma norma devem perdurar
ainda quando tal norma seja substituída.

Anote!
O princípio da segurança jurídica visa proteger as relações jurídicas constituídas sob a égide da lei
revogada, bem como as legítimas expectativas dos participantes destas relações, assegurando a certeza,
a segurança e a estabilidade do ordenamento
jurídico-positivo.
Destarte, a regra é que as leis são elaboradas para valerem para o futuro (são irretroativas!), sendo a
retroatividade (aplicação da lei nova às situações formadas antes da sua vigência) a exceção.

Mas antes de nos aprofundarmos no tema, questiono: em que mesmo consistiria o ato
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada?
Vamos entender melhor!
a) Ato jurídico perfeito: explicitado no § 1º, do art. 6º, da LINDB, é o ato já concluído se-
gundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.

LINDB, art. 6º. (...)


§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se
efetuou.

b) Direito adquirido: é o que pode ser exercido desde já pelo seu titular por já ter sido
incorporado ao seu patrimônio jurídico. Nos termos do § 2º, do art. 6º, da LINDB:

LINDB, art. 6º. (...)


§ 2º Consideram-se adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável,
a arbítrio de outrem.

c) Coisa julgada: é a decisão judicial de que não caiba recurso. Refere-se, pois, à imuta-
bilidade da decisão judicial.

LINDB, art. 6º. (...)


§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

Alerta-se que a preservação do direito adquirido, da coisa julgada e do ato jurídico perfeito
não impede a edição de leis retroativas. Contudo, a aplicação da lei aos fatos ocorridos antes
da sua vigência apenas é admissível quando atendidos os seguintes requisitos:

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a) Cláusula expressa de retroatividade: o legislador, expressamente, ainda que não utilize


a palavra “retroatividade”, deverá ordenar a aplicação da nova lei aos casos pretéritos; e
b) O direito adquirido, o ato jurídico perfeito e à coisa julgada devem ser respeitados.

Resumindo:
A LINDB e a Constituição Federal de 1988 adotaram o princípio da irretroatividade das leis, como regra,
e o da retroatividade, como exceção. Alinharam-se, também, a teoria subjetiva de Gabba, de completo
respeito ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e a coisa julgada34.
Destarte, “como regra, aplica-se a lei nova aos casos pendentes (facta pendentia) e aos futuros (facta
futura), só podendo ser retroativa, para atingir fatos já consumados, pretéritos (facta praeterita), quando:
a) não ofender o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada; b) quando o legislador,
expressamente, mandar aplicá-la a casos pretéritos, mesmo que a palavra “retroatividade” não seja
usada.” 35

Assim, temos que a retroatividade não se presume, devendo resultar de texto expresso em
lei e respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. No entanto, abre-se
exceção à lei penal benéfica, cuja retroatividade é automática por expressa determinação
constitucional (art. 5º, XL) e, inclusive, tem prevalência sobre a coisa julgada.

CF, art. 5º. (...)


XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Além disso, a lei interpretativa também goza de retroatividade como regra.


Define-se como interpretativa a lei que esclarece o conteúdo de outra lei, tornando obri-
gatória uma exegese, já plausível antes da sua edição. Trata-se da chamada interpretação
autêntica ou legislativa, sendo importante consignar que a lei interpretativa não inova na
regulação da matéria, mas apenas torna obrigatória uma das linhas de interpretação já pos-
síveis antes da sua edição.
A aludida lei retroage até a data da entrada em vigor da lei que pretende esclarecer, apli-
cando-se, inclusive, aos casos pendentes de julgamento, mas deve respeitar a coisa julgada.
A ideia é que se a lei interpretativa existe para dar interpretação à lei anterior, é preciso con-
siderar, numa espécie de ficção, que a lei interpretativa tem o mesmo momento de vigência
que a lei a que ela visa interpretar.
Podemos, então, elencar três situações de retroatividade da lei:

34
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
35
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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3.4.1. Relativização do Ato Jurídico Perfeito, do Direito Adquirido e da Coisa Julgada


Em que pese a proteção constitucional e infraconstitucional reservada ao ato jurídico
perfeito, ao direito adquirido e a coisa julgada, em razão da crescente tendência de relativizar
princípios na atual ordem jurídica cada vez mais consolida-se a ideia de que a proteção confe-
rida a estes três institutos não é absoluta, surgindo na jurisprudência decisões nesse sentido.
Abaixo, vejamos alguns casos:
1) Relativização da coisa julgada alicerçada em lei declarada inconstitucional:
Prevalece o entendimento de que é possível a mitigação da coisa julgada amparada em
lei ou ato normativo inconstitucional.

Anote!
É possível a mitigação da coisa julgada amparada em lei ou ato normativo inconstitucional.

Nesse sentido, aliás, é o art. 525, § 12º, do CPC36, ao estabelecer que é inexigível o título
judicial fundado em lei ou ato normativo inconstitucional, assim reconhecido em controle

36
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para
que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.§ 1º
Na impugnação, o executado poderá alegar: [...] III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; [...] § 12.
Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado

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concentrado ou difuso. Na mesma direção, o STF reconheceu a inaplicabilidade da sua súmula


n. 343 em matéria constitucional.
De acordo com o enunciado:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 343-STF: “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei,
quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação contro-
vertida nos tribunais”.

Para o STF:

JURISPRUDÊNCIA
“(...) é cabível ação rescisória fundada em violação a literal dispositivo de lei (art. 485,
V, do antigo CPC), quando a decisão rescindenda tiver se baseado em interpretação
constitucional frontalmente contrária à própria Constituição Federal ou em interpretação
tida como incompatível pelo Supremo Tribunal Federal, ainda que seja pela posterior
declaração de inconstitucionalidade superveniente da legislação que amparou o título
executivo transitado em julgado, não se aplicando a ratio essendi da Súmula 343 do STF.”
(AR 2.572 AgR, voto do min. Gilmar Mendes, red p/ o ac. min Dias Toffoli, P, j. 24-2-2017,
DJE 54 de 21-3-2017).

Ainda segundo a Suprema Corte, a “manutenção de decisões das instâncias ordinárias


divergentes da interpretação adotada pelo STF revela-se afrontosa à força normativa da
Constituição e ao princípio da máxima efetividade da norma constitucional” (RE 328.812 ED,
rel. min Gilmar Mendes, P, j. 6-3-2008, DJE 78 de 2-5-2008).
2) Relativização da coisa julgada nos casos envolvendo ações de investigação de pater-
nidade julgadas improcedentes por ausência de provas em momento em que não existia o
exame de DNA
Em âmbito doutrinário, restou sedimentado no Enunciado n. 109, do Conselho da Justiça
Federal, da I Jornada de Direito Civil, que:

“A restrição da coisa julgada oriunda de demandas reputadas improcedentes por insuficiência


de prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade genética pelo investigando.”
(Destacamos)

Compartilhando da mesma posição, diversas são as decisões do Superior Tribunal de


Justiça. Transcreveremos aqui um dos mais famosos:

em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a
Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.

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JURISPRUDÊNCIA
“PROCESSO CIVIL. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. REPETIÇÃO DE AÇÃO ANTERIOR-
MENTE AJUIZADA, QUE TEVE SEU PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE POR FALTA DE
PROVAS. COISA JULGADA. MITIGAÇÃO. DOUTRINA. PRECEDENTES. DIREITO DE FAMÍ-
LIA. EVOLUÇÃO. RECURSO ACOLHIDO.
I – Não excluída expressamente a paternidade do investigado na primitiva ação de
investigação de paternidade, diante da precariedade da prova e da ausência de indícios
suficientes a caracterizar tanto a paternidade como a sua negativa, e considerando que,
quando do ajuizamento da primeira ação, o exame pelo DNA ainda não era disponível
e nem havia notoriedade a seu respeito, admite-se o ajuizamento de ação investigató-
ria, ainda que tenha sido aforada uma anterior com sentença julgando improcedente
o pedido.
II – Nos termos da orientação da Turma, ‘sempre recomendável a realização de perícia
para investigação genética (HLA e DNA), porque permite ao julgador um juízo de fortís-
sima probabilidade, senão de certeza’ na composição do conflito. Ademais, o progresso
da ciência jurídica, em matéria de prova, está na substituição da verdade ficta pela ver-
dade real.
III – A coisa julgada, em se tratando de ações de estado, como no caso de investigação
de paternidade, deve ser interpretada modus in rebus. Nas palavras de respeitável e
avançada doutrina, quando estudiosos hoje se aprofundam no reestudo do instituto, na
busca, sobretudo, da realização do processo justo, ‘a coisa julgada existe como criação
necessária à segurança prática das relações jurídicas e as dificuldades que se opõem
à sua ruptura se explicam pela mesmíssima razão. Não se pode olvidar, todavia, que
numa sociedade de homens livres, a Justiça tem de estar acima da segurança, porque
sem Justiça não há liberdade’.
IV – Este Tribunal tem buscado, em sua jurisprudência, firmar posições que atendam
aos fins sociais do processo e às exigências do bem comum.”
(STJ, REsp 226.436/PR (199900714989), 414113, Data da decisão: 28.06.2001, 4.ª Turma,
Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 04.02.2002, p. 370, RBDF 11/73, RDR 23/354,
RSTJ 154/403). (Destacamos)

No âmbito da Supremo Tribunal Federal, prevalece igual entendimento. Em decisão publi-


cada no seu Informativo n. 622, a Corte Constitucional confirmou a tendência de mitigação
da coisa julgada. Segundo o relator do julgado, Ministro Dias Toffoli, há “um caráter persona-
líssimo, indisponível e imprescritível do reconhecimento do estado de filiação, considerada a
preeminência do direito geral da personalidade”; devendo este direito superar a máxima da
coisa julgada. Por conseguinte, corroborou que o “princípio da segurança jurídica não seria,
portanto, absoluto, e que não poderia prevalecer em detrimento da dignidade da pessoa huma-

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na, sob o prisma do acesso à informação genética e da personalidade do indivíduo” (STF, RE


363.889/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, 07.04.2011). 37

3.4.2. Apontamentos Gerais sobre a Aplicação da Lei no Tempo


De maneira genérica, elencamos as seguintes diretrizes que orientam a aplicação da
lei no tempo.

Façamos nos próximos tópicos um aprofundamento do tema, verificando os seus desdo-


bramentos no Direito Civil, no Direito Penal, no Direito Constitucional e no Direito do Trabalho.

37
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 8. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2018.

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3.5. Aplicação da Norma Civil no Tempo


Doutrina majoritária considera que o Código Civil de 2002 adotou o sistema consagrado
na LINDB, razão pela qual aplicam-se aqui as considerações estudadas no item 3.4.
Destarte, o que é realmente digno de nota no presente tópico é o art. 2.035, do CC/2002,
cujo caput assim preceitua:

CC/2002, art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada
em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os
seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo
se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. (Destacamos)

Por um lado, há quem defenda que o dispositivo acima nada mais fez do que positivar
uma hipótese de retroatividade mínima, impondo aos efeitos atuais de atos jurídico perfeitos
consolidados sob a égide do Código Civil de 1916 os novos regramentos elencados no Código
Civil de 2002. Tratar-se-ia de uma exceção ao regime geral consagrado na LINDB, correspon-
dendo a uma mitigação à proteção conferida ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito.
Outros, porém, posicionam-se pela inconstitucionalidade da previsão.
No parágrafo único, do art. 2.035, de forma ainda mais incisiva, temos que:

CC/2002, art. 2.035. (...)


Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais
como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos con-
tratos. (Destacamos)

Na lição de Flávio Tartuce, a novel Lei Civil acolheu o princípio da retroatividade motivada
ou justificada, “pelo qual as normas de ordem pública relativas à função social da propriedade
e dos contratos podem retroagir.”38
Segundo o autor:

“Não há qualquer inconstitucionalidade na norma, eis que amparada na função social da proprie-
dade, prevista no art. 5º, XXII e XXIII, da Constituição Federal. Quando se lê no dispositivo civil
transcrito a expressão “convenção”, pode-se ali enquadrar qualquer ato jurídico celebrado, inclusive
os negócios jurídicos celebrados antes da entrada em vigor da nova lei geral privada e cujos efeitos
ainda estão sendo sentidos atualmente, na vigência da nova codificação.” 39

Seria a norma, neste viés, mais um exemplo de relativização à proteção conferida ao direito
adquirido e ao ato jurídico perfeito.

38
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 8. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2018.
39
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 8. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2018.

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3.6. Aplicação da Norma Penal no Tempo


Verificada a sucessão de leis penais no tempo, o primeiro passo para ser possível definir
qual norma deverá ser aplicada é saber o tempo do crime, isto é, quando se considera que um
crime foi praticado. Adotada a teoria da atividade no art. 4º, do Código Penal, considera-se
que um crime foi praticado no momento da conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja
o momento do resultado.
Assim, por exemplo, considera-se praticado o crime de homicídio no instante em que o
agente desferiu sequência de tiros contra vítima, mesmo que o resultado morte somente
tenha ocorrido dias depois.
Vejamos:

Tempo do crime
CP, art. 4º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o momento do resultado

Feito isto, o segundo passo é compreender as regras gerais sobre a eficácia da lei penal
no tempo, que estão elencados nos artigos 1º e 2º, do CP.

Anterioridade da Lei
CP, art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Lei penal no tempo
CP. art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Com isso, temos que:


1) Deve ser aplicada a lei que estava em vigor no tempo da conduta, salvo se a do tempo
do resultado for mais benéfica ao réu.

Lembre-se!
A lei penal posterior que seja mais benéfica (lex mitior ou novatio legis in mellius) é retroativa, alcançando,
inclusive, os fatos já definitivamente julgados (prevalece sobre a coisa julgada!).

2) A novatio legis incriminadora, aquela que passa a considerar típico um fato até então
atípico, é irretroativa;
3) A lei que provoca abolitio criminis (torna atípico um fato tido como típico) é retroativa;
4) A lex gravior ou novatio legis in pejus, lei posterior mais severa, é irretroativa; e
5) Nos crimes permanentes, continuados e habituais, aplica-se a lei que estava em vigor
quando cessada a permanência, a continuidade e a habitualidade delitivas, ainda que no início
da atividade criminosa vigesse lei mais benéfica;
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Sobre o tema, súmula n. 711-STF:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 711-STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.”

3.7. Aplicação da Norma Trabalhista no Tempo


Na seara trabalhista, não há maiores ponderações a serem feitas, aplicando-se o sistema
geral previsto na LINDB.
Logo, a regra é as leis trabalhistas são irretroativas, não podendo alterar os contratos de
trabalhos firmados na vigência de legislação anterior.

3.8. Aplicação da Norma Constitucional no Tempo


3.8.1. Efeitos Provocados pela Manifestação do Poder Constituinte Originário
Com a manifestação do Poder Constituinte Originário (PCO), através do estabelecimento
de uma nova ordem constitucional, ocorre, de imediato, a completa revogação da Constituição
anterior, por normação geral.
Anote, assim, o primeiro efeito a ser estudado:
• A Constituição pretérita será totalmente revogada.

No Brasil, não é aceita a tese da desconstitucionalização, segundo a qual as normas da


Constituição revogada continuariam vigentes, porém com status de norma infraconstitucional.
Alerta-se, no entanto, que muito embora a tese não seja aceita como regra, nada impediria
que o próprio Poder Constituinte Originário (PCO), em uma outra manifestação, dispusesse
nesse sentido, agasalhando a teoria.
Merece ser destacado, porém, que a manifestação do PCO não representa uma “ruptura
integral com o edifício jurídico-normativo sustentado pela Constituição anterior.”40 Significa
dizer que nem todo diploma infraconstitucional perderá vigor com o advento de uma nova
Constituição.
Fala-se aqui no fenômeno da recepção, “que corresponde a uma revalidação das normas
que não desafiam, materialmente, a nova Constituição”41.
Logo, um segundo efeito da implementação de uma ordem constitucional é:

40
SOUZA CRUZ, Álvaro Ricardo. Poder Constituinte e patriotismo constitucional. p. 60 apud FERNANDES, Bernardo Gonçalves.
Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev., ampl. E atual. Salvador. JusPODIVM, 2017. p. 129.
41
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 12. ed. rev. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2017.

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• A recepção das normas infraconstitucionais materialmente compatíveis com a nova


Constituição

Às vezes, a recepção será expressa, tal como ocorreu na Constituição brasileira de 1937.
O mais frequente, contudo, é a recepção implícita, como se dá no atual sistema pátrio.
O pressuposto básico para a recepção é a existência de uma compatibilidade material,
ou seja, de conteúdo.
A compatibilidade formal, por seu turno, não é necessária. Nesse sentido, é válido apontar
que a recepção, a depender da vontade do PCO, poderá se dar com o mesmo status ou com
status diferente. A título de exemplo, se uma matéria tiver sido disciplinada em lei ordinária na
Constituição anterior, mas com o surgimento da nova Constituição passou a ser exigida a sua
regulamentação através de lei complementar, a lei ordinária (se materialmente compatível com
a nova Constituição) será recepcionada com o status de lei complementar. Foi o que ocorreu
com o Código Tributário Nacional, originariamente uma lei ordinária, mas recepcionado no
ordenamento constitucional de 1988 como lei complementar.
Não guardando a norma pretérita compatibilidade material com o novo texto constitucio-
nal, ela deverá ser revogada.
Temos aqui o terceiro efeito da instalação de uma nova Constituição, qual seja:
• As normas infraconstitucionais editadas na vigência da Constituição pretérita que forem
materialmente incompatíveis com a nova Constituição serão por ela revogadas.

Há aqui uma revogação tácita e automática, não sendo necessário que a nova Constituição
detalhe os dispositivos que com ela são incompatíveis. Essa análise caberá aos operadores
do direito.
Quanto a este terceiro efeito, a doutrina constitucional diverge, afirmando uma parte se
tratar de hipótese de não recepção (revogação) em oposição a outra que defende ser o caso
de inconstitucionalidade superveniente.
No Brasil, o STF rechaça a tese da inconstitucionalidade superveniente.
Para a Suprema Corte, a constitucionalidade de uma norma só pode ser aferida pelo seu
cotejo com a Constituição que lhe é contemporânea (princípio da contemporaneidade), isto
é, aquela em vigor quando da sua vigência.
Assim, as normas infraconstitucionais materialmente incompatíveis com a nova Consti-
tuição não deverão ser consideradas inconstitucionais, mas, sim, não recepcionadas.

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Uma pergunta:
É possível a recepção de “lei produzida por um ente da Federação no
regime constitucional anterior se, com nova ordem constitucional, a mesma
competência legislativa fosse transferida para figura federativa diversa?”42
A recepção apenas poderá ser permitida se houver alteração de competência de um ente de maior grau
para um ente de menor grau. Exemplificando: uma lei federal pode ser recepcionada como estadual pela
nova Carta, mas o contrário não é possível, isto é, uma lei estadual não pode ser recepcionada como
federal, pois ensejaria cenário onde teríamos, possivelmente, 27 leis estaduais assumindo o status de
lei federal, o que geraria um caos.43

Outro importante tema diz respeito a recepção do direito pré-constitucional inconstitucional


face à Constituição pretérita.
Anote:
• A norma pretérita considerada inconstitucional quando comparada à Constituição que
lhe é contemporânea não poderá ser recepcionada pela nova ordem constitucional, ain-
da que com ela seja materialmente compatível, pois é tida como juridicamente inválida
desde a sua origem.
Explico melhor!
Um dos requisitos essenciais para que uma norma seja recepcionada é que ela seja válida
formal e materialmente perante a Constituição de sua época. Nesse sentido, prevalece no
âmbito da jurisprudência do STF também não ser possível o fenômeno da constitucionalidade
superveniente
Para ficar mais claro, visualize que “uma lei que fere o processo legislativo previsto na
Constituição sob cuja regência foi editada, mas que, até o advento da nova Constituição,
nunca fora objeto de controle de constitucionalidade”44, não poderá ser recebida pela nova
Constituição.
Pedro Lenza sintetiza que:
“Para uma lei ser recepcionada pelo novo ordenamento jurídico, deverá preencher os se-
guintes requisitos:
• estar em vigor no momento do advento da nova Constituição;
• não ter sido declarada inconstitucional durante a sua vigência no ordenamento anterior;
• ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob cuja regência ela foi edi-
tada (no ordenamento anterior);
• ter compatibilidade somente material perante a nova Constituição, pouco importando a
compatibilidade formal.” 45

42
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev., ampl. E atual. Salvador. JusPODIVM, 2017. p. 131.
43
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev., ampl. E atual. Salvador. JusPODIVM, 2017. p. 131.
44
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019
45
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019

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Importante!
Lei em período de vacatio legis e nova ordem constitucional.
Nesse caso, a doutrina considera que a lei vacante não poderá ser recepcionada pela nova ordem
constitucional, ainda que plenamente compatível com ela. Isso acontece porque a novel Constituição
só poderá recepcionar as normas em vigor ao tempo de sua promulgação.

E o instituto da repristinação? É possível?


• A repristinação somente é permitida quando houver previsão expressa nesse sentido.
Imagine a seguinte situação: com o surgimento de uma nova Constituição, determinadas
normas infraconstitucionais editadas (e em vigor) sob a égide do ordenamento constitucional
revogado não foram recepcionadas. Ocorre que, posteriormente, mediante nova manifestação
do Poder Constituinte Originário um novo sistema constitucional foi instaurado. Nesse caso,
as normas infraconstitucionais revogadas voltariam a vigorar?
Em regra, não. Contudo, a resposta poderia ser positiva se presentes dois requisitos:
a) Os dispositivos infraconstitucionais não contrariassem a nova Constituição; e
b) Existisse manifestação expressa do PCO permitindo a repristinação, que não é
automática.

3.8.2. Efeitos Provocados pela Manifestação do Poder Constituinte Derivado


Surgindo uma nova norma constitucional por meio de emenda à Constituição, é necessário
saber que:

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• Norma infraconstitucional pretérita incompatível com emenda constitucional conside-


ra-se como não recepcionada.
Trata-se de solução operada através do princípio da recepção.
Então, veja: se a norma pretérita for compatível materialmente com a emenda constitucional,
ela será recepcionada e permanecerá em vigor. Por outro lado, se houver incompatibilidade
material com a emenda constitucional, ela será revogada (não recepcionada).
Mas, tenha cuidado, pois a solução do conflito pelo princípio da recepção somente será
cabível quando estivermos diante de norma anterior à emenda. Se a norma for posterior à
emenda, a controvérsia se resolverá pelo controle de constitucionalidade

Importante!
Cabe ressaltar que não há direito adquirido em face de uma nova Constituição, já que o Poder Constituinte
Originário não está submetido a qualquer limitação jurídica. Aliás, quanto aos efeitos da nova Constituição
sobre os fatos que lhe são pretéritos, o STF faz uma distinção entre três tipos de retroatividade: mínima,
média ou máxima.
Vejamos cada uma delas:
a) Retroatividade mínima (temperada ou mitigada): a nova Constituição alcançará os efeitos futuros
de atos passados. Um exemplo é a previsão inserta no art. 17, do ADCT, de que os vencimentos, a
remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo
percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites nela impostos,
não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.
b) Retroatividade média: a nova Constituição atinge efeitos pendentes de atos jurídicos a ela anteriores
(são as prestações vencidas e não pagas).
c) Retroatividade máxima ou restitutória: a nova Constituição atinge atos consolidados, consumados no
passado.
De modo geral, conforme já estudamos, todas as normas jurídicas têm eficácia prospectiva. A norma
constitucional, no entanto, também surge com retroatividade mínima. E, se fizer expressa menção nesse
sentido, também poderá ter retroatividade máxima ou média.
No que diz respeito ao Poder Constituinte Derivado, essa mesma possibilidade parece não existir.
Após a promulgação da Constituição de 1988, O STF nunca se pronunciou sobre a eficácia retroativa
das emendas constitucionais ou se elas devem reverência às clássicas formas de estabilidade jurídica
(ato jurídico perfeito, coisa julgada e direito adquirido). Na ordem jurídica anterior, o posicionamento
da Suprema Corte era favorável à possibilidade de retroação. No entanto, sob a vigência da atual
Constituição, o tema ainda não foi revisitado.
De todo modo, o STF já manifestou que ao menos as Constituições estaduais e as respectivas emendas
devem resguardar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

3.9. Antinomias Jurídicas


Para que possamos finalizar nossa aula, precisamos estudar as antinomias jurídicas.
Antinomias são as contradições, reais ou aparentes, entre normas jurídicas.
Na lição de Maria Helena Diniz, a antinomia é:

“(...) o conflito entre duas normas, dois princípios, ou de uma norma e um princípio geral de direito
em sua aplicação prática a um caso particular. É a presença de duas normas conflitantes, sem que
se possa saber qual delas deve ser aplicada ao caso singular.”

Existem duas espécies de antinomia; a saber:


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a) Antinomia real: são conflitos insolúveis, para as quais não há, no ordenamento, qualquer
regra pronta para a solução do caso concreto. Cuida-se de situação em que inexiste meta-
-critério para a solução do embate, o que não significa dizer que incidirá o non liquet para a
hipótese, mas, sim, que cada caso precisará ser decidido de forma particular. A solução se
fará, por exemplo, por meios ab-rogatórios, com a edição de uma norma que opte expressa-
mente por uma das normas antinômicas, ou por meio da interpretação equitativa, do recurso
ao costume, à doutrina, aos princípios gerais de direito, entre outros expedientes.
b) Antinomia aparente: são contradições para as quais há meta-critérios (critério cronológico,
da especialidade e hierárquico) para a solução do conflito, que é meramente aparente. Assim,
existindo um mecanismo capaz de afastar a suposta contradição entre as normas, significa que a
alegada incongruência não existe; a contradição entre as normas, como dito, é apenas aparente.
A antinomia aparente se subdivide em:
• Antinomia de primeiro grau: quando apenas um dos critérios é suficiente para a solução
do conflito normativo.
• Antinomia de segundo grau: quando é necessário a conjugação de mais de um critério
para solucionar o embate.
Vejamos então quais são os três critérios fornecidos pela hermenêutica clássica para a
solução das antinomias aparentes. São eles:
• Critério temporal (cronológico): é conhecido pela máxima “lex posterior derogat lex ante-
rior”, que significa: lei posterior revoga a lei anterior. O critério cronológico é contemplado
pela LINDB em seu art. 2º, §1º, que assim dispõe:

LINDB, art. 2º, (...)


§ 1º A lei posterior revoga a lei anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. (Destacamos)

• Critério da especialidade: é representado pela máxima “lex speciali derogat lex generali”,
segundo a qual a lei especial prevalece sobre a lei geral.
• Critério hierárquico: é definido pela expressão em latim “lex superior derogat lex inferior”,
ou, em português: lei superior revoga lei inferior.
A antinomia de segundo grau, como dito, não se satisfaz com a utilização de apenas
um desses critérios elencados acima. Ela representa um conflito heterogêneo, uma vez que
envolve a utilização de dois critérios distintos, o que acaba implicando no conflito entre os
próprios critérios. Assim, podemos ter as seguintes possibilidades:

Antinomia de segundo grau


Conflito Solução
Critério da especialidade versus critério cronológico Prevalece a especialidade

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Antinomia de segundo grau


Critério hierárquico versus critério cronológico Prevalece a hierarquia
Nesse caso, como ensina Maria Helena Diniz, não há uma
meta-regra geral de solução do conflito, tratando-se,
em verdade, de antinomia real, cuja solução dependerá
da análise do caso concreto. De acordo com Noberto
Bobbio, “(...) no caso de um conflito no qual não se possa
aplicar nenhum dos três critérios, a solução do conflito
Critério hierárquico versus critério da especialidade é confiada à liberdade do intérprete, poderíamos quase
falar em um autêntico poder discricionário do interprete,
ao qual cabe resolver o conflito segundo a oportunidade,
valendo-se de todas as técnicas hermenêuticas usadas
pelos juristas por uma longa e consolidada tradição
e não se limitando a aplicar uma só regra”. (BOBBIO,
1999, p. 100).

Nas antinomias de segundo grau, o critério cronológico se apresenta como o critério mais
“fraco” dentre os três, porque sempre cede lugar a outro.

Uma última consideração antes de encerrarmos o tópico: os critérios da especialidade,


cronológico e hierárquico apenas terão lugar para afastar conflito aparente entre regras, não
valem, portanto, para solucionar contradições principiológicas. Se há conflito principioló-
gico, antinomia de valores ou antinomia axiológica, a solução hermenêutica é a técnica da
ponderação.

4. Teoria Geral da Política


4.1. Conceitos Básicos
4.1.1. Poder
O conceito de poder não é uniforme, ele se molda conforme o tempo e a corrente de pen-
samento adotada.
Normalmente, costuma ser sintetizado como uma relação entre dois sujeitos, vindo um
deles a impor sobre o outro a sua vontade, determinado seu modo agir.
Robert Dahl, por exemplo, resume a definição de poder da seguinte maneira: “A exerce
poder sobre B na medida em que consegue que B faça algo que de outro modo não faria”.
Vejamos as principais definições do termo:
• Nicos Poulantzas, lastreado em Marx e Lênin, e na teoria da luta de classes, define o
poder como “a capacidade de uma classe social de realizar os seus interesses obje-
tivos específicos”. Essa é uma definição comum entre os adeptos da teoria política
marxista.

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• Lasswell, por sua vez, conceitua o poder como “o fato de participar da tomada das deci-
sões”. Essa visão do poder é recorrente nas teorias de decision-making process e é cri-
ticada pelo fato de apresentar-se como uma concepção muito voluntarista do processo
de tomada de decisões.
• Para Max Weber, “poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa
relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento desta probabili-
dade.” A concepção weberiana de poder se ampara na visão de uma sociedade-sujeito
resultado dos comportamentos normativos dos agentes sociais. Desse conceito, ganham
destaque as ideias de “probabilidade” e “comando específico”.
• Já Talcot Parsons parte da concepção funcionalista e integracionista do sistema social
para definir o poder como “a capacidade de exercer certas funções em proveito do sis-
tema social considerado no seu conjunto”.

003. (MCT/2012/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA PLENO)


Acerca dos conceitos e teorias relacionados à ciência política, julgue o item a seguir.
No âmbito do domínio de um indivíduo sobre outro, conceitua-se poder como a relação
entre dois sujeitos, dos quais um impõe ao outro a própria vontade e lhe determina seu
comportamento.

A definição trazida no enunciado da questão encaixa-se com adequação as ideias trazidas por
Robert Dahl.
Nesse sentido, correto afirmar que no âmbito do domínio de um indivíduo sobre outro, concei-
tua-se poder como a relação entre dois sujeitos, dos quais um impõe ao outro a própria vontade
e lhe determina seu comportamento.
Certo.

4.2. Política
A palavra política tem origem na palavra grega pólis, e se refere ao que é urbano, civil,
público, enfim, ao que é da cidade (da pólis). O termo originalmente se referia às relações
sociais na pólis (cidade-Estado), em especial aquelas que contavam com uma assembleia
representativa de cidadãos.

Anote!
A palavra política tem sua origem no termo grego polis (cidade-estado grega) ou politikos (coisas
da polis).

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Assim como o termo “poder”, a palavra “política” não tem significação uníssona. Dentre as
diversas concepções de política, a definição cunhada por Aristóteles é a que assume maior
relevância. Para o pensador, política seria o ramo do conhecimento voltado a investigar a
melhor forma de governo para o estabelecimento do bem comum.

Anote!
Para Aristóteles, política seria o ramo do conhecimento destinado e examinar a forma de governo mais
apropriada para alcançar o bem comum.

Transpondo o conceito de pólis para a conjuntura da sociedade moderna, a política pode


ser entendida como o ramo do conhecimento cujo objeto são as relações interpessoais
desenvolvidas no seio social, abrangendo, também, as decisões públicas efetuadas pelos
responsáveis pela administração da coisa pública.

Anote!
Para facilitar os seus estudos, podemos apontar que, numa acepção moderna, a política seria a atuação
destinada à administração de uma determinada comunidade, buscando fixar a sua estrutura e organização.

Observe que a política nada mais seria do que uma forma de atividade humana relacio-
nada ao exercício do poder. É por isso que Julien Freund a define como “a atividade social
que se propõe a garantir pela força, fundada geralmente no direito, a segurança externa e a
concórdia interna de uma unidade política particular...”. Essa possibilidade de fazer uso da
força, aliás, é o que distingue o poder político das outras formas de poder.
Para fins unicamente didáticos, destacamos outas definições mais específicas conferi-
das ao termo:

“a) política como tema genérico, em que se inserem os fatos cotidianos relativos às decisões
tomadas pelos governantes, na administração da coisa pública;
b) política como uma estrutura organizada para um determinado fim social de natureza pública,
confundindo-se com política pública (política educacional, política de saúde etc.);
c) política como a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo (NICOLAU MAQUIAVEL);
d) política como os meios adequados à obtenção de qualquer vantagem (H0BBE5);
e) política como ciência política, que tem por objeto os sistemas de governo públicos e privados,
é dizer, os sistemas políticos e o comportamento político.” 46

004. (CÂMARA MUNICIPAL DE ABAETETUBA/PA – 2018/FADESP/AGENTE LEGISLATIVO/


ADAPTADA) Sobre as noções básicas de política é correto afirmar o seguinte:

46
LORDELO, João Paulo. Noções Gerais de Direito e Formação Humanística. Salvador: Ed. JusPodivm, 2017. p. 245.

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Os que desdenham a política o fazem por ignorância ou má-fé, ignoram o mal que fazem a si
próprios ficando alheios ao que acontece em seu entorno, tornando-se potenciais vítimas dessa
escolha, ou, intencionalmente, desqualificam a política para dominá-la.

Sabendo que a política pode ser resumida a uma forma de atividade humana relacionada ao
exercício do poder em determinada comunidade, sem esquecer a visão aristotélica segundo
a qual a política consiste no ramo do conhecimento voltado a investigar a melhor forma de
governo para o estabelecimento do bem comum, ignorar a sua presença é ignorar a própria
realidade e modo como se dá a estrutura da sociedade em que vivemos. Com efeito, todas as
conquistas do processo civilizatório derivaram de decisões políticas, incluindo a geração dos
direitos, hoje tachados como de maior importância a saber: os direitos civis, os direitos políticos,
os direitos sociais, econômicos e culturais; os direitos difusos e coletivos e os direitos bioéticos.
Noutra via, há aqueles que desqualificam a política por razões mais obscuras, a fim de afas-
tar a atenção e fiscalização do cidadão dos processos decisórios. É dizer, “o objetivo final de
quem desqualifica a política é transferir as decisões dos cidadãos, por meio da política, para
grupos econômicos e de poder que se apoderam do aparelho do Estado em busca de interes-
ses próprios. A política, em lado diverso, considera princípios como equidade, participação e
legitimação pela maioria.”47
Como dizia Platão, em sua obra “A República”, “o castigo dos bons que não fazem política é
serem governados pelos maus”.
Certo.

005. (CÂMARA MUNICIPAL DE ABAETETUBA/PA/2018/FADESP/AGENTE LEGISLATIVO/


ADAPTADA) Sobre as noções básicas de política é correto afirmar o seguinte:
A política tem uma única dimensão: a escolha dos parlamentares por meio do processo eleitoral,
que leva ao exercício do poder no Estado.

De forma alguma! Acabamos de estudar que a política seria o ramo do conhecimento voltado
a investigar a melhor forma de governo para o estabelecimento do bem comum, estando asso-
ciada a gestão dos negócios da comunidade, não se limitando, portanto, a mera a escolha dos
parlamentares por meio do processo eleitoral.
Errado.

47
Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2017/07/a-importancia-da-politica-no-combate-ao-deficit-de-ci-
dadania/

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4.3. Ciência Política


Na lição de Norberto Bobbio, ciência política é entendida como:

“(...) qualquer estudo dos fenômenos e das estruturas políticas, conduzido sistematicamente e
com rigor, apoiado num amplo e cuidadoso exame dos fatos expostos com argumentos racionais.
Nesta acepção, o termo ‘ciência política’ é utilizado dentro do significado tradicional como oposto
à ‘opinião’.”

Seguindo esta linha, veja como o tema já foi cobrado em prova:

006. (DPU/2017/CESPE/CEBRASPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Em relação ao conceito


de ciência política e à legitimidade do poder político, julgue o item a seguir.
De forma geral, define-se ciência política como toda interpretação de fenômenos políticos
fundada na observação dos fatos e na argumentação racional, em oposição às afirmações
derivadas do senso comum.

Item correto! Conforme acabamos de estudar, com apoio na lição de Norberto Bobbio, ciência
política é “qualquer estudo dos fenômenos e das estruturas políticas, conduzido sistematica-
mente e com rigor, apoiado num amplo e cuidadoso exame dos fatos expostos com argumentos
racionais. Nesta acepção, o termo ‘ciência política’ é utilizado dentro do significado tradicional
como oposto à ‘opinião’”.
Certo.

007. (PREFEITURA DE COLÔNIA LEOPOLDINA/AL/2019/ADM&TEC/SOCIÓLOGO/ADAP-


TADA) Leia a afirmativa a seguir:
A Ciência Política recorre a diversas outras áreas do conhecimento humano, como a Economia,
o Direito e a Sociologia.

Sim, isso mesmo. A Ciência Política, enquanto campo multidisciplinar, no desenvolvimento dos
seus estudos, recorre a diversas outras áreas do conhecimento humano, a exemplo da Econo-
mia, do Direito e da Sociologia.
Certo.

Gaetano Mosca afirma que a ciência política seria o estudo da formação e organização
do poder, tendo sido desenvolvida a partir do século XIX, correspondendo ao resultado da
evolução das ciências históricas. O método da ciência política seria, assim, a partir do estudo

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das várias civilizações, o de apanhar o maior número possível de fatos históricos, de modo
que o cientista político deveria dominar toda a história da humanidade.
Destarte, os objetivos da ciência política, segundo o autor, consistiriam em:
• Estudar as tendências que determinam o ordenamento dos poderes políticos;
• Examinar as leis reguladoras da organização social;
• Descobrir e conhecer as leis reguladoras da natureza social do homem e do ordenamento
político das diversas sociedades humanas; e
• Como problema central, examinar as formas pelas quais o poder político se organiza e
se desenvolve.

Anote!
Ciência política é a ciência social dedicada ao exame dos sistemas, instituições, processos e fenômenos
políticos em um determinado Estado.

4.4. Ciência Política, Política e Maquiavel


Não há como falar em política e ciência política sem falar dele: Nicolau Maquiavel.
Nicolau Maquiavel viveu durante o renascimento italiano, sendo considerado por muitos o
fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de ter escrito sobre o Estado
e o governo como realmente são, e não como deveriam ser.
Sua doutrina, especialmente em razão da sua obra “O Príncipe”, é de extrema importância
para o estudo da política, guardando menor influência na filosofia.
Marcado pela célebre frase “os fins justificam os meios”, no pensamento maquiavélico
qualquer ideia de virtude pode ser resumida como todas ações necessárias para alcançar o
poder e nele se manter. Para Maquiavel, diante do conflito é sempre preferível as escolhas
que, apesar de levar ao ódio, irão te garantir força, do que aquelas que te farão ser amado,
mas que levarão a perda do poder.
A justiça em Maquiavel reside, dessa maneira, num conceito desprovido de qualquer exa-
me de moralidade e no qual o correto é definido como todas as ações efetivas para garantir
a manutenção do poder e o errado como todas as medidas inócuas nessa missão, isto é, que
podem levar a perda do poder.

Resumindo!
Em Maquiavel, na sua obra “O Príncipe”, há a exclusão da ética e a justiça se apresenta como o poder
(o interesse) do mais forte, do príncipe, isto é, exibe uma justiça transitória, provisória.
O pensamento político de Maquiavel se fundamenta no conceito de que a estabilidade da cidade, da
sociedade e do governo precisa ser conseguida a todo o custo, cabendo ao príncipe essa missão.

Para ficar mais fácil, que tal respondermos algumas questões:

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008. (SEPLAG/2018/IBFC/ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS) (...) Aquele que quer


governar a multidão, sob uma forma republicana ou monárquica, deve saber com certeza
quais os que são inimigos da nova ordem. Sem isso o governo terá uma existência efêmera.
(...) Tendo a multidão por inimiga, são obrigados, para afirmar seu poder, a empregar meios
extraordinários. De fato, aquele que tem número reduzido de inimigos pode saber com certe-
za o seu número sem grande trabalho ou esforço, enquanto que aquele que é objeto do ódio
geral nunca tem certeza de nada, e, tanto mais se mostra cruel, tanto mais enfraquece seu
próprio poder. Assinale a alternativa correta, respectivamente quanto ao autor e a sua obra.
a) Max Weber, Ciência e Política, duas vocações
b) August Comte, Apelo aos Conservadores
c) Émile Durkheim, As Formas Elementares da Vida Religiosa
d) Nicolau Maquiavel, O Príncipe

Acredito que não tenha sido difícil responder à questão. Trata-se de trecho extraído da obra “O
Príncipe”, de Nicolau Maquiavel.
Letra d.

009. (IFB/2019/IFB/PROFESSOR/FILOSOFIA) A Filosofia Política quando discutida com


os estudantes é de grande valia para desenvolver o espírito de cidadania. Um clássico desta
discussão é a obra “O Príncipe” de Maquiavel [...]. No Capítulo VIII o filósofo trata “Dos que
chegaram ao principado pelos crimes”. Segundo o pensamento do autor qual das afirmações
abaixo está CORRETA em relação ao tema em tela?
a) Ao conquistar um Estado, precisa o conquistador ter em mente o mal que terá que executar
continuamente, embora tenha que parecer bom.
b) Um príncipe deve, sobretudo, viver com os súditos, de modo que nenhum fato, bom ou mau,
o faça mudar, pois, chegando a adversidade, não haverá tempo para o mal.
c) O príncipe deve conquistar os homens com vantagens dadas de uma só vez, pois o bem que
fizer irá favorecê-lo, de modo que todos lhe serão gratos.
d) Se bem usadas, as crueldades, que no princípio do governo podem ir aumentando paulatina-
mente, poderão com o tempo ir se extinguindo até desaparecer totalmente.
e) O príncipe deve estar sempre pronto a praticar ofensas, pois a confiança em seus súditos
poderá ser sua ruína.

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Temos aqui uma boa questão. A seguir, um pequeno trecho de “O Príncipe” que irá nos ajudar
a definir a alternativa correta.

“ao apoderar-se de um Estado, o conquistador tem de determinar as ofensas, que precisa execu-
tar, e fazê-las todas de uma vez para não ter que repeti-las todos os dias. Assim, poderá incutir
confiança nos homens e conquistar-lhes o apoio com benefícios. As ofensas devem-se fazer
todas de uma vez, a fim de que, tomando-se-lhes menos o gosto ofendam menos, e os benefícios
precisam ser realizados pouco a pouco, para serem mais bem saboreados. Principalmente, um
príncipe deve viver com seus súditos de maneira a que nenhum acidente, bom ou mau, o faça
variar, pois vindo com os tempos difíceis, as adversidades, não sobrará tempo a ti de fazer o
mal; e o bem que fazes não poderá beneficiar-te, pois é considerado forçado, e ninguém agra-
decerá a sua prática”.

Correta, portanto, a alternativa B!


Letra b.

4.5. Estado
O conceito de Estado é frequentemente confundido com as ideias de país, povo e nação,
razão pela qual listaremos a seguir a definição de cada um desses vocábulos, com o objetivo
de facilitar a compreensão.
• Estado: uma suscinta e correta definição de Estado é considera-lo como a entidade
político-social juridicamente organizada para executar os objetivos reputados como ne-
cessários ao bem comum.48

48
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional: Tomo I – Teoria da Constituição.
Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017. p. 35.

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Anote!
A formação do Estado demanda a presença de três elementos: povo, território e governo soberano.
a) Povo: é o componente humano, demográfico do Estado, caracterizado como o “conjunto das pessoas
dotadas de capacidade jurídica para exercer os direitos políticos assegurados pela organização estatal.”
49
Importante saber que povo e população não se confundem, sendo população “conceito que envolve
aspectos meramente estatísticos do número total de indivíduos que se sujeitam ao poder do Estado,
incluindo, por exemplo, os estrangeiros, apátridas e os visitantes temporários.” 50
b) Território: é base física, geográfica do Estado; e
c) Governo: é o elemento condutor do Estado, tratando-se do “conjunto das funções necessárias à
manutenção da ordem jurídica e da administração pública.” 51
Para haver um Estado perfeito, o governo deve ser soberano, não encontrando limites jurídicos no plano
interno e submetendo-se no plano internacional às regras voluntariamente aceitas.
Marcello Caetano, quanto à soberania, a define como o poder político supremo, porque, na ordem interna,
não encontra limitações por nenhum outro poder; sendo também um poder político independente, porque
perante a sociedade internacional não precisa acatar regras que não sejam voluntariamente aceitas. 52
É o Estado que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado
do povo, titular da soberania (art. 1º, parágrafo único, da CF53).

• País: é o território que abriga uma coletividade;


• Nação: é o grupo de indivíduos que, tendo a mesma origem ou religião, ou os mesmos
interesses econômicos e morais, e, principalmente, um passado comum de tradições,
unem-se em torno de ideais e aspirações comuns. Em resumo: “trata-se do conjunto ho-
mogêneo de pessoas que se consideram ligadas entre si por vínculos de ‘sangue’, idioma,
religião, cultura, ideias, objetivos.” 54
Assim, não é sempre que um povo constitui uma nação. Além disso, é possível concluir
que a nação pode surgir antes mesmo do próprio Estado e, inclusive, subsistir sem ele, a
exemplo da nação judaica antes da criação do Estado de Israel.

010. (PRF/2020/CESPE/CEBRASPE/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/CURSO DE FORMA-


ÇÃO) Acerca da conceituação doutrinária de sociedade civil e de Estado, julgue o item a seguir.

49
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional: Tomo I – Teoria da Constituição.
Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017. p. 35.
50
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional: Tomo I – Teoria da Constituição.
Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017. p. 36.
51
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional: Tomo I – Teoria da Constituição.
Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017. p. 36.
52
MARCELLO CAETANO apud BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional:
Tomo I – Teoria da Constituição. Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017.
p. 37.
53
CF, art. 1º. Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição.
54
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional: Tomo I – Teoria da Constituição.
Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017. p. 35.

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A conceituação moderna de Estado defende a teoria da dupla personalidade do Estado, que,


em diferentes circunstâncias, atua tanto com personalidade de direito público quanto com
personalidade de direito privado.

Encontra-se superada a teoria da dupla personalidade do Estado, segundo a qual a personali-


dade jurídica deste variaria conforme estivesse atuando sob regime de direito público ou sob
regime de direito privado.
Hodiernamente, prevalece que independentemente do regime jurídico incidente ao ato estatal
praticado, o Estado sempre terá personalidade jurídica de direito público.
A teoria da dupla personalidade do Estado defende que este poderia atuar ora com personali-
dade de direito público, ora de direito privado.
Trata-se de visão atualmente superada, haja vi.
Errado.

4.5.1. Finalidade do Estado


Há um debate sobre qual seria a finalidade do Estado, se ele seria um fim em si mesmo
ou se seria um meio para o alcance da felicidade humana. Darcy Azambuja se alinha a Ataliba
Nogueira ao dizer que o Estado “é um dos meios pelos quais o homem realiza o seu aperfei-
çoamento físico, moral e intelectual, e isso é que justifica a existência do Estado”.
De todo modo, é certo que, no plano jurídico, o fim do Estado é a consecução do bem
público, de sorte a atender as necessidades inadiáveis da população, que serão traçadas
segundo a doutrina sobre a qual este Estado se embasa e se estrutura.
Pela doutrina abstencionista, também conhecida como laissez-faire, que tem cunho
liberal, e está ligada à corrente de pensamento econômico dos fisiocratas, ao Estado cabe
tão somente a tarefa de manter a ordem, seja ela interna ou externa, de modo que tudo
aquilo que fugir à manutenção da ordem caberá à iniciativa privada. Aqui, o Estado atuaria
apenas como um garantidor da autonomia privada e do livre jogo de interesses (Estado
mínimo), apenas agindo de forma policial para restabelecer, quando necessário, a normali-
dade. Nesse Estado de tipo gendarme, há poucas leis regulamentadores e prevalece o livre
direito de propriedade.
Outra forma de conceber o Estado é pela visão socialista. Nela, o Estado não só representa
a coletividade, mas assume o papel de agente condutor (conformador) da realidade social,
passando a atuar em todos os ramos de atividade. Os mais radicais da doutrina socialista
defendem que o Estado deve deter a propriedade de tudo o que interessa à população, dis-
tribuindo-a a cada um conforme critérios fixados por ele mesmo. Aqui, o objetivo seria o fim
da propriedade privada e, em última análise, o fim do próprio Estado.

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Uma terceira doutrina, tida por eclética, buscou um meio termo entre o laissez-faire e o
socialismo. Consoante G. Sortais55, o lema levantado pelos ecléticos seria: “em vez de fazer
tudo, como defendem os socialistas, ou de fazer o mínimo, como pregam os abstencionis-
tas, o melhor é ajudar a fazer”. Sendo assim, para os ecléticos, ao Estado competiria apenas
ações de caráter supletivo, isto é, só atuaria em áreas que aos indivíduos seriam inviáveis.
Dessarte, a partir dessas ideias e da crítica ao Estado forte dos socialistas e ao Estado
mínimo do laissez-faire, emerge a proposta do Estado regulador e fiscalizador.

Cuidado!
Estado regulador não é sinônimo de Estado mínimo.
Estado mínimo: é aquele que procura intervir o mínimo possível na economia do país, na expectativa
de que tal procedimento maximize o progresso e as prosperidade. A sua função resume-se a assegurar
os direitos básicos da população por meio da promoção da segurança pública, da justiça e do poder de
polícia, devendo editar as leis necessárias para tanto.
Estado regulador e fiscalizador: visando se desassociar da doutrina abstencionista, assim como da
doutrina socialista que pregava um Estado-empresário que deveria atuar diretamente na economia, além
de prestar diretamente os serviços públicos, o Estado regulador e fiscalizador é aquele que concentra
a sua atuação na áreas denominadas “núcleo estratégico” e “atividades exclusivas”, deixando ao setor
privado as demais, de modo que sobre estas o Estado atuaria de maneira regulatória e fiscalizadora, com
objetivo de que sejam exercidas pelos particulares com lisura e de forma a atender o interesse público.

4.5.2. Ideologias
Observe que a missão de apontar o fim para qual um Estado se presta está umbilicalmente
relacionado a ideologia predominante.

E o que seria ideologia?

A origem do termo se deve à Destutt de Tracy, que criou a palavra e lhe deu o primeiro de
seus significados: ciência das ideias. Posteriormente, esta palavra ganharia um sentido pejo-
rativo quando Napoleão chamou os adeptos de “ideólogos” no sentido de “deformadores da
realidade”. No entanto, os pensadores da antiguidade clássica e da Idade Média entendiam
ideologia como o conjunto de ideias e opiniões de uma sociedade.
No geral, a palavra acaba por desembocar em duas concepções opostas: uma neutra e
outra crítica. Na primeira acepção, usualmente utilizada no senso comum, o termo ideolo-
gia é sinônimo de ideário (em português), contendo o sentido neutro de conjunto de ideias,
de pensamentos, de doutrinas ou de visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo de
indivíduos, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas. Noutra via, para
autores que utilizam o termo sob uma concepção crítica, ideologia pode ser considerado um
instrumento de dominação que age por meio de convencimento (persuasão ou dissuasão,
mas não por meio da força física) de forma prescritiva, alienando a consciência humana.

55
Sortais, G. Andrea del Verrocchio. The Catholic Encyclopedia. Robert Appleton Company.

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Uma forma bastante conhecida, e crítica, de compreender a ideologia pode ser atribuída
a Karl Marx, por exemplo. Em sua obra “A Ideologia Alemã”, coescrita com Friedrich Engel,
Marx concebe a ideologia como uma consciência falsa proveniente da divisão entre o trabalho
manual e o intelectual. Nessa divisão, os ideólogos ou intelectuais operariam em favor da
dominação de uma classe social sobre a outra por meio de ideias que representavam uma
falsa compreensão sobre o modo como se processam as relações de produção. Com isso,
a ideologia, enquanto falsa consciência, camuflaria a realidade em prol dos interesses da
classe dominante.
Entretanto, não é apenas em “A Ideologia Alemã” que Marx trata do tema ideologia e, de-
vido inconsistências entre seus escritos sobre o tema, não seria correto afirmar cabalmente
que possui uma única e precisa definição o sobre o termo.
Depois de Marx, vários outros pensadores se debruçaram sobre o tema, muitos comungan-
do do seu entendimento, mas outros tanto abordando a ideologia como sinônimo de “visão
de mundo”, filiando-se a uma concepção neutra.

4.5.2.1. Ideologias Políticas Contemporâneas


A Revolução Francesa foi um importante marco histórico, uma vez que por meio dela se
deu o surgimento de diversas ideologias, havendo quem afirme ter sido a responsável por
uma “tripla” revolução, eis que, embutidas nos seus valores de liberdade, igualdade e frater-
nidade, acabou por lançar as sementes do liberalismo, do socialismo e do nacionalismo. Não
bastasse, ela também fomentou o aparecimento de ideologias contrarrevolucionárias, como
o conservadorismo. O anarquismo também se inspirou na Revolução Francesa.
Mas a Revolução Francesa não foi a única responsável por deflagrar tais ideologias. A
Revolução Americana, a Revolução Industrial e a crise na Europa do século XX também tive-
ram papel nesse processo.
A seguir, delineia-se, de forma sumária, as principais ideologias contemporâneas.
• Conservadorismo: surgiu como reação à modernização da sociedade, na época do
Iluminismo, e preza pela manutenção do status quo social (ou seja, é a favor de manter
as coisas como estão), valorizando as tradições, inclusive as de governo, sobretudo o
monárquico. No entanto, ante a impossibilidade de conter os avanços da modernidade,
surgiu o Neoconservadorismo, que não se opõe à modernidade, mas defende que as
mudanças devem ser operadas de forma gradual, com a preservação de valores morais
e religiosos, especialmente da moral cristã ocidental.
• Liberalismo: consolidou-se no século XVII a partir da visão política de Jonh Locke. Defende
a liberdade e a existência de direitos naturais do indivíduo, sobretudo a igualdade jurídica e
a tolerância ideológica. Esses valores serviram, inclusive, de fundamento para a elaboração
da Constituição Americana e a para a insurreição da burguesia contra a nobreza durante a
Revolução Francesa. O liberalismo pode ser vislumbrado em duas concepções distintas:

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uma burguesa, defendida por Locke, e outra de viés mais popular/universal. O liberalismo
clássico, de Locke, fala de liberdade econômica (Adam Smith), de um Estado mínimo e
de uma participação restrita da população na vida política (voto censitário masculino).
O liberalismo democrático ou radical opõe-se ao clássico à medida que defende maior
soberania popular (voto universal), maior intervenção estatal na economia e um governo
com poderes controlados pelo povo (o que lembra as ideias de Rousseau)
• Socialismo: defende uma sociedade igualitária e fraterna em prol dos trabalhadores (ideal
coletivista). Seus ideais podem ser divididos em utópicos e científicos. O socialismo utópico
sustenta uma transição pacífica e gradual para o socialismo, por meio da implantação de
pequenas propriedades coletivas e uma posterior expansão dos ideais igualitários. Em
1848, com revoluções em toda a Europa (Primavera dos Povos), Marx e Engels publicam
seu “Manifesto Comunista”, chamando os socialistas anteriores de “utópicos” e convo-
cando todo o proletariado do mundo a se unir para combater, de forma violenta e repen-
tina, as classes dominantes. Nesse cenário, Marx autointitulou a sua tese de socialismo
científico, porque calcado em profundos estudos sobre a sociedade capitalista e sobre
a origem da desigualdade entre as classes. Para Marx, aliás, tal desigualdade só seria
desfeita com uma luta violenta e uma revolução dos oprimidos contra os opressores. Sua
ideologia (o Marxismo) se dividiu ainda em duas frentes: a social-democracia, que é a
instalação gradual da Ditatura do Proletariado (acompanhada de um Estado democrata,
que estabelecesse o bem-estar social – Welfare State); e o comunismo, que é a Revolução
armada nos moldes do que aconteceu na Rússia de Lênin e Stálin.
• Anarquismo: é a ausência total de governo. O anarquismo tem origem desconhecidas e
é dividido em duas vertentes: anarquismo anticapitalista (ou coletivista) e o anarcocapi-
talismo (ou individualista). O anarquismo anticapitalista defende o fim de qualquer tipo
de governo e a existência de uma sociedade fraterna na qual todos dividem tudo (como
uma grande tribo; similar ao socialismo). Por outro lado, o anarcocapitalismo adere ao
capitalismo, sem governo, mas considerando as individualidades de cada pessoa e per-
mitindo a existência do comércio.
• Nacionalismo: fundamenta-se na defesa dos “direitos” da nação, da raça ou dos costumes
de um povo. O nacionalismo surge com a criação dos Estados nacionais e com a identi-
ficação do povo com seu país. Uma vertente conhecida é o fascismo, caracterizado pelo
ultranacionalismo em prol da reconstrução dos antigos Impérios Romano e Alemão em
detrimento das outras nacionalidades. Por mais que não tenham conseguido plenamen-
te ser instauradas, tais ideologias servem de base para muitos governos e para muitas
outras ideologias (econômicas, sociais e até mesmo políticas).

Agora, um pequeno quadro resumindo as principais informações das ideologias políticas


contemporâneas:

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Ideologia Principais Ideias Vertentes Origem

Tradicionalista: se opõe a Séc. XVII (surgimento


modernidade. do Iluminismo)
- Manter o status quo,
da ordem social;
Conservadorismo Neo-Conservadorismo:
- É contrário ao avanço
da modernidade. prega uma modernização Séc. XIX (surgimento do
gradual, preservados os Capitalismo)
valores morais e religiosos.

Clássico: defende um
Séc. XVIII (EUA e
Estado mínimo e o voto
Revolução Francesa)
censitário.
- Luta pelos direitos
naturais e pela liberdade
Liberalismo Radical ou Democrático:
econômica, ideológica e
política do indivíduo. fundamenta-se na Revolução Francesa
intervenção estatal, na (2ª fase: popular e
soberania popular e no voto democrática)
universal.

- Defende a criação
de uma sociedade
igualitária e fraterna “Utópico”: revolução Séc. XVIII
Socialismo
(ideal coletivista) em pacífica e gradual (Rev. Francesa)
prol do proletariado
(classe trabalhadora)

Científico ou Marxista: Séc. XIX


divide-se em (Primavera dos Povos e
- Social-Democracia; e Manifesto Comunista
- Comunismo de Marx em 1848)

Anticapitalista: quer a
implementação de uma
sociedade coletivista e sem
Desconhecida
governo, na qual todos
- Pretende a instalação dividem tudo, como uma
de uma sociedade grande tribo.
igualitária e sem
Anarquismo Anarcocapitalismo:
governo;
- O povo se defende uma sociedade
“autogoverna”. individualista e sem
governo, mas que respeita Desconhecida
as individualidades e
o comércio (adere ao
capitalismo)

- Almeja a defesa dos


“direitos nacionais”:
Fascismo é uma das Formação dos Estados
Nacionalismo unidade (fraternidade),
vertentes conhecidas. Nacionais
raça forte e costumes
tradicionais

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4.5.3. Os Poderes do Estado e a Teoria da “Separação dos Poderes”


Uma vez examinada as suas possíveis finalidades e ideologias, vamos nos dedicar a entender
como o Estado atua para concretizá-los, ou melhor: como o poder político do Estado se desenvolve?
Nas sociedades primitivas, o poder do Estado se concentrava em uma única pessoa ou
em um único grupo, de modo que todas as competências estatais eram deliberadas por um
único órgão supremo, a quem incumbia a tarefa de cuidar da defesa externa, da ordem interna
e do controle dos bens e serviços de caráter coletivo, inclusive das questões religiosas.
Acontece que o desenvolvimento da sociedade e o aumento de sua complexidade, aliados
à extensão territorial sob domínio de um único gestor, foram reclamando a necessidade de
que o poder fosse desenvolvido de maneira desconcentrada, até porque o exercício concen-
trado deste motivou e justificou as mais diversas arbitrariedades no curso da história humana.
É, assim, com o objetivo de garantir a construção de um Estado voltado, efetivamente, à
satisfação das necessidades coletivas e à preservação das liberdades individuais que come-
çaram a ser debatidos o modo pelo qual o poder deveria ser prestado. Aqui, os estudos de três
pensadores adquiriram relevância ímpar, quais sejam: Aristóteles, John Locke e Montesquieu.
Aristóteles, em sua obra “Política”, lançou na Antiguidade Grega as primeiras bases
teóricas sobre à “tripartição de poderes”, ao perceber a necessidade de fracionar as funções
administrativas da pólis, discorrendo sobre a existência de três funções distintas exercidas
pelo poder soberano. São elas:
a) Edição de normas gerais que por todos deveriam ser cumpridas;
b) Aplicação das normas gerais editadas ao caso concreto; e
c) Julgamento dos conflitos surgidos com aplicação das normas gerais ao caso concreto.
O filósofo, no entanto, justificado pelo contexto histórico em que estava inserido, defendia
a concentração das citadas funções nas mãos de uma única pessoa, o soberano. Com isso, a
sua grande contribuição na teorização dos Poderes do Estado foi ter constatado a existência
de três funções estatais distintas.

Anote!
A grande contribuição de Aristóteles na teorização dos Poderes do Estado foi ter constatado a existência
de três funções estatais distintas.

Montesquieu, por seu turno, muitos anos após as ideias aristotélicas, mas partindo do
pressuposto de que três seriam as funções estatais, inovou em seu “O Espírito das Leis” ao
afirmar que estas não deveriam ser da competência de uma só pessoa ou órgão, mas, sim,
que estariam umbilicalmente ligadas a três órgãos distintos, autônomos e independentes
entre si. Com efeito, defendia que o exercício do poder do Estado se dividiria em três órgãos:
o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judiciário, cada qual responsável por uma
função estatal, assim definidas:

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• Ao Poder Legislativo caberia a edição de normas gerais que por todos deveriam ser
cumpridas (função legislativa);
• Ao Poder Executivo caberia a aplicação das normas gerais editadas ao caso concreto
(função executiva); e
• Ao Poder Judiciário caberia o julgamento dos conflitos surgidos com aplicação das nor-
mas gerais, aplicando o direito ao caso concreto (função jurisdicional).
O objetivo era superar os ideais absolutistas até então vigentes, o que acabou servindo
de substrato para o surgimento dos mais diversos e importantes movimentos, a exemplo das
revoluções francesa e americana.
Mas, tenha cuidado, pois além das bases teóricas lançadas por Aristóteles, as ideias
consagradas por Montesquieu também encontraram (grande) respaldo nos escritos formu-
lados por John Locke, que contribuiu para a separação dos poderes através das instituições
adotadas pela Grã-Bretanha em razão da Revolução Gloriosa de 1968. Consoante a lição de
Manoel Gonçalves Ferreira:

“(...) a divisão funcional do poder — ou, como tradicionalmente se diz, a ‘separação de poderes’ — que
ainda hoje é a base da organização do governo nas democracias ocidentais, não foi invenção genial
de um homem inspirado, mas sim é o resultado empírico da evolução constitucional inglesa, qual a
consagrou o Bill of Rights de 1689. De fato, a ‘gloriosa revolução’ pôs no mesmo pé a autoridade real
e a autoridade do parlamento, forçando um compromisso que foi a divisão do poder, reservando-se
ao monarca certas funções, ao parlamento outras e reconhecendo-se a independência dos juízes.
Esse compromisso foi teorizado por Locke, no Segundo tratado do governo civil, que o justificou a
partir da hipótese do estado de natureza. Ganhou ele, porém, repercussão estrondosa com a obra
de Montesquieu, O espírito das leis, que o transformou numa das mais célebres doutrinas políticas
de todos os tempos” (Destacamos)56

O filósofo inglês, no entanto, ao defender a separação dos poderes, limitou-se a dividi-


-los entre o Legislativo e o Executivo, não incluindo o Judiciário. Para ele, unir as funções
legislativas e executivas em um mesmo órgão “seria provocar uma tentação muito forte para
a fragilidade humana, tão sujeita à ambição...”57

56
FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de direito constitucional, 34. ed., p. 135. apud LENZA, Pedro. Direito constitucional
esquematizado. 23. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019
57
CAETANO, 2003. apud NOVELINO, Marcelo. Curso de direito constitucional. 11. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPo-
divm, 2016. p. 248.

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Anote!
“Com Montesquieu, sob inspiração de Locke, vislumbrou-se a necessidade de interconectar
as funções estatais, a fim de manter a autonomia e independência que lhes são típicas,
nascendo daí a famosa teoria dos freios e contrapesos (“checks and balances”).
Cada uma das funções estatais – Executivo, Legislativo e Judiciário – passaram a realizar
funções típicas (tradicionais) de sua natureza, mas, ainda, por dicção constitucional, funções
atípicas (não tradicionais), fiscalizando e limitando a ação dos demais.
A lógica aqui é que “apenas o poder limita o poder”, de modo que cada órgão tem, não
apenas que cumprir sua função essencial, como ainda atuar de modo a impedir que outro
abuse de sua competência. Por isso mesmo, mais que uma forma de racionalização da
atividade estatal, o projeto de Montesquieu traz uma preocupação política e de proteção
da democracia.” 58

De forma sintética, um esquema da idealização da separação dos Poderes por Aristóteles,


Locke e Montesquieu pode ser visualizado a seguir:

58
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev., ampl. E atual. Salvador. JusPODIVM, 2017. p.
304.

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4.5.4. Evolução do Estado e Soberania


A soberania pode ser percebida sob duas perspectivas: interna e externa.
Do ponto de vista interno, a soberania é o poder de supremacia que o Estado exerce so-
bre o seu povo. É o poder de normatizar as relações que se estabelecem entre os indivíduos
e grupos que habitam o interior do Estado, com imperatividade e força cogente. Embora tal

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concepção carregue a ideia de “poder”, alguns autores rechaçam que a soberania seja um
poder, preferindo reconhecê-la como uma qualidade superior do Estado.
Por outro lado, a soberania externa é a autodeterminação e independência que determi-
nado Estado impõe em relação aos demais Estados; tem a ver, portanto, com a relação de
igualdade entre os Estados e com a ideia de não intervenção.
Duas teorias sobre a soberania ganham destaque: as teocráticas e as democráticas.
Para os teocráticos, amparados na teoria do direito divino, o poder soberano tem origem
em Deus e é pela vontade de Deus que há uma hierarquia entre governantes e governados.
Já a doutrina democrática, nascida na Idade Moderna, confere ao povo ou à nação o poder
soberano. São partidários desta concepção Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-
1704) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
Para Thomas Hobbes, antes da vida em sociedade, o homem vivia em anarquia e violência,
no chamado estado de natureza. Era um cenário em que não havia hierarquia, mas um cons-
tante estado de beligerância, um guerreando contra o outro. O estado de natureza consistia
numa vida solitária, sórdida e brutal e só foi abandonado quando, por meio de um contrato
social, a soberania, antes dispersa, passou a ser exercida pela autoridade criada (o Estado).
Houve, portanto, uma transição entre o estado de natureza e o estado de sociedade.
O contrato social, segundo Hobbes, era irrevogável, sob pena de a humanidade retroceder
ao estado natural. O Estado, tal como o representou Hobbes, é um monstro alado – Leviatã
– que “abriga e prende para sempre o homem”. Na lição de Darcy Azambuja:

“Hobbes partiu da doutrina da igualdade dos homens e terminou preconizando o absolutismo


do poder e, nesse sentido, suas ideias se acham no extremo da concepção da soberania, que ele
considera ilimitada, colocando a política por cima da moral e da religião”.

John Locke parte de uma premissa distinta. Para ele, o estado de natureza não era de
caos, mas de ordem e razão. Assim como Hobbes, Locke era contratualista, isto é, acredi-
tava que a sociedade política surgiu a partir de um contrato social. No entanto, a finalidade
do Estado seria a de assegurar a lei natural, bem como manter a harmonia entre os homens.
Nesse sentido, na pactuação do contrato, sustentava não ter havido qualquer abdicação ou
cessão de direitos naturais ao Estado.
Como visto, foi de Locke a primeira formulação da separação dos Poderes em Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, cada qual assumindo uma função essencial ao Estado.
Em relação à forma de governo, Locke tinha predileção pela democracia, mas também era
simpático à Monarquia em que o Poder Legislativo fosse independente do rei.

011. (ANTT/2013/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO) Com relação ao Estado


e sua evolução histórica, julgue o item seguinte.

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A visão de Estado, no pensamento político de Locke, consiste na tríade que se estrutura, con-
forme o estado de natureza, passando pela constituição de sociedade civil, fundada no pacto
ou contrato social e desemboca no Estado Absolutista.

A visão de Estado, no pensamento político de Locke, não desemboca no Absolutismo, forma de


governo vigente na Europa entre os séculos XVI e XIX e que defendia a concentração de todo
o poder nas mãos do monarca.
Ao contrário, Locke defende a limitação do poder através da separação deste em Poderes Exe-
cutivo, Legislativo e Judiciário, cada qual assumindo uma função essencial ao Estado.
Aliás, confrontado às ideias absolutistas, poderá ser

“inviável imaginar que os homens, ao instituir a sociedade, iriam conceder ao legislador um po-
der arbitrário sobre suas ações, vidas, liberdade e posses, pois se assim o fizessem, estariam se
colocando em situação muito pior do que no estado de natureza, onde ao menos dispunham de
liberdade para defender, por sua própria força, seus direitos perante as agressões alheias”59

Errado.

012. (COSANPA/2017/FADESP/SOCIÓLOGO) Para John Locke, o poder legislativo é o mais


importante dos poderes
a) e deve funcionar continuamente.
b) como forma de manter o pacto social.
c) para impedir a insurreição, mesmo que não obedeça ao pacto.
d) para garantir sempre o poder da sociedade política, mesmo que o pacto não seja mantido.

Para John Locke, o poder legislativo é o mais importante dos poderes como forma de manter
o pacto social.
Para o filósofo inglês:

“Esse poder legislativo não é somente o poder supremo da comunidade, mas sagrado e inalterável
nas mãos em que a comunidade uma vez colocou; nem pode qualquer edito de quem quer que
seja, concebido por qualquer maneira ou apoiado por qualquer poder que seja, ter força e a obri-
gação da lei se não tiver a sanção do legislativo escolhido e nomeado pelo público; porque sem
isto a lei não teria o que é absolutamente necessário à sua natureza de lei: o consentimento da
sociedade sobre a qual ninguém tem o poder de fazer leis senão por seu próprio consentimento e
pela autoridade recebida.”60

Letra b.

59
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. 2. ed. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 101-102.
60
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Abril, Coleção “Os pensadores”, 1991. p.92.

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Jean Jacques Rousseau, igualmente, adere à premissa do estado de natureza. No entanto,


o estado de natureza não era de caos, tampouco ordeiro e racional, como queria Locke. No
estado de natureza de Rousseau, o homem era livre e feliz. O progresso da civilização é que
trouxe a divisão do trabalho e da propriedade, segregando o homem entre ricos e pobres, po-
derosos e fracos. Nesse contexto, a sociedade política surge como um mal necessário, para
evitar o recrudescimento das desigualdades e manter a ordem.
Rousseau entendia que, ao criar o Estado, por meio do contrato social, o homem cedia
parte dos seus direitos naturais em nome de uma entidade superior a todos, detentora de
uma vontade geral. No entanto, ao participar das decisões do Estado, o indivíduo retoma a
parcela de soberania que transferiu por força do contrato social. Para Rousseau, portanto, o
verdadeiro titular do poder de Estado é o povo.

013. (CLDF/2018/FCC/CONSULTOR LEGISLATIVO/ADAPTADA) Além de absoluta e indis-


solúvel, a Soberania para Rousseau possui mais duas características:
a) ser efêmera e ser impessoal.
b) ser seletiva e ser pactuada.
c) ser livre e ser a proteção da liberdade.
d) ser um dom e ser um atributo.
e) ser inalienável e ser infalível.

A soberania para Rousseau é o exercício da vontade geral. Desse modo, não poderia ser alienada
ou dividida e jamais estaria concentrada nas mãos de um homem ou de um grupo.
Para Rousseau, soberano é o corpo coletivo que expressa, através da lei, uma vontade geral.
A soberania do povo, manifestada pelo Poder Legislativo, é inalienável, isto é, não pode ser
representada. A democracia rousseauísta considera que toda a lei não ratificada pelo povo em
pessoa é nula. Nesse sentido, não há um superior, já que os depositários do poder não são se-
nhores do povo, mas seus oficiais, podendo ser eleitos ou destituídos conforme a conveniência.61
Em resumo, a soberania seria absoluta, indissolúvel, inalienável e infalível.
Letra e.

014. (COSANPA/2017/FADESP/SOCIÓLOGO) J. J. Rousseau define o contrato social como


a) o pacto corresponde às vontades individuais do corpo coletivo, sem obedecer a nenhuma lei.
b) o contrato corresponde ao modo de associação, onde, com base na união, todos obede-
cem a todos.

61
PINTO, Márcio Morena. Rousseau e a soberania popular.

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c) uma livre associação do gênero humano, que decide compor uma determinada forma de
sociedade política, com base na vontade geral, com vistas ao pacto social.
d) a expressão da permanência da desigualdade formal e da injustiça entre os homens, resol-
vidas sem que haja necessidade da alienação de cada componente do pacto social.

J. J. Rousseau define o contrato social como uma livre associação do gênero humano, que
decide compor uma determinada forma de sociedade política, com base na vontade geral,
com vistas ao pacto social.
Letra c.

As teorias de Hobbes, Locke e Rousseau inspiraram diversas outras teorizações. As ideias


de Hobbes serviram de fundamento ao poder absoluto dos reis. Locke, por seu turno, influenciou
as declarações de independência e as Constituições dos Estados Americanos, assim como
a construção do pensamento democrático e individualista. Já a compreensão de Rousseau
sobre o contrato social serviu de lampejo para a fase rigorosa da Revolução Francesa.

4.5.5. A questão da Liberdade


Os autores contemporâneos enxergam a liberdade de duas maneiras: sob o enfoque da
doutrina liberal clássica e sob o enfoque da doutrina democrática.
• Na doutrina liberal clássica, ser livre é poder agir sem intervenções do Estado. No Estado
liberal, a interferência estatal sobre a pauta de vida das pessoas é mínima. A atuação do
Estado restringe-se à manutenção da ordem. Aqui, a liberdade é vista sob uma perspec-
tiva individual.
• Na doutrina democrática, liberdade é a faculdade de obedecer às normas impostas a si
mesmos pela autorregulação (os indivíduos são autores das normas que os regulam) A
liberdade é entendida a partir de uma concepção coletiva.
Nos Estados modernos há uma conjugação das duas doutrinas, revelada pela preservação
da autonomia pública e privada dos cidadãos. O cidadão conserva a sua autonomia privada
nas questões não reguladas pelo Estado, mas tem a faculdade de participar das decisões
coletivas que, de algum modo, possam reverberar na sua esfera individual. Sendo assim, au-
tonomias pública e privada devem estar pressupostas reciprocamente (cooriginárias), sem
que, contudo, uma possa gozar de supremacia sobre a outra.

4.5.6. Pensamento Político de Kant


Kant revisita os conceitos de liberdade sustentados por Montesquieu e Rousseau. Mon-
tesquieu definia a liberdade como o direito de fazer tudo o que as leis permitem, ponto de
vista que mais tarde seria intitulado de liberal. Rousseau, por outro lado, foi um dos precurso-

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res da doutrina democrática e, para ele, a liberdade significava obediência à lei que que nos
prescrevemos, isto é, à lei fruto da autorregulação.
Na sua definição de liberdade, Kant não deixa claro à qual desses sentidos ele se filia. No
entanto, em cotejo com o ideal rousseauniano, vê-se que o pensamento político de Kant é
pouco democrático. Veja-se, nesse sentido, a seguinte passagem, extraída dos seus Escritos
Políticos e de Filosofia da História e do Direito:

“[o contrato originário...] é...uma ideia simples da razão, mas que tem sua dúvida sua realidade
(prática), a qual consiste em obrigar todo legislador a fazer leis como se devessem refletir a vontade
comum de todo um povo e, em considerar cada súdito, enquanto cidadão, como se tivesse dado
seu consentimento a tal vontade”.

Portanto, no Estado delineado por Kant, a vontade coletiva não é, necessariamente, um


fato institucional, mas uma ficção ideal.
Quanto às formas de governo, Kant as classifica em “boas” ou “más”. Seriam boas as
Repúblicas e más as despóticas. Aliás, para Kant, o governo que não fosse despótico se
enquadraria na ideia de “república”, não importando se era, de fato, uma república ou uma
monarquia.
Kant estava longe de ser considerado um democrata. Analisando as suas formulações,
ele poderia, no máximo, ser tido como um liberal moderado. Kant, aliás, inspirou a doutrina
liberal. Sua filosofia concebia a história do progresso do direito como garantia da máxima
liberdade individual.

4.5.7. Governo
Governo é o conjunto de órgãos e as atividades por eles exercidas na condução política
do Estado, definindo suas diretrizes supremas com considerável discricionariedade.
Historicamente, o governo precedeu ao Estado, que teve na Idade Moderna a origem de
como hoje é conhecido. Mas já na Antiguidade, assim como na Idade Média, era possível
encontrar um governo das cidades-Estado e dos impérios feudais como formas pré-estatais
de organização política.

4.5.7.1. Sistemas de Governo


Os sistemas de governo surgem a partir das diferentes relações que podem ser estabele-
cidas entre os poderes políticos do Estado, sobretudo entre o Executivo e o Legislativo.
São as principais espécies de sistema de governo: parlamentarismo, presidencialismo e
diretorial.
O sistema de governo parlamentar (ou parlamentarismo), também conhecido como go-
verno de gabinete, tem origem na Inglaterra do século XVIII, caracterizando-se pela divisão
do Poder Executivo entre o Chefe de Estado e o Chefe de Governo, este último escolhido pelo

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Poder Legislativo e cuja manutenção na função depende do apoio do parlamento, que poderá,
por motivos éticos ou políticos, exigir a sua destituição do cargo.
Ao Chefe de Estado incumbe funções protocolares, de representação simbólica do Estado,
podendo ser desenvolvidas pelo Presidente da República, se adotada a forma republicana de
governo, ou pelo Monarca, se adotada a Monarquia62.
Quanto ao Chefe de Governo, função em regra exercida pelo Primeiro Ministro, cabe o
efetivo exercício do governo, com o auxílio do seu gabinete (conselho de Ministros), sendo,
assim, o responsável pela execução das políticas públicas, o gerenciamento da máquina
pública e a liderança da política nacional.
O sistema presidencialista, por sua vez, tem origem nos Estados Unidos, em 1787, sendo
marcado pela existência de uma certa independência entre os poderes Executivo e Legislativo,
muito embora eles sofram interferências recíprocas, o que pode ser visto como expressão da
teoria dos freios e contrapesos.
O traço fundamental do sistema presidencialista é o exercício do Poder Executivo de
maneira autônoma pelo Presidente, que acumulará as chefias do Governo, do Estado e da
Administração Pública, sendo escolhido através de eleição direta (é a regra) ou indireta pelo
povo, o que denota a legitimação popular como uma das virtudes do presidencialismo.
Outra virtude, igualmente, é a definição de mandatos presidenciais com prazos fixos, re-
sultando numa maior estabilidade de governo.
Entre os pontos negativos, porém, está a concentração de poder num só agente, o que
pode fomentar regimes autoritários, bem como a necessidade de o Presidente, a posteriori,
no curso do seu mandato, precisar formar uma maioria no parlamento para garantir uma boa
governabilidade.
Por fim, fala-se, também, no sistema diretorial ou governo de assembleia, regime identi-
ficado pela inteira subordinação do Poder Executivo ao Poder Legislativo, sendo o Executivo
constituído por uma comissão escolhida pelo Legislativo, correspondendo a um mero repre-
sentante deste.
No governo de assembleia, destarte, é o Legislativo o órgão que efetivamente dirige o Estado.
Com origem na Revolução Francesa, hodiernamente esse peculiar sistema de governo
somente existe na Suíça, pelo menos de maneira formal. É que apesar de a Constituição
determinar como responsabilidade da Assembleia Federal a eleição e a supervisão dos sete
membros do órgão Executivo, formado pelo Conselho Federal, este último paulatinamente
alcançou papel de destaque na direção do processo legislativo, além de sua atribuição na
execução da lei federal, surgindo uma forma de regime com muitas semelhanças com os
Estados parlamentares.
Resumindo:

62
NOVELINO, Marcelo. Curso de direito constitucional. 11. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2016. p. 643.

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4.6. Relação entre Política e Direito


Chegamos ao último tópico da nossa aula e para fecharmos com “chave de ouro”, após
termos examinado os principais conceitos relacionados à política e os pontos de interseção nas
teorias concernentes ao Estado, vamos entender melhor a relação entre a política e o direito.
O homem é um ser que, por natureza, é social. A sociedade está na base do indivíduo,
uma vez que as pessoas só constroem e se tornam autônomas na relação com os outros.
Não é por menos que Aristóteles, há muito, já afirmava o homem como um animal político,

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porque é da sua natureza viver em sociedade. Aliás, o que distingue a sociabilidade humana
da animal é o discernimento entre o bem e o mal, o justo e o injusto.
Posto isto, é da necessidade de regular a vida em sociedade que surge o direito, um con-
junto de normas cujo objetivo é harmonizar e disciplinar a convivência social. A sua existência,
portanto, somente se justifica pela sua finalidade: solucionar os conflitos entre os indivíduos
e os grupos sociais, promovendo o bem comum.
No Estado, o direito define-se como o seu ordenamento jurídico, habitando num ambiente
onde prevalece a razão pública que, não raro, é contramajoritária e impositiva. Denota-se, aqui,
entre as finalidades do direito, a imposição do respeito à ordem jurídica.
A política, porém, é a arte (porque requer sensibilidade e imaginação) ou ciência (porque
exige o uso de um método) de governar e direcionar os rumos do Estado. Com efeito, os
fundamentos da política repousam sobre dois pilares: a soberania popular e o princípio ma-
joritário. A política é pautada pela vontade (consenso) de uma maioria estabelecida.
Apesar das contradições teóricas, direito e política se interconectam, especialmente em
dois momentos: na elaboração do direito e na aplicação do direito. O primeiro momento, que
envolve o processo legislativo de criação das normas jurídicas, tem maior destaque e dele
infere-se que a política é a raiz do direito. Nessa linha, a Constituição representa o ponto de
contato entre as duas searas, pois em que pese ser o documento que alicerça toda a ordem
jurídica de um Estado, é fruto da política, tendo como missão instituir os poderes políticos e
demarcar o espaço de cada um deles.
Noutra via, não se discute que uma das marcas do mundo jurídico é a coerção, resultado
do poder político, que confere efetividade à ordem social de controle.
Assim, o direito é uma forma de dominação organizada pelo poder político, que também
sofre ingerências do poder econômico.
Para ficar mais claro, vamos nos debruçar sobre questão de concurso abaixo.

Obs.: A relação entre direito e política foi objeto de questão no concurso para Juiz Substi-
tuto do Tribunal de Justiça do Ceará, aplicada em 31/08/2018. Por ter exigido conhe-
cimentos substanciosos e por apresentar um padrão de resposta bastante completo
e elucidativo, será reproduzida abaixo, na sua íntegra:

Enunciado:
Entende-se por judicialização da política o crescente fenômeno de utilização dos meios judiciais
para o debate e a decisão de questões concernentes a políticas públicas e controvérsias políticas
acerca de assuntos como liberdades individuais ou religiosas, processo eleitoral, direitos imi-
gratório, privado, trabalhista, previdenciário e da saúde. Isso ocorre em razão das muitas etapas
do processo decisório a que estão sujeitos os Poderes Legislativo e Executivo ou mesmo em
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consequência das constrições orçamentárias que servem de obstáculo à provisão das questões
de interesse público e privado, mas que, em tese, não impedem ou limitam a atuação do Poder
Judiciário. Então, confia-se no Poder Judiciário quando a questão está posta e necessita de uma
resposta imediata.
Considerando que o texto apresentado tem caráter unicamente motivador, redija um texto que
atenda às seguintes determinações: 1) caracterize política e direito e aborde a relação entre esses
conceitos; [valor: 0,60 ponto] 2) discorra sobre a tipologia moderna das formas de poder estru-
turada por Norberto Bobbio, abordando os três tipos de poder segundo esse autor; [valor: 0,90
ponto] 3) apresente três escolas de pensamento jurídico essenciais ao debate contemporâneo
sobre direito e relações de poder, explicando cada uma delas. [valor: 0,90 ponto]

Padrão de resposta oficial:


São muitas as concepções teóricas do direito, em sentido objetivo e subjetivo. Na verdade, o
direito, na sua essência, e como ciência social, é um conceito em constante mutação, dinâmico
e não estático ou hermético, até porque enraizado e consequente da própria condição humana,
que necessita de ajuste e adequação diuturnamente, seja com relação a seu habitat, aos critérios
e às normas de convivência, bem como às novas realidades construídas pelos grupamentos
humanos e à própria evolução do conhecimento científico e tecnológico. De modo geral, o direito,
como instrumento de controle social, é aquilo que uma sociedade ou um grupamento social
compreende como ideal de retidão e correto para a sua coletividade. A forma concreta de es-
tabelecer os parâmetros da convivência social se materializa no conjunto de leis e normativos,
respeitada uma hierarquia normativa, exatamente para evitar que direitos de maior abrangência
não sejam suplantados por direitos e regramentos inferiores. Em sentido geral, Daí afirma-se
que o direito é o conjunto de normas vinculantes ou sistema normativo no qual se desenvolve a
vida de um grupo organizado. Para Kelsen (em Teoria pura do direito e Teoria geral do direito e
do Estado), direito é uma ordem de conduta humana, um conjunto de normas que formam uma
unidade, um sistema. Política é a esfera de ações relacionadas à conquista e ao exercício do
poder em uma comunidade de indivíduos sobre um território. A Política, para Aristóteles, não é
apenas a Ciência do Estado, mas é a maior de todas as ciências, a arquitetônica das ciências
(REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19ª ed. São Paulo, 2002, p. 625).
Para a Enciclopédia Jurídica da PUCSP,

os termos “direito” e “política” referem-se a conjuntos distintos de fenômenos, embora relacionados


entre si. Desde o século XIX, em especial sob a influência de F. C. von Savigny e seus sucessores,
tornou-se pronunciada a tendência, entre juristas, de se separar radicalmente o direito da política.
Contudo, seria impossível tornar inexistentes as relações entre os fenômenos que cada um dos
termos designa. As relações entre direito e política ocorrem no plano empírico de maneiras variadas,
mas um ideal de subordinação da política ao direito tem sido cultivado desde tempos remotos.
(Marcos Faro de Castro. Direito e Política. In: Tomo Teoria Geral e Filosofia do Direito. 1ª ed., Abril de
2017, disponível em https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/131/edicao-1/direito-e-politica)

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Leciona Miguel Reale que “desse modo, as conexões entre Direito e Moral, Direito e Política, ou
Direito e Economia encontram sua razão de ser, objetivamente, nos nexos que os comporta-
mentos exteriores revelam; mas, de um ponto de vista subjetivo e correlato, residem na própria
unidade espiritual, razão última e verdadeira daquelas conexões”. (idem, p. 305).
Para Bobbio, política e direito se envolvem, uma vez que a ação política se exerce por meio do
direito, ao passo que o direito delimita e disciplina a ação política. Assim, a ordem jurídica é o
produto do poder político. Não deve haver outro direito que não seja o estabelecido ou reconhe-
cido pelo poder político, segundo Bobbio.
Portanto, leva-se em consideração a abordagem feita pelo candidato quanto à caracterização
da política e do direito, podendo-se utilizar de correntes doutrinárias e teorias variadas em sua
argumentação, desde que sempre faça essa caracterização distinta e a íntima relação entre
esses conceitos.
O poder é definido como uma relação entre dois sujeitos, na qual um impõe ao outro a própria
vontade ou mesmo os meios que permitem alcançar os efeitos desejados. A Segundo Norberto
Bobbio, a tipologia moderna das formas de poder estabelece três tipos: o poder econômico, o
ideológico e o político. O poder econômico é “aquele que se vale da posse de certos bens ne-
cessários para induzir aqueles que não os possuem a terem certa conduta”. O poder ideológico
é o domínio sobre as ideias e funda-se na influência de algumas ideias sobre a conduta dos
consociados, quando formuladas de determinado modo, emitidas em certas circunstâncias por
uma pessoa investida de autoridade e difundidas por meio de determinados procedimentos.
Cumpre-se, assim, o processo de coesão e integração do grupo. O poder político assenta-se
na posse dos instrumentos por meio “dos quais se exerce a força física”; é o poder coativo, o
uso exclusivo da força para condicionar os comportamentos. Essa tipologia é apresentada por
Norberto Bobbio, na obra Teoria Geral da Política (a Filosofia Política e as Lições dos Clássicos.
Trad. Daniela B. Versiani. 12ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000).
Obs.: considerando que o enunciado da questão é expresso sobre “a tipologia moderna das
formas de poder estruturada por Norberto Bobbio, e os três tipos de poder segundo esse autor”,
a abordagem de outras teorias ou de outros autores, como Niklas Luhmann ou Max Weber a
exemplo, somente será levada em consideração para fins argumentativos e de demonstração
de domínio do conhecimento.
O professor Alysson Mascaro apresenta os três caminhos do pensamento jurídico contem-
porâneo, a saber: o juspositivismo, o não juspositivismo ou filosofia do direito do poder e a
perspectiva crítica. Os juspositivistas compõem a maioria da tradição filosófica que aceita e
legitima as instituições políticas e jurídicas. São eles que constroem uma ciência do direito a
partir da norma jurídica e que têm em Kant e Kelsen seus principais expoentes. O juspositivismo
divide-se em eclético, estrito e ético. Miguel Reale é um exemplo de juspositivista eclético, que
desenvolveu a Teoria Tridimensional do Direito. Os não juspositivistas vão além dos sistemas
positivos para compreender as relações de poder em sua concretude e historicidade. Seus

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principais representantes são Michel Foucault e Carl Schmitt. A perspectiva crítica busca uma
investigação dos fatos históricos e estruturais do direito com base no pensamento marxista,
em busca de uma compreensão social do direito (Alysson Leandro Mascaro. Filosofia do direito.
5.ª ed. Atlas, 2016).
Não obstante, aos pensamentos jurídicos acima, sem dúvida, no atual debate sobre a relação
entre Direito e Política, encontram-se as teses substancialistas, ou seja, na materialidade dos
direitos fundamentais e de teses procedimentalistas, as quais assegurem, de forma sólida, o
processo democrático para que a própria participação defina as prioridades a serem realizadas.
Colhe-se da doutrina:
Com efeito, muito embora procedimentalistas e substancialistas reconheçam no Poder Judi-
ciário (e, em especial, na justiça constitucional) uma função estratégica nas Constituições do
segundo pós-guerra, a corrente procedimentalista, capitaneada por autores como Habermas,
Garapon e John Ely, apresenta consideráveis divergências com a corrente substancialista, sus-
tentada por autores como Cappelletti, Ackerman, Tribe, Perry, Wellington, e, em alguma medida
por Dworkin, pelo menos na leitura que dele faz Robert Alexy, e no Brasil por juristas como Pau-
lo Bonavides, Bandeira de Mello, entre outros. Para mim – e por isto sou substancialista – as
teses procedimentalistas afastam o caráter dirigente-compromissário da Constituição (vejam-
-se as críticas de Habermas e Ely à legitimidade das decisões intervencionistas dos Tribunais
Constitucionais; já Garapon vai dizer que a invasão da sociedade pelo Judiciário serve para o
enfraquecimento da democracia representativa). Por tudo isto, acredito que temos que refletir
acerca das tensões que exsurgem do embate entre procedimentalismo e substancialismo e
que consequência isto terá na sobrevivência da ideia de Constituição Dirigente (STRECK, L.L.
Intervenção. In: J.N. MIRANDA COUTINHO (Org.). Canotilho e a Constituição Dirigente. Rio de
Janeiro: Renovar, 2003, p. 80-81).
O debate entre as teses substancialistas e procedimentalistas também fazem refletir, de forma
interligada, sobre as correntes interpretativistas e as não interpretativistas, pois, para estes,
os juízes e os tribunais controlam a legislação por meio de opções valorativas do conteúdo
da Constituição, que só se revela por meio de procedimento que instaura o direito e lhe dá le-
gitimidade, e para aqueles as decisões judiciais devem ter como base o pensamento original
daqueles que elaboraram a Constituição.
Neste sentido, Bernardo Gonçalves Fernandes (In. Curso de Direito Constitucional. 9ª ed. Salva-
dor: Juspodivm, 2017, p. 195-225) relaciona correntes de pensamento que analisam o direito e
as relações de poder, especialmente no que diz respeito ao enunciado motivador (judicialização
da política), citando: a) interpretativistas, segundo os quais o intérprete deve adotar uma visão
mais conservadora da interpretação constitucional, sendo o papel dos juízes limitado à aplicação
do texto, sem modificá-lo; b) não interpretativistas, os quais pregam uma atuação proativa do
magistrado, que deve desenvolver e atualizar o texto constitucional para atender as exigências
e as necessidades sociais; c) procedimentalistas, segundo os quais o Judiciário deve atuar para

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assegurar a regular participação política de todos, sem qualquer interferência no mérito das
escolhas feitas pelos demais poderes; d) substancialistas, para os quais a atuação do Judiciário
deve, em linhas gerais, considerar os direitos substantivos das constituições com os valores
que lhe são inerentes, sobretudo na concretização dos direitos fundamentais; e) pragmatismo
jurídico, que, além de retratar uma atualização do realismo jurídico, preconiza, em suma, que a
decisão judicial adequada é aquela que adota a medida que melhore as condições gerais das
pessoas envolvidas no debate.

Obs.: Considerando que o enunciado da questão expressamente indica se refere ao “debate


contemporâneo sobre direito e relações de poder”, poderão ser aceitas outras escolas
de pensamentos, desde que corretamente justificadas e contextualizadas, apresen-
tando o nexo causal com o conteúdo e o comando da questão.

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RESUMO
Abaixo, vejamos breve resumo sobre os pontos que costumam ser de maior incidência
em questões de provas, o que NÃO AFASTA a necessidade de reler os grifos e anotações
realizados pelo aluno no decorrer da aula.
DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
O direito objetivo é aquele relacionado à positividade, isto é, corresponde ao direito posto,
contido em normas jurídicas, podendo ser apontado como a própria norma ou o conjunto de
normas de conduta positivadas, ou, ainda, como a própria ordem jurídica, fruto da atividade
legislativa.
Noutra via, o direito subjetivo deriva da aplicação do direito objetivo a uma situação con-
creta, consistindo no direito-poder ou direito-prerrogativa, ou seja, na faculdade de exercer,
em favor do titular, o comando contido na norma. É, assim, o “poder que a ordem jurídica
confere a alguém de agir e de exigir de outrem determinado comportamento”63
Sintetizando:

Direito objetivo Direito subjetivo


(norma agendi) (facultas agendi)
Corresponde ao direito posto. É o poder que a ordem jurídica confere a alguém
É a própria norma ou o conjunto de normas de de agir e de exigir de outrem determinado
conduta positivadas, ou, ainda, a própria ordem comportamento previsto na lei, isto é, no direito
jurídica, fruto da atividade legislativa. objetivo.

Direito subjetivo: natureza jurídica


Prevalecem as doutrinas afirmativas, aquelas que admitem a existência do direito subjetivo,
e que podem ser divididas em: a) teoria da vontade; b) teoria do interesse; e c) teoria mista.
Não confunda:

Teoria Defensores Tese Críticas


Não é correto condicionar
a eficácia de um direito
Direito subjetivo é
conferido a alguém pelo
o poder originário
Savigny, Windscheid e ordenamento jurídico a
Teoria da Vontade da vontade humana,
outros vontade do seu titular.
reconhecido pela ordem
Existem direitos em que
jurídica.
não existe uma vontade
real do titular.
Direito subjetivo é o C o n f u n d e o d i re i t o
Teoria do interesse Ihering interesse juridicamente subjetivo com o seu
protegido. conteúdo.

63
Francisco Amaral, Direito civil: introdução, p. 181.

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Teoria Defensores Tese Críticas


Por conjugar os elementos
Direito subjetivo é o básicos da teoria da
Jellinek, Saleilles e interesse protegido que vontade e da teoria do
Teoria mista ou eclética
Michoud a vontade tem o poder interesse, recebe as
de realizar. mesmas críticas aplicadas
a estas.

Direito subjetivo x Direito potestativo


Direito subjetivo é a possibilidade (faculdade) de o indivíduo valer-se da lei para defender
seus interesses, podendo exercer este direito com liberdade dentro da legalidade. É aquele
direito cujo exercício enseja um dever imediato de outrem.
O direito potestativo, diferentemente, além de ser unilateral, pois derivado da vontade de
uma só das partes envolvidas, é incontroverso, não admitindo contestações. Destarte, cabe
a outra parte tão somente sujeitar-se ao seu exercício.

Direito Subjetivo Direito Potestativo

É o direito a uma prestação. É o direito à formação de uma nova situação


jurídica, sendo que a ele não corresponde um
Ao direito subjetivo corresponde um dever.
dever.
Logo, de um lado há o direito e, de outro, o
dever. Consequentemente, não está sujeito à violação,
porque a outra parte apenas se põe em estado
Os direitos subjetivos estão sujeitos à violação,
de sujeição. Logo, de um lado há o direito e, do
porque dependem da cooperação do devedor.
outro, uma sujeição
Extingue-se pela prescrição.
Extingue-se pela decadência.

FONTES DO DIREITO
Teoria das Fontes
Para fins de concurso, vamos nos ater aqui a tratar das fontes do direito objetivo e a
doutrina, classicamente, costuma tratar o tema a partir de duas concepções: fonte material
(fonte de cognição) e fonte formal (fonte de produção jurídica).
Sob o ponto de vista material, as fontes consistem nos “elementos econômicos, políticos
e ideológicos que perfazem a realidade social e servem de substrato para a produção, inter-
pretação e aplicação da normatividade jurídica”64.
De outra sorte, as fontes formais correspondem aos modos de formação e de revelação
das normas jurídicas. Em suma, são as estruturas que dão forma ao direito objetivo, a exem-
plo da lei.

64
SOARES, Ricardo Maurício Freire. Elementos de teoria geral do direito, 3.ed. São Paulo:
Saraiva, 2016, p. 63.

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Em que pese inexistir consenso quanto à classificação das fontes formais, predomina
em âmbito doutrinário que, a parir do disposto no art. 4º da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (LINDB), devem ser assim consideradas a lei, a analogia, os costumes e os
princípios gerais do direito, devendo a primeira (lei) ser reputada como fonte formal principal
e as demais como fontes formais acessórias ou secundárias.
Como fontes não formais, por seu turno, temos a doutrina e a jurisprudência, destinadas
a auxiliar o operador do Direito na utilização das fontes formais.
Usualmente, costuma-se, também, separar as fontes do direito em diretas ou imediatas
e em indiretas ou mediatas. São diretas a lei e o costume, uma vez que gozam de aptidão
para, por si só, gerarem a regra jurídica. São indiretas a doutrina e a jurisprudência, que não
sendo capazes de elaborarem a regra jurídica de pronto, contribuem para a sua elaboração.

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Lei: é a fonte do direito por excelência, instrumento próprio para a promoção de inovações
na ordem jurídica.

Integração do ordenamento jurídico


A lei não é capaz de prever e regular todos os pormenores da vida social, surgindo, inevitavelmente, casos
em que será omissa. Constatadas omissões, deveremos utilizar as técnicas de integração (colmatação
das lacunas legais).

A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) estabelece que, quando a


lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.

Brevemente, vejamos cada um desses institutos:


• Analogia: é valer-se da disciplina legal de uma determinada situação para aplica-la a
uma situação semelhante. A analogia pode ser legal (quando o operador do direito se
vale de norma jurídica para a integração da lei) ou jurídica (quando, não existindo norma
que regule situação semelhante, o julgador extrai do conjunto de normas existentes uma
conclusão coerente).
• Costumes: prática reiterada de uma conduta com caráter obrigatório.
• Princípios gerais de direito: diretrizes genéricas que orientam todo o ordenamento jurí-
dico, seja na elaboração das normas jurídicas, seja na aplicação ou interpretação delas.
A integração também pode ser feita pela equidade, desde que expressamente autorizado
por lei. A equidade, em suma, seria a realização do sentimento do justo no caso concreto.

Obs.: Interpretação extensiva.


Segundo Ferraz Júnior, na interpretação extensiva “partimos de uma norma e a estende-
mos a casos que estão compreendidos implicitamente em sua letra ou explicitamente em
seu espírito.” 65
Costumes: é a fonte mais antiga do direito. Corresponde a prática uniforme, constante,
pública e geral de determinado ato, com a convicção de sua necessidade.

65
FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 10. ed. rev., atual. e ampl.
São Paulo: Atlas, 2018.

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Elemento externo ou material Elemento interno ou psicológico


• Convicção de sua obrigatoriedade (opinio juris et
• O uso ou prática reiterada de um comportamento
necessitate)

Em relação à lei, os costumes são tradicionalmente classificados em três espécies:


• Contra legem, quando se opuserem à lei. Não são considerados fontes do direito
• Praeter legem, quando destinados a suprir as lacunas presentes na lei, disciplinando
matérias não albergadas por esta. São utilizados como normas de integração do orde-
namento jurídico, colmatando lacunas legais
• Secundum legem, quando expressamente reconhecidos na lei, que faz menção a eles.
Assumem caráter de lei, devendo deixar de serem considerados costumes propriamente
ditos
Doutrina: a inclusão da doutrina no âmbito das fontes do direito não é pacífica entre os
teóricos. Para aqueles que assim o fazem, deve ser considera fonte não formal, pois desti-
nada a facilitar e orientar a aplicação do direito, sendo definida como o conjunto de obras e
pareceres produzidos pelos juristas de um determinado ordenamento jurídico.
Jurisprudência: “é a reiterada aplicação do entendimento firmado em um precedente. Em
palavras mais palatáveis, a jurisprudência consiste no entendimento reiterado dos tribunais
sobre determinado assunto.”66
Princípios gerais de Direito: “são regras de caráter genérico que “orientam a compreen-
são do sistema jurídico, em sua aplicação e integração, estejam ou não incluídas no direito
positivo.” 67
Fonte negocial
Para Miguel Reale, as fontes do direito são estruturas normativas que pressupõem a exis-
tência de alguém com poder de decidir. A partir disso, o autor defende que existiriam quatro
fontes do direito:
a) Fonte legal: resultado do poder estatal de legislar;
b) Fonte consuetudinária: expressão do poder social inerente à vida coletiva;
c) Fonte jurisdicional: resultado da atuação jurisdicional do Poder Judiciário; e
d) Fonte negocial: ligada ao poder que tem a vontade humana de instaurar vínculos regu-
ladores do pactuado com outrem.
O sistema jurídico não é composto apenas de normas de caráter abstrato e genérico, como
a grande maioria das leis, mas também por normas específicas, particulares e individualiza-
das, frutos da autonomia da vontade dos indivíduos.

66
LORDELO, João Paulo. Noções Gerais de Direito e Formação Humanística. Salvador: Ed. JusPodivm, 2017. p. 226.
67
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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Dentre as normas individuais destacam-se as fontes negociais, cuja maior expressão são
as cláusulas contratuais. Aqui, se observa que a autonomia da vontade assume importante
papel na regulação da vida social, dela podendo se originar normas tão cogentes e imperati-
vas quanto as leis.
Em verdade, as fontes negociais só não podem violar as disposições legais, porque a
elas deve obediência. A autonomia da vontade, portanto, não é absoluta e deve ser exercida
nos limites da moldura da lei.
Para Miguel Reale, a fonte negocial deve abrigar quatro aspectos essenciais:
a) Ser a manifestação de vontade de pessoas legitimadas a fazê-lo;
b) Girar em torno de um objeto lícito;
c) Utilizar forma que não contrarie a exigida em lei;
d) Respeitar uma paridade ou, ao menos, uma devida proporção entre os partícipes da
relação jurídica.
A autonomia da vontade só tem prestígio quando a relação entre as partes for igualitária.
Se, de alguma forma, houver desproporção entre elas, evidenciada pela vulnerabilidade de
quaisquer dos participantes, não será possível caráter normativo às disposições da vontade.
Por fim, importante evidenciar que os atos negociais são comumente utilizados com cará-
ter praeter legem, isto é, visam a preencher lacunas legais, tornando-se verdadeiras normas a
regularem casos concretos, avocando o papel integrador e disciplinando as relações sociais
carentes de regulação legal.

HERMENÊUTICA JURÍDICA
A hermenêutica jurídica é a ciência que se ocupa pela atividade de interpretação do Direito.
A interpretação da norma jurídica
Para verificar se a norma é aplicável ao caso em julgamento (subsunção) ou se deve proceder
à integração normativa, cabe ao juiz procurar descobrir o sentido da norma, interpretando-a.

“Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica. Toda lei está sujeita a interpretação,
não apenas as obscuras e ambíguas. O brocardo romano in claris cessat interpretatio não é, hoje,
acolhido, pois até para afirmar-se que a lei é clara é preciso interpretá-la. Há, na verdade, interpreta-
ções mais simples, quando a lei é clara, e complexas, quando o preceito é de difícil entendimento.” 68

Para os adeptos da interpretação subjetiva, o que se pesquisa com a interpretação é a


vontade do legislador (voluntas legislatoris) expressa na lei. Tal concepção, no entanto, não
tem sido acolhida, pois quando a norma é antiga a vontade do legislador originário está nor-
malmente superada. Mais aceitas são as teorias da interpretação objetiva e da livre pesquisa
do direito69.

68
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
69
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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A primeira, teoria da interpretação objetiva, sustenta que não é a vontade do legislador


que se visa, mas a vontade da lei (voluntas legis), ou melhor, o sentido da norma. A lei depois
de promulgada separa-se de seu autor e alcança uma existência objetiva70.
Para a segunda, teoria da livre pesquisa do direito, o juiz deve ter função criadora na
aplicação da norma, que deve ser interpretada em função das concepções jurídicas morais
e sociais de cada época. Não significa, entretanto, prestigiar o direito alternativo, que “pode
conduzir à plena subversão da ordem constituída”, como obtempera CAIO MÁRIO DA SILVA
PEREIRA, aduzindo que o direito brasileiro, à luz do art. 5º da LICC (atual LINDB), adota a linha
do equilíbrio71.
Formas de interpretação da norma jurídica
Quanto às fontes ou origem:
a) Interpretação autêntica ou legislativa: é a feita pelo próprio legislador, por outro ato.
Este, reconhecendo a ambiguidade da norma, vota uma nova lei, destinada a esclarecer a
sua intenção.
b) Interpretação jurisprudencial ou judicial: é a fixada pelos tribunais. Embora não tenha
força vinculante, influencia grandemente os julgamentos nas instâncias inferiores.
c) Interpretação doutrinária: é a feita pelos estudiosos e comentaristas do direito: os
jurisconsultos.
Quanto aos meios
a) Interpretação gramatical ou literal: consiste em exame do texto normativo sob o ponto
de vista linguístico, analisando a pontuação, a colocação das palavras na frase, a sua origem
etimológica etc. É a primeira fase do processo interpretativo.
b) Interpretação lógica ou racional: visa atender ao espírito da lei, procurando apurar o
sentido e a finalidade da norma, a intenção do legislador, por meio de raciocínios lógicos,
com abandono dos elementos puramente verbais.
c) Interpretação sistemática: parte do pressuposto de que uma lei não existe isoladamente
e deve ser interpretada em conjunto com outras pertencentes à mesma província do direito,
levando-se em conta, às vezes, o livro, o título, o capítulo, a seção e o parágrafo.
d) Interpretação histórica: baseia-se na investigação dos antecedentes da norma, do pro-
cesso legislativo, a fim de descobrir o seu exato significado. É o melhor método para apurar
a vontade do legislador e os objetivos que visava atingir (ratio legis).
e) Interpretação sociológica ou teleológica: tem por objetivo adaptar o sentido ou finalida-
de da norma às novas exigências sociais. Tal recomendação é endereçada ao magistrado no
art. 5º da referida lei, que assim dispõe: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais
a que ela se destina e às exigências do bem comum”. 72

70
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
71
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
72
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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Quanto aos resultados


a) Interpretação declarativa: quando proclama que o texto legal corresponde ao pensa-
mento do legislador.
b) Interpretação extensiva ou ampliativa: o intérprete conclui que o alcance ou espírito
da lei é mais amplo do que indica o seu texto, abrangendo implicitamente outras situações. 73
c) Interpretação restritiva: ocorre o inverso da interpretação extensiva, limitando o campo
de aplicação da lei
Destaca-se que há quem defenda ser “um equívoco referir-se à interpretação declarativa,
restritiva ou extensiva como métodos de interpretação. Não se trata de métodos, e sim de
resultados.”74

EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO


Vacatio legis:
É o intervalo de tempo entre a publicação de uma lei e o início da sua vigência. Se a lei
não trouxer disposição em sentido diverso, o prazo de vacatio legis será de 45 (quarenta e
cinco) dias.
Nos estados estrangeiros que admita a produção de efeitos por lei brasileira, o prazo de
vacatio será, em regra, de 3 (três) meses.
Assim:

Prazo para a vigência de lei no território Prazo para a vigência de lei brasileira no
brasileiro: território estrangeiro:
3 (três) meses.
45 dias Obs.: Não confundir com 90 dias; aqui o prazo é
contado em mês, não em dias.

Correção da lei publicada


Publicada uma lei, pode acontecer de ela conter incorreções e erros materiais. Se a lei
publicada ainda não tiver entrado em vigor, a sua correção se fará com a repetição da sua
publicação, sanando-se os erros. Nesse caso, o prazo de vacatio legis será reaberto em rela-
ção aos artigos corrigidos, na forma do art. 1º, § 3º, da LINDB.

LINDB, art. 1º. (...)


§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

73
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
74
BROCHADO, Marià. Apontamentos sobre Hermenêutica Jurídica. Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 13 n.100 Jul/Set
2011 p. 227 a 261.

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Por outro lado, se a lei a ser corrigida já estiver em vigor, a sua correção só poderá acon-
tecer com a publicação de uma nova lei, denominada “lei corretiva”. Aqui, a vacatio legis de-
penderá do que estiver previsto na lei corretiva, que poderá, por exemplo, dispensar a vacatio,
entrando em vigor no dia da sua publicação, consoante art. 1º, § 4º, da LINDB.

LINDB, art. 1º. (...)


§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Princípio da continuidade da lei


Não se destinando a vigência temporária, uma lei se manterá em vigor até que seja por
outra revogada.
Preceitua o art. 2º, da LINDB, que:

LINDB, art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique
ou revogue.

Revogação
É a perda da vigência de uma lei provocada pela edição de outra.
Podemos esquematizar o tema da seguinte maneira:

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Repristinação
É a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em virtude da revogação
da lei que a revogou.
Como regra, a repristinação é vedada no nosso ordenamento jurídico, porém, admite-
-se que a lei contenha disposição em sentido contrário. Nesse sentido, vejamos o art. 2º, §
3º, da LINDB:

LINDB, art. 2º (...)


§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.

Cuidado!
Não devemos confundir repristinação com o efeito repristinatório.
O efeito repristinatório advém do controle de constitucionalidade. Assim, em regra, se uma lei revogadora
é declarada inconstitucional, a lei que foi por ela revogada deverá voltar a produzir efeitos. Isso acontece
em atenção ao princípio da nulidade do ato inconstitucional. De acordo com este princípio, o ato
inconstitucional nasce eivado de nulidade (ele não é apenas anulável!). À vista disso, a decisão que
reconhece a inconstitucionalidade de uma norma é declaratória de sua nulidade com efeito ex tunc. Em
outros termos, significa dizer que a norma declarada inconstitucional nasceu nula e, portanto, não poderia
ter revogado a anterior validamente, razão que justifica a restauração da vigência da norma revogada.
Pontua-se, todavia, a possibilidade de o efeito repristinatório ser afastado por expressa determinação
do Supremo Tribunal Federal.

Princípio da segurança e da estabilidade social


A lei nova ao entrar em vigor terá efeito imediato e geral, produzindo efeitos prospectivos
(é dizer, a partir da data do início de sua vigência), devendo respeitar o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada.
Trata-se das previsões contidas no art. 6º, da LINDB, e no art. 5º, XXXVI, da Constitui-
ção Federal:

LINDB, art. 6º. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada.
CF, art. 5º. (...)
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Destarte, a regra é que as leis são elaboradas para valerem para o futuro (são irretroativas!),
sendo a retroatividade (aplicação da lei nova às situações formadas antes da sua vigência)
a exceção.
Apontamentos gerais sobre a aplicação da lei no tempo
De maneira genérica, elencamos as seguintes diretrizes que orientam a aplicação da
lei no tempo.

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Aplicação da norma constitucional no tempo


Efeitos provocados pela manifestação do Poder Constituinte Originário
Com a manifestação do Poder Constituinte Originário (PCO), através do estabelecimento
de uma nova ordem constitucional, ocorre, de imediato, a completa revogação da Constituição
anterior, por normação geral.
Anote, assim, o primeiro efeito a ser estudado:

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• A Constituição pretérita será totalmente revogada.


No Brasil, não é aceita a tese da desconstitucionalização, segundo a qual as normas da
Constituição revogada continuariam vigentes, porém com status de norma infraconstitucional.
Alerta-se, no entanto, que muito embora a tese não seja aceita como regra, nada impediria
que o próprio Poder Constituinte Originário (PCO), em uma outra manifestação, dispusesse
nesse sentido, agasalhando a teoria.
Merece ser destacado, porém, que a manifestação do PCO não representa uma “ruptura
integral com o edifício jurídico-normativo sustentado pela Constituição anterior.”75 Significa
dizer que nem todo diploma infraconstitucional perderá vigor com o advento de uma nova
Constituição.
Fala-se aqui no fenômeno da recepção, “que corresponde a uma revalidação das normas
que não desafiam, materialmente, a nova Constituição”76.
Logo, um segundo efeito da implementação de uma ordem constitucional é:
• A recepção das normas infraconstitucionais materialmente compatíveis com a nova
Constituição
O pressuposto básico para a recepção é a existência de uma compatibilidade material,
ou seja, de conteúdo.
A compatibilidade formal, por seu turno, não é necessária. Nesse sentido, é válido apontar
que a recepção, a depender da vontade do PCO, poderá se dar com o mesmo status ou com
status diferente.
Não guardando a norma pretérita compatibilidade material com o novo texto constitucio-
nal, ela deverá ser revogada.
O terceiro efeito da instalação de uma nova Constituição é:
• As normas infraconstitucionais editadas na vigência da Constituição pretérita que forem
materialmente incompatíveis com a nova Constituição serão por ela revogadas.
Há aqui uma revogação tácita e automática, não sendo necessário que a nova Constituição
detalhe os dispositivos que com ela são incompatíveis. Essa análise caberá aos operadores
do direito.
Quanto a este terceiro efeito, a doutrina constitucional diverge, afirmando uma parte se
tratar de hipótese de não recepção (revogação) em oposição a outra que defende ser o caso
de inconstitucionalidade superveniente.
No Brasil, o STF rechaça a tese da inconstitucionalidade superveniente.

75
SOUZA CRUZ, Álvaro Ricardo. Poder Constituinte e patriotismo constitucional. p. 60 apud FERNANDES, Bernardo Gonçalves.
Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev., ampl. E atual. Salvador. JusPODIVM, 2017. p. 129.
76
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 12. ed. rev. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2017.

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Para a Suprema Corte, a constitucionalidade de uma norma só pode ser aferida pelo seu
cotejo com a Constituição que lhe é contemporânea (princípio da contemporaneidade), isto
é, aquela em vigor quando da sua vigência.
Assim, as normas infraconstitucionais materialmente incompatíveis com a nova Consti-
tuição não deverão ser consideradas inconstitucionais, mas, sim, não recepcionadas.
Outro importante tema diz respeito a recepção do direito pré-constitucional inconstitucional
face à Constituição pretérita.
Anote:
• A norma pretérita considerada inconstitucional quando comparada à Constituição que
lhe é contemporânea não poderá ser recepcionada pela nova ordem constitucional, ain-
da que com ela seja materialmente compatível, pois é tida como juridicamente inválida
desde a sua origem.
Pedro Lenza sintetiza que:
“Para uma lei ser recepcionada pelo novo ordenamento jurídico, deverá preencher os se-
guintes requisitos:
• estar em vigor no momento do advento da nova Constituição;
• não ter sido declarada inconstitucional durante a sua vigência no ordenamento anterior;
• ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob cuja regência ela foi edi-
tada (no ordenamento anterior);
• ter compatibilidade somente material perante a nova Constituição, pouco importando a
compatibilidade formal.” 77

77
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019

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Efeitos provocados pela manifestação do Poder Constituinte Derivado


Surgindo uma nova norma constitucional por meio de emenda à Constituição, é necessário
saber que:
• Norma infraconstitucional pretérita incompatível com emenda constitucional conside-
ra-se como não recepcionada.
Trata-se de solução operada através do princípio da recepção.
Mas, tenha cuidado, pois a solução do conflito pelo princípio da recepção somente será
cabível quando estivermos diante de norma anterior à emenda. Se a norma for posterior à
emenda, a controvérsia se resolverá pelo controle de constitucionalidade
Antinomias jurídicas
Antinomias são as contradições, reais ou aparentes, entre normas jurídicas.
Existem duas espécies de antinomia; a saber:
1. Antinomia real: são conflitos insolúveis, para as quais não há, no ordenamento, qualquer
regra pronta para a solução do caso concreto. Cada caso precisará ser decidido de forma
particular. A solução se fará, por exemplo, por meios ab-rogatórios, com a edição de uma nor-
ma que opte expressamente por uma das normas antinômicas, ou por meio da interpretação
equitativa, do recurso ao costume, à doutrina, aos princípios gerais de direito, entre outros
expedientes.
2. Antinomia aparente: são contradições para as quais há meta-critérios (critério crono-
lógico, da especialidade e hierárquico) para a solução do conflito, que é meramente aparente.
A antinomia aparente se subdivide em:
• Antinomia de primeiro grau: quando apenas um dos critérios é suficiente para a solução
do conflito normativo.
• Antinomia de segundo grau: quando é necessário a conjugação de mais de um critério
para solucionar o embate.
São três os critérios fornecidos pela hermenêutica clássica para a solução das antinomias
aparentes. São eles:
• Critério temporal (cronológico): é conhecido pela máxima “lex posterior derogat lex ante-
rior”, que significa: lei posterior revoga a lei anterior. O critério cronológico é contemplado
pela LINDB em seu art. 2º, §1º, que assim dispõe:
• Critério da especialidade: é representado pela máxima “lex speciali derogat lex generali”,
segundo a qual a lei especial prevalece sobre a lei geral.
• Critério hierárquico: é definido pela expressão em latim “lex superior derogat lex inferior”,
ou, em português: lei superior revoga lei inferior.
A antinomia de segundo grau, como dito, não se satisfaz com a utilização de apenas
um desses critérios elencados acima. Ela representa um conflito heterogêneo, uma vez que
envolve a utilização de dois critérios distintos, o que acaba implicando no conflito entre os
próprios critérios. Assim, podemos ter as seguintes possibilidades:
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Antinomia de segundo grau


Conflito Solução
Critério da especialidade versus critério cronológico Prevalece a especialidade
Critério hierárquico versus critério cronológico Prevalece a hierarquia
Nesse caso, como ensina Maria Helena Diniz, não há uma
meta-regra geral de solução do conflito, tratando-se,
em verdade, de antinomia real, cuja solução dependerá
da análise do caso concreto. De acordo com Noberto
Bobbio, “(...) no caso de um conflito no qual não se possa
aplicar nenhum dos três critérios, a solução do conflito
Critério hierárquico versus critério da especialidade é confiada à liberdade do intérprete, poderíamos quase
falar em um autêntico poder discricionário do interprete,
ao qual cabe resolver o conflito segundo a oportunidade,
valendo-se de todas as técnicas hermenêuticas usadas
pelos juristas por uma longa e consolidada tradição
e não se limitando a aplicar uma só regra”. (BOBBIO,
1999, p. 100).

Nas antinomias de segundo grau, o critério cronológico se apresenta como o critério mais
“fraco” dentre os três, porque sempre cede lugar a outro.

TEORIA GERAL DA POLÍTICA


Poder: O conceito de poder não é uniforme, ele se molda conforme o tempo e a corrente
de pensamento adotada.
Normalmente, costuma ser sintetizado como uma relação entre dois sujeitos, vindo um
deles a impor sobre o outro a sua vontade, determinado seu modo agir.
Robert Dahl, por exemplo, resume a definição de poder da seguinte maneira: “A exerce
poder sobre B na medida em que consegue que B faça algo que de outro modo não faria”.
Política: tem origem na palavra grega pólis, e se refere ao que é urbano, civil, público,
enfim, ao que é da cidade (da pólis). Assim como o termo “poder”, a palavra “política” não
tem significação uníssona. Dentre as diversas concepções de política, a definição cunhada
por Aristóteles é a que assume maior relevância. Para o pensador, política seria o ramo do
conhecimento voltado a investigar a melhor forma de governo para o estabelecimento do
bem comum.

Anote!
Para facilitar os seus estudos, podemos apontar que, numa acepção moderna, a política seria a atuação
destinada à administração de uma determinada comunidade, buscando fixar a sua estrutura e organização.

Ciência Política:
Na lição de Norberto Bobbio, ciência política é entendida como:
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“(...) qualquer estudo dos fenômenos e das estruturas políticas, conduzido sistematicamente e com
rigor, apoiado num amplo e cuidadoso exame dos fatos expostos com argumentos racionais. Nesta
acepção, o termo ‘ciência política’ é utilizado dentro do significado tradicional como oposto à ‘opinião’.”

Anote!
Ciência política é a ciência social dedicada ao exame dos sistemas, instituições, processos e fenômenos
políticos em um determinado Estado.

Ciência Política, política e Maquiavel:


Nicolau Maquiavel é considerado por muitos como o fundador do pensamento e da ciên-
cia política moderna, sendo lembrado pela célebre frase “os fins justificam os meios”. No
pensamento maquiavélico, qualquer ideia de virtude pode ser resumida como todas ações
necessárias para alcançar o poder e nele se manter.

Resumindo!
Em Maquiavel, na sua obra “O Príncipe”, há a exclusão da ética e a justiça se apresenta como o poder
(o interesse) do mais forte, do príncipe, isto é, exibe uma justiça transitória, provisória.
O pensamento político de Maquiavel se fundamenta no conceito de que a estabilidade da cidade, da
sociedade e do governo precisa ser conseguida a todo o custo, cabendo ao príncipe essa missão.

Estado: é a entidade político-social juridicamente organizada para executar os objetivos


reputados como necessários ao bem comum.78

Anote!
A formação do Estado demanda a presença de três elementos: povo, território e governo soberano.
a) Povo: é o componente humano, demográfico do Estado, caracterizado como o “conjunto das pessoas
dotadas de capacidade jurídica para exercer os direitos políticos assegurados pela organização estatal.”
79
Importante saber que povo e população não se confundem, sendo população “conceito que envolve
aspectos meramente estatísticos do número total de indivíduos que se sujeitam ao poder do Estado,
incluindo, por exemplo, os estrangeiros, apátridas e os visitantes temporários.” 80
b) Território: é base física, geográfica do Estado; e
c) Governo: é o elemento condutor do Estado, tratando-se do “conjunto das funções necessárias à
manutenção da ordem jurídica e da administração pública.” 81
Para haver um Estado perfeito, o governo deve ser soberano, não encontrando limites jurídicos no plano
interno e submetendo-se no plano internacional às regras voluntariamente aceitas.

78
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional: Tomo I – Teoria da Constituição.
Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017. p. 35.
79
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional: Tomo I – Teoria da Constituição.
Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017. p. 35.
80
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional: Tomo I – Teoria da Constituição.
Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017. p. 36.
81
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional: Tomo I – Teoria da Constituição.
Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017. p. 36.

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Finalidades do Estado:
a) No plano jurídico, o fim do Estado é a consecução do bem público, de sorte a atender
as necessidades inadiáveis da população, que serão traçadas segundo a doutrina sobre a
qual este Estado se embasa e se estrutura.
b) Pela doutrina abstencionista, também conhecida como laissez-faire, que tem cunho
liberal, e está ligada à corrente de pensamento econômico dos fisiocratas, ao Estado cabe tão
somente a tarefa de manter a ordem, seja ela interna ou externa, de modo que tudo aquilo que
fugir à manutenção da ordem caberá à iniciativa privada. Aqui, o Estado atuaria apenas como
um garantidor da autonomia privada e do livre jogo de interesses (Estado mínimo), apenas
agindo de forma policial para restabelecer, quando necessário, a normalidade. Nesse Estado
de tipo gendarme, há poucas leis regulamentadores e prevalece o livre direito de propriedade.
c) Pela visão socialista, o Estado não só representa a coletividade, mas assume o papel
de agente condutor (conformador) da realidade social, passando a atuar em todos os ramos
de atividade. Os mais radicais da doutrina socialista defendem que o Estado deve deter a
propriedade de tudo o que interessa à população, distribuindo-a a cada um conforme crité-
rios fixados por ele mesmo. Aqui, o objetivo seria o fim da propriedade privada e, em última
análise, o fim do próprio Estado.
d) Uma terceira doutrina, tida por eclética, buscou um meio termo entre o laissez-faire e o
socialismo. Consoante G. Sortais82, o lema levantado pelos ecléticos seria: “em vez de fazer
tudo, como defendem os socialistas, ou de fazer o mínimo, como pregam os abstencionis-
tas, o melhor é ajudar a fazer”. Sendo assim, para os ecléticos, ao Estado competiria apenas
ações de caráter supletivo, isto é, só atuaria em áreas que aos indivíduos seriam inviáveis.
Dessarte, a partir dessas ideias e da crítica ao Estado forte dos socialistas e ao Estado
mínimo do laissez-faire, emerge a proposta do Estado regulador e fiscalizador.
Ideologias:
A seguir, delineia-se, de forma sumária, as principais ideologias contemporâneas.

Ideologia Principais Ideias Vertentes Origem

Tradicionalista: se opõe a Séc. XVII (surgimento do


modernidade. Iluminismo)
- Manter o status quo, da
ordem social;
Conservadorismo Neo-Conservadorismo: prega
- É contrário ao avanço
da modernidade. uma modernização gradual, Séc. XIX (surgimento do
preservados os valores morais Capitalismo)
e religiosos.

82
Sortais, G. Andrea del Verrocchio. The Catholic Encyclopedia. Robert Appleton Company.

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Ideologia Principais Ideias Vertentes Origem

Clássico: defende um Estado S é c . X V I I I ( E UA e


mínimo e o voto censitário. Revolução Francesa)
- Luta pelos direitos
naturais e pela liberdade
Liberalismo Radical ou Democrático:
econômica, ideológica e
política do indivíduo. fundamenta-se na Revolução Francesa
intervenção estatal, na (2ª fase: popular e
soberania popular e no voto democrática)
universal.

- Defende a criação
de uma sociedade
igualitária e fraterna “Utópico”: revolução pacífica Séc. XVIII
Socialismo
(ideal coletivista) em prol e gradual (Rev. Francesa)
do proletariado (classe
trabalhadora)
Científico ou Marxista: Séc. XIX
divide-se em (Primavera dos Povos e
- Social-Democracia; e Manifesto Comunista de
- Comunismo Marx em 1848)
Anticapitalista: quer a
implementação de uma
sociedade coletivista e sem
Desconhecida
governo, na qual todos
- Pretende a instalação de dividem tudo, como uma
uma sociedade igualitária grande tribo.
Anarquismo
e sem governo; Anarcocapitalismo: defende
- O povo se “autogoverna”. uma sociedade individualista
e sem governo, mas que
Desconhecida
respeita as individualidades
e o comércio (adere ao
capitalismo)
- Almeja a defesa dos
“direitos nacionais”:
Fascismo é uma das vertentes Formação dos Estados
Nacionalismo unidade (fraternidade),
conhecidas. Nacionais
raça forte e costumes
tradicionais

Os Poderes do Estado e a teoria da “separação dos Poderes”:


Aristóteles, em sua obra “Política”, lançou na Antiguidade Grega as primeiras bases
teóricas sobre à “tripartição de poderes”, ao perceber a necessidade de fracionar as funções
administrativas da pólis, discorrendo sobre a existência de três funções distintas exercidas
pelo poder soberano. São elas:
a) Edição de normas gerais que por todos deveriam ser cumpridas;
b) Aplicação das normas gerais editadas ao caso concreto; e
c) Julgamento dos conflitos surgidos com aplicação das normas gerais ao caso concreto.

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Anote!
A grande contribuição de Aristóteles na teorização dos Poderes do Estado foi ter constatado a existência
de três funções estatais distintas.

Montesquieu, por seu turno, muitos anos após as ideias aristotélicas, mas partindo do
pressuposto de que três seriam as funções estatais, inovou em seu “O Espírito das Leis” ao
afirmar que estas não deveriam ser da competência de uma só pessoa ou órgão, mas, sim,
que estariam umbilicalmente ligadas a três órgãos distintos, autônomos e independentes
entre si. Com efeito, defendia que o exercício do poder do Estado se dividiria em três órgãos:
o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judiciário, cada qual responsável por uma
função estatal.
O objetivo era superar os ideais absolutistas até então vigentes.
Mas, tenha cuidado, pois além das bases teóricas lançadas por Aristóteles, as ideias
consagradas por Montesquieu também encontraram (grande) respaldo nos escritos formu-
lados por John Locke, que contribuiu para a separação dos poderes através das instituições
adotadas pela Grã-Bretanha em razão da Revolução Gloriosa de 1968.
O filósofo inglês, no entanto, ao defender a separação dos poderes, limitou-se a dividi-
-los entre o Legislativo e o Executivo, não incluindo o Judiciário. Para ele, unir as funções
legislativas e executivas em um mesmo órgão “seria provocar uma tentação muito forte para
a fragilidade humana, tão sujeita à ambição...”83
Evolução do Estado e Soberania:
Para os teocráticos, amparados na teoria do direito divino, o poder soberano tem origem
em Deus e é pela vontade de Deus que há uma hierarquia entre governantes e governados.
Já a doutrina democrática, nascida na Idade Moderna, confere ao povo ou à nação o poder
soberano. São partidários desta concepção Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-
1704) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
Para Thomas Hobbes, antes da vida em sociedade, o homem vivia em anarquia e violência,
no chamado estado de natureza. Era um cenário em que não havia hierarquia, mas um cons-
tante estado de beligerância, um guerreando contra o outro. O estado de natureza consistia
numa vida solitária, sórdida e brutal e só foi abandonado quando, por meio de um contrato
social, a soberania, antes dispersa, passou a ser exercida pela autoridade criada (o Estado).
Houve, portanto, uma transição entre o estado de natureza e o estado de sociedade.
O contrato social, segundo Hobbes, era irrevogável, sob pena de a humanidade retroceder
ao estado natural. O Estado, tal como o representou Hobbes, é um monstro alado – Leviatã
– que “abriga e prende para sempre o homem”.

83
CAETANO, 2003. apud NOVELINO, Marcelo. Curso de direito constitucional. 11. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPo-
divm, 2016. p. 248.

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John Locke parte de uma premissa distinta. Para ele, o estado de natureza não era de
caos, mas de ordem e razão. Assim como Hobbes, Locke era contratualista, isto é, acredi-
tava que a sociedade política surgiu a partir de um contrato social. No entanto, a finalidade
do Estado seria a de assegurar a lei natural, bem como manter a harmonia entre os homens.
Nesse sentido, na pactuação do contrato, sustentava não ter havido qualquer abdicação ou
cessão de direitos naturais ao Estado.
Jean Jacques Rousseau, igualmente, adere à premissa do estado de natureza. No entan-
to, o estado de natureza não era de caos, tampouco ordeiro e racional, como queria Locke.
No estado de natureza de Rousseau, o homem era livre e feliz. Nesse contexto, a sociedade
política surge como um mal necessário, para evitar o recrudescimento das desigualdades e
manter a ordem.
Rousseau entendia que, ao criar o Estado, por meio do contrato social, o homem cedia
parte dos seus direitos naturais em nome de uma entidade superior a todos, detentora de
uma vontade geral. No entanto, ao participar das decisões do Estado, o indivíduo retoma a
parcela de soberania que transferiu por força do contrato social. Para Rousseau, portanto, o
verdadeiro titular do poder de Estado é o povo.
Governo:
É o conjunto de órgãos e as atividades por eles exercidas na condução política do Estado,
definindo suas diretrizes supremas com considerável discricionariedade.
Sistemas de governo:

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QUESTÕES DE CONCURSO
Visando à fixação dos assuntos abordados, vejamos agora algumas questões cobradas em
provas de concurso público sobre os temas estudados.
Antes disso, alerto que em razão escassez de questões elaboradas pela FGV, preparei um com-
pilado de exercícios formulados por diversas bancas de prova, a fim de que não se perca, em
momento algum, a oportunidade de se colocar em prática o conhecimento apreendido.
Bom treino e bons estudos, pessoal! 💪
001. (TJ/SC/2018/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) Após regular tramitação na As-
sembleia Legislativa, lei que fixava o novo salário mínimo estadual foi publicada no Diário
Oficial de Santa Catarina do dia 02. Verificando-se que do texto da lei não constou o valor
correto aprovado pelo Legislativo, foi providenciada nova publicação corretiva da lei, o que
ocorreu no dia 03.
Considerando que não foi designada data para vigência da lei, o novo salário passa a vigorar:
a) a partir do dia 02;
b) a partir do dia 03;
c) 45 dias após a publicação do dia 02;
d) 30 dias após a publicação do dia 03;
e) 45 dias após a publicação do dia 03.
002. (TJ/AL/2018/FGV/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR) Até 07 de abril de 2017, vigorava,
no Município X, a Lei 01, que estipulava em trinta dias prazo para interposição de recursos à
própria administração municipal contra atos praticados por seus servidores. Na referida data,
entrou em vigor a Lei 02, que alterou o referido prazo para quarenta dias e revogou, neste
ponto, a Lei 01. Contudo, atendendo a pleito local, o Município editou a Lei 03, de 07 de março
de 2018, com o seguinte e único texto: “Art. 1º: Revoga-se Lei 02”.
Quanto a essa situação, é correto afirmar que:
a) no dia da publicação da Lei 03, a Lei 01 volta a vigorar;
b) trinta dias após a publicação da Lei 03, a Lei 01 retorna a vigorar;
c) quarenta e cinco dias após a publicação da Lei 03, a Lei 02 deixa de vigorar;
d) no dia da publicação da Lei 03, a Lei 02 deixa de vigorar;
e) trinta dias após a publicação da Lei 03, a Lei 02 deixa de vigorar.
003. (TJ/AL/2018/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) Pedro ajuizou uma ação
em face de João e se saiu vitorioso, sendo-lhe atribuído certo bem. Anos depois, quando já não
mais era cabível qualquer recurso, ação ou impugnação contra a decisão do Poder Judiciário,
foi editada uma lei cuja aplicação faria com que o bem fosse atribuído a João.
À luz da sistemática constitucional, o referido bem deve:
a) permanecer com Pedro, por força da garantia do ato jurídico perfeito;

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b) ser transferido a João, com a base no princípio da eficácia imediata da lei;


c) permanecer com Pedro, por força da garantia do direito adquirido;
d) ser transferido a João, salvo se a lei estabelecer regra de transição;
e) permanecer com Pedro, por força da garantia da coisa julgada.
004. (TJ/AL/2018/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) A Lei X entrou em vigor
na data de sua publicação, por força de dispositivo legal expresso nesse sentido. Quarenta
e cinco dias após, nova lei (Lei Y), sem dispor sobre sua vigência, alterou determinado arti-
go da Lei X.
O dispositivo com a alteração passa a vigorar:
a) na data da publicação da Lei Y;
b) quarenta e cinco dias após a publicação da Lei Y;
c) trinta dias após a publicação da Lei X;
d) noventa dias após a publicação da Lei Y;
e) cinco dias após a publicação da Lei X.
005. (CODEMIG/2015/FGV/ADVOGADO SOCIETÁRIO) Edésio, Chefe do Departamento Ju-
rídico de determinado ente público, foi instado a elaborar parecer a respeito da necessária
compatibilização dos atos normativos editados pelo Poder Público com as garantias consti-
tucionais do direito adquirido e do ato jurídico perfeito.
A esse respeito, é correto afirmar que:
a) a garantia da irretroatividade da lei não é invocável pelo ente federativo que a tenha editado
e determinado a retroação;
b) a lei nova sempre incidirá sobre os efeitos futuros de contrato preexistente;
c) as garantias do direito adquirido e do ato jurídico perfeito são oponíveis às normas emanadas
do Constituinte originário;
d) a capacidade de suceder é regida pela lei da época da abertura do inventário;
e) o direito adquirido surge no momento em que se inicia o preenchimento dos requisitos exi-
gidos em lei.
006. (PGE/RO/2015/FGV/TÉCNICO DA PROCURADORIA) De acordo com o que é apontado
na Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, é correto afirmar que:
a) as correções de texto de lei em vigor não se consideram lei nova;
b) reputa-se direito adquirido o direito consumado segundo a lei vigente ao tempo em que
se efetuou;
c) quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes, a
equidade e os princípios gerais de direito;
d) ninguém se escusa de cumprir a lei, salvo alegando que não a conhece;
e) salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.

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007. (SEZAZ/RJ/2008/FGV/FISCAIS DE RENDAS) Havendo conflito aparente entre princípios,


a situação será resolvida pela dimensão:
a) de validade.
b) de eficácia.
c) de vigência.
d) de valor.
e) política.

008. (PGE/RO/2015/FGV/TÉCNICO DA PROCURADORIA) Em relação à vigência de leis no


Brasil, é correto afirmar que a lei, depois de oficialmente publicada, começa a vigorar em todo
o país, salvo disposição contrária, em:
a) 30 dias;
b) 45 dias;
c) 60 dias;
d) 120 dias;
e) 180 dias.

009. (TJ/RO/2015/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO) Se, antes de entrar a Lei em vigor, ocorrer


nova publicação de seu texto, destinada à correção, o prazo para vigência começará a correr:
a) a partir da nova publicação;
b) 03 (três) meses após a primeira publicação oficial;
c) a partir da primeira publicação oficial o marco inicial para contagem do prazo não se altera;
d) 01 (um) ano após a primeira publicação;
e) 45 (quarenta e cinco) após a primeira publicação.

010. (TCE/RJ/2015/FGV/AUDITOR SUBSTITUTO) Sobre o conflito de leis no tempo, é cor-


reto afirmar que:
a) a revogação tácita equivale à repristinação;
b) a lei especial não revoga a lei geral anterior;
c) não é admitida a derrogação expressa;
d) o efeito repristinatório é admitido em todas as leis;
e) a ab-rogação das leis é defesa pelo ordenamento jurídico.

011. (DPE/RO/2015/FGV/TÉCNICO ADMINISTRATIVO) Ao aplicar a lei, o juiz deverá:


a) considerar apenas o seu sentido literal;
b) verificar se as pessoas envolvidas a conheciam, isentando-os de responsabilidade em
caso negativo;
c) atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum;
d) desconsiderá-la, se houver ambiguidade;
e) desconsiderá-la, se for contraditória.

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012. (DPE/RO/2015/FGV/TÉCNICO ADMINISTRATIVO) Com o advento de uma lei nova que


regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior, é correto afirmar que:
a) a lei nova não tem valor;
b) a lei nova revoga a lei anterior;
c) a lei nova coexistirá com a anterior, devendo o juiz escolher qual lei haverá de aplicar;
d) a lei anterior prevalecerá por um ano, momento a partir do qual a lei nova passará a vigorar;
e) a lei anterior prevalecerá por dois anos, momento a partir do qual a lei nova passará a vigorar.
013. (X EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2013/FGV) A hermenêutica aplicada ao direito
formula diversos modos de interpretação das leis. A interpretação que leva em consideração
principalmente os objetivos para os quais um diploma legal foi criado é chamada de
a) interpretação restritiva, por levar em conta apenas os objetivos da lei, ignorando sua estrutura
gramatical.
b) interpretação extensiva, por aumentar o conteúdo de significado das sentenças com seus
objetivos historicamente determinados.
c) interpretação autêntica, pois apenas as finalidades da lei podem dar autenticidade à interpretação.
d) interpretação teleológica, pois o sentido da lei deve ser considerado à luz de seus objetivos.
014. (CÂMARA DE FORTALEZA/CE/2019/FCC/CONSULTOR TÉCNICO JURÍDICO) Acerca
dos métodos interpretativos, considere as seguintes assertivas:
I – Método preocupado com o sentido das palavras: [...] é, pois, apenas um ponto de partida, e
nunca ou quase nunca um fim do processo.
(FERRAZ JR., T. S. A ciência do direito. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 94)

II – Considera o ordenamento jurídico como um todo: A oposição entre dois textos incompa-
tíveis não decorre apenas da sua oposição formal, mas exige uma referência a uma situação.
(FERRAZ JR., T. S. A ciência do direito. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 95)

III – Baseia-se na investigação dos antecedentes da norma jurídica; guarda relação com o projeto
de lei, sua justificativa e exposição de motivos, discussões e emendas.
O método interpretativo a que se refere cada uma das assertivas é:
a) I – gramatical
II – lógico-sistemático
III – histórico
b) I – sociológico
II – histórico
III – lógico-sistemático
c) I – gramatical
II – histórico
III – sociológico
d) I – gramatical
II – lógico-sistemático

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III – sociológico
e) I – histórico
II – lógico-sistemático
III – sociológico
015. (CÂMARA DE FORTALEZA/CE/2019/FCC/CONSULTOR TÉCNICO JURÍDICO) Consi-
derando os conceitos de vigência, eficácia e efetividade da norma jurídica,
a) uma norma válida não pode ter sua vigência postergada.
b) todas as normas vigentes têm eficácia e efetividade.
c) sempre que uma norma jurídica não tiver mais vigência, automaticamente também não terá
mais eficácia.
d) vigência refere-se a validade formal ou técnico-jurídica, que pressupõe que a lei tenha sido
emanada por um órgão competente.
e) a norma jurídica que tem vigência, eficácia e efetividade não tem vigor.
016. (PGE/SE/2017/CESPE/CEBRASPE/PROCURADOR DO ESTADO) A adaptação de lei,
por um intérprete, às exigências atuais e concretas da sociedade configura interpretação
a) histórica.
b) sistemática.
c) sociológica.
d) analógica.
e) autêntica
017. (PGE/MS/2016/CONCURSOS MS/PROCURADOR DO ESTADO) Acerca da interpretação
das normas jurídicas, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta:
I – A respeito da fonte (origem), os métodos de interpretação são classificados em autêntico,
jurisprudencial (judicial) e doutrinário.
II – A interpretação autêntica é aquela realizada pelo próprio legislador, por intermédio de nova lei.
III – A interpretação gramatical (literal) é tida como a primeira fase do processo interpretativo.
IV – O método de interpretação teleológico é o que melhor apura a vontade do legislador.
a) Apenas II está correta.
b) II, III e IV estão corretas.
c) Il e IV estão incorretas.
d) I, II e III estão corretas.
e) Apenas III está incorreta.
018. (CÂMARA DE JANDIRA/2020/IGECS/PROCURADOR JURÍDICO) A respeito do tema
“Poder Constituinte”, a situação em que normas da Constituição substituída, compatíveis
com as normas da nova ordem constitucional, permanecem em vigor, mas com força de lei
infraconstitucional, é denominada:
a) repristinação.

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b) desconstitucionalização.
c) recepção simples.
d) recepção material de normas constitucionais.

019. (TRF 5ª REGIÃO/2015/CESPE/CEBRASPE/JUIZ FEDERAL) Se, ao interpretar a lei, o


magistrado concluir que a impenhorabilidade do bem de família deve resguardar o sentido
amplo da entidade familiar, abrangendo, além dos imóveis do casal, também os imóveis
pertencentes a pessoas solteiras, separadas e viúvas, ainda que estas não estejam citadas
expressamente no texto legal, essa interpretação, no que se refere aos meios de interpreta-
ção, será classificada como
a) sistemática.
b) histórica.
c) jurisprudencial.
d) teleológica.
e) lógica.

020. (DPE/TO/2013/CESPE/CEBRASPE/DEFENSOR PÚBLICO/ADAPTADA) Com relação à


interpretação do direito, julgue o item a seguir.
A interpretação autêntica é a que se realiza pelo próprio legislador.

021. (DPE/TO/2013/CESPE/CEBRASPE/DEFENSOR PÚBLICO/ADAPTADA) Com relação à


interpretação do direito, julgue o item a seguir.
Consoante o sistema da livre pesquisa, o direito só pode ser interpretado com base na lei.

022. (DPE/SP/2010/FCC/DEFENSOR PÚBLICO) Em sua teoria do ordenamento jurídico,


Norberto Bobbio estuda os aspectos da unidade, da coerência e da completude do ordenamen-
to. Relativamente ao aspecto da coerência do ordenamento jurídico, “a situação de normas
incompatíveis entre si” refere-se ao problema
a) das antinomias.
b) da analogia.
c) do espaço jurídico vazio.
d) das lacunas.
e) da incompletude.

023. (ALE/AP/2020/FCC/ADVOGADO LEGISLATIVO) Sobre direito subjetivo, é correto afirmar:


a) “O direito considerado na vida real, envolvendo e penetrando por todos os lados nosso ser,
nos aparece como um poder do indivíduo. Nos limites desse poder, reina a vontade do indivíduo,
e reina com o consentimento de todos.” (SAVIGNY. In: Sistemas del Derecho Romano Actual,
§ IV, 1º volume, p. 25 apud MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito. 25.ed.,
São Paulo: RT, p. 437).
b) A expressão direito subjetivo pode ser utilizada como sinônimo de ordenamento jurídico.

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c) Quando se afirma que todos têm direito à proteção das relações de consumo se está a referir
ao direito subjetivo.
d) O direito subjetivo garante os direitos objetivos e pode ser denominado facultas agendi ou
como right em oposição a law.
e) O direito subjetivo é garantido pelos direitos objetivos e pode ser denominado como norma
agendi ou como law em oposição a right.
024. (PGE/RJ/2012/PGE/RJ/TÉCNICO SUPERIOR: BIBLIOTECÁRIO) Chama-se de direi-
to objetivo:
a) o conjunto de normas jurídicas que regulam a vida de certa sociedade.
b) o conjunto das normas que não deixam margem à interpretação.
c) a faculdade de agir imediatamente,
d) o conjunto de normas que estabelecem objetivos a serem alcançados no futuro.
025. (TRT 9ª REGIÃO (PR)/2012/ESPP/JUIZ DO TRABALHO) Considerando a teoria do Direito
Civil acerca das locuções “direito objetivo” e “direito subjetivo”, assinale a alternativa incorreta:
a) O direito subjetivo associa-se à noção de “facultas agendi”.
b) Visto como um conjunto de normas que a todos se dirige e a todos vincula, temos o “direito
subjetivo”.
c) Direito subjetivo é a prerrogativa de invocação da norma jurídica, pelo titular, na defesa do
seu interesse.
d) Visto sob o ângulo subjetivo, o direito é o interesse juridicamente tutelado (Ihering).
e) O direito objetivo refere-se a um conjunto de regras que impõem à conduta humana certa
direção ou limite. Ele descreve condutas obrigatórias e comina sanções pelo comportamento
diverso dessa descrição
026. (CÂMARA DE FORTALEZA/CE/2019/FCC/REDATOR) Tem o direito, como direito “sub-
jetivo” (ou seja, o direito de um determinado sujeito), de ser distinguido da ordem jurídica,
como Direito “objetivo”. Na linguagem jurídica inglesa dispõe-se da palavra right quando se
quer designar o direito (subjetivo), o direito de um determinado sujeito, para o distinguir da
ordem jurídica, do Direito objetivo, da law.
(KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 8.ed., São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 140 e 141)

Tendo em vista o texto acima, é correto o que se afirma em:


a) A legislação escrita é direito objetivo e a pretensão jurídica de um sujeito de direito, amparada
numa norma estatal, pode ser compreendida como direito subjetivo.
b) O dever jurídico é a expressão máxima do direito objetivo.
c) O direito subjetivo não pressupõe a existência de normas jurídicas, de direitos objetivos.
d) Se toda norma jurídica é direito objetivo, somente será direito objetivo a lei emanada do Poder
Legislativo.
e) Direito objetivo e subjetivo são compreendidos como conceitos idênticos.

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027. (PREFEITURA DE PASSIRA/PE/2021/CONTEMAX/PROCURADOR JURÍDICO MUNICI-


PAL) Os caminhos jurídicos do direito brasileiro comportam a via participativa, onde se busca
a articulação de indivíduos de diversos setores em direção a um determinado objetivo político,
este que deve estruturar legislativa e moralmente as normas constitucionais. Todavia, tal ne-
cessidade vem sendo negligenciada ao longo de anos, não exclusivamente no Brasil, surgindo
a urgência de expressamente declarar a aplicabilidade imediata das normas constitucionais, a
exemplo da constituição portuguesa e a Lei Fundamental Alemã. Assim, mecanismos jurídicos
e institucionais são criados para dizer o óbvio: que normas constitucionais são aplicáveis.
Mesmo em caso de omissão destas, sobretudo ao se falar de lei, o Poder Judiciário, na im-
portância de sua posição para a integração das normas constitucionais nas práticas diárias
dos outros Poderes, pode garantir a aplicabilidade das normas da Carta Magna.
Considerando as informações acima, bem como a legislação relativa ao tema, assinale a alter-
nativa que expresse corretamente quais são os outros artifícios hermenêuticos para garantir a
aplicabilidade das normas constitucionais em caso de omissão legislativa:
a) analogia, costumes e efetividade.
b) efetividade, costumes e princípios gerais do direito.
c) analogia, determinação conceitual e princípios gerais do direito.
d) analogia, costumes e princípios gerais do direito.
e) analogia, efetividade e determinação conceitual.
028. (PREFEITURA DE CAMPO GRANDE/MS/2019/CESPE/CEBRASPE/PROCURADOR MU-
NICIPAL) Considerando as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
julgue os itens a seguir.
Diante de omissão legal, o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito, visando atender aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum.
029. (CÂMARA DE SERRANA/2019/VUNESP/ANALISTA LEGISLATIVO) Segundo a Lei de
Introdução às normas do Direito Brasileiro, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito na seguinte situação:
a) quando o caso for regido por lei temporária.
b) quando se tratar de direito estrangeiro.
c) se a lei for injusta.
d) se o juiz não concordar com o texto da lei.
e) quando a lei for omissa.
030. (CRF/PR/2019/QUADRIX/ADVOGADO) Com relação às formas de integração da norma
jurídica, assinale a alternativa correta.
a) Para o direito civil constitucional, a lacuna ensejadora de integração não é somente a norma-
tiva, mas também a ontológica, axiológica ou antinômica.
b) A analogia consiste em interpretação extensiva, isto é, no alargamento da norma existente
para contemplar hipótese não expressa, mas implícita, na lei.
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c) Os costumes veiculam práticas que, ainda quando contrariem a lei, merecem ser levadas em
conta devido à sua reiteração social.
d) Os princípios gerais de direito não possuem eficácia normativa, mas podem funcionar como
elemento de persuasão argumentativa na defesa de uma determinada interpretação da lei lacônica.
e) A jurisprudência é fonte do direito e meio de preenchimento de lacunas.

031. (PREFEITURA DE SÃO BENTO DO SUL/2019/INSTITUTO AOCP/ADVOGADO/ADAPTA-


DA) O ordenamento jurídico, segundo Bobbio (2011, p. 43), constitui um “complexo orgânico
de normas”. As leis são promulgadas, passam a ter vigência e deixam, em algum momento, de
vigorar. Ainda, quando verificada uma lacuna normativa, cabe ao intérprete aplicar as fontes
supletivas de normas conforme as metodologias de integração normativa para preencher essa
lacuna. Sobre a aplicação temporal e integração das normas, julgue o item a seguir.
No método analógico de integração normativa, o magistrado aplicará ao caso concreto a norma
jurídica prevista para situação semelhante, dada a identidade de razões ou de finalidade.

032. (CÂMARA DE BELO HORIZONTE/2018/INSTITUTO CONSULPLAN/PROCURADOR) “A Lei


de Introdução às Normas do Direito Brasileiro estatui expressamente que quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com __________________.” Assinale a alternativa que
NÃO completa corretamente a afirmativa anterior.
a) analogia
b) costumes
c) princípios gerais do direito
d) fins sociais a que a lei se dirige

033. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ/2018/FEPESE/PROFESSOR DE DIREITO) O conjunto de


princípios e regras que regem a vida social de determinado povo em determinada época é
chamado de:
a) Direito securitário.
b) Direito cosmopolita.
c) Direito contemporâneo.
d) Direito naturalista.
e) Direito positivo.

034. (DEMAE/2017/UFG/PROCURADOR AUTÁRQUICO) Em casos omissos, obedecendo ao


previsto na Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro ou Lei de Introdução ao Código
Civil, Decreto-Lei n. 4.657/1942, o juiz decidirá o caso de acordo com
a) a doutrina, a analogia e as circunstâncias do caso concreto.
b) a moral, a ética e os princípios gerais de direito.
c) a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
d) os costumes, a boa-fé e as circunstâncias do caso concreto.

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035. (PREFEITURA DE FORTALEZA/CE/2017/CESPE/CEBRASPE/PROCURADOR DO MUNI-


CÍPIO) A respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, das pessoas naturais
e jurídicas e dos bens, julgue o item a seguir.
Utiliza a analogia o juiz que estende a companheiro(a) a legitimidade para ser curador conferida
a cônjuge da pessoa ausente.
036. (TRT 6ª REGIÃO/2015/FCC/JUIZ DO TRABALHO/ADAPTADA) De acordo com a Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, na hierarquia, interpretação e integração da
lei, julgue o item a seguir:
A equidade constitui meio integrativo pelo qual se supre a lacuna da lei, empregando-se sempre
que o juiz considerar a hipótese concreta como passível de sua aplicação nos autos.
037. (TRT 6ª REGIÃO/2015/FCC/JUIZ DO TRABALHO/ADAPTADA) De acordo com a Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, na hierarquia, interpretação e integração da
lei, julgue o item a seguir:
Nos mecanismos de integração do sistema jurídico, a analogia figura em primeiro lugar, con-
substanciando-se no fundamento pelo qual a situações semelhantes deve-se aplicar a mesma
regra de direito.
038. (CÂMARA DE TERESINA/2021/INSTITUTO AOCP/ASSESSOR JURÍDICO LEGISLATI-
VO) Sobre a vigência e a aplicação da lei no tempo e no espaço, assinale a alternativa correta.
a) A Lei em vigor terá efeito mediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adqui-
rido e a coisa julgada.
b) Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, inicia-se
sessenta dias depois de oficialmente publicada.
c) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.
d) Salvo disposição em contrário, a lei revogada se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.
e) As correções a texto de lei já em vigor não se consideram lei nova.
039. (MPE/GO/2019/MPE/GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Sobre a vigência das normas no
Direito Brasileiro, disciplinada pelo Decreto-Lei n. 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro), é incorreto afirmar:
a) Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois
de oficialmente publicada, contudo, nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira,
quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
b) Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revo-
gue, sendo certo que a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
Ademais, a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.
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c) O entendimento de que, quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito, não constitui norma formal no Direito
Brasileiro, mas um princípio norteador da atuação do magistrado.
d) A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
e a coisa julgada, sendo que, de acordo com a definição legal, reputa-se ato jurídico perfeito o
já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
040. (MPE/MG/2021/MPE/MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/ADAPTADA) Julgue
o item a seguir.
A ideia da “desconstitucionalização” reconhece a recepção de preceitos constitucionais an-
teriores, porém na condição de direito ordinário, e desde que compatíveis com a nova ordem
constitucional.
041. (TJ/MG/2019/CONSULPLAN/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/
PROVIMENTO) O processo legislativo, consagrado no texto constitucional, consiste no conjunto
coordenado de disposições que disciplinam o procedimento a ser estabelecido pelos órgãos
competentes na produção de leis e atos normativos que derivam diretamente da própria cons-
tituição. Todavia, diante de uma nova ordem constitucional, normas anteriormente vigentes
podem ou não receber enquadramento jurídico diverso daquele que dispunham anteriormente.
A respeito do advento de uma nova ordem constitucional, assinale a alternativa correta.
a) Repristinação é o fenômeno que se dá quando uma norma revogadora de outra anterior, que,
por sua vez, tivesse revogado outra mais antiga, recoloca esta última novamente em estado de
produção de efeitos.
b) Recepção consiste no acolhimento, pela nova Carta Constitucional, de leis e atos normativos
vigentes na ordem constitucional anterior, mas sobre os quais subsistia dúvida ou insegurança
jurídica quanto à sua validade ou constitucionalidade.
c) Desconstitucionalização decorre da manutenção em vigor, perante a nova ordem jurídica, da
Constituição anterior, que, porém, perde sua hierarquia constitucional para operar como legis-
lação, mas, ocupando posição hierárquica superior à legislação comum.
d) Convalidação consiste no acolhimento que uma nova constituição dá às leis e atos norma-
tivos editados sob a égide da Carta anterior, desde que compatíveis consigo, recebendo ma-
terialmente tais leis e atos normativos, como também lhe assegurando conformidade à nova
sistemática vigente.
042. (CREA/GO/2019/QUADRIX/ADVOGADO) A respeito da eficácia da lei no tempo e do
conflito de normas, julgue os itens 94 e 95.
Uma lei ordinária incompatível com a ordem constitucional superveniente é considerada como
não recepcionada, não havendo que se falar em inconstitucionalidade superveniente.
043. (IMESF/2019/FUNDATEC/ASSESSOR JURÍDICO) Quando a lei ordinária, publicada sob
o regime constitucional revogado, mantém a sua validade frente a promulgação de uma nova
constituição, ocorre a aplicação da teoria da:
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a) Recepção.
b) Hierarquia constitucional.
c) Força normativa da constituição.
d) Repristinação.
e) Adequação constitucional.
044. (CLDF/2018/FCC/CONSULTOR LEGISLATIVO) Considere, hipoteticamente, que em
determinado Estado nacional seja promulgada nova Constituição, na qual estejam contem-
pladas as seguintes disposições:
I – Permanecem válidos e consideram-se vigentes, com o caráter de lei ordinária, os dispositivos
da Constituição anterior que não contrariem esta Constituição.
II – As leis ordinárias promulgadas anteriormente à entrada em vigor desta Constituição man-
têm-se válidas e em vigor naquilo em que não sejam contrárias a esta Constituição.
As disposições em questão referem-se, respectivamente, aos fenômenos da
a) recepção de normas constitucionais e desconstitucionalização.
b) desconstitucionalização e recepção.
c) repristinação e recepção.
d) desconstitucionalização e repristinação.
e) recepção de normas constitucionais e repristinação.
045. (PREFEITURA DE PINHAIS/2017/INSTITUTO AOPC/PROCURADOR) Relacione as
colunas e assinale a alternativa com a sequência correta.
1. Desconstitucionalização.
2. Recepção.
3. Repristinação Tácita.
4. Mutação Constitucional.
( ) Fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova
ordem, permanecem em vigor, mas com o status de lei infraconstitucional.
( ) Consiste na restauração automática da vigência de norma efetivamente revogada.
( ) Ocorre quando a norma infraconstitucional anterior é materialmente compatível com o novo
texto constitucional.
( ) Processo informal de alteração do conteúdo da Constituição sem a modificação de seu texto.
a) 1 – 2 – 3 – 4.
b) 2 – 4 – 1 – 3.
c) 2 – 3 – 1 – 4.
d) 3 – 4 – 2 – 1.
e) 1 – 3 – 2 – 4.
046. (MPE/BA/2014/INSTITUTO AOCP/ASSISTENTE TÉCNICO) Quanto ao Estado, à Política
e à Cidadania, assinale a alternativa INCORRETA.

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a) O Estado é composto pelos elementos materiais e pelo elemento formal.


b) São elementos materiais do Estado a população e o Território.
c) O sufrágio universal não deve encontrar guarida no Estado Democrático de Direito.
d) A soberania é característica do Estado.
e) A política relaciona-se com a cidade, com o cidadão e os modos de organização do espaço
público e do convívio social.
047. (MPOG/2009/ESAF/ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNA-
MENTAL) O termo Política diz respeito ao funcionamento do Estado e ao exercício do poder.
Quanto à sua origem, está correto afirmar que:
a) foi criado por Maquiavel.
b) tem sua origem na Revolução Francesa.
c) deriva da palavra grega pólis.
d) surgiu com a formação dos partidos políticos.
e) resultou das disputas dinásticas na antiguidade.
048. (DPU/2017/CESPE/CEBRASPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Em relação ao conceito
de ciência política e à legitimidade do poder político, julgue o item a seguir.
De forma geral, define-se ciência política como toda interpretação de fenômenos políticos
fundada na observação dos fatos e na argumentação racional, em oposição às afirmações
derivadas do senso comum.
049. (PREFEITURA DE COLÔNIA LEOPOLDINA/AL/2019/ADM&TEC/SOCIÓLOGO) Leia as
afirmativas a seguir:
I – A Ciência Política recorre a diversas outras áreas do conhecimento humano, como a Econo-
mia, o Direito e a Sociologia.
II – No Brasil, é ilegal a adoção de pena de trabalhos forçados.
Marque a alternativa CORRETA:
a) As duas afirmativas são verdadeiras.
b) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
c) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
d) As duas afirmativas são falsas.
050. (CÂMARA MUNICIPAL DE ABAETETUBA/PA/2018/FADESP/AGENTE LEGISLATIVO/
ADAPTADA) Sobre as noções básicas de política é correto afirmar o seguinte:
A política tem uma única dimensão: a escolha dos parlamentares por meio do processo eleitoral,
que leva ao exercício do poder no Estado.
051. (SEPLAG/2018/IBFC/ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS) (...) Aquele que quer
governar a multidão, sob uma forma republicana ou monárquica, deve saber com certeza
quais os que são inimigos da nova ordem. Sem isso o governo terá uma existência efêmera.
(...) Tendo a multidão por inimiga, são obrigados, para afirmar seu poder, a empregar meios

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extraordinários. De fato, aquele que tem número reduzido de inimigos pode saber com certe-
za o seu número sem grande trabalho ou esforço, enquanto que aquele que é objeto do ódio
geral nunca tem certeza de nada, e, tanto mais se mostra cruel, tanto mais enfraquece seu
próprio poder. Assinale a alternativa correta, respectivamente quanto ao autor e a sua obra.
a) Max Weber, Ciência e Política, duas vocações
b) August Comte, Apelo aos Conservadores
c) Émile Durkheim, As Formas Elementares da Vida Religiosa
d) Nicolau Maquiavel, O Príncipe
052. (IFB/2019/IFB/PROFESSOR) A Filosofia Política quando discutida com os estudantes
é de grande valia para desenvolver o espírito de cidadania. Um clássico desta discussão é
a obra “O Príncipe” de Maquiavel [...]. No Capítulo VIII o filósofo trata “Dos que chegaram ao
principado pelos crimes”. Segundo o pensamento do autor qual das afirmações abaixo está
CORRETA em relação ao tema em tela?
a) Ao conquistar um Estado, precisa o conquistador ter em mente o mal que terá que executar
continuamente, embora tenha que parecer bom.
b) Um príncipe deve, sobretudo, viver com os súditos, de modo que nenhum fato, bom ou mau,
o faça mudar, pois, chegando a adversidade, não haverá tempo para o mal.
c) O príncipe deve conquistar os homens com vantagens dadas de uma só vez, pois o bem que
fizer irá favorecê-lo, de modo que todos lhe serão gratos.
d) Se bem usadas, as crueldades, que no princípio do governo podem ir aumentando paulatina-
mente, poderão com o tempo ir se extinguindo até desaparecer totalmente.
e) O príncipe deve estar sempre pronto a praticar ofensas, pois a confiança em seus súditos
poderá ser sua ruína.
053. (COSANPA/2017/FADESP/SOCIÓLOGO) Para Nicolau Maquiavel, o príncipe deve, para
se manter no poder
a) usar só da força.
b) ficar ocioso nos tempos de paz.
c) desconsiderar as ações dos grandes homens.
d) incorporar a arte da guerra, tanto do ponto de vista do pensamento quanto da ação, mesmo
no momento de paz.
054. (CL/DF/2019/FCC/CONSULTOR TÉCNICO JURÍDICO) A política não é necessária, em
absoluto – seja no sentido de uma necessidade imperiosa da natureza humana como a fome
ou o amor, seja no sentido de uma instituição indispensável do convívio humano. Aliás, ela só
começa onde cessa o reino das necessidades materiais e da força física. Como tal, a coisa
política existiu sempre e em toda parte tão pouco que, falando em termos históricos, apenas
poucas grandes épocas a conheceram e realizaram. Esses poucos e grandes acasos felizes
da História são, porém, decisivos; é só neles que se manifesta de cheio o sentido da política

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Teoria Geral do Direito
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e, na verdade, tanto o bem quanto a desgraça da coisa política. Com isso, eles tornam-se de-
terminantes, mas não a ponto de poder ser copiadas as formas de organização que lhes são
inerentes, e sim porque certas ideias e conceitos que se tornaram plena realidade para um
curto período de tempo, também co-determinem as épocas para as quais seja negada uma
experiência plena com a coisa política.
(Adaptado de: ARENDT, Hannah. O que é Política? – fragmentos das obras póstumas compilados por Úrsula
Ludz. Tradução de Reinaldo Guarany, 11.ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013, pp. 50-51)

O texto acima é classificado como parte de uma obra de


a) Ciência Política.
b) História Política.
c) Análise Política.
d) Filosofia Política.
e) Sociologia Política.
055. (MCT/2012/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA PLENO)
Acerca dos conceitos e teorias relacionados à ciência política, julgue o item a seguir.
No âmbito do domínio de um indivíduo sobre outro, conceitua-se poder como a relação entre dois
sujeitos, dos quais um impõe ao outro a própria vontade e lhe determina seu comportamento.
056. (ANTT/2013/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO) Com relação ao Estado
e sua evolução histórica, julgue o item seguinte.
A visão de Estado, no pensamento político de Locke, consiste na tríade que se estrutura, con-
forme o estado de natureza, passando pela constituição de sociedade civil, fundada no pacto
ou contrato social e desemboca no Estado Absolutista.
057. (PREFEITURA DE SÃO PAULO/2015/VUNESP/ANALISTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS
E GESTÃO GOVERNAMENTAL) O que inicia e constitui realmente qualquer sociedade polí-
tica nada mais é senão o assentimento de qualquer número de homens livres e capazes de
maioria em se unirem e incorporarem a tal sociedade. E isto, e somente isto, deu ou poderia
dar origem a qualquer governo no mundo.
(John Locke, Dois Tratados sobre o Governo. Adaptado)

John Locke foi um importante filósofo inglês do século XVII. Esse trecho, destacado de um dos
textos do autor, discute um aspecto fundamental da ciência política contemporânea, o conceito de
a) conflito.
b) dominação.
c) hegemonia.
d) soberania.
e) legitimidade.
058. (CÂMARA DE BOITUVA/SP/2020/VUNESP/AGENTE ADMINISTRATIVO) A expressão
política do Estado é
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a) o poder público.
b) a administração direta,
c) a legislação.
d) a autoridade delegada.
e) o Governo.
059. (PRF/2020/CESPE/CEBRASPE/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/CURSO DE FORMA-
ÇÃO) Acerca da conceituação doutrinária de sociedade civil e de Estado, julgue o item a seguir.
A conceituação moderna de Estado defende a teoria da dupla personalidade do Estado, que,
em diferentes circunstâncias, atua tanto com personalidade de direito público quanto com
personalidade de direito privado.
060. (PRF/2016/CESPE/CEBRASPE/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/CURSO DE FORMA-
ÇÃO) No que se refere aos conceitos de sociedade e Estado, julgue os itens que se seguem.
Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário constituem os três elementos originários e in-
dissociáveis do Estado.
061. (CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014/CESPE/CEBRASPE/CONSULTOR LEGISLATIVO)
Com relação a aspectos genéricos do Estado e específicos do Estado brasileiro, julgue o item
que se segue.
Um Estado é caracterizado pela existência de um território controlado por mecanismo político
de governo cuja autoridade tem o amparo legal para a utilização de força militar.
062. (SEPLAG/RJ/2013/CEPERJ/ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO
GOVERNAMENTAL) O que caracteriza a dimensão “pública” de uma política é a sua:
a) imperatividade
b) regularidade
c) continuidade
d) totalidade
e) publicidade
063. (CÂMARA DE PORTO VELHO/RO/2018/FADESP/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO)
De acordo com os pesquisadores do tema, a origem do Estado tem motivações distintas. Uma
delas destaca que o “Estado nasceu para regular as relações entre vencedores e vencidos”.
Identifique qual a origem dessa teoria.
a) Causas econômicas.
b) Atos de força
c) Patriarcal
d) Familiar
e) Causas patrimoniais
064. (CLDF/2018/FCC/CONSULTOR LEGISLATIVO) Além de absoluta e indissolúvel, a So-
berania para Rousseau possui mais duas características:

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a) ser efêmera e ser impessoal.


b) ser seletiva e ser pactuada.
c) ser livre e ser a proteção da liberdade.
d) ser um dom e ser um atributo.
e) ser inalienável e ser infalível.
065. (ABIN/2018/CESPE/CEBRASPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA) Com relação ao libera-
lismo, julgue o item que se segue.
Surgido com o objetivo de romper com a lógica política de antigos regimes, o liberalismo tem
a defesa da propriedade como um de seus conceitos basilares.
066. (ABIN/2018/CESPE/CEBRASPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA) Com relação ao libera-
lismo, julgue o item que se segue.
Para o liberalismo, a organização política e moral do mercado é fundamental para a correção
de problemas em operações básicas de oferta e demanda.
067. (ABIN/2018/CESPE/CEBRASPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA) Com relação ao libera-
lismo, julgue o item que se segue.
Na sociedade brasileira do século XIX, o liberalismo, filosofia política voltada para garantir o direito
da propriedade e da liberdade, era princípio que garantia também a existência da escravidão.
068. (COSANPA/2017/FADESP/SOCIÓLOGO) Para John Locke, o poder legislativo é o mais
importante dos poderes
a) e deve funcionar continuamente.
b) como forma de manter o pacto social.
c) para impedir a insurreição, mesmo que não obedeça ao pacto.
d) para garantir sempre o poder da sociedade política, mesmo que o pacto não seja mantido.
069. (COSANPA/2017/FADESP/SOCIÓLOGO) J. J. Rousseau define o contrato social como
a) o pacto corresponde às vontades individuais do corpo coletivo, sem obedecer a nenhuma lei.
b) o contrato corresponde ao modo de associação, onde, com base na união, todos obede-
cem a todos.
c) uma livre associação do gênero humano, que decide compor uma determinada forma de
sociedade política, com base na vontade geral, com vistas ao pacto social.
d) a expressão da permanência da desigualdade formal e da injustiça entre os homens, resol-
vidas sem que haja necessidade da alienação de cada componente do pacto social.
070. (ANTT/2013/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO) Com relação ao Estado
e sua evolução histórica, julgue o item seguinte.
Segundo a perspectiva do contratualismo clássico, o contrato é a base da relação jurídica fa-
cultada aos membros que dele pactuam e por meio do qual se institui o Estado de natureza.

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GABARITO

1. e 25. b 49. a
2. c 26. a 50. E
3. e 27. d 51. d
4. b 28. C 52. b
5. a 29. e 53. d
6. e 30. a 54. d
7. d 31. C 55. C
8. b 32. d 56. E
9. a 33. e 57. e
10. b 34. c 58. e
11. c 35. E 59. E
12. b 36. E 60. E
13. d 37. C 61. C
14. a 38. c 62. a
15. d 39. c 63. b
16. c 40. C 64. e
17. d 41. a 65. C
18. b 42. C 66. E
19. d 43. a 67. C
20. C 44. b 68. b
21. E 45. e 69. c
22. a 46. c 70. C
23. a 47. c
24. a 48. C

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GABARITO COMENTADO
001. (TJ/SC/2018/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) Após regular tramitação na As-
sembleia Legislativa, lei que fixava o novo salário mínimo estadual foi publicada no Diário
Oficial de Santa Catarina do dia 02. Verificando-se que do texto da lei não constou o valor
correto aprovado pelo Legislativo, foi providenciada nova publicação corretiva da lei, o que
ocorreu no dia 03.
Considerando que não foi designada data para vigência da lei, o novo salário passa a vigorar:
a) a partir do dia 02;
b) a partir do dia 03;
c) 45 dias após a publicação do dia 02;
d) 30 dias após a publicação do dia 03;
e) 45 dias após a publicação do dia 03.

Para corretamente responder à questão, precisávamos observar dois pontos:


1) Vacatio legis: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada” (art. 1º, caput, da LINDB); e
2) Nova publicação da lei, destinada a correção: “Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores
começará a correr da nova publicação.” (art. 1º, § 3º, da LINDB);
Destarte, considerando que não foi designada data para vigência da lei e que esta foi objeto
de nova publicação corretiva no dia 03, podemos concluir que começará a viger 45 dias após
a publicação do dia 03.
Letra e.

002. (TJ/AL/2018/FGV/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR) Até 07 de abril de 2017, vigorava,


no Município X, a Lei 01, que estipulava em trinta dias prazo para interposição de recursos à
própria administração municipal contra atos praticados por seus servidores. Na referida data,
entrou em vigor a Lei 02, que alterou o referido prazo para quarenta dias e revogou, neste
ponto, a Lei 01. Contudo, atendendo a pleito local, o Município editou a Lei 03, de 07 de março
de 2018, com o seguinte e único texto: “Art. 1º: Revoga-se Lei 02”.
Quanto a essa situação, é correto afirmar que:
a) no dia da publicação da Lei 03, a Lei 01 volta a vigorar;
b) trinta dias após a publicação da Lei 03, a Lei 01 retorna a vigorar;
c) quarenta e cinco dias após a publicação da Lei 03, a Lei 02 deixa de vigorar;
d) no dia da publicação da Lei 03, a Lei 02 deixa de vigorar;
e) trinta dias após a publicação da Lei 03, a Lei 02 deixa de vigorar.

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Sobre o termo inicial de vigência de uma lei, dispõe o art. 1º, caput, da LINDB que:

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.

No mais, com relação a repristinação, disciplina o art. 2º, § 3º da LINDB que:

Art. 2º. [...]


§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.

Isto é, a repristinação (o retorno da produção de efeitos de uma norma anterior, em razão da


revogação da norma que lhe havia revogado), como regra, é vedada no nosso ordenamento jurí-
dico, porém, excepcionalmente, é admitida, se houver disposição legal expressa nesse sentido,
o que não ocorreu no caso narrado no enunciado da questão.
Por isso, incorretas as alternativas A e B! A Lei 01 não voltará a viger com a revogação da Lei
02 pela Lei 03, uma vez que não há na Lei 03 qualquer disposição quanto a restauração da Lei
01 e não existe repristinação tácita!
Correta a alternativa C! Sim, com base no art. 1º, caput da LINDB, quarenta e cinco dias após a
publicação da Lei 03, esta entrará em vigor, o que ensejará a revogação da Lei 02. Logo, incor-
retas também as alternativas D e E.
Letra c.

003. (TJ/AL/2018/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) Pedro ajuizou uma ação


em face de João e se saiu vitorioso, sendo-lhe atribuído certo bem. Anos depois, quando já não
mais era cabível qualquer recurso, ação ou impugnação contra a decisão do Poder Judiciário,
foi editada uma lei cuja aplicação faria com que o bem fosse atribuído a João.
À luz da sistemática constitucional, o referido bem deve:
a) permanecer com Pedro, por força da garantia do ato jurídico perfeito;
b) ser transferido a João, com a base no princípio da eficácia imediata da lei;
c) permanecer com Pedro, por força da garantia do direito adquirido;
d) ser transferido a João, salvo se a lei estabelecer regra de transição;
e) permanecer com Pedro, por força da garantia da coisa julgada.

Uma lei nova entra em vigor tão logo esteja superado o seu período de vacatio legis (caso
exista) e uma vez que que isto venha a ocorrer o dispositivo legal terá efeito imediato e geral,
produzindo efeitos prospectivos (é dizer, a partir da data do início de sua vigência), devendo
respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
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Trata-se das previsões contidas no art. 6º, da LINDB, e no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal:

LINDB, art. 6º. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada.
CF, art. 5º. (...)
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Define-se como coisa julgada a decisão judicial de que não caiba recurso. Refere-se, pois, à
imutabilidade da decisão judicial.

LINDB, art. 6º. (...)


§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

Assim, correta a alternativa E! À luz da sistemática constitucional, o referido bem deve: perma-
necer com Pedro, por força da garantia da coisa julgada.
Letra e.

004. (TJ/AL/2018/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) A Lei X entrou em vigor


na data de sua publicação, por força de dispositivo legal expresso nesse sentido. Quarenta
e cinco dias após, nova lei (Lei Y), sem dispor sobre sua vigência, alterou determinado arti-
go da Lei X.
O dispositivo com a alteração passa a vigorar:
a) na data da publicação da Lei Y;
b) quarenta e cinco dias após a publicação da Lei Y;
c) trinta dias após a publicação da Lei X;
d) noventa dias após a publicação da Lei Y;
e) cinco dias após a publicação da Lei X.

Sobre o termo inicial de vigência de uma lei, dispõe o art. 1º, caput, da LINDB que:

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.

Assim, se nada dispor a lei sobre o início da sua vigência, esta começará 45 dias após a publi-
cação oficial do diploma legal.
Correta, portanto, a alternativa B! O dispositivo com a alteração passa a vigorar quarenta e cinco
dias após a publicação da Lei Y.
Letra b.

005. (CODEMIG/2015/FGV/ADVOGADO SOCIETÁRIO) Edésio, Chefe do Departamento Ju-


rídico de determinado ente público, foi instado a elaborar parecer a respeito da necessária

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compatibilização dos atos normativos editados pelo Poder Público com as garantias consti-
tucionais do direito adquirido e do ato jurídico perfeito.
A esse respeito, é correto afirmar que:
a) a garantia da irretroatividade da lei não é invocável pelo ente federativo que a tenha editado
e determinado a retroação;
b) a lei nova sempre incidirá sobre os efeitos futuros de contrato preexistente;
c) as garantias do direito adquirido e do ato jurídico perfeito são oponíveis às normas emanadas
do Constituinte originário;
d) a capacidade de suceder é regida pela lei da época da abertura do inventário;
e) o direito adquirido surge no momento em que se inicia o preenchimento dos requisitos exi-
gidos em lei.

a) Certa. O direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada são direitos fundamentais
consagrados no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal e replicados no art. 6º da LINDB, não
podendo ser afetados pelo surgimento de lei nova.
Observem:

LINDB, art. 6º. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada.
CF, art. 5º. (...) XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada;

Sobre o tema, o STF em sua súmula n. 654, cristalizou o entendimento de que:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 654-STF: “A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da
Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.”

A saber, “a formulação da Súmula 654/STF versavam hipóteses em que o próprio diploma le-
gislativo previa, de modo expresso, a aplicação retroativa de seus efeitos, de cuja incidência,
no entanto, o Poder Público – que editara a lei – pretendia ver-se excluído, invocando, então, de
maneira inadequada, o postulado da irretroatividade da lei.” [RE 567.360 ED, rel. min. Celso de
Mello, 2ª T, j. 9-6-2009, DJE 148 de 7-8-2009.]
Logo, correto afirmar que a garantia da irretroatividade da lei não é invocável pelo ente fede-
rativo que a tenha editado e determinado a retroação.
b) Errada. Diante da garantia constitucional ao direito adquirido, os contratos celebrados no
período de vigência de uma lei não podem ser afetados pelo surgimento de lei posterior.
c) Errada. Não há direito adquirido em face de uma nova Constituição, já que o Poder Consti-
tuinte Originário não está submetido a qualquer limitação jurídica.

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d) Errada. Sabendo que capacidade sucessória é a aptidão para receber os bens deixados pelo
de cujus (a pessoas que veio a óbito), ela será regida pela lei vigente no momento da morte do
autor da herança. A sucessão rege-se pela lei vigente ao tempo da sua abertura, o que ocorre
com a morte do autor da herança.
e) Errada. O direito adquirido é aquele que pode ser exercido desde já pelo seu titular por já ter
sido incorporado ao seu patrimônio jurídico. Nos termos do § 2º, do art. 6º, da LINDB:
LINDB, art. 6º. (...) § 2º Consideram-se adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por ele,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-es-
tabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.

Letra a.

006. (PGE/RO/2015/FGV/TÉCNICO DA PROCURADORIA) De acordo com o que é apontado


na Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, é correto afirmar que:
a) as correções de texto de lei em vigor não se consideram lei nova;
b) reputa-se direito adquirido o direito consumado segundo a lei vigente ao tempo em que
se efetuou;
c) quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes, a
equidade e os princípios gerais de direito;
d) ninguém se escusa de cumprir a lei, salvo alegando que não a conhece;
e) salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.

a) Errada. As correções de texto de lei em vigor se consideram lei nova.


Nesse sentido, art. 1º, §4º da LINDB:
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

b) Errada. O item versa sobre o ato jurídico perfeito e não sobre o direito adquirido.
Vejam:
LINDB, art. 6º. (...)
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se
efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável,
a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

c) Errada. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) estabelece que, quando
a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito, não citando a equidade.

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Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.

d) Errada. Segundo o art. 3º da LINDB:

Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

e) Certa. Está de acordo com o art. 2º, § 3º da LINDB.

Art. 2º. [...]


§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.

Letra e.

007. (SEZAZ/RJ/2008/FGV/FISCAIS DE RENDAS) Havendo conflito aparente entre princípios,


a situação será resolvida pela dimensão:
a) de validade.
b) de eficácia.
c) de vigência.
d) de valor.
e) política.

Havendo conflito aparente entre princípios, a situação será resolvida pela dimensão de valor.
Os princípios correspondem a mandados de otimização, normas que ordenam que algo seja
realizado na maior medida possível conforme as possibilidades fáticas e jurídica do caso con-
creto. Surgindo colisão entre princípios, deverá ser utilizada a técnica da ponderação, devendo
ser aplicado aquele que possuir maior peso frente a situação analisada, sem que isso implique
a invalidação do princípio entendido como de peso menor. Portanto, “nenhum desses princípios
em choque ostenta primazia definitiva sobre o outro. Nada impede, assim, que, em caso diverso,
com outras características, o princípio antes preterido venha a prevalecer.”84
Letra d.

008. (PGE/RO/2015/FGV/TÉCNICO DA PROCURADORIA) Em relação à vigência de leis no


Brasil, é correto afirmar que a lei, depois de oficialmente publicada, começa a vigorar em todo
o país, salvo disposição contrária, em:
a) 30 dias;
b) 45 dias;

84
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 12. ed. rev. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2017.

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c) 60 dias;
d) 120 dias;
e) 180 dias.

A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) estabelece em seu art. 1º, caput e
§ 1º, que:

LINDB, art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e
cinco) dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3
(três) meses depois de oficialmente publicada.

Assim:

Prazo para a vigência de lei no território Prazo para a vigência de lei brasileira no
brasileiro: território estrangeiro:
3 (três) meses.
45 dias Obs.: Não confundir com 90 dias; aqui o prazo é
contado em mês, não em dias.

Letra b.

009. (TJ/RO/2015/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO) Se, antes de entrar a Lei em vigor, ocorrer


nova publicação de seu texto, destinada à correção, o prazo para vigência começará a correr:
a) a partir da nova publicação;
b) 03 (três) meses após a primeira publicação oficial;
c) a partir da primeira publicação oficial o marco inicial para contagem do prazo não se altera;
d) 01 (um) ano após a primeira publicação;
e) 45 (quarenta e cinco) após a primeira publicação.

Segundo o art. 1º, § 3º, da LINDB.

§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

Correta a alternativa A.
Letra a.

010. (TCE/RJ/2015/FGV/AUDITOR SUBSTITUTO) Sobre o conflito de leis no tempo, é cor-


reto afirmar que:

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a) a revogação tácita equivale à repristinação;


b) a lei especial não revoga a lei geral anterior;
c) não é admitida a derrogação expressa;
d) o efeito repristinatório é admitido em todas as leis;
e) a ab-rogação das leis é defesa pelo ordenamento jurídico.

a) Errada. A revogação tácita e a repristinação são institutos distintos e não se confundem.


Prevista no art. 2º, § 1º da LINDB, a revogação representa a perda da vigência de uma lei pro-
vocada pela edição de outra, sendo tácita quando não havendo disposição expressa determi-
nando a revogação, a nova lei se revelar incompatível, no todo ou em parte, com a lei anterior,
contrariando-a de forma absoluta.

§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incom-
patível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

Já a repristinação é a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em virtude


da revogação da lei que a revogou, sendo, via de regra, vedada em nosso ordenamento jurídico.
Está disciplinada no art. 2º, § 3º da LINDB, segundo o qual:

§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.

b) Certa. A LINDB dispõe que:

Art. 2º. [...]


§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.

O dispositivo acima consagra o princípio da conciliação ou das esferas autônomas, que con-
siste na possibilidade de convivência das normas gerais com as especiais que versem sobre
o mesmo assunto.
O citado princípio, no entanto, não é absoluto!
Pode acontecer de uma norma geral ser completamente incompatível com uma norma especial,
hipótese em que haverá revogação tácita da norma especial.
De todo modo, alerta-se que tal incompatibilidade não se presume. Logo, sobrevindo uma
norma especial ou geral, deve-se presumir que a norma antiga e a nova são conciliáveis, coe-
xistindo ambas.
Então, muito cuidado com afirmações já prontas, de que “a lei posterior geral não revoga lei
especial” e, igualmente, “a lei especial não revoga a geral”. Em regra, não revogam, mas pode
ser que elas sejam incompatíveis e, assim, haverá revogação tácita.
c) Errada. Derrogação é a revogação parcial de uma lei e ocorrerá quando apenas parte da lei
perder a sua vigência, permanecendo em vigor a restante. É possível sim a derrogação (revogação
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parcial) expressa, que ocorrerá quando a lei revogadora indicar expressamente os dispositivos
da lei revogada que pretende rechaçar.
d) Errada. O efeito repristinatório advém do controle de constitucionalidade. Assim, em regra,
se uma lei revogadora é declarada inconstitucional, a lei que foi por ela revogada deverá voltar
a produzir efeitos. Isso acontece em atenção ao princípio da nulidade do ato inconstitucional.
De acordo com este princípio, o ato inconstitucional nasce eivado de nulidade (ele não é ape-
nas anulável!). À vista disso, a decisão que reconhece a inconstitucionalidade de uma norma é
declaratória de sua nulidade com efeito ex tunc. Em outros termos, significa dizer que a norma
declarada inconstitucional nasceu nula e, portanto, não poderia ter revogado a anterior valida-
mente, razão que justifica a restauração da vigência da norma revogada.
Pontua-se, todavia, a possibilidade de o efeito repristinatório ser afastado por expressa deter-
minação do Supremo Tribunal Federal, o que nos leva a conclusão de que o efeito repristinatório
não é admitido em todas as leis.
e) Errada. A ab-rogação é a revogação total de uma lei, sendo plenamente admitida pelo orde-
namento jurídico.
Letra b.

011. (DPE/RO/2015/FGV/TÉCNICO ADMINISTRATIVO) Ao aplicar a lei, o juiz deverá:


a) considerar apenas o seu sentido literal;
b) verificar se as pessoas envolvidas a conheciam, isentando-os de responsabilidade em
caso negativo;
c) atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum;
d) desconsiderá-la, se houver ambiguidade;
e) desconsiderá-la, se for contraditória.

Define o art. 5º da LINDB que:

Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.

Letra c.

012. (DPE/RO/2015/FGV/TÉCNICO ADMINISTRATIVO) Com o advento de uma lei nova que


regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior, é correto afirmar que:
a) a lei nova não tem valor;
b) a lei nova revoga a lei anterior;
c) a lei nova coexistirá com a anterior, devendo o juiz escolher qual lei haverá de aplicar;
d) a lei anterior prevalecerá por um ano, momento a partir do qual a lei nova passará a vigorar;
e) a lei anterior prevalecerá por dois anos, momento a partir do qual a lei nova passará a vigorar.
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Com o advento de uma lei nova que regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior,
é correto afirmar que a lei nova revoga a lei anterior.
Podemos conceituar a revogação como sendo a perda da vigência de uma lei provocada pela
edição de outra.
Quanto à extensão, poderá ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação):
a) Revogação total (ab-rogação): ocorrerá quando toda a lei perder a sua vigência diante da
edição de uma nova;
b) Revogação parcial (derrogação): ocorrerá quando apenas parte da lei perder a sua vigência,
permanecendo em vigor a restante.
No mesmo sentido, impõe o art. 2º, § 1º da LINDB que:

§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incom-
patível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

Letra b.

013. (X EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2013/FGV) A hermenêutica aplicada ao direito


formula diversos modos de interpretação das leis. A interpretação que leva em consideração
principalmente os objetivos para os quais um diploma legal foi criado é chamada de
a) interpretação restritiva, por levar em conta apenas os objetivos da lei, ignorando sua estrutura
gramatical.
b) interpretação extensiva, por aumentar o conteúdo de significado das sentenças com seus
objetivos historicamente determinados.
c) interpretação autêntica, pois apenas as finalidades da lei podem dar autenticidade à interpretação.
d) interpretação teleológica, pois o sentido da lei deve ser considerado à luz de seus objetivos.

A interpretação que leva em consideração principalmente os objetivos para os quais um diplo-


ma legal foi criado é chamada de interpretação teleológica. A interpretação sociológica ou
teleológica tem por objetivo adaptar o sentido ou finalidade da norma às novas exigências
sociais. Tal recomendação é endereçada ao magistrado no art. 5º da referida lei, que assim
dispõe: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se destina e às exigências
do bem comum”.
Letra d.

014. (CÂMARA DE FORTALEZA/CE/2019/FCC/CONSULTOR TÉCNICO JURÍDICO) Acerca


dos métodos interpretativos, considere as seguintes assertivas:

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I – Método preocupado com o sentido das palavras: [...] é, pois, apenas um ponto de partida, e
nunca ou quase nunca um fim do processo.
(FERRAZ JR., T. S. A ciência do direito. 3.ed . São Paulo: Atlas, 2014, p. 94)

II – Considera o ordenamento jurídico como um todo: A oposição entre dois textos incompa-
tíveis não decorre apenas da sua oposição formal, mas exige uma referência a uma situação.
(FERRAZ JR., T. S. A ciência do direito. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 95)

III – Baseia-se na investigação dos antecedentes da norma jurídica; guarda relação com o projeto
de lei, sua justificativa e exposição de motivos, discussões e emendas.
O método interpretativo a que se refere cada uma das assertivas é:
a) I – gramatical
II – lógico-sistemático
III – histórico
b) I – sociológico
II – histórico
III – lógico-sistemático
c) I – gramatical
II – histórico
III – sociológico
d) I – gramatical
II – lógico-sistemático
III – sociológico
e) I – histórico
II – lógico-sistemático
III – sociológico

O método interpretativo a que se refere cada uma das assertivas é:


I – gramatical
II – lógico-sistemático
III – histórico
Correta a alternativa A!
De fato, a interpretação gramatical consiste em exame do texto normativo sob o ponto de vista
linguístico, analisando a pontuação, a colocação das palavras na frase, a sua origem etimológica
etc. É a primeira fase do processo interpretativo.85

85
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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Já a interpretação sistemática parte do pressuposto de que uma lei não existe isoladamente
e deve ser interpretada em conjunto com outras pertencentes à mesma província do direito,
levando-se em conta, às vezes, o livro, o título, o capítulo, a seção e o parágrafo.
Por fim, a interpretação histórica baseia-se na investigação dos antecedentes da norma, do
processo legislativo, a fim de descobrir o seu exato significado.
Letra a.

015. (CÂMARA DE FORTALEZA/CE/2019/FCC/CONSULTOR TÉCNICO JURÍDICO) Consi-


derando os conceitos de vigência, eficácia e efetividade da norma jurídica,
a) uma norma válida não pode ter sua vigência postergada.
b) todas as normas vigentes têm eficácia e efetividade.
c) sempre que uma norma jurídica não tiver mais vigência, automaticamente também não terá
mais eficácia.
d) vigência refere-se a validade formal ou técnico-jurídica, que pressupõe que a lei tenha sido
emanada por um órgão competente.
e) a norma jurídica que tem vigência, eficácia e efetividade não tem vigor.

a) Errada. É possível que uma norma válida tenha a sua vigência postergada. É o que ocorre
na hipótese de vacatio legis, quando será definido um intervalo de tempo entre a publicação de
uma lei e a sua entrada em vigor. Conforme o art. 1º da LINDB, se a lei não trouxer disposição
em sentido diverso, o prazo de vacatio legis será de 45 (quarenta e cinco) dias.
Vejamos:

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada.
[...]

b) Errada. Nem todas as normas vigentes gozam de eficácia e efetividade.


A eficácia diz respeito à possibilidade concreta de produção de efeitos. A eficácia da lei, portan-
to, está relacionada à possibilidade concreta de a lei, uma vez válida e devidamente publicada,
vir a surtir efeitos junto aos seus destinatários.
Em regra, vigência e eficácia se dão ao mesmo tempo. No entanto, é possível que uma lei não
vigente seja eficaz (por exemplo, uma lei revogada que continua sendo aplicada aos casos
de direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada), assim como é possível que uma lei
vigente não seja eficaz.
c) Errada. Vide comentários da alternativa B.

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d) Certa. Realmente, a vigência refere-se a validade formal ou técnico-jurídica da norma, dedu-


zindo-se que a lei observou todos os ditames do processo legislativo.
e) Errada. A conjectura trazida pela alternativa não faz sentido, afinal se uma norma tem vigência
ela tem vigor, está vigorando.
Diz-se que uma norma está em vigor quando ela foi publicada e já superou o período de va-
catio legis.
Letra d.

016. (PGE/SE/2017/CESPE/CEBRASPE/PROCURADOR DO ESTADO) A adaptação de lei,


por um intérprete, às exigências atuais e concretas da sociedade configura interpretação
a) histórica.
b) sistemática.
c) sociológica.
d) analógica.
e) autêntica

A questão diz respeito ao método interpretativo sociológico, aquele cujo objetivo é adaptar o
sentido ou finalidade da norma às novas exigências sociais.
Letra c.

017. (PGE/MS/2016/CONCURSOS MS/PROCURADOR DO ESTADO) Acerca da interpretação


das normas jurídicas, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta:
I – A respeito da fonte (origem), os métodos de interpretação são classificados em autêntico,
jurisprudencial (judicial) e doutrinário.
II – A interpretação autêntica é aquela realizada pelo próprio legislador, por intermédio de nova lei.
III – A interpretação gramatical (literal) é tida como a primeira fase do processo interpretativo.
IV – O método de interpretação teleológico é o que melhor apura a vontade do legislador.
a) Apenas II está correta.
b) II, III e IV estão corretas.
c) Il e IV estão incorretas.
d) I, II e III estão corretas.
e) Apenas III está incorreta.

As assertivas I, II e III estão corretas!


Vejamos:
I – Certa. De fato, quanto às fontes ou origem, os métodos de interpretação classificam-se em:

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a) Autêntico ou legislativo;
b) Jurisprudencial; e
c) Doutrinário.
II – Certa. Sim, interpretação autêntica ou legislativa é aquela feita pelo próprio legislador, por
outro ato. Este, reconhecendo a ambiguidade da norma, vota uma nova lei, destinada a escla-
recer a sua intenção.
III – Certa. A interpretação gramatical é também chamada de literal, consistindo no exame
do texto normativo sob o ponto de vista linguístico, analisando a pontuação, a colocação das
palavras na frase, a sua origem etimológica etc. É a primeira fase do processo interpretativo.
IV – Errada. Considera-se a interpretação histórica (e não a interpretação teleológica!) o me-
lhor método para apurar a vontade do legislador. É que a interpretação histórica se baseia na
investigação dos antecedentes da norma, do processo legislativo, a fim de descobrir o seu
exato significado.
Letra d.

018. (CÂMARA DE JANDIRA/2020/IGECS/PROCURADOR JURÍDICO) A respeito do tema


“Poder Constituinte”, a situação em que normas da Constituição substituída, compatíveis
com as normas da nova ordem constitucional, permanecem em vigor, mas com força de lei
infraconstitucional, é denominada:
a) repristinação.
b) desconstitucionalização.
c) recepção simples.
d) recepção material de normas constitucionais.

A questão está se referindo ao fenômeno da desconstitucionalização.


A tese da desconstitucionalização preceitua que diante da edição de uma nova Constitui-
ção, normas da Constituição revogada continuariam vigentes, porém com status de norma
infraconstitucional.
Letra b.

019. (TRF 5ª REGIÃO/2015/CESPE/CEBRASPE/JUIZ FEDERAL) Se, ao interpretar a lei, o


magistrado concluir que a impenhorabilidade do bem de família deve resguardar o sentido
amplo da entidade familiar, abrangendo, além dos imóveis do casal, também os imóveis
pertencentes a pessoas solteiras, separadas e viúvas, ainda que estas não estejam citadas
expressamente no texto legal, essa interpretação, no que se refere aos meios de interpreta-
ção, será classificada como
a) sistemática.

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b) histórica.
c) jurisprudencial.
d) teleológica.
e) lógica.

A questão retrata hipótese de interpretação teleológica, cujo objetivo é adaptar o sentido ou


finalidade da norma às novas exigências sociais, Tal recomendação é endereçada ao magis-
trado no art. 5º da LINDB ao dispor que: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a
que ela se destina e às exigências do bem comum”.
Notem que, nos termos apresentados pelo enunciado da questão, a definição do alcance da
impenhorabilidade do bem de família guarda conexão direta com o conceito de entidade familiar,
decidindo o magistrado pela interpretação que melhor atende as exigências do bem comum,
estendendo o conceito às pessoas solteiras, separadas e viúvas.
Não se confunde com a interpretação jurisprudencial ou judicial, aquela fixada pelos tribunais
Letra d.

020. (DPE/TO/2013/CESPE/CEBRASPE/DEFENSOR PÚBLICO/ADAPTADA) Com relação à


interpretação do direito, julgue o item a seguir.
A interpretação autêntica é a que se realiza pelo próprio legislador.

É isso mesmo! Interpretação autêntica ou legislativa é aquela feita pelo próprio legislador, por
outro ato. Este, reconhecendo a ambiguidade da norma, vota uma nova lei, destinada a escla-
recer a sua intenção.
Certo.

021. (DPE/TO/2013/CESPE/CEBRASPE/DEFENSOR PÚBLICO/ADAPTADA) Com relação à


interpretação do direito, julgue o item a seguir.
Consoante o sistema da livre pesquisa, o direito só pode ser interpretado com base na lei.

De acordo com a teoria da livre pesquisa do direito, o juiz deve ter função criadora na aplicação
da norma, que deve ser interpretada em função das concepções jurídicas morais e sociais de
cada época.
Errado.

022. (DPE/SP/2010/FCC/DEFENSOR PÚBLICO) Em sua teoria do ordenamento jurídico,


Norberto Bobbio estuda os aspectos da unidade, da coerência e da completude do ordenamen-

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to. Relativamente ao aspecto da coerência do ordenamento jurídico, “a situação de normas


incompatíveis entre si” refere-se ao problema
a) das antinomias.
b) da analogia.
c) do espaço jurídico vazio.
d) das lacunas.
e) da incompletude.

Correta a alternativa A! A situação de normas incompatíveis entre si” refere-se ao problema das
antinomias.
Antinomias são as contradições, reais ou aparentes, entre normas jurídicas. Na lição de Maria
Helena Diniz, a antinomia é:

[...] o conflito entre duas normas, dois princípios, ou de uma norma e um princípio geral de direito
em sua aplicação prática a um caso particular. É a presença de duas normas conflitantes, sem que
se possa saber qual delas deve ser aplicada ao caso singular (DINIZ, 2003, p. 471).

Letra a.

023. (ALE/AP/2020/FCC/ADVOGADO LEGISLATIVO) Sobre direito subjetivo, é correto afirmar:


a) “O direito considerado na vida real, envolvendo e penetrando por todos os lados nosso ser,
nos aparece como um poder do indivíduo. Nos limites desse poder, reina a vontade do indivíduo,
e reina com o consentimento de todos.” (SAVIGNY. In: Sistemas del Derecho Romano Actual,
§ IV, 1º volume, p. 25 apud MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito. 25.ed.,
São Paulo: RT, p. 437).
b) A expressão direito subjetivo pode ser utilizada como sinônimo de ordenamento jurídico.
c) Quando se afirma que todos têm direito à proteção das relações de consumo se está a referir
ao direito subjetivo.
d) O direito subjetivo garante os direitos objetivos e pode ser denominado facultas agendi ou
como right em oposição a law.
e) O direito subjetivo é garantido pelos direitos objetivos e pode ser denominado como norma
agendi ou como law em oposição a right.

a) Certa. A questão aborda a teoria da vontade do direito subjetivo na visão de Savigny, devida-
mente estudada em nossa aula.
Conforme Savigny, a vontade do sujeito é o elemento essencial e característico do direito sub-
jetivo, este entendido como o poder da vontade. Para esta teoria, o direito subjetivo é o poder
originário da vontade humana, reconhecido pela ordem jurídica.

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b) Errada. A expressão direito objetivo é que pode ser utilizada como sinônimo de ordenamen-
to jurídico.
Como visto, o direito objetivo está relacionado à positividade, é o direito posto, isto é, a própria
norma ou o conjunto de normas de conduta positivadas.
c) Errada. Quando se afirma que todos têm direito à proteção das relações de consumo, con-
forme se extrai do art. 5º, XXXII, da CF/1988, se está a referir ao direito objetivo (norma agendi).
Vejamos como disciplina o texto constitucional:

XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

d/e) Erradas. Caio Mário explica que o direito objetivo traduz o “comando estatal, a norma
de ação ditada pelo poder público, e é nesta acepção que se repete secularmente que ius est
norma agendi”, ao passo que o direito subjetivo abrange “o poder de ação contido na norma,
a faculdade de exercer em favor do indivíduo o comando emanado do Estado, definindo-se ius
facultas agendi”.
Na linguagem jurídica inglesa dispõe-se da palavra right quando se quer designar o direito
(subjetivo), o direito de um determinado sujeito, para o distinguir da ordem jurídica, do Direito
objetivo, da law.

Direito Objetivo Direito Subjetivo


Pode ser denominado como norma agendi ou como law Pode ser denominado como facultas agendi ou como
em oposição a right. right em oposição a law.

Letra a.

024. (PGE/RJ/2012/PGE/RJ/TÉCNICO SUPERIOR: BIBLIOTECÁRIO) Chama-se de direi-


to objetivo:
a) o conjunto de normas jurídicas que regulam a vida de certa sociedade.
b) o conjunto das normas que não deixam margem à interpretação.
c) a faculdade de agir imediatamente,
d) o conjunto de normas que estabelecem objetivos a serem alcançados no futuro.

Perfeita a alternativa A! Chama-se de direito objetivo o conjunto de normas jurídicas que regu-
lam a vida de certa sociedade
O direito objetivo (norma agendi) está relacionado à positividade, é o direito posto, ou seja,
aquele contido em normas jurídicas. Pode-se dizer que o direito objetivo é a própria norma ou
o conjunto de normas de conduta positivadas.
Letra a.

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025. (TRT 9ª REGIÃO (PR)/2012/ESPP/JUIZ DO TRABALHO) Considerando a teoria do Direito


Civil acerca das locuções “direito objetivo” e “direito subjetivo”, assinale a alternativa incorreta:
a) O direito subjetivo associa-se à noção de “facultas agendi”.
b) Visto como um conjunto de normas que a todos se dirige e a todos vincula, temos o “direito
subjetivo”.
c) Direito subjetivo é a prerrogativa de invocação da norma jurídica, pelo titular, na defesa do
seu interesse.
d) Visto sob o ângulo subjetivo, o direito é o interesse juridicamente tutelado (Ihering).
e) O direito objetivo refere-se a um conjunto de regras que impõem à conduta humana certa
direção ou limite. Ele descreve condutas obrigatórias e comina sanções pelo comportamento
diverso dessa descrição

Somente a alternativa B está INCORRETA, afinal é o direito objetivo (e não o direito subjetivo!)
que se define como um conjunto de normas que a todos se dirige.
Letra b.

026. (CÂMARA DE FORTALEZA/CE/2019/FCC/REDATOR) Tem o direito, como direito “sub-


jetivo” (ou seja, o direito de um determinado sujeito), de ser distinguido da ordem jurídica,
como Direito “objetivo”. Na linguagem jurídica inglesa dispõe-se da palavra right quando se
quer designar o direito (subjetivo), o direito de um determinado sujeito, para o distinguir da
ordem jurídica, do Direito objetivo, da law.
(KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 8.ed., São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 140 e 141)

Tendo em vista o texto acima, é correto o que se afirma em:


a) A legislação escrita é direito objetivo e a pretensão jurídica de um sujeito de direito, amparada
numa norma estatal, pode ser compreendida como direito subjetivo.
b) O dever jurídico é a expressão máxima do direito objetivo.
c) O direito subjetivo não pressupõe a existência de normas jurídicas, de direitos objetivos.
d) Se toda norma jurídica é direito objetivo, somente será direito objetivo a lei emanada do Poder
Legislativo.
e) Direito objetivo e subjetivo são compreendidos como conceitos idênticos.

Sabendo que o direito objetivo (norma agendi) é o direito posto, ou seja, aquele contido em
normas jurídica, definindo-se como a própria norma ou o conjunto de normas de conduta posi-
tivadas e o direito subjetivo é a faculdade de se exercer, em favor do titular, o comando contido
na norma, façamos a análise das alternativas:

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a) Certa. É isso mesmo. A legislação escrita pode ser conceituada como o direito objetivo e a
pretensão jurídica de um sujeito de direito, amparada numa norma estatal, pode ser compreen-
dida como direito subjetivo.
b) Errada. Considerando o trecho da obra de Hans Kelsen apresentado no enunciado da questão,
não há como se afirmar o dever jurídico como expressão máxima do direito objetivo.
c) Errada. O direito subjetivo pressupõe a existência de normas jurídicas, de direitos objetivos.
d) Errada. Ainda que toda norma jurídica se enquadre como direito objetivo, não se pode afirmar
que será direito objetivo apenas a lei emanada do Poder Legislativo. Em verdade, a depender do
sistema de direito adotado, certo falar que o direito objetivo é a norma, seja legal ou costumeira,
que contém e regula o poder de ação do indivíduo.
e) Errada. De forma alguma. Direito objetivo e subjetivo não são conceitos idênticos.
Letra a.

027. (PREFEITURA DE PASSIRA/PE/2021/CONTEMAX/PROCURADOR JURÍDICO MUNICI-


PAL) Os caminhos jurídicos do direito brasileiro comportam a via participativa, onde se busca
a articulação de indivíduos de diversos setores em direção a um determinado objetivo político,
este que deve estruturar legislativa e moralmente as normas constitucionais. Todavia, tal ne-
cessidade vem sendo negligenciada ao longo de anos, não exclusivamente no Brasil, surgindo
a urgência de expressamente declarar a aplicabilidade imediata das normas constitucionais, a
exemplo da constituição portuguesa e a Lei Fundamental Alemã. Assim, mecanismos jurídicos
e institucionais são criados para dizer o óbvio: que normas constitucionais são aplicáveis.
Mesmo em caso de omissão destas, sobretudo ao se falar de lei, o Poder Judiciário, na im-
portância de sua posição para a integração das normas constitucionais nas práticas diárias
dos outros Poderes, pode garantir a aplicabilidade das normas da Carta Magna.
Considerando as informações acima, bem como a legislação relativa ao tema, assinale a alter-
nativa que expresse corretamente quais são os outros artifícios hermenêuticos para garantir a
aplicabilidade das normas constitucionais em caso de omissão legislativa:
a) analogia, costumes e efetividade.
b) efetividade, costumes e princípios gerais do direito.
c) analogia, determinação conceitual e princípios gerais do direito.
d) analogia, costumes e princípios gerais do direito.
e) analogia, efetividade e determinação conceitual.

A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) estabelece que, quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito.

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Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.

Letra d.

028. (PREFEITURA DE CAMPO GRANDE/MS/2019/CESPE/CEBRASPE/PROCURADOR MU-


NICIPAL) Considerando as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
julgue os itens a seguir.
Diante de omissão legal, o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito, visando atender aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum.

Definem os artigos 4º e 5º da LINDB que:

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.

Certo.

029. (CÂMARA DE SERRANA/2019/VUNESP/ANALISTA LEGISLATIVO) Segundo a Lei de


Introdução às normas do Direito Brasileiro, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito na seguinte situação:
a) quando o caso for regido por lei temporária.
b) quando se tratar de direito estrangeiro.
c) se a lei for injusta.
d) se o juiz não concordar com o texto da lei.
e) quando a lei for omissa.

Segundo a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, art. 4º, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito quando a lei for omissa.
Vejamos:

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.

Letra e.

030. (CRF/PR/2019/QUADRIX/ADVOGADO) Com relação às formas de integração da norma


jurídica, assinale a alternativa correta.

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a) Para o direito civil constitucional, a lacuna ensejadora de integração não é somente a norma-
tiva, mas também a ontológica, axiológica ou antinômica.
b) A analogia consiste em interpretação extensiva, isto é, no alargamento da norma existente
para contemplar hipótese não expressa, mas implícita, na lei.
c) Os costumes veiculam práticas que, ainda quando contrariem a lei, merecem ser levadas em
conta devido à sua reiteração social.
d) Os princípios gerais de direito não possuem eficácia normativa, mas podem funcionar como
elemento de persuasão argumentativa na defesa de uma determinada interpretação da lei lacônica.
e) A jurisprudência é fonte do direito e meio de preenchimento de lacunas.

a) Certa. Na doutrina de Maria Helena Diniz, a lacuna ensejadora de integração pode ser clas-
sificada em normativa, ontológica, axiológica ou antinômica, de modo que:
• Lacuna normativa: ausência total de norma prevista para um determinado caso concreto.
• Lacuna ontológica: presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia
social.
• Lacuna axiológica: presença de norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja
insatisfatória ou injusta.
• Lacuna de conflito ou antinomia: choque de duas ou mais normas válidas, pendente de
solução no caso concreto.86
b) Errada. Analogia é valer-se da disciplina legal de uma determinada situação para aplica-la a
uma situação semelhante. Pode ser:
a) Legal: quando o operador do direito se vale de norma jurídica para a integração da lei; ou
b) Jurídica: quando, não existindo norma que regule situação semelhante, o julgador extrai do
conjunto de normas existentes uma conclusão coerente.
c) Errada. Os costumes veiculam práticas que contrariem a lei (costumes contra legem) não
podem ser utilizados e aplicados às relações sociais, não sendo considerados fontes do direito.
d) Errada. Os princípios gerais de direito possuem eficácia normativa, podendo também funcio-
nar como elemento de persuasão argumentativa na defesa de uma determinada interpretação
da lei lacônica.
Flávio Tartuce leciona que:

Deve-se reconhecer eficácia normativa aos princípios, inclusive imediata em alguns casos, parti-
cularmente naqueles que envolvem os direitos fundamentais da pessoa, ou de personalidade. Isso
porque com o Estado Democrático de Direito houve a transposição dos princípios gerais de direito
para princípios constitucionais fundamentais.87

86
DINIZ, Maria Helena. As lacunas no direito. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 95.
87
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.

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e) Errada. A jurisprudência não é considerada meio de preenchimento de lacunas (forma de


integração do ordenamento jurídico).
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) estabelece que, quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito.
A integração também pode ser feita pela equidade, desde que expressamente autorizado por
lei. A equidade, em suma, seria a realização do sentimento do justo no caso concreto.
Letra a.

031. (PREFEITURA DE SÃO BENTO DO SUL/2019/INSTITUTO AOCP/ADVOGADO/ADAPTA-


DA) O ordenamento jurídico, segundo Bobbio (2011, p. 43), constitui um “complexo orgânico
de normas”. As leis são promulgadas, passam a ter vigência e deixam, em algum momento, de
vigorar. Ainda, quando verificada uma lacuna normativa, cabe ao intérprete aplicar as fontes
supletivas de normas conforme as metodologias de integração normativa para preencher essa
lacuna. Sobre a aplicação temporal e integração das normas, julgue o item a seguir.
No método analógico de integração normativa, o magistrado aplicará ao caso concreto a norma
jurídica prevista para situação semelhante, dada a identidade de razões ou de finalidade.

Analogia é valer-se da disciplina legal de uma determinada situação para aplica-la a uma situa-
ção semelhante. Pode ser:
a) Legal: quando o operador do direito se vale de norma jurídica para a integração da lei; ou
b) Jurídica: quando, não existindo norma que regule situação semelhante, o julgador extrai do
conjunto de normas existentes uma conclusão coerente.
Certo.

032. (CÂMARA DE BELO HORIZONTE/2018/INSTITUTO CONSULPLAN/PROCURADOR) “A Lei


de Introdução às Normas do Direito Brasileiro estatui expressamente que quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com __________________.” Assinale a alternativa que
NÃO completa corretamente a afirmativa anterior.
a) analogia
b) costumes
c) princípios gerais do direito
d) fins sociais a que a lei se dirige

A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro estatui expressamente que quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito.

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Vejamos:

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.

Letra d.

033. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ/2018/FEPESE/PROFESSOR DE DIREITO) O conjunto de


princípios e regras que regem a vida social de determinado povo em determinada época é
chamado de:
a) Direito securitário.
b) Direito cosmopolita.
c) Direito contemporâneo.
d) Direito naturalista.
e) Direito positivo.

A questão está se referindo ao direito positivo, o conjunto de regras elaborados e vigentes num
determinado país em determinada época, são as normas, as leis, todo o sistema normativo
posto, ou seja, vigente no país.
Letra e.

034. (DEMAE/2017/UFG/PROCURADOR AUTÁRQUICO) Em casos omissos, obedecendo ao


previsto na Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro ou Lei de Introdução ao Código
Civil, Decreto-Lei n. 4.657/1942, o juiz decidirá o caso de acordo com
a) a doutrina, a analogia e as circunstâncias do caso concreto.
b) a moral, a ética e os princípios gerais de direito.
c) a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
d) os costumes, a boa-fé e as circunstâncias do caso concreto.

Em casos omissos, obedecendo ao previsto na Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro,


o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Nesse sentido:

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.

Letra c.

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035. (PREFEITURA DE FORTALEZA/CE/2017/CESPE/CEBRASPE/PROCURADOR DO MUNI-


CÍPIO) A respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, das pessoas naturais
e jurídicas e dos bens, julgue o item a seguir.
Utiliza a analogia o juiz que estende a companheiro(a) a legitimidade para ser curador conferida
a cônjuge da pessoa ausente.

Muito cuidado para não confundir analogia com interpretação extensiva.


A analogia se dá quando uma norma, estabelecida para uma determinada situação fática, é
aplicável a uma conduta para qual não há norma, havendo entre ambos os supostos fáticos
uma semelhança.
Noutra via, a interpretação extensiva parte de uma norma existente na sua própria letra ou
explicitamente no seu espírito, ampliando o seu alcance.
Conforme lição de Flávio Tartuce:

Não se pode confundir a aplicação da analogia com a interpretação extensiva. No primeiro caso,
rompe-se com os limites do que está previsto na norma, havendo integração da norma jurídica. Na
interpretação extensiva, apenas amplia-se o seu sentido, havendo subsunção. 88

Errado.

036. (TRT 6ª REGIÃO/2015/FCC/JUIZ DO TRABALHO/ADAPTADA) De acordo com a Lei


de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, na hierarquia, interpretação e integração da
lei, julgue o item a seguir:
A equidade constitui meio integrativo pelo qual se supre a lacuna da lei, empregando-se sempre
que o juiz considerar a hipótese concreta como passível de sua aplicação nos autos.

A integração também pode ser feita pela equidade, desde que expressamente autorizado por
lei. Portanto, não será utilizada sempre que o juiz considerar adequada a sua aplicação, mas
apenas quando a lei expressamente autorizar.
Errado.

037. (TRT 6ª REGIÃO/2015/FCC/JUIZ DO TRABALHO/ADAPTADA) De acordo com a Lei


de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, na hierarquia, interpretação e integração da
lei, julgue o item a seguir:
Nos mecanismos de integração do sistema jurídico, a analogia figura em primeiro lugar, con-
substanciando-se no fundamento pelo qual a situações semelhantes deve-se aplicar a mesma
regra de direito.

88
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.

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De fato, em uma visão clássica defende-se que a ordem estabelecida no art. 4º da LINDB deve
ser rigorosamente obedecida.
Destarte, quando a lei for omissa o juiz deverá recorrer aos seguintes métodos de integração,
nessa sequência:
1. Analogia;
2. Costumes; e
3. Princípios gerais de direito.
Certo.

038. (CÂMARA DE TERESINA/2021/INSTITUTO AOCP/ASSESSOR JURÍDICO LEGISLATI-


VO) Sobre a vigência e a aplicação da lei no tempo e no espaço, assinale a alternativa correta.
a) A Lei em vigor terá efeito mediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adqui-
rido e a coisa julgada.
b) Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, inicia-se
sessenta dias depois de oficialmente publicada.
c) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.
d) Salvo disposição em contrário, a lei revogada se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.
e) As correções a texto de lei já em vigor não se consideram lei nova.

a) Errada. Conforme o art. 6º da LINDB: “Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, res-
peitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. “
b) Errada. Conforme o art. 1º, § 1º, da LINDB: “§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade
da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.”
c) Certa. Está de acordo com o art. 2º, § 2º, da LINDB: “§ 2º A lei nova, que estabeleça disposi-
ções gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.”
d) Errada. Conforme o art. 2º, § 3º, da LINDB: “3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada
não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.”
e) Errada. Conforme o art. 1º, § 4º, da LINDB: “§ 4º As correções a texto de lei já em vigor con-
sideram-se lei nova.”
Letra c.

039. (MPE/GO/2019/MPE/GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Sobre a vigência das normas no


Direito Brasileiro, disciplinada pelo Decreto-Lei n. 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro), é incorreto afirmar:
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a) Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois
de oficialmente publicada, contudo, nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira,
quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
b) Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revo-
gue, sendo certo que a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
Ademais, a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.
c) O entendimento de que, quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito, não constitui norma formal no Direito
Brasileiro, mas um princípio norteador da atuação do magistrado.
d) A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
e a coisa julgada, sendo que, de acordo com a definição legal, reputa-se ato jurídico perfeito o
já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.

a) Certa. Está de acordo com o art. 1º, caput e § 1º, da LINDB:

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada.
[...]

b) Certa. Está de acordo com o art. 2º da LINDB:

Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incom-
patível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.
§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.

c) Errada. O entendimento de que, quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com
a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito está positivado no art. 4º da LINDB,
constituindo norma formal no Direito Brasileiro.
d) Certa. Está de acordo com o art. 6º, caput e § 1º da LINDB:

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito ad-
quirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se
efetuou.

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§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exer-
cer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

Letra c.

040. (MPE/MG/2021/MPE/MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/ADAPTADA) Julgue


o item a seguir.
A ideia da “desconstitucionalização” reconhece a recepção de preceitos constitucionais an-
teriores, porém na condição de direito ordinário, e desde que compatíveis com a nova ordem
constitucional.

É isso mesmo! A tese da desconstitucionalização preceitua que diante da edição de uma nova
Constituição, normas da Constituição revogada continuariam vigentes, porém com status de
norma infraconstitucional.
Certo.

041. (TJ/MG/2019/CONSULPLAN/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/


PROVIMENTO) O processo legislativo, consagrado no texto constitucional, consiste no conjunto
coordenado de disposições que disciplinam o procedimento a ser estabelecido pelos órgãos
competentes na produção de leis e atos normativos que derivam diretamente da própria cons-
tituição. Todavia, diante de uma nova ordem constitucional, normas anteriormente vigentes
podem ou não receber enquadramento jurídico diverso daquele que dispunham anteriormente.
A respeito do advento de uma nova ordem constitucional, assinale a alternativa correta.
a) Repristinação é o fenômeno que se dá quando uma norma revogadora de outra anterior, que,
por sua vez, tivesse revogado outra mais antiga, recoloca esta última novamente em estado de
produção de efeitos.
b) Recepção consiste no acolhimento, pela nova Carta Constitucional, de leis e atos normativos
vigentes na ordem constitucional anterior, mas sobre os quais subsistia dúvida ou insegurança
jurídica quanto à sua validade ou constitucionalidade.
c) Desconstitucionalização decorre da manutenção em vigor, perante a nova ordem jurídica, da
Constituição anterior, que, porém, perde sua hierarquia constitucional para operar como legis-
lação, mas, ocupando posição hierárquica superior à legislação comum.
d) Convalidação consiste no acolhimento que uma nova constituição dá às leis e atos norma-
tivos editados sob a égide da Carta anterior, desde que compatíveis consigo, recebendo ma-
terialmente tais leis e atos normativos, como também lhe assegurando conformidade à nova
sistemática vigente.

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a) Certa. Repristinação é a restauração da eficácia de norma revogada em virtude da perda de


vigência da norma revogadora. No nosso ordenamento, a repristinação não é admitida como
regra, depende de expressa previsão.
b) Errada. A recepção ocorre quando a nova ordem constitucional inaugurada recebe a nor-
matividade infraconstitucional que lhe é perfeitamente compatível, ainda que tal acolhimento
possa ocorrer a partir de uma nova “roupagem normativa”. A recepção não se dedica à recepção,
tão-somente, dos atos sobre os quais pairem dúvidas acerca da sua validade ou inconstituciona-
lidade. Em verdade, toda a legislação infraconstitucional anterior é acolhida pelo Texto Magno,
se com ele materialmente compatível.
c) Errada. Desconstitucionalização (que depende de expressa previsão) é o fenômeno pelo qual
as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem
em vigor, mas com o status de lei infraconstitucional (e não com posição hierárquica superior
à legislação comum).
d) Errada. Esse é o fenômeno da recepção.
Letra a.

042. (CREA/GO/2019/QUADRIX/ADVOGADO) A respeito da eficácia da lei no tempo e do


conflito de normas, julgue os itens 94 e 95.
Uma lei ordinária incompatível com a ordem constitucional superveniente é considerada como
não recepcionada, não havendo que se falar em inconstitucionalidade superveniente.

As normas infraconstitucionais editadas na vigência de Constituição pretérita que forem mate-


rialmente compatíveis com a nova ordem constitucional são por ela recepcionadas. A recepção
dependerá somente de uma compatibilidade material. A compatibilidade formal não é necessária
e a nova “forma” será conferida pelo que dispuser a nova Constituição.
Por seu turno, as normas infraconstitucionais editadas na vigência da Constituição pretérita
que forem materialmente incompatíveis com a nova Constituição são por ela revogadas (não
recepcionadas). Há aqui uma revogação tácita e automática. A nova Constituição não precisa
detalhar os dispositivos que com ela são incompatíveis. Essa análise caberá aos operadores
do direito. O STF rechaça a tese da inconstitucionalidade superveniente.
Certo.

043. (IMESF/2019/FUNDATEC/ASSESSOR JURÍDICO) Quando a lei ordinária, publicada sob


o regime constitucional revogado, mantém a sua validade frente a promulgação de uma nova
constituição, ocorre a aplicação da teoria da:

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a) Recepção.
b) Hierarquia constitucional.
c) Força normativa da constituição.
d) Repristinação.
e) Adequação constitucional.

Quando a lei ordinária, publicada sob o regime constitucional revogado, mantém a sua validade
frente a promulgação de uma nova constituição, ocorre a aplicação da teoria da recepção.
As normas infraconstitucionais editadas na vigência de Constituição pretérita que forem mate-
rialmente compatíveis com a nova ordem constitucional são por ela recepcionadas.
Letra a.

044. (CLDF/2018/FCC/CONSULTOR LEGISLATIVO) Considere, hipoteticamente, que em


determinado Estado nacional seja promulgada nova Constituição, na qual estejam contem-
pladas as seguintes disposições:
I – Permanecem válidos e consideram-se vigentes, com o caráter de lei ordinária, os dispositivos
da Constituição anterior que não contrariem esta Constituição.
II – As leis ordinárias promulgadas anteriormente à entrada em vigor desta Constituição man-
têm-se válidas e em vigor naquilo em que não sejam contrárias a esta Constituição.
As disposições em questão referem-se, respectivamente, aos fenômenos da
a) recepção de normas constitucionais e desconstitucionalização.
b) desconstitucionalização e recepção.
c) repristinação e recepção.
d) desconstitucionalização e repristinação.
e) recepção de normas constitucionais e repristinação.

As disposições em questão referem-se, respectivamente, aos fenômenos da desconstitucio-


nalização e recepção.
A tese da desconstitucionalização preceitua que diante da edição de uma nova Constitui-
ção, normas da Constituição revogada continuariam vigentes, porém com status de norma
infraconstitucional.
Por seu turno, pelo fenômeno da recepção tem-se que as normas infraconstitucionais editadas
na vigência de Constituição pretérita que forem materialmente compatíveis com a nova ordem
constitucional serão por ela recepcionadas.
Letra b.

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Teoria Geral do Direito e da Política
Teoria Geral do Direito
Renato Borelli

045. (PREFEITURA DE PINHAIS/2017/INSTITUTO AOPC/PROCURADOR) Relacione as


colunas e assinale a alternativa com a sequência correta.
1. Desconstitucionalização.
2. Recepção.
3. Repristinação Tácita.
4. Mutação Constitucional.
( ) Fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova
ordem, permanecem em vigor, mas com o status de lei infraconstitucional.
( ) Consiste na restauração automática da vigência de norma efetivamente revogada.
( ) Ocorre quando a norma infraconstitucional anterior é materialmente compatível com o novo
texto constitucional.
( ) Processo informal de alteração do conteúdo da Constituição sem a modificação de seu texto.
a) 1 – 2 – 3 – 4.
b) 2 – 4 – 1 – 3.
c) 2 – 3 – 1 – 4.
d) 3 – 4 – 2 – 1.
e) 1 – 3 – 2 – 4.

A sequência correta é 1 – 3 – 2 – 4.
Vejamos:
(1) Desconstitucionalização: fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que
compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com o status de lei infraconstitucional.
(3) Repristinação Tácita: consiste na restauração automática da vigência de norma efetiva-
mente revogada.
(2) Recepção: ocorre quando a norma infraconstitucional anterior é materialmente compatível
com o novo texto constitucional.
(4) Mutação Constitucional: processo informal de alteração do conteúdo da Constituição sem
a modificação de seu texto.
Letra e.

046. (MPE/BA/2014/INSTITUTO AOCP/ASSISTENTE TÉCNICO) Quanto ao Estado, à Política


e à Cidadania, assinale a alternativa INCORRETA.
a) O Estado é composto pelos elementos materiais e pelo elemento formal.
b) São elementos materiais do Estado a população e o Território.
c) O sufrágio universal não deve encontrar guarida no Estado Democrático de Direito.
d) A soberania é característica do Estado.
e) A política relaciona-se com a cidade, com o cidadão e os modos de organização do espaço
público e do convívio social.

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a) Certa. O Estado, nação política organizada, pode ser vislumbrado sempre que presentes três
elementos:
a) Povo: é o seu componente humano, demográfico;
b) Território: é a sua base física, geográfica;
c) Governo: é o elemento condutor do Estado, tratando-se do “conjunto das funções necessárias
à manutenção da ordem jurídica e da administração pública.” 89
Para haver um Estado perfeito, o governo deve ser soberano, não encontrando limites jurídicos
no plano interno e submetendo-se no plano internacional às regras voluntariamente aceitas.
Nesse sentido, correto afirmar ser o Estado composto pelos elementos materiais:
a) Elementos materiais: povo e território; e
b) Elemento formal: as leis constitucionais. É dizer, o Direito Constitucional stricto sensu.
De acordo com Paulo Bonavides, o Estado possuí inerentes a si, elementos, que podem ser de
Ordem Material ou Formal.
Os de “ordem formal” correspondem ao poder político, ao passo que os “ordem material”
abrangeria o elemento humano, que se qualifica em graus distintos, como população, povo e
nação, isto é, em termos demográficos, jurídicos e culturais, bem como o elemento território.
Aprofundando o tema, interessante apontar que alguns autores, a exemplo de Antônio Sebastião
de Lima, sustenta uma teoria de cinco elementos do Estado, quais sejam: (1) povo; (2) território;
(3) governo; (4) finalidade – os denominados elementos materiais – e (5) direito constitucional,
que seria o elemento formal.
Nas palavras do autor:

“O Estado, produto da cultura humana, sociedade política, instituição política... tem matéria e forma.
Os elementos essenciais que lhe dão existência são o povo, o território, o governo e a finalidade.
Esses elementos, em conjunto, são a estrutura do Estado, a sua constituição material. As regras
que estabelecem os vínculos de organização e funcionamento entre esses elementos são a cons-
tituição formal do Estado, o seu direito constitucional escrito ou consuetudinário.” (LIMA, 1998,
p. 35) (negritos nossos).

b) Certa. Vide comentários da alternativa A.


c) Errada. De forma alguma, inviável pensar em um Estado que se proclame em Democrático e
de Direito e que não tutele o direito ao sufrágio universal.
d) Certa. O governo é um dos elementos do Estado e para que este seja perfeito é necessário
que seja soberano. Logo, correto apontar a soberania é característica do Estado.

89
BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional: Tomo I – Teoria da Constituição.
Coleção Sinopses para Concursos. 7ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODVIM. 2017. p. 36.

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e) Certa. Perfeito, é isso mesmo. A política relaciona-se com a cidade, com o cidadão e os mo-
dos de organização do espaço público e do convívio social. Pode ser entendida como o ramo
do conhecimento que tem por conteúdo as relações interpessoais na sociedade e as decisões
públicas, tomadas por aqueles que administram a coisa pública. Em outras palavras, política
seria a gestão dos negócios da comunidade.
Letra c.

047. (MPOG/2009/ESAF/ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNA-


MENTAL) O termo Política diz respeito ao funcionamento do Estado e ao exercício do poder.
Quanto à sua origem, está correto afirmar que:
a) foi criado por Maquiavel.
b) tem sua origem na Revolução Francesa.
c) deriva da palavra grega pólis.
d) surgiu com a formação dos partidos políticos.
e) resultou das disputas dinásticas na antiguidade.

A palavra política tem origem na palavra grega pólis, e se refere ao que é urbano, civil, público,
enfim, ao que é da cidade (da pólis).
Correta, portanto, a alternativa C.
Letra c.

048. (DPU/2017/CESPE/CEBRASPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Em relação ao conceito


de ciência política e à legitimidade do poder político, julgue o item a seguir.
De forma geral, define-se ciência política como toda interpretação de fenômenos políticos
fundada na observação dos fatos e na argumentação racional, em oposição às afirmações
derivadas do senso comum.

Na lição de Norberto Bobbio, ciência política é entendida como “qualquer estudo dos fenôme-
nos e das estruturas políticas, conduzido sistematicamente e com rigor, apoiado num amplo
e cuidadoso exame dos fatos expostos com argumentos racionais. Nesta acepção, o termo
‘ciência política’ é utilizado dentro do significado tradicional como oposto à ‘opinião’.”
Certo.

049. (PREFEITURA DE COLÔNIA LEOPOLDINA/AL/2019/ADM&TEC/SOCIÓLOGO) Leia as


afirmativas a seguir:
I – A Ciência Política recorre a diversas outras áreas do conhecimento humano, como a Econo-
mia, o Direito e a Sociologia.

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II – No Brasil, é ilegal a adoção de pena de trabalhos forçados.


Marque a alternativa CORRETA:
a) As duas afirmativas são verdadeiras.
b) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
c) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
d) As duas afirmativas são falsas.

As duas afirmativas são verdadeiras.


I – Certa. Realmente, a Ciência Política, enquanto campo multidisciplinar, no desenvolvimento
dos seus estudos, recorre a diversas outras áreas do conhecimento humano, a exemplo da
Economia, do Direito e da Sociologia.
II – Certa. De acordo com o art. 5º, XLVII, da CF/1988:

XLVII – não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Letra a.

050. (CÂMARA MUNICIPAL DE ABAETETUBA/PA/2018/FADESP/AGENTE LEGISLATIVO/


ADAPTADA) Sobre as noções básicas de política é correto afirmar o seguinte:
A política tem uma única dimensão: a escolha dos parlamentares por meio do processo eleitoral,
que leva ao exercício do poder no Estado.

De forma alguma! A política, conforme estudado no decorrer desta, pode ser definida como o
ramo do conhecimento voltado a investigar a melhor forma de governo para o estabelecimento
do bem comum, estando associada a gestão dos negócios da comunidade, não se limitando,
portanto, a mera a escolha dos parlamentares por meio do processo eleitoral.
Errado.

051. (SEPLAG/2018/IBFC/ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS) (...) Aquele que quer


governar a multidão, sob uma forma republicana ou monárquica, deve saber com certeza
quais os que são inimigos da nova ordem. Sem isso o governo terá uma existência efêmera.
(...) Tendo a multidão por inimiga, são obrigados, para afirmar seu poder, a empregar meios
extraordinários. De fato, aquele que tem número reduzido de inimigos pode saber com certe-

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za o seu número sem grande trabalho ou esforço, enquanto que aquele que é objeto do ódio
geral nunca tem certeza de nada, e, tanto mais se mostra cruel, tanto mais enfraquece seu
próprio poder. Assinale a alternativa correta, respectivamente quanto ao autor e a sua obra.
a) Max Weber, Ciência e Política, duas vocações
b) August Comte, Apelo aos Conservadores
c) Émile Durkheim, As Formas Elementares da Vida Religiosa
d) Nicolau Maquiavel, O Príncipe

Acredito que não tenha sido difícil responder à questão. Trata-se de trecho extraído da obra “O
Príncipe”, de Nicolau Maquiavel.
Letra d.

052. (IFB/2019/IFB/PROFESSOR) A Filosofia Política quando discutida com os estudantes


é de grande valia para desenvolver o espírito de cidadania. Um clássico desta discussão é
a obra “O Príncipe” de Maquiavel [...]. No Capítulo VIII o filósofo trata “Dos que chegaram ao
principado pelos crimes”. Segundo o pensamento do autor qual das afirmações abaixo está
CORRETA em relação ao tema em tela?
a) Ao conquistar um Estado, precisa o conquistador ter em mente o mal que terá que executar
continuamente, embora tenha que parecer bom.
b) Um príncipe deve, sobretudo, viver com os súditos, de modo que nenhum fato, bom ou mau,
o faça mudar, pois, chegando a adversidade, não haverá tempo para o mal.
c) O príncipe deve conquistar os homens com vantagens dadas de uma só vez, pois o bem que
fizer irá favorecê-lo, de modo que todos lhe serão gratos.
d) Se bem usadas, as crueldades, que no princípio do governo podem ir aumentando paulatina-
mente, poderão com o tempo ir se extinguindo até desaparecer totalmente.
e) O príncipe deve estar sempre pronto a praticar ofensas, pois a confiança em seus súditos
poderá ser sua ruína.

Temos aqui uma boa questão. A seguir, um pequeno trecho de “O Príncipe” que irá nos ajudar
a definir a alternativa correta.

“ao apoderar-se de um Estado, o conquistador tem de determinar as ofensas, que precisa executar, e
fazê-las todas de uma vez para não ter que repeti-las todos os dias. Assim, poderá incutir confiança
nos homens e conquistar-lhes o apoio com benefícios. As ofensas devem-se fazer todas de uma
vez, a fim de que, tomando-se-lhes menos o gosto ofendam menos, e os benefícios precisam ser
realizados pouco a pouco, para serem mais bem saboreados. Principalmente, um príncipe deve
viver com seus súditos de maneira a que nenhum acidente, bom ou mau, o faça variar, pois vin-

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do com os tempos difíceis, as adversidades, não sobrará tempo a ti de fazer o mal; e o bem que
fazes não poderá beneficiar-te, pois é considerado forçado, e ninguém agradecerá a sua prática”.

Correta, portanto, a alternativa B!


Letra b.

053. (COSANPA/2017/FADESP/SOCIÓLOGO) Para Nicolau Maquiavel, o príncipe deve, para


se manter no poder
a) usar só da força.
b) ficar ocioso nos tempos de paz.
c) desconsiderar as ações dos grandes homens.
d) incorporar a arte da guerra, tanto do ponto de vista do pensamento quanto da ação, mesmo
no momento de paz.

a) Errada. Nem só da força deve se valer o príncipe para se manter no poder, mas também pela
concessão de benefícios, que “precisam ser realizados pouco a pouco, para serem mais bem
saboreados.”
b/c) Erradas. Se no pensamento maquiavélico qualquer ideia de virtude pode ser resumida como
todas ações necessárias para alcançar o poder e nele se manter, ficar ocioso nos tempos de
paz e desconsiderar as ações dos grandes homens não são ações que se esperam do príncipe,
que deve, em verdade, governar com diligência e plena atenção a tudo o que acontece, tomando
todas as providências necessárias para manter-se no poder e garantir estabilidade a cidade.
d) Certa. Conforme Maquiavel, deve o princípio “não ter outra finalidade nem outro pensamento,
nem qualquer outra atividade como prática, senão a guerra, seu regulamento e disciplina, pois
essa é a única arte que se atribui a quem comanda [...]. Não deve, portanto, o príncipe deixar de
se preocupar com a arte da guerra e praticá-la na paz”
Letra d.

054. (CL/DF/2019/FCC/CONSULTOR TÉCNICO JURÍDICO) A política não é necessária, em


absoluto – seja no sentido de uma necessidade imperiosa da natureza humana como a fome
ou o amor, seja no sentido de uma instituição indispensável do convívio humano. Aliás, ela só
começa onde cessa o reino das necessidades materiais e da força física. Como tal, a coisa
política existiu sempre e em toda parte tão pouco que, falando em termos históricos, apenas
poucas grandes épocas a conheceram e realizaram. Esses poucos e grandes acasos felizes
da História são, porém, decisivos; é só neles que se manifesta de cheio o sentido da política
e, na verdade, tanto o bem quanto a desgraça da coisa política. Com isso, eles tornam-se de-
terminantes, mas não a ponto de poder ser copiadas as formas de organização que lhes são
inerentes, e sim porque certas ideias e conceitos que se tornaram plena realidade para um

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curto período de tempo, também co-determinem as épocas para as quais seja negada uma
experiência plena com a coisa política.
(Adaptado de: ARENDT, Hannah. O que é Política? – fragmentos das obras póstumas compilados por Úrsula
Ludz. Tradução de Reinaldo Guarany, 11.ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013, pp. 50-51)

O texto acima é classificado como parte de uma obra de


a) Ciência Política.
b) História Política.
c) Análise Política.
d) Filosofia Política.
e) Sociologia Política.

O texto acima é classificado como parte de uma obra de Filosofia Política.


Letra d.

055. (MCT/2012/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA PLENO)


Acerca dos conceitos e teorias relacionados à ciência política, julgue o item a seguir.
No âmbito do domínio de um indivíduo sobre outro, conceitua-se poder como a relação entre dois
sujeitos, dos quais um impõe ao outro a própria vontade e lhe determina seu comportamento.

O conceito de poder não é uniforme, ele se molda conforme o tempo e a corrente de pensa-
mento adotada.
Robert Dahl, por exemplo, resume a definição de poder da seguinte maneira: “A exerce poder
sobre B na medida em que consegue que B faça algo que de outro modo não faria”.
Nesse sentido, correto afirmar que no âmbito do domínio de um indivíduo sobre outro, concei-
tua-se poder como a relação entre dois sujeitos, dos quais um impõe ao outro a própria vontade
e lhe determina seu comportamento.
Certo.

056. (ANTT/2013/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO) Com relação ao Estado


e sua evolução histórica, julgue o item seguinte.
A visão de Estado, no pensamento político de Locke, consiste na tríade que se estrutura, con-
forme o estado de natureza, passando pela constituição de sociedade civil, fundada no pacto
ou contrato social e desemboca no Estado Absolutista.

A visão de Estado, no pensamento político de Locke, não desemboca no Absolutismo, forma de


governo vigente na Europa entre os séculos XVI e XIX e que defendia a concentração de todo
o poder nas mãos do monarca.
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Ao contrário, Locke defende a limitação do poder através da separação deste em Poderes Exe-
cutivo, Legislativo e Judiciário, cada qual assumindo uma função essencial ao Estado.
Aliás, confrontado às ideias absolutistas, poderá ser “inviável imaginar que os homens, ao
instituir a sociedade, iriam conceder ao legislador um poder arbitrário sobre suas ações, vidas,
liberdade e posses, pois se assim o fizessem, estariam se colocando em situação muito pior
do que no estado de natureza, onde ao menos dispunham de liberdade para defender, por sua
própria força, seus direitos perante as agressões alheias”90
Errado.

057. (PREFEITURA DE SÃO PAULO/2015/VUNESP/ANALISTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS


E GESTÃO GOVERNAMENTAL) O que inicia e constitui realmente qualquer sociedade polí-
tica nada mais é senão o assentimento de qualquer número de homens livres e capazes de
maioria em se unirem e incorporarem a tal sociedade. E isto, e somente isto, deu ou poderia
dar origem a qualquer governo no mundo.
(John Locke, Dois Tratados sobre o Governo. Adaptado)

John Locke foi um importante filósofo inglês do século XVII. Esse trecho, destacado de um dos
textos do autor, discute um aspecto fundamental da ciência política contemporânea, o conceito de
a) conflito.
b) dominação.
c) hegemonia.
d) soberania.
e) legitimidade.

O trecho destacado de Locke diz respeito ao conceito de legitimidade.


O assentimento de número de homens livres em formar e incorporar uma sociedade refere-se
ao consenso existente entre estes homens para obedecer a esta sociedade política (Estado)
em formação. Logo, o consenso em torno da obediência a Estado refere-se ao conceito de
legitimidade.
Para Locke, o consentimento dos homens é o pilar capaz de conferir legitimidade ao Estado.
Letra e.

058. (CÂMARA DE BOITUVA/SP/2020/VUNESP/AGENTE ADMINISTRATIVO) A expressão


política do Estado é
a) o poder público.
b) a administração direta,

90
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. 2. ed. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 101-102.

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c) a legislação.
d) a autoridade delegada.
e) o Governo.

Governo é o conjunto de órgãos e as atividades por eles exercidas na condução política do


Estado, definindo suas diretrizes supremas com considerável discricionariedade.
Destarte, correto afirmar ser o governo a expressão política do Estado.
Letra e.

059. (PRF/2020/CESPE/CEBRASPE/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/CURSO DE FORMA-


ÇÃO) Acerca da conceituação doutrinária de sociedade civil e de Estado, julgue o item a seguir.
A conceituação moderna de Estado defende a teoria da dupla personalidade do Estado, que,
em diferentes circunstâncias, atua tanto com personalidade de direito público quanto com
personalidade de direito privado.

Encontra-se superada a teoria da dupla personalidade do Estado, segundo a qual a personali-


dade jurídica deste variaria conforme estivesse atuando sob regime de direito público ou sob
regime de direito privado.
Hodiernamente, prevalece que independentemente do regime jurídico incidente ao ato estatal
praticado, o Estado sempre terá personalidade jurídica de direito público.
Errado.

060. (PRF/2016/CESPE/CEBRASPE/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/CURSO DE FORMA-


ÇÃO) No que se refere aos conceitos de sociedade e Estado, julgue os itens que se seguem.
Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário constituem os três elementos originários e in-
dissociáveis do Estado.

Os três elementos originários e indissociáveis do Estado são: povo, território e governo.


Errado.

061. (CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014/CESPE/CEBRASPE/CONSULTOR LEGISLATIVO)


Com relação a aspectos genéricos do Estado e específicos do Estado brasileiro, julgue o item
que se segue.
Um Estado é caracterizado pela existência de um território controlado por mecanismo político
de governo cuja autoridade tem o amparo legal para a utilização de força militar.

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A formação do Estado demanda a presença de três elementos: povo, território e governo so-
berano. Sabendo que o governo é o elemento condutor do Estado, sendo dotado de poder de
coerção, correta a assertiva trazida no item.
Certo.

062. (SEPLAG/RJ/2013/CEPERJ/ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO


GOVERNAMENTAL) O que caracteriza a dimensão “pública” de uma política é a sua:
a) imperatividade
b) regularidade
c) continuidade
d) totalidade
e) publicidade

Para Maria das Graças Rua, a dimensão pública de uma política é dada pelo seu caráter jurídico
imperativo, assim políticas públicas (policy) compreendem o conjunto das decisões e ações
relativas à alocação imperativa de valores envolvendo bens públicos. Complementa dizendo
que ações e decisões privadas, ainda que sejam de interesse público não se confundem com
atividade política e com política pública.91
Letra a.

063. (CÂMARA DE PORTO VELHO/RO/2018/FADESP/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO)


De acordo com os pesquisadores do tema, a origem do Estado tem motivações distintas. Uma
delas destaca que o “Estado nasceu para regular as relações entre vencedores e vencidos”.
Identifique qual a origem dessa teoria.
a) Causas econômicas.
b) Atos de força
c) Patriarcal
d) Familiar
e) Causas patrimoniais

91
RUA, Maria das Graças. Políticas Públicas. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2009. 130 p.
______. Análise de Políticas Públicas: Conceitos Básicos. In: RUA, Maria das Graças; VALADÃO, Maria Izabel. O Estudo da
Política: Temas Selecionados. Brasília: Paralelo 15, 1998.

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Não podemos nos esquecer da teoria proposta por Thomas Hobbes, para quem, antes da vida
em sociedade, o homem vivia em anarquia e violência, no chamado estado de natureza. Era
um cenário em que não havia hierarquia, mas um constante estado de beligerância, um guer-
reando contra o outro. O estado de natureza consistia numa vida solitária, sórdida e brutal e só
foi abandonado quando, por meio de um contrato social, a soberania, antes dispersa, passou a
ser exercida pela autoridade criada (o Estado). Houve, portanto, uma transição entre o estado
de natureza e o estado de sociedade.
Letra b.

064. (CLDF/2018/FCC/CONSULTOR LEGISLATIVO) Além de absoluta e indissolúvel, a So-


berania para Rousseau possui mais duas características:
a) ser efêmera e ser impessoal.
b) ser seletiva e ser pactuada.
c) ser livre e ser a proteção da liberdade.
d) ser um dom e ser um atributo.
e) ser inalienável e ser infalível.

A soberania para Rousseau é o exercício da vontade geral. Desse modo, não poderia ser alienada
ou dividida e jamais estaria concentrada nas mãos de um homem ou de um grupo.
Para Rousseau, soberano é o corpo coletivo que expressa, através da lei, uma vontade geral.
A soberania do povo, manifestada pelo Poder Legislativo, é inalienável, isto é, não pode ser
representada. A democracia rousseauísta considera que toda a lei não ratificada pelo povo
em pessoa é nula. Nesse sentido, não há um superior, já que os depositários do poder não
são senhores do povo, mas seus oficiais, podendo ser eleitos ou destituídos conforme a
conveniência.92
Em resumo, a soberania seria absoluta, indissolúvel, inalienável e infalível.
Letra e.

065. (ABIN/2018/CESPE/CEBRASPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA) Com relação ao libera-


lismo, julgue o item que se segue.
Surgido com o objetivo de romper com a lógica política de antigos regimes, o liberalismo tem
a defesa da propriedade como um de seus conceitos basilares.

92
PINTO, Márcio Morena. Rousseau e a soberania popular.

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O Estado Liberal “centra-se na figura do indivíduo como sujeito de direito. Nesse sentido, cabe-
ria ao Estado, por meio do Direito Positivo (abstrato e geral), garantir certeza (previsibilidade)
nas relações sociais, por intermédio da compatibilização dos interesses privados de cada
um com o interesse de todos, deixando a busca da felicidade nas mãos de cada indivíduo.
A Constituição é compreendida como um mero “instrumento de governo” (como o estatuto
jurídico-político fundamental da organização da sociedade política), que organiza e limita o
Poder Político.” 93
Assim:

“(...) o Direito, sob o paradigma liberal, seria um “sistema fechado de regras”, que teria por função
de estabilizar expectativas de comportamento, determinando os limites e, ao mesmo tempo, garan-
tindo a esfera privada de cada indivíduo. Com o uso de leis gerais e abstratas, busca-se garantir,
ainda que apenas formalmente, a liberdade, a igualdade e a propriedade, de modo que todos os
sujeitos receberiam os mesmos direitos subjetivos. É por isso que os direitos e garantias funda-
mentais passam a ser entendidos como verdadeiras garantias negativas da não intervenção do
Estado na sociedade.”94

Certo.

066. (ABIN/2018/CESPE/CEBRASPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA) Com relação ao libera-


lismo, julgue o item que se segue.
Para o liberalismo, a organização política e moral do mercado é fundamental para a correção
de problemas em operações básicas de oferta e demanda.

No liberalismo defende-se a presença de um Estado mínimo, caracterizado pelo abstencionismo


e a não intervenção no mercado, de modo a deixa a “mão invisível do mercado” agir.
Errado.

067. (ABIN/2018/CESPE/CEBRASPE/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA) Com relação ao libera-


lismo, julgue o item que se segue.
Na sociedade brasileira do século XIX, o liberalismo, filosofia política voltada para garantir o direito
da propriedade e da liberdade, era princípio que garantia também a existência da escravidão.

93
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 12. ed. rev., ampl. E atual. Salvador. JusPODIVM, 2020.
p. 70-71
94
ATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade, Tutela jurisdicional e estado democrático de direito, p. 38; QUADROS DE MAGALHÃES,
José Luiz, Direito constitucional, p. 63.

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Bernardo Gonçalves explica que

“após a Primeira Guerra Mundial tem início um novo paradigma de Estado. Devemos observar que o
período do Estado Liberal gerou “a maior exploração do homem pelo homem de que se tem notícia
na história da humanidade”. Nesses termos, temos jornadas de trabalho de 15 a 17 horas por dia,
idosos, crianças e mulheres em rodízio nos postos de trabalho, remunerações aviltantes levando
ou conduzindo milhões de desvalidos à completa miséria, além de uma fortíssima repressão a
qualquer tipo de protestos, bem como um exército de mão de obra de reserva criado nas periferias,
em condições degradantes. Esse cenário levou à eclosão de um sem-número de questionamentos
e movimentos sociais (socialismo utópico, científico e anarquistas).” 95

Certo.

068. (COSANPA/2017/FADESP/SOCIÓLOGO) Para John Locke, o poder legislativo é o mais


importante dos poderes
a) e deve funcionar continuamente.
b) como forma de manter o pacto social.
c) para impedir a insurreição, mesmo que não obedeça ao pacto.
d) para garantir sempre o poder da sociedade política, mesmo que o pacto não seja mantido.

Para John Locke, o poder legislativo é o mais importante dos poderes como forma de manter
o pacto social.
Para o filósofo inglês:

“Esse poder legislativo não é somente o poder supremo da comunidade, mas sagrado e inalterável
nas mãos em que a comunidade uma vez colocou; nem pode qualquer edito de quem quer que
seja, concebido por qualquer maneira ou apoiado por qualquer poder que seja, ter força e a obri-
gação da lei se não tiver a sanção do legislativo escolhido e nomeado pelo público; porque sem
isto a lei não teria o que é absolutamente necessário à sua natureza de lei: o consentimento da
sociedade sobre a qual ninguém tem o poder de fazer leis senão por seu próprio consentimento e
pela autoridade recebida.”96

Letra b.

95
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 12. ed. rev., ampl. E atual. Salvador. JusPODIVM, 2020.
p. 72.
96
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Abril, Coleção “Os pensadores”, 1991. p.92.

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069. (COSANPA/2017/FADESP/SOCIÓLOGO) J. J. Rousseau define o contrato social como


a) o pacto corresponde às vontades individuais do corpo coletivo, sem obedecer a nenhuma lei.
b) o contrato corresponde ao modo de associação, onde, com base na união, todos obede-
cem a todos.
c) uma livre associação do gênero humano, que decide compor uma determinada forma de
sociedade política, com base na vontade geral, com vistas ao pacto social.
d) a expressão da permanência da desigualdade formal e da injustiça entre os homens, resol-
vidas sem que haja necessidade da alienação de cada componente do pacto social.

J. J. Rousseau define o contrato social como uma livre associação do gênero humano, que
decide compor uma determinada forma de sociedade política, com base na vontade geral,
com vistas ao pacto social.
Letra c.

070. (ANTT/2013/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO) Com relação ao Estado


e sua evolução histórica, julgue o item seguinte.
Segundo a perspectiva do contratualismo clássico, o contrato é a base da relação jurídica fa-
cultada aos membros que dele pactuam e por meio do qual se institui o Estado de natureza.

Segundo a perspectiva do contratualismo clássico, o contrato é a base da relação jurídica fa-


cultada aos membros que dele pactuam e por meio do qual se institui o Estado de Sociedade
(e não o estado de natureza!).
Certo.

Muito bem!
Encerramos nosso curso, pessoal.
A todos, muito sucesso nessa caminhada.
Havendo dúvidas, estou à disposição de vocês.

Renato Borelli
Juiz federal e especialista em Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica. Juiz federal do TRF-1.
Foi juiz federal do TRF-5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor público e assessor de desem-
bargador federal (TRF-1) e ministro (STJ). Atuou no Carf/Ministério da Fazenda (antigo Conselho de Con-
tribuintes) como conselheiro. É formado em Direito e Economia, com especialização em Direito Público,
Direito Tributário e Sociologia Jurídica.

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