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Processo nº 00000000000000
DOS FATOS
Narra a exordial que na DATA TAL, em torno de TAL HORA, no interior de sua
residência, localizada no endereço TAL, CIDADE-UF, o suposto réu teria agido
de forma consciente e voluntária, oculta para seu proveito, uma bolsa feminina,
da marca TAL, em nylon cor preta, com alças de couro sintéticas de cor
marrom, hipoteticamente sabendo ser produto de crime.
Diante destes fatos, o réu foi denunciando por supostamente ter tido praticado
os crimes do art. 2º, § 2º da Organização Criminosa lei n° 12850/2013, e no
art. 180, caput do código penal.
(...)
Dessa forma, nos termos do preceito secundário do art. 180, o Código Penal
comina pena de reclusão, de 1(um) a 4(quatro) anos, e multa, para aquele que
adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
(...)
(...)
(...)
Pode ser qualquer pessoa (crime comum), com exceção do autor, coautor ou
partícipe do crime antecedente, que somente respondem por tal delito, e não
pela receptação. “(Masson, Cleber Rogério. Direito Penal esquematizado: parte
especial. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Método, 2010. Pág. 623 – 635).
Por outro ângulo, Cezar Roberto Bitencourt assevera, com a clareza habitual,
que o crime de receptação, antes de tudo, reclama o intuito de proveito do
sujeito ativo do crime, quando assim destaca:
Legitimando com esse entendimento Luiz Regis Prado nos ensina que:
“Prado, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal. 5 ª Ed. São Paulo: RT, 2010.
Pág. 147-148.
A propósito:
Dito isso, o réu foi denunciando nas penas do art. 2º, § 2º desta lei, a seguir:
(...)
(...)
Nessa esteira, colhe-se dos autos que Felipe, ao ser convidado para dirigir seu
veículo para alguns conhecidos, em outras palavras, indaga-se: seria esta
atuação do Acusado (em dar carona para alguns conhecidos) decisiva para o
êxito da empreita criminosa em estudo? Claro que não! E isso tem uma
implicação jurídica de extrema relevância.
A Organização Criminosa definida pela nova Lei guarda harmonia com o antigo
delito de bando e quadrilha que segundo preceitua Nelson Hungria, a seguir:
(...)
(...)
(...)
“TJSC: Quadrilha ou bando. Descaracterização. Associação que
visava à realização de um determinado crime. Absolvição com
fulcro no art. 386, III, do CPP (...) não há falar em crime de
quadrilha quando o acordo é realizado para a prática de um só
delito. (...) A associação para cometimento de determinado delito,
antes individuado - ainda que se trate de crime de sequestro -
caracteriza apenas mera conduta de codelinquência, impunível
autonomamente” (RT 725/651).
(...)
No caso em tela, não existe qualquer prova no sentido de que o Acusado, ora
defendente, tenha praticado os ilícitos penais contidos na exordial acusatória
que possa dar suporte ou servir de alicerce para eventual condenação,
impondo-se a absolvição.
Devem afirmar de forma coerente que houve o disparo de arma de fogo, pois
somente restará provado que não se tratava de arma de brinquedo, uma vez
que a eficácia mostrou-se evidente, denotando a maior potencialidade lesiva da
conduta delituosa, em que se pese, em momento algum nos autos foram
demonstrados.
DOS PEDIDOS
Diante o exposto, e pelo que demais nos autos se contém, Requer a Vossa
Excelência o acatamento destas argumentações defensivas, com supedâneo no
art. 386, inciso, III e V, do Código de Processo Penal, POR NÃO CONSTITUIR O
FATO INFRAÇÃO PENAL e, além, ANTE A FALTA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE
AUTORIA E DE MATERIALIDADE DO FATO;
Termos em que,
Pede deferimento.
ADVOGADO
OAB Nº