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AO JUÍZO DO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


IMPETRANTE: DR. MARCUS VINÍCIUS GARCIA FARIA
PACIENTE: TONY MONTANA
AUTORIDADE COATORA: EXCELENTÍSSIMA JUÍZA DE DIREITO DA VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE CAMPINAS/SP

Marcus Vinícius Garcia Faria, na OAB/1661 brasileiro, casado, com escritório na


Rua Doutor Salles de Oliveira, Nº 1661, Vila Industrial na cidade Campinas no
Estado de São Paulo, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência
impetrar, com fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal e art. 648,
IV, do Código de processo Penal a presente ação de:

HABEAS CORPUS

Em favor de TONY MONTANA, brasileiro, solteiro, residente e domiciliado no


endereço XXXXX Nº XX Bairro: XXXX Cidade: XXXX/XX, pelas seguintes razões
de fato e de direito em face contra ato da autoridade coatora da Excelentíssima
Juíza de Direito da Vara Criminal da Comarca de Campinas, Estado de São Paulo,
pelas seguintes razões de fato e de direito a seguir:
I - DOS FATOS
No dia 22 de agosto de 2023, o paciente foi detido em situação supostamente
flagrante, sob a acusação de envolvimento em atividades relacionadas ao CRIME
DE TRÁFICO DE DROGAS (ARTIGO 33 – LEI 11.343/2006). No entanto, em 23
de agosto de 2023, a autoridade Coatora, após validar o registro da prisão em
flagrante, determinou sua prisão preventiva, fundamentando-a de forma genérica e
sem apresentar elementos concretos nos autos, com base na suposta
necessidade de preservação da ordem pública. Conforme relato registrado no
boletim, o paciente nega veementemente ser traficante. Ele afirma que, no
momento da abordagem, estava conduzindo sua motocicleta Yamaha de maneira
regular. Durante a revista, os policiais encontraram com ele um pequeno pacote
de maconha, que ele alega ser para consumo pessoal, uma vez que é usuário da
substância. O paciente ressalta que em nenhum momento deu permissão aos
policiais para entrar em sua residência, nem mesmo forneceu o endereço, que,
provavelmente, eles obtiveram após consultar a placa da motocicleta. O paciente
alega que as duas plantas encontradas em sua casa eram destinadas à produção
de uma quantidade mínima de droga para seu próprio uso. Ele informa ainda que
tem sido usuário de maconha por aproximadamente três anos e nunca foi detido
ou processado anteriormente por qualquer outra infração. A alegação dos policiais
para justificar a entrada em sua residência foi o forte odor de cannabis que
alegaram sentir.
II – DO DIREITO
II.I - A ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO, para corroborar
com tal alegação, seguem abaixo os artigos pertinentes:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que
façam presumir ser ele autor da infração.

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:


I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a
autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

II.II - O FLAGRANTE PREPARADO para constatar verifica-se abaixo:

De acordo com a súmula 145 do Supremo Tribunal Federal, “não há crime quando
a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”, ou
seja, não há crime quando o fato é preparado mediante provocação ou
induzimento, direto ou por concurso, de autoridade, que o faz para fim de aprontar
ou arranjar o flagrante.
A súmula, portanto, incide no momento em que a autoridade policial, provoca a
execução do delito, surpreendendo o indivíduo em flagrante, interferindo,
consequentemente na sua consumação, resultando, como entendimento de nossa
corte suprema, o crime impossível e o flagrante nulo.
Portanto, tratando-se de verdadeiro crime de ensaio, configura-se forma irregular
de prisão, não tendo valor como peça coercitiva da liberdade.
Ou seja, o flagrante preparado é ilegal e se denomina como crime impossível,
baseado na espécie de crime impossível por obra do agente provocador, onde
verificamos o comportamento instigador da polícia, evitando desta forma a
consumação do crime, excluindo por consequente sua tipicidade.
Há, pois, provocação sempre que a polícia intervier, direta ou indiretamente, no
próprio iter criminis, uma ação que leve o suspeito a cometer um determinado
crime que não cometeria se não fosse a atuação policial.
Por hora, cumpre ressaltar, que, com a intervenção policial, estes, agem para que
o resultado seja evitado. Estamos diante do fato de que, o meio utilizado para
configuração do crime, seja absolutamente ineficaz à consumação impedindo o
resultado advindo da conduta.
III – DO PEDIDO
Ante o exposto, requer que seja concedida a ordem de habeas corpus , em favor
do paciente, uma vez que presentes a probabilidade de dano irreparável e a
fumaça do bom direito, a fim de que seja relaxada a prisão em flagrante ou
concedida a liberdade provisória, com a consequente expedição de alvará de
soltura.

Nesses termos,
Pede e espera deferimento.
Campinas, 05 de setembro de 2023
Dr. Marcus Vinícius Garcia Faria
OAB/1661

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