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DIREITO

ADMINISTRATIVO

Poderes e Deveres

Prof.ª Tatiana Marcello

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO
•  O Estado age por meio de seus agentes públicos, aos quais são conferidas prerrogativas
diferenciadas, a serem utilizadas para o alcanças os seus fins: a satisfação dos interesses
públicos. Esse conjunto de prerrogativas denomina-se Poderes Administrativos, ou seja,
são instrumentos conferidos à Administração para o atendimento do interesse público.

•  Por outro lado, por tutelarem interesses coletivos, são impostos aos agentes públicos
alguns Deveres Administrativos.

•  Há hipóteses e que os Poderes se convertem em verdadeiros Deveres, pois enquanto na


esfera privada o Poder é mera faculdade daquele que o detém, na esfera pública
representa um Dever do administrador para com os administrados. Segundo a doutrina,
trata-se do chamado Poder-dever de agir, de forma que se o agente não agir, poderá
responder por omissão.
DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO

Eficiência

DEVERES

Prestação de
Probidade
contas
PODERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO

Hierárquico

Disciplinar Vinculado

Poderes

Discricionário Polícia

Regulamentar
(normativo)
Ø Poder Vinculado

•  Também chamado de regrado, é o poder conferido pela lei à Administração para a prática
de ato de sua competência, mas com pré-determinação dos elementos e requisitos
necessários a sua formalização, ou seja, é aquele nos quais a liberdade de atuação do
agente é mínima ou inexiste.

•  Portanto, o poder vinculado difere-se do poder discricionário, pois neste há maior


liberdade de atuação da Administração.

•  Para alguns autores, a idéia de poder é contraditória nesse caso, já que o administrador
está limitado a respeito dos elementos que compõem o ato (competência, finalidade,
forma, motivo e objeto), não gozando de liberdade.
Ø Poder Discricionário

•  É o poder conferido à Administração que, embora deva estar de acordo com a lei, confere
uma maior liberdade ao Administrador, que poderá adotar uma ou outra conduta de
acordo com a conveniência e oportunidade, ou seja, a Lei faculta ao administrador a
possibilidade de escolher as entre as condutas possíveis, a qual deve estar de acordo com
o melhor atendimento do interesse público.

•  Não se pode confundir discricionariedade com arbitrariedade ou livre arbítrio!


•  Arbitrariedade para a Administração Pública é sinônimo de ilegalidade; livre arbítrio é a
possibilidade de fazer o que bem entender, conduta que também não é permitida por
estar o administrador restrito à legalidade.
Ø Poder Regulamentar (ou Normativo)
•  É o poder conferido aos chefes do Executivo para editar decretos e regulamentos com a
finalidade de permitir a efetiva implementação da Lei.

•  Enquanto as Leis são criadas no âmbito do Poder Legislativo, a Administração Pública


poderá criar esses decretos e regulamentos para complementá-las, aos quais não podem
contrariar, restringir ou ampliar as disposições da Lei.

•  Incumbe à Administração, então, complementar as Leis, criando os mecanismos para sua


efetiva implementação (Ex.: Lei 8.112 x Decreto 5.707).

•  “Constituição Federal – Art.84. Compete privativamente ao Presidente da República: IV –


sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos
para sua fiel execução;”. Em decorrência do princípio da simetria constitucional, os Chefes
de Executivos dos Estados possuem a mesma prerrogativa. Outras autoridades, como os
Ministros, podem editar atos normativos (inc. II, § único, art. 87, CF), bem como entidades
(ex.: agências reguladoras).
Ø Poder Hierárquico
•  A hierarquia é inerente ao Poder Executivo.

•  No âmbito do Poder Legislativo ou Judiciário, onde ocorra o desempenho de função


administrativa (atividade atípica desses poderes), poderá haver hierarquia; porém, em
relação às funções típicas exercidas pelos membros desses dois poderes (legislativa e
jurisdicional) não há hierarquia entre seus membros (parlamentares e membros da
magistratura).

•  O poder hierárquico tem íntima relação com o poder disciplinar e objetiva ordenar,
coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas no âmbito interno da
Administração. É através do poder hierárquico que a Administração escalona a função de
seus órgãos, revê a atuação de seus agentes e estabelece a relação de subordinação entre
seus servidores. Nas relações hierárquicas há vínculo de subordinação entre órgãos e
agentes.

•  Obs.: não há hierarquia entre administração direta e entidades da administração indireta!


Ø Poder Disciplinar

•  O Poder Disciplinar é o exercido pela Administração para apurar as infrações dos


servidores e das demais pessoas que ficarem sujeitas à disciplina administrativa (ex.:
detentos; alunos de escolas públicas; empresas privadas contratadas para prestarem
serviços públicos).

•  Decorre do escalonamento hierárquico; se ao superior é dado poder de fiscalizar os atos


dos seus subordinados, por óbvio que, verificando o descumprimento de ordens ou
normas, tenha a possibilidade de impor as devidas sanções previstas para aquela conduta.

•  Portanto, o Poder Disciplinar afeta a estrutura interna da Administração.

•  Hely Lopes Meirelles conceitua o Poder Disciplinar como “faculdade de punir


internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina
dos órgãos e serviços da Administração.”

•  Muito embora Hely se refira a poder como uma “faculdade”, importante salientar que não
se trata de uma decisão discricionária da autoridade, já que diante de uma irregularidade,
o agente tem o poder-dever de agir, ou seja, é obrigado a apurar e penalizar o infrator.

•  Exemplificando, estabelece o art. 143 da Lei 8.112/90: A autoridade que tiver ciência de
irregularidade no serviço público é obrigada a promover sua apuração imediata....”. Já em
relação à penalidade a ser aplicada, em razão de adotarmos a chamada tipicidade aberta,
há uma margem discricionária para que a Administração decida, de acordo com as
circunstâncias, natureza ou gravidade de cada infração, a pena que irá aplicar, desde que
observando o princípio da adequação punitiva (que seja aplicada uma pena adequada para
a infração).
Ø  Poder de Polícia

•  O Código Tributário Nacional - CTN, conceitua Poder de Polícia, dispondo em seu art. 78
que: considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando
ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou
ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

•  Poder de Polícia, portanto, é a atividade do Estado que limita os direitos individuais em


benefício do interesse público, ou seja, é o mecanismo de frenagem de que dispõe a
Administração Pública para conter os abusos do direito individual (Hely Lopes Meirelles).

•  O interesse público está relacionado com a segurança, moral, saúde, meio ambiente,
consumidor, propriedade, patrimônio cultural.
•  Polícia Administrativa e Judiciária

•  O poder de polícia do Estado pode ocorrer em duas áreas:

v na administrativa, feita pelos órgãos administrativos, atuando sobre as atividades do


indivíduos (ex.: fiscalização da atividade de comércio);

v na judiciária, executada pelos órgãos de segurança, atuando sobre o indivíduo que poderia
cometer algum ilícito penal (ex.: polícia civil de um estado).

polícia atividade
administrativa preventiva

polícia atividade
judiciária repressiva
•  Competência para Exercício

•  A princípio, o critério para determinação de competência para o exercício do Poder de


Polícia é o que diz respeito ao poder de regular a matéria, o qual, por sua vez, arrima-se no
princípio de predominância do interesse.

•  Para Hely Lopes Meirelles: os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos à


regulamentação e policiamento da União; as matérias de interesse regional sujeitam-se às
normas e à polícia estadual; os assuntos de interesse local subordinam-se aos regulamentos
edilícios e ao policiamento administrativo municipal.
•  Ex.:
Ø Regulação de mercados de título e valores imobiliários (assunto que compete à União, então
ela fiscaliza);
Ø Normas pertinentes a prevenção de incêndio (compete à esfera estadual, então ela
inspeciona, vistoria, expede alvará...)
Ø Planejamento e controle de uso de solo urbano (compete ao município, então ele concede
licença, regula o funcionamento, aplica sanções...)
•  Atributos ou Características

•  Os atributos costumeiramente apontados pela doutrina no que se refere aos atos


resultantes do exercício regular do poder de polícia são 3:

v discricionariedade (livre escolha de oportunidade e conveniência);

v auto-executoriedade (decidir e executar diretamente sua decisão sem a intervenção do


Judiciário);

v coercibilidade (imposição coativa das medidas adotas pela Administração).


•  Sanções decorrentes do Poder de Polícia

•  As sansões são impostas pela própria Administração em procedimentos administrativos


compatíveis com as exigências do interesse público, respeitando a legalidade da sanção e
a sua proporcionalidade à infração.

•  Exemplificando, podemos citar as seguintes sanções administrativas, em decorrência do
exercício do Poder de Polícia: as multas, a interdição de atividades, demolição de
construções irregulares, inutilização de gêneros, apreensão de objetos.
Uso e Abuso de Poder

•  No Estado Democrático de Direito, a Administração Pública deve agir sempre dentro dos
limites de suas atribuições, em consonância com o direito e a moral, com respeito aos
direitos dos administrados.

•  No entanto, se o administrador extrapolar os limites de suas competências ou se utilizar


das suas atribuições para fins diversos do interesse público, teremos o chamado abuso
de poder.
•  O abuso de poder pode se manifestar de duas formas:

•  Excesso de Poder – quando o gestor atua fora dos limites de suas competências,
exercendo atribuições que não são de sua competência;

•  Desvio de Poder – quando o gestor exerce suas competências, mas para alcançar
finalidade diversa da definida em lei.

Abuso de
Poder

Excesso Desvio
de Poder de Poder

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