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Prof.

Apolinário (apenas matérias lecionadas pelo mesmo)

Factos jurídicos do direito administrativo


As decorrências do tempo e do espaço do direito administrativo
[29/09/2022]

1. Usucapião → é um direito real de aquisição que depende da


manutenção da posse sob um determinado bem/coisa durante um
vasto tempo o que permite ao possuidor invocar a usucapião
como forma de aquisição do direito de propriedade sobre a coisa
que possui.
Ela pode funcionar quer em relação a bens móveis ou imóveis e
depende sempre das características da posse assim o prazo
mínimo para invocar o usucapião é de 3 anos no que respeita a
coisas móveis e de 10 anos no que respeita a coisas imóveis e o
prazo máximo é correspondentemente de 6 anos (coisas móveis)
e 20 anos (coisas imóveis), esses prazos dependem por sua vez
das características da posse assim os prazos mínimos
corresponderão a chamada melhor posse ou seja posse
titulada, posse pública, posse pacífica e posse de boa fé ao
contrário dos prazos mais longos corresponderão a chamada pior
posse ou seja posse não titulada, posse oculta, posse violenta
e posse de má fé.

A AP pode usucapir bens dos particulares?


Sim pode efetivamente invocar o usucapião contra particulares
cumprindo as mesmas condições (de prazos)

Os particulares podem usucapir bens da Administração


Pública?

● Tratando-se de bens do domínio público da administração


nunca os particulares podem usucapir

● Tratando-se de bens do domínio privado da administração


os particulares podem usucapir
2. Imemorial → traduz-se numa figura próxima à usucapião porque
tem a ver com o decurso do tempo ou seja tal como usucapião o
imemorial depende da invocação do decurso do tempo.

Diferenças entre imemorial e usucapião :


- Imemorial nunca serve para adquirir qualquer direito
de propriedade ao contrário do usucapião

- O prazo para a invocação do imemorial é superior a


qualquer dos prazos para a invocação da usucapião,
encontrando-se nesse momento fixado em num
mínimo de 30 anos

- O Imemorial desde que invocado com sucesso serve


para:
1) Obrigar a AP a tolerar a utilização de um bem
público por parte de um particular ou obrigar o
particular a proporcionar a utilização por parte da
AP de uma parcela, de um objeto que é a sua
propriedade

3. Funcionário potativo / funcionário aparente → as ilegalidades


também chamadas de vícios no ato administrativo podem
conduzir a 3 tipos de consequências diversas (Inexistência
jurídica, Invalidades e (Mera) Irregularidades) :

1) Inexistência jurídica → é a consequência dos vícios mais


graves no ato administrativo

2) Invalidades → As invalidades podem existir em duas


formas:

a) Anulabilidade → em regra (art. 165 CPA) as


ilegalidades no ato administrativo dão lugar a
invalidade sobre a forma da anulabilidade
● Exceções ao art.165 → art.161 e legislação
avulsa
b) Nulidade → Art. 161o do CPA
Diferenças entre anulabilidade e nulidade :

● Anulabilidade:
0 Depende de prazo para ser arguida (Direito
Administrativo é de 3 meses - art.58
Código de Processo dos Tribunais
Administrativos)

○ Deve ser arguida em cujo interesse a lei


prevê (questão de legitimidade)

○ Não é de conhecimento oficioso

○ É sanável (confirmação ou pela


caducidade) - passado a confirmação ou a
caducidade o negócio passa a ser perfeito

○ Produz todos os seus efeitos até


eventualmente vir a ser anulado

● Nulidade :
0 Não depende de prazo para ser arguida;
pode ser arguida por qualquer pessoa

○ É de conhecimento oficioso (ou seja a


nulidade não tem que ser invocada pelas
partes ou seja se o tribunal estiver a
avaliar uma determinada causa e
encontrar uma causa suscetível de
nulidade o tribunal apenas pode declarar
se houver pedido)

○ Ela é em regra insanável (mas no direito


administrativo existem muitas que não são)
○ Eles não produzem os efeitos a que
dependem

3) (Mera) Irregularidades → Apesar do ato


administrativo conter vários vícios/ilegalidades esse
vício não é suficiente para invalidar o ato
administrativo. Pode levar no máximo lugar a
retificação do ato

4. Caducidade e prescrição :

○ Ambos dependem do decurso do tempo

○ Caducidade → na caducidade extingue-se não só a


possibilidade da existência da obrigação de cumprir um
direito como se extingue o próprio direito

○ Prescrição → na prescrição ou casos de prescrição


extingue-se a possibilidade da exigência coerciva do
cumprimento de uma obrigação

Essencial a saber sobre os regulamentos (13.10.2022) :

❖ Regulamentos - é um conjunto de normas (gerais e abstratas)


emanada por um órgão da AP no exercício do poder
administrativo (135 CPA)

❖ Comparação entre o regulamento e a lei :


Semelhanças:
- ambos os preceitos legais verificarem as características da
generalidade e da abstração

Diferenças:
➢ Regulamento: emanados no âmbito do poder executivo ou
administrativo; ao nível orgânico é emanada por órgão
administrativo

➢ Lei: a lei é emanada no âmbito do exercício do poder


legislativo; é hierarquicamente superior(hierarquia
normativa) ao regulamento o que significa que o
regulamento nunca pode contrariar a lei sob pena de
invalidade ou eventualmente inaplicabilidade; a nível
orgânico é emanada por um órgão legislativo

Espécies de regulamentos(internos e externos):


a) Regulamentos internos → aplicam-se apenas no seio da própria
AP (Ex.: circulares de serviço)

b) Regulamentos externos → os seus efeitos projetam-se para fora


da AP podendo assim contender com direitos ou interesses
legalmente protegidos dos particulares.

i) Regulamentos especiais - são aqueles que se


destinam a regular as chamadas relações especiais
de poder que são aquelas que se estabelecem entre a
AP e determinados particulares que se encontram
numa posição diferenciada face a AP e que os
diferencia dos demais (ex.: regulamentos aplicados
nas prisões, hospitais, universidades e etc)

ii) Regulamentos gerais - são aqueles que


tendencialmente se aplicam a todas as pessoas; tipos
de regulamentos gerais executivos, independentes e
complementares :

(1)Regulamentos executivos ou Regulamentos


de execução - destinam-se a densificar e
pormenorizar a lei de forma a torná-la aplicável
na prática.
Esses regulamentos devem sempre referenciar a
lei que visam regulamentar, esses regulamentos
não criam qualquer direito novo ou seja não são
juridicamente inovadores.

(2)Regulamentos independentes - são aqueles


que se destinam a regular uma determinada
matéria administrativa pela primeira vez ou seja
de forma originária, assim sendo ao contrário
dos regulamentos executivos são plenamente
inovadores (no termo jurídico) e mais do que
isso não têm que referenciar qualquer lei que
eventualmente visassem executar. No entanto
há nos termos do princípio da legalidade
exigências que têm que ser cumpridas para que
este tipo de regulamento possa ser validamente
emanado. A lei fixa como condições de validade
desses regulamentos a competência subjetiva,
competência objetiva e a forma destes
regulamentos.

(a)Regulamentos independetes do
governo:
- Quando se fala em competência
subjetiva procura saber-se quem
pode emanar este tipo de
regulamento sendo ele o governo.

- Quando se fala em competência


objetiva procura-se saber as
matérias que pode ser objeto desse
tipo de regulamentos, estas matérias
aparecem previstas duma maneira
geral na alínea g do artigo 199 da
CRP.
- A forma dos regulamentos - os
regulamentos revestem a forma de
decretos regulamentares

(b)Regulamentos Autonomos ou
Regulamentos da A.Autonomia :

● Competência subjetiva: as autarquias


locais, as ordens profissionais e etc

● Competência objetiva (matérias na


qual podem ser emanados): no
âmbito das autarquias locais essas
matérias estão previstas nas
respectivas leis que lhes conferem as
atribuições; A.A institucional(ex.:
ordens profissionais) encontram-se
no âmbito dos seus estatutos.

(3) Regulamentos complementares - estes


destinam-se a completar regimes jurídicos ou
quadros jurídicos ambos estabelecidos pela lei,
embora parte dessa tarefa de desenvolvimento
desses quadros gerais pertença ainda a lei nada
impede que a lei remeta para a regulamentação
(no sentido de emanação de regulamentos)
administrativa dessas matérias

Ato administrativo
Conceito de Ato administrativo: uma decisão ou estatuição autoritária
emanada por um órgão da AP no uso de poderes de direito
administrativo relativa a uma situação individual e ou concreta e que
visa a produção de efeitos jurídicos externos positivos ou negativos
(art.148 CPA)
Elementos:
- Estatuição autoritária - é naturalmente uma decisão de
autoridade o que significa que quem a emana aparece a exercer
poderes de imperium, por via disso essa decisão é juridicamente
inovadora ou seja cria direito novo (esta característica serve para
distinguir os atos administrativos dos chamados atos
confirmativos uma vez que estes últimos ou seja os confirmativos
se limitam a confirmar o conteúdo de um ato administrativo
previamente praticado). Mas o ato administrativo impõe-se aos
particulares independentemente da sua vontade, ou seja, é um
ato imperativo.

- Emanado por um órgão da AP - efetivamente em regra o ato


administrativo é praticado por um órgão incluído da estrutura de
uma pessoa coletiva pública nada impede que em determinadas
circunstâncias entidades de direito privado possam aparecer a
praticar atos administrativos

- No uso de poderes de direito administrativo - no uso do seu


poder executivo

- Relativa a uma situação individual e ou concreta - concreto


porque esgota todos os seus efeitos numa única aplicação, é
individual porque tem um conjunto de destinatários determinados
ou determináveis

- Visa produzir efeitos jurídicos - significa que os atos


administrativos cria ou modifica ou extingue relações jurídicas ou
posições jurídicas dos particulares, assim sendo só teríamos um
ato administrativo quando estes efeitos se projetam para fora da
AP afetando esferas jurídicas dos particulares.

A exteriorização dos efeitos permite distinguir os atos


administrativos dos atos internos da AP nestes casos os efeitos
desses atos não se projetam nas esferas jurídicas dos
particulares.
Os efeitos podem ser positivos (sempre que através da prática do
ato administrativo se crie, modifique ou extinga uma relação
jurídica ou uma posição jurídica particular) ou negativos (quando
apesar de nem criando nem modificando nem extinguindo
qualquer relação jurídica fixam uma posição jurídica do particular
tendencialmente definitiva).

Não podemos confundir a positividade ou negatividade dos efeitos


do ato administrativo com a sua favorabilidade ou
desfavorabilidade.

Se em regra os atos que produzem efeitos negativos são


desfavoráveis aos particulares seus destinatários ao contrário que
os atos que produzem efeitos positivos podem muito bem ser
favoráveis ou desfavoráveis aos particulares seus destinatários.

Serão favoráveis todos os atos que criem ou ampliem direitos do


particular ou lhes retirem ou lhes restringem obrigações.

Serão desfavoráveis todos os atos que criem ou ampliem


obrigações, bem como os que retirem ou restrinjam direitos.

● Exemplos com atos positivos : concessão (cria e amplia os


direitos
● Exemplos de atos que produzem efeitos positivos mas
desfavoráveis : aplicação duma sanção

ATT: Não está relacionado com a matéria apenas coloquei


porque é interessante e foi referido na aula:

● Tipos de ilícitos:
■ Ilícito civil
■ Ilícito administrativo(coima)
■ Ilícito criminal (multa, pena de prisão)
❖Procedimento Administrativo :
Definição → O procedimento administrativo consiste num conjunto de
atos materiais e ou jurídicos ordenados de forma lógica e cronológica
em atenção à obtenção de um resultado único

Procedimento Administrativo tendente a obtenção dum ato


administrativo:
O procedimento administrativo tem 4 fases :

1) Fase preparatória (iniciativa, instrução, audiência) :

a) Iniciativa:
i) Iniciativa particular - quem toma a iniciativa de abrir
ou fazer abrir um procedimento administrativo é um
particular e falo (nota: verbo fazer) normalmente
através de um requerimento nos termos do artigo 102
CPA

ii) Iniciativa pública → é a própria administração que


procede a abertura ou suscita a abertura de um
procedimento administrativo, esta iniciativa pública
pode por sua vez dividir-se também em duas
espécies:

(1)Iniciativa pública heteronima → a abertura do


procedimento é suscitada por um órgão
administrativo distinto daquele que é competente
para decidir. O instrumento típico que suscita é a
requisição
(2)Iniciativa pública oficiosa → é o próprio órgão
competente para decidir que toma a iniciativa
procedimental ou seja que abre o procedimento
administrativo no âmbito do exercício de um
poder discricionário

O requerimento tem que revestir as formalidades previstas


no artigo 102 CPA, sob a pena de não o fazendo o
requerimento ser considerado deficiente com a consequente
aplicação de uma das consequências previstas no artigo
108
CPA;
O artigo 108 prevê 3 espécies de sanção para as
deficiências dos requerimento apresentados pelos
particulares, assim o mesmo determina que verificando uma
deficiência ou mais no requerimento inicial. Primeiro a
administração deve desde que o possa fazer suprir
oficiosamente essa mesma deficiência, não podendo fazer
deverá convidar o particular a suprir a deficiência. Em
casos extremos poderá haver lugar a rejeição liminar do
requerimento nos termos do artigo 108/3.

Menção do requerimento (art.102) → Artigo 102 : Alinea


a) exige-se que o particular diriga o requerimento ao orgão
competente para decidir, no entanto por erro ou
desconhecimento pode muito bem acontecer que o
particular dirija o requerimento a orgão incompetente,
nessas situações o orgão incompetente deve
oficiosamente remeter o requerimento ao orgão
competente (art.41 CPA) tendo um prazo de 10 dias uteis
para o fazer (art.86 e 87
CPA);

Alínea b) exige que o particular cumpra com vários


parâmetros, se o particular não indicar todos os elementos
em regra a consequência será a prevista no artigo 108/1,
apenas nos casos em que o requerimento seja em absoluto
inedentificável (não identificado) há lugar a rejeição (art.108)

Alínea c) o particular tem que obrigatoriamente os factos


que baseiam o seu pedido ou seja tem que fazer uma
fundamentação de facto do mesmo sob a pena de não
fazendo poder dar origem ao convite ao suprimento (108/1),
já em relação a fundamentação de direitos o particular não é
obrigado a fazer;
Alínea d) O requerimento tem que necessariamente que
conter ao menos 1 pedido, deve ser identificado de forma
clara e precisa se não for terá lugar ininteligibilidade do
requerimento(art.108/3) o que significa que a consequência
será de rejeição do requerimento

Se o requerimento do particular que verificar todas


essas menções há lugar ao surgimento da obrigação de
decidir por parte da AP (art.13/1* CPA)

Tal só não acontecerá nas situações previstas no


número 2 do mesmo artigo. O dever de decisão gera-se
quer nos procedimentos de iniciativa particular, quer
nos procedimentos de iniciativa pública heterónima. No
caso da iniciativa oficiosa, não se gera o dever de
decidir.

2) Fase da Instrução → é na instrução que se procede à recolha


dos meios de prova necessários e convenientes à tomada da
decisão administrativa. Esta fase é norteada pelo princípio do
inquisitório previsto no art. 58o do CPA.

Nos termos desse artigo, a Administração pública tem a obrigação


de recolher por ela própria os meios de prova para que possa
decidir, mesmo que se trate de procedimentos administrativos de
iniciativa particular.
É permitido à Administração Pública sobre coisa diferente daquela
que é pedida pelo particular. No entanto tal decisão sobre coisa
diferente terá que apresentar ou apresentar-se com uma conexão
face ao requerido pelo particular.

Os meios de prova podem ser das mais diversas espécies que são
Vistorias, Exames, Inspeções e etc.
Importa aqui em particular um meio de prova que é constituído
pelos pareceres, os pareceres(art.91 e 92) consistem em opiniões,
técnicas ou jurídicas emitidas normalmente por um órgão
consultivo da AP a pedido do órgão que no procedimento concreto
tem competência para decidir.

Os pareceres podem revestir várias espécies (obrigatórios e


facultativos):

❖ Pareceres obrigatórios → a solicitação de um parecer por parte


do órgão que tem competência para decidir está prevista na lei
como trâmite procedimental necessário a tomada de decisão
Espécies dos Pareceres Obrigatórios:

a) Pareceres vinculativos → o conteúdo do parecer


determina em absoluto a decisão final no procedimento

b) Pareceres não vinculativos → independentemente do


conteúdo do parecer o órgão competente para decidir
continua com a liberdade para decidir.
Sempre que o órgão decisor contrariar o sentido do parecer
fica com uma responsabilidade acrescida no que respeita à
fundamentação do ato administrativo final ou seja tem
sempre que motivar o porquê de não ter de seguir o
conteúdo do parecer.

● O quê que acontece se no caso de um parecer


obrigatório exigir por lei o órgão decisor não o
solicitar?

○ Nestas situações verificamos uma ilegalidade ou


um vício no ato administrativo que é relativo a
estatuição e dentro desta ao procedimento
porque a lei exigia um trâmite procedimental que
foi ilegalmente requerido pelo órgão competente
para decidir. A consequência é a anulabilidade
do ato administrativo (art.163 CPA).

● O quê que acontece se nos casos em que o parecer é


vinculativo o órgão decisor emana uma o ato
administrativo com conteúdo diferente do conteúdo do
parecer?

○ Nesta circunstância temos uma invalidade / vício


que se situa ainda na estatuição do ato mas que
é agora relativa ao conteúdo do mesmo. Ainda
assim a consequência continua a ser a da
anulabilidade (art.163 CPA).
Tipos de ilegalidade do ato administrativo (as suas
consequências):

1) Inexistência jurídica → aplica-se nas situações mais


graves e no âmbito das quais não chega sequer a formar-se
um ato administrativo

2) Invalidade → nulidade (art.161 + legislação avulsa - CPA) e


anulabilidade (em regra os vícios produzem a anulabilidade
art.163)

3) (Mera) irregularidade → apesar do ato administrativo


conter uma ou mais ilegalidades estas não são suficientes
para determinar a sua invalidade, dando lugar no limite a
retificação do ato administrativo.
Trata-se aqui dos chamados vícios não invalidantes e estas
situações têm a ver com um princípio de aproveitamento
máximo do ato administrativo.
No entanto tem sempre que se provar independentemente
da existência da ilegalidade / vicio o conteúdo do ato seria
exatamente o mesmo

❖ Pareceres facultativos → embora a lei não exija ainda assim o


órgão administrativo com competência para decidir por sua
iniciativa e para melhor alicerçar a sua decisão o solicita

b) Fase da Instrução → é a terceira fase da fase preparatória


e aparece prevista no artigo 121 CP, sendo certo que
embora por regra tenha que existir audiência prévia (do
particular) há situações em que tal não acontece podendo a
AP dispensar o exercício do direito a audiência sendo que
essa situações estão previstas no artigo 124.

c) Fase da Audiência prévia → o direito à audiência serve


para o particular se poder manifestar antes da tomada de
decisão definitiva por parte da AP, normalmente quando se
prevê que essa decisão lhe vá ser desfavorável. É uma
manifestação típica do princípio da participação; O exercício
do direito à audiência é obrigatório.

● O que acontece se a AP preterir de forma ilegal o


exercicio desse mesmo direito? R.: Nestas
circunstâncias um vício/invalidade no ato
administrativo final e que é um vício na estatuição do
ato e relativo ao procedimento. As consequências são:

a) para quem entenda que o direito de


audiênciaprévia previsto no artigo 121 CPA é um
direito fundamental então a sua preterição ilegal
dará sempre lugar a nulidade do ato
administrativo nos termos do artigo 161/2b CPA

b) em regra e porque não entendemos o


direitoda audiência prévia como direito
fundamental mas sim como uma decorrência do
princípio da participação a violação /preterição
do direito a audiência prévia dará lugar a
anulabilidade do ato administrativo.

!!! No entanto há situações excepcionais que


devem conduzir à nulidade, falamos aqui da
preterição do direito à audiência prévia nos
procedimentos mais gravosos para os
particulares ou seja procedimentos disciplinares
e procedimentos sancionatórios. Na verdade
nesse tipo de procedimentos a preterição ilegal
do direito a audiência corresponde efetivamente
a violação de um direito fundamental que é o
consagrado o principio do contraditório do artigo
32/D CRP.

3) Fase constitutiva ou decisória do ato administrativo → esta é


no fundo a fase em que ou na qual o ato administrativo se forma e em
regra o ato administrativo é praticado de forma escrita e expressa
sendo em seguida comunicado ao particular (formas de comunicação
→ notificação e publicação), sendo certo que todos os atos
administrativos devem ser notificados ao particular ao contrário a
publicação só terá lugar quando expressamente prevista na lei.

Excepções (declarações anômalas da AP):

● Ato implícito → acontece quando por detrás da execução


está implícito o ato administrativo correspondente

● Ato tácito → o ato tácito resulta de uma ilação que o


particular pode retirar a partir da prática de um ou mais atos
administrativos ou seja trata-se de uma presunção que é no
entanto uma presunção ilidível mediante a prática dum
ato expresso que o substitua; Esse ato resulta duma
atuação positiva da AP

● Ato silente → neste temos uma verdadeira omissão


relevante por parte da AP, assim pressupostos da
verificação de um ato silente são os seguintes:

○ é necessário que exista um requerimento por parte do


particular

○ é necessário que esse requerimento seja apresentado


perante o órgão competente

○ é necessário que se gere o dever de decidir

○ é necessário que decorra o prazo legalmente previsto


para a decisão sem que a AP notifique o requerente
de qualquer decisão

Se tudo verificar cumulativamente teremos um ato silente e


as suas consequências poderão ser uma de duas:
1) Se o caso concreto poder ser integrado no artigo 130
CPA então haverá lugar aquilo que a lei chama
deferimento tácito

2) Se não far-se-á a aplicação do artigo 129 ou seja o


particular tem a hipótese de obrigar a AP a
pronunciar-se a vindo assim a obter o ato
administrativo (66 e ss CPTA)

4) Fase integrativa de eficácia (Nota: é eventual porque


existircomo não existir)

● É desde logo uma fase eventual no procedimento administrativo e


que em regra nem se verificará isto por via do disposto na
primeira parte do número 155 CPA* a partir da qual se conclui que
salvo as excepções previstas na segunda parte do mesmo artigo
o ato administrativo começa a produzir efeitos logo que é
praticado.

● No entanto há situações excepcionais em que apesar do ato


administrativo se encontrar já praticado não começa
imediatamente a produzir os seus efeitos vindo a produzir-los em
momento posterior ao da sua prática pelo facto de a produção dos
efeitos ficar dependente da superveniência de um facto ou ato
jurídico que desencadeia a sua produção.

● TIPOS OU ESPECIES DE EFICACIA:


○ Eficácia imediata → o ato administrativo produz efeitos logo
a partir da data em que é praticado

○ Eficácia diferida → o ato administrativo apenas vai produzir


efeitos no momento posterior ao da sua prática

○ Eficácia prospectiva → o ato administrativo produz efeitos


apenas para o futuro
○ Eficácia retroativa → em sentido amplo o ato administrativo
produz efeitos que se projetam para o passado (ex tunc)

○ Eficácia instantânea → o ato administrativo produz todos


os seus efeitos num unico momento (ex.: licença)

○ Eficácia duradoura → os efeitos do ato administrativo


prolongam-se no tempo para além do momento da
sua prática (ex.: concessões)

○ Excepções:
■ Tratando-se de um ato receptício os seus efeitos só
começam a produzir-se após a notificação do mesmo
ao particular. Trata-se aqui de atos que impõe deveres
ou obrigações aos particulares.
Apesar de em regra a notificação não ser condição de
eficácia dos atos administrativos, no caso da
publicação esta quando obrigatória funciona como
condição de eficácia do ato administrativo ou seja o
ato só começa nesses casos a produzir efeitos depois
de publicado

Situações que o ato se projeta ao passado:


Regra → os Momento da prática do ato
administrativo, Momento da produção dos
efeitos do ato administrativo, Momento da
contagem dos efeitos = em redo ato
administrativo são todos coincidentes

● Retrodatação → ocorre nas situações em que a AP deveria


praticar um ato administrativo numa determinada data mas por
qualquer razão que lhe é imputável (por culpa da AP) não o
pratica nessa data mas no momento posterior. Nessas situações
o ato administrativo começa a produzir efeitos no momento que é
praticado no entanto esses efeitos vão contar-se desde o
momento em que o ato deveria ter sido praticado
● Retrotração → Nesse caso o ato administrativo não começa a
produzir os seus efeitos no momento em que é praticado mas
porque depende ainda da ocorrência de um outro ato ou facto
apenas vai produzi-los no momento posterior. No entanto, esses
efeitos vão contar-se a partir do momento em que o ato foi
praticado.

● (Verdadeira) Retroatividade → Nessa situação o ato


administrativo é praticado num determinado momento e em regra
começará nesse momento a produzir os seus efeitos. No entanto
esses efeitos vão projetar-se para momento anterior ao momento
da prática do ato administrativo, o que significa que podem os
efeitos contender com situações jurídicas previamente
constituídas. Se o ato em causa for um ato favorável ao
particular não há qualquer restrição à retroatividade da produção
dos seus efeitos, no entanto se esse ato for desfavorável ao
particular em regra será proibida a retroatividade.

Formas de suspensão da eficácia dos atos administrativos:


● Aposição de uma condição suspensiva ao conteúdo do ato
administrativo.

● Aposição de um termo suspensivo do conteúdo do ato


administrativo. Nesse caso o ato administrativo pode fixar o
período temporal a partir do qual começará a produzir os seus
efeitos

● Utilização de um meio que visa direta e imediatamente obter a


suspensão dos efeitos do ato administrativo. Nesse caso temos
pedidos de suspensão da eficácia do ato administrativo no qual
esse pedido pode ser feito perante a administração ou perante o
tribunal administrativo
● Através da utilização de um meio que não visa diretamente obter
a suspensão da eficácia mas que pela sua natureza implica essa
mesma suspensão, é o caso da apresentação dum recurso
hierárquico ou duma reclamação necessária.
● Sempre que a lei assim o determine.

Formas de cessação da eficácia do ato administrativo:

● Aposição de uma condição resolutiva no conteúdo do ato


administrativo

● Aposição de um termo resolutivo no conteúdo do ato


administrativo

● Anulação do ato administrativo ou declaração da sua nulidade

● Revogação do ato administrativo

● Sempre que a lei assim o determinar

5) Fase executiva (Nota: é eventual porque existir como não


existir): É uma fase eventual no procedimento ou seja nem todos os
procedimentos administrativos verificam essa fase porque há atos
administrativos que não carecem de qualquer execução para que
possam produzir todos os seus efeitos úteis o que leva-nos a
exequibilidade.

● Exequibilidade → traduz-se na sustentabilidade de um ato


administrativo sofrer uma execução, na necessidade da execução
para que o ato produza todos os seus efeitos úteis)

Existem atos administrativos exequíveis e atos administrativos não


exequíveis. Todos os atos não exequíveis serão necessariamente não
executivos e não executórios, já os atos exequíveis podem ser
executivos ou executórios

● Executividade → traduz-se na característica que alguns ato


administrativos têm que permite a AP fundar uma execução
judicial imediata do ato sem ter que previamente intentar qualquer
ação declarativa, significa isso que o ato administrativo se
equipara para estes efeitos a sentença condenatória constituindo
assim título executivo

ATT NEM TODOS OS ATOS ADMINISTRATIVOS SÃO


EXECUTIVOS

Para que seja executivo é necessário que:


1) trata-se de um ato exequível

2) trata-se de um ato eficaz - um ato que esteja a


produzir efeitos jurídicos

3) o destinatário não cumpra a obrigação ou dever


estatuídos no ato

● Executoriedade → traduz-se na característica que alguns


atos administrativos têm que permite a AP executá-los pelos
seus próprios meios inclusivamente fazer o uso da força
(coercibilidade) sem recurso prévio a um tribunal.

ATT NEM TODOS OS ATOS ADMINISTRATIVOS


SÃO EXECUTÓRIOS

Para que seja executório é necessário que:

1) trata-se de um ato exequível

2) trata-se de um ato eficaz - um ato que esteja a


produzir efeitos jurídicos

3) o destinatário não cumpra a obrigação ou dever


estatuídos no ato

4) se encontre expressamente prevista na lei essa


possibilidade
Estrutura e vícios do ato administrativo :

Estrutura do ato administrativo (sujeito, objeto e estatuição) :

1) Sujeito → sujeito do ato administrativo será em princípio


constituído por uma pessoa colectiva pública dotada de
atribuições, essa pessoa coletiva pública atua através dos seus
órgãos que têm competências, esses mesmo órgão tem uma
ligação com a pessoa física (titular) através da legitimação.

O sujeito deve ter atribuições na matéria, o ato administrativo


deve ser praticado dentro dessa pessoa coletiva (ou seja o
órgão competente) e o órgão deve estar legitimado a decidir.
Se não tiver preenchido esses pressupostos teremos um
vício.

Tipos de vício:
1) Falta de atribuição → consequência: nulidade do ato
administrativo (161/2B)

2) Falta de competência (incompetência) → consequência:


anulabilidade (em regra)

a) Excepção: se estivermos a falta de incompetência


em razão do território será nulidade)

3) Falta de legitimação → consequência: anulabilidade (em


regra) :

a) Excepções:
i) falta de quorum (nulidade) - art.161/2H

ii) usurpação de poderes (art.161/2A) - verifica-se


nas situações em que a AP apareça a praticar
um ato administrativo no âmbito de uma matéria
que não faz parte da função administrativa mas
de uma das demais funções do Estado
2) Objeto → o objeto do ato administrativo é constituído pela
realidade [seres dotados de sensibilidade (animais), pessoas,
outros atos administrativos nesse caso atos de segundo grau) que
vai sofrer os efeitos dos mesmos.
As condições de validade do objeto são possibilidade,
determinação, idoneidade, lícito):

● Possibilidade:
○ Possibilidade física → o objeto tem que existir e estar
disponível

○ Possibilidade legal → trata-se de saber se um


determinado objeto pode em abstrato sofrer os efeitos
de um qualquer ato administrativo

● Determinação → o objeto tem que ser determinado não


sendo haverá vício

● Idoneidade → procura saber-se se um determinado objeto


pode em concreto sofrer os efeitos de um certo ato
administrativo

● Lícito → o objeto deve ser lícito

ATT: A negação dessas características enunciadas


determina um vício do ato administrativo que em regra
conduzirá à nulidade

3) Estatuição :
a) Fim

b) Conteúdo

c) Procedimento

d) Forma

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