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O MAPA
2022

O MAPA DA ATUAÇÃO PRÁTICA DO ADVOGADO


NA EXECUÇÃO PENAL

MacbookAir
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 03

PRESCRIÇÃO 05

PROGRESSÃO DE REGIME 19

REMIÇÃO 31

LIVRAMENTO CONDICIONAL 40

PRISÃO DOMICILIAR EM EXECUÇÃO PENAL 50

AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA 62

INCIDENTES NA EXECUÇÃO 72

IMPUGNAÇÀO DE CÁLCULO ASSERTIVO 82

HABEAS CORPUS EM EXECUÇÃO PENAL 90

AGRAVO EM EXECUÇÃO 105

ESTRATÉGIA DEFENSIVA PARA AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO 115

CONSIDERAÇÕES FINAIS 130


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INTRODUÇÃO

Fala Criminalista.

Nesse material VAMOS ESTUDAR E APRENDER COMO APLICAR NA PRÁTICA os


12 pedidos cabíveis em EXECUÇÃO PENAL.

Dominando esses pedidos, você conseguirá atuar em qualquer executivo de pena com
muita segurança e profissionalismo, mesmo se for iniciante.

E como é esse mercado no Brasil?

Com mais de 1 MILHÃO E MEIO DE PROCESSOS que tramitam pelo juízo da execução
penal encontramos uma altíssima demanda para o Advogado(a) especialista nessa área.

E detalhe, se a demanda é alta, a falta de profissionais também!

Por mais que tenhamos quase 1.5 mil advogados no País, são raros os profissionais
especializados nessa área. Aí surge uma nicho de mercado muito promissor para os
próximos anos.

Mas porque ninguém se atentou para isso?

Por dois motivos, o primeiro é que NÃO aprendemos na faculdade sobre EXECUÇÃO
PENAL e por isso a compreensão dos institutos fica difícil.

O segundo é que via de regra, o Advogado que atua nessa área não sabe explicar ao
cliente a necessidade da prestação do seu serviço nessa fase processual, e por isso
que 90% dos apenados procuram a Defensoria Pública.

Entenda essa primeira premissa: ATUAÇÃO NA FASE DE EXECUÇÃO PENAL É PRA


TER VOLUME DE PROCESSOS.

Isso mesmo, facilite o pagamento mensal ao cliente (sem aviltamento) e conquistará


muitos apenados que estão pela Defensoria Pública como clientes.

Imagine você ter 20 clientes mensais que te pagam R$500,00 por mês?

São 10 mil reais por mês e te ensinarei duas formas de captação extremamente
eficazes para você conseguir essa quantidade de cliente nos próximos 3 meses.

E não precisa ter tempo de carreira, você pode ser iniciante. Basta conhecer os 12
pedidos cabíveis da EXECUÇÃO PENAL.

Então, bora maratonar rumo ao conhecimento e ao sucesso como Criminalista


especialista em Execução Penal.

Bons estudos e sucesso.

Dr. Fabiano Dalloca


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ORIENTAÇÃO PRÁTICA I – CONFIRA TODOS OS DADOS DO EXECUTIVO DE PENA


INSERIDOS NO SEEU PELO GESTOR DA SECRETARIA.

Douto Advogado, com a migração dos executivos de pena físicos para o virtual pelo
SEEU (Sistema Eletrônico de Execução), muitos erros foram cometidos pelos gestores
das secretarias criminais.

Por tanto, assim que for analisar um EXECUTIVO DE PENA confira se os dados
inseridos no SEEU estão corretos, principalmente no tocante as datas dos atos no
decorrer do processo de conhecimento.

Ou seja, a data dos fatos e do recebimento da denúncia, data da sentença e o quantum


da pena aplicado na condenação, bem como o regime de pena fixado, data do recurso
(se houver) e data do acórdão, data do trânsito em julgado para as partes.

E como faz isso?

Analisando toda ação penal (ou ações penais) que originaram a GUIA DE
RECOLHIMENTO DEFINITIVA/PROVISÓRIA na execução penal.

Você encontrará tanto digitalizados pelo gestor na parte de MOVIMENTAÇÕES, quanto


na opção PROCESSOS CRIMINAIS.
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MÓDULO 01 – PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA

Criminalista esse é o PRIMEIRO INSTITUTO que você deve dominar dentro da


Execução Penal.

É cediço que PRESCRIÇÃO é a perda do direito de punir (jus puniendi) do Estado, pelo
decurso do tempo estabelecido em lei.

E quando se dá em sede de Execução Penal (cumprimento de pena), denomina-se


PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA.

Por tanto, ao ser contatado pelo cliente siga esse passo a passo para análise do
executivo de pena do reeducando:

1º Passo – FAÇA UM DETALHAMENTO MINUCIOSO DO PROCESSO.

Um erro muito comum dos Advogados (em especial dos jovens) é não fazer um
detalhamento minucioso do executivo de pena do cliente.

Esse detalhamento pode ser feito em uma folha de papel ou no computador, desde que
esteja devidamente organizado e seja minucioso.

É necessário que coloque nesse resumo as seguintes informações:

a) Data dos fatos e a idade do apenado quando cometeu.

b) Data do recebimento da Denúncia.

c) Data da Sentença e a idade do apenado quando foi publicada.

d) Quantum da pena aplicado na condenação e o regime de cumprimento da pena fixado.

e) Data do recurso no processo de conhecimento e no executivo (se houver).

f) Data do acórdão e o teor do acórdão.

g) Data do trânsito em julgado para as partes.

h) Data do início do cumprimento da pena.

i) Data das audiências designadas e realizadas no executivo de pena.

j) Quanto de pena foi cumprida.

l) Se houve falta grave, PAD e consequente regressão de regime.

m) Alteração de data base.

n) Data dos benefícios alcançados.

o) Se houve transferência entre estabelecimentos prisionais e comarcas.


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p) Data do último relatório de pena realizado nos autos, bem como a data da previsão
dos próximos benefícios.

q) Se houve remição ou detração pelo estudo e trabalho.

q) Informações pessoais do apenado, como idade atual, trabalho, estudo, filhos,


endereço, estado civil e documentos.

Com todas essas informações, após a análise detalhada de folha por folha dos autos,
basta seguir para o passo seguinte.

2º Passo: OBSERVE A IDADE DO APENADO E A DATA DOS FATOS DO(S)


CRIME(S) COMETIDOS POR ELE (Art. 115 CP).

De acordo com o previsto no art. 115 do CP, o prazo para a prescrição da pretensão
executória é reduzido pela metade quando o agente na data dos fatos criminosos era
menor de 21 anos (menor relativo) ou maior de 70 anos na data da sentença.

DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940

Redução dos prazos de prescrição

Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o


criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data
da sentença, maior de 70 (setenta) anos.

Certa vez fui procurado no escritório por um reeducando que estava há mais de 10 anos
foragido da justiça.

Ele tinha sido condenado em vários crimes, e após a unificação das penas, deu um total
de 24 anos no regime fechado.

Como ele nunca tinha iniciado o cumprimento de pena, desde o início da execução penal
começou a fluir a contagem do prazo da prescrição.

O reeducando já tinha passado por 4 escritórios e nenhum advogado se atentou para


esse detalhe:

- A idade do apenado na data dos fatos.

Ele era menor relativo à época que cometeu os delitos, por tanto, a prescrição para ele
era reduzida pela metade, a teor do artigo 115 do CP.
Ao fazer essa análise nos autos, facilmente cheguei a essa conclusão.

Operou-se a PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA, pois os crimes que ele


cometeu prescreviam em 20 anos (art. 109, I do CP) se não fossem dado início ao seu
cumprimento (art.117, V do CP).

E como disse já tinha se passado mais de 10 anos (metade) e não houve o caso de
interrupção previsto art. 117, V do CP, todos os crimes dele estavam prescritos.
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Uma grande vitória para todos nós!

ATENÇÃO

Segue o número do processo deste caso que comentei, basta procurar no SEEU e
acompanhar todos os expedientes feitos pela Defesa.

Executivo n. 0000336-79.2009.8.11.0010

3º Passo - ANALISE SEPARADAMENTE CADA PENA DECRETADA NA SENTENÇA


(EM CASO DE CONCURSO DE CRIMES) – Art. 119 CP.

Criminalista, se o seu cliente for condenado em mais de um crime e após isso houver a
unificação das penas, não se esqueça que a análise da incidência da prescrição é
separada por crimes.

DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940

Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade


incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.

EXEMPLO

Se o apenado foi condenado no primeiro processo por 1 ano e 7 meses.


No segundo processo por 5 anos e 5 meses. E houve a unificação das penas totalizando
7 anos.

E supondo que ele nunca deu início ao cumprimento de pena e já se passaram 5 anos
desde o trânsito em julgado, nesse caso, o primeiro processo (1 ano e 7 meses) já está
prescrito, pois basta reportamos a tabela de prescrição prevista no artigo 109, V do CP
para sabermos que crimes até dois anos prescrevem em 4 anos, por tanto, em relação
ao primeiro o Estado não pode mais obrigar o apenado cumprir, pois está prescrito,
devido ter passado já 5 anos.

Nesse nosso exemplo, somente continuará a obrigação do apenado em cumprir a pena


relacionado ao segundo processo em que foi condenado em 5 anos e 5 meses.

Porque a teor do artigo 119 do CP, a extinção da punibilidade ocorre sobre a pena de
cada um, separadamente.
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4º Passo: COMPARE OS PRAZOS PRESENTES NO EXECUTIVO DE PENA COM O


PREVISTO EM LEI.

Muito que bem, para detectar a prescrição da pretensão executória no executivo de pena
do seu cliente se faz necessário a leitura obrigatória dos artigos 109 a 119 do CP,
que estão abaixo descritos:

DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940

Prescrição antes de transitar em julgado a sentença

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença


final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo
máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime,
verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;

II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito


anos e não excede a doze;

III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro


anos e não excede a oito;

IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos


e não excede a quatro;

V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou,


sendo superior, não excede a dois;

VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um)


ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

Prescrição das penas restritivas de direito

Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os


mesmos prazos previstos para as privativas de
liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Prescrição depois de transitar em julgado sentença final


condenatória

Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença


condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos
fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o
condenado é reincidente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito


em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso,
regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese,
ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou
queixa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).


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Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a


sentença final

Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença


final, começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei


nº 7.209, de 11.7.1984)

II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade


criminosa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a


permanência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de


assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou
conhecido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam


violência contra a criança e o adolescente, previstos neste Código ou
em legislação especial, da data em que a vítima completar 18
(dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação
penal. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência

Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória


irrecorrível

Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa


a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória,


para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena
ou o livramento condicional; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o


tempo da interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Prescrição no caso de evasão do condenado ou de


revogação do livramento condicional

Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se


o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que
resta da pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Prescrição da multa

Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação


dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou


aplicada; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena


privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou
cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. (Incluído
pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

Redução dos prazos de prescrição


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Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição


quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um)
anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Causas impeditivas da prescrição

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a


prescrição não corre: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que


dependa o reconhecimento da existência do crime; (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - enquanto o agente cumpre pena no


exterior; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos


aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não


persecução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença


condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o
condenado está preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Causas interruptivas da prescrição

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)

III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada


pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios


recorríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007).

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação


dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de


1º.4.1996)

§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a


interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os
autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo
processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer
deles. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V


deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da
interrupção. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais


graves. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da


punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

O artigo 109 do CP traz a tabela dos prazos prescricionais, por tanto, será sempre com
base nele que você fará a comparação dos prazos presentes no executivo de pena do seu
cliente, para ver se está prescrito ou não a pretensão executória do Estado.

Cotejando com os artigo 112 do CP (situação em que inicia a prescrição) e com atenção
ao artigo 117 do CP (situação em que interrompe a prescrição).

E como já mencionado no passo 02, analisando a idade do agente na data dos fatos, com
base no art. 115 do CP (Prazo reduzido pela metade).

EXEMPLO

João foi condenado há 5 anos de reclusão pelo crime de tráfico de drogas. Houve o
transito em julgado (condição para a expedição da guia de execução da pena definitiva),
todavia, ele não iniciou o cumprimento da pena por estar em local incerto e não sabido
(art. 112, I do CP).

Passados 13 anos, João com mandado de prisão em aberto lhe procura no escritório para
regularização de sua situação processual.

Nesse caso, após seguir os 03 passos iniciais já ensinados nesse E-book, você fará a
comparação dos prazos do executivo de pena com base no art. 109 do CP, ou seja, a
prescrição ocorre em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede
a oito.

Exatamente a situação desse exemplo do seu cliente João, ele está com uma condenação de
5 anos, e já se passaram 13 anos sem que o Estado tenha feito o seu cliente cumprir a
pena, por tanto, está prescrito.

Já iniciou o prazo prescricional conforme art. 112 I do CP e não há causas de interrupção


previstas no art. 117 do CP.

Por tanto, prescrito!

Criminalista, percebeu que como ficou muito mais fácil a análise da prescrição da
pretensão executória?

Só seguir esse passo a passo que você conseguirá analisar facilmente se há a incidência
da prescrição no caso prático do seu cliente ou não.

Caso haja, só seguir o modelo abaixo para elaboração da petição e protocolar ao juízo
da execução penal.

Espero que tenha lhe ajudado.

Bons estudos e sucesso.

Dr. Fabiano Dalloca


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MODELO DE PETIÇÃO

AO JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL DA COMARCA DE XXXXXX DO ESTADO DE XXXXXX..

REEDUCANDO: XXXXXXXXXXXXXXXXX NUMERAÇÃO ÚNICA DO PEP:


XXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXX, já devidamente qualificado na presente execução,


por intermédio de seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, requerer a PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA, no que tange as penas de 05 (cinco)
anos e 04 (quatro) meses de reclusão – (GUIA 03 – fls. XXXXX), 08 (oito) anos de reclusão – (GUIA 02 -
XXXXX) e 02 (dois) anos de detenção (GUIA 04 – XXXXX que foi unificado ao executivo em epígrafe.

Há de se consignar que para efeitos de prescrição da pretensão


executória (em caso de unificação das penas) incidirá sobre a pena de cada um, de forma isolada, nos
termos do art. 119 do CP e conforme a pacífica doutrina e jurisprudência acerca da temática.

Vossa Excelência, ao analisar minuciosamente os autos verifica-se


que o apenado deixou de cumprir as condições restritivas de direitos impostas no regime semiaberto
na data de 01 de Outubro de 2010 (fls. 333

-digital) até a presente data 26/10/2020,mesmo havendo as audiências de justificações nesse


ínterim, jamais retomou o cumprimento.
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Há de se consignar que a presença em audiência de


justificação e o acolhimento pelo juízo da execução, por si só, não são capazes de retomar a
interrupção do prazo prescricional

Por tanto, em relação à situação exposta no entender da


Defesa, incide à espécie o disposto no art. 112, inciso II, do Código Penal, na medida em que
estamos diante de prazo prescricional que, de fato, se interrompeu após o início do
cumprimento da pena no semiaberto na data de 10-06-2009 conforme o previsto no art. 117,
inciso V, do Código Penal, todavia, voltou a fluir ante o NÃO cumprimento das condições
impostas ao Reeducando em 01 de Outubro de 2010 – (fls.XXX- Digital)

Vossa Excelência, com efeito é bem verdade que as 03


audiências de justificação realizadas para o apenado tomar ciência das condições do regime
semiaberto, não inicia, por si só, o cumprimento da pena. Para que a execução penal seja
principiada, nesse contexto, afigura-se imprescindível que haja algum cumprimento efetivo da
medida imposta ao reeducando, nos termos do art. 149, § 2º, da Lei de Execução Penal, e que
não há nos autos nenhuma informação a respeito do cumprimento integral das condições
impostas na admonitória ocorrida na data de 10- 06-2009, desde a data de 01 de Outubro de
2010.

Nesse sentido, aliás, já decidiu recentemente o Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL E


PROCESSUAL PENAL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA. TERMO
INICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO PARA A ACUSAÇÃO. ACÓRDÃO
CONFIRMATÓRIO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. AUSÊNCIA DE
INTERRUPÇÃO DO LAPSO FATAL. MERO COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA
ADMONITÓRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO DO INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA
PENA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. Nos termos do art. 112, inciso
I, do Código Penal, o termo
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da contagem do prazo da prescrição executória é a data do trânsito em


julgado para o órgão acusatório, e não para ambas as partes.

1. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que o acórdão


confirmatório da condenação não constitui marco interruptivo do lapso
prescricional.
2. O mero comparecimento à audiência admonitória não configura
início do cumprimento da pena, pelo que não pode ser considerado como
marco interruptivo do prazo da
prescrição executória.

3. Agravo regimental improvido. (STJ,


Sexta Turma, AgRg no REsp 1709794/SP, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 23/10/2018)

Tendo em vista que a contagem do lapso prescricional (da


pretensão executória) deve ser reiniciada quando o cumprimento de pena for
obstado/descontinuado, tem-se que o aludido prazo retomou seu curso em 01 de Outubro de
2010 data em que se verifica que a execução penal efetivamente findou interrompida (cf. art.
112, inciso II, do Código Penal) devido o total descumprimento das medidas impostas conforme
verificado nos autos, pouco importando o acolhimento das justificativas durante esse ínterim
pelo juízo da execução.

Nessa linha segue o entendimento jurisprudencial;

E M E N T A – AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL

– PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA – INSURGÊNCIA


MINISTERIAL – MARCO
INTERRUPTIVO DA PRESCRIÇÃO – EFETIVA PRISÃO PARA
CUMPRIMENTO DA REPRIMENDA E NÃO A AUDIÊNCIA
ADMONITÓRIA – TRANSCORRIDO LAPSO TEMPORAL ENTRE
TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA E INÍCIO
DO CUMPRIMENTO DA REPRIMENDA – DECISUM MANTIDO –
RECURSO IMPROVIDO

A audiência admonitória não configura início do


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cumprimento da pena e, portanto, não é causa interruptiva do prazo


de prescrição executória. Considerando que transcorreu o prazo
previsto no artigo 109 , VI , do Código Penal , entre o trânsito em
julgado da sentença condenatória e o efetivo início da execução da
pena, que, in casu, deu-se com a prisão do agente, mantém-se a
decisão que decretou a prescrição da pretensão executória.

Compulsando os autos, verifico que a data do cometimento


dos delitos que deram origem ao título executivo penal de 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses
de reclusão – (GUIA 03 – fls. XXXXX) e a outra pena de 08 (oito) anos de reclusão – (GUIA
02 - XXXX), fora cometido enquanto o Apenado era menor relativo, tendo em vista, que o
mesmo nasceu na data de 16/09/1983 e os referidos crimes foram cometidos na data de
07/08/2004 (GUIA 03) e 15/06/2004 (GUIA 02).

Sendo assim, nos termos do art. 115 do CP. O prazo


prescricional deve ser reduzido pela metade.

Por tanto, no entender da Defesa operou-se a PRESCRIÇÃO


EXECUTÓRIA no tocante a esses dois executivos de penas (GUIA 03 e GUIA 02), haja vista,
que o NÃO cumprimento das medidas do semiaberto se deu a partir de 01 de Outubro de
2010 (fls. 333) até a presente data 27 de Outubro de 2020, passando com isso mais de 08 (oito)
anos, sendo fulminado pela prescrição executória, ademais pela menoridade relativa na data
dos fatos criminosos, PRESCREVENDO com 06 (seis anos) a GUIA 02 e
PRESCREVENDO em 04
(quatro) anos a GUIA 03 nos termos do art. 109, III e IV do CP c/c art. 115 do CP.

Outrossim, operou-se a PRESCRIÇÃO EXECUTÓRIA da GUIA


04 cuja reprimenda foi de 02 (dois) anos, tendo em vista, que o prazo para prescrição se dá em
04 (anos) nos termos do art. 109. V do CP.

Vossa Excelência, diante disso, venho requerer a


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PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA no que tange as penas de 05 (cinco) anos e 04


(quatro) meses de reclusão – (GUIA 03 – fls. XXXXX) 08 (oito) anos de reclusão – (GUIA 02 - XXXX)
e 02 (dois) anos de detenção (GUIA 04 – XXXXX que foi unificado ao executivo em epígrafe, bem
como a elaboração de um NOVO CÁLCULO DE PENA após o reconhecimento da referida
prescrição das guias supracitadas do presente PEP.

Nestes termos, insta pelo DEFERIMENTO.

LOCAL E DATA.

ADVOGADO
OAB/MT: XXXX
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ORIENTAÇÃO PRÁTICA II – PEDIDO DE ATUALIZAÇÃO DO


RELATÓRIO DA PENA

Criminalista, muitos casos que chegarão em sua mesa para análise de qual
medida a ser tomada no executivo de pena do seu cliente, será necessário
após análise da PRESCRIÇÃO (conforme ensinado no MÓDULO 01) um
pedido de novo cálculo de pena (atualização do relatório de pena) pelo
gestor da secretaria da vara de Execução Penal.
Mas a dúvida é:
Em quais situações devo pedir essa atualização do relatório de pena do meu
cliente?
Simples. Sempre quando houver mais de 01 ano do último relatório
(cálculo de pena) e durante esse período houve remição (por dias
trabalhados ou estudados) se fará necessário um novo cálculo de pena.
Se o apenado não trabalhou ou nem estudou durante o período, é
desnecessário o pedido.
Atenção para o caso onde há a expedição de Guia Provisória (quando há
recurso pela Defesa), pois nesse caso o apenado poderá ter a pena
diminuída pelo Tribunal no processo de conhecimento, que afetará
diretamente o Executivo de pena do seu cliente, diante disso em caso de
redução, também terá que ser feito um pedido de novo cálculo de pena (caso
o gestor da secretaria demore em atualizar).
Outra dúvida prática é:
Dr. Fabiano, onde eu encontro esse relatório de pena?
Bem fácil;
1) Abra o Executivo de Pena no SEEU.
2) Vá em movimentações.
3) Procure RELATÓRIO DE PENA.
4) Clique no (+) ao lado do número do evento e baixar o documento em
seguida.
18

Pronto!

Terá acesso ao Relatório de Atestado de Pena do seu cliente.

Para aquisição do PRODUTO que contém 12


MÓDULOS, só copiar o LINK abaixo e acessar:

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