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ALIMENTOS – PARTE III - PROCESSO – LEI 5.

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1) FORO COMPETENTE: o do domicílio ou da residência do


alimentando (quem pede) – art. 100, II do CPC.

2) PETIÇÃO INICIAL:
- requisitos do artigo 282 do CPC;
- procuração (mandante é o beneficiário – incapaz -, assistido ou
representado por quem detém a sua guarda - mãe, pai etc.)
Desnecessária a procuração pública; basta a particular;
- prova de ser filho, ou do parentesco, ou do casamento (se união
estável, pedir incidentalmente o reconhecimento da sua existência e
dissolução; neste caso, ação de alimentos segue rito ordinário, sem
a audiência prévia de conciliação a seguir; outra opção, que
presumo melhor, é o ajuizamento da ação de reconhecimento e
dissolução de união estável, com liminar ou antecipação da tutela
para arbitramento dos alimentos em favor do companheiro/autor
e/ou dos filhos dos companheiros);
- elementos de prova escrita das necessidades do incapaz (ou do
capaz que ingressa em curso superior ou profissionalizante) e das
possibilidades do réu (presumem-se as necessidades de acordo com
a idade e condição do autor; quanto às possibilidades, pode pedir
seja oficiado o empregador, órgão público etc. para identifica-las).
- pedido para o arbitramento dos alimentos provisórios (valerão até
serem modificados durante o curso da ação, ou até a fixação dos
definitivos) e para a procedência da ação e fixação dos definitivos,
além do modo de cumprimento da obrigação alimentar,
sucumbência etc.

2) PROCEDIMENTO:
Rito especial válido para a ação de alimentos e para a ação
revisional de alimentos (revisão justificada pela alteração do binômio
necessidade/possibilidade depois da fixação dos provisórios ou dos
definitivos). Para as demais ações do artigo 13: rito ordinário.
a) Distribuição – Vara Especializada ou cumulativa cível
b) Despacho inicial:
b1) fixa os alimentos provisórios, caso requeridos (alimentos
provisionais somente pela cautelar dos artigos 852 e seguintes do
C.P.C.);
b2) designa audiência de conciliação. Alguns juízes designam o que
se chama de audiência concentrada (conciliação, instrução e
julgamento em um único dia). Respeito esta posição, justificada pela
maioria como necessária à celeridade processual. Sou contra, pois a
experiência ensina que na maioria das vezes o acordo é celebrado e,
portanto, a prova oral não será produzida, o que torna
desnecessária o deslocamento das testemunhas até o Fórum;
b3) determinação para a citação do réu.

c) Audiência: se houver acordo, segue a sentença homologatória;


sem acordo, réu apresenta a sua contestação e, não sendo o caso
de julgamento antecipado, será designada audiência de instrução e
julgamento posteriormente.
d) Oferecida a contestação, todos os incidentes (preliminares,
exceções etc.) são resolvidos na audiência;
e) Réu não comparece: revelia – Autor não comparece: extinção
(artigo 7º). Acompanho a corrente que exige, antes, a intimação do
autor conforme o artigo 267, § 1º do CPC.
f) Designação de audiência de instrução e julgamento – nova
tentativa de conciliação - depoimentos pessoais, se requerido –
inquirição de testemunhas (rol desnecessário, a não ser que devam
ser intimadas para comparecimento) – razões finais (10 minutos
para cada parte e, depois, ao M.P.)
g) Sentença: arbitra os alimentos definitivos que substituirão os
provisórios e estabelece o modo de cumprimento da obrigação
(pode converter os provisórios em definitivos, mantendo o que já
havia sobre o modo de pagamento ou indicando outro modo).
h) Recurso de apelação: somente no efeito devolutivo.
3) CONDIÇÕES OBJETIVAS - art. 1695 do CC: válidas para o
arbitramento de alimentos provisórios, definitivos ou revisados:
a) Necessidade do alimentando: questão de fato - regra é a de que
cada pessoa deve prover o seu sustento segundo suas próprias
forças ou seus próprios bens. Surge a obrigação quando o
indivíduo não consegue alimentar-se a si próprio, com o produto do
seu trabalho, patrimônio ou rendimentos.
b) Possibilidade do alimentante: regra é de que a pessoa a quem se
reclamam alimentos possa fornecê-los sem privação do necessário
ao seu sustento. A insolvência civil do devedor é fato impeditivo da
obrigação alimentar.
c) Proporcionalidade - art. 1694, § 1º CC: por um critério de
razoabilidade, o juiz examina as necessidades (mesmo somente os
alimentos naturais ou indispensáveis) do alimentando e as
possibilidades do alimentante, para fixar os alimentos.
d) 30% dos vencimentos (ou salários) ou do salário mínimo: isto
não está na lei e funciona apenas como uma praxe judiciária.
Independentemente do percentual (o acordo, p.ex., pode prever
alimentos de 35%, 40% ou mais, desde que se reserve o suficiente
para a subsistência do alimentante), fixação é proporcional;
e) Juiz não arbitrará alimentos para a hipótese de desemprego (não
pode prever situação futura e incerta), mas esta previsão pode ser
incluída em acordo entre as partes. Se ao alimentante não for
possível pagar os alimentos definitivos (por exemplo, porque ficou
desempregado), deve se socorrer da ação revisional e nela pedir ao
juiz o arbitramento dos provisórios após nova aplicação do critério
da proporcionalidade (razoabilidade) devido à redução das suas
possibilidades. Ação revisional também vale para o alimentante
quando necessita receber mais do que recebe.
4) LEMBRETES:
a) o que é vencimento líquido? (tudo o que o alimentante recebe,
inclusive adicionais e abonos - menos salário-família, salário-esposa,
vale transporte e vale refeição, p.ex.), abatidos os descontos
obrigatórios - I.N.S.S., I.R., contribuição sindical – e os voluntários -
plano de saúde, farmácia, clube recreativo etc., desde que o
alimentando seja beneficiário direto destes descontos;
b) regra: pensão incide sobre 13º salário; exceção: não incidirá se
as partes acordarem expressamente em contrário;
c) regra: pensão incide sobre indenização de férias e indenização
trabalhista por rescisão contrato de trabalho; exceção: se o acordo
dispuser expressamente que não incide;

d) regra: pensão não incide sobre F.G.T.S. e PIS-PASEP


(entendimento jurisprudencial majoritário de que é reserva feita por
patrão e empregado para assegurar a subsistência deste nas
hipóteses previstas em lei: doença terminal, despedida sem justa
causa etc., e não salário); exceção: incidirá se houver expressa
ressalva no acordo;
Atenção: para excluir alguns ganhos do cálculo da pensão, é
necessário provar que o recebimento da verba se dá sem caráter
usual, sem permanência, sem incorporação definitiva ao salário, ou
seja, o recebimento do rendimento é apenas excepcional.

e) O cumprimento da obrigação (alimentos provisórios ou


definitivos) se dá:
e1) diretamente pelo alimentante, mediante recibo (opção menos
conveniente);
e2) pagamento por depósito em conta, servindo o comprovante de
depósito como recibo (opção muito boa quando o alimentante está
desempregado ou é profissional liberal);
e3) desconto em folha de pagamento e depósito em conta bancária
(excelente, se o alimentante tiver emprego em carteira ou for
servidor público); usufruto, aluguéis etc.

5) EXECUÇÃO:
A execução do acordo homologado ou da sentença que julgou a
ação (que pode ser imediata, ainda que pendente o recurso de
apelação, não exigindo a caução prévia do artigo 475-O, III e § 2º
do CPC, dada a natureza da obrigação) ocorre de dois modos, à
escolha do credor:
a) execução do artigo 652 e seguintes do CPC (quantia certa contra
devedor solvente), de todas as parcelas ou, pelo menos, com a
exclusão apenas das 3 parcelas mais recentes – citação para
pagamento em 03 dias, sob pena de penhora – penhora (inviável a
alegação de impenhorabilidade do bem: art. 3º, III da Lei 8009/90)
– avaliação – hasta pública – pagamento do credor.
b) execução do artigo 733 do C.P.C. (Súmula 309 do STJ: somente
as 03 últimas parcelas vencidas e as que se vencerem no curso da
execução; as demais devem ser executadas conforme o artigo 652
CPC – citação do alimentante para, em 03 dias: pagar a dívida,
provar que já a pagou ou justificar a impossibilidade de pagamento
(desemprego não é causa de isenção – justifica o atraso, mas não
livra o devedor da obrigação de pagar) – pago ou provado o
pagamento do débito (extinção da execução); aceita a justificativa,
não será preso, mas continua com a obrigação de pagar a dívida);
sem pagamento e recusada a justificação: decreto de prisão;
c) execução mista: em um único processo, cobra-se pelo artigo 652
do CPC as parcelas mais antigas, e pelo artigo 733 CPC as 03 mais
recentes – aplica-se o item “a” e o “b” retro, para uma e para a
outra situação, respectivamente – alguns juízes recusam este modo
de execução por entender que prejudica o andamento do feito
(discordo);
d) foro competente: o do domicílio do alimentando, ainda que o
acordo ou a sentença tenham ocorrido em outro lugar;

6) Prisão de 1 a 3 meses (art. 5º, LXVII CF e art. 733, § 1º CPC)


a) ocorrerá para débito de alimentos provisórios ou definitivos;
b) prisão é meio de coerção, de coação ao pagamento (aliás, muito
eficaz). Sendo prisão civil, descabe o seu cumprimento em regime
domiciliar (só é possível em caso de doença grave ou necessidade
de assistência médica contínua);
c) raramente um juiz fixa a prisão além de 01 mês, pois é tempo
suficiente para coagir o devedor ao cumprimento imediato da
obrigação alimentar. Nada impede, todavia, de fixar além de 1 mês;
d) prisão só cabe na execução do artigo 733 CPC;
e) não cabe a prisão por inadimplemento de prestação alimentícia
decorrente de responsabilidade civil por ato ilícito (art. 602 do
C.P.C.) – execução conforme artigo 621 do CPC. – inviável, todavia,
alegação de impenhorabilidade de bem (art. 3º, inciso III do C.P.C.)
f) contra a decisão que indefere o pedido de prisão cabe agravo (de
instrumento, porque retido não faz sentido); contra a que decreta a
prisão cabe agravo (de instrumento, com possibilidade de efeito
suspensivo), ou Habeas Corpus (que não pode ter como
fundamento a incapacidade econômica do devedor, pois matéria
própria de ação revisional);
g) acordo descumprido: entendimento pacificado na E. 2ª Turma do
C. STJ: é débito em atraso e não alimentos pretéritos, daí que cabe
o decreto da prisão;
h) paga a dívida (toda, não uma ou outra parcela), revoga-se a
prisão e expede-se alvará de soltura se por al...
h) cumprimento do período de prisão: é possível novo decreto em
razão da mesma dívida?
R.: a) sim, quando há contumácia do devedor e a soma dos prazos
de cumprimento (da anterior e desta) não supera o limite de 03
meses;
b) sim, pois a redação antiga do § 2º do artigo 733 do CPC
constava: o cumprimento da pena não exime o devedor do
pagamento das prestações vencidas e vincendas, mas o juiz não lhe
imporá segunda pena, ainda que haja inadimplemento posterior.
Com a redação nova, atual, dada pela Lei do Divórcio (nº 6.515/77),
foi excluída a parte grifada, daí a possibilidade de nova prisão;
c) não, devido à ineficácia da prisão como meio de coerção ao
pagamento (se já ficou preso uma vez e não pagou, ineficaz o
decreto de uma segunda prisão).

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