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Antes de adentrar a análise dos dispositivos, entretanto, é importante trazer uma breve
consideração acerca da natureza dos alimentos devidos. Didier, assim, apresenta uma
classificação tríplice, separando-os, conforme a origem, em:
§1º Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que
o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará
protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.
§3º Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além
de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1º, decretar-lhe-á a prisão
pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§4º A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos
comuns.
§5º O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações
vencidas e vincendas.
§7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as
3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso
do processo.
§8º O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde
logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será
admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito
suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância
da prestação.
§9º Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o
cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia
no juízo de seu domicílio.
(3) É importante ressaltar, contudo, dois pontos acerca da redação do caput. O primeiro é
que o cumprimento de sentença de obrigação de pagar alimentos pode decorrer de decisão
interlocutória. A decisão interlocutória que fiz alimentos, portanto, é considerada título
judicial, ressaltando a diferença entre o cumprimento de sentença e o processo de
execução no Novo CPC. Isto porque o primeiro se baseia em título judicial, enquanto o
último se baseia em título extrajudicial. Apesar disso, como se verá, é possível optar pelo
prosseguimento da execução via processo de execução.
(4) Nesse sentido, acerca do cumprimento de sentença de decisão interlocutória, Neves [2]
escreve:
De acordo com o texto do art. 517, o protesto da sentença é permitido apenas nos casos de
cumprimento definitivo de sentença para pagamento de quantia (art. 523, CPC). Entretanto,
no caso de cumprimento definitivo ou provisório de prestação alimentar, cabe o protesto,
nos termos do § 1º
do 528, c/c 531, do CPC.
Apenas nesse caso (execução de prestação alimentar), o protesto pode ser determinado de
ofício pelo órgão julgador32, caso em que bastará que se determine a expedição de ofício
com teor da decisão, o nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do
processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário,
devidamente dirigido ao cartório competente.
O protesto da sentença não impede, obviamente, o prosseguimento da execução, com a
prática de outros atos executivos, como a prisão civil, a penhora e a alienação judicial
Art. 528, parágrafo 2º, do Novo CPC
(8) Sobre a possibilidade, então, de justificar a impossibilidade de pagamento do débito no
cumprimento de sentença, o parágrafo 2º do art. 528, Novo CPC, dispõe desse modo que
somente justifica o inadimplemento impossibilidade absoluta.
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de
autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação
alimentar.
(10) O não adimplemento da obrigação de prestar alimentos, executada em cumprimento de
sentença, segundo o parágrafo 3º do art. 528, Novo CPC, pode ensejar em prisão civil de 1
a 3 meses. Contudo, esta não será decretada de ofício. Poderá, então, ser requerida pela
parte exequente ou pelo Ministério Público.
(11) Nesse sentido, por exemplo, é a ementa de acórdão do Superior Tribunal de Justiça:
Em regra, não cabe Habeas Corpus contra decisão monocrática de relator que indefere
efeito suspensivo a Agravo de Instrumento interposto nos autos de Execução de Alimentos.
Aplicação analógica da Súmula 691/STF. Precedentes.
O pagamento parcial do débito não afasta a regularidade da prisão civil, porquanto as
quantias inadimplidas caracterizam-se como débito atual, nos termos da Súmula 309/STJ.
A verificação da redução da capacidade financeira do alimentante e a revisão das
justificativas apresentadas para o inadimplemento da obrigação, normalmente, demandam
dilação probatória, inviável em sede de Habeas Corpus. […]
(STJ, 4ª Turma, HC 483.679/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 07/02/2019, publicado
em 20/02/2019)
Art. 528, parágrafo 4º, do Novo CPC
(12) A prisão civil decretada no cumprimento de sentença deverá ser cumprida, dessa
forma, em regime fechado, conforme o parágrafo 4º do dispositivo. O preso, contudo,
deverá ficar separado dos presos comuns. Isto porque a prisão civil não possui os mesmos
fundamentos da prisão penal. E mais do que caráter punitivo, ela possui caráter coercitivo,
visando, assim, o adimplemento da obrigação.
(18) É necessário, contudo, fazer uma ressalva. Isto porque a opção pelo processo de
execução e pela penhora obsta o pedido de prisão civil. Ou seja, a parte exequente deverá
optar por apenas uma medida. E esta não poderá se converter na outra. Por exemplo, caso
não haja bens penhoráveis, não será possível alterar para pedido de prisão civil.
§3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução
pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos
termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse
cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.
funcionário público;
militar;
diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho.
Art. 529, parágrafo 1º, do Novo CPC
(2) O pedido de desconto na folha de pagamento deverá ser requerido pelo exequente.
Aceito o pedido pelo juízo, contudo, este deverá oficiar à autoridade, empresa ou
empregador. E determinará, então, que o desconto seja efetivado a partir da primeira
remuneração do executado a partir da data de protocolo do ofício. Caso o oficiado, todavia,
não efetue o desconto, poderá incorrer no crime de desobediência (art. 330, CP).
[…]
2. O propósito recursal consiste em definir se é admissível o uso da técnica executiva de
desconto em folha da dívida de natureza alimentar quando há anterior penhora de bens do
devedor.
[…]
5. Na hipótese, pretende-se o adimplemento de obrigação de natureza alimentar devida
pelo genitor há mais de 24 (vinte e quatro) anos, com valor nominal superior a um milhão e
trezentos mil reais e que já foi objeto de sucessivas impugnações do devedor, sendo
admissível o deferimento do desconto em folha de pagamento do débito, parceladamente e
observado o limite de 10% sobre os subsídios líquidos do devedor, observando-se que, se
adotada apenas essa modalidade executiva, a dívida somente seria inteiramente quitada
em 60 (sessenta) anos, motivo pelo qual se deve admitir a combinação da referida técnica
sub-rogatória com a possibilidade de expropriação dos bens penhorados.
[…]
(STJ, 3ª Turma, REsp 1733697/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/12/2018,
publicado em 13/12/2018)
Art. 531 do Novo CPC
Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.
§1º A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença
ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados.
A execução dos alimentos provisórios, bem como dos alimentos definitivos certificados em
título judicial provisório (sentença não transitada em julgado, cf. art. 1.012, § 1.º, II, CPC),
ocorrerá em autos apartados, pois os autos principais ficarão reservados ao processamento
da fase de conhecimento, se a decisão foi interlocutória, ou para o processamento da
apelação, se a decisão foi uma sentença definitiva.
Art. 531, aprágrafo 2º, do Novo CPC
(4) Os alimentos definitivos, por sua vez, fixados em sentença transitada em julgado, serão
executados, dessa maneira, nos próprios autos da ação principal.
(2) O tema, no entanto, é complexo e já foi objeto de acórdão do Supremo Tribunal Federal,
em caso que envolvia executado estrangeiro. É, portanto, parte acórdão:
[…] é possível fazer uma analogia com a prisão civil por alimentos. A melhor interpretação é
de que o abandono material requer que o inadimplemento seja referente a parcelas líquidas
e certas, ou seja, já fixadas em título executivo e inadimplidas no vencimento.
Dessa forma, o inadimplemento quanto a condenação a prestar alimentos referentes a
períodos pretéritos não satisfaz ao tipo penal, nem autoriza a prisão civil.
No caso, as prestações venceram no curso da ação, proposta em 2008, muito embora
tenham sido liquidadas pela sentença, datada de 2012. Ou seja, trata-se de parcelas
vencidas no curso da ação, mas fixadas apenas em sentença prolatada anos após.
(STF, 2ª Turma, Ext 1480, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 30/05/2017, publicado em
22/06/2017)
Art. 533 do Novo CPC
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao
executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o
pagamento do valor mensal da pensão.
§1º O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre
imóveis suscetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em
banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executado,
além de constituir-se em patrimônio de afetação.
§2º O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha de
pagamento de pessoa jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do
executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo
juiz.
§4º A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.
§5º Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o
desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas.